Trabalho de Campo de Lingua Portuguesa III

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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED


Departamento de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Mudança do Português em Moçambique

Domingos Modesto Lussene Código: 91230616

Mueda, Março de 2024


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UNIVERSIDADE ABERTA UNISCED


Departamento de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Mudança do Português em Moçambique

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação doCurso de Licenciatura em
Ensino de Português.

UNISCED

Delegação de Pemba

Domingos Modesto Lussene Código: 91230616

Mueda, Março de 2024


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Índice
1. Introdução ................................................................................................................................. 3

1.2. Objectivo geral ......................................................................................................................... 3

1.2.1. Objectivos específicos .......................................................................................................... 3

1.2. Metodologia ......................................................................................................................... 3

2. Mudança do Português em Moçambique .................................................................................... 4

2.1. Situação linguística de Moçambique antes e depois da colonização ....................................... 4

2.2. O português de Moçambique e os moçambicanismos ............................................................. 5

3; Conclusão.................................................................................................................................... 8

4. Bibliografia ................................................................................................................................. 9
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1. Introdução

O presente trabalho tem como objectivo de analisaras mudanca do portugues em Moçambique, A


apartir dos anos 1960, os linguistas passaram a se concentrar mais no estudo da língua dentro de
sua sociedade, devido aos estudos realizados pelo linguista americano William Labov. A
linguagem tem um papel social importante, que é a comunicação; entretanto, seu entendimento e
interpretação são influenciados pelo contexto social e cultural. Compreender que as línguas
possuem diversidades, variações e dialetos é essencial, ao invés de serem um sistema único,
imutável e fixo. Os ambientes sociais e culturais influenciam todas as línguas, e a maneira como
os usuários as utilizam é diversificada.

1.2.Objectivo geral
 Analisar as Mudança do Português em Moçambique.

1.2.1. Objectivos específicos

 Identificar Mudança do Português em Moçambique.


 Descrever as Mudança do Português em Moçambique.
 Descrever aspectos de mudança na fonética, na sintaxe e no léxico.

1.2.Metodologia: A concretização do respectivo trabalho, a metodologia usada foi de consulta


bibliográfica que constituiu na leitura e análise das diferentes informações de diversas obras
que se debruçaram sobre o tema acima mencionado.
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2. Mudança do Português em Moçambique

2.1. Situação linguística de Moçambique antes e depois da colonização

Moçambique, localizado na África Austral, tem mais de 20 milhões de habitantes de várias etnias
e com uma grande diversidade de idiomas. Considerar a situação linguística mundial é
indispensável ao discutir a situação linguística de Moçambique. Assim, existem quatro famílias
linguísticas predominantes na África.

Assim, em Moçambique, línguas como kimwani, shimaconde, ciyawo, emakhuwa, echuabu,


cinyanja, cinyungwe, cisena, cibalke, cimanyika, cindau, ciwute, gitonga, citshwa, cicopi,
xichangana, xirhonga e outras não foram padronizadas ortograficamente (Ngunga, Faquir, 2011).

Segundo Timbane (2013), existem línguas fronteiriças presentes em Moçambique e países


vizinhos, como o nindi (da Tanzânia), o nsenga (da Zâmbia), o shona e o kunda (do Zimbábue),
dentre outras. Imigrantes e moradores que se instalaram nas principais cidades de Moçambique e
iniciaram empreendimentos trouxeram determinados idiomas asiáticos para o país.

Timbane (2014) inclui as línguas gujarati, memane, hindu, urdo e árabe em sua lista.
Devido à globalização, Moçambique agora utiliza línguas estrangeiras contemporâneas, como o
inglês e o francês. A maioria destas LBM provém do exterior, isto é, utilizam diversas línguas em
vários países do continente africano.

De acordo com Moshi (2006), aproximadamente 50 milhões de pessoas falam swahili em vários
países, incluindo Quênia, Tanzânia, Uganda, República Democrática do Congo, Ruanda, Burundi,
Somália, Zâmbia, partes de Madagascar e Comores. Eles habitam também em Moçambique. As
fronteiras linguísticas não são iguais às fronteiras políticas. A linguagem gestual é uma língua
pouco abordada em pesquisas sobre as línguas de Moçambique, além das línguas mencionadas
anteriormente. Em 2013, Armindo Ngunga, professor e pesquisador da Universidade Eduardo
Mondlane, tornou-se o pioneiro ao publicar o primeiro dicionário da língua de sinais
moçambicana.

A presença da LP em Moçambique e nos PALOP está fortemente associada à colonização. Em


1497, Vasco da Gama chegou a Moçambique e estabeleceu a primeira comunidade portuguesa em
Sena, na região central do país, em 1530. Antes da chegada dos portugueses, é relevante salientar
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que os árabes já estavam envolvidos em transações comerciais com os africanos, especialmente os


moçambicanos do norte. Eles também difundiram a sua religião, o islã, juntamente com a língua
árabe, que era utilizada para exercer a sua crença.

Desta forma, a Conferência de Berlim (Partilha de África) de 1885 possibilitou a ocupação efetiva
de Moçambique e a implantação do sistema colonial. Durante esse tempo, a "Igreja Católica e a
empresa colonial estavam intimamente ligadas, tanto fisicamente quanto ideologicamente, desde
o início da expansão portuguesa e, aos olhos dos colonizadores, se fundiam em um único
propósito" (Zamparoni, 1998, p. 416)
Os colonos portugueses utilizaram a língua como instrumento de controle, proibindo o uso das
línguas africanas em domínios de poder. Eles desenvolveram ideias que diziam que as línguas
africanas não tinham a capacidade de realizar certas funções, especialmente a de transmitir
conceitos modernos, abstratos e científicos, que não se adequavam às línguas utilizadas para
ensino, cultura ou pesquisa (Zamparoni, 2009, p. 32).

Nas nações de Moçambique e Angola, as diferentes formas da língua portuguesa faladas eram
conhecidas pelos apelidos de pretoguês, língua do cão, landim, dialeto, língua dos pretos, entre
outros. "Toda língua é um dialeto, porém nem todo dialeto é uma língua", declara Haugen (2001,
p. 100). Uma postura preconceituosa enalteceu a língua portuguesa e reforçou a ideia de que fala

 Abandonou completamente os costumes e usos da raça;


 Fala, lê e escreve na língua portuguesa;
 Adotou a monogamia; e
 Praticava uma profissão, arte ou ofício compatível com a civilização europeia.

O governo português não possuía capacidade ou autoridade adequadas para administrar a colônia,
por isso despachou missionários católicos e suíços para instruir os moçambicanos a adotar uma
postura pacífica em relação ao sistema. A ideologia colonial via todas as línguas africanas como
dialetos, um termo discriminatório, já que cada língua possui características semelhantes às de
qualquer outra, como gramática, vocabulário, estrutura e sintaxe.

O landim, ou língua bantu, foi proibido pelo sistema colonial em instituições públicas, como
escolas, para promover a expansão da LP. A igreja católica teve grande participação na
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implementação dessa política por meio da catequese. Entretanto, o governo de Portugal inicia um
movimento para expandir o português de uma maneira inesperada: através do surgimento de uma
variante do português de Moçambique.

Os colonizadores portugueses notaram essa irregularidade na linguagem formal, porém não


podiam intervir devido à escassez de pessoas e à predominância de línguas inglesas na região. Em
outras palavras, o sistema colonial ficou contente com a mínima exigência devido às dificuldades
dos moçambicanos em aprender o português. Isso aconteceu porque a invasão inglesa era
inevitável. Segundo Lopes-Miguel (2004), a supremacia de um grupo restrito no controle de
idiomas europeus como o português resultou na opressão e enfraquecimento das comunidades
africanas.

A maioria dos africanos que foram privados de suas condições socioculturais, econômicas,
educacionais e linguísticas são representados pelo grande e empobrecido campesinato. Oficial e
mandatário, sua origem está associada à colonização, que a introduziu e estabeleceu no começo do
século XV.

2.2. O português de Moçambique e os moçambicanismos

O português em Moçambique difere do português europeu, brasileiro, angolano, guineense, entre


outros, devido a questões sociais. De acordo com Lopes, Sitoe e Nhamuende (2013, p. 17), Em
Moçambique, está ocorrendo o desenvolvimento de uma forma de português que é específica do
país, pois apresenta traços, características e manifestações formais e contextuais de
moçambicanidade na oralidade e na escrita.

Os moçambicanos evidenciam de forma clara a confirmação de uma norma exclusiva. Isso pode
ser observado na maneira como mesclam seu vocabulário bantu com o português, se distanciando
da norma europeia (lusitana), simplificando a morfologia flexional do português, organizando os
elementos frásicos na sequência do discurso e adaptando o léxico do português à mentalidade
africana, especialmente nos semas intrínsecos.

A alteração de palavras, sons e significados nesta variante é a mais evidente. Atualmente, os


falantes do xichangana ainda usam a expressão "ku dlaya nyocana!" (matar o bicho!) para se
referirem à primeira refeição do dia, que é feita antes do meio-dia. Assim, "mata-bicho" passou a
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ser chamado de "café da manhã" no Brasil ou "pequeno-almoço" na Europa. Em Moçambique,


palavras como relação com a sogra, finalizar o ano, falar de forma enfática, rapidamente,
barulhenta, derivado de algum lugar, terreno de cultivo, mais velho e casa tradicional são
elementos fundamentais da cultura moçambicana.

Frequentemente ocorrem mudanças e fusões de palavras LBm durante a comunicação cotidiana.


A palavra "timbila" representa "xilofone" ou "xilofones", enquanto "pala-pala" significa "chifre"
ou "chifre de antílope", e "tchova" indica "carrinho" ou "carrinho de mão", já "madala" refere-se
a "idoso". É curioso observar que o termo "timbilas" foi aportuguesado pela adaptação dos prefixos
"-mbila" (singular) e "ti" (plural). Adicionar um "s" introduz outra característica gramatical na
palavra. Dessa forma, ti é o marcador do plural no idioma tsonga enquanto s é o marcador do plural
em português.

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3. Conclusão

No término da pesquisa, constatei que o Português de Moçambique apresenta diferenças em


relação ao Português Europeu em diversos aspectos, especialmente em relação à lexicalidade,
fonologia e semântica. Qualquer língua viva pode chegar a essa direção, pois se não fosse esse o
caso, não estaríamos falando latim. Os cenários socioculturais em Moçambique dificultam a
comunicação e a definição da identidade, o que explica a adoção de palavras de diferentes línguas.
Os elementos tipicamente moçambicanos nos auxiliaram a identificar a origem de uma
determinada diversidade. Muitos desses novos termos no vocabulário, também chamados de
neologismos, são essenciais, já que não têm correspondentes no português europeu ou brasileiro.
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4. Bibliografia

Alkmim, M. . (2001. Sociolinguística. In: Mussalim, Fernanda; Bentes, Anna Cristina. (Org.).
Introdução à linguística: domínios e fronteiras. v.1. São Paulo: Cortez, p. 21-48

Calvet, L. (2007). As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola, 2007.

Camacho, Roberto. Norma culta e variedades linguísticas. Caderno de formação: formação de


professores didática geral. v.11. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. p.34-49.

Guthrie, M.. (1948). The classification of the bantu languages. London: OUP.

Haugen, E. (2001). língua, nação. In: Bagno, Marcos. (Org.) Norma linguística. São Paulo: Layola,
.p.97-114.

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