Resenha - Revista Educação Pública

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PESQUISA LITERÁRIA SOBRE EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA EDUCAÇÃO BÁSICA:

ANÁLISE CRÍTICA DE UM LIVRO DO 3º ANO

Resumo: Durante sua formação, as pessoas necessitam em algum momento aprender


como lidar com o próprio capital, e entender as diversas possibilidades de como gerir o seu
consumo e investimento pode fazer com que os jovens despertem interesse pelos
conhecimentos da área da Educação Financeira. Nessa perspectiva, o trabalho a seguir
apresenta a análise crítica de um livro didático da Educação Básica, na busca de seus
pontos fortes e fracos. Para satisfazer a necessidade de conhecimentos da área, foi
necessário refletir sobre a possibilidade de complementação deste livro didático, dando a
oportunidade para os educadores que tiverem acesso a esse material utilizarem dessas
ideias para complementar o seu trabalho em sala de aula.

Palavras-chave: Educação Financeira. Análise Crítica. Livro Didático.

Introdução

O projeto apresentado a seguir tem como objetivo a análise crítica de um livro


didático da Educação Básica no que se refere ao ensino de Educação Financeira. Através
dessa análise, procurou-se refletir a respeito da construção de um material didático que
levasse em consideração uma pequena parcela da população que recebe tal educação,
tanto em ambiente doméstico quanto no contexto educacional clássico, mesmo se tratando
de um assunto tão importante para o dia a dia dos alunos, sendo estes os futuros adultos
do país. No momento atual em que vivenciamos uma crise econômica após a outra,
percebe-se o quanto é necessário saber gerenciar o capital de forma correta, para que as
pessoas tenham mais consciência de quais são os momentos de poupar e de gastar,
levando-se em conta contextos como inflação, impostos atribuídos a produtos e serviços
prestados entre outros indicadores importantes.
Em se tratando do Brasil, o número de famílias que relataram estar endividadas em
dezembro de 2021 atingiu o alarmante índice de 76,3% segundo notícia do G1 que utilizou
de dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), um
índice alarmante causado principalmente por um descontrole das contas domésticas e de
crédito. Esses dados escancaram a inegável falta de Educação Financeira da nossa
população: pessoas que não sabem gerenciar o capital adquirido, muito menos entendem
de investimentos, alguns até mesmo não acreditam que seja possível gerar renda através
do próprio dinheiro (FIGUEIREDO, COUTINHO, 2021).
Dito isso, no Brasil foi desenvolvido o ENEF (Estratégia Nacional de Educação
Financeira), tendo como um de seus objetivos no seu Plano Diretor “promover e fomentar a
cultura de Educação Financeira no país, ampliar a compreensão do cidadão, para que seja
capaz de fazer escolhas conscientes quanto à administração de seus recursos, e contribuir
para a eficiência e solidez do mercado financeiro, de capitais, de seguros, de previdência e
de capitalização. ” (BRASIL, 2011, p.2). Desenvolver essas habilidades na Educação
Básica fará com que os futuros adultos tenham consigo no mínimo a Educação Financeira
necessária para administrar seus próprios bens. Conforme o próprio documento, Educação
Financeira não está simplesmente atrelada apenas ao ato de se economizar: seu domínio
está relacionado diretamente com o próprio desenvolvimento do presente e a construção
do futuro de cada cidadão e, consequentemente, do país como um todo, já que “o
consumo de forma adequada é imprescindível para o bom funcionamento da economia”
(BRASIL, 2011, p. 65).
A Educação Financeira não é desenvolvida de uma maneira construtiva no atual
ensino médio, tendo em vista o que é apresentado no livro didático. É possível perceber a
escassez de produtos educacionais voltados para o tema, se tornando necessário um
melhor aprofundamento e aproveitamento da gama de possibilidades que o tema trás, pois
sem o seu desenvolvimento não alcançarão o conhecimento necessário para direcionar o
seu próprio capital, para que tenham futuros retornos pensando a longo prazo, ou para que
saibam a melhor forma de gerenciar suas finanças.
Quando se trata da Educação Financeira, o Brasil por sua vez ocupa um lugar no
pódio bem abaixo do esperado. De acordo com uma pesquisa realizada pelo banco
mundial e publicada pela Folha de S.Paulo, apenas 3,6% dos jovens brasileiros acima dos
quinze anos de idade poupam pensando a longo prazo (SOUZA, 2017). Tendo em vista
que os alunos do terceiro ano estão para começar ou já tenham um certo desenvolvimento
de sua vida financeira, se faz necessário o quanto antes, um aprimoramento de seus
conhecimentos sobre como gerir o próprio dinheiro.
De acordo com o conteúdo apresentado pelo livro didático, a Educação Financeira é
tratada de forma corriqueira durante os anos finais, fazendo com que os alunos até mesmo
deixem de ver sua importância. Durante este período é trabalhado somente o básico sobre
porcentagem e juros, deixando assim de aplicar o que é vivido por todos na atualidade. Um
exemplo disso é a inflação que no livro didático, em geral, carece de explicações de como
ela surge e como afeta as pessoas de baixa renda.
Atualmente a formação dos estudantes vem sendo progressivamente mais precária,
fugindo cada vez mais da realidade vivida por cada indivíduo. Existem uma grande
quantidade de pessoas que formam e decidem ter uma vida em um local diferente, faz-se
necessário preparar os alunos para que consigam se sobressaírem em qualquer tipo de
ambiente, um dos conhecimentos que podem auxiliar nessa solidificação individual, para
que ela aconteça da melhor maneira, é a administração financeira (TATSUYA, 2021).
É indispensável um aprofundamento em questões mais rotineiras e essenciais para
o desenvolvimento pessoal de cada um. Admitindo os dados da pesquisa do (BBC, 2017) a
maioria dos alunos brasileiros não possuem conhecimentos necessários para que tenham
um futuro menos conturbado em relação a suas finanças, boa parte da população
desconhece várias ferramentas para auxiliá-los no gerenciamento financeiro, pois essa
questão não é discutida nem informalmente em um ambiente familiar, nem formalmente
em ambiente escolar que deixa a desejar considerando-se a indigência presente na
sociedade.
Para isso se faz necessário uma construção de um novo material didático que possa
servir de apoio ao professor e possibilitar o aprimoramento no conhecimento e ensino de
educação financeira, buscando solucionar questões que são de suma importância para seu
desenvolvimento próprio.

Objetivos

Objetivo Geral

O objetivo deste artigo é investigar as qualificações apresentadas em um livro


didático do ensino médio brasileiro, realizando uma análise crítica, utilizando assim do
próprio livro para refletir sobre a construção de um material mais completo, buscando
sempre manter um olhar profissional em relação ao que é apresentado.
Objetivos Específicos

A partir do objetivo principal relatamos alguns específicos:


● Analisar de forma crítica o livro didático do terceiro ano do ensino médio.
● Investigar as necessidades apresentadas pelo livro didático.
● Refletir sobre a construção de um material didático aplicável.
● Investigar problemas que se relacionam com as necessidades de
desenvolvimento financeiro.

Referencial Teórico

Na presente investigação, assumiu-se a caracterização de Educação Financeira


Escolar apresentada em (SILVA; POWELL, 2013). Nesta direção os autores afirmam que:

A Educação Financeira Escolar constitui-se de um conjunto de informações através


do qual os estudantes são introduzidos no universo do dinheiro e estimulados a
produzir uma compreensão sobre finanças e economia, através de um processo de
ensino que os torne aptos a analisar, fazer julgamentos fundamentados, tomar
decisões e ter posições críticas sobre questões financeiras que envolvam sua vida
pessoal, familiar e da sociedade em que vivem (SILVA; POWELL, 2013, p. 12-13).

Indo ao encontro dessa proposta, Rosetti Jr. e Schimiguel (2009), demonstram a


necessidade de repensar a didática, estritamente matemática, para o tratamento de
temáticas que suscitam possibilidades de questionamentos do mundo real dos alunos, pois
muitas vezes os “conteúdos de Matemática comercial e financeira que são trabalhados
atualmente com alunos do Ensino Médio e de Ensino Técnico não atendem às demandas
dos estudantes e do mundo do trabalho. ” (2009, p. 11). A Matemática Financeira é uma
área da Matemática que estuda a mudança de valor do dinheiro ao longo do tempo, para
esse propósito sugere modelos que permitem avaliar e comparar o valor do dinheiro em
diversos pontos do tempo.
Desde 1990 o Brasil começou a criar laços com a Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Trata-se de um grupo de países que se aliam com
a finalidade de promover troca de experiências políticas e econômicas por meio de uma
plataforma e buscar possíveis respostas para problemas comuns. Com o objetivo de se
tornar um país membro, o Brasil gerou diversas iniciativas e políticas públicas voltadas
para a Educação Financeira, o que é evidenciado com a criação da Estratégia Nacional de
Educação Financeira (ENEF) (BRASIL, 2020).

[...] até hoje o aluno tem permanecido nos ombros do professor. Tem visto tudo com
os olhos dele e julgado com a mente dele. Já é hora de colocar o aluno sobre as
suas próprias pernas, de fazê-lo andar e cair, sofrer dor e contusões e escolher a
direção. E o que é verdadeiro para a marcha – que só se pode aprendê-la com as
próprias pernas e com as próprias quedas – se aplica igualmente a todos os
aspectos da educação (VYGOTSKY, 2004, p. 452).

Para que se tenha uma melhor construção de conhecimentos se faz necessário que
o professor seja também um mediador (VYGOTSKY, 1998) entre os alunos e suas
necessidades reais. Como forma de compreender melhor a realidade dos alunos, existem
avaliações formais que podem ser utilizadas para que se tenha um desenvolvimento
satisfatório na relação entre professor e aluno. Perrenoud (1999, p.122) considera
necessário reinventar a avaliação formativa, pois considera os métodos atuais, algo a ser
mudado. Algumas práticas avaliativas formais que podem ser utilizadas a fim de atingir
uma maior comunicação entre os envolvidos no processo educacional, são a entrevista,
auto avaliação e portfólios. Então para que se tenha uma melhor eficácia, a auto avaliação
pode se tornar um ponto chave para a compreensão dos conteúdos de Educação
Financeira, fazendo com que os alunos resolvam problemas que englobam sua realidade e
cotidiano. A busca de soluções para problemas se torna um objeto de pesquisa para esses
indivíduos, levando cada indivíduo a um desenvolvimento próprio e necessário.

Ao considerar o ensino-aprendizagem-avaliação, isto é, ao ter em mente um


trabalho em que estes três elementos ocorrem simultaneamente, pretende-se que,
enquanto o professor ensina, aluno, como um participante ativo, aprenda, e que a
avaliação se realize por ambos. O aluno analisa seus próprios métodos e soluções
obtidas para os problemas, visando sempre à construção do conhecimento. Essa
forma de trabalho do aluno é consequência do seu pensar matemático, levando-o a
elaborar justificativas e a dar sentido ao que faz. De outro lado, o professor avalia o
que está ocorrendo e os resultados do processo, com vista a reorientar as práticas
de sala de aula quando necessário (ONUCHIC; ALLEVATO, 2011, p.81).

Ao adquirir uma nova perspectiva da realidade através da busca pela solução dos
próprios problemas, se faz necessário olhar diretamente para o núcleo do problema,
visando o consumismo, o marketing e tudo que dificulta um gerenciamento financeiro
pessoal, para que assim se chegue a uma nova ideia e entendimento da importância da
Educação Financeira. Compreendendo o seu valor e tendo a visão de onde podemos
chegar com a Educação Financeira, é um dos fatores mais cruciais para o
desenvolvimento pessoal de qualquer pessoa.

São, ao mesmo tempo, os promotores das mercadorias e as mercadorias que


promovem. São, simultaneamente, o produto e seus agentes de marketing, os bens
e seus vendedores (e permitam-me acrescentar que qualquer acadêmico que já se
inscreveu para um emprego como docente ou para receber fundos de pesquisa vai
reconhecer suas próprias dificuldades nessa experiência) (BAUMAN, 2008, p.13).

Ao fim se cria um processo em que os indivíduos melhoram a sua compreensão


sobre os produtos financeiros, seus conceitos e riscos, de maneira que, com informação e
recomendação claras, possam desenvolver as habilidades e a confiança necessárias para
tomarem decisões fundamentadas e com segurança, melhorando o seu bem-estar
financeiro (OCDE, 2005).

No fim das contas, só a vida educa, e quanto mais amplamente ela irromper na
escola, mais dinâmico e rico será o processo educativo. O maior erro da escola foi
ter se fechado e se isolado da vida com uma cerca alta. A educação é tão
inadmissível fora da vida quanto a combustão sem oxigênio ou a respiração no
vácuo. Por isto o trabalho educativo do pedagogo deve estar necessariamente
vinculado ao seu trabalho criador, social e vital (VYGOTSKY, 2004, p. 456).

Metodologia e Análise do Livro Didático

A temática abordada na pesquisa é a Educação Financeira na Educação Básica,


sendo uma abordagem de cunho qualitativo, com o objetivo de investigar esta área do
currículo escolar através de uma pesquisa bibliográfica de um livro didático do Ensino
Médio. Para dar embasamento à pesquisa, preconizou-se as perspectivas de autores
como Onuchic e Allevato, visando a reflexão de um possível material didático baseado na
perspectiva da Resolução de Problemas, a fim de atingir a realidade do aluno; Vygotsky
para a metodologia de aplicação do material, sendo um professor mediador; Zygmunt
Bauman para tratar sobre o consumismo e os desafios que este nos traz. O objeto de
pesquisa utilizado foi o livro didático do 3° ano do Ensino Médio “Conexões com a
Matemática”, (LEONARDO, 2016), buscando analisar de forma crítica a Educação
Financeira abordada no texto. A análise do livro foi realizada pela busca, através de um
olhar matemático crítico, de todos os pontos que abordam o tema. A escolha de um livro
prévio à nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) se deve ao fato de que a base
ainda se encontra em processo de implantação, e a literatura pesquisada é
consideravelmente recente se comparada à sanção do documento. A perspectiva de uma
literatura pré-BNCC, com suas análises de pontos fortes e fracos, pode servir de
orientação para construção dos novos livros didáticos com mais qualidade.
A análise crítica do livro didático anteriormente selecionado foi feita comparando-se
o conteúdo do livro com as necessidades reais de uma pessoa que está prestes a finalizar
os estudos básicos, dado que o livro é do 3° ano do Ensino Médio. O livro selecionado
trouxe um ótimo contexto histórico e cultural sobre aplicações do que será proposto, porém
carece de exemplificar os meios que podem permitir aos interlocutores utilizar as
informações contidas no texto.
O livro começa demonstrando como são cobrados os impostos no Brasil, dando
ênfase aos tributos que estão em vigor, nos impostos sobre o consumo, na evolução dos
tributos e em como o governo arrecada dinheiro, o que é muito importante para que se
entenda como é formado o preço de alguns produtos e serviços no país. A parte ilustrativa
dessa demonstração é muito boa, composta por imagens e tabelas, que mostram alguns
produtos e seus respectivos impostos e apresentando também, diferentes formas em que
esse imposto é cobrado.
O conteúdo sobre taxa percentual é apresentado de forma interessante, com a
utilização de exemplos do dia a dia, o que facilita o aprendizado. O livro faz também a
apresentação de taxa percentual envolvendo transações mercantis (compra e venda)
ilustrando questões básicas do dia a dia, como acréscimos, descontos, prejuízo e lucro.
Apresenta uma equação para composição do valor final de uma mercadoria, e em seguida
uma aplicação utilizando essa fórmula, facilitando sua utilidade. Em seguida, trabalha o
contexto também cotidiano de aumentos e descontos sucessivos. Apresenta os conceitos
de lucro e prejuízo de maneira bem simples com uma explicação superficial, mas
suficiente, e apresentou a fórmula para o cálculo dos mesmos.
O livro contém uma quantidade expressiva de exercícios, propiciando um completo
aprofundamento do que ele pretende transmitir. É importante entender as diversas
possibilidades que a Educação Financeira traz, pois as situações cotidianas não são
padronizadas, podem e vão mudar de acordo com cada situação. Na própria perspectiva
de Bauman, os tempos modernos são considerados por ele ‘líquidos’ porque tudo muda
rapidamente, nada é feito para durar, nada é construído para ser ‘sólido’, e saber lidar com
essas situações é o que torna esse tópico, na maior parte das vezes, de grande
complexidade.

Análise Reflexiva da Construção do Material


A reflexão do material didático foi feita na perspectiva da Resolução de Problemas e
Modelagem Matemática, na busca de situações que são comuns ao cotidiano das
pessoas, buscando principalmente agregar conhecimento para qualquer classe social,
possibilitando que qualquer indivíduo possa realizar suas tomadas de decisão de forma
consciente no que se refere às perspectivas de investimento e consumo.
Apesar do livro apresentar uma quantidade razoável de exercícios que abordam
situações problema sobre aplicações e investimentos, percebe-se que ainda existe uma
lacuna a se preencher na Educação Básica, que seria a apresentação mais aprofundada
das possibilidades concretas de investimento no nosso país. Existe uma gama enorme de
investimentos atualmente no país, classificados em conforme o risco geralmente como
baixo, médio e alto risco. As opções vão desde investir no Tesouro Direto, pela compra de
títulos públicos através do próprio aplicativo bancário ou de site próprio, que apresenta
baixo risco; investir em fundos imobiliários, que vão proporcionar renda mensal de acordo
com o aluguel do imóvel do qual se possui sociedade, investimento de risco intermediário;
ou até comprar ações na bolsa de valores, o que pode ser feito através de programas de
corretoras ou pelos bancos, permitindo comprar parcelas de empresas de capital aberto,
investimento de alto risco. É possível também utilizar do resultado dos investimentos ou
mesmo de empréstimos bancários para criar uma empresa própria ou atuar como pessoa
jurídica de uma MEI, que são os microempreendedores individuais, ou seja,
microempresas que são isentas de diversas burocracias e impostos, feitos exclusivamente
para gerar formas de ganho econômicas para pessoas que não possuem condição de
estar investindo em grandes empresas. Percebe-se que essas informações geralmente
não se encontram nos livros didáticos, ou as possibilidades são diluídas de forma pouco
prática, geralmente nos exercícios.
Um tópico muito importante, porém, abordado de forma corriqueira, é a
contabilização de lucro e prejuízo, trabalhado conceitualmente em contextos muito
simplificados. Acredita-se que seria viável realizar uma apresentação e a representação de
tabelas de ativos e passivos, para que os alunos possam entender melhor a forma com
que a circulação do capital gera lucro e o prejuízo, possibilitando também uma visão que
essas tabelas apresentam sobre os balanços de uma empresa.
Figura 1: Demonstração de ativos e passivos.

Fonte: https://www.treasy.com.br/blog/o-que-classificacao-contabil-ativo-passivo-receita-e-despesa/

Figura 2: Exemplo de tabela de ativos e passivos

Fonte: https://juliobattisti.com.br/artigos/contabilidade/conhecendocontabilidade076.asp?
imprime=sim

A Figura 1 traz alguns exemplos de ativos e passivos de uma empresa,


conhecimento este muito importante para entender os fluxos de capital de uma empresa,
normalmente para que haja geração de lucros. A Figura 2 complementa a Figura 1,
demonstrando uma tabela mais complexa de ativos e passivos, separando os passivos
como o patrimônio líquido e as contas de um lado, e os ativos como o capital em circulação
e os bens da empresa. Pode-se explorar essas tabelas em uma perspectiva de manter a
empresa saudável e com possibilidade de geração de lucros.
Atualmente é de praxe utilizar-se de planilhas eletrônicas no desenvolvimento de
cálculos financeiros, e o livro apresenta um exemplo básico que utiliza uma planilha para
realização destes cálculos. O uso de programas computacionais apresenta ao professor
uma oportunidade de exercer uma metodologia de ensino diferente, fazendo com que os
alunos tenham maior interesse pelo conteúdo, principalmente quando entendem que o
conhecimento a ser adquirido terá tamanha relevância em sua vida.
Como exemplo disso, em uma escola que tenha acesso a computadores é possível
utilizar uma planilha Excel como demonstrativo em um cálculo de Educação Financeira. O
Excel possui diversas funções, e destaca-se entre elas uma vasta gama de fórmulas que o
usuário pode utilizar, além da possibilidade de desenvolver fórmulas próprias para resolver
cada tipo de problema, facilitando o trabalho quando existem muitas informações. Fioreze
(2010) reforça a importância do uso das planilhas eletrônicas no ensino de Matemática:
“Ao utilizar planilhas eletrônicas pode-se utilizar fórmulas práticas facilitando e reduzindo
cálculos rotineiros, com isso irá se desenvolver um outro olhar construtivo com relação a
resolução do problema apresentado. ” (FIOREZE, 2010).

Figura 3: Exemplo de tabela com cálculo de Montante + taxa.

Fonte: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2021/10/como-calcular-juros-compostos-no-
excel.ghtml

A Figura 3 apresenta um exemplo de cálculo de um montante com capital inicial de


R$ 60.000,00 por um período de 24 meses com uma taxa de juros de 1% ao mês sob o
regime de juros compostos.
Nessa perspectiva, percebe-se que o livro analisado poderia oferecer mais
conhecimentos sobre Educação Financeira, mais especificamente na área de
investimentos e a contabilidade envolvida, como ativos e passivos, investimentos e a
Matemática Financeira envolvida, como determinar se o investimento é viável ou não
através do Valor Presente Líquido (VPL) e também da Taxa Interna de Retorno (TIR),
podendo envolver até o conhecimento mais básico sobre retorno de capital que é o
PayBack. Esse conhecimento é necessário principalmente para os jovens que entrarão no
mercado de trabalho, entender sobre economia, investimentos e suas possibilidades
poderá contribuir de maneira significativa para seu desenvolvimento financeiro.

Conclusão

A partir do levantamento realizado neste trabalho, observa-se que existe uma


carência de Educação Financeira para os atuais jovens do ensino público, algo que talvez
crie ainda mais uma perspectiva de desigualdade, resultado este que os distancia ainda
mais de seus sonhos, ou torna o caminho muito mais difícil. Grande parte das pessoas
adultas que já concluíram o Ensino Médio não possuem nenhuma noção de como
administrar sua vida financeira, nem mesmo de como gastar o próprio dinheiro. É
importante que as pessoas tenham conhecimentos na área das finanças e este trabalho ao
fazer uma análise de um livro didático torna possível compreender a lacuna deixada nos
jovens, no que se refere à Educação Financeira, visto que o livro didático analisado não
desenvolve alguns assuntos desta área. Realizando essa análise do livro junto a uma
reflexão sobre alguma maneira de suprir as carências deste livro, irá evidenciar um
problema atual e também irá permitir que os próprios professores que julgarem necessário,
desenvolvam formas mais completas de construir conhecimento na área da Educação
Financeira. A Matemática atribuída aos problemas cotidianos se transforma em inúmeras
possibilidades de construção de conhecimento, acredita-se que a cada problema resolvido
nos dão o prazer da vitória, e a prova da veracidade de um argumento nos dão uma
verdade absoluta capaz de refutar qualquer pessoa que seja opositora ao que
consideramos verdade.

Referências
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