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domingo, 6 de fevereiro de 2011

O tamanho não é tudo

Dizem as más línguas que o cérebro do homem e da mulher tem vindo a encolher, porque já não é precisa tanta inteligência para sobreviver. Portanto a coisa ilustra-se do seguinte modo. O restante volume (ou área, porque estou em crer que este cérebro será verdadeiramente dimensional) é ocupado por ar mesmo!


Sobreviver? Esta gente é louca! Quem é que precisa de sobreviver? Isso é para parolos e cheios de fome! Hoje o pessoal não tem fome, mas sede! Toda a evolução humana foi programada no sentido da caça. À zebra, à gazela, ao leão, às gajas. Hoje em dia os homens optimizaram o cérebro para todas as actividades de que necessitam e para novos paradigmas de caça.
As mulheres, em contrapartida, moldaram a sua evolução no sentido da recolecção. E para isso é preciso um cérebro, e às vezes só esse não chega. Além de o esconderem debaixo do cabelo, desenvolveram também uma extensão deste e funcionam em rede: meus senhores, o motivo por que as mulheres precisam de malas tão grandes é simples: guardam lá o seu cérebro.2, além de tudo o que "recolectaram"! Que também é tudo preciso e também são outras mini-extensões do seu cérebro!


Por esta altura os homens já descobriram onde é que guardam o seu "outro" cérebro: dentro do bolso! E também funciona em rede com o primeiro, embora não dê grande jeito para abrir bejecas (e daí...).

E as mulheres a pensar como é que vão deitar a mão a uma daquelas malas fabulosas...

NOTA: Para qualquer doação de uma daquelas malas, eu dou a minha morada. Se estiverem na dúvida, queria mesmo as duas, com preferência para a de baixo: é maior! E em algumas coisas, o tamanho é mesmo importante!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O post mais delicioso sobre as eleições americanas

Toda a gente (menos eu, só para contrariar) tem enfatizado as eleições norte-americanas. Eu tenho-me focado em temas muuuuuuuuuuuuuito mais interessantes como os números primos (mormente o 8, esse desconhecido) e mentiras... mas este post com o delicioso título "A Vitória das moscas da fruta" fez-me rir! O post resume-se ao que disse Ricardo Araújo Pereira na TSF: "Hoje é um grande dia para as moscas da fruta, que agora poderão ser estudadas como merecem". A Abobrinha defende a dignidade para todos os seres vivos e não podia deixar de concordar!

Refere-se a este outro post em que chama a atenção para a ingnorância da Sarah Palin no que diz respeito a Ciência (pelo menos).

Por outro lado, ver o Ricardo Araújo Pereira a dizer uma piada com piada é só por si motivo de celebração! Mas isto sou eu a ser má língua!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Mais divulgação científica

Adoro fazer divulgação científica! Sobretudo porque a minha é fácil: é mesmo só deixar os sítios que me agradam.

Pois desta vez recomendo o post que escreveu o Luís Azevedo Rodrigues no novo blogue do Expresso, com o estilo e clareza do costume. E a observação mais que relevante: Ciência é cultura. Eu acrescentaria, dado o histórico de demonstrações de cultura que tenho apresentado aqui no tasco, que é muito mais cultura que performances e outras pseudo-coisas que fazem passar por cultura.

Mais que isto, fazer cara de "daaaah" e dizer que se detesta Matemática e que não se percebe nada de Ciência está completamente fora de moda e é muitíssimo menos sexy que ficar mal de calças brancas. Não é que muitos possam com propriedade dizer que percebem de Ciência, mas ao menos tentar perceber qualquer coisa fica bem.

Só tenho duas perguntas: de onde vem o nome Jurássico e porque é que não dá para deixar comentários no blogue do Expresso?

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Sem palavras e nem sei bem poruqê

Já há muito que não faço divulgação científica. Leia-se: já há muito que não divulgo os textos de outra pessoa.

Este post do Luís Azevedo Rodrigues deixou-me de boca aberta e sem palavras e nem sei muito bem porquê. Mas há qualquer coisa naquelas imagens e naquela notícia que me batem forte. Por agora deixo a imagem. Mais tarde tentarei dar a minha visão "resumida" (2000 palavritas?) de porque é que me bate tão forte.


E já agora, visitem o blogue Ciência ao Natural: é que lá vai-se aprendendo qualquer coisinha, enquanto que aqui... nicles!

sábado, 26 de abril de 2008

As XX jornadas teológicas sob o ponto de vista de um vegetal com forma fálica, pouco juízo e pouco respeito pelo preço do gasóleo

Os vegetais estão na ordem do dia. Ora é o preço do trigo, ora é a soja que desfloresta forte e feio a Amazónia para criar carne para o McDonald's ou são cogumelos ou ervinhas recreativas na óptica do utilizador. A abobrinha não podia alhear-se desta dominância vegetal e antecipou a próxima tendência: a teologia. Para algo com uma forma fálica pode não ser apropriado, mas nada neste blogue é apropriado para absolutamente nada, pelo que faz estranhamente sentido.

Assim sendo, percorri uns quilómetros para ver as XX jornadas teológicas em Braga (isto e isto e isto). Fiel a mim mesma, perdi-me pelo caminho (os vegetais têm raizes, mas as rodas não são a nossa vocação), mas nada que me impedisse de chegar a um edifício amarelo grande de carago que se revelou a Faculdade de Teologia. Algo ali me fez lembrar Faculdade de Ciências, a Faculdade de Farmácia e a antiga Reitoria do Porto (hoje a Reitoria é onde era a Faculdade de Ciências). Com uma diferença: menos gajas.

Havia montes de gajos por lá. Pena que 80% deles tivessem cara de padres. E sim, existe uma coisa que se chama cara de padre e hoje até olhei para um deles quando fui tomar café. De facto esse estudou anos e anos para padre e estava com uma moça muito religiosa. Tão religiosa que casou com ele, no verdadeiro cumprimento do desígnio "um padre à cabeceira". Acho que ele não chegou a padre mesmo, mas da cara não se livra.

Por um momento cheguei a pensar que me tivesse enganado no sítio porque no slide de apresentação anunciava o Prof. Ludwing Krippahl. Mas seria coincidência a mais ter outra actividade com uma pessoa com um nome tão parecido no mesmo sítio e à mesma hora, pelo que assumi que seria uma gralha! E era mesmo! O auditório encheu e estariam aí umas 70-80 pessoas (mas eu sou má a fazer estimativas, pelo que aceito outro número). Em cima das cadeiras o resumo de 1 página do Ludwig, que é este texto, o que demonstra a transparência do que ele foi dizer. Do Jónatas Machado... nicles! Nem era preciso: quem lê as teorias do Perspectiva já sabe o que ele quer.

Para uma coisa anunciada às 21:00 h o pessoal não estava com grande pressa de começar. Se fosse um casamento já o noivo teria dado de frosques (e daí, já esperei 1 hora por um casamento, o que nem seria grave se não estivesse quase com uma queda de açúcar porque foi dos poucos dias que saí de casa sem tomar pequeno-almoço). Mas o que realmente estava a dar-me cabo dos nervos era a música de igreja.

Para dar início às hostilidades um mocinho com cara de padre, voz de padre e entoação de padre apresentou a iniciativa. Deixo à vossa consideração a expressão "mui valoroso" e à vossa imaginação as caras que eu fiz quando ouvi isso e de quantas maneiras tive que disfarçar o riso.

O Ludwig foi apresentado como "evolucionista radical" (falso) e o Jónatas Machado como "criacionista radical" e seguiu-se meia hora de apresentação para cada lado, com a ameaça/promessa de ser rigorosamente cronometrada.

A apresentação do Ludwig está aqui e foi excelente: clara, sucinta, desfazia pensamentos peregrinos como teoria da evolução ser darwinismo (onde o darwinismo já vai!) e a ideia de a teoria da evolução ser só baseada em fósseis. Gostei! E chamo a atenção para o facto de o Ludwig, em mais uma demonstração de transparência, ter disponibilizado a sua apresentação, estando sujeito a ser criticado. Claro que "Essa deve ser das piores apresentações que já vi. Com defensores destes, a evolução não precisa de criacionistas para nada. E as imprecisões e incorrecções seguem-se umas atrás das outras. Enfim, vê-se que não está por dentro do assunto.Já para não mencionar o facto de que parece que está a falar para uma audiência de anormaizinhos. Nem a minha professora do secundário..." (de um anónimo às 23:54 de 26 de Abril) como crítica não conta.

A apresentação do Jónatas Machado pareceu estranhamente mais longa, o que é um disparate, dado que foram ambas rigorosamente cronometradas. Mas foi mais densa. O que ele apresentou foi a "doutrina bíblica de criação" (diz ele). Os apontamentos que tirei são estranhos porque comecei com paciência e acabei com impaciência. Começou por ser uma apresentação de teologia (a palavra de Deus é verdadeira, infalível, etc), mas acho que meteu água quando citou Popper e disse que este considerava que a Ciência o era quando era falsificável. Não tenho conhecimentos para refutar isto, mas parece-me uma interpretação abusiva.

A lição de teologia evoluiu para um ataque à Ciência, com disparates como dizer que a Ciência se quer sobrepor a Deus, que no naturalismo não existe um padrão objectivo de moralidade, que há um diferenciação qualitativa entre homens e animais (e qual é ela?) e por aí adiante. Ainda disse um disparate total que foi a expressão "fé naturalista" e o famoso "ninguém viu, ninguém estava lá, só Deus" na criação do Universo. Outro disparate: "os factos não falam por si, eles são interpretados". E o disparate supremo: a Biologia confirma a Bíblia.

A isto se seguiu uma entediante apresentação de factóides distorcidos, como a formação rapidíssima de acidentes geológicos (chama-se actividade vulcânica, doutor), e a treta da semana: a fossilização à la minute. Recomendo a leitura desse post do Ludwig e a das respectivas referências, porque é uma treta a que recorre frequentemente o Jónatas Machado. Suponho que não voltará a ela (mas nunca se sabe!). Quanto à minha impressão da discussão em si, remeto para a leitura dos meus comentários a este post, onde ainda se pode ler a visão do Leandro (que também lá esteve).

Confesso que estive para dizer que não tinha ido. Aliás, era a minha firme intenção... até que li que o Ludwig tinha dito que tinha achado que tinha corrido bem! Não foi essa a minha percepção e tinha mesmo que lho dizer! Chamo ainda a atenção para o facto de que tenho razão quando digo que há jogos de palavras mais que jogos de factos: há uma tentativa de fazer o Jónatas Machado cantar vitória do debate nesta caixa de comentários, o que não é verdade. De facto, dados os comentários a esse post, só uma imaginação delirante acharia isso (e eu tenho uma grande imaginação e não fui capaz de pensar isso).

O debate em si soube a muito pouco, foi mal moderado e o Jónatas Machado tentou monopolizar o tempo. Foi igualzinho ao Perspectiva (mesmo porque é ele, sem tirar nem por), sempre cheio de "factos" e recorria aos slides para ilustrá-los. Irritante! Há quem pense que isso o descredibilizou e até é mais ou menos verdade... mas deu-lhe visibilidade, o que é perigoso!

O debate foi interrompido abruptamente com um rigor no cumprimento de horários que não existiu para iniciar e quando uma discussão interessante se estava a formar. Soube a pouco. Soube a muito pouco!

No final parece que houve uma confraternização, mas eu tinha que fugir antes que o meu coche se transformasse em abóbora.

Gostei e não dei o tempo nem o gasóleo por mal empregues. Mas espero ter contribuído com a minha visão do que se passou em Braga para que o Ludwig ganhe mais agressividade em debates futuros. Mas que os haja, porque é importante discutir estas coisas: só se pode combater o que se conhece. E o criacionismo bíblico é uma de muitas tendências de desinformação no mundo. Gostaria de dizer que é o único, mas não é.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Abobrinha, a grande divulgadora científica

Um outro professor meu dizia que uma mentira, quando repetida vezes suficientes e com um ar convincente transforma-se rapidamente numa verdade incontestável. Não dá para fazer uma piada foleira com vaselina e areia com esta máxima, mas dá para alertar quem ler os meus textos com meio neurónio ligado (normalmente eles entram em regime de serviços mínimos) que eu sou uma fraude como divulgadora científica, embora tente repetir que o sou.

Agora o Luís Azevedo Rodrigues é uma história completamente diferente: apanhou-me distraída e PIMBA, toca de postar assim umas 5 ou 6 rapidinhas de divulgação científica. Como sou superficial, gostei do cartoon das baratas a visitar o museu de história natural e de saber que os escorpiões são insectos (mmm... mais ou menos!). Isto só se consegue com grande sabedura!

Já agora, não sei se ele aceita "discos pedidos", mas se aceitar queria um post sobre a vida sexual dos polvos e lulas. Como é óbvio, é para depois eu javardar! Mas sei que são bichos inteligentíssimos e que procuram o contacto com os olhos dos homens (vi algures num programa de televisão). À procura de inteligência? Bem, eu ia javardar esta, para dizer que na maioria não encontraria nada, mas de facto é extraordinário que um bicho morfologicamente tão diferente de nós procure o nosso "espelho da alma".

De qualquer modo, o Público ainda vai sendo um grande jornal e decidiu (e fez bem) tornar o Ciência ao Natural um dos blogues convidados. Só por causa disso, amanhã compro o jornal (não digam a ninguém, mas eu ia comprá-lo na mesma).

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

E extinção é um lugar estranho

A quem estiver a pensar: sim, eu cismei com o "é um lugar estranho".

Quem perdeu 3 minutos da sua vida (e possivelmente mais uns a ler as porcarias que eu escrevo) a ver o filme que apresntei sabe porque é que os dinossauros se extinguiram: desfizeram-se, simplesmente! Se fumassem não seria nada disto (porque a avaliar pelo terceiro post fascizante, quem fuma não se peida).

Ou seja, todas as pessoas informadas deste blogue sabem porque é que os dinossauros se extinguiram. Um dos efeitos perniciosos de eu escrever em português é que nem toda a gente lê a Abobrinha (o que só prova que a diversidade linguística é uma coisa boa) e a informação não chega a toda a gente e depois escrevem disparates. Por exemplo, o Público informa que "George e Roberta Poinar [...] sugerem que os insectos possam ter tido um papel fundamental na transmissão de doenças e na destruição de fontes de alimentação levando ao desaparecimento definitivo dos dinossauros".

Já ouvi disparates piores. Não muitos, mas o número não é tudo! É o que dá andar a mexer na merda: "A pesquisa levada a cabo por George e Roberta Poinar encontrou vermes intestinais em excrementos fossilizados de dinossauros o que prova que insectos infectados possam ter disseminado doenças e provocado a devastação lenta e definitiva dos mesmos". Isto prova que morreram de caganeira, como indica o filme que eu mostrei!

O Público cita um paleontólogo português para refutar esta teoria: "Para Mário Cachão, paleontólogo especialista em dinossauros, todas as teorias que explicam apenas uma parte dos acontecimentos são menos interessantes. Apesar de os insectos nunca terem sido invocados como causa directa para a extinção dos dinossauros, Mário Cachão, ouvido pelo PÚBLICO, defende que “no momento em que se dá o desaparecimento dos dinossauros, há uma série de organismos, microscópicos e marinhos, que também se extinguem". "Deste modo, esta teoria torna-se incompleta não explicando a extinção de outros seres”, acrescenta".

Faz sentido, é lógico e tal, mas não reconhece a contribuição da Abobrinha para a descoberta da real e indiscutível causa da extinção dos dinossauros e outras espécies. Sabem que isto no meio académico é só invejas: este indivíduo não me cita nem ao meu trabalho porque sabe que eu sou mais esperta e sabedora que ele. Por isso é que a Ciência neste país não avança! É triste mas é assim!

Já agora, se querem mesmo aprender umas coisas de dinossauros, vão ver o blogue do Luís Azevedo Rodrigues. Na volta foi o ar puro das viagens que fez que lhe dá leveza na escrita. Não sei o que é, mas sei que gosto.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Macaquinhos de imitação

No Público de hoje:

"Estudo publicado na “PLoS Biology”
Os macacos também sabem somar"

"Os macacos sabem fazer contas de somar de cabeça tão bem como qualquer estudante universitário [...]

A equipa testou quatro macacas “rhesus”. Quanto aos humanos, escolheram-se 14 estudantes da Universidade de Duke [...]

Os humanos acertaram em 94 por cento das vezes, contra 76 por cento nos macacos, mas o tempo de resposta foi idêntico em ambas as espécies (cerca de um segundo). "

Jovem, se estiveres a pensar candidatar-te à universidade de Duke... começa a considerar alternativas!

"este resultado significa que humanos e macacos terão partilhado um antepassado que já possuía noções básicas de aritmética"

Não! Este resultado revela os dramáticos e perniciosos efeitos do consumo excessivo de bananas pela população universitária de Duke. Carago, 14 estudantes universitários não dão uma cabazada em 4 macacos? E na volta os macacos eram de Letras!

Jovem, consome bananas com moderação e com os cuidados enunciados pela Abobrinha no post anterior! Um dia destes vais ver que parte deste problema se deve a falta de sexo... das bananas! Confuso? É mais simples do que parece. I'll be back soon for another cartoon!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Dois destaques para dois cientistas nacionais

Costumo acompanhar os blogues dos dois com prazer e interesse e acho que a cada visita saio mais sabedora (ou pelo menos menos burra qualquer coisinha, o que já é importante). Ambos estão listados aqui à esquerda.

Ontem, por acaso, ambos optaram por posts light. Ou seja, que não engordam (mesmo quando consumidos em excesso), o que é excelente para a altura do ano que se avizinha. Não que os light deles sejam menos interessantes que os outros, mas só hoje me apeteceu fazer a ligação. Abobrinha é de humores... mmm... deixem-me mudar isso para temperamental, porque se coaduna mais com um gesto de diva que tive um dia destes mas que não é relevante para o caso. E de qualquer modo é mais compatível com a fama de refilona.

Assim, o Luís faz aqui uma incursão no humor sem perder o rigor e simultaneamente mostrando a sua sabedura. E diz ele que isto foi uma rapidinha!

Pode-se argumentar que o Ludwig descobriu aqui uma nova espécie vegetal... bem... mais ou menos! De qualquer modo, é um vegetal de categoria! Posso assegurá-lo por experiência própria, se bem que posso estar a ser tendenciosa.

Com argumentos destes, posso afirmar categoricamente que o que é nacional é bom. Claro que não é por estes posts em particular, mas por tudo o resto.


Aviso à navegação: estes dias prevejo que isto vá estar paradote, mas não se preocupem porque é só por bons motivos. A parte boa é que o badalhocómetro está... a marinar... a marinada é uma técnica culinária que dá resultados deliciosos... ... ...

Uma vénia a um cientista honesto!

No caso, uma cientista: Rosalind Harding, que acabei de ouvir na Fundação Serralves numa apresentação intitulada "Diversidade Genética: uma Perspectiva Antropológica".

Onde "mora": http://www.stats.ox.ac.uk/~harding/index.htm

Feliz ou infelizmente, a componente científica deste post vai ser reduzida. Felizmente porque a densidade de informação foi imensa e extremamente honesta. Infelizmente porque a maioria do que a Rosalind Harding disse me passou ao lado porque não sou competente para acompanhar tudo o que ela disse.

Esta série de 4 conferências teve obviamente o seu ponto baixo com o Tim Crow (como expliquei anteriormente aqui) que é de Oxford como a Rosalind. Lá está: uma figueira dá muitos ramos! A quem interessar, o post a que faço referência tem um comentário recente de outra pessoa que lá esteve e achou o mesmo que eu e ainda mais, pelo que recomendo a leitura.

As duas primeiras conferências foram boas, mas um pouco pela rama. Um pouco mais divulgação científica, o que foi excelente também. Mas a Rosalind Harding falou quase como quem fala com os seus pares. Como não era o caso, fiquei pelo caminho na esmagadora maioria das coisas, mas não fiquei mais burra (muito pelo contrário). Este post é contrário à fama de refilona com que um grande pensador português me rotulou (isso! Dá graxa!): é um post de admiração pura e dura. Abobrinha não é só refilona!

Esta conferência tinha uma componente muito grande de genética, ao contrário da do Tim Crow. E, como o nome indicava, também atropológica. Fiquei logo de pé atrás porque pensei: lá vem mais um tocar mais que um instrumento que não domina. Mas não foi o caso.

A Rosalind Harding fez paralelos com os nossos primos mais próximos, os chimpanzés. Estes apresentam duas subespécies, muito parecidas entre si. Do mesmo modo poderiam o Neanthertal e o homem moderno ter coexistido (antes de o Neanthertal ter ido para o galheiro) como subespécies e não como espécies separadas. Palavra-chave: poderiam!

A apresentação de uma hipótese de que poderia ter havido mistura com os Neanthertais a dada altura, já fora de África, na migração para a Europa foi apresentada junto com a hipótese oposta. Quando questionada sobre isso, disse que não era uma certeza mas uma hipótese consistente com algumas observações para certos genes. Se a tendência durasse (palavras dela), ou seja, se o comportamento de mais genes fossem consistentes com essa observação, era era possível que essa hipótese tivesse pernas para andar. Mas se não, possivelmente não seria sustentável e cairia por terra porque só um par de genes ser consistente com aquela hipótese não seria suficiente para validar a hipótese.

Recordo que ela apresentou as duas hipóteses e exprimiu dúvida. A dúvida saudável do esperar para ver. De facto, quando questionada apresentou ainda mais dúvidas: não sabe se de facto o homem moderno e o Neanthertal eram subespécies ou espécies separadas sequer! Mas acha que poderão ter sido só subespécies. Pode ou não conseguir provar isso. E disse coisas como "não sei se algum dia poderemos saber isso" a respeito de qualquer coisa qualquer que não me lembro. É de gaja!

A elegância da apresentação da Rosalind foi ainda maior que a sua elegância física (e ela é muito elegante!). A argumentação com os moderadores (no caso só com o António Amorim, porque o Sobrinho Simões não a questionou) foi um espanto: de uma fluidez que o Tim Crow só pode sonhar para um dia, quando for grande! E pelos vistos estava adoentada! Faço ideia com o gás todo do que aquela mulher será capaz! Ela é que é a verdadeira refilona, e ainda por cima com um sorriso nos lábios!

Na discussão compreendi por que motivo o António Amorim estava tão abespinhado com quem questionava o Tim Crow: disse que não era darwiniano. Com uma apresentação darwiniana pura e dura (palavras dela), a Rosalind Harding candidatou-se a uma discussão muito acesa. E ficou por cima! Mas isso deduzo pela expressão do próprio António Amorim, que disse algo como que se rendia: a discussão deles mesmo eu não entendi porque era demais para mim. O que também não compreendi é o que é não ser darwiniano!

No capítulo de futilidades, a fotografia do site dela só lhe evidencia o enorme sorriso. Mas ela é muito mais bonita em pessoa (mas eu tenho uma coisa por ruivas). Mal abriu a boca também se notou que era ligeiramente sopinha de massinha... e mais australiana só se dissesse "G'day mate" e "Chee's Gov'ner". Ou seja, só aí marcou pontos! É que eu não sou superficial, mas tenho uma atenção muito grande a certos pormenores, e o sotaque é um deles.

Gostei! Senti-me ignorante mas no bom sentido: com vontade de aprender mais! E foi uma lição ver a honestidade intelectual de quem não acha que a dúvida é uma fraqueza. Pode parecer mais bombástico vir debitar postas de pescada e certezas, mas isso pode ter mau resultado quando se encontra um público mais esclarecido. Foi o caso do Tim Crow, que apanhou uma abada em Serralves (essencialmente dos arqueólogos)... mas que possivelmente nem sequer teve capacidade para encaixar isso, porque se refugia em "ah, isto é especulativo" (opinião de Moura, que comentou o meu post sobre o Tim Crow, e que eu subscrevo inteiramente).

Infelizmente acabaram as conferências de Biologia! Quero mais! Felizmente encontrei cosméticos da MAC. E não foi o Pai Natal que me ajudou!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Quinta-feira vou ver isto

O Pai Natal (que não existe) ainda não me deu o cérebro da Paris Hilton, por isso vou tentar desenrascar-me como posso com o que tenho com 33 anos de uso mais ou menos intensivo (não muito, mas se alguém me acusar disso eu nego).
Não creio que seja como a conferência do Tim Crow, mas eu depois conto.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Tenho a nítida sensação de ter sido enganada!

Desta vez é para aprender qualquer coisa. De preferência para eu ficar mais esperta qualquer coisinha.

Ontem anunciei que ia a Serralves ouvir uma conferência de Biologia. E fui. O que fiquei a faz até às 2 da manhã não vos interessa! O orador era Tim Crow, psiquiatra e investigador em Oxford. E tenho a nítida sensação que o tipo me enganou e que eu só comecei a pensar em perguntas para fazer depois de ter acabado a apresentação. Devido (possivelmente) à minha ignorância relativa na(s) especialidades que ele apresentou, mas também por ter a mania de ser lógica e de achar que os outros quando falam é para se entender a mensagem. Ou as duas coisas.


Vou correr o risco de escrever umas totozadas por realmente me ter passado qualquer coisa de muito importante ao lado (mas passaram muitas coisas ao lado, não nego!), mas acho que houve aqui coisas que não batem certo nem à lei da bala!


O e-mail de divulgação que recebi (mas já tinha os bilhetes comprados há muito) dizia: "Tim Crow, investigador inglês da Universidade de Oxford, vem a Serralves falar sobre "As Origens Genéticas do Homo Sapiens Moderno". Ge-né-ti-cas!!! Isto vai ser relevante mais daqui a pouco, mas a minha expectativa era a de uma qualquer lição sobre qual era a genética dos hominídeos da mesma linha, do furtivo neanthertal e outras que tais.


Como disse na brincadeira e na badalhoquice, a desilusão surge quando se cria uma ilusão. Neste caso não era uma ilusão mas uma expectativa fundamentada: prometeram-me uma origem genética do Homo Sapiens moderno! Mas o que recebi em troco de € 4.5 (tenho desconto por ser amiga de Serralves) foi o apresentar de uma teoria que me pareceu não ter grande nexo, ser por vezes despropositada e ter grandes saltos de fé! E vou tentar demonstrar isso, consciente de que posso apanhar uma grande abada por me ter falhado algo fundamental.


Podem encontrar aqui a página do Tim Crow em Oxford e aqui a da Wikipédia. O "resumo mais resumido" é:


"My research interests have been in the neural mechanisms of behaviour, and the nature and causation of psychosis. These two interests have overlapped. On the basis of certain key findings, my concepts of the nature of the problem of psychosis and the most relevant approaches and disciplines have evolved over time. Most recently I have become interested in its relationship to the origins of modern Homo sapiens and the evolution of language. Below I summarize the major areas of work and my current research interests."


Destaco que a origem do homem moderno é a última parte de um trabalho essencialmente de psiquiatria. A parte da genética, que me pareceu mal sedimentada (mas eu não sou a pessoa adequada para fazer esse julgamento) começa a fazer sentido. Mas é mais grave que isso.


O Tim Crow apresentou uma série de argumentos (o que eu chamo preliminares) acerca de como a linguagem definia o ser humano. Foi mais longe: se é o que nos define como espécie, a especiação do homem foi decerto algo que permitiu a aquisição da linguagem. Mas a hipótese (que me parece um pouco "ao dependura") não foi bem defendida nem do modo mais claro. Penso eu de que.


Depois falou de um conceito que não sei explicar a que chamou assimetria cerebral. O que eu pensei que era uma assimetria morfológica (pelo modo como apresentou um esquema de um cérebro em que a simetria não era total do lado esquerdo e direito, mas tinha umas bossas) passou a ser durante a discussão ou morfológica ou funcional (não deu bem para entender), por isso não me vou alongar. Sei que houve aqui um salto de fé que atribuí a eu não estar dentro do assunto. Sendo verdade, não era toda a verdade e não justificava tudo porque ele devia ter sido mais claro e não foi.


De repente a assimetria cerebral (recordo que não ficou claro o que era essa assimetria) explicava tudo desde a linguagem à esquizofrenia, psicoses e lateralidade. Mostrou que os chimpanzés não eram tão marcadamente dextros ou canhotos como nós, mas tenho dúvidas que um chimpanzé tenha tanta necessidade de escrever apontamentos de aulas (por exemplo). Explicava ainda (não sei como) a capacidade verbal.


Depois passou a como as mulheres tinham mais capacidade verbal que os homens, o que o surpreendeu muito. De onde se deduz logicamente que ele não sai muito e/ou não tem grande capacidade de observação. Esta parte é meio a sério meio a brincar: ficou surpreendido por meninas de 13 anos mostrarem claramente uma superioridade verbal em relação aos meninos da mesma idade. Ora isto até empiricamente se nota! Perdeu pontos logo aqui (e não é feminismo), mas já vinha em trajectória descendente.


E perguntam vocês: então e as As Origens Genéticas do Homo Sapiens Moderno??? Esta foi a pergunta que eu comecei a fazer a mim mesma a dada altura, porque a apresentação estava quase a acabar! Às vezes há preliminares a mais! No caso, os preliminares estragaram o efeito da coisa em si. Ou não, nem sei. Na volta foi o coisa e tal que era fraquinho mesmo!


Na Wikipedia diz o que ele tentou demonstrar resumidamente: "investigation of a gene (ProtocadherinXY) located on the X and Y chromosomes that has changed in the course of hominid evolution and may have played a particular role in the development of the cerebral cortex". Mas o que ele defendeu não foi um "particular role": o que ele disse foi que a especiação do Homo Sapiens se deveu a uma mutação NUM GENE!!! Esse tal, da assimetria (o que quer que ela seja), ou seja, o que possibilita a linguagem, que por sua vez define o homem. O que me parece um disparate: um gene???? Um único?


Pior que isso, não sabe o Tim Crow (nem ninguém, pelos vistos) se esse gene existia no Neanthertal (ele não sabia grande coisa sobre o Neanthertal, como se tornou óbvio pela presença de arqueólogos na plateia). Logo, se o que nos define como homem é a linguagem, o Neanthertal era homem? Era da nossa espécie? Possuía linguagem? Possuia o gene mas não a linguagem? Estranho! Muito estranho! Demasiadas pontas soltas! E depois voltamos ao mesmo: um único miserável gene de características obscuras caracteriza o homem? Parece-me... forçado! Não digo que não seja verdade (nem que seja verdade mesmo!), mas não me parece que tenha sido defendido da melhor maneira e da maneira mais clara.


Ainda tentou meter a selecção sexual ao barulho, o que também me pareceu forçado. Ou seja, coerente com o resto da apresentação.


Não fiz perguntas porque estas só me surgiram quando me apercebi que não compreendi coisas que não eram para compreender. Dito isto, não entendi coisas que ele disse por não ter conhecimentos para isso, pelo que é possível que grande parte (ou tudo) o que aqui escrevi seja um disparate! Mas queria partilhar isto com vocês. Abobrinha também é cultura! Mas não muita!
Uma nota final: pelos vistos foi anunciado em programas de rádio totozisses como "Tim Crow vai destruir a teoria de Darwin". O que só demonstra que há pessoas que obviamente não sabem ler. Ou pelo menos não sabem retirar informação do que conseguem ler, mas adoram um escândalo!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Série de rapidinhas - 7

Por falar em ovelhas, hoje à noite vou ver isto num dos meus sítios preferidos no Porto e no mundo. A ver se fico mais inteligente (ou menos burra pelo menos).

E tem qualquer coisa que ver com reprodução, por isso estamos dentro da badalhoquice na mesma!

TIM CROW (REINO UNIDO)

29/11/200721:30

"As origens genéticas do Homo Sapiens moderno"

Crítica do contemporâneo: BIOLOGIA

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Barbatanas a 90º - Abobrinha também é cultura

Eu avisei que Abobrinha não era só badalhoquice!

Numa troca de e-mails com uma pessoa que se ofereceu para escrever no blogue/site que eu propus para putos sobre Ciência (e vocês não estão bem a ver como é valiosa a oferta, mas eu hei-de dizer-vos um dia, oportunamente), surgiu-nos uma dúvida existencial:

Porque é que as baleias e golfinhos e outros mamíferos marinhos têm barbatanas horizontais e os peixes (tubarões e outras coisas que nadam para mais tarde ou mais cedo parar no prato de não vegetarianos) as têm verticais?

O que é que justifica os 90º de separação na orientação das barbatanas (ou é mesmo só dois adultos relativamente educados sem mais assunto para conversar?). É evolução pura e simples (para os que acreditam que a teoria da evolução não é só treta de ateus empedrenidos) ou há argumentos de hidrodinâmica?

Está aberta a discussão.