sexta-feira, novembro 30, 2007

Em breve, na tua mão!


Já está em maquete, o número comemorativo do 11º aniversário do Debaixo do Bulcão, com 24 páginas, ilustração e paginação de MNG2010 e com a participação de António Dâmaso, Luís Milheiro, Mário Lisboa Duarte, Nélson Ngungu Rossano, Alexandre Castanheira, Madalena Barranco, Joana Fernandes, Susana Barão, Marta Tavares, Miguel Nuno, B. B. Passion, Minda, Vang, Nrocha, António Vitorino, Jorge Feliciano e António Boieiro.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Diamante lapidado

Escrevo, porque não consigo ver-te,
a proliferação da inércia,
não me permite confabular.

És um diamante lapidado,
és um ser precioso que encanta
e é encantado,
revelas no oculto a subtileza altiva,
deixas-me permanecer na ilusão.

Diamante provoca a perdição,
porém ofuscas-me com artes enigmáticas
deixando-me com esta angústia excruciante,
em virtude de não te ter.

És um diamante cobiçado,
uma jóia não rara, mas eterna.
Jóia ingénua que obliquamente
me faz permanecer na quimera
do tormento silente.

Diamante, pedra tão bela...
confere-nos o poder absoluto instantâneo,
faz-nos fantasiar com um mundo
para além do paraíso celeste,
permite-nos viver perfidamente
no sonho da realidade em simultâneo.

O seu brilho abraça-nos infatigavelmente,
deixando-nos inexoravelmente extasiados,
com a sua dominação sedutora.

Nelson Ngungu Rossano

caminhodosversos.blogspot.com

sexta-feira, novembro 23, 2007

Salteador de Intervalos



Vivo salteando os intervalos,
pelas marés cheias do ser,
montando meus cavalos,
sentindo meus resvalos,
beijando rainhas
das elites do prazer.

Assumo o meu destino
como se ele o fosse...
e à minha escolha
como a um caminho.
Se aceito viver sozinho
e embriagado de emoção,
amem-me;
o Amor do meu vinho é farto
e servido em cálices
pelo chão!

E quando um intervalo finda,
parecendo que não...
eu sou lúcido ainda!

Rui Diniz

www.cortedelrei.blogspot.com

quinta-feira, novembro 22, 2007

Que bom que é poder escrever



Para muitos, a felicidade tem a forma de uma mulher
Para mim, a felicidade é poder escrever.

A poesia não é um cigarro que suga-se e deita-se fora
A poesia não é um carro que avaria a toda a hora.

A escrita é o culminar de pensamentos
A viagem para um mundo sem tormentos.

A poesia chama por mim como o íman atrai o ferro
Debruço-me sobre a caneta...e o resultado é o que escrevo

Eu escrevo porque sonho e sonho porque desejo
Tirem-me tudo! Mas jamais tirem-me o que escrevo.


Didier Ferreira
(em Index Poesis – colectânea de poesia
organizada por Ermelinda Toscano)

Mais poemas deste autor
no blogue
Eu sou...

segunda-feira, novembro 19, 2007

A insustentável sustentação

A insustentável sustentação é mecanismo perfeito que toca e esvai em propagação. Impressão impossível das rotas que vão cintilando ; marcando na emoção.

Nuno Rocha
(foto: Leo Vieira)

sexta-feira, novembro 16, 2007

Homenagem a Romeu Correia

Romeu Correia foi um dos mais importantes escritores almadenses e, sem dúvida, o mais prestigiado e reconhecido criador literário deste concelho.
Comemorando os 90 anos do seu nascimento, duas associações (O Farol e ARPIFC), em colaboração com a Junta de Freguesia de Cacilhas vão, este sábado, homenagear o escritor com a deposição de um ramo de flores «na casa onde nasceu, na Rua Elias Garcia, em Cacilhas. Em seguida, será inaugurada uma exposição colectiva na sede da ARPIFC (Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos da Freguesia de Cacilhas), situada na mesma rua».
Os eventos têm início às 15h30.

Romeu Correia
1917: A 17 de Novembro Romeu Correia nasce em Cacilhas, burgo vizinho a Almada, cidade na margem esquerda do Tejo, frente a Lisboa. - 1941: Casa com Almerinda. - 1943: No Grupo Desportivo da LISGÁS (Lisboa) pratica boxe amador. Com um grupo de democratas, cria a Biblioteca Popular da Academia Almadense e reanima a da Incrível Almadense; em ambas as colectividades organiza recitais e conferências. - 1947: Estreia-se na literatura com Sábado sem Sol, livro de contos, cuja edição virá a ser parcialmente apreendida pela PIDE. - 1948: Trapo Azul, romance. - 1950: Calamento, romance. - 1952: Gandaia, romance. - 1953: Casaco de Fogo, teatro. - 1955: Desporto-Rei, romance. Isaura, romance. - 1957: Sol na Floresta, teatro. - 1961: Bonecos de Luz, romance. - 1962: O Vagabundo das Mãos de Oiro, peça teatral que recebe o “Prémio da Crítica”. No mesmo ano também recebe o “Prémio Casa da Imprensa”. - 1963: No Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, participa num torneio de boxe amador. - 1965: Bocage, teatro. - 1975: Recebe, pela segunda vez, o “Prémio Casa da Imprensa”. - 1976: Recebe o “Prémio Ricardo Malheiros” pelo livro de contos Um Passo em Frente. - 1980: Grito no Outono, teatro. - 1982: O Tritão, romance. Tempos Difíceis, teatro. - 1983: O Andarilho das Sete Partidas, teatro. - 1984: Recebe o “Prémio de Teatro 25 de Abril”, atribuído pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro. - 1989: Cais do Ginjal, novela. - 1995: A Palmatória, teatro. - 1996: Em Almada, Romeu Correia morre a 12 de Junho.

Nota biográfica publicada no site Vidas Lusófonas. Encontram também uma entrevista com o autor, no mesmo site, clicando em:
www.vidaslusofonas.pt/romeu_correia.htm


Mais sobre Romeu Correia:

Texto de Alexandre Flores, reproduzido no blogue Almada Cultural (por extenso)
almada-cultural2.blogspot.com/2007/10/romeu-correia.html

Textos de Luís Milheiro, presidente da Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada (SCALA), publicados no blogue Casario do Ginjal
casariodoginjal.blogspot.com/search/label/Romeu%20Correia

quinta-feira, novembro 15, 2007

Debaixo do Bulcão 31

Agora sim, última chamada: terça-feira, dia 20 de Novembro. A partir daí temos de avançar com a paginação pelo que será muito difícil incluir mais algum texto. Apelamos a todos que nos enviem os vossos textos para debaixodobulcã[email protected]

Até breve!

sexta-feira, novembro 09, 2007

Debaixo do Bulcão 31: última chamada!

Estamos a preparar a edição de Dezembro do poezine Debaixo do Bulcão (versão impressa, número trinta e um). Se quiserem participar, ainda estão a tempo. Mas apressem-se: enviem os vossos textos para [email protected] - até ao próximo domingo, 11 de Novembro.

Palpitações


Corro por caminhos e estradas de mau-olhado e encantamento,
Vivo da criação, da ficção, da alucinação, do absurdo e da obra!
No limiar da loucura, talvez te despose amanhã.
Há dias que não quero nada, outros que aceito tudo!
Anseio sorver a vida para dentro de mim e agarrar o nada e o todo.
Sinto o murmúrio do vento que não sopra,
Sangro por dentro nos dias gélidos do Outono,
Vivo a fantasia e o desvario...


Mundo Imperfeito
(poema e foto deste blogue:

terça-feira, novembro 06, 2007

Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Vinicius de Moraes

(Mais poemas de Vinicius em
www.revista.agulha.nom.br/vm2.html)

Imagem: foto de António Vitorino, numa página do programa da primeira temporada do Grupo de Dança de Almada, em 1991. Vejam o website da actual Companhia de Dança de Almada – que, a propósito, está a organizar a 15ª edição da Quinzena da Dança de Almada – clicando em:
www.cdanca-almada.pt/pt/index.htm

domingo, novembro 04, 2007

O erro do oitavo dia

depois da criação
o cansaço
ou a saturação
ou a satisfação genesíaca
tomaram conta de Deus

ao que parece esse foi o seu único erro:
esqueceu-se dos acertos
das correcções
das adaptações
e lançou o protótipo no mercado -
versão Homo Simius 0.1

(não se conhecem versões posteriores)


inominável

pontodesaturacao.blogspot.com

Saudade

à memória de meu amigo Barros que foi e nunca se pronunciou

1
Oh! Como eu gostava de voltar à Realidade...
Tanto que eu gostava de voltar à Realidade...
- Mas como?! – Não tenho meio de transporte!
Tanto que eu gostava de visitar a campa de um tijolo,
meu amigo,
sepultado lá... na realidade!
Mas não posso, não tenho meio de transporte!

Era um bom tijolo. Chamava-se Barros,
era banco e mesa na minha pequena casa.
Um dia convidei Deus para jantar na minha pequena casa,
Barros não aguentou com a divindade e, desfez-se em pedaços
no coração da minha pequena casa.
Por isto, o sepultámos na Realidade...

2
-Não! Ninguém voltará!
Diz uma lei qualquer da “Constituição da Natureza”.
- Mas eu sou real, nasci lá!
- Real sou eu!
responde-me o rei, e eu pergunto:
- Quem mais ama a pátria que o Exilado?
e o Sol responde. O Sol responde a tudo.
É o maior amigo que tenho aqui onde estou,
no Mundo em que as estrelas do mundo real
são os candeeiros duma cidade.


João Rato
reidosleittoes.blogspot.com