sábado, 19 de agosto de 2017

Novo livro do escritor Geraldo Rodrigues da Costa (o nosso Geraldinho do Engenho)

Mais uma vez quero agradecer ao meu amigo Geraldinho do Engenho, por mais um livro recebido e dedicado a minha pessoa. Falo do livro CEM ANOS DA ESCOLA MARIA GUERRA, onde o meu amigo escreve com propriedade sobre o assunto, sendo ele o próprio protagonista e testemunha do referido estabelecimento de ensino. O livro é prefaciado pelo também escritor Tadeu Araújo, que diz: ¨Geraldo Rodrigues da Costa, o Geraldinho do Engenho, membro da Academia Bom Despachense de Letras, é hoje o mais destacado e produtivo escritor de Bom Despacho/MG, sendo autor de mais de uma dezena de livros de crônicas, contos, romances e pesquisas históricas.
Amigo Geraldo, espero sempre contar com o seu apoio e amizade nas próximas empreitadas. Aqui do meu Pernambuco, receba e transmita o meu abraço amigo a todos os escritores mineiros, juntamente com meu agradecimento renovado.

Atenciosamente


Carlos A. Lopes.
Blog Gandavos








terça-feira, 15 de agosto de 2017

Carlos A. Lopes e cinco bom-despachenses da ABDL

Escritor: Tadeu de Araújo Teixeira





Fonte: Jornal de Negócios
Coluna de TADEU DE ARAUJO TEIXEIRA



A respeito de Carlos A. Lopes já escrevi: sob o sugestivo titulo “Gandavos”, o editor pernambucano Carlos A. Lopes instituiu “o ovo de Colombo” da literatura brasileira em favor dos iniciantes da arte de escrever. Ante a nobreza espanhola, que dizia ter sido fácil sua façanha, o descobridor das Américas pegou de um ovo e desafiou os presentes a coloca-lo em pé, na mesa. Ninguém, apesar de todas as tentativas, conseguiu. Colombo então quebrou uma das extremidades do ovo e pô-lo em pé. Então disseram: “Assim é fácil!”. Colombo observou: “Mas ninguém antes de mim o conseguiu”.
Como Colombo, Carlos A. Lopes apresentou uma solução simples para a sua grande iniciativa. Ele criou a série brasileira “Gandavos”, em que seleciona pela internet trabalhos de contistas e cronistas do Brasil inteiro e publica em belíssimas coletâneas. O sucesso da obra tem sido garantido pela serenidade do trabalho e pelo cuidado de Carlos A. Lopes como editor, garimpando talentos literários de todos os rincões do solo brasileiro que participam desta moderna e inovadora forma de publicar livros em nosso país.
Estamos agora na sétima edição “Gandavos”, publicada em uma editora pernambucana do Recife com participação de 26 escritores, entre eles, cinco bom-despachenses de nossa Academia de Letras. Exceto a Denise, cada um com dois textos:
Geraldo Rodrigues da Silva “O compadre da morte” e “Um homem com a cabeça do capeta”.
Denise Coimbra – “O dia que não veio”.
João Batista Silva – “A botija de ouro” e “ Boa viagem”.
Tadeu de Araujo Teixeira – “Conto de natal bom-despachenses” e “Era uma vez nos sertões de bom-despacho”.
Ronam Tales Oliveira – “Cada um tem a idade de seu coração” e “Uma receita caseira”.
Fonte: Jornal de Negócios
Coluna de TADEU DE ARAUJO TEIXEIRA
Ano XXIX n 1.472 – Fundado em 12/05/1989, edição 23 29/07/2017
Bom Despacho/MG



Mais uma vez quero externar os meus sinceros agradecimentos pela reportagem inserida na coluna do escritor Tadeu de Araújo Teixeira no Jornal de Negócios da Cidade de Bom Despacho.
Suas palavras de incentivo, além de comoventes, faz homenagem numa linguagem que mostra a proximidade de seu autor com as pessoas homenageadas, traduzida em palavras de carinho, respeito com seus conterrâneos e também com todos os outros autores participantes das coletâneas Gandavos.
Espero poder contar sempre com o apoio e talento de cada um de vocês nas próximas empreitadas. Assim sendo, receba e transmita o meu abraço amigo a todos, juntamente com meu agradecimento renovado,
Atenciosamente

Carlos Lopes.








terça-feira, 8 de agosto de 2017

O herói que não retorna - Autor: João Batista de Lima

Gerôncio era o coveiro de Tabocal. Rezava todo dia para que alguém morresse. Mas, quando muito, havia um sepultamento por ano. Era às vezes um velhinho que morria de velho ou um anjinho que morria de fome. Preferível ser um velho, daqueles com dente de ouro ou aliança de casamento esquecida pela família na inutilidade da mão esquerda.
Para evitar de desenterrar defunto pobre, Gerôncio conhecia de cor e salteado os portadores de dente de ouro da região. Aí era só ir, no dia do enterro, alta noite, com a lanterna, o martelo e a pá, retirar a terra frouxa da cova e desenterrar o morto. Depois, era só quebrar o dente com o martelo e levar o ouro para casa. Ele não esquece a morte do Pai do coronel Nicodemos. Foram cinco dentes de ouro dezoito. Finalmente comprou seu casebre onde mora até hoje, lá na ponta da rua.
Mas aí morreu a filha do fazendeiro Antônio Moreno. A menina tomava banho na beira do rio às oito da manhã quando caiu durinha. Não tornou mais. Trouxeram o corpo para casa e velaram até às cinco da tarde, quando se procedeu o enterro com todos os rituais cristãos. O repinique o dia inteiro, no sino da capela, parecia anunciar enterro de anjo rico. As flores eram muitas. No campo santo foi aberto o caixão para que o irmão mais velho, chegado de longe na última hora, visse o corpo da irmã. Estava linda, com todos seus anéis nos dedos e colares no pescoço.
Gerôncio não esperou pela meia-noite, veio logo às sete e escavou a sepultura da menina. Mal abriu a tampa do caixão, a finada mexeu-se e foi logo limpando a terra dos olhos. O coveiro, assombrado, embrenhou-se na mata em disparada e nunca mais foi visto por ali. Quanto à moça, que voltou para casa assombrando a cidadezinha, foi dada como doente de catalepsia, escapada por milagre. Hoje está lá contando a história para quem quiser ouvir e ainda guarda a fazenda Gitirana para dar de presente ao salvador de sua vida. Só que o delegado tem uma cela pronta pra quando Gerôncio voltar.
 Autor: João Batista de Lima - Fortaleza/CE
 Publicação autorizada através de e-mail de 28/06/2012

O insepulto - Autor: João Batista de Lima

Terêncio Espinheira passava em frente à capela de São Raimundo quando sentiu travar o coração. Tombou, arrastou-se e morreu babando no último banco da igreja. O sacristão comunicou ao padre Otávio e foi avisar à família: duas filhas que com Espinheira moravam lá pras bandas do motor do arroz. As duas receberam com alegria, a notícia, e não foram à casa santa, ver o corpo do pai. Pe. Otávio pediu um caixão ao Major Apolônio que, como prefeito, enterrava os mortos da cidadezinha por conta dos dinheiros municipais. Mas não havia caixão para Espinheira, destratador de políticos e destruidor do patrimônio público. A saída foi o velho sacerdote providenciar uma rede para conduzir o morto, e o fez constrangido porque muitas vezes, Terêncio, embriagado, invadira a igreja durante a santa missa, montado no seu cavalo cardão.

As filhas não compareceram pois festejavam a morte do pai com muitas rodadas de cerveja quente num reservado do Bar da Bia. Nunca mais apanhariam no meio da rua, do pai feito fera, apesar das suas idades, com mais de trinta anos cada uma. À tarde Pe. Otávio utilizou o serviço de som da igreja e pediu ajuda aos cidadãos de Sipaúbas para o transporte do defunto até o cemitério, ninguém apareceu. Nem adiantava, pois Gervásio, o coveiro, já se havia negado a cavar a cova, depois de tanto sofrer nas mãos de Espinheira. O vigário teve a idéia de pagar com o pouco dinheiro da coleta da missa a um carroceiro para carregar o morto. O carroceiro veio mas o burro puxador da carroça assombrou-se ao ver o morto e disparou de rua afora de carroça seca. Espinheira anoiteceu insepulto.

Já exalando mau cheiro, era alta noite, quando Pe. Otávio teve a idéia de colocar o cadáver num carro de mão e empurrá-lo até os fundos da igreja onde um riacho caudaloso transbordava em cheias de abril. Jogou o corpo na correnteza e veio desinfetar a capela.

No dia seguinte por mais de uma légua de riacho abaixo apareceram centenas de piranhas mortas, e nos invernos dos anos seguintes nunca mais correu água no riacho das Guaribas.


Autor: João Batista de Lima - Fortaleza/CE

Publicação autorizada através de e-mail de 26/02/2012