Belíssimo Poema de minha filha, a poetisa Susana Duarte:
Susana Duarte
na noite ensimesmada das bruxas
talvez haja um poema (ou a sede)
por escrever.
talvez uma sombra, as asas perdidas,
ou o esquálido e angustiado nó
(deixado vivo nas noites de outrora)
a agitar a ode marítima com que me beijavas
a madrugada. nas noites das quimeras,
vagueiam gárgulas perdidas
onde os nós se desatam,
sedentos, talvez, de deixar nas pedras
as sombras originais. eis os nós,
e as pedras.
eis o ser que se transforma,
e a mulher-rocha das marés.
todas vagueiam, na imensidão marinha
da procura.
Susana Duarte
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