Michele Calliari Marchese
Um autor dedica-se a escrever por diversos
motivos. Talvez pelo desejo de dividir experiências e guardá-las para o uso na
posteridade. Ser lembrado pela sua maneira de perceber o mundo ou apenas pelo
prazer de sentir o ritmo de uma boa narrativa. Ao usar a palavra no sentido
mais amplo possível, ele tem o poder de conduzir ideias em direção, que de
outra forma, não existiriam e não teriam a oportunidade de serem vistas.
A
escritora Michele Calliari Marchese é catarinense de
Xanxerê, mãe do Ulisses de 6 anos, formada em Ciências Contábeis pela
UNOESC/SC, escreve por necessidade e paixão senão o peito estoura, como a
própria afirma. Ela manteve uma coluna no Jornal Folha Regional de Xanxerê por
três anos onde publicou contos, causos e crônicas e atualmente mantém um blog
com a amiga e comadre Helena Frenzel, o “Sem
vergonha de contar” e participa eventualmente do Blog “Gandavos”.
1- Quando e como surgiu seu interesse pela leitura e escrita?
Michele Calliari
Marchese - Eu lembro que não via a hora de
aprender a ler para poder devorar a biblioteca do meu pai. Tinha 6 anos.
Naquele ano escrevi uma música e ficava cantando pela casa.
2- Quais foram seus livros
preferidos quando era criança e os livros favoritos atualmente?
Michele Calliari
Marchese - Na
infância foi a coleção “Ler e Saber”, um Dicionário de História Mundial, a vida
de Mao Tsé Tung (que na época não entendi muito) e milhares de gibis. Eu leio
tudo o que aparece, atualmente estou lendo
“A incrível viagem de Schakleton” de Alfred Lansing, “Trem noturno para
Lisboa” de Pascal Mercier e “1421 O ano em que a China descobriu o mundo” de
Gavin Menzies”. Os três juntos, porém não tenho favoritos, todos de alguma
forma preencheram meu vazio circunstancial.
3 - Quais escritores são suas fontes de inspiração?
Michele Calliari
Marchese - Kafka, Virginia Woolf e Gabriel
Garcia Marquez.
4 - De que forma o conhecimento adquirido, seja pelo senso comum, ou pelo
meio acadêmico, ajuda na hora de
escrever?
Michele Calliari
Marchese - Tudo ajuda na hora de escrever.
5- Segundo o
escritor Rubem Fonseca, “a leitura, a palavra oral é extremamente polissêmica.
Cada leitor lê de uma maneira diferente. Então cada um de nós recria o que está
lendo, esta é a vantagem da leitura". É isso mesmo? Concorda com essa
proposição?
Michele Calliari
Marchese - Concordo
com a proposição. Já cansei de conversar com leitores do mesmo livro ouvindo
interpretações diferentes e muito além ou aquém de minha própria percepção
sobre o escrito.
6- Ainda
segundo o Escritor Rubem Fonseca: “um escritor tem de ser louco, alfabetizado,
imaginativo, motivado e paciente.” É o suficiente para ser um bom escritor?
Michele Calliari
Marchese - Falta aí o
mais importante para mim: amor. Eu não sou paciente e acho que não sou louca!
Cada um escreve conforme a sua referência, a sua paixão, aquela força motora
que faz com que a pena não descanse enquanto não se esvazia a mente e o coração.
7 - Para qual público se destina sua criação?
Michele Calliari
Marchese - Tenho alguns escritos que não são
para o público infantil, por conter cenas demasiadas de psicologia sofrida, no
entanto tenho causos que as crianças adoram. Tudo depende do que escrevo.
8 - Como funciona o seu processo de criação? Quais sãos suas manias
(ritual da escrita)?
Michele Calliari
Marchese - Não tenho mania. Tá na cabeça? Sai
para fora!
9 - Em geral, os seus personagens são
baseados em pessoas que você conhece, ou são ficcionais?
Michele Calliari
Marchese - Ficcionais.
10 - No seu processo de criação já atravessou alguma crise de falta de
inspiração?
Michele Calliari Marchese - Olha, eu
tenho textos dificeis que acabam comigo, para vc ter uma ideia conclui um conto
depois de um ano e tres meses. Mas nao foi por falta de inspiraçao. Creio que
quando o conto aparece na minha cabeça eu praticamente tenho ele todo montado. E
só vou floreando os caminhos.
11 - Você tem outra atividade, além de
escrever?
Michele Calliari
Marchese - Primeiramente sou mãe, contadora de formação,
trabalho na empresa da família e depois vem a escrita.
12 - Você faz parte das Coletâneas Gandavos. Qual a sensação de
participar ao lado de escritores de várias regiões do país?
Michele Calliari
Marchese - Eu me sinto muito lisonjeada e
honrada.
13 - O financiamento coletivo e a publicação independente têm se mostrado
a opção das publicações Gandavos. Quais
são os pontos positivos e negativos desse tipo de publicação?
Michele Calliari
Marchese - Não há pontos negativos. Só
positivos, pois mostra o trabalho de muita gente que escreve por esse Brasil
afora.
14 – Você já fez publicação de livros sozinha, seja impresso ou
virtual? Quais e como o leitor pode adquiri-los?
Michele Calliari
Marchese - Não tenho nenhuma publicação de
livros individual; virtualmente saiu um em companhia de Helena Frenzel “Os
causos da Campina” que pode ser baixado no Blog Sem Vergonha de Contar que
mantemos juntas há algum tempo.
15 - Qual mensagem você deixaria para autores iniciantes, com base em
suas próprias experiências.
Michele Calliari
Marchese - Nenhuma! Escrevam somente, releiam
miseravelmente até a morte, cortem todas as palavras que não prestam e jamais
esqueçam: tudo já foi contado.