Educação Financeira Na Educação Básica

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EDUCAÇÃO FINANCEIRA

NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Autoria: Profa. Ana Carolina Gadotti Aurélio

1ª Edição
Indaial - 2020

UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2020


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

A927e

Aurélio, Ana Carolina Gadotti

Educação financeira na educação básica. / Ana Carolina Gadotti


Aurélio. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.

156 p.; il.

ISBN 978-65-5646-126-7
ISBN Digital 978-65-5646-119-9

1. Matemática financeira. – Brasil. 2. Matemática - Estudo e ensino.


– Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 513.93

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
Matemática Financeira...................................................................7

CAPÍTULO 2
Introdução à Educação Financeira...........................................55

CAPÍTULO 3
Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro................................................. 110
APRESENTAÇÃO
Prezado acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina de Educação Financeira para
Educação Básica. O objetivo desta disciplina é fornecer subsídios fundamentais
para a formação acadêmica do discente na área financeira, para que este possa
atuar como agente de divulgação da cultura de educação financeira no país.

Com o estudo desta disciplina, podemos ampliar o nível de compreensão


dos discentes para efetuarem escolhas conscientes relativas à administração de
seus recursos financeiros e colaborar para a preparação dos estudantes para o
consumo sustentável e para uma vida financeira responsável.

No Capítulo 1, você terá acesso ao estudo de alguns conceitos básicos


da matemática financeira. Para isso, primeiramente, você estudará sobre
a importância da matemática financeira na educação básica. Em seguida,
relembrará os conceitos básicos da matemática financeira e, por fim, conhecerá
sobre o uso da planilha Excel na matemática financeira.

No Capítulo 2, Introdução à educação financeira, você compreenderá o que é


educação financeira e qual a sua importância nas escolas e na vida das pessoas.
Em seguida, serão abordados o conteúdo educação financeira e nossa relação
com o dinheiro. Por fim, no último tópico deste capítulo, você estudará sobre o
uso do crédito e a administração das dívidas.

Para finalizar o nosso estudo, no terceiro e último capítulo, você estudará


sobre a importância do orçamento e do planejamento financeiro. Em seguida,
sobre consumo planejado e consciente e, por fim, você terá acesso ao conteúdo
futuro financeiro, que abordará alguns assuntos sobre poupança, investimento,
prevenção, proteção e aposentadoria.

Você, aluno da Educação a Distância, deve saber que existem fatores


importantes para um bom desempenho: disciplina, organização e um horário
de estudos predefinido para que obtenha sucesso em seus estudos. Em sua
caminhada acadêmica, você é quem faz toda a diferença. Por isso, lembre-se: o
estudo é algo primoroso. Aproveite esta motivação para iniciar a leitura deste livro.

Desejamos a você bons estudos!

Profa. Me. Ana Carolina Gadotti Aurélio


C APÍTULO 1
Matemática Financeira

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Compreender o que é matemática financeira e seus conceitos básicos.

• Reconhecer a importância da matemática financeira na vida das pessoas.

• Entender a importância da matemática financeira na educação básica.

• Constatar os conceitos básicos da matemática financeira.

• Analisar criticamente a contribuição da matemática financeira na vida financeira


das pessoas.

• Empregar o uso da planilha eletrônica Excel para o ensino básico da matemática


financeira.
Educação financeira na educação básica

8
Capítulo 1 Matemática Financeira

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro acadêmico, para iniciar nosso estudo sobre educação financeira
na educação básica, nessa primeira unidade de ensino estudaremos o que
é matemática financeira e seus conceitos básicos, que se constitui como uma
ferramenta indispensável para o processo de ensino e aprendizagem da educação
financeira.

Quanto vale um título que vence em dois anos? Quanto tempo preciso
poupar para realizar o meu sonho? Se eu desejo comprar alguma coisa, é melhor
eu pagar à vista ou a prazo? Se eu fizer um empréstimo, quanto vou pagar de
juros? Essas são apenas algumas questões que aparecem no nosso cotidiano e
que as soluções são dadas com base na matemática financeira.

Nesse sentido, no Capítulo 1, primeiramente estudaremos a importância da


matemática financeira na educação básica e, também, no dia a dia das pessoas.
Em seguida, você encontrará uma abordagem sobre os principais conceitos
básicos da matemática financeira. Para finalizar, na última seção, estudaremos
sobre o uso da planilha eletrônica Excel na resolução de problemas de matemática
financeira.

2 MATEMÁTICA FINANCEIRA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
A matemática financeira pode ser aplicada em várias situações do nosso dia
a dia, como no financiamento de uma casa, de um automóvel, no empréstimo de
dinheiro etc., e todas essas aplicações são movimentadas por uma taxa de juros,
que é a remuneração do capital empregado.

A versão atual (2017) da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no ensino


da Matemática, propõe cinco unidades temáticas: números, álgebra, geometria,
grandezas e medidas, e probabilidade e estatística. Essas unidades temáticas
orientam a formulação de habilidades a serem desenvolvidas ao longo do Ensino
Fundamental (anos iniciais e anos finais). Na unidade temática números, a BNCC
aponta que deve ser considerado o estudo dos conceitos básicos de economia e
finanças, visando à educação financeira dos alunos e, assim:

[...] podem ser discutidos assuntos, como taxas de juros,


inflação, aplicações financeiras (rentabilidade e liquidez de
um investimento) e impostos. Essa unidade temática favorece
um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais,
sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre

9
Educação financeira na educação básica

as questões do consumo, trabalho e dinheiro. É possível, por


exemplo, desenvolver um projeto com a História, visando ao
estudo do dinheiro e sua função na sociedade, da relação
entre dinheiro e tempo, dos impostos em sociedades diversas,
do consumo em diferentes momentos históricos, incluindo
estratégias atuais de marketing (BRASIL, 2017, p. 269).

A BNCC também aponta que essas questões, além de promoverem o


desenvolvimento de competências pessoais e sociais dos estudantes, podem
também se constituir em excelentes contextos para as aplicações dos conceitos
da matemática financeira, e também proporcionar contextos para ampliar e
também aprofundar esses conceitos (BRASIL, 2017).

Nos dias de hoje, é comum vermos notícias na internet, nos jornais, ou


ouvirmos na televisão e na rádio, conteúdos sobre o endividamento da população,
e isso tem sido uma grande preocupação na vida das pessoas. Grande parte
desse endividamento se deve ao desemprego de uma parcela da população,
porém, a falta de conhecimento financeiro das pessoas pode contribuir para o
aumento desse número.

Para Pietras (2014, p. 14), a dificuldade das pessoas em administrar o seu


dinheiro, “[...] se estende às diversas classes sociais, não sendo exclusividade
das pessoas mais pobres. Mesmo profissionais capacitados profissionalmente
e com formação acadêmica podem errar diante das decisões a serem tomadas
do ponto de vista financeiro”. O autor também enfatiza que “essa dificuldade se
deve ao fato de que muitas pessoas não se preparam e conhecem pouco sobre
finanças mas, mesmo assim, se deixam levar por suas vontades, gastando mais
do que deveriam e contraindo dívidas para satisfazer tais desejos de consumo”
(PIETRAS, 2014, p. 14).

É fato que, rotineiramente, muitas pessoas precisam tomar decisões


financeiras sem ter o conhecimento necessário para fazer as melhores escolhas e
que, apesar da necessidade dos conhecimentos da matemática financeira no dia
a dia das pessoas, infelizmente, ela continua sendo pouco estudada na educação
básica (HOBOLD, 2016).

Nesse sentido, Pietras (2014) ressalta que, um bom momento para os


estudantes terem contato com assuntos relacionados à matemática financeira é
no Ensino Médio, pois é nessa etapa da vida que a pessoa começa a amadurecer
e ser mais crítica, e muitos estudantes acabam adentrando ao mercado de
trabalho e terão que gerenciar o que ganham e o que gastam.

É nessa fase da vida do jovem que ele começa a perceber


a importância de ter condições de adquirir o que se deseja.
Saber lidar com as frustrações e ansiedades pode se tornar

10
Capítulo 1 Matemática Financeira

decisivo para que esta pessoa tenha ou não sucesso.


Assim, é importante que haja muita orientação e que seja
disponibilizada informação para que, com muito diálogo e
debate, se possa formar um cidadão consciente. Através do
conhecimento, é preciso ajudar o aluno a formar suas opiniões
e ajudá-lo a estabelecer suas metas e objetivos de futuro, seja
no aprendizado dos conteúdos básicos para essa fase da vida
dele, nas orientações e esclarecimentos para a escolha de
sua profissão, mas também para que ele possa estabelecer
objetivos de vida (PIETRAS, 2014, p. 22-23).

Afinal, por que as pessoas devem aprender matemática financeira? O autor


Gimenes (2009, p. 19) apresenta que:

A matemática financeira pode ser sua maior ferramenta na


tomada de decisões no dia a dia. O mercado está estruturado
para vender cada vez mais rápido, ‘por impulso’, para você,
‘consumidor’. Nem sempre as operações são claras e bem
explicadas, e isso faz com que, em certas situações, o
consumidor não saiba decidir o que é melhor para ele. Cálculos
financeiros, algumas vezes básicos, são muito úteis; eles o
ajudarão a fazer bons negócios e a economizar seu dinheiro,
acredite!

Nos Capítulos 2 e 3 falaremos mais sobre consumo, dinheiro e a respeito da


tomada de decisões financeiras responsáveis e conscientes.

Godfrey e Edwards (2007), em seu livro “Dinheiro não dá em árvore: um


guia para pais criarem filhos financeiramente responsáveis”, destacam que,
bem mais rápido do que nós imaginamos, as nossas crianças estarão em um
mundo no qual terão que comprar carros, lidar com cartões de crédito, pagar
empréstimos, controlar carteiras de investimentos e se preocupar com a sua
própria aposentadoria.

Nesse sentido, as autoras também apontam que, é claro que as crianças


não precisarão fazer tudo isso enquanto estiverem no jardim de infância, porém,
nunca se é jovem demais para começar a aprender sobre dinheiro e o seu valor.
“As crianças tomam conhecimento do dinheiro logo que começam a interagir com
o mundo que as rodeia. Isso significa que você pode começar a ensinar a elas
os princípios da administração financeira em idade surpreendentemente precoce”
(GODFREY; EDWARDS, 2007, p. 13).

11
Educação financeira na educação básica

As autoras Godfrey e Edwards, no livro “Dinheiro não dá


em árvore: um guia para pais criarem filhos financeiramente
responsáveis”, ajuda os pais a explicarem a base da administração
do dinheiro para crianças desde os 3 anos até a idade universitária.
Nesse livro, as autoras destacam que nunca é cedo demais para
começar a alfabetização financeira. Uma ótima leitura para pais e
professores.
GODFREY, N. S.; EDWARDS, C. Dinheiro não dá em árvore:
um guia para os pais criarem filhos financeiramente responsáveis.
Tradução Elizabeth Arantes Bueno. São Paulo: Jardim dos Livros,
2007.

Silva (2015) aponta que a matemática financeira é um assunto que faz


parte do cotidiano das pessoas. Um engenheiro, um médico, um economista, um
governante, um pedreiro, uma dona de casa, um comerciante etc., todos precisam
tomar decisões que envolvem algum aspecto financeiro quase que diariamente. O
autor traz alguns questionamentos que nos fazem refletir sobre a atual situação
do ensino da matemática financeira na educação básica:

[...] a escola tem preparado pessoas capazes de tomar


decisões na área financeira? [...] Como temos ensinado a
matemática financeira? Aliás, temos ensinado? Se a resposta
for sim, o conteúdo tem sido desenvolvido da maneira que
o aluno perceba sua importância na sua vida? Ou nossos
alunos apenas têm aprendido a memorizar fórmulas e resolver
problemas que não refletem a vida real? Temos levado em
conta o cotidiano do educando na preparação de nossas
aulas? Ela tem alcançado seus objetivos de formar cidadãos
críticos? (SILVA, 2015, p. 14).

Pietras (2014) apresenta um exemplo que é muito comum no dia a dia, e


que, para o autor, nos mostra o quanto a educação financeira e a matemática
financeira são importantes na vida das pessoas:

Todas as pessoas precisam comprar roupas. Assim, procuram


uma loja para fazer a compra. Diante dessa necessidade
é possível tomar uma decisão: comprar à vista ou a prazo.
Uma pessoa que optar pela primeira, certamente conseguirá
descontos, e se quiser conseguirá comprar mais com menos
recursos. Caso opte pela segunda, poderá até comprar naquele
momento uma quantidade maior, mas terá que parcelar a
compra em várias vezes e consequentemente pagará juros.
Comparando as duas opções, quem compra a prazo pagando

12
Capítulo 1 Matemática Financeira

os altos juros do crediário das lojas e não usufrui dos descontos


num período de tempo, poderá até mesmo possuir aquele bem
em menor quantidade do que teria se tivesse acumulado os
valores necessários para a compra à vista, visto que parte
de sua renda é utilizada para o pagamento dos juros das
prestações (PIETRAS, 2014, p. 20).

Com relação aos empréstimos e financiamentos, Hobold (2016) destaca que


hoje vivemos em um cenário econômico que a população tem acesso a diversas
modalidades de empréstimos e financiamentos através do Sistema Financeiro
e que, o mercado varejista, com o objetivo de ampliar as suas vendas, oferece
várias opções de pagamento, fazendo com que as pessoas se deparem com
dúvidas como: comprar à vista ou parcelado? Adquirir um bem ou alugar?

Hobold (2016, p. 4) ressalta que, para responder a essas perguntas, as


pessoas precisam ter conhecimentos básicos de matemática financeira, e, dessa
forma, “faz-se necessário então, que os conteúdos de matemática financeira
sejam abordados durante a educação básica, até mesmo porque, se não for
nessa etapa, muitas pessoas nunca estudarão”. A autora apresenta também outra
reflexão muito importante sobre o papel da matemática financeira:

Para formar um cidadão, que saiba consumir de forma


consciente e prudente, a matemática financeira assume um
papel importante, pois saber analisar e conhecer as práticas
do comércio, permite que o cidadão melhore sua condição de
vida e evite situações de endividamento, fazendo um melhor
uso do dinheiro (HOBOLD, 2016, p. 4).

Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do


Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismos (CNC), em dezembro de 2019, 65,6% das famílias brasileiras
estavam endividadas. Essa pesquisa identificou que, entre as modalidades de
dívidas das famílias brasileiras estão itens como: cheque especial, carnê de loja,
empréstimo pessoal, prestações de carro e cartão de crédito. O cartão de crédito,
inclusive, ficou em primeiro lugar como um dos principais tipos de dívida.

13
Educação financeira na educação básica

FIGURA 1 – CARTÃO DE CRÉDITO: AMIGO OU INIMIGO DOS CONSUMIDORES?

FONTE: <https://trovoacademy.com/dinheiro/cartao-de-
credito-ter-ou-nao-ter/>. Acesso em: 7 mar. 2020.

Nos Capítulos 2 e 3 falaremos mais sobre endividamento e o


uso do cartão de crédito.

Acesse o site da CNC e veja os dados atuais sobre


endividamento da população. Disponível em: http://www.cnc.org.br/.

Nesse momento, caro acadêmico, é importante deixar claro o que significa


estar endividado. Muitas pessoas acreditam que estar endividado significa ter
contas atrasadas, entretanto, o significado de estar endividado não é esse. Uma
pesquisa realizada pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil, em fevereiro
de 2016, mostrou que muitos consumidores têm uma noção errada sobre o que é
estar endividado e que, por mais que pareça ser óbvio, a maioria dos brasileiros
não sabe ao certo o que é estar endividado e acaba se atrapalhando ao definir.
Veja:

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Capítulo 1 Matemática Financeira

FIGURA 2 – NOTÍCIA SOBRE ENDIVIDAMENTO

FONTE: <https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas/pesquisa/1191>. Acesso em: 7 mar. 2020.

Nessa pesquisa foi apontado que para quase metade dos consumidores
entrevistados (46,7%), estar endividado significa ter contas atrasadas, e 3 em
cada 10 entrevistados (30,6%) afirmam que é ter o nome registrado em entidades
de proteção ao crédito. Apenas 20,2% dos consumidores compreendem o
significado real do que é estar endividado.

Para ter acesso à pesquisa mencionada anteriormente e


outras pesquisas atuais sobre esses temas, acesse o site: https://
www.spcbrasil.org.br/pesquisas. Dica: nesse site você consegue
selecionar um tema para sua busca, filtrar por ano e mês e também
acessar pesquisas através de palavras-chave. Essas pesquisas são
ótimas para você utilizar em sala de aula com os estudantes.

Afinal, o que é estar endividado? Uma pessoa é considerada endividada


quando possui parcelas a vencer de compras ou empréstimos. Segundo a
economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, as parcelas ainda não
vencidas de qualquer aquisição se configuram como dívidas assumidas pelo
consumidor (SPC BRASIL, 2016).

Há 60 anos no mercado, o SPC Brasil possui um dos mais


completos bancos de dados da América Latina, com informações de
crédito de pessoas físicas e jurídicas. É a plataforma de inovação
do Sistema CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas)
para apoiar empresas em conhecimento e inteligência para crédito,
identidade digital e soluções de negócios. Oferece serviços que
geram benefícios compartilhados para a sociedade, ao auxiliar

15
Educação financeira na educação básica

na tomada de decisão e fomentar o acesso ao crédito. É também


referência em pesquisas, análises e indicadores que mapeiam
o comportamento do mercado, de consumidores e empresários
brasileiros, contribuindo para o desenvolvimento da economia do
país.
FONTE: <https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas/pesquisa/7245>.
Acesso em: 7 mar. 2020.

O educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, destaca que as pessoas


que querem evitar o problema da inadimplência devem manter um planejamento
e a organização financeira em dia. Ele aponta que é fundamental controlar
adequadamente o uso do cartão de crédito, uma vez que as altas taxas de juros
envolvidas nessa modalidade podem rapidamente levar ao superendividamento
(SPC BRASIL, 2016).

Diante dessas notícias e das informações apresentadas até aqui, podemos


observar o quanto é importante as pessoas serem educadas financeiramente
desde cedo. Logo, a matemática financeira deve ser ensinada na educação
básica, para que, assim, os estudantes compreendam a matemática financeira
aplicada aos diversos ramos da atividade humana e sua influência nas decisões
de ordem pessoal e social.

Para que isso aconteça, o professor pode relacionar a matemática


financeira com: a compreensão da administração de dívidas, a escolha de
aplicações financeiras e empréstimos, a inflação, a interpretação e compreensão
de porcentagem, as taxas, os juros, os descontos, as compras e vendas, as
simulações de crédito para o financiamento de casas e carros, entre outras
situações.

Ao ensinar matemática financeira em sala de aula, é importante que o


professor utilize sempre dados atuais, relacionando os exemplos com situações
do dia a dia das pessoas, aproximando o máximo possível da realidade dos
estudantes. Isso fará com que os estudantes tenham uma melhor compreensão
sobre a importância da matemática financeira na sua vida. Nesse sentido, Pietras
(2014, p. 25) aponta que:

A escola tem papel fundamental no sentido de preparar o aluno


para que ele tenha ferramentas para resolver os problemas
que poderá enfrentar no futuro e ampliar a sua capacidade de
lidar com alguns desafios com os quais poderá ter de conviver.
Para isso, é preciso que as aulas simulem situações que o
aluno irá enfrentar em sua vida como cidadão. Mais do que

16
Capítulo 1 Matemática Financeira

isso, os professores precisam abordar os temas e assuntos


que também extrapolam o cotidiano do aluno para que ele
evolua socialmente.

Nesse momento, é necessário deixar claro que, antes de o professor iniciar


o estudo da matemática financeira em sala de aula, é fundamental que ele deixe
claro para os estudantes o que significa matemática financeira. Por esse motivo,
estudaremos em seguida sobre o seu conceito.

2.1 O QUE É MATEMÁTICA


FINANCEIRA?

Após compreendermos sobre a importância da matemática financeira


na educação básica, na vida dos estudantes e das pessoas, e antes de
estudarmos sobre os conceitos básicos da matemática financeira, é importante
compreendermos o que ela significa.

Santos (2017, p. 10) destaca que a matemática financeira “é um ramo da


matemática que tem como objeto de estudo o comportamento do dinheiro ao longo
do tempo. Esse tema avalia a forma como esse dinheiro é ou será empregado,
visando maximizar o resultado”. O autor ainda ressalta que a matemática
financeira é uma ferramenta essencial para qualquer pessoa que deseja entender
o fluxo de capital corrente pelo mundo. Perceba que o autor utilizou a expressão
“maximizar o resultado”. Maximizar é buscar o máximo rendimento, atribuir o valor
mais elevado.

Já Hobold (2016, p. 15) afirma que “matemática financeira é um conjunto


de técnica e formulações matemáticas que tem por objetivo analisar como os
recursos financeiros se alteram ao longo do tempo”. A autora ainda ressalta que a
matemática financeira parte do princípio de que o dinheiro tem valor no tempo. Por
exemplo, se uma pessoa (nesse caso o credor) abre mão de receber o dinheiro
de uma dívida hoje para recebê-la no futuro, ela deverá um dia ser recompensada
por isso de alguma forma (juros).

Na próxima seção, falaremos sobre os conceitos básicos da matemática


financeira e será apresentado o conceito de juros.

17
Educação financeira na educação básica

Credor é a pessoa ou empresa que vendeu algo por crediário,


pagável em prestações.

Assaf Neto (2012, p. 1), autor de diversos livros sobre mercado financeiro,
em seu livro “Matemática financeira e suas aplicações”, ressalta que a matemática
financeira “trata, em essência, do estudo do valor do dinheiro ao longo do tempo.
O seu objetivo básico é o de efetuar análises e comparações dos vários fluxos
de entrada e saída de dinheiro de caixa verificados em diferentes momentos”. O
autor também destaca:

Receber uma quantia hoje ou no futuro não são evidentemente


a mesma coisa. Em princípio, uma unidade monetária hoje é
preferível à mesma unidade monetária disponível amanhã.
Postergar uma entrada de caixa (recebimento) por certo
tempo envolve um sacrifício, o qual deve ser pago mediante
uma recompensa, definida pelos juros. Desta forma, são os
juros que efetivamente induzem o adiamento do consumo,
permitindo a formação de poupanças e de novos investimentos
(ASSAF NETO, 2012, p. 1).

Desse modo, de uma forma bem simples e resumida, podemos conceituar


a matemática financeira como o ramo da matemática que estuda o valor e o
comportamento do dinheiro ao longo do tempo.

1 Vimos que a matemática financeira é um ramo da matemática


que tem como objeto de estudo o valor e o comportamento do
dinheiro ao longo do tempo. Nesse sentido, reflita e responda:
Por que é importante o professor, na educação básica, ensinar
matemática financeira aos estudantes?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

18
Capítulo 1 Matemática Financeira

Agora, compreendido o conceito de matemática financeira, estudaremos


sobre os conceitos básicos da matemática financeira. Vamos lá?

3 CONCEITOS BÁSICOS E
FUNDAMENTAIS DA MATEMÁTICA
FINANCEIRA
Após compreendermos o que é matemática financeira e qual a sua
importância na educação básica e na vida das pessoas, estudaremos sobre os
conceitos básicos e fundamentais da matemática financeira.

Para iniciar nosso estudo sobre os conceitos básicos da matemática


financeira, é importante conhecermos os termos e conceitos mais utilizados
quando falamos deste tema.

1 Antes de iniciar nosso estudo, escreva, na sua opinião, quais são


os principais conceitos da matemática financeira:
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.

3.1 TERMINOLOGIA
Caro acadêmico, você conhecerá agora os termos mais utilizados na
matemática financeira e o que eles representam. Veja o quadro a seguir.

QUADRO 1 – TERMOS MAIS UTILIZADOS EM MATEMÁTICA FINANCEIRA


TERMO O QUE SIGNIFICA
Capital (C) Corresponde ao recurso financeiro que o seu proprietário cede
temporariamente ao tomador. É chamado também de principal,
capital inicial, valor atual e valor presente.
Juro (J) É o valor correspondente à remuneração do capital cedido, que
pode ser pago a cada período de capitalização, no vencimento
ou antecipadamente.

19
Educação financeira na educação básica

Taxa de juro (i) A taxa de juro (interest, em inglês) é um percentual que se


aplica ao capital, para calcular o valor do juro. Geralmente, a
taxa de juro é expressa em forma percentual, isto é, seguida do
símbolo % (por cento). Para fazer os cálculos manualmente, as
taxas expressas em forma percentual devem ser divididas por
100, transformando-as em forma unitária ou decimal.
Montante (M) O montante pode ser chamado também de valor futuro ou valor
acumulado. É o capital acrescido de juro.
Período da taxa de  É o período de tempo a que se refere a taxa de juros.
juros
Número de capital- É o espaço de tempo em que o capital rende juro, ao fim do
ização (n) qual o juro é pago ou “capitalizado”, isto é, convertido em novo
capital. A letra n representa o número de vezes de capitalização
de uma operação financeira. O período de capitalização pode
ser dia, mês, ano, semestre, trimestre etc., e a capitalização
ocorre sempre no final do período.
Prazo da operação  Espaço de tempo em que o capital fica em poder do tomador
financeira rendendo juro.
Forma de pagamento Determina como os juros são pagos e a sua periodicidade. Os
de juros juros podem ser pagos mensal, trimestral, anualmente etc.
Forma de resgate ou Pode ser de uma única vez ao final do prazo da operação ou
amortização em parcelas intermediárias. Quando o tomador devolve o capital
em parcelas, ocorre a amortização do empréstimo; e quando
não existir mais saldo a amortizar, a operação financeira terá
sido totalmente liquidada.

FONTE: Hoji (2016, p. 14)

Agora, após conhecer esses termos, veja o exemplo a seguir que sintetiza os
diversos elementos envolvidos em uma transação financeira.

20
Capítulo 1 Matemática Financeira

FIGURA 3 – ELEMENTOS ENVOLVIDOS EM UMA TRANSAÇÃO FINANCEIRA

FONTE: Hoji (2016, p. 14)

Olhando o Quadro 1, que apresenta os termos mais utilizados na matemática


financeira, e a figura anterior (Figura 3), perceba que, nesse exemplo de transação
financeira:

• O capital (C) é igual a R$ 100,00.


• O juro (J) é igual a R$ 15,00.
• A taxa de juros (i) é 15%.
• O montante (M) é R$ 115,00.
• O período da taxa de juros é 15% ao ano.
• O período de capitalização da operação financeira é quadrimestral, pois
existem três capitalizações no período de um ano.
• O prazo de operação financeira é de 1 ano.

Como já vimos no quadro anterior (Quadro 1), que tratava sobre os termos
mais utilizados na matemática financeira, o capital corresponde ao recurso
financeiro que o seu proprietário cede temporariamente ao tomador. Ele é
chamado também de  principal, capital inicial, valor atual e valor presente em
muitos textos financeiros.

21
Educação financeira na educação básica

Dependendo do autor, você encontrará o capital representado


por P (principal), C (capital), ou PV (presente value, em inglês).

Silva (2015) destaca que o capital na matemática financeira é qualquer valor


expresso em moeda disponível no momento presente, ou seja, momento em que
se faz a aplicação, em que se contrata um empréstimo ou no qual se adquire uma
mercadoria.

Já os juros são uma compensação financeira paga a alguém ou a alguma


instituição, ou empresa, pelo uso do seu capital por um determinado período de
tempo n a uma determinada taxa i. Os juros podem ainda ser definidos como um
“aluguel” pela quantia emprestada (SILVA, 2015).

O montante (M) é o capital acrescido dos juros. O montante também pode


ser chamado de valor futuro ou valor acumulado. Enquanto isso, a taxa de juros
(i) é uma razão entre os juros pagos (ou recebidos) e o capital, e está sempre
relacionada com um período de tempo em dias, meses, anos etc.

Com relação a esses conceitos mencionados, veja a figura a seguir:

FIGURA 4 – DEFINIÇÃO DE CAPITAL, JUROS E MONTANTE

FONTE: <https://blog.professorferretto.com.br/juros-simples-e-sua-relacao-
com-funcao-afim-e-progressao-aritmetica/>. Acesso em: 10 mar. 2020.

Lembrando que, nessa figura, o capital (C) está representado pela figura do
dinheiro emprestado, ou seja, o dinheiro emprestado (capital) mais a remuneração
pelo empréstimo (juros) é igual ao montante que será recebido.

22
Capítulo 1 Matemática Financeira

3.2 PORCENTAGEM
Atualmente, é muito comum nos meios de comunicação, principalmente
em notícias na televisão e na internet, o uso de porcentagens para representar
aumento ou redução de preços, valores ou quantidades em geral.

Um dos conceitos fundamentais no estudo da matemática financeira são


as razões percentuais, que comumente são conhecidas como porcentagem. É
fundamental, quando o professor iniciar o estudo da matemática financeira em
sala de aula, estar certo de que os seus alunos dominam esse assunto, pois sem
ele, não vão muito longe no aprendizado em assuntos relacionados a finanças.
Se os estudantes não conhecem, esse certamente é o momento de apresentá-
lo. O professor pode começar com razões e proporções, chegando depois nas
razões percentuais e porcentagens. Uma dica é trazer textos de jornais, notícias
da internet, ou de outros meios de comunicação, destacando a quantidade de
vezes que as porcentagens são mencionadas (SILVA, 2015).

Antes, vimos uma notícia sobre endividamento (Figura 2), que já trazia no
título um dado em porcentagem. Usando essa mesma notícia e acessando na
íntegra (no site), veja como a porcentagem é utilizada para apresentar vários
dados da pesquisa:

“79% dos consumidores não sabem ao certo o que é estar endividado”.


“Pesquisa mostra que 53% dos brasileiros atrasaram ao menos uma conta
no último ano”.
“68% deles já ficaram com o nome sujo”.
“37,5% dos consumidores se consideram endividados no momento”.
“Para quase metade dos consumidores entrevistados (46,7%), estar
endividado significa ter contas atrasadas, e três em cada dez (30,6%) afirmam
que é ter o nome registrado em entidades de proteção ao crédito”.
“Apenas 20,2% dos consumidores compreendem o significado real”.
“O cartão de crédito foi a dívida mais comprometida (23,0%) seguido pelas
contas de luz (17,9%), de TV por assinatura (12,7%) e celular/telefone fixo
(12,5%)”.

É importante destacar que esses são apenas alguns trechos retirados da


notícia, sendo que são utilizados dados em porcentagens mais vezes que o
apresentado anteriormente. Esse é um exemplo que o professor pode utilizar ao
introduzir o estudo da porcentagem em sala de aula.

23
Educação financeira na educação básica

Para ter acesso à notícia completa, acesse: https://www.spcbrasil.


org.br/pesquisas/pesquisa/1191. Nessas notícias disponíveis no site
do SPC Brasil, são apresentadas em “metodologia” quantas pessoas
foram entrevistadas para essa pesquisa.

Definição de porcentagem: porcentagem é uma medida de razão com


base 100. É o valor obtido ao multiplicarmos a taxa percentual a um valor ou
quantidade.

Exemplo: 20% (lê-se: vinte por cento).

A porcentagem expressa a proporção entre dois valores, cujo denominador é


100. Exemplos:

a) 10% é representado pela fração 100


10
.
b) 25% é representado pela fração 100 .
25

c) 60% é representado pela fração 100


60
.

Em quase todas as aplicações do dia a dia, como na taxa de juros, a taxa é


expressa geralmente na forma percentual, seguida do símbolo % (por cento).
Como o próprio nome já diz, por cento representa uma fração cem de qualquer
coisa mensurável.

Quando uma taxa de juros é expressa na forma percentual, temos que dividir
essa taxa por 100 e transformá-la em forma unitária ou decimal para realizar os
cálculos. Veja os exemplos a seguir:

5
a) 5% = = 0,05
100
20
b) 20% = = 0,2
100
75
c) 75% = = 0,75
100

Lembrando que as calculadoras, até as mais simples, possuem a


tecla %.

Acompanhe agora alguns exemplos de problemas em que são


utilizados cálculos envolvendo porcentagem:

24
Capítulo 1 Matemática Financeira

Exemplo 1: Se Tiago vendeu 50% dos seus 40 livros, quantos livros


ele vendeu?
50 2000
50% de 40 = . 40 = = 20.
100 100

Ou seja, Tiago vendeu 20 livros.

Exemplo 2: Bianca comprou um produto que custava R$ 500,00.


Como ela pagou à vista, ganhou 10% de desconto. Quanto Bianca pagou
pela compra desse produto?
10 5000
10% de 500 = 100 ⋅ 500 = 100 50

O desconto foi de R$ 50,00. Como o produto custava R$ 500,00 e o desconto


oferecido pela loja foi de R$ 50,00, Bianca pagou R$ 450,00 pela compra (R$
500,00 – R$ 50,00).

Exemplo 3 (calculando o percentual de um aumento): No posto de gasolina


X, o preço do litro da gasolina era R$ 4,00 e aumentou para R$ 4,49. De quantos
por cento foi o aumento?

Nesse problema, queremos encontrar uma razão de denominador 100


proporcional à razão obtida pela diferença do valor atualizado sobre o preço
antigo, então:

25
Educação financeira na educação básica

Logo, o percentual de aumento do valor do litro da gasolina nesse posto foi


de 12,25%.

Em geral, basta calcularmos a diferença e montar a razão com o preço (valor


inicial) e igualar a razão centesimal com x (valor desconhecido) no numerador.

1 Calcule:

a) 10% de R$ 320,00:
b) 5% de 80 pessoas:
c) 7% de R$ 60,00:
d) 1% de 360:

2 Um celular foi comprado por R$ 3.000,00 e vendido com um lucro


de 30% sobre o preço de compra. Por quanto esse celular foi
vendido?

( ) Foi vendido por R$ 4.100,00.


( ) Foi vendido por R$ 3.800,00.
( ) Foi vendido por R$ 3.900,00.
( ) Foi vendido por R$ 3.300,00.

3 Um vestido custava em novembro R$ 320,00. Se houve um


aumento de 8% no mês seguinte, calcule o valor do aumento e o
novo preço do vestido.

3.3 VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO


O conceito do valor do dinheiro no tempo pode ser compreendido através do
seguinte questionamento: você aceitaria investir, ou emprestar, R$ 1.500,00 hoje,
para receber daqui a um ano o mesmo valor? Certamente você não aceitaria,
pois, intuitivamente, R$ 1.500,00 daqui a um ano deve valer mais que R$ 1.500,00
hoje.

Além do capital, as variáveis que estão envolvidas no conceito de valor do


dinheiro no tempo são os juros, que, por sua vez, dependem da taxa e do número

26
Capítulo 1 Matemática Financeira

da capitalização. Veja a figura a seguir, que representa o valor do dinheiro hoje e


o valor do dinheiro no futuro.

FIGURA 5 – VALOR DO DINHEIRO HOJE E NO FUTURO

FONTE: Hoji (2016, p. 18)

Um valor cresce no tempo em função do acréscimo de juro, certo? Diante


disso, podemos afirmar que o Montante (M) é o resultado do capital inicial ou,
simplesmente, Capital (C) acrescido de Juro (J). Agora, imagine o capital como
uma caixa (Figura 5). Hoje, o capital equivale a uma caixa pequena, porém, no
futuro, suponha que essa caixa é colocada dentro de uma caixa maior, chamada
montante. Repare que uma parte do espaço da caixa maior será preenchida pela
caixa menor (capital). A diferença (parte vazia da caixa maior) será preenchida
com o juro. A caixa maior chamada montante, é a soma da caixa menor e do juro
(HOJI, 2016).

Por exemplo, se for aplicado hoje um valor de R$ 1.000,00 para resgatar R$


1.200,00 daqui a um ano, o juro do período será de R$ 200,00 (R$ 1.200,00 – R$
1.000,00). Diante disso, podemos dizer que o montante (M) é a soma do capital
(C) e do juro (J).

Agora, substituindo esses valores na seguinte fórmula, temos que:

27
Educação financeira na educação básica

Como foi calculado o juro de R$ 200,00 sabendo que a taxa de juro era 20%?
Utilizando a seguinte fórmula:

Lembre-se de que o capital deve ser sempre multiplicado pela taxa de juro na
forma unitária, ou seja, em número decimal. No exemplo anterior, transformamos
20% em forma unitária da seguinte forma: 20% = 20 = 0,20 ou 0,2.
100

3.4 FÓRMULAS BÁSICAS DA


MATEMÁTICA FINANCEIRA
Vimos anteriormente que:

M=C+J
e
J= C ⋅ i

Portanto, substituindo J = C ⋅ i em M = C + J, temos que:

M = C + (C ⋅ i)

Com base nessas equações, podemos escrever a fórmula do montante (M):


M = C (1 + i)

Nesse sentido, o capital (C) pode ser calculado com a equação:


M
C=
1+ i

Já a taxa de juro (i) é calculada na forma unitária pela seguinte equação:


M
i= −1
C

28
Capítulo 1 Matemática Financeira

Lembre-se de sempre expressar a taxa de juros em forma percentual. Para


isso, o resultado do cálculo deve ser multiplicado por 100.

Agora, utilizando o exemplo anterior, do capital R$ 1.000,00 e taxa de juros


de 20%, podemos calcular o montante aplicando a fórmula:

M = C (1 + i)
M = 1000 (1 + 0,20)
M = 1000 (1,20)
M = 1200

Conhecendo o montante (M) e a taxa de juros, podemos calcular o capital:

M
C=
1+ i
1200
C=
1 + 0, 20
1200
C=
1, 20

C = 1000

Podemos também calcular a taxa de juro:

M
i= −1
C
1200
i= −1
1000

i = 1,2 – 1
i = 0,2
Logo, i = 20%

Taxa de juro na forma unitária: 0,2. Taxa de juro na forma


percentual: 0,2 x 100 = 20%.

29
Educação financeira na educação básica

É importante destacar que essas fórmulas básicas demonstradas podem


ser utilizadas tanto no regime de capitalização simples como no regime de
capitalização composta. É o que estudaremos agora: capitalização simples e
capitalização composta. Vamos lá?

3.5 CAPITALIZAÇÃO SIMPLES E


CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA
Segundo Hoji (2016, p. 21, grifo do autor), “capitalizar significa acumular
juro como capital ou converter alguma coisa em capital. Em matemática
financeira, capitalização representa o processo de evolução do capital por meio
do acréscimo de juro”. Os regimes de capitalização que estudaremos são a
capitalização simples e a capitalização composta.

Hoji (2016) também destaca que no regime de capitalização simples, o


juro incide “sempre sobre o capital inicial”, mesmo que seja capitalizado mais de
uma vez, portanto, a taxa é linear. Veja o exemplo a seguir, que representa o
comportamento dos juros com capital de R$ 1.000,00 à taxa de juros de 2% ao
mês, pelo prazo de 3 meses:

FIGURA 6 – EXEMPLO DE CAPITALIZAÇÃO SIMPLES

FONTE: Hoji (2016, p. 21)

Perceba que o valor do juro em cada período de capitalização (mês) será


sempre de R$ 20,00 durante todo o prazo da transação financeira, e totalizará R$
60,00 em três meses.

Já com relação ao regime de capitalização composta, Hoji (2016, p. 22)


ressalta que “[...] a forma de cálculo do juro de cada período de capitalização é
igual à da capitalização simples. A diferença é que o juro incide sobre o capital
inicial e também sobre os juros acumulados”. O autor também destaca que, dessa
forma, ocorre o crescimento exponencial do capital (ver Figura 7), e a taxa é
exponencial. Veja o exemplo a seguir:

30
Capítulo 1 Matemática Financeira

FIGURA 7 – EXEMPLO DE CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA

FONTE: Hoji (2016, p. 21)

Agora, caro acadêmico, compare os montantes dos juros simples e dos juros
compostos (Figuras 6 e 7). Comparando os dois exemplos, percebemos que:

• O montante 1 é igual nas duas figuras (R$ 1.000,00), pois existe somente
a primeira capitalização de juro.
• A partir do montante 2, começamos a perceber a diferença no valor dos
juros, pois enquanto na capitalização simples o juro é calculado sempre
sobre o capital inicial (R$ 1.000,00), na capitalização composta, o juro
do primeiro período é incorporado ao montante 1, que servirá como base
de cálculo para o montante 2, e assim sucessivamente.
• No regime de capitalização simples, os juros são calculados sempre
sobre o capital inicial de R$ 1.000,00 e, no prazo de 3 meses, à taxa de
2% a.m., totalizam R$ 60,00.
• No regime de capitalização composta, os juros são calculados sobre o
capital de R$ 1.000,00 e também sobre os juros que vão se acumulando
sucessivamente e, no prazo de 3 meses, à taxa de 2% a.m., os juros
totalizam R$ 61,21.

Os juros podem ter qualquer periodicidade, ou seja, podemos


usar dias, meses ou anos. Uma boa maneira de explicitar isso é com
uma notação simples, no formato a.x, onde x se refere à unidade de
tempo que escolhemos, ou seja:

a.a. significa “ao ano”;


a.m. significa “ao mês”;
a.d. significa “ao dia”;
a.s. significa “ao semestre”;
a.t. significa “ao trimestre”.

31
Educação financeira na educação básica

Observe o quadro a seguir, que apresenta algumas diferenças entre os juros


simples e os juros compostos.

QUADRO 2 – DIFERENÇA ENTRE JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS


JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
Cobrado apenas sobre o montante do empréstimo Cobrado sobre o montante do em-
ou principal. préstimo e dos juros aplicados so-
bre ele – “juros sobre juros”.
Forma de crescimento: linear. Forma de crescimento: exponen-
cial.
Crescimento estável dos juros. O crescimento dos juros aumenta
a um ritmo maior devido à com-
posição.
Os juros incidem sobre o montante inicial. Os juros incidem sobre o montante
inicial acrescido dos juros acumu-
lados.
FONTE: A autora

Para Hoji (2016), a principal diferença entre juros simples (capitalização


simples) e juros compostos (capitalização composta) está na velocidade de
crescimento de juros.

Veja a figura a seguir, que representa um exemplo de crescimento dos juros


simples e dos juros compostos.

FIGURA 8 – CRESCIMENTO DOS JUROS SIMPLES E DOS JUROS COMPOSTOS

FONTE: Hoji (2016, p. 48)

32
Capítulo 1 Matemática Financeira

Na figura, observa-se que, se utilizada a mesma taxa anual para os


dois regimes de capitalização (22% a.a.), a taxa linear é de 11,00% e a taxa
exponencial é de 10,45% no mês 6, apresentando uma pequena diferença
entre elas, com a taxa exponencial menor. Já aos 12 meses (um ano), as duas
taxas acumuladas se igualam. Aos 18 meses, nota-se uma diferença bastante
significativa entre as duas taxas acumuladas: a taxa linear continuou crescendo
proporcionalmente, acumulando 33% no período, enquanto a taxa exponencial
cresceu geometricamente, acumulando 34,75% no mesmo período, sendo agora
maior do que a outra (HOJI, 2016).

1 Paola aplicou R$ 10.000,00 a uma taxa de juros de 15%. Qual foi


o montante da aplicação?
R.: ____________________________________________________
___________________________________________________.

2 Com base no montante de R$ 5.000,00 e capital de R$ 4.000,00,


calcule a taxa de juros.
R.: ____________________________________________________
___________________________________________________.

3 Luiz resgatou R$ 1.855,00 por uma aplicação financeira que


pagou juro de 6%. Quanto havia sido aplicado?
R.: ____________________________________________________
___________________________________________________.

3.5.1 Capitalização simples


Vimos anteriormente que no regime de capitalização simples, o juro incide
sempre sobre o capital inicial, mesmo que seja capitalizado mais de uma vez,
certo? Por conta disso, dizemos que é uma taxa linear, pois o capital acumulado
varia proporcionalmente ao longo do tempo. É importante destacar que no regime
de juros simples os cálculos são mais fáceis e simples do que no regime de
capitalização composta (HOJI, 2016).

33
Educação financeira na educação básica

Sabendo que o juro é o produto do capital e da taxa de juro, e que o juro


pode ser capitalizado (incorporado ao capital) mais de uma vez, surge mais
um elemento que deve ser acrescido à fórmula básica do juro: número de
capitalização (n).

Lembre-se de que já estudamos anteriormente no Quadro 1 (termos mais


utilizados em matemática financeira) o que é número de capitalização.

Assim, as fórmulas básicas dos juros simples são as seguintes (HOJI, 2016):

QUADRO 3 – FÓRMULAS BÁSICAS DOS JUROS SIMPLES

Montante M = C (1 + i ⋅ n)

Juros J=C ⋅i⋅ n

Capital M
C = 1+ i ⋅ n

Capital J
C = i⋅n

Taxa M
-1
C
i= n
Taxa J
i = C⋅n

Número de capitalização C⋅i ⋅ n


n= C⋅i

Número de capitalização j
n = C⋅i

FONTE: A autora

Agora, veremos alguns exemplos aplicando essas fórmulas:

Exemplo 1: Beatriz aplicou um valor de R$ 1.000,00 pelo prazo de 3 meses,


que rendeu juros simples de 2% a.m. Qual foi o valor do juro?

Uma dica para começar a resolver um problema é identificar primeiramente


os dados da questão. Veja:

34
Capítulo 1 Matemática Financeira

Temos que: C = 1000


n=3
i = 2% = 0,02

Depois, precisamos ver o que o problema está nos pedindo que, nesse caso,
é o valor do juro (J). Agora, vamos olhar as fórmulas e ver qual utilizaremos,
sempre observando os dados que foram identificados no problema. Nesse caso,
a fórmula a ser utilizada será a fórmula do juro. Observe:

J=C ⋅ i ⋅ n
Substituindo os dados na fórmula, temos que:
J = 1000 ⋅ 0,02 ⋅ 3
J = 60
Logo, o valor do juro foi R$ 60,00.

Quando o professor iniciar o conteúdo de matemática financeira


em sala de aula, esse passo a passo da resolução da questão é
muito importante, pois contribui para o entendimento da questão
e na substituição dos dados nas fórmulas, evitando, assim, erros
na resolução do problema. É interessante também o estudante
apresentar a resposta final do problema (exemplo: logo, o valor do
juro foi R$ 60,00). Outra observação importante é que o professor
deve se preocupar com a compreensão do estudante em cada uma
das fórmulas utilizadas e os conceitos que as constituem, para que
assim o estudante construa conhecimento, e não somente entenda
como aplicar a fórmula.

Exemplo 2: (HOJI, 2016): João resgatou um investimento financeiro em uma


determinada data. Esse valor havia sido aplicado dois anos antes, à taxa de juros
simples de 10% a.a., e inclui o juro prometido de R$ 1.000,00 por ano, no total
de R$ 2.000,00. Só que ele não lembra qual valor havia sido aplicado. Podemos
ajudar o João a lembrar o valor aplicado?

Temos que: J = 2000


i = 10% = 0,1
n=2

35
Educação financeira na educação básica

Precisamos descobrir o valor aplicado, que é o capital (C). Logo, utilizaremos


a fórmula do capital. Veja:

J
C=
i⋅n
2000
C = 0,1⋅ 2

2000
C= 0,2

C = 10000
Logo, o valor aplicado foi R$ 10.000,00.

Exemplo 3: Nayara comprou um celular que custa R$ 2.500,00 para


pagamento no prazo de três meses. O vendedor informou que cobraria juros
simples no valor de R$ 150,00 e que deveria ser pago com o valor financiado.
Qual foi a taxa de juro cobrada pela compra do celular?

Temos que: C = 2500


n=3
J = 150

Precisamos descobrir qual foi a taxa de juro cobrada, por isso devemos
utilizar a fórmula da taxa: i = J . Substituindo os dados na fórmula, temos que:
C⋅n
150
i=
2500 ⋅ 3
150
i=
7500

i = 0,02
Logo, a taxa de juro cobrada foi 2%.

Exemplo 4: Gustavo deseja comprar uma escrivaninha que custa R$


600,00, mas possui somente R$ 500,00. Resolve, então, aplicar esse capital a
juros simples de 2% a.m. Após quantos  meses Gustavo terá o valor suficiente
para comprar a escrivaninha? Pelo enunciado, o juro que deverá produzir é de R$
100,00.

Temos que: J = 100


C = 500
i = 2% = 0,02

36
Capítulo 1 Matemática Financeira

Substituindo os valores na fórmula, temos que:

J
n=
C⋅i
100
n=
500 ⋅ 0,02
100
n=
10

n = 10

Ou seja, após 10 meses Gustavo terá o valor suficiente para comprar a


escrivaninha.

Exemplo 5: Qual o montante de um capital no valor de R$ 3.200,00, com


taxa de juro de 2% a.m., pelo prazo de 3 meses?

Temos que C = 3200


i = 2% = 0,02
n=3

Queremos saber qual o montante (M), e, para isso, utilizaremos a fórmula M


= C (1 + i ⋅ n). Substituindo os dados na fórmula:

M = C (1 + i ⋅ n)

M = 3200 (1 + 0,02 ⋅ 3)

M = 3200 (1 + 0,06)

M = 3200 (1,06)

M = 3392

Logo, o montante será de R$ 3.392,00.

Caro acadêmico, perceba nesse exemplo que a taxa é expressa em período


mensal (2% a.m.), e o número de capitalização está também em período mensal
(3 meses). Logo, nesse exemplo, não há a necessidade de homogeneização de
taxa e período de capitalização.

Exemplo 6: Qual o montante produzido por um capital de R$ 3.200,00


aplicado pelo prazo de 3 anos, à taxa de juro de 2% a.m.?

37
Educação financeira na educação básica

Primeiramente, devemos nos atentar que o número de capitalização


está em anos, e a taxa de juro está em meses. Por isso, deve ser realizada a
homogeneização dos dados. Diante disso, esta questão pode ser resolvida de
duas formas. Veja:

Opção 1: Utilizando a taxa mensal de 2% a.m., convertemos 3 anos em


número de meses. Logo, 3 anos = 36 meses (1 ano = 12 meses). Substituindo os
dados na fórmula, temos que:

M = C (1 + i ⋅ n)
M = 3200 (1 + 0,02 ⋅ 36)
M = 3200 (1 + 0,72)
M = 3200 (1,72)
M = 5504

Opção 2: Utilizando o número de capitalização de 3 anos, convertemos a


taxa de juro de 2% a.m. em taxa anual proporcional. Logo 2% a.m. = 24% a.a. (12
meses x 2 = 24). Substituindo os dados na fórmula, temos que:

M = C (1 + i ⋅ n)
M = 3200 (1 + 0,24 ⋅ 3)
M = 3200 (1 + 0,72)
M = 3200 (1,72)
M = 5504

Logo, o montante será de R$ 5.504,00.

Perceba que nas duas opções (opção 1 e opção 2) obtemos o mesmo


resultado.

Exemplo 7: Qual é o capital que, investido pelo prazo de 3 meses, à taxa de


juro de 2% a.m., produz montante de R$ 1.060,00?

Primeiramente, perceba que a taxa de juro e o período de capitalização estão


em meses e, por isso, não há necessidade de homogeneização de taxa e período
de capitalização. Agora, tirando os dados do problema, temos que:

n=3
i = 2% = 0,02
M = 1060

38
Capítulo 1 Matemática Financeira

M
Queremos descobrir o capital e, para isso, utilizaremos a fórmula: C =
1+i ⋅ n

Substituindo os dados na fórmula, temos que:


1060
C = 1+0,02 ⋅ 3
1060
C=
1+0,06
1060
C= 1,06

C = 1000

Logo, o capital a ser investido é de R$ 1.000,00.

Exemplo 8: Um título foi resgatado por R$ 1.200,00. Sabe-se que


ele rendeu à taxa de juro de 5% a.s. no regime de juros simples durante 2
anos. Qual valor havia sido aplicado inicialmente?

Primeiramente, devemos nos atentar que a taxa de juro está ao


semestre (a.s.), e o juro está em anos. Nesse caso, vamos converter o
prazo de 2 anos em 4 semestres (sendo que 1 ano tem 2 semestres, logo
2 anos x 2 semestres = 4 semestres). Substituindo os dados na fórmula,
temos que:
M
C= 1 + i⋅n
1200
C = 1 + 0,05 ⋅ 4
1200
C = 1 + 0,2
1200
C=
1,2

C = 1000

Logo, o valor que havia sido aplicado era de R$ 1.000,00.

Lembrando que nesse exemplo nós convertemos o prazo de anos para


semestres, porém, a conversão poderia ocorrer da forma inversa: os semestres
poderiam ser registrados como anos.

39
Educação financeira na educação básica

3.5.2 Capitalização composta


Da mesma forma que no regime simples, no regime de juros compostos o
montante (M) é a soma do capital (C) e juro (J), e este é o produto do capital e taxa
de juro (i). Entretanto, a taxa de juro (i) é calculada exponencialmente no regime
de capitalização composta, quando se considera o número de capitalizações
(HOJI, 2016).

Nesse sentido, as principais fórmulas utilizadas no regime de juros compostos


serão apresentadas no quadro a seguir.

QUADRO 4 – PRINCIPAIS FÓRMULAS UTILIZADAS


NO REGIME DE JUROS COMPOSTOS
n
M = C (1+ i )
M
n
C = (1 + i )
1
 M n
  −1
i= C 
M 
ln  
C 
n = ln (1 + i )

J = C [ (1 + i ) − 1]
n

FONTE: A autora

Antes de vermos alguns exemplos aplicando essas fórmulas, é importante


estarmos atentos para o fato de que os cálculos de juros compostos utilizam as
propriedades de potenciação e radiciação em função do caráter exponencial de
suas fórmulas, certo? Por isso, é importante relembrarmos algumas propriedades
da potenciação. Veja os exemplos a seguir:

a) 1,103 = 1,10 x 1,10 x 1,10 = 1,331

−3 1
b) 1,10 = = 0,7513148
1,10 x 1,10 x 1,10

c) 1,106 = 1,103 x 1,103 = 1,104 x 1,102 = 1,771561


1,106
d) 1,106–3 = 1,103 = 1,331
1,103
e) 1,102 x 1,103 = 1,102+3 = 1,105 = 1,610510

40
Capítulo 1 Matemática Financeira

1
f) 3
8 8 = 80,3333...= 2
3

Ao aplicarmos o conteúdo de juros compostos em sala de aula com os


estudantes, é importante relembrarmos as propriedades da potenciação e nos
certificarmos de que os estudantes sabem utilizar corretamente a calculadora
científica.

Exemplo 1: Rafael aplica R$ 10.000,00 em um investimento, à taxa de


juro composto de 1% a.m., pelo prazo de 8 meses. Quanto Rafael resgatará no
vencimento?

Temos que: C = 10000


i = 1% = 0,01
n=8

Substituindo os dados na fórmula do montante:

n
M = C (1 + i )
M = 10000 (1 + 0,01)8
M = 10000 (1,01)8
M = 10000 (1,082857)
M = 10.825,57

Logo, Rafael resgatará R$ 10.828,57.

Exemplo 2: Uma empresa toma empréstimo no valor de R$ 100.000,00,


pelo prazo de 7 meses, à taxa de juros de 26% a.a. Qual será o valor total no
vencimento?

Temos que: C = 100000


i = 26% = 0,26
n=7

Perceba que o prazo está em meses e a taxa de juros está em anos. Logo,
como o prazo da operação financeira é menor do que um ano (7 meses) o número
de capitalização (n) é fração de um ano (12 meses). Substituindo os dados na
fórmula do montante:
7
M = 100000 (1 + 0,26)12
7
M = 100000 (1,26)12

41
Educação financeira na educação básica

M = 100000 (1,1443253)
M = 114432,53

Ou seja, o valor total no vencimento será de R$ 114.432,53.

Exemplo 3: Um valor de R$ 10.000,00 foi aplicado durante 3 anos e


resgatado pelo montante de R$ 13.310,00. Qual foi a taxa de juros em período
anual?

Temos que M = 13310


n=3
C = 10000
Substituindo os dados e utilizando a fórmula da taxa de juros:
1
 M n
i =  C  −1 .
 
1
 13310  3
i=   −1
 10000 

i = (1, 331) −1
0 ,33333

i = 0,1

Logo, a taxa de juros em período anual foi de 10% a.a.

Exemplo 4: Em quantos meses uma aplicação de R$ 1.000,00 produzirá um


montante de R$ 1.500,00 com taxa de juros compostos de 2% a.m.?

Temos que: M = 1500


C = 1000
i = 2% = 0,02
M 
ln  
C 
Substituindo os dados na fórmula n = ln 1 + i temos que:
( )
 1500 
ln  
n=  1000 
ln (1 + 0, 02 )

n = ln 1, 5
ln 1, 02
0, 405465
n=
0, 019802

n = 20,48 = 20 meses e 15 dias.

A operação ln é referente ao logaritmo neperiano. Utilize uma calculadora


científica para realizar esses cálculos. Caso você não tenha uma calculadora

42
Capítulo 1 Matemática Financeira

científica, digite no Google “calculadora científica” e utilize a calculadora científica


on-line.

Exemplo 5: Um capital de R$ 1.000,00 aplicado por três meses à taxa de


juros de 2% a.m. produz juros de R$ 60,00 no regime de juros simples. Assim,
qual o valor dos juros no regime de juros compostos?

Temos que: C = 10000


i = 2% = 0,02
n=3

Substituindo na fórmula dos juros J = C [ (1 + i)n – 1) :

J = 1000 [ (1 + 0,02)3 – 1]
J = 1000 [ (1,02)3 – 1]
J = 1000 [ 1,061208 – 1]
J = 1000 [0,061208]
J = 61,21

Logo, o valor dos juros foi de R$ 61,21.

Se você realizar o seguinte cálculo 1000 x 0,061208 na


calculadora você terá como resultado 61,208, porém, utilizando as
regras do arredondamento de número, temos que 61,208 = 61,21.
Para saber mais sobre as regras de arredondamento, acesse:
https://brasilescola.uol.com.br/matematica/arredondando-numeros.
htm.

43
Educação financeira na educação básica

1 Jaqueline aplicou um capital de R$ 2.000,000 por 8 meses à taxa


de juros compostos de 12% a.a. Qual será o valor do montante?
R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

2 Leonardo precisa de R$ 35.000,00 daqui a 18 meses para poder


adquirir o seu próprio negócio. Com a taxa de juros compostos de
0,9% a.m., quanto ele precisaria aplicar hoje?
R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

3 Fabiano depositou na caderneta de poupança um valor de R$


5.250,00. Se o rendimento médio for de 0,65% a.m., por quantos
meses ele precisará deixar aplicado o valor para acumular R$
8.000,00?
R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

4 O USO DA PLANILHA ELETRÔNICA


EXCEL NA MATEMÁTICA
FINANCEIRA
Para finalizar o nosso aprendizado sobre matemática financeira, estudaremos
agora como utilizar o Excel para realizar alguns cálculos relacionados à
matemática financeira.

Conforme destaca Hobold (2016, p. 7), “apesar de não terem sido pensadas
para propósitos pedagógicos, as planilhas eletrônicas podem ser utilizadas como
recursos tecnológicos úteis à aprendizagem matemática”. A autora ainda destaca
que “elas oferecem um ambiente adequado para experimentar sequências
numéricas e explorar algumas de suas propriedades, por exemplo, comparar

44
Capítulo 1 Matemática Financeira

o comportamento de uma sequência de pagamentos sob juros simples e juros


compostos” (HOBOLD, 2016, p. 7).

Outro aspecto importante sobre o uso de planilhas, é a


necessidade de saber utilizá-las para entrar e se manter
no mercado de trabalho. Atualmente elas são amplamente
utilizadas pelas empresas, agências de serviços, grupos
de voluntários, organizações do setor privado, cientistas,
estudantes, formadores, investigadores, jornalistas, contadores
e outros (HOBOLD, 2016, p. 8).

A versão atual da BNCC (2017) propõe que os estudantes utilizem


tecnologias, como calculadoras e planilhas eletrônicas desde os anos inicias
do Ensino Fundamental. Segundo este documento, essa valorização possibilita
que, ao chegarem aos anos finais, eles possam ser estimulados a desenvolver o
pensamento computacional.

É importante também destacar que na BNCC encontramos as orientações


para:

• Aplicar conceitos matemáticos no planejamento, na execução e na


análise de ações envolvendo a utilização de aplicativos e a criação de
planilhas (para o controle de orçamento familiar, simuladores de cálculos
de juros simples e compostos, entre outros) para tomar decisões.
• Interpretar e comparar situações que envolvam juros simples com as
que envolvem juros compostos, por meio de representações gráficas ou
análise de planilhas, destacando o crescimento linear ou exponencial de
cada caso (BRASIL, 2017).

Nesse sentido, veremos agora alguns exemplos de cálculos da matemática


financeira utilizando o software Microsoft Excel.

Caro acadêmico, essa é uma alternativa muito interessante para você,


professor, ensinar matemática financeira em sala de aula. Após todo o conteúdo
ensinado aos estudantes utilizando as fórmulas e uma calculadora científica,
fazer com que eles realizem esses exemplos utilizando o Excel é uma excelente
maneira de contribuir para o aprendizado do conteúdo. Uma dica é primeiramente
realizar os cálculos com a calculadora científica, e depois utilizar o Excel para
verificar e comprovar o resultado obtido com a calculadora.

Exemplo 1 (HOBOLD, 2016): Você esqueceu de pagar a mensalidade da


escola onde estuda, e quando lembrou já havia passado 15 dias. O valor da
mensalidade era de R$ 650,00. No boleto consta a seguinte informação: após o
vencimento, cobrar multa de 2% + juros de 1% ao mês. Diante disso, quanto você

45
Educação financeira na educação básica

deverá pagar de mensalidade?

Primeiramente, devemos perceber que o objetivo desse problema é trabalhar


com conceitos de juros simples e também porcentagem. Com a leitura do
problema percebemos que, nessa situação, a multa é um percentual do valor da
mensalidade, e que não depende da quantidade de dias de atraso. Os juros, que
são os atrasos, são juros simples, por isso são calculados sempre sobre o mesmo
principal (R$ 650,00).

Devemos tomar cuidado também com a homogeneização dos dados. Como


a taxa está em meses, o prazo deve estar em meses também. Por isso será
considerado 1 mês = 30 dias.

Agora, abrindo o Excel, resolveremos esse problema adotando os seguintes


procedimentos:

1º passo: Na célula A1 devemos digitar mensalidade.

FIGURA 9 – 1º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

2º passo: Na célula A2, devemos digitar taxa de juros.

FIGURA 10 – 2º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

46
Capítulo 1 Matemática Financeira

3º passo: Na célula A3, digitar prazo de atraso.

FIGURA 11 – 3º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

4º passo: Na célula A4, digitar taxa de multa.

FIGURA 12 – 4º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

5º passo: Na célula A5, digitar valor da multa.

FIGURA 13 – 5º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

6º passo: Na célula A6, digitar juros.

FIGURA 14 – 6º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

47
Educação financeira na educação básica

7º passo: Na célula A7, digitar valor a pagar.

FIGURA 15 – 7º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

8º passo: Como temos o valor da mensalidade, da taxa de juros, do prazo de


atraso, e da taxa de multa, devemos digitar na célula B1: 650,00, B2: 1%, B3: 0,5
e B4: 2%.

FIGURA 16 – 8º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

Lembrando que nesse exemplo foi considerado 1 mês = 30 dias e, por isso,
15 dias = 0,5 (metade de um mês).

9º passo: Na célula B5, digitar a fórmula = B1 * B4 e apertar a tecla enter:

48
Capítulo 1 Matemática Financeira

FIGURA 17 – 9º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

Perceba que já obtemos o valor da multa, que é R$ 13,00.

10º passo: Na célula B6, digitar a fórmula = B1 * B2 * B3 e apertar a tecla


enter:

FIGURA 18 – 10º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

Agora, perceba que obtemos o valor dos juros R$ 3,25.

11º passo: Por fim, na célula B7, digitar a fórmula = B1 + B5 + B6 e apertar


a tecla enter:

FIGURA 19 – 11º PASSO DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

FONTE: A autora

49
Educação financeira na educação básica

Enfim, obtemos o valor a pagar, que é de R$ 666,25.

É importante, caro acadêmico, ao aplicar esse conteúdo utilizando o Excel


com os estudantes, detalhar todo o passo a passo da questão. É importante
também acompanhar a atividade com os estudantes para verificar se todos estão
compreendendo a realização deste passo a passo. O professor pode, como já
mencionado anteriormente, realizar os cálculos utilizando as fórmulas e uma
calculadora científica, para comprovar o resultado obtido com o Excel.

Agora, para finalizar, veremos um exemplo comparando os juros simples e os


juros compostos.

Exemplo 2: Vamos supor que você deseja aplicar um capital de R$ 10.000,00


para render 10% ao ano, durante 5 anos. Antes de aplicar, você deseja saber o
valor dos juros e o montante final de cada período pelo regime de capitalização
simples e pelo regime de capitalização composta. Para isso, você construirá uma
planilha no Excel para obter os resultados.

A partir das definições de capitalização simples e capitalização composta,


devemos seguir o seguinte passo a passo (HOBOLD, 2016):

1º passo: Na célula A1, digitar capital (C).


2º passo: Na célula A2, digitar taxa de juros ao ano.
3º passo: Na célula A3, digitar período em anos.
4º passo: Nas células A7 até A12, preencher com os anos de 0 a 5.
5º passo: Nas células E7 até E12 preencher com os anos de 0 a 5.

Agora, para determinar os juros e o montante no sistema de juros simples:

6º passo: Na célula B8, digitar a fórmula = 10.000 * 0,1 e apertar a tecla


enter. Arrastar essa fórmula até a célula B12, pois o juro será calculado sempre
sobre o capital inicial.
7º passo: Na célula C7, digitar o capital, que nesse caso é 10.000,00 e na B7
digitar 0.
8º passo: Na célula C8, digitar a fórmula = C7 + B8 e apertar a tecla enter.
Arrastar a fórmula da célula C8 até a célula C12.
9º passo: Na célula C14 digitar a fórmula = C12 – C7 e apertar a tecla enter,
para obter o juro total dos 5 anos.

Agora, para determinar os juros e o montante no sistema de capitalização


composta, os passos são os seguintes:

10º passo: Na célula F8, digitar a fórmula = G7 * 0,1 e apertar a tecla enter.

50
Capítulo 1 Matemática Financeira

Arrastar a fórmula da célula F8 até a célula F12.


11º passo: Na célula G7, digitar o capital, que também é 10.000,00.
12º passo: Na célula G8, digitar a fórmula = G7 + F8 e apertar a tecla enter.
Arrastar a fórmula da célula G8 até a célula G12.
13º passo: Na célula G14, digitar a fórmula = G12 – G7, para obter o juro
total dos 5 anos.

Observação: as células C1, C2 e C3 servirão como campos de entrada para


os valores das variáveis da coluna A.

Seguindo todos esses passos, o resultado que você terá no Excel é o


seguinte:

FIGURA 20 – EXEMPLO COMPARATIVO DE JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS

FONTE: A autora

Diante disso, podemos ver que no regime de capitalização simples o


montante obtido foi de R$ 15.000,00 e o total de juros foi de R$ 5.000,00. Já no
regime composto, o montante obtido foi de R$ 16.105,10 e o total de juros foi de
R$ 6.105,10.

Hobold (2016, p. 28) traz um comentário muito importante sobre esse


procedimento:

Os autores de livros didáticos constroem essas tabelas para


fazer o comparativo dos dois sistemas sem utilizar e sugerir o
uso das planilhas eletrônicas e afirmam que o procedimento
é trabalhoso. Enfatizam ainda que é mais fácil utilizar a
fórmula para o cálculo dos montantes. Perde-se dessa forma,

51
Educação financeira na educação básica

a oportunidade de fazer com que os alunos compreendam


a diferença entre os dois sistemas, em que na capitalização
simples, o juro é calculado sobre o capital e no composto, o
juro é calculado sobre o montante do período anterior, gerando
o famoso juro sobre juro.

Interessante essa colocação da autora, não é mesmo? Perceba o quanto foi


trabalhoso todo esse passo a passo para obtermos os montantes e os juros no
regime de capitalização simples e no regime de capitalização composta utilizando
o Excel. Utilizando as fórmulas certamente teríamos um resultado muito mais
rápido. Esse, caro acadêmico, é um apontamento muito importante para passar
aos estudantes em sala de aula.

Lembrando que a utilização do Excel não é a única alternativa para


determinarmos a solução do problema. Por exemplo, podemos resolver o
problema utilizando as fórmulas para o cálculo do montante nos juros simples e
compostos.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Nessa unidade, você teve a oportunidade de compreender o que é
matemática financeira e quais são os conceitos básicos. Com o estudo dessa
unidade, você pôde também reconhecer a importância do conhecimento desses
conceitos básicos na vida das pessoas e o quanto é importante os professores
analisarem criticamente a contribuição da matemática financeira em sala de aula.
Por fim, você estudou como empregar o uso da planilha eletrônica Excel para o
ensino da matemática financeira.

Para dar continuidade ao nosso aprendizado sobre educação financeira


na educação básica, no próximo capítulo estudaremos sobre a importância
da educação financeira. Para isso, primeiramente, você compreenderá o que
é educação financeira e por que ela deve ser ensinada para os jovens desde
cedo, e reconhecerá a importância do consumo planejado e consciente na vida
financeira das pessoas.

52
Capítulo 1 Matemática Financeira

REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 12. ed. São Paulo:
Atlas, 2012.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível


em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_
versaofinal_site.pdf. Acesso em: 26 fev. 2020.

CNC. Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC):


dezembro de 2019. 2019. Disponível em: http://cnc.org.br/editorias/economia/
pesquisas/pesquisa-de-endividamento-e-inadimplencia-do-consumidor-peic-3.
Acesso em: 2 abr. 2020.

GIMENES, C. M. Matemática financeira com HP 12c e Excel: uma abordagem


descomplicada. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

GODFREY, N. S.; EDWARDS, C. Dinheiro não dá em árvore: um guia para os


pais criarem filhos financeiramente responsáveis. Tradução Elizabeth Arantes
Bueno. São Paulo: Jardim dos Livros, 2007.

HOBOLD, J. Resolução de problemas de matemática financeira com


planilhas eletrônicas. Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática em
Rede Nacional). Manaus: Universidade Federal do Amazonas, 2016.

HOJI, M. Matemática financeira: didática, objetiva e prática. São Paulo: Atlas,


2016.

PIETRAS, G. Uma abordagem sobre matemática financeira e educação


financeira no Ensino Médio. Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática
em Rede Nacional). Ponta Grossa: Universidade Estadual de Ponta Grossa,
2014.

SANTOS, J. A. dos S. Matemática comercial e financeira no Ensino


Fundamental II. Programa de Pós-Graduação de Mestrado Profissional em
Matemática em Rede Nacional. Maceió: Universidade Federal de Alagoas.
Instituto de Matemática, 2017.

53
Educação financeira na educação básica

SILVA, A. F. M. A importância da matemática financeira no ensino básico.


Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional –
PROFMAT). Rio de Janeiro: Instituto de matemática pura e aplicada, 2015.

SPC BRASIL. 79% dos consumidores não sabem ao certo o que é estar
endividado, diz SPC Brasil. 2016. Disponível em: https://www.spcbrasil.org.br/
pesquisas/pesquisa/1191. Acesso em: 7 mar. 2020.

54
C APÍTULO 2
Introdução à Educação Financeira

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Compreender o que é educação financeira.

• Reconhecer a importância da educação financeira na vida das pessoas.

• Identificar a relação da educação financeira com o nosso dinheiro.

• Analisar criticamente a contribuição da educação financeira na vida das


pessoas.
• Reconhecer a importância do ensino da educação financeira em sala de aula.

• Desenvolver estratégias de ensino que favoreçam o ensino da educação


financeira em sala de aula.
Educação financeira na educação básica

56
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Para dar continuidade ao nosso estudo, nesta segunda unidade de ensino,
daremos início ao estudo da educação financeira e a sua importância na educação
básica e na vida das pessoas.

De acordo com o Banco Central do Brasil (2013), a partir de atitudes


comportamentais e de conhecimentos básicos sobre gestão de finanças pessoais
aplicados no seu dia a dia, todo cidadão pode desenvolver habilidades para
melhorar a sua qualidade de vida e a de seus familiares.

Dentre os diversos benefícios que a educação financeira pode trazer na vida


das pessoas, podemos destacar: possibilitar o equilíbrio das finanças pessoais,
preparar para o enfrentamento de imprevistos financeiros e para a aposentadoria,
qualificar para o bom uso do sistema financeiro, reduzir a possibilidade de o
indivíduo cair em fraudes, preparar o caminho para a realização de sonhos, enfim,
tornar a vida melhor.

Nessa segunda unidade, primeiramente, estudaremos o que é educação


financeira e qual a sua importância. Em seguida, você encontrará uma abordagem
sobre a educação financeira e a nossa relação com o dinheiro. Para finalizar, na
última seção, estudaremos sobre o uso de crédito e administração de dívidas.

2 CONCEITO DE EDUCAÇÃO
FINANCEIRA E SUA IMPORTÂNCIA
Para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), educação financeira é o processo mediante o qual os indivíduos e as
sociedades melhoram a sua compreensão em relação aos conceitos e produtos
financeiros de forma que, com informação, formação e orientação as pessoas
possam desenvolver valores e competências que são necessários para se
tornarem mais conscientes das oportunidades e riscos que eles envolvem (ENEF,
2017).

Com a educação financeira, as pessoas podem fazer escolhas bem


informadas, saber onde procurar ajuda e adotar outras ações que melhorem o
seu bem-estar, contribuindo, assim, de modo mais consciente para a formação
de indivíduos e sociedades responsáveis, comprometidos com o futuro (ENEF,
2017).

57
Educação financeira na educação básica

Segundo a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) (2017),


adotar decisões de crédito, investimento, proteção, consumo e planejamento,
que proporcionem uma vida financeira mais sustentável, gera impactos não só na
vida de cada pessoa, mas, sim, no futuro do nosso país. A educação financeira
amplia a compreensão a respeito dessas escolhas, sendo um conhecimento que
possibilita o desenvolvimento de uma relação equilibrada com o dinheiro.

A Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) é uma


mobilização multissetorial em torno da promoção de ações de
educação financeira no Brasil. A estratégia foi instituída como política
de Estado de caráter permanente, e suas características principais
são a garantia de gratuidade das iniciativas que desenvolve ou apoia
e sua imparcialidade comercial. O objetivo da ENEF, criada através
do Decreto Federal nº 7.397/2010, é contribuir para o fortalecimento
da cidadania ao fornecer e apoiar ações que ajudem a população
a tomar decisões financeiras mais autônomas e conscientes.  A
estratégia foi criada através da articulação de sete órgãos e entidades
governamentais e quatro organizações da sociedade civil, que juntos
integram o Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF).
FONTE: <https://www.vidaedinheiro.gov.br/es/Enef/>. Acesso em: 12
abr. 2020.

Dando continuidade à compreensão do conceito de educação financeira,


Peretti (2008, p. 17), autor do livro “Educação financeira: aprenda a cuidar do
seu dinheiro”, destaca que educação financeira “é proporcionar uma mentalidade
inteligente e saudável sobre dinheiro. É criar consciência do limite. É saber
ganhar, gastar, poupar, investir e doar dinheiro. É a capacidade de administrar o
seu rico dinheiro”.

Peretti (2008, p. 17) ainda complementa que educação financeira “[...] é


fazer tudo o que se deseja com responsabilidade, ética e maturidade. Educação
financeira é despertar a inteligência financeira, ou seja, dinheiro trabalhando para
você. Ser inteligente é ser capaz de responder o que a vida nos propõe. É saber
plantar para depois colher”.

Por fim, o autor defende que educação financeira é criar o hábito de poupar
para aprender a investir; é conquistar a independência financeira.

58
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Já segundo o Banco Central do Brasil (2013), a educação financeira é o


meio de prover conhecimentos e informações sobre comportamentos básicos
que contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas e de suas
comunidades. Para eles, alguns desses conhecimentos e comportamentos estão
relacionados às seguintes habilidades:

• Entender o funcionamento do mercado e o modo como os juros


influenciam a vida financeira do cidadão (a favor e contra).
• Consumir de forma consciente, evitando o consumismo compulsivo.
• Saber avaliar as oportunidades de financiamentos disponíveis, utilizando
o crédito com sabedoria e evitando o superendividamento.
• Entender a importância e as vantagens de planejar e acompanhar o
orçamento pessoal e familiar.
• Compreender que a poupança é um bom caminho, tanto para concretizar
sonhos, realizando projetos, como para reduzir os riscos em eventos
inesperados.
• Manter uma boa gestão financeira pessoal.

Qual a diferença de endividamento e superendividamento?


Chamamos de endividamento qualquer dívida que a pessoa possui
e tem a obrigação de pagar. Por exemplo, todas as vezes que uma
pessoa faz uma compra a prazo, contrai uma dívida, ficando assim
em situação de endividamento. Já superendividamento é o que
acontece quando uma pessoa se vê impossibilitada de pagar suas
dívidas e passa a ter dificuldades para suprir suas necessidades
básicas, como alimentação, moradia e saúde (BUES; COMERLATO;
DOLL, 2015).

Desse modo, podemos dizer que a educação financeira é um instrumento


para promover o desenvolvimento econômico do país, afinal, a qualidade
das decisões financeiras das pessoas influencia toda a economia, pois ela
está intimamente ligada a problemas, como os níveis de endividamento e de
inadimplência das pessoas e a capacidade de investimento do país (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2013).

Peretti (2008) destaca que o objetivo da educação financeira é atingir a


maturidade financeira, sendo importante para a formação da consciência do

59
Educação financeira na educação básica

controle e também do bom senso. O autor destaca que a educação financeira


desenvolve o caráter e a personalidade das pessoas, afastando-as do medo e
fazendo com que elas criem coragem para resolver os seus problemas financeiros.

Com relação à importância da educação financeira, sabe-se que o mundo


mudou, e até mesmo alguns jovens possuem cartão de crédito, porém, muitos
não foram educados sobre investimentos, finanças, economia e impostos, ou seja,
muitos jovens estão despreparados diante do mundo consumista. Já as pessoas
alfabetizadas financeiramente, sabem lidar com o seu dinheiro, assim como
sabem gastar, ganhar, poupar e investir. A educação financeira é um instrumento
capaz de proporcionar às pessoas melhor bem-estar e melhor qualidade de vida
(PERETTI, 2008).

2.1 EDUCAÇÃO FINANCEIRA NAS


ESCOLAS
Nesse momento, caro acadêmico, é importante discutirmos sobre a
importância da educação financeira nas escolas. Como a educação financeira
está ligada à autonomia e à formação do cidadão, a partir do momento que ela é
ensinada para o estudante, o professor estará construindo um saber que auxiliará
os educandos nas decisões em diversas situações relacionadas ao seu dia a dia,
bem como na construção de sua autonomia.

A entrada da Educação Financeira nas escolas se justifica


por diversas razões fartamente apregoadas pelas nações
estrangeiras que já acumulam experiência na área, dentre as
quais se destacam os benefícios de se conhecer o universo
financeiro e, utilizando-se desses conhecimentos, tomar
decisões financeiras adequadas, que fortaleçam o comando
autônomo da própria vida e, por extensão, do âmbito familiar
e comunitário. A consciência dos estreitos laços entre o plano
individual e o social, assim como do impacto de decisões
tomadas no presente sobre os sonhos de futuro, foi, desde a
década de 1990, grandemente amplificada pela Ecologia, mas
hoje já transborda para outras áreas, indicando que é preciso
agir conjuntamente para ampliar as chances de que todos
colham benefícios maiores e melhores no futuro (CONEF,
2014, p. 8).

Portanto, o ensino da educação financeira na escola pode ajudar os


estudantes a refletirem sobre suas práticas financeiras, auxiliando na tomada
de decisões em diversas situações do cotidiano. Assim, educando desde cedo
as crianças e os jovens com situações financeiras úteis para o seu dia a dia e
implementando a educação financeira nas escolas, podemos ajudar na formação

60
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

das crianças e dos jovens estudantes em pessoas e cidadãos mais preparados


não somente para o momento presente, mas também para o futuro.

Em 2014, foram elaborados pelo Comitê Nacional de Educação Financeira


(CONEF) livros sobre educação financeira escolar, que fazem parte do Programa
Educação Financeira nas Escolas, que é um importante programa educacional
brasileiro, sendo uma iniciativa da Estratégia Nacional de Educação Financeira
(ENEF). O objetivo desses livros é oferecer aos jovens estudantes a formação
necessária para que eles possam tomar decisões financeiras conscientes e
sustentáveis, tanto para a sua vida pessoal quanto para o futuro do país.

O CONEF é responsável pela governança estratégica da ENEF. Ele define


planos, programas, ações e coordena a implementação da ENEF.

Tenha acesso aos materiais didáticos sobre Educação


Financeira nas escolas para o Ensino Fundamental e Ensino
Médio, acessando o link: https://www.vidaedinheiro.gov.br/material-
didatico-ensinos-fundamental-e-medio/. Você pode acessar as
obras (livro do aluno e livro do professor) para leitura on-line ou
baixar os arquivos. Foi desenvolvido um livro para cada ano, do 1º
ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio. O livro
do professor, juntamente ao livro do aluno, compõe o conjunto de
materiais didáticos preparados para os professores trabalharem o
tema educação financeira com os seus alunos em sala de aula.

61
Educação financeira na educação básica

FIGURA 1 – LIVROS EDUCAÇÃO FINANCEIRA NAS ESCOLAS

FONTE: A autora

Para o CONEF (2014), é importante que a educação financeira seja estudada


segundo as dimensões espacial e temporal.

Na dimensão espacial, os conceitos da Educação Financeira


são tratados tomando-se como ponto de partida o impacto
das ações individuais sobre o contexto social, ou seja, das
partes com o todo e vice-versa. Esta dimensão compreende
ainda os níveis individual, local, regional, nacional e global,
que se encontram organizados de modo inclusivo. Na
dimensão temporal, os conceitos são abordados a partir da
noção de que as decisões tomadas no presente podem afetar
o futuro. Os espaços são atravessados por essa dimensão
que conecta passado, presente e futuro numa cadeia de
inter-relacionamentos que permitirá perceber o presente não
somente como fruto de decisões tomadas no passado, mas
também como o tempo em que se tomam certas iniciativas,
cujas consequências e resultados – positivos e negativos –
serão colhidos no futuro (CONEF, 2014, p. 9).

Veja a figura a seguir que ilustra como se relacionam os níveis da dimensão


espacial entre si e com a dimensão temporal que os atravessa.

62
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

FIGURA 2 – DIMENSÕES ESPACIAL E TEMPORAL DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA

FONTE: <https://www.vidaedinheiro.gov.br/modelo-conceitual-
e-objetivos/>. Acesso em: 12 abr. 2020.

Para o CONEF (2014), a educação financeira nas escolas se apoia em seis


objetivos que estão ligados às dimensões espacial e temporal:

I. Formar para a cidadania.


II. Ensinar a consumir e a poupar de modo ético, consciente e responsável.
III. Oferecer conceitos e ferramentas para a tomada de decisão autônoma
baseada em mudança de atitude.
IV. Formar multiplicadores.
V. Ensinar a planejar em curto, médio e longo prazos.
VI. Desenvolver a cultura da prevenção.

Objetivo 1: Formar para a cidadania

Segundo o CONEF (2014, p. 11), ser cidadão “[...] é ter direito de usufruir
várias possibilidades que a vida oferece, tais como liberdade, igualdade,
propriedade, participação política, educação, saúde, moradia, trabalho, entre
outras”, ou seja, ser cidadão é ser responsavelmente ativo na sociedade,
protagonizando a construção da democracia.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),

63
Educação financeira na educação básica

Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a educação básica tem por finalidade


o desenvolvimento do educando, preparando-o para o exercício da cidadania
e também para a sua qualificação no mercado de trabalho, fornecendo meios
para que os estudantes possam progredir no trabalho e também em estudos
posteriores.

D’Ambrosio (1996, p. 87) aponta que um dos grandes objetivos da educação


de hoje é a educação para a cidadania e considera que é importante uma
apreciação “[...] do conhecimento moderno, impregnado de ciência e tecnologia.
Assim, o papel do professor de matemática é particularmente importante
para ajudar o aluno nessa apreciação, assim como para destacar alguns dos
importantes princípios éticos a ela associados”.

O autor também destaca que cidadania implica conhecimento, e a


responsabilidade maior do professor vai além da sua disciplina específica, afinal,
estamos inseridos na sociedade do conhecimento.

Godfrey e Edwards (2007, p. 46) destacam que “como acontece nos países,
a vida em família segue conceitos de cidadania. Compartilhamos um planeta, um
país, uma comunidade – e uma família. Bons cidadãos tentam fazer sua parte
para que essas instituições se tornem melhores a todos”. As autoras apresentam
algumas concepções sobre cidadania muito interessantes:

• Para tornar as crianças cidadãs do planeta, faça que entendam os


assuntos relacionados ao meio ambiente e com que possam, como
indivíduos, colaborar com a diminuição dos desperdícios da população.
• Para torná-las cidadãs do país, converse com elas sobre assuntos
rotineiros. Explique a elas sobre votar. Mostre-lhes seus conceitos
políticos, mas faça-as saber que há outros e que as pessoas podem
discordar deles.
• Para torná-las cidadãs da comunidade, leve-as como acompanhantes
ao seu trabalho comunitário.
• Para torná-las cidadãs de casa, tente fazê-las entender que todos têm o
dever de tornar seus lares mais limpos, mais aprazíveis e um lugar bom
para morar.

Nesse sentido, Perrenoud (2002) colabora com a ideia que ensinar direitos e
deveres sem a vivência de ações concretas e sem uma mudança de pensamento
não é suficiente para se formar cidadãos. Nesse sentido, podemos destacar
que “é necessário o exercício contínuo da cidadania, ingrediente indispensável
da construção de uma sociedade democrática e justa. A Educação Financeira
tem como principal propósito ser um dos componentes dessa formação para a
cidadania” (CONEF, 2014, p. 12).

64
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Com o ensino e a compreensão da educação financeira, seja no ambiente


escolar ou em casa, os estudantes podem se tornar pessoas mais preparadas
para tomar decisões em sua vida, sendo cidadãos mais responsáveis no presente
e mais preparados para o futuro. Desse modo, podemos dizer que a educação
financeira pode preparar as crianças e os jovens para o exercício da cidadania.

Objetivo 2: Ensinar a consumir e a poupar de modo ético, consciente e


responsável

De acordo com o CONEF (2014), o consumo é tratado como um direito, e todas


as pessoas, indistintamente, são estimuladas a consumir, independentemente de
sua condição para tal. No passado, o consumo se voltava para bens sólidos e
duráveis. Já atualmente, podemos verificar “[...] uma instabilidade dos desejos
aliada a uma insaciabilidade das necessidades, pela consequente tendência ao
consumo instantâneo, bem como a rápida obsolescência dos objetos consumidos”
(CONEF, 2014, p. 12). É importante ressaltar que esse ambiente é totalmente
desfavorável ao planejamento e ao investimento a longo prazo.

O consumo em níveis adequados é imprescindível para o


bom funcionamento da economia, a questão é torná-lo uma
prática ética, consciente e responsável, equilibrada com
a poupança. Consumo e poupança configuram-se como
“atitudes responsáveis” ao levar em conta os impactos sociais
e ambientais. Deve-se procurar, assim, não transbordar
problemas financeiros para o outro, não comprar produtos
advindos de relações de exploração ou de empresas sem
comprometimento socioambiental, reduzir o consumo
desnecessário, ampliar a longevidade dos produtos possuídos,
reduzir a produção de lixo e doar objetos úteis não desejados
(CONEF, 2014, p. 12).

É fato, caro acadêmico, que nos dias de hoje, a aquisição desenfreada de


bens e de mercadorias, ocorre, muitas vezes, de forma desnecessária. Por esse
motivo, é importante que sejam discutidos em sala de aula com os estudantes os
problemas gerados pelo consumismo.

É comum perceber que a mídia tem apresentado mensagens publicitárias


dirigidas diretamente para as crianças e jovens de todas as idades, o que é
um problema, pois elas podem crescer sendo incentivadas para a aquisição de
mercadorias desnecessárias. O consumo dessas mercadorias pode, além de
comprometer a saúde pessoal, gerar uma quantidade muito grande de resíduos
que compromete o nosso meio ambiente (GADOTTI, 2016).

65
Educação financeira na educação básica

Nesse sentido, a educação financeira pode contribuir para o consumo


consciente e responsável a partir do momento que as pessoas se conscientizarem
sobre os problemas gerados pelo consumo, e o quanto o consumo exagerado
prejudica o meio em que vivemos. “Consumir e poupar com consciência
e responsabilidade, com uma clara preocupação com o outro e com as
consequências das decisões tomadas, traduzem o compromisso ético da
cidadania” (CONEF, 2014, p. 12).

O que é consumo? Consumo é o ato de consumir, comprar um


produto ou utilizar um serviço. O consumo deve ser feito de maneira
consciente, ou seja, avaliando sua real necessidade. As decisões
conscientes devem levar sempre em consideração os 5“Rs”:
repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar (CONEF, 2014).

No Capítulo 3, estudaremos mais sobre consumo planejado e consciente.

Objetivo 3: Oferecer conceitos e ferramentas para a tomada de decisão


autônoma baseada em mudança de atitude

Ferreira (2007) destaca que a nossa volta circula uma quantidade excessiva
de informações financeiras, e que muitas vezes são descontextualizadas e
incompreensíveis para muitas pessoas. A compreensão da linguagem do
mundo financeiro possibilita às pessoas obterem informações necessárias para
que tomem suas decisões de forma autônoma, embora nem todas as decisões
sejam tomadas com base em informações, pois estudos de psicologia econômica
indicam a concorrência de variáveis de ordem emotiva nas decisões de ordem
financeira (FERREIRA, 2007).

66
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Outro benefício advindo da Educação Financeira consiste


no julgamento crítico que se pode aprender a fazer com
relação à publicidade, isso porque uma sociedade marcada
pelo consumismo se caracteriza em estimular a depreciação
e a desvalorização dos produtos depois de estes terem sido
adquiridos. Essa é a cultura do excesso e da frustração, que
aposta na irracionalidade dos consumidores e não nas suas
estimativas sóbrias e bem informadas, ou seja, estimula
emoções que levam ao consumo impetuoso, em vez de cultivar
o uso da razão. O campo da publicidade procura aumentar a
eficiência das mensagens de consumo e provocar o desejo
de adquirir determinados produtos. Ao aprender a fazer uma
leitura crítica de mensagens publicitárias a respeito de produtos
de consumo, aí incluídos os bens e serviços financeiros, as
pessoas se tornam equipadas para tomar decisões com mais
autonomia, isto é, consciente das pressões externas e mais de
acordo com suas reais necessidades (CONEF, 2014, p. 13).

Domingos (2011) aponta que comprar e gastar faz parte da nossa vida, e que
muitas mercadorias que estão a nossa disposição realmente são fundamentais,
porém, temos que fazer uma análise do nosso comportamento de consumo e
mudar os hábitos que não fazem bem para a nossa saúde e para as nossas
finanças, porque somos diariamente atingidos com mensagens publicitárias que
instigam a compra desnecessária.

Cerbasi (2003), em seu livro “Dinheiro: os segredos de quem tem”, aponta


que já foi comprovado em vários estudos que muitas compras realizadas pelas
pessoas acontecem por impulso e que, a grande razão dessas compras sem
planejamento são as eficientes estratégias de marketing criadas pelas empresas,
visto que grandes investimentos e tecnologias são utilizados pelas empresas para
que as pessoas sejam convencidas a levar um produto para a sua casa.

A todo instante somos bombardeados por apelos de marketing.


Durante nossas compras em supermercado não vemos o
produto que queremos. Ao invés disso, vemos embalagens
feitas para chamar nossa atenção, letras e formatos
chamativos, fotos de lugares e situações em que desejaríamos
estar, atendentes bonitas oferecendo amostras de artigos que
nunca pensamos em comprar. Artigos fúteis expostos ao lado
de bens de primeira necessidade. Embalagens promocionais,
embalagens novas, brindes que terão utilidade duvidosa em
nossos armários de casa. Leve doze e pague dez, e tantas
outras promoções que lhe empurram produtos e quantidades
além daqueles que você planejava comprar. É claro que há
casos em que essas promoções são realmente interessantes,
desde que você faça uso de todos os itens adquiridos
(CERBASI, 2003, p. 58).

67
Educação financeira na educação básica

Gustavo Cerbasi é autor de “Casais inteligentes enriquecem


juntos”, que já vendeu mais de 1 milhão de livros no Brasil.  Em
“Dinheiro: os segredos de quem tem”, o consultor Gustavo Cerbasi
explica o que fazer para começar agora mesmo a equilibrar as contas
e se aproximar da tão sonhada independência financeira. Cerbasi
mostra como simplificar temas, como aposentadoria, investimentos e
empreendedorismo. O autor também ensina que, com conhecimento
e organização, qualquer pessoa pode conquistar um futuro sólido e
tranquilo.
FONTE: <https://www.amazon.com.br/Dinheiro-os-segredos-quem-
tem/dp/8543103169>. Acesso em: 13 abr. 2020.

O CONEF (2014) apresenta no livro do professor “Educação financeira nas


escolas” algumas armadilhas psicológicas mais comuns e as atitudes que auxiliam
as pessoas a terem uma vida financeira mais saudável. Todos esses conceitos
são importantes para o ensino da educação financeira e podem ser explorados
em sala de aula com os estudantes. Veja no quadro a seguir as armadilhas
psicológicas.

QUADRO 1 – ARMADILHAS PSICOLÓGICAS

Autoconfiança exag- A pessoa tem certeza de que se algo acontecer ela resolverá
erada tudo sem problema. A pessoa, nesse caso, não enxerga suas
próprias limitações. Acredita que nada pode acontecer com
ela, apenas com os outros.
Avaliação subjetiva de Trata-se da distorção do valor que damos a coisas que
valor e eventos passa- passaram e o valor que elas tiveram. Primeiro, ficamos muito
dos mais presos ao passado recente, lembrando mais do que nos
aconteceu essa semana do que há dez anos. Fazemos essas
distorções contrastando coisas. Podemos não nos lembrar de
benefícios se eles foram introduzidos há mais tempo, pois os
incorporamos com rapidez, mas sentimos muito se eles forem
retirados.

68
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Aversão à perda, mas Em contextos de perda, é mais comum que se aceite correr
não necessariamente mais riscos, em nome de tentar evitar novas perdas ou de re-
aos riscos verter as que já ocorreram, e, em geral, o resultado é perder
mais ainda. O problema aqui é não aceitar que perdeu – e,
com isso, acabar perdendo a cabeça também.
Contabilidade mental É o hábito de pensar no dinheiro que ganhamos e nas nos-
sas despesas como coisas totalmente separadas. Dividimos
o que recebemos e o que gastamos em compartimentos inco-
municáveis, parecidos com gavetas ou pastas de um arquivo,
o que faz com que tomemos decisões não razoáveis.
Falta de atenção aos Pequenos gastos costumam ser desprezados, mas somados
pequenos valores acumulam grandes quantias. Por isso é importante anotar os
gastos e analisá-los, pode-se economizar bastante cortan-
do desperdícios, o que permite fazer poupança e manter
pequenos gastos que trazem prazer (lanche, cinema etc.).
Framing ou enquadra- A maneira como as informações são apresentadas influencia
mento a avaliação que se faz delas. As informações podem ser idên-
ticas, mas o impacto é diferente; por exemplo, se uma profes-
sora lhe diz: “você tem 90% de chance de passar no concurso
X”, ou “você tem 10% de chance de falhar no concurso”, a
informação não é diferente, mas o modo como se recebe a
notícia é bem diferente.
Imediatismo É pensar só no agora, sem se preocupar com suas conse-
quências ou no preço a pagar no futuro. Esse é um erro que
se comete muitas vezes quando se toma decisões importantes
sem parar para pensar, como é o caso de compras feitas por
impulso ou quando se começa um trabalho sem planejá-lo an-
tes. Nesses casos, as falhas na execução por imprevistos po-
dem pôr tudo a perder.
Influência dos outros Quando fazemos alguma coisa apenas para acompanhar os
outros, sem parar para pensar se é isso mesmo o que deseja-
mos ou precisamos fazer.
Ostentação Desejo de se exibir que pode levar uma pessoa a tentar com-
prar coisas acima da sua renda, seja para se sentir bem, seja
para impressionar parentes, amigos e vizinhos.
Otimismo excessivo Ocorre quando uma pessoa sempre acha que tudo vai dar cer-
to e, por isso, assume um risco exagerado porque tem certeza
de que nada de errado vai acontecer. Só que essa certeza não
é verdadeira, pois é a pessoa que não está vendo os riscos
que corre.

69
Educação financeira na educação básica

Percepção seletiva Quando uma pessoa só vê e escuta o que quer ver e ouvir.
Nesses casos, a pessoa simplesmente se recusa a enxergar
o que lhe desagrada ou algo que vá contra o que ela acredita.
Por exemplo, ela quer tanto comprar um telefone novo que se
convence de que ele está barato porque a prestação é só de
R$ 30,00. Quando alguém lhe fala que são dez prestações
que, somadas, dão R$ 300,00 e por isso o telefone está caro,
a pessoa não escuta. Ela só consegue perceber que o telefone
de que gostou custa “apenas” R$ 30,00 por mês.
FONTE: CONEF (2014, p. 35-37)

Agora, veja os conceitos que representam as atitudes mais adequadas que


auxiliam as pessoas a terem uma vida financeira mais saudável:

QUADRO 2 – ATITUDES MAIS ADEQUADAS


Autonomia Capacidade de determinar o que é importante, entender que
você é o agente das mudanças em sua vida e o responsável
pelas consequências de seus atos. Dois fatores que con-
tribuem para reduzir a autonomia pessoal são a tendência a
imitar os outros e as fantasias de que as outras pessoas estão
se dando melhor na vida do que você, o que leva a um desejo
de querer alcançá-las ou mesmo superá-las.
Compreensão da Apresentada não somente com o conceito de proteção do pat-
noção de risco rimônio, como também na relação risco/retorno associada aos
investimentos.
Controlar as despesas Anotar as próprias despesas por algum tempo, um mês, uma
semana, é o primeiro passo para se economizar. Afinal, para
reduzir despesas é preciso primeiro saber em que se está ga-
stando. Às vezes a gente descobre que está gastando muito
com coisas que julgamos pouco importantes.
Consumo criterioso Planejar para evitar compras por impulso, ter noção do que
é realmente importante para você. Trabalhamos a diferença
entre valor e preço, bem como apontamos para os riscos de
desperdício, dos riscos de uso dos cartões de débito e crédito.
Disciplina É preciso disciplina para manter a poupança realizada, pois a
tentação de gastar aquele dinheiro que restou no fim do mês
é grande. Isso requer organização e esforço para cumprir o
planejado e usar bem a poupança feita.

70
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Percepção financeira É preciso saber o que são taxas de juros, como funcionam
(pelo menos conceitualmente), entender a diferença entre em-
préstimo e financiamento etc. Assim, podem-se evitar erros
como não somar todas as despesas, mantendo-as individual-
mente e tendo surpresas desagradáveis no futuro, quando as
contas tiverem que ser pagas; contar com mais dinheiro do que
de fato terá no futuro, misturando receita certa com a duvidosa.
Planejamento Contribui para evitar o vício cultural do “imediatismo”.
FONTE: CONEF (2014, p. 38)

Diante disso, podemos dizer que uma população bem informada e educada
financeiramente pode tomar decisões financeiras mais responsáveis e ter atitudes
mais adequadas que auxiliam as pessoas a terem uma vida financeira mais
saudável. Nesse sentido, a educação financeira na sala de aula pode ajudar os
estudantes a refletirem sobre suas práticas financeiras, auxiliando na tomada de
decisões autônomas e responsáveis baseadas em mudança de atitude.

Objetivo 4: Formar multiplicadores

Com a implantação da educação financeira nas escolas, nós, professores,


podemos colaborar para uma formação mais crítica das crianças e dos jovens,
que podem ajudar suas famílias na definição de seus objetivos de vida, como
também nos meios mais adequados para alcançar esses objetivos. Segundo o
CONEF (2014), famílias gastadoras geram filhos gastadores, da mesma forma
que filhos poupadores vêm de famílias poupadoras.

Assim, a tendência gastadora, por meio de conhecimentos relacionados à


educação financeira levados pelos estudantes para suas famílias, talvez possa
ser controlada. Por isso, o público beneficiário da educação financeira não se
restringe apenas ao público escolar, pois através dele, pode-se atingir um número
maior de pessoas, ampliando assim a disseminação de conhecimentos que são
úteis para a vida na sociedade atual (CONEF, 2014).

Perceba, caro acadêmico, que esses quatro primeiros objetivos se relacionam


com a dimensão espacial da educação financeira, enquanto os dois últimos, que
serão apresentados a seguir, estão relacionados com a dimensão temporal e
estão voltados para a associação entre o passado, o presente e o futuro.

Objetivo 5: Ensinar a planejar em curto, médio e longo prazos

O quinto objetivo da educação financeira nas escolas é ensinar a planejar


em curto, médio e longo prazos. Segundo o CONEF (2014, p. 14) “a Educação
Financeira intenciona conectar os distintos tempos, conferindo às ações do

71
Educação financeira na educação básica

presente uma responsabilidade pelas consequências do passado”. Por isso, os


autores ainda defendem que “para alcançar determinada situação, é necessário
um planejamento que contemple distintas etapas de execução, envolvendo
priorizações e renúncias que não seriam cogitadas pelo pensamento exclusivo do
presente” (CONEF, 2014, p. 14).

Pensando no caso das séries iniciais do Ensino Fundamental, o CONEF


(2014, p. 14) ressalta que os estudantes “[...] experimentam majoritariamente
o planejamento de situações de curto prazo, mas são também estimulados a
imaginar ações e suas respectivas repercussões no médio e longo prazos mesmo
que só o façam qualitativamente, ou seja, sem uma quantificação precisa dos
tempos futuros”.

Nesse sentido, com a educação financeira na escola, podemos ajudar as


crianças e os jovens desde cedo, ou seja, desde os anos iniciais da educação
básica, a terem consciência sobre a importância do planejamento em curto,
médio e longo prazos, e quais são os benefícios e vantagens desse planejamento
na vida das pessoas.

Objetivo 6: Desenvolver a cultura da prevenção

Por fim, o último objetivo da educação financeira nas escolas, segundo o


CONEF (2014), é desenvolver a cultura da prevenção. Primeiramente, devemos
entender que prevenção é a ação ou o efeito de prevenir, agir por antecipação.
Além disso, definimos prevenção como um conjunto de atividades e medidas que,
feitas com antecipação, buscam evitar um dano ou mal.

Segundo o CONEF (2014, p. 14), o ser humano passa, nos dias de hoje,
mais tempo na condição de aposentado do que no passado e, esse aumento,
em termos nacionais, “[...] constitui um quadro financeiro delicado, uma vez que
a pessoa deverá sobreviver com os recursos da aposentadoria por um período
mais longo, o que requer um planejamento desde cedo”. É importante destacar
que isso se deve à expectativa de vida das pessoas no Brasil, que se ampliou
com o tempo.

Além desse quadro, é prudente planejar pensando nas


intempéries da vida. Ninguém está isento de enfrentar
situações adversas e inesperadas que, por vezes, exigem
o dispêndio de uma quantidade de dinheiro não prevista no
orçamento. Para garantir maior tranquilidade diante de tais
situações é preciso conhecer progressivamente, conforme a
idade o permita, o leque de opções disponíveis, tais como evitar
desperdícios, guardar dinheiro, contratar ou não os seguros,
os investimentos ou ainda planos de previdência (pública ou
privada). Conquanto os alunos mais jovens estejam distantes

72
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

de algumas dessas opções, é importante plantar as bases da


prevenção, o que se faz por meio de um trabalho sistemático
de construção do cuidar do que é valioso para si próprio e para
a sociedade (CONEF, 2014, p. 15).

No Capítulo 3, estudaremos sobre futuro financeiro: poupança, investimento,


prevenção, proteção e aposentadoria.

Para finalizar o sexto e último objetivo da educação financeira nas escolas,


o CONEF (2014) destaca que é muito importante compreendermos a distinção
entre “conhecimento social” e “conhecimento lógico” para que se esclareça como
os conceitos de educação financeira muitas vezes associados à vida adulta
poderão fazer parte da vida infantil. “O conhecimento social se refere àquele que
se limita a promover familiaridade com determinadas palavras ou termos, ou seja,
empresta-lhes um significado inicialmente vago, mas já suficiente para alocá-los
em categorias amplas” (CONEF, 2014, p. 15).

Um exemplo de conhecimento social é quando uma criança (desde a tenra


idade) é capaz de relacionar a palavra “salário” a dinheiro, mesmo que ela não
tenha o menor acesso à composição do salário e as suas relações com outras
variáveis, como impostos ou aposentadoria. Da mesma forma, essa criança pode
ser capaz de contar até 100 sem que, necessariamente, ela compreenda que 100
é igual a 10 vezes 10 e que, ao mesmo tempo, é o dobro de 50 e a décima parte
de 1000 (CONEF, 2014).

Afinal, o que isso quer dizer? Isso significa que “[...] no que se refere a temas
do cotidiano [...] não é preciso aguardar que uma criança seja madura o suficiente
para compreender um determinado conceito em toda a sua complexidade lógica”
(CONEF, 2014, p. 15). Por fim:

Antes, é mesmo desejável que tenha oportunidades específicas


para entrar em contato com os mais variados aspectos do dia
a dia de sua vida familiar e do seu entorno para que possa
construir os necessários conhecimentos sociais sobre os quais
se assentará a sistematização dos conhecimentos lógicos
formais dos anos subsequentes (CONEF, 2014, p. 15).

73
Educação financeira na educação básica

Tenra idade é a designação para crianças de poucos anos,


ingênuas, que não têm ainda um espírito amadurecido, e que,
geralmente, têm menos de 10 anos de idade.

Desse modo, as autoras Godfrey e Edwards (2007) ressaltam que não é


preciso ensinar todos os conceitos de educação financeira enquanto as crianças
estiverem no jardim de infância, porém, nunca se é jovem demais para começar
a aprender sobre dinheiro e seu valor. “As crianças tomam conhecimento do
dinheiro logo que começam a interagir com o mundo que as rodeia. Isso significa
que você pode começar a ensinar a elas os princípios da administração financeira
em idade surpreendentemente precoce” (GODFREY; EDWARDS, 2007, p. 13).

Em um mundo em que a segurança financeira é incerta, a


ignorância não é uma bênção. Parece haver algo errado em
aprofundarmos demais nossos conhecimentos sobre dinheiro,
e é inegável que as crianças deveriam preservar a inocência
por mais tempo. Mesmo assim, apesar de todo o nervosismo
que podemos sentir com relação ao dinheiro, não podemos
permitir que esse sentimento leve a ignorância financeira para
outra geração de crianças. A resposta está na educação. Bem
mais depressa do que pensamos, nossas crianças estarão em
um mundo em que terão de comprar carros, lidar com cartões
de crédito, pagar empréstimos estudantis, controlar carteiras
de investimentos, cuidar de pais idosos e se preocupar com a
própria aposentadoria (GODFREY; EDWARDS, 2007, p. 12-
13).

Desse modo, podemos dizer que, o ensino da educação financeira na


escola desde cedo, aliado com o desenvolvimento da cultura da prevenção, pode
contribuir para as crianças e jovens futuramente evitarem situações financeiras
desagradáveis e, caso aconteça algum imprevisto, estejam preparados para lidar
com a situação de maneira consciente e responsável.

Caro acadêmico, após compreendermos os seis objetivos da educação


financeira nas escolas, perceba que os quatro primeiros objetivos que estudamos,
que são: (i) formar para cidadania; (ii) ensinar a consumir e poupar de modo ético,
consciente e responsável; (iii) oferecer conceitos e ferramentas para tomada de
decisão autônoma baseada em mudança de atitude; e (iv) formar multiplicadores,
se relacionam com a dimensão espacial da educação financeira, enquanto os
dois últimos: (v) ensinar a planejar a curto, médio e longo prazos; e (vi) desenvolver
a cultura da prevenção, estão relacionados com a dimensão temporal, e estão
voltados para a associação entre o passado, o presente e o futuro.

74
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Veja a seguir a figura que apresenta a conexão entre os objetivos espaciais,


os objetivos temporais e as suas competências.

FIGURA 3 – QUADRO COM A RELAÇÃO ENTRE OBJETIVOS


ESPACIAIS, OBJETIVOS TEMPORAIS E COMPETÊNCIAS

FONTE: CONEF (2014, p. 17)

75
Educação financeira na educação básica

A partir desse quadro, foi criado o “Decágono de Competências”, que, segundo


o CONEF (2014), é o principal instrumento para se manter o compromisso com a
aprendizagem do estudante, e que ilustra as múltiplas relações das competências
entre si.

FIGURA 4 – DECÁGONO DAS COMPETÊNCIAS

FONTE: CONEF (2014, p. 18)

Diante das competências apontadas, podemos, por fim, concluir que a


educação financeira na escola pode proporcionar reflexões importantes para
tornar as crianças e os jovens pessoas independentes e preparadas para lidar
com diversas situações financeiras em seu dia a dia, colaborando para um
presente e para um futuro melhor. Como ressalta D’Ambrosio (1996, p. 80). “[...]
o grande desafio para a educação é pôr em prática hoje o que vai servir para o
amanhã [...] os efeitos da prática de hoje vão se manifestar no futuro”.

76
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Nesse momento, reveja o que você estudou nesse primeiro


tópico realizando as seguintes atividades de estudo. Leia as
seguintes questões e, em seguida, responda:

1 Vimos que a educação financeira pode ajudar as pessoas a


cuidarem do seu dinheiro e dos investimentos, colaborando para
que elas tenham consumos e uma vida financeira consciente. Por
isso, diante do que você estudou nesse primeiro tópico, explique
o que é educação financeira.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

2 Alguns autores estudiosos sobre educação financeira alertam que


o ensino da educação financeira é pouco trabalhado no ambiente
escolar, logo, muitos jovens estão concluindo a educação básica
sem nenhum aprendizado sobre situações financeiras. Nesse
sentido, sobre a importância do ensino da educação financeira
em sala de aula, analise as sentenças a seguir:

I. Para iniciar o estudo da educação financeira em sala de aula,


primeiramente, o professor deve deixar claro para os estudantes
o que é educação financeira.
II. A educação financeira deve ser abordada pelos professores
somente nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino
Médio.
III. Quando a educação financeira é ensinada em sala de aula, os
estudantes podem se tornar cidadãos mais responsáveis e
conscientes com o seu futuro financeiro.

Agora, assinale a alternativa que corresponde às sentenças corretas:

( ) I e II.
( ) I e III.
( ) II e III.
( ) I, II e III.

77
Educação financeira na educação básica

3 A educação financeira é o meio de prover conhecimentos e


informações sobre comportamentos básicos que contribuem
para melhorar a qualidade de vida das pessoas e de suas
comunidades. Diante disso, responda: qual a importância da
educação financeira na vida das pessoas?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
________________________________________________.

4 Com relação à educação financeira, sua crescente relevância nos


últimos anos vem ocorrendo em decorrência do desenvolvimento
dos mercados financeiros e das mudanças demográficas,
econômicas e políticas. Nesse sentido, analise as sentenças a
seguir e classifique V para as verdadeiras e F para as falsas:

( ) A educação financeira é importante para os consumidores,


visto que ela auxilia as pessoas a gerirem a sua renda com
responsabilidade.
( )A educação financeira contribui para as pessoas pouparem e
investirem com responsabilidade e consciência.
( )A educação financeira é um tema que está relacionado à forma
como compreendemos o dinheiro e todas as informações
relacionadas a ele.
( )A educação financeira é importante apenas para pessoas com
baixa renda.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:

( ) V – V – F – F.
( ) V – V – V – F.
( ) F – V – V – V.
( ) F – F – F – V.

78
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

3 EDUCAÇÃO FINANCEIRA E NOSSA


RELAÇÃO COM O DINHEIRO
Após estudarmos o que é educação financeira e a sua importância na escola
e na vida das pessoas, nesse segundo tópico estudaremos a relação da educação
financeira com o dinheiro.

O Banco Central do Brasil (2013) destaca que, desde cedo, todas as pessoas
começam a lidar com uma série de situações ligadas às finanças e que, para tirar
melhor proveito do nosso dinheiro, é muito importante sabermos como utilizá-lo da
melhor forma possível. “O aprendizado e a aplicação de conhecimentos práticos
de educação financeira podem contribuir para melhorar a gestão de nossas
finanças pessoais, tornando nossas vidas mais tranquilas e equilibradas sob o
ponto de vista financeiro” (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 11).

Se pararmos para pensar, estamos sujeitos a um mundo


financeiro muito mais complexo que o das gerações anteriores.
No entanto, o nível de educação financeira da população não
acompanhou esse aumento de complexidade. A ausência de
educação financeira, aliada à facilidade de acesso ao crédito,
tem levado muitas pessoas ao endividamento excessivo,
privando-as de parte de sua renda em função do pagamento
de prestações mensais que reduzem suas capacidades de
consumir produtos que lhes trariam satisfação. Infelizmente,
não faz parte do cotidiano da maioria das pessoas buscar
informações que as auxiliem na gestão de suas finanças.
Para agravar essa situação, não há uma cultura coletiva, ou
seja, uma preocupação da sociedade organizada em torno do
tema. Nas escolas, pouco ou nada é falado sobre o assunto.
As empresas, não compreendendo a importância de ter seus
funcionários alfabetizados financeiramente, também não
investem nessa área (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013,
p. 11).

Esse problema também é encontrado em muitas famílias que não têm o


hábito de reunir as pessoas que moram na mesma casa para discutir e elaborar
um orçamento familiar. Já entre os amigos, assuntos ligados à gestão financeira
pessoal e familiar muitas vezes são considerados invasão de privacidade,
logo, pouco é conversado sobre esse tema. “Embora todas as pessoas lidem
diariamente com dinheiro, poucos se dedicam a gerir melhor seus recursos.
Talvez esse aparente desinteresse decorra do fato de acharmos que sabemos
mais sobre o uso do dinheiro do que realmente sabemos [...]” (BANCO CENTRAL
DO BRASIL, 2013, p. 11). Portanto, muitas vezes essa “falsa sensação” de que
dominamos todos os assuntos relacionados a dinheiro e à gestão financeira faz
com que nós não discutamos sobre esse assunto com outras pessoas.

79
Educação financeira na educação básica

Momento reflexão: caro acadêmico, como você lida com o seu


dinheiro? Na sua opinião, você administra bem os seus recursos
financeiros? Você domina os assuntos relacionados à gestão
financeira?

Agora, uma ideia que temos de estar cientes é a de que usamos o nosso
dinheiro no dia a dia para trocá-lo por alguma coisa, certo? Entretanto, é importante
ressaltar que quando compramos algo, não estamos simplesmente fazendo uma
troca, pois fazer uma escolha de consumo envolve uma série de informações.

As emoções despertam, em muitas pessoas, a sensação de prazer de


compra, de satisfazer um desejo, ou, para muitos, de ter um determinado status.
Muitas pessoas não gostam de encarar as frustações que surgem diante de
uma impossibilidade de compra, por isso, para essas pessoas, muitas vezes, as
emoções podem pesar mais que a razão no momento de usar o dinheiro (BUAES;
COMERLATO; DOLL, 2015).

Status significa a posição social de um indivíduo, o lugar que ele


ocupa na sociedade, ou seja, a “situação”, o “estado” ou a “condição”
de um indivíduo em um determinado momento ou circunstância.

É importante destacar, caro acadêmico, que apesar de o dinheiro ser


essencial para todas as pessoas viverem, ele possui diferentes sentidos para
cada um. Se para algumas pessoas “[...] ter dinheiro significa felicidade e bem-
estar, para outros pode ser fonte de preocupação e problemas. Muitos fazem uso
do dinheiro para exercer o poder, impressionar ou controlar pessoas e impor a
dependência. Acham que é o dinheiro que os faz serem respeitados” (BUAES;
COMERLATO; DOLL, 2015, p. 26).

80
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Leia sobre a origem do dinheiro acessando o site da casa da


moeda do Brasil através do link: https://www.casadamoeda.gov.br/
portal/socioambiental/cultural/origem-do-dinheiro.html. Uma dica é
trazer textos como esse para iniciar uma abordagem sobre dinheiro
em sala de aula e para despertar o interesse dos estudantes no
assunto.

A palavra dinheiro vem do latim denarius, nome dado a uma


antiga moeda romana. Essa palavra foi usada para denominar uma
moeda de prata e cobre que circulava em Castilha, na Espanha, e
depois foi utilizada para todas as moedas e todo o tipo de dinheiro.

Para os autores Buaes, Comerlato e Doll (2015), nós usamos o dinheiro


para satisfazer as nossas necessidades, sejam elas prioridades ou não, e essas
necessidades podem variar de acordo com diversos fatores, tais como:

• Nossas condições econômicas, sociais e culturais.


• Momentos e situações de vida pelos quais passamos, como doenças,
acidente, desemprego, divórcio/separação, a chegada de um filho,
celebrações (como casamento, formatura), aquisição da casa própria,
investimento em um negócio próprio, entre outras situações.
• A etapa da vida, pois as necessidades que temos na infância, na
juventude, na vida adulta e na velhice, são diferentes e variam em
termos de custos. Normalmente, o custo de vida tende a aumentar com o
avanço da idade, e passamos a ter mais despesas com saúde, cuidados,
medicamentos e bem-estar.

Warren Edward Buffett, considerado nos dias de hoje o “rei do mercado


financeiro”, é o investidor de maior sucesso na atualidade (2020), com o patrimônio
de aproximadamente 87,1 bilhões de dólares (fortuna em 2019). Buffet aponta
que há duas regras a respeito do dinheiro:

81
Educação financeira na educação básica

• Regra número 1: nunca perca dinheiro.


• Regra número 2: nunca esqueça a regra número 1 (BUFFETT; CLARCK,
2007).

Para seguirmos a regra de Buffett, de nunca perder dinheiro, precisamos


obviamente saber planejar nossos gastos, saber controlar e utilizar o nosso
dinheiro com sabedoria, consciência e responsabilidade. Por esse motivo, é
importante ensinarmos as crianças e os jovens desde cedo sobre dinheiro e
planejamento financeiro consciente e responsável.

Godfrey e Edwards (2007) apontam que, usualmente, as pessoas entendem


que o dinheiro deve ser economizado. No entanto, as autoras ressaltam que
devemos ensinar às crianças que economizar dinheiro é importante, contudo, o
modo de gastá-lo com responsabilidade e sabedoria tem a mesma relevância.
As autoras também defendem que economizar dinheiro é algo que deve ser
ensinado às crianças e aos jovens da mesma maneira que escovar os dentes ou
fazer a lição de casa.

Em seu livro “Terapia financeira: realize seus sonhos com educação


financeira”, Domingos (2011) relata pesquisas apontando que a maioria das
pessoas que ficam milionárias inesperadamente, em pouco tempo, volta a sua
condição atual. O autor questiona: por que isso acontece? E responde: essas
pessoas não sabem gerir o dinheiro. O autor também defende a ideia de que, não
importa quanto dinheiro a pessoa possui, mas sim, como ela administra o que
tem.

Domingos (2011) ressalta que as pessoas nos dias de hoje vivem em


uma sociedade totalmente consumista, e mesmo que a saúde financeira de
uma pessoa seja a melhor possível, há uma necessidade de pensar antes de
comprar para evitar as compras por impulso. “Isso vale desde uma bijuteria até
um automóvel. Não importa o preço. Importa o porquê do consumo. Se for por
impulso, esqueça” (DOMINGOS, 2011, p. 51). O autor também alerta sobre a
importância das pessoas em assumir o controle da sua vida financeira e aprender
a diagnosticar para onde vai o seu dinheiro e a identificar os gastos supérfluos e
em excesso.

Com relação aos ensinamentos dos pais para os seus filhos, Domingos
(2011) destaca que muitos pais tentam mostrar para os seus filhos como é
importante ganhar dinheiro, mas o problema é que são poucos os pais que se
preocupam em preparar seus filhos para controlar esse dinheiro, até porque nem
mesmo eles possuem esse conhecimento para serem capazes de fornecer essa
orientação.

82
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Cerbasi (2006), em seu livro “Filhos inteligentes enriquecem sozinhos:


como preparar seus filhos para lidar com o dinheiro”, apresenta diversas
concepções sobre a importância da consciência dos pais com relação aos seus
comportamentos, sendo que crianças são muito influenciadas pelas atitudes
das pessoas que convivem com elas. Assim, o autor destaca as principais
características comportamentais e o papel dos pais em cada idade da criança até
a sua adolescência:

• De 0 a 2 anos de idade as crianças não possuem desejos associados


ao dinheiro, porém, se interessam pelas atitudes dos seus pais. Nessa
idade, o papel dos pais é dar o exemplo através de seus comportamentos,
sendo que esses certamente serão copiados pelos filhos.
• De 3 a 4 anos de idade, a realização de desejos está associada ao ato de
comprar, mas isso depende especialmente do dinheiro e da vontade dos
pais, sendo que nessa idade os pais devem evitar banalizar o consumo e
estabelecer regras para o dinheiro.
• De 5 a 6 anos de idade as crianças possuem a ideia que interagir com
estranhos sem a presença de um adulto é possível. Nessa idade, os pais
devem cultivar a independência dos filhos, permitindo que eles interajam
com vendedores e utilizem o dinheiro em pequenas compras.
• De 7 a 10 anos de idade as crianças compreendem a quantificação de
valores com o aprendizado da matemática, sendo que o papel dos pais
é conversar sobre dinheiro, sustento da família, objetivos dos estudos e
escolha da profissão.
• De 11 a 14 anos de idade as crianças já possuem a percepção das suas
responsabilidades, e os pais devem desenvolver a liberdade dos seus
filhos, por exemplo, com a prática da mesada ou da oferta de recursos
de uso livre, como também incluir os filhos nas tarefas de organizar a
vida financeira familiar.
• Acima de 15 anos de idade a necessidade de assumir papéis típicos dos
seus pais e dos adultos começa a aparecer. O papel dos pais é conversar
com seus filhos sobre temas relacionados com a administração pessoal,
o uso de bancos, além incentivar a formação de poupança e controle de
desejos, comparando com investimentos necessários.

Nesse sentido, é importante destacar que o papel dos pais em cada idade
da criança até a adolescência, apresentado por Cerbasi (2006), pode servir
como referência para os professores, para que estimulem as percepções
dos estudantes em sala de aula, para uma educação financeira consciente e
responsável conforme cada faixa etária dos estudantes.

83
Educação financeira na educação básica

2.1 DINHEIRO, SOCIEDADE E


CONSUMO
Buaes, Comerlato e Doll (2015) apontam que atualmente o consumo assumiu
um papel central. Os autores destacam que, antes, a sociedade era baseada na
produção de bens pelo trabalho, ou seja, as pessoas trabalhavam para produzir
e que, muito do que era produzido era para o consumo próprio, e aquilo que
sobrava, era trocado ou vendido. Já hoje:

[...] as pessoas trabalham para consumir. Na evolução da


sociedade de trabalho para a sociedade de consumo, com os
avanços da industrialização, houve um aumento de produção
em amplas proporções. Desse modo, a economia depende
da comercialização dessa produção e, para isso, diversas
estratégias são utilizadas pelo governo e pelas empresas
para impulsionar o consumo. Essas estratégias incluem
desde medidas econômicas, como a oferta de crédito, até o
desenvolvimento de publicidades cada vez mais sofisticadas e
sedutoras (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015, p. 11).

Para que esse tipo de sociedade exista, é necessária a produção de objetos,


mas, sobretudo, é necessário, infelizmente, continuar gerando a necessidade de
consumo. Assim, uma das estratégias é criar produtos que têm curta durabilidade,
seja pela baixa qualidade do produto ou pela constante criação de objetos mais
modernos, que aparecem para as pessoas como objetos necessários. Um
exemplo que podemos citar são os telefones celulares, com suas diferentes
marcas, modelos e funções. Com isso, muitas pessoas vivem uma permanente
sensação de atraso, incentivadas a consumir continuamente (BUAES;
COMERLATO; DOLL, 2015).

Nesse sentido, Buaes, Comerlato e Doll (2015) defendem que, cada vez
mais as pessoas estão se endividando para satisfazer as suas necessidades de
consumo, e que esse problema está aliado à facilidade de contratar empréstimos,
às compras parceladas e ao uso de cartões de crédito. Os autores também
apontam que:

A busca por prazer está cada vez mais atrelada à possibilidade


de ter determinados produtos, e a felicidade passou a ser
medida pelos objetos que se consegue adquirir. Hoje em
dia, temos pavor de adiar um prazer que pode ser imediato;
evitamos a frustração e preferimos a satisfação instantânea de
nossos desejos. Isso é facilitado pela ampla oferta de crédito,
pelo uso dos cartões de créditos e por outras formas de
financiamento. O fato de muitas transações comerciais serem
feitas sem o uso direto do dinheiro não torna visíveis os valores
reais que saem do nosso bolso. Não é raro que as pessoas,

84
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

após obterem seu objeto de desejo, sintam-se novamente


frustradas ao ver passar aquele momento de euforia imediata.
Passam, então, a consumir novamente, construindo para si
uma roda viva de consumo-dívida (BUAES; COMERLATO;
DOLL, 2015, p. 12).

Infelizmente, as consequências desse consumismo podem ser drásticas.


“As pessoas chegam ao ponto de consumir além das suas possibilidades,
para obter reconhecimento social. Isso porque as pessoas são cada vez mais
valorizadas pela aparência, pelo que mostram ter” (BUAES; COMERLATO;
DOLL, 2015, p. 13). É importante destacar que situações como essa podem
causar o superendividamento, levando a pessoa, muitas vezes, ao sofrimento e
ao sentimento de culpa e vergonha.

No próximo capítulo, estudaremos sobre consumo planejado e consciente.

Cerbasi (2003) aponta que em diversas situações nós deixamos de


economizar dinheiro porque não analisamos corretamente uma proposta de
compra, ou até mesmo por não saber negociar. “Assim como perdemos dinheiro
com frequência impressionante, constantemente deixamos de aproveitar ao
máximo o vendedor potencial que há dentro de nós ou a nossa capacidade de
análise” (CERBASI, 2003, p. 57).

“Você conhece o vírus do consumo? Criado nos laboratórios de marketing,


é extremamente perigoso para a humanidade. Ataca o cérebro, mas os efeitos
colaterais mais graves surgem em um dos pontos mais sensíveis do corpo
humano no longo prazo: o bolso” (CERBASI, 2003, p. 57).

Alves (2014) enfatiza que os estudantes nos dias de hoje estão sendo
frequentemente bombardeados por propagandas que apelam para o consumo e
vivem em uma sociedade altamente consumista. Por isso, para o autor, é preciso
evidenciar a importância da educação financeira por meio de resoluções de
problemas com situações que os estudantes enfrentam no seu dia a dia. “[...] é
importante ressaltar que os alunos estão inseridos em uma economia capitalista,
na qual as empresas estão em busca do aumento da lucratividade, muitas vezes,
desconsiderando a ética ao utilizar a mídia de maneira desonesta ou dissimulada”
(ALVES, 2014, p. 16).

É comum percebermos o quanto as propagandas publicitárias instigam as


pessoas a comprar em determinadas épocas do ano, principalmente em épocas
que antecedem algumas datas comemorativas, como Natal, dia das mães, dia dos
pais, dia das crianças, dia dos namorados, páscoa etc., incentivando a aquisição
de mercadorias nessas datas.

85
Educação financeira na educação básica

Em meados de janeiro e fevereiro é comum ouvirmos notícias nas mídias


sobre o endividamento da população, sendo que o principal motivo são as compras
de fim de ano, tais como presentes, gastos com festas e viagens de férias. Outro
motivo do endividamento da população no início do ano são os gastos com IPTU,
Imposto de Renda e material escolar para os filhos. Lembrando que as dívidas
não planejadas podem ser evitadas se as pessoas tiverem consciência do quanto
ganham e do quanto gastam, e uma alternativa é planejar os seus gastos.

Uma notícia publicada no site do SPC Brasil em janeiro de 2020, mostra que
em cada 10 brasileiros, apenas 1 tem renda suficiente para pagar as despesas de
início de ano.

FIGURA 5 – NOTÍCIA SOBRE DESPESAS DE INÍCIO DE ANO

FONTE: <https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas/
pesquisa/7140>. Acesso em: 25 abr. 2020.

De acordo com essa mesma pesquisa, na média, o brasileiro que parcelou


suas compras natalinas vai terminar de pagar essas prestações somente no mês
de abril, ou seja, terá seu orçamento comprometido até o primeiro trimestre do
ano.

Tolotti (2007, p. 31) apresenta que uma pessoa pode ser considerada
endividada “[...] quando não consegue cumprir seus compromissos financeiros e
possui um atraso que oscila entre 1 mês e 3 meses”. A autora ressalta que o
endividamento pessoal pode ser dividido em dois grupos:

• endividamento passivo;
• endividamento ativo.

O endividamento passivo acontece quando existe um aumento de dívidas por


consequência de alguma situação que é alheia à vontade da pessoa, por exemplo,
doença, morte, desemprego, algum acidente ou até mesmo separação. Já o
endividamento ativo é caracterizado por uma quantidade de dívidas adquiridas
por escolhas erradas, ou seja, originadas por uma má gestão financeira. São

86
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

considerados endividados ativos aquelas pessoas que, independentemente


dos rendimentos que possuem, encontram-se constantemente endividadas,
e, geralmente, não se programam para imprevistos (TOLOTTI, 2007). A autora
também defende que, de qualquer modo, o endividamento é um problema que,
no mínimo, tira o sossego, a autoestima e a segurança do devedor.

Uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito)


e pelo CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) em março de 2020
mostra que 8 em cada 10 inadimplentes sofreram impacto emocional negativo por
conta das dívidas. A pesquisa também mostrou que a ansiedade foi o sentimento
negativo mais citado no levantamento, atingindo 63% dos entrevistados, enquanto
43% apresentaram alteração no sono e 25% passaram a comprar mais do que de
costume.

FIGURA 6 – NOTÍCIA SOBRE IMPACTO EMOCIONAL


NEGATIVO POR CONTA DAS DÍVIDAS

FONTE: <https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas>. Acesso em: 25 abr. 2020.

Segundo o SPC Brasil (2020), estar com as contas em atraso é um


problema que afeta a vida financeira, a saúde física e a saúde mental das
pessoas. Além disso, as dívidas podem impactar na dimensão profissional e
social dos inadimplentes. Nessa mesma pesquisa foi apontado que 3 em cada 10
entrevistados ficaram mais desatentos ou menos produtivos no trabalho e/ou nos
estudos após descobrirem que estavam endividados.

O Banco Central do Brasil (2013) destaca que o endividamento excessivo


pode trazer sérias consequências financeiras e, até mesmo, morais.

Como consequências financeiras do endividamento excessivo,


podemos citar: perda de patrimônio, comprometimento da
renda com pagamento de juros e multas punitivas, redução
do consumo futuro etc. Eventualmente, se a dívida virar
inadimplência, o indivíduo pode passar a ter o seu
nome inscrito em um ou mais cadastros de restrição ao
crédito, como Serasa ou Serviço Central de Proteção ao
Crédito (SCPC). No caso de quem emitiu cheques sem a
suficiente provisão de fundos, o nome vai para o Cadastro de
Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF). Uma pessoa que

87
Educação financeira na educação básica

esteja com elevado grau de endividamento acaba, em geral,


comprometendo sua qualidade de vida e de sua família, muitas
vezes desestruturando o núcleo familiar. Tomar os cuidados
para não cair no endividamento pode evitar esses dissabores
financeiros e morais, porém, se o superendividamento já é uma
realidade, a opção é buscar alternativas para sair dele (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 31, grifo dos autores).

No site da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços


e Turismo), podemos encontrar a Pesquisa Nacional de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (PEIC). A análise PEIC é apurada mensalmente
pela CNC desde janeiro de 2010, e os dados são coletados com aproximadamente
18 mil consumidores de todas as capitais dos Estados e Distrito Federal.

Os principais indicadores da PEIC são: percentual de famílias


endividadas, percentual de famílias com contas ou dívidas em
atraso, percentual que não terá condições de pagar dívidas, nível
de endividamento, principais tipos de dívidas, tempo de atraso no
pagamento e tempo de comprometimento com dívidas.

A análise PEIC de abril de 2020 aponta que o percentual de famílias com


dívidas aumentou em abril de 2020, comparado com o mês anterior (março) e
com abril de 2019, alcançando novo recorde histórico. Houve estabilidade no
percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso na passagem de março
para abril, mas aumentou na comparação anual. O percentual de famílias que
relataram não ter condições de pagar suas contas em atraso reduziu-se em
relação a março, porém também aumentou em relação ao mesmo mês do ano
passado (CNC, 2020).

FIGURA 7 – ANÁLISE PEIC DE ABRIL DE 2020

FONTE: CNC (2020, p. 1)

88
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Nessa mesma pesquisa também foi apontado que o cartão de crédito


segue em primeiro lugar nos principais tipos de dívida por 77,6% das famílias
endividadas, seguido por carnês, para 17,5% e, em terceiro, por financiamento de
veículos, para 10,2%.

FIGURA 8 – TIPO DE DÍVIDA (% DE FAMÍLIAS) EM ABRIL DE 2020

FONTE: CNC (2020, p. 2)

Obs.: Em renda familiar mensal, “SM” significa salários mínimos.

Você, professor, pode acessar o site da CNC e retirar os dados


atuais sobre endividamento para utilizar em sala de aula com os
estudantes. Nesse site você encontra também a ICF (Pesquisa
de Intenção de Consumo das Famílias), que é um indicador com
capacidade de medir a avaliação que os consumidores fazem sobre
aspectos importantes da condição de vida de sua família, tais como
a sua capacidade de consumo (atual e de curto prazo), nível de
renda doméstica, segurança no emprego, entre outros, que também
são dados atuais que você pode utilizar em sala de aula com os
estudantes. Disponível em: http://cnc.org.br/.

89
Educação financeira na educação básica

2.2 PUBLICIDADES E PROPAGANDAS


Para finalizar esse tópico que trata sobre educação financeira e dinheiro, não
podemos deixar de refletir sobre o quanto as publicidades e propagandas instigam
as pessoas a consumir e, muitas vezes, gastar dinheiro sem necessidade. Muitas
propagandas são criadas justamente para as pessoas ficarem com o desejo de
comprar.

Os autores Buaes, Comerlato e Doll (2015) apontam que muitas publicidades


prometem que é muito fácil comprar. Com a propaganda a pessoa observa que
pode adquirir o objeto e pagar em muitas parcelas, o que gera a impressão de
caber no orçamento pessoal ou familiar, como o uso de expressões “apenas 59,90
por mês”, “menos de 20 reais por mês”, entre outras estratégias de publicidade.

Em outras publicidades podemos observar que o pagamento pode ser


realizado mais tarde caso você não tenha dinheiro no momento da compra, como
“pague só depois do carnaval”, “compre agora, mas só pague daqui a 60 dias”,
entre outros. “É bom saber um pouco como a publicidade trabalha para entender
como ela consegue provocar desejo em nós. Tanto que a gente, às vezes, não
consegue se conter” (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015, p. 16).

Primeiramente, a publicidade busca mostrar o produto com


uma boa aparência, lindo, sem problemas, em uma imagem
perfeita. Os publicitários e seus fotógrafos trabalham muito
para apresentar um produto bonito, geralmente muito mais
bonito que na realidade, porém, para provocar esse desejo
forte, precisa-se de algo a mais. Vendem a ideia de que, com o
produto e somente com esse produto, as pessoas serão felizes,
atraentes e bem-sucedidas. Por isso, a propaganda vincula o
produto a uma sensação, a uma emoção. Na verdade, muitas
vezes, o que compramos é a emoção, essa que produz a
sensação de prazer, e, geralmente, a gente não se dá conta
desta estratégia de venda, só sente à vontade de comprar
(BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015, p. 16-17).

Como foi comentado anteriormente, o CONEF (2014) destaca que um dos


benefícios da educação financeira é o julgamento crítico que se pode aprender a
fazer com relação à publicidade. Os autores apontam que o campo de publicidade
procura aumentar a eficiência das mensagens de consumo e provocar o desejo
de adquirir determinados produtos, e que, ao aprender a fazer uma leitura crítica
de mensagens publicitárias a respeito de produtos e consumo, as pessoas tomam
decisões com mais autonomia e com mais consciência das pressões externas e
de acordo com as suas reais necessidades.

90
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

As crianças são um alvo importante da publicidade, pois são um público


mais fácil de ser convencido. Do mesmo modo que acontece com os adultos, as
crianças acabam consumindo porque os produtos “vendem características” que
elas desejam a si mesmas. É muito comum as crianças terem o desejo de ter
o brinquedo do momento, ou, até mesmo, algumas querem algum objeto para
serem aceitas em determinados grupos ou para se destacar entre os amigos.
Com isso, as crianças incentivam os adultos a comprar para elas os produtos que
são lançamentos no mercado (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015).

FIGURA 9 – CONSUMISMO INFANTIL

FONTE: <http://www.recicloteca.org.br/noticias/consumismo-infantil-proibida-
a-propaganda-voltada-para-as-criancas/>. Acesso em: 26 abr. 2020.

Além das “armadilhas do desejo” produzidas pela publicidade, os anúncios se


preocupam em destacar quais elementos eles querem que chame mais a atenção
das pessoas, selecionando as informações que eles querem que as pessoas
vejam para tomar uma decisão de consumo. O jogo de cores e o tamanho das
letras favorecem que o nosso olhar se volte às frases de efeito e para o baixo
valor a ser pago mensalmente, escondendo o valor total do produto (BUAES;
COMERLATO; DOLL, 2015). Veja os exemplos a seguir.

91
Educação financeira na educação básica

FIGURA 10 – EXEMPLOS DE ANÚNCIOS COM ESTRATÉGIAS DE VENDA

FONTE: Buaes, Comerlato e Doll (2015, p. 18)

Esses anúncios são ótimos exemplos para os professores utilizarem em sala


de aula. Apresentar, por exemplo, o anúncio do ferro de passar roupa e questionar
aos estudantes:

• Qual informação nesse anúncio está em destaque?


• Quais informações estão faltando?
• O que vemos primeiro ao olhar o anúncio?
• É possível, ao ler o anúncio, ver que o ferro de passar roupa custa R$
59,85?
• Você compraria um ferro de passar roupa em 15 parcelas? Mais de um
ano para pagar um ferro de passar roupa que custa R$ 59,85?
• Será que à vista o ferro custaria o mesmo valor?

Já com o anúncio das camisas polo listradas, o professor pode questionar:

• Você percebeu que os preços da camisas são “a partir de” R$ 39,90?


• O que significa “a partir de”?
• Na sua opinião, R$ 39,90 parece muito mais barato que R$ 40,00?

Por fim, podemos pensar também em alguns questionamentos como:

• Como perceber as estratégias da publicidade?


• Como avaliar, pensar e decidir uma compra?

92
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

• Como agir buscando o prazer e evitando o desprazer conscientemente?


• É comum você se arrepender depois que compra algo por impulso?
• Você já sentiu que “jogou dinheiro fora” ao adquirir algum produto ou
objeto?
• Como você toma as suas decisões de consumo?
• O que você faz para não cair nas armadilhas de consumo?

Você, professor, pode propor um trabalho interdisciplinar sobre


educação financeira com outras disciplinas, como língua portuguesa,
na construção de textos sobre estratégias da publicidade, ou
ciências, sobre o impacto ambiental diante do consumo exagerado e
inconsciente etc.

Esses são apenas alguns questionamentos que podemos fazer aos


estudantes ao abordar esse assunto em sala de aula. É importante também,
caro acadêmico, refletirmos que, em alguns momentos, nos deixamos levar pelas
armadilhas da publicidade. Muitas vezes, a publicidade constrói nas pessoas
uma sensação de que aquela é uma oportunidade única, ou seja, se não comprar
agora, não terá outra chance. “Ninguém quer perder uma oferta vantajosa ou adiar
a satisfação e gratificação de obter o produto desejado [...] é aí que a publicidade
nos pega com as suas armadilhas. No entanto, se uma compra não for bem
pensada, ela nem sempre traz satisfação” (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015,
p. 20-21).

1 Vimos nesse tópico que cada vez mais as pessoas estão se


endividando para satisfazer as suas necessidades de consumo.
Vimos também que esse problema está aliado à facilidade de
contratar empréstimos, às compras parceladas e ao uso de
cartões de crédito. Diante disso, destaque três consequências do
endividamento. Depois, relate o que a pessoa deve fazer para
evitar essa situação.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

93
Educação financeira na educação básica

____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_______________________________________________.

2 Cerbasi (2006) destaca as principais características


comportamentais e o papel dos pais em cada idade da criança
até a sua adolescência. Diante disso, segundo as características
apresentadas pelo autor, analise as seguintes sentenças:

I. De 0 a 2 anos de idade as crianças já possuem desejos


associados ao dinheiro. Nessa idade o papel dos pais é dar o
exemplo através de seus comportamentos.
II. De 3 a 4 anos de idade: nessa idade os pais devem cultivar a
independência dos filhos, permitindo que eles interajam com
vendedores e utilizem o dinheiro em pequenas compras.
III. De 7 a 10 anos de idade as crianças compreendem a quantificação
de valores com o aprendizado da matemática. Nessa idade os
pais podem conversar com os filhos sobre dinheiro, sustento da
família, objetivos dos estudos e a escolha da profissão.

Assinale a alternativa CORRETA:

( ) As sentenças I e III estão corretas.


( ) Apenas a sentença III está correta.
( ) As sentenças II e III estão corretas.
( ) Apenas a sentença I está correta.

4 USO DO CRÉDITO E
ADMINISTRAÇÃO DAS DÍVIDAS
Caro acadêmico, para finalizar esta unidade de estudos, neste último tópico
estudaremos sobre o uso do crédito e a administração das dívidas.

94
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

4.1 USO DO CRÉDITO


Primeiramente, precisamos entender o que significa crédito. Segundo o
Banco Central do Brasil (2013, p. 25), “crédito é uma fonte adicional de recursos
que não são seus, mas obtidos de terceiros (bancos, cooperativas de crédito e
outros), que possibilita a antecipação do consumo para a aquisição de bens ou
contratação de serviços”.

Existem várias modalidades de crédito, como cartão de crédito, limite do


cheque especial, empréstimos, financiamentos imobiliários, financiamentos de
veículos, compra a prazo em lojas comerciais etc. É muito importante para a vida
financeira das pessoas saber escolher a modalidade de crédito mais adequada
para cada situação. As pessoas utilizam o crédito de forma mais consciente e
responsável a partir do momento que compreendem os custos envolvidos nas
operações de crédito (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013).

Por isso é fundamental, ao falarmos sobre crédito, compreendermos sobre


o valor do dinheiro no tempo e entendermos o que são juros. Lembrando que
estudamos sobre juros no Capítulo 1, que tratava sobre o estudo da matemática
financeira.

Não percebemos, mas quem empresta sempre cobra um valor


adicional pela antecipação do dinheiro. Esse valor adicional é
chamado de juros. Assim, sempre que utilizamos um crédito,
pagamos mais caro pelo produto ou serviço, por causa dos
juros. Esteja atento, pois cada tipo de crédito tem juros
específicos. Portanto, ao fazer uso de alguma modalidade de
crédito, precisamos comparar as ofertas e os juros cobrados
para fazer a melhor escolha financeira (BUAES; COMERLATO;
DOLL, 2015, p. 47).

O crédito, segundo o Banco Central do Brasil (2013), pode ser vantajoso ou


problemático, tanto para o tomador como para o fornecedor do crédito, quando não
são tomados os devidos cuidados. A instituição (bancos, cooperativas de crédito,
entre outros) que concede crédito recebe juros como remuneração pelo capital
emprestado, certo? Entretanto, a instituição deve se atentar para a capacidade
de pagamento do tomador do crédito (indivíduo que deseja dinheiro emprestado),
pois, do contrário, corre o risco de não receber o montante emprestado de volta.

Conforme destaca o Banco Central do Brasil (2013), algumas vantagens


para o tomador do crédito são:

• Antecipar consumo: muitas vezes as pessoas precisam comprar um


produto ou contratar um serviço, mas não possuem recursos financeiros
suficientes. O crédito possibilita resolver essa situação.

95
Educação financeira na educação básica

• Atender a emergências: imprevistos acontecem, como reparos com o


veículo, serviço emergencial na residência, doença, alguém da família
com problemas quando não estamos financeiramente preparados, entre
outras situações de emergência. Nesse caso, o crédito é uma vantagem.
• Aproveitar oportunidades: boas oportunidades para fechar um negócio
ou fazer uma compra, às vezes, acontecem em um momento da nossa
vida que não temos condições financeiras suficientes para aproveitá-
las, porém, levando em conta o custo do crédito, a situação pode ser
vantajosa. Caso a pessoa não esteja endividada, o crédito é uma opção
para aproveitar essa oportunidade.

Já em relação às desvantagens do uso do crédito para o tomador, podem ser


destacadas:

• Pagamento de juros: custo da antecipação do consumo com o uso do


crédito implica pagamento de juros. Quando a pessoa antecipa a compra
de um produto ou a contratação de um serviço sem disponibilidade
financeira, está usando um dinheiro que não é dela. Logo, deverá pagar
juros por essa operação. Esse é o custo da antecipação.
• Risco de endividamento excessivo: o uso inadequado do crédito,
como já vimos anteriormente, pode levar as pessoas ao endividamento
excessivo e comprometer a sua vida financeira. O endividamento pode
causar descontrole emocional, problemas de saúde e até mesmo
desestruturação familiar.
• Limite de consumo futuro: outra desvantagem de tomar crédito
consiste em limitar o consumo futuro. Essa desvantagem é quase
automática, uma vez que o crédito tomado hoje precisa ser pago no
futuro, reduzindo, assim, as disponibilidades financeiras futuras para o
consumo.

Para Buaes, Comerlato e Doll (2015), o uso do crédito é uma prática muito
mais comum na vida das pessoas do que imaginamos. Os autores apontam que,
normalmente, as pessoas não se dão conta de que, nas compras a prazo, estão
fazendo o uso de um crédito. “Quando compramos um produto com pagamento
parcelado, não precisamos pagar o valor total no momento da compra, mas
ficamos com uma dívida. Assumimos o dever de pagar, no futuro, as parcelas
restantes” (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015, p. 48). Nesse caso, estamos
utilizando o crédito, e o vendedor fica com o crédito, ou seja, o direito de receber
as partes restantes do valor. Veja a figura a seguir.

96
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

FIGURA 11 – PROPAGANDA PARA A VENDA DE UM CELULAR

FONTE: A autora

Essa propaganda é um ótimo exemplo para você, professor, utilizar em sala


de aula com os estudantes. Alguns questionamentos que podem ser feitos aos
estudantes são:

• Analisando a propaganda, você realizaria a compra desse celular à vista


ou a prazo?
• Qual a diferença do valor comprando à vista e comprando a prazo?
• Se você deseja comprar esse celular, mas não tem dinheiro no momento,
o que você acha de economizar para comprar à vista?
• Olhando para a propaganda, qual o valor que mais chama a sua
atenção?

É importante destacar que, observando a figura, vemos que o valor total a


prazo é muito maior que o preço à vista. Outra observação importante é o número
de parcelas caso a pessoa opte por pagar no carnê. São 18 parcelas, ou seja, um
ano e meio de dívida para pagar o celular.

97
Educação financeira na educação básica

Uma forma de crédito muito comum nos dias de hoje ocorre com o uso de
cartões de crédito, certo? O cartão de crédito é utilizado por muitas pessoas para
o pagamento parcelado das compras.

Os cartões de crédito são ofertados por bancos, lojas,


supermercados, companhias aéreas, entre outros. O
consumidor assume a responsabilidade de pagar o valor na
data de vencimento da fatura. No caso de o pagamento não ser
efetuado na data prevista, o valor devido é acrescido de juros
altíssimos no mês seguinte. Se houver o pagamento do valor
mínimo da fatura, o restante da dívida é que será acrescido de
juros (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015, p. 49).

Os autores Buaes, Comerlato e Doll (2015) apontam que algumas armadilhas


do cartão de crédito são:

• A facilidade de obter cartões sem o devido conhecimento das cobranças


envolvidas no serviço, como taxas anuais, valor da expedição da fatura,
entre outras.
• O cartão dificulta que se perceba a quantidade de dinheiro gasto,
incentivando o consumo imediato. Afinal, é só “botar no cartão”!
• A possibilidade de pagamento mínimo da fatura sugere que essa pode
ser uma boa alternativa, no entanto, os juros incidem sobre o restante da
dívida, aumentando em muito o valor devido.
• Muitos casos de endividamento excessivo têm origem no uso
descontrolado do cartão de crédito e no desconhecimento das
consequências do pagamento mínimo da fatura do cartão.

FIGURA 12 – USO DO CARTÃO DE CRÉDITO

FONTE: <https://www.dsop.com.br/imprensa/2018/11/
cartao-credito/>. Acesso em: 28 abr. 2020.

98
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

Alguns cuidados que as pessoas devem ter ao usar cartão de crédito são:

• Não usar o cartão de crédito para realizar compras por impulso.


• Avaliar as condições de pagamento antes de usar o cartão de crédito.
• Limitar o número de cartões de crédito.
• Ter sempre um controle dos gastos com o cartão de crédito.
• Não atrasar o pagamento das faturas.
• Ser sempre consciente na hora de utilizar o cartão de crédito.

E você, caro acadêmico, possui cartão de crédito? Se sim,


quantos cartões de crédito você possui? Como você controla os
gastos com o cartão de crédito?

Além das compras a prazo e do uso do cartão de crédito, outra forma de usar
o crédito é o cheque especial, que é uma espécie de empréstimo ofertado pelos
bancos aos seus clientes.

Quando o cliente ultrapassa em gastos o valor disponível em sua conta


corrente, ele pode fazer uso do limite do cheque especial. O valor utilizado do
cheque especial será cobrado com um valor de juros bem alto. O cheque especial
é um dos tipos de empréstimo com as taxas de juros mais caras do mercado,
por isso só deve ser usado em situação de extrema emergência (BUAES;
COMERLATO; DOLL, 2015).

Outra modalidade de crédito que podemos destacar são os empréstimos e


financiamentos. Segundo os autores Buaes, Comerlato e Doll (2015, p. 51), o
empréstimo “[...] é um meio de obter no presente uma quantia de dinheiro que
demoraríamos a alcançar. O valor emprestado, somado de juros e encargos, vira
uma dívida que deve ser paga conforme o contrato realizado com a instituição
financeira”.

É comum as pessoas fazerem empréstimos para cobrir gastos


inesperados, e mesmo para realizar empreendimentos de
pequenos negócios. São exemplos de empréstimos: crédito
consignado, crédito direto ao consumidor (CDC) e empréstimo
pessoal. O financiamento é um crédito com destinação
específica, como a compra de uma casa, de um carro, ou de
um eletrodoméstico. Da mesma forma que o empréstimo, o
contrato deve explicitar os juros e os encargos que geram

99
Educação financeira na educação básica

uma dívida a ser paga conforme as regras estabelecidas. São


exemplos de financiamento: financiamento para casa própria e
de veículos (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015, p. 51).

É importante destacar que, quando a pessoa pretende adquirir um bem


específico e não tem todo o dinheiro necessário para a realização do negócio,
deve sempre analisar as vantagens dos empréstimos e dos financiamentos para
tomar a melhor decisão possível.

Em sala de aula, é interessante o professor trazer um exemplo de simulação


de empréstimo com diferentes números de parcelas e com a taxa de juro atual,
para que os estudantes percebam que o valor final vai aumentando conforme
aumenta o número de parcelas.

Por fim, podemos destacar o crédito consignado. Esse tipo de modalidade de


empréstimo é uma modalidade na qual as prestações são descontadas direto da
folha de pagamento. As pessoas que contratam um crédito consignado recebem
o valor do seu salário, pensão ou aposentadoria reduzido por causa da subtração
das parcelas a serem pagas, mês a mês, até o encerramento da dívida (BUAES;
COMERLATO; DOLL, 2015).

As principais regras do crédito consignado são:

• O limite máximo atual (ano 2020) de prestações do crédito é de 84


meses, ou seja, 7 anos.
• As parcelas mensais não podem exceder 30% do valor líquido do
benefício, ou seja, só pode ser descontado para o pagamento da dívida,
até 30% do salário, pensão ou aposentadoria.
• As taxas de juros são menores que as aplicadas em outras formas de
empréstimo em razão da garantia de recebimento, já que o desconto é
feito diretamente da folha de pagamento do assalariado, aposentado ou
pensionista.

Os autores Buaes, Comerlato e Doll (2015) apresentam


algumas dicas para as pessoas ao contratarem um crédito: 1ª dica:
busque compreender todo o funcionamento do crédito para decidir
se vale a pena. Em caso de dúvidas, não assine o contrato. 2ª dica:
ao contratar um crédito, busque sempre um banco autorizado pelo
Banco Central. 3ª dica: tenha muito cuidado ao retirar um crédito

100
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

para outra pessoa. É muito comum, inclusive entre familiares, que


isso se torne fonte de conflitos e, em alguns casos, até mesmo de
exploração financeira. 4ª dica: desconfie do “crédito fácil”, pois pode
se tratar de um golpe financeiro.

4.2 ADMINISTRAÇÃO DAS DÍVIDAS


Dívida é um assunto muito delicado, não é mesmo? Como já vimos
anteriormente, muitos problemas podem surgir se não soubermos lidar com
consciência e responsabilidade diante de uma dívida.

O Banco Central do Brasil (2013) ressalta que, normalmente, as pessoas


consideram que estão endividadas apenas quando não estão dando conta de
pagar os seus compromissos financeiros, porém, essa ideia está errada.

Vimos no Capítulo 1 que uma pessoa é considerada endividada quando


possui parcelas a vencer de compras ou empréstimos, ou seja, toda vez que
consumimos algo e não pagamos naquele exato momento, estamos assumindo
uma dívida. “Quando não conseguimos pagar as dívidas assumidas, já estamos
em um patamar de endividamento muito preocupante, que é o endividamento
excessivo” (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2015, p. 30).

Acompanhe no quadro a seguir as principais origens das dívidas, segundo o


Banco Central do Brasil (2013).

QUADRO 2 – ORIGENS DAS DÍVIDAS

As despesas sazonais são aquelas que ocorrem em determinada


época do ano, como pagamento de IPTU, IPVA, Imposto de Renda
ou material escolar, e nem sempre são observadas ao se fazer
um planejamento. É comum, no início do ano, as famílias terem
dificuldades em função dessas despesas. Existem ainda as da-
Despesas sazonais tas comemorativas, como Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças,
aniversários etc. A falta de planejamento e controle pode implicar
desembolsos “inesperados”, o que, às vezes, podem levar à ne-
cessidade de contratar uma operação de crédito (tomar um em-
préstimo ou financiamento).

101
Educação financeira na educação básica

As técnicas de vendas e a tecnologia colocada à disposição dos


profissionais de marketing, ao mesmo tempo em que impulsionam
as vendas, também impulsionam compras não planejadas ou real-
izadas por impulso, podendo provocar desequilíbrios orçamentári-
Marketing sedutor
os e financeiros, ou até mesmo superendividamento. Convém,
então, estar atento aos atrativos do marketing sedutor e ao com-
promisso com o cumprimento do planejamento financeiro pessoal
ou familiar.
É comum encontrarmos pessoas desejando e usufruindo um pa-
drão de vida acima do padrão de renda que possuem. As facili-
Orçamento defi- dades determinadas pelo crédito fácil propiciam um excesso de
citário compras a prazo que, muitas vezes, comprometem a situação fi-
nanceira das famílias. Cuidar do orçamento familiar de forma a
estar sempre superavitário deve ser uma constante busca de todos
nós.
Essa é outra questão importante a ser avaliada, podendo ser a
porta de entrada para o endividamento excessivo. A perda de em-
Redução de renda prego ou de parte da renda familiar sem a devida redução nas
sem redução de despesas pode, facilmente, levar uma família ao endividamento
despesas excessivo. Portanto, ao deparar-se com uma redução de renda, é
fundamental fazer uma cuidadosa revisão do orçamento pessoal e
familiar, adequando as despesas à nova realidade.
Imprevistos acontecem. Um defeito ou uma batida no veículo, ou
problemas de saúde na família são exemplos corriqueiros. En-
Despesas emergen- tretanto, nem sempre estamos preparados financeiramente para
ciais superar esses obstáculos. Logo, fazer uma poupança para cobrir
eventualidades é um importante cuidado para você não cair no
endividamento. Outra forma de tratar as despesas emergenciais é
por meio da prevenção, fazendo um seguro.
Muitos casais, ao terminarem o relacionamento, separam-se e di-
videm os bens que possuíam. Alguns gastos que eram únicos ao
Separação de bens, casal, como contas de água, luz, condomínio etc., agora têm de
mas não dos gastos ser pagos de forma individual, ou seja, enquanto antes existia uma
(divórcio) conta de condomínio, agora existem duas. Por outro lado, a receita
também mudou. Agora cada um tem a sua renda. Eventualmente,
pode haver, inclusive, o pagamento de pensão alimentícia. Obvia-
mente, ambos têm de se ajustar a essa nova realidade financeira
para evitar o endividamento.
O fato de as pessoas desconhecerem produtos financeiros é tam-
bém determinante para que fiquem endividadas. Não conhecer o
Pouco conhecimen- impacto que o pagamento de juros pode causar no orçamento pes-
to financeiro soal e familiar e a não leitura dos contratos firmados são situações
que contribuem efetivamente para o processo de endividamento.

FONTE: Banco Central do Brasil (2013, p. 30-31)

102
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

É importante destacar, caro acadêmico, que nos dias de hoje é muito comum
as pessoas deixarem durante o mês coisas para pagar no próximo mês ou em
pagamentos futuros. Por isso, é fundamental controlar os gastos, principalmente
os no crédito ou em parcelas, e estar atento para que o acúmulo de contas
não leve ao descontrole do orçamento. Lembrando que no próximo capítulo,
estudaremos sobre a importância do orçamento e do planejamento financeiro.

Diante disso, não podemos deixar de destacar que, caso uma pessoa esteja
em situação de superendividamento, existem meios para a pessoa se livrar dessa
situação, ou seja, há meios que auxiliam a pessoa a acabar com as suas dívidas.

Conforme destaca o Banco Central do Brasil (2013, p. 32), para uma pessoa
“se livrar” das dívidas, ela deverá estar ciente que “[...] isso exigirá algumas
atitudes, que podem parecer um pouco desagradáveis de se fazer, mas que têm
o potencial de devolver a tranquilidade financeira e psicológica perdida devido às
preocupações com o excesso de compromissos financeiros”.

Os passos para uma pessoa sair de uma situação de superendividamento,


segundo o Banco Central do Brasil (2013), são:

• Tomar consciência da situação: ter a consciência de que se encontra


em uma condição de endividamento excessivo e de que é preciso resolver
essa situação é um passo fundamental para a saída do endividamento.
Nesse momento, não nos conformamos com a situação incômoda das
dívidas e sentimos a clara necessidade de buscar uma saída.
• Mapear as dívidas: após tomar consciência do endividamento e de
ter a certeza de que quer sair dessa situação, é importante conhecer o
real tamanho do problema. Conhecer as dívidas é exatamente mapear
detalhadamente as informações importantes: os valores das dívidas,
os prazos para pagamento, as taxas de juros que está pagando etc.
De posse de todas as informações, torna-se mais fácil a busca de
alternativas para a saída do endividamento.
• Compartilhar as dificuldades com pessoas que já passaram por
situações semelhantes: compartilhar as dificuldades com pessoas
que tenham passado por situações semelhantes ou que detenham
conhecimentos que possam ajudar nessa tarefa é um passo importante
para a saída do endividamento.
• Não fazer novas dívidas: outro ponto fundamental para garantir a
saída de tão incômoda situação é não fazer novas dívidas. Esse é o
momento de reorganização da vida financeira e fazer dívidas nessa hora
é realimentar um ciclo negativo, dificultando a saída do endividamento.
Não fazer novas dívidas é, então, uma prioridade e um desafio a ser
vencido por quem se encontra endividado e realmente quer sair do

103
Educação financeira na educação básica

endividamento.
• Renegociar as dívidas: negociar condições mais vantajosas para o
pagamento das dívidas é outro aspecto fundamental para a saída do
endividamento. Essa é a hora de procurar trocar dívidas que pagam juros
elevados por dívidas com juros menores. Negociar os prazos também
pode ajudar na reorganização financeira do endividado.
• Reduzir gastos: outra ação imprescindível para a saída do
endividamento é o corte de gastos. Sobre o assunto, é essencial refletir
sobre os três tipos de gastos:

1) Gastos necessários: são os gastos considerados imprescindíveis e


estão ligados às necessidades, como alimentação, moradia e vestuário.
2) Gastos supérfluos: são os gastos que geram bem-estar e estão ligados
mais aos desejos que às necessidades, como gastos com restaurantes,
TV a cabo e roupas de marca.
3) Gastos com desperdícios: são os gastos que não geram bem-estar
nem estão ligados às necessidades ou aos desejos, como gastos com
multa, pagar por algo e não usar, esquecer a luz acesa ou a torneira
aberta.

• Gerar renda extra: muitas vezes nosso orçamento está no limite


suportável e, ainda assim, encontra-se deficitário. Adicionalmente à
minimização dos nossos gastos, podemos avaliar uma alternativa de
ampliar a nossa renda. Procure identificar áreas e serviços em que tenha
habilidades para gerar renda extra e complementar o seu orçamento.
Além disso, muitas outras opções podem proporcionar uma boa renda
extra: colocar em prática dons artísticos ou dons culinários, fazer horas
extras etc. Tudo isso pode ser uma boa alternativa para a saída do
endividamento e, quem sabe, até se tornar uma nova opção de vida.
• Buscar ajuda: a busca de ajuda, por meio de leitura, por consultoria, por
órgãos de defesa do consumidor, é uma opção válida e muito eficaz para
a saída do endividamento. É claro que, preferencialmente, essa ajuda
não deve ter custo algum.

Por fim, uma vez definidas as despesas em gastos necessários, supérfluos e


gastos com desperdícios, uma pessoa em situação de superendividamento pode
seguir a seguinte dica:

104
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

FIGURA 13 – COMO PAGAR AS DÍVIDAS

FONTE: Banco Central do Brasil (2013, p. 33)

1 O uso inadequado do crédito pode levar ao endividamento


excessivo e comprometer toda a vida financeira de uma pessoa,
acarretando descontrole emocional, problemas de saúde e, até
mesmo, desestruturação familiar. Analise as sentenças a seguir e
classifique V para as verdadeiras e F para as falsas:

( )É
importante refletir antes de tomar crédito e não o utilizar de
forma indiscriminada.
( )
O cartão de crédito pode ser uma alternativa para realizar
compras, desde que usado com muito critério.
( )A
única desvantagem do uso do crédito é o pagamento de juros.
( )A
s pessoas devem estar conscientes de que, ao tomar crédito,
podem limitar o consumo futuro.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


( ) V – F – F – V.
( ) V – V – F – V.
( ) F – F – V - F.
( ) F – V – V – V.

105
Educação financeira na educação básica

2 Os cartões de crédito são formas de pagamento ofertadas por


bancos, lojas, supermercados, entre outros. Muitos casos de
endividamento excessivo têm origem no uso descontrolado do
cartão de crédito e no desconhecimento das consequências do
pagamento mínimo da fatura do cartão. Diante disso, destaque
três cuidados que as pessoas devem ter ao utilizar o cartão de
crédito.
R.:____________________________________________________
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3 Vimos nessa unidade de estudo que, normalmente, as pessoas


consideram que estão endividadas apenas quando não estão
dando conta de pagar as suas contas em dia, porém, vimos
também que essa ideia não está correta. Diante disso, responda:
quando uma pessoa pode ser considerada endividada?
R.:____________________________________________________
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Nessa unidade você teve a oportunidade de compreender o que é educação
financeira, você pôde reconhecer a importância da educação financeira na
vida das pessoas e o quanto é importante os professores estarem cientes da
contribuição e da importância da educação financeira em sala de aula. Você
também estudou nessa unidade sobre a educação financeira e a nossa relação
com o dinheiro. Por fim, foram apresentadas algumas reflexões sobre o uso do
crédito e sobre a administração das dívidas.

Lembrando que todos os conceitos apresentados até aqui podem ser


utilizados em sala de aula para o aprendizado da educação financeira na escola.
É importante considerar que os estudantes podem levar as questões sobre
educação financeira aprendidas em sala de aula para serem discutidas em sua

106
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

casa, fazendo, assim, uma ampliação dos conhecimentos acerca da educação


financeira.

Para dar continuidade ao nosso aprendizado sobre educação financeira


na educação básica, no próximo capítulo estudaremos sobre planejamento
financeiro, orçamento, consumo planejado e futuro financeiro.

REFERÊNCIAS
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desenvolvimento da cidadania dos alunos. Ouro Preto: Ed. da UFOP, 2014.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Caderno de Educação Financeira – Gestão de


Finanças Pessoais. Brasília: BCB, 2013.

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em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_
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BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e


bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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BUFFETT, M.; CLARCK, D. O Tao de Warren Buffett. São Paulo: Actual, 2007.

CERBASI, G. P. Filhos inteligentes enriquecem sozinhos: como preparar seus


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D’AMBROSIO, U. Educação Matemática: da teoria à prática. Campinas:

107
Educação financeira na educação básica

Papirus, 1996.

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108
Capítulo 2 Introdução à Educação Financeira

109
C APÍTULO 3
Educação Financeira: Orçamento,
Planejamento, Consumo e Futuro
Financeiro

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Definir o que é orçamento e planejamento financeiro.

• Compreender o que é poupança e investimento.

• Entender o que é prevenção e proteção financeira.

• Reconhecer a importância da aposentadoria.

• Identificar quais as melhores formas de se planejar financeiramente.

• Comprovar a importância do consumo planejado e


consciente na vida financeira das pessoas.
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

111
Educação financeira na educação básica

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Para finalizar o nosso estudo sobre educação financeira na educação básica,
neste último capítulo estudaremos sobre orçamento, planejamento, consumo e
futuro financeiro.

Dedicar um tempo para a realização de um planejamento financeiro pessoal


ou familiar é de grande valia. Pesquisas realizadas pelo SPC Brasil apontam que
grande parte da população não sabe como gasta o seu dinheiro ou o quanto é
gasto em cada grupo de despesas, como educação, saúde, alimentação etc. Por
esse motivo, nós, professores, devemos conscientizar os estudantes sobre a
importância do planejamento financeiro desde cedo.

O orçamento é uma ferramenta que ajuda as pessoas a economizarem mais


e a controlarem melhor suas despesas mensais, para que assim elas consigam
poupar dinheiro e atingir suas metas financeiras mais rapidamente. “Qualquer que
seja o tamanho do seu plano ou sonho, é necessário ter um controle efetivo das
receitas e das despesas, bem como se organizar e definir o que tem de ser feito,
de modo a alcançar os objetivos em menos tempo e ao menor custo possível”
(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 19). Para que isso ocorra, o quanto
antes as pessoas começarem a se planejar financeiramente, melhor.

Neste terceiro capítulo, primeiramente, estudaremos o que é orçamento e


planejamento financeiro e qual a sua importância. Em seguida, você encontrará
uma abordagem sobre consumo planejado e consciente. Para finalizar, na última
seção, estudaremos sobre futuro financeiro: poupança, investimento, prevenção,
proteção e aposentadoria. Vamos lá?

2 ORÇAMENTO E PLANEJAMENTO
FINANCEIRO
Diante de tudo o que estudamos até agora, podemos dizer que é fundamental
que as pessoas leiam e aprendam constantemente sobre dinheiro. É importante
também ser organizado, disciplinado, ter um controle dos seus gastos e ter uma
preocupação em analisar e revisar periodicamente seu orçamento e objetivos
financeiros. Neste tópico, estudaremos primeiramente sobre orçamento financeiro.
Em seguida, será apresentada a temática do planejamento financeiro.

112
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

2.1 ORÇAMENTO PESSOAL OU


FAMILIAR
Na sociedade atual, na qual pautamos parte de nossas vidas no que se
refere ao consumo, a organização financeira é uma necessidade. Dependemos
dos recursos que adquirimos para suprir nossos gastos. Identificar e entender
em que e como você gasta o seu dinheiro, assim como de onde vem os seus
recursos, são os primeiros passos para uma organização financeira (BUAES;
COMERLATO; DOLL, 2015).

O orçamento é uma ferramenta que ajuda as pessoas a economizarem mais


e a controlarem melhor suas despesas mensais, para que assim elas consigam
poupar dinheiro e atingir suas metas financeiras mais rapidamente. Orçar é se
basear no seu montante de despesas e receita atual e definir valores e metas que
você pretende alcançar futuramente.

Criar um orçamento pessoal é uma das partes mais importantes do


planejamento financeiro. O foco do orçamento é manter o maior fluxo de dinheiro
nas áreas mais importantes e evitar os gastos desnecessários.

Segundo o Banco Central do Brasil (2013, p. 19), “o orçamento pode ser


visto como uma ferramenta de planejamento financeiro pessoal que contribui para
a realização de sonhos e projetos”. Os autores destacam que, com o tempo, o
orçamento ajuda as pessoas a serem superavitárias, ou seja, o orçamento auxilia
as pessoas a manterem suas receitas maiores que suas despesas.

Superavitário: que ocasiona ou contém superávit; em que há


diferença, para mais, entre a despesa e o que foi arrecadado, valor
recebido. Quando a renda de uma família é maior que a despesa,
podemos dizer que ela é superavitária, ou seja, que ela tem mais do
que gasta.

113
Educação financeira na educação básica

Os autores Buaes, Comerlato e Doll (2015) ressaltam que o orçamento permite


o planejamento de como gastar o seu dinheiro, e, até mesmo, a economizar e a
investir. Após listar de forma detalhada todas as receitas e despesas, é importante
fazer o balanço do mês, para saber quanto dinheiro sobra, quanto falta, ou se
há um equilíbrio entre ganhos e gastos. “O orçamento possibilita o planejamento
financeiro, ou seja, escolher em que e como vai gastar a partir da definição de
suas prioridades, além de ajudar a administrar os imprevistos e reduzir o consumo
desnecessário e indesejado” (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015, p. 36).

Para que se tenha um orçamento financeiro bem planejado, é importante que


toda movimentação de recursos financeiros, incluindo todas as receitas, despesas
e investimentos, seja anotada e organizada.

E você, caro acadêmico, gasta mais do que ganha? Gasta menos do que
ganha? Gasta o mesmo que ganha?

O CONEF (2014) destaca que a palavra orçamento é usada no dia a dia com
dois sentidos diferentes. O primeiro é quando uma pessoa pede um orçamento
para, por exemplo, fazer alguns reparos na sua casa, para a compra de algum
material, entre outras situações. O outro sentido da palavra orçamento se refere,
segundo os autores, ao orçamento pessoal ou doméstico/familiar, que caracteriza
como uma ferramenta financeira. “Simplificando, podemos ver esse tipo de
orçamento como uma tabela em que em um dos lados estão as receitas, ou seja,
o dinheiro que entra, e do outro as despesas, ou seja, o dinheiro que sai” (CONEF,
2014, p. 31).

A diferença entre a receita e a despesa é o saldo (que pode ser positivo,


negativo ou nulo). Veja:

• Receita – Despesa = Saldo.


• Se a receita for maior que a despesa, ou seja, receita > despesa, o
saldo é positivo.
• Se a receita for menor que a despesa, ou seja, receita < despesa, o
saldo é negativo.
• Se a receita for igual à despesa, ou seja, receita = despesa, o saldo é
nulo.

114
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

Símbolo matemático Significado


> Maior que
< Menor que

Veja agora um exemplo de acompanhamento mensal, que é um ótimo


exercício para as pessoas verificarem se o que estão recebendo é o suficiente
para cobrir as suas despesas.

QUADRO 1 – PLANILHA DE ACOMPANHAMENTO MENSAL

Mês Receita Despesa Saldo


Janeiro      
Fevereiro      
Março      
Abril      
Maio      
Junho      
Julho      
Agosto      
Setembro      
Outubro      
Novembro      
Dezembro      
FONTE: A autora

Lembrando que: Receita – Despesa = Saldo.

Com esse acompanhamento mensal, a pessoa pode comparar as receitas,


as despesas e o saldo durante o ano todo.

Essa planilha de acompanhamento é um ótimo exemplo para você, professor,


levar para a sala de aula. Você pode preencher a planilha com alguns valores e
solicitar que os estudantes analisem se a receita foi maior que a despesa, se a
receita foi menor que a despesa, se o saldo é negativo, positivo ou nulo, e até
mesmo qual foi a média das receitas, das despesas e o saldo durante o ano.

115
Educação financeira na educação básica

O Banco Central do Brasil (2013) traz uma reflexão muito interessante: de


onde vem e para onde está indo o meu dinheiro? Os autores destacam que, de
onde vem o dinheiro, não costuma ser um mistério:

Em geral, as pessoas naturalmente têm uma boa noção de onde


vêm as suas receitas, pois esperam recebê-las pelo trabalho
realizado, por algum investimento efetuado ou por benefícios
recebidos. Quando o dinheiro vem como resultado do trabalho,
as formas mais conhecidas são: salário, comissão de vendas,
diárias, honorários, pró-labore, faturamento de prestação de
serviços, vencimentos, subsídios. O dinheiro também pode ser
resultado do rendimento de aplicações financeiras ou em bolsa
de valores, planos de previdência social ou privada, prêmios
de seguros, ou mesmo de aplicações não financeiras, como
aluguel de imóveis, herança, royalties, prêmios de loteria.
Pode ainda ter como origem benefícios previdenciários ou
assistenciais de programas sociais do governo (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 19).

Assim, dizemos que, independentemente do tamanho do seu projeto ou


sonho, é muito importante ter um controle efetivo das suas receitas e das suas
despesas. Diante disso, é necessário, nesse momento, entendermos o que
significa sonho e projeto.

Sonho é um desejo vivo, a aspiração, o anseio. Sonho pode ser entendido


como a ideia ou os objetivos que se quer alcançar. Já o projeto é o sonho colocado
no papel, para que possamos visualizar melhor onde estamos em relação as
nossas aspirações e quais os caminhos que devemos seguir para alcançá-las.
O projeto implica um esforço temporário empreendido para criar um produto,
serviço ou resultado exclusivo na direção do sonho ou dos objetivos que se quer
concretizar (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013).

Aspiração: vontade imensa de conseguir alguma coisa; sonho,


ambição – aspiração por um futuro promissor.
Anseio: desejo intenso por alguma coisa ou por alguém –
anseios de felicidade.

116
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

Os autores Buaes, Comerlato e Doll (2015, p. 42) destacam que “os nossos
sonhos e desejos são os motores da nossa vida, são os ingredientes que tornam
nossa existência mais prazerosa”. É importante ressaltar que nem todos os sonhos
precisam de dinheiro para serem realizados, porém, para os que precisam, como
a aquisição da casa própria, é necessário uma organização e um planejamento
financeiro.

FIGURA 1 – PLANEJAMENTO E REALIZAÇÃO DE SONHOS

FONTE: <https://montante.com.br/financiamento-caixa-fique-por-dentro-sobre-as-
regras-para-realizar-o-sonho-da-casa-propria/>. Acesso em: 14 maio 2020.

Algumas dicas para transformar sonhos em projetos são:

• Pense aonde você quer chegar.


• Imagine-se realizando o sonho no futuro e o quanto isso fará você feliz.
• Estabeleça os passos necessários para chegar até lá.
• Comemore cada passo dado e reforme aqueles que você, infelizmente,
não conseguiu alcançar.
• Lembre-se de que a realização de um sonho é, também, a possibilidade
da construção de novos sonhos.

O orçamento financeiro oferece uma oportunidade para que as pessoas


avaliem a sua vida financeira e definam prioridades que impactam a sua vida

117
Educação financeira na educação básica

pessoal. O orçamento é uma ferramenta importante para as pessoas conhecerem,


administrarem e equilibrarem suas receitas e despesas e, com isso, alcançar os
seus sonhos.

Segundo o Banco Central do Brasil (2013), o orçamento financeiro ajuda a


pessoa a:

• Conhecer sua realidade financeira.


• Escolher os seus projetos.
• Fazer o seu planejamento financeiro.
• Definir suas prioridades.
• Identificar e entender seus hábitos de consumo.
• Organizar sua vida financeira e patrimonial.
• Administrar imprevistos.
• Consumir de forma consciente.

Veja no quadro, a seguir, algumas dicas interessantes para a elaboração de


um orçamento mensal.

QUADRO 2 – DICAS PARA A ELABORAÇÃO DE UM ORÇAMENTO MENSAL


Dica 1 Anote suas despesas – dia, valor gasto, onde gastou
(padaria, supermercado, farmácia, ônibus, contas, aluguel
etc.).
Dica 2 Agrupe as despesas e receitas de acordo com suas carac-
terísticas (alimentação, saúde, transporte, vestuário, lazer,
habitação etc.).
Dica 3 Identifique o que é fixo e o que é variável, bem como os
gastos e ganhos extras e inesperados. Analise seus hábi-
tos de consumo.
Dica 4 Planeje o próximo mês com base no anterior, assim é
possível melhorar o orçamento ao escolher seus gastos
conscientemente.
Dica 5 Lembre-se: um bom planejamento está preparado para
cobrir gastos extras e inesperados, além da realização de
projetos e sonhos futuros.
FONTE: Buaes, Comerlato e Doll (2015, p. 38)

Perceba que, para seguir todas essas dicas, a pessoa deve ter consciência e
responsabilidade financeira, assuntos já discutidos neste livro.

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Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

2.1.1 Como elaborar um orçamento


financeiro
Embora muitas pesquisas apontem que o orçamento não é algo que as
pessoas costumam fazer, ele é muito simples. Qualquer pessoa pode desenvolvê-
lo. Um lápis e um papel e saber o quanto ganha e o quanto gasta é o necessário
para desenvolver um orçamento. Não é obrigatório ter um computador nem saber
mexer em planilhas eletrônicas para isso.

Com o orçamento, uma pessoa consegue identificar para onde vai o seu
dinheiro, verificar quanto está gastando em coisas necessárias e coisas supérfluas
(desnecessárias), observar se o seu gasto aumentou ou diminuiu comparado ao
mês anterior, entre outros aspectos.

O orçamento pessoal ou familiar deve ser iniciado a partir do registro de tudo


o que você, ou sua família, ganha e o que gasta durante um período. Geralmente,
esse registro é feito mensalmente. Com o objetivo de gastar bem o seu dinheiro,
suprir suas necessidades e ainda realizar sonhos e atingir metas, na elaboração
do orçamento, é necessário organizar e planejar suas despesas (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2013).

Existem várias maneiras de elaborar um orçamento. O Banco Central do


Brasil (2013) sugere um método que consiste em quatro etapas: planejamento,
registro, agrupamento e avaliação.

1ª etapa: planejamento

A primeira etapa do orçamento consiste no planejamento. Nessa etapa, a


pessoa deve estimar as receitas e as despesas do período. Para isso, ela pode
utilizar sua rotina passada, apontando as receitas e as despesas que ocorreram
em um período de tempo e usando-as como base para prever as receitas e as
despesas futuras. Veja agora algumas sugestões que podem auxiliar nessa etapa:

• Diferencie receitas e despesas fixas das variáveis.


Receitas fixas: como o próprio nome diz, são receitas que
não variam ou variam pouco, como o valor do salário, da
aposentadoria ou de rendimentos de aluguel.
Receitas variáveis: são aquelas cujos valores variam de um
mês para o outro, como ganhos de comissões por vendas ou
ganhos com aulas particulares.
Despesas fixas: são despesas que não variam ou variam
pouco, como aluguel, prestação de um financiamento etc.
Despesas variáveis: são despesas cujos valores variam de

119
Educação financeira na educação básica

um mês para o outro. São exemplos as contas de luz ou de


água, que são valores que variam conforme o consumo.
• Lembre-se dos compromissos sazonais: impostos, seguros
etc.
• Lembre-se dos compromissos assumidos previamente:
faturas de cartões de crédito, prestações a vencer etc.
• Utilize informações passadas de conta de luz, água, telefone
etc. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 21).

Sazonal: é um adjetivo que se refere ao que é temporário, ou


seja, é típico de determinada estação ou época.

1 E você, caro acadêmico, como classifica as suas receitas e


despesas? Utilize as linhas a seguir para classificar as suas
receitas e despesas em fixas ou variáveis:

Receitas fixas (não variam ou variam pouco).


R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

Receitas variáveis (mudam de um mês para o outro).


R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

Despesas fixas (não variam ou variam pouco).


R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

120
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

Despesas variáveis (mudam de um mês para o outro).


R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.

Interessante essa atividade, não é mesmo? Muitas vezes não nos damos
conta das despesas que temos no mês e do quanto elas variam de um mês para
o outro.

Em sala de aula, o professor pode trazer um exemplo de um orçamento


mensal de uma pessoa ou de uma família (por exemplo, de três ou quatro meses)
e pedir que os estudantes, comparando esses meses, classifiquem em receitas
fixas, receitas variáveis, despesas fixas, ou despesas variáveis.

Outra ideia é trazer algumas palavras que lembrem receitas e despesas


e discutir com os estudantes se, geralmente, em sua casa, essas receitas e
despesas são fixas ou variáveis.

FIGURA 2 – EXEMPLOS DE RECEITAS E DESPESAS AO LONGO DO MÊS

FONTE: Buaes, Comerlato e Doll (2015, p. 34)

121
Educação financeira na educação básica

2ª etapa: registro

Na segunda etapa da elaboração de um orçamento, é necessário anotar todas


as receitas e despesas (de preferência diariamente, para evitar esquecimentos).
Algumas sugestões que podem auxiliar nessa etapa são:

• Anote todos os gastos. Pode ser em uma caderneta, em uma agenda, no


celular, no computador etc.
• Confira os extratos bancários e as faturas de cartão de crédito.
• Guarde as notas fiscais e os recibos de pagamento.
• Guarde os comprovantes de utilização de cartões (débito/crédito).
• Diferencie as várias formas de pagamentos e desembolsos, separando-
as em dinheiro, débito e crédito (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013).

3ª etapa: agrupamento

Com o tempo você perceberá que são muitas as anotações e, para que
você as entenda melhor, agrupe-as conforme alguma característica similar,
como alimentação, educação, transporte, lazer etc. Lembrando que essa não é a
única forma de agrupar as despesas, e que cada pessoa pode utilizar a forma de
agrupamento mais adequada a sua realidade (BANCO CENTRAL DO BRASIL,
2013).

Essa etapa da elaboração de um orçamento facilita a verificação da parcela


do salário ou da renda que é gasta em cada grupo de itens, além de auxiliar com
os ajustes ou cortes que eventualmente podem acontecer e que são necessários.

4ª etapa: avaliação

Nessa última etapa, a pessoa deve avaliar como as suas finanças se


comportam ao longo do mês. Com isso, ela deve agir se prevenindo, para que seu
salário e sua renda proporcionem o máximo de benefícios, conforto e qualidade
de vida. Avaliar significa refletir, e, por isso, as sugestões para essa etapa são
procurar responder aos seguintes questionamentos (BANCO CENTRAL DO
BRASIL, 2013, p. 22):

• O balanço de seu orçamento foi superavitário, neutro ou


deficitário? Ou seja, você gastou menos, o mesmo, ou mais
do que recebeu?
• Quais são os seus sonhos e suas metas financeiras? Podem
ser atingidas a curto, médio ou longo prazo? São compatíveis
com o seu orçamento? Tem separado recursos financeiros

122
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

para realizá-los?
• É possível reduzir gastos desnecessários? Observe os
pequenos gastos, pois a soma de “muitos poucos” pode ser
bastante relevante.
• É possível aumentar as receitas?

Existem vários aplicativos para você baixar no seu celular para


o controle de suas finanças. Digite “finanças pessoais” no buscador
de aplicativos e escolha a melhor opção para você organizar as suas
receitas e despesas.

É, também, importante, quando falamos em orçamento familiar, analisarmos


algumas ideias sobre a participação da família no orçamento, não é mesmo?

Segundo o Banco Central do Brasil (2013), a participação e o


comprometimento de cada membro da família são muito importantes para o
sucesso do projeto de gestão financeira familiar.

Para envolver a família, é importante levar em consideração


que as pessoas são diferentes umas das outras e, portanto,
os diferentes membros da família costumam apresentar
comportamentos financeiros distintos. Algumas pessoas
têm uma tendência natural para poupar, enquanto outras
preferem consumir de imediato. Algumas se preocupam com
o controle de seus gastos; outras são desatentas, desligadas
ou desorganizadas. Algumas se concentram na realidade,
buscando entendê-la de modo racional, ao passo que outras
tendem a enxergar o mundo por uma ótica sonhadora (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 23).

Assim, devemos considerar os diferentes perfis de comportamento financeiro


das pessoas. “É fundamental adotar uma abordagem adequada em torno do
orçamento, para produzir harmonia e somar esforços de todos os membros da
família” (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 23).

Há duas abordagens diferentes, segundo o Banco Central do Brasil (2013),


para tratar do assunto em família:

• Impor limites: a imposição de limites esbarra na dificuldade de


se conquistar o comprometimento de todos na busca do objetivo
estabelecido.

123
Educação financeira na educação básica

• Buscar limites: a opção de busca de limites implica o envolvimento


de toda a família. Por isso, essa abordagem costuma gerar melhores
resultados.

É importante a pessoa responsável que controla o orçamento familiar


priorizar tomar decisões sobre o orçamento em parceria com a sua família e ter
projetos comuns a todos. Pense bem: vamos supor que você deseja comprar um
carro novo e somente você irá utilizar esse carro. Será que vale a pena pedir que
todos os membros da sua família economizem dinheiro para que você seja o único
beneficiário da compra? Se isso for beneficiar somente você, é muito provável que
os outros membros da sua família não se sintam motivados para essa economia.
Assim, dizemos que, se todos caminharem juntos, com os mesmos objetivos, a
educação financeira, com a construção e execução de um orçamento familiar,
pode, muitas vezes, ajudar a unir a família (BANCO CENTRAL DO BRASIL,
2013).

Veja agora algumas dicas que as pessoas podem colocar em prática ao


realizar um orçamento pessoal ou familiar.

QUADRO 3 – DICAS PARA INICIAR UM ORÇAMENTO PESSOAL OU FAMILIAR

O orçamento é uma ferramenta valiosa para que você consiga


1ª dica gerenciar sua vida financeira. Crie o saudável hábito de fazê-lo.
Você só tem a ganhar.

Lembre-se da regra: o objetivo principal é ter orçamento superav-


2ª dica itário. Mantenha as suas despesas sempre menores que as suas
receitas. Em resumo, gaste menos do que você recebe.

No início, caso tenha dificuldades em fazer o orçamento, não


3ª dica desanime. É normal termos dúvidas ao iniciarmos procedimentos
novos.
Lembre-se de que existem diversas ferramentas para você
fazer e acompanhar seu orçamento. Desde as mais simples,
4ª dica como um pedaço de papel e um lápis, até as mais sofisticadas,
como planilhas e programas de computador. Use aquela com a
qual você se sente mais confortável.

124
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

Após conseguir obter um orçamento superavitário, ou seja, gastar


5ª dica menos do que recebe, crie o hábito de fazer uma poupança,
tanto para a realização de seus sonhos como para ter segurança
em situações imprevistas ou de emergência.

O uso do dinheiro muitas vezes envolve não apenas você


mesmo, mas também sua família. Caso essa seja sua realidade,
6ª dica não deixe de conversar com eles e traçar planos em comum, de
modo a todos estarem compromissados com o que for definido no
planejamento orçamentário.

FONTE: Banco Central do Brasil (2013, p. 24)

E você, caro acadêmico, costuma fazer ou já fez um orçamento financeiro?


Você sabe qual a diferença entre orçamento e planejamento financeiro? Sabe
quais são as vantagens de elaborar um planejamento financeiro? É o que veremos
a seguir.

2.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO


Não há como negar que todos nós temos uma vida financeira e que nós
tomamos decisões sobre ela, tendo ou não consciência desse fato, e, pensando
ou não sobre as decisões que acabamos tomando. A proposta do planejamento
financeiro é auxiliar para que nós tomemos nossas decisões de uma maneira
consciente, organizada e responsável.

Podemos definir planejamento financeiro como o processo de formulação de


estratégias para auxiliar os indivíduos a gerenciarem seus assuntos financeiros
para atingirem seus objetivos de vida, ou seja, o planejamento financeiro nada
mais é do que a organização das finanças pessoais. Também podemos definir
o planejamento financeiro como uma estratégia de gestão do dinheiro de uma
pessoa ou de uma empresa.

Para Frankenberg (1999, p. 31), autor do livro “Seu futuro financeiro: você
é o maior responsável”, “planejamento financeiro pessoal significa estabelecer e
seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para a acumulação de bens
e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa e de sua família”. Assim,
dizemos que o planejamento financeiro vai muito além do que simplesmente
saber se você tem dinheiro suficiente para pagar suas contas, ou, economizar
o suficiente para ter uma conta bancária positiva. Ele permite às pessoas terem
uma qualidade de vida e auxilia as pessoas a conquistarem a sua independência

125
Educação financeira na educação básica

financeira.

É importante ressaltar que o planejamento financeiro é um processo de


decisão. Vale lembrar que decidir é sempre um desafio, visto que nós precisamos
escolher entre diversas alternativas no presente, tentando enxergar as
consequências no futuro.

O planejamento financeiro permite que as pessoas tenham qualidade de


vida, e abre caminho para que elas conquistem a independência financeira. Por
isso, quanto mais cedo uma pessoa começa a planejar sua vida financeira e a
separar, periodicamente, um certo valor, e aplicar esse valor de forma inteligente,
menos esforço ela terá que fazer para alcançar um futuro financeiro tranquilo.

Engana-se quem acredita que o planejamento financeiro é direcionado


apenas para as pessoas e famílias que têm um padrão de renda e patrimônio
elevado. Muito pelo contrário, o planejamento financeiro pode auxiliar muito as
pessoas e famílias que têm uma renda mais baixa.

É importante, caro acadêmico, nós, professores ou futuros professores,


conscientizarmos os estudantes sobre a importância do planejamento financeiro
desde cedo. É interessante trazer para a sala de aula situações reais e atuais,
como assuntos sobre dívidas e falta de planejamento, que façam os estudantes
refletirem sobre essas situações e suas consequências.

Uma sugestão é, por exemplo, trazer uma notícia com dados atuais sobre
endividamento, e questionar os estudantes sobre as medidas que podiam ter
sido tomadas para evitar essa situação. É nessa hora que o professor utiliza
os conceitos da educação financeira. Você, professor, pode abordar diversos
conteúdos sobre cidadania, consumismo, endividamento, desenvolvimento
sustentável etc., conteúdos estudados nas unidades anteriores desse livro.

Afinal, qual é a diferença entre orçamento e planejamento financeiro? Como


estudamos anteriormente, orçamento é o conjunto de receitas e despesas, ou
seja, fazer um orçamento é se basear no seu montante de despesas e receita
atual e definir valores e metas que você pretende alcançar futuramente. Enquanto
o planejamento financeiro nada mais é do que a organização das finanças
pessoais.

Desse modo, podemos dizer que o orçamento e o planejamento financeiro


se complementam. O orçamento deve ser sempre visto como um passo para a
implementação do planejamento financeiro. A ausência de um orçamento torna
o controle de despesas mais complicado, ao mesmo tempo que não fazer um

126
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

planejamento deixa mais difícil a concretização de objetivos a longo prazo


(CONGO, 2019).

Agora, caro acadêmico, estudaremos um pouco sobre as vantagens e os


erros de um planejamento financeiro.

São várias as vantagens e os benefícios do planejamento financeiro pessoal


ou familiar. Congo (2019), em seu artigo “Planejamento financeiro: tudo o que
você precisa saber para cuidar melhor do seu dinheiro”, destaca quatro benefícios
do planejamento financeiro.

QUADRO 4 – BENEFÍCIOS DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Pagar juros de dívidas é, literalmente, jogar din-


heiro fora. Dois exemplos muito comuns são
Evita dívidas quando a pessoa paga somente o valor mínimo
da fatura do cartão de crédito ou quando utiliza o
limite do cheque especial.
O planejamento financeiro implica o controle de
finanças pessoais. Assim, o dinheiro é gerido com
mais inteligência, e a pessoa define previamente
em quais categorias ele será gasto. Com o plane-
Proporciona o controle de
jamento financeiro a pessoa conhece seu saldo e
gastos
sabe quanto pode gastar.
Os gastos desnecessários existem. A questão é:
você sabe exatamente quais são eles? Infeliz-
Ajuda a cortar os gastos mente, a maioria das pessoas desconhece. Ao
desnecessários fazer um controle adequado, a pessoa consegue
verificar quanto desembolsa em cada categoria
(por exemplo: água, luz, alimentação, lazer etc.)
e, a partir dessa análise, fica mais fácil descobrir
onde estão os gastos excessivos e pensar em
maneiras para diminuí-los.
A sensação de que parte do “dinheiro sumiu” é
comum para quem não tem controle dos gastos.
Permite identificar onde o Com o planejamento financeiro a pessoa pode
dinheiro foi gasto controlar todos os seus gastos (pois todos eles
são anotados), e isso contribui de maneira direta
para a eliminação dos gastos desnecessários.
FONTE: Adaptado de Congo (2019)

127
Educação financeira na educação básica

Já Leitão (2020), em seu artigo “Como elaborar um planejamento financeiro


pessoal incrível em 13 passos simples”, destaca que benefícios não faltam
para aqueles que elaboram um planejamento financeiro. O autor apresenta as
seguintes vantagens:

• Melhores hábitos de consumo e qualidade de vida.


• Controle da vida financeira.
• Proteção da família.
• Acabar com as dívidas.

Para Leitão (2020), se ele fosse obrigado a citar uma desvantagem do


planejamento financeiro, a única resposta possível seria: não ter um, ou seja, não
há desvantagem em se programar para o futuro.

Nesse momento, é importante ressaltar que erros podem ser cometidos na


hora de realizar um planejamento financeiro, seja ele pessoal ou familiar. Podemos
destacar que alguns dos principais erros de um planejamento financeiro são:

• Ser indisciplinado

Para que uma pessoa crie um planejamento financeiro, ela precisa ser (ou
se tornar) uma pessoa disciplinada, organizada e responsável. Ser indisciplinado
prejudica muito no controle do planejamento financeiro. É preciso ter consciência
da importância do planejamento. A indisciplina é um dos principais erros e motivos
da desistência do gerenciamento das finanças de uma pessoa.

• Não ter uma reserva financeira

A vida é completamente imprevisível, e sempre podem acontecer situ-


ações não planejadas, como doenças, o carro estragar, reparos na casa etc. Para
situações como essas é importante a pessoa ter uma quantia de dinheiro reser-
vada. Nessas circunstâncias, muitas pessoas acabam desistindo do planejamento
financeiro, pois não possuem uma reserva financeira, e, por conta disso, acabam
se perdendo no controle dos seus gastos.

• Não traçar metas ou objetivos

Ao realizar um planejamento financeiro, é importante traçar metas ou


objetivos. Caso a pessoa não trace metas, o planejamento financeiro certamente
não terá sucesso, pois montar um planejamento financeiro sem ter uma meta ou
um objetivo específico não é recomendado em nenhuma hipótese. É importante

128
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

que a pessoa tenha planos (seja a curto, médio ou longo prazo) para conseguir
alcançar os resultados esperados.

• Não acompanhar os gastos regularmente

Por fim, podemos ressaltar que um dos grandes erros do planejamento


financeiro pessoal é não acompanhar os gastos regularmente. Isso complementa
o primeiro erro, que é ser indisciplinado. Quando uma pessoa não acompanha
os seus gastos (até mesmo os pequenos gastos do dia a dia, como a compra
de um lanche ou um café), quando acumulados, geralmente, causam um grande
impacto no orçamento no final do mês.

2.2.2 Como elaborar um planejamento


financeiro
Para finalizar esse tópico de estudos, que trata sobre orçamento e
planejamento financeiro, veremos algumas dicas de como elaborar um
planejamento financeiro. Leitão (2020) apresenta 13 passos para realizar um
planejamento financeiro:

129
Educação financeira na educação básica

FIGURA 3 – COMO ELABORAR UM PLANEJAMENTO FINANCEIRO EM 13 PASSOS

FONTE: <https://www.mobills.com.br/images/infograficos/Como-elaborar-um-
planejamento-financeiro-pessoal-incrivel-em-13-passos.pdf>. Acesso em: 24 maio 2020.

1º passo: acompanhe diariamente as suas despesas e receitas

O primeiro passo é considerado um dos mais importantes, e já é bem


familiar, não é mesmo? Acabamos de ver isso nos erros comuns no planejamento
financeiro: não acompanhar os gastos regularmente. Quando uma pessoa não
acompanha e não controla as suas receitas e, principalmente, suas despesas
diariamente, ela estará jogando seu futuro financeiro para a sorte. É por isso
que esse é o primeiro passo para o sucesso de um planejamento financeiro:
acompanhar diariamente as suas despesas e as suas receitas.

2º passo: compre somente o que você realmente precisa

O segundo passo, compre somente o que você realmente precisa, é


considerado por muitas pessoas algo muito difícil. É importante que a pessoa

130
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

saiba qual o seu ponto fraco para aprender a contorná-lo. Gastos desnecessários,
principalmente quando ocorrem com frequência, irão atrapalhar o seu
planejamento. Por isso, decidir comprar somente o que você realmente precisa, é
importante para o seu planejamento financeiro pessoal.

3º passo: compare os preços antes de comprar produtos

O terceiro passo para um planejamento financeiro de sucesso é comparar


os preços antes de comprar um produto. É inegável que, nos dias de hoje,
com a internet, é muito mais fácil comparar os preços dos produtos, analisar as
promoções e decidir o lugar mais viável para a compra. Por isso, ao realizar um
planejamento financeiro, não deixe de comparar os preços antes de comprar
algum produto.

4º passo: utilize o cartão de crédito apenas quando for benéfico

Já no quarto passo é indicado que devemos utilizar o cartão de crédito


apenas quando ele for benéfico, ou seja, apenas quando for favorável e trazer
benefícios para nós, como os cartões de crédito que dão milhas, descontos em
cinema, shows etc.

5º passo: pague à vista quando tiver desconto

Devemos sempre pagar à vista quando tiver desconto. É inegável que pagar
à vista um produto quando tem desconto é sempre mais vantajoso, pois assim
compraremos o produto a um preço mais barato, não é mesmo? É claro que,
nesse caso, devemos ficar atentos às propagandas enganosas de descontos.

6º passo: tenha metas bem definidas no seu planejamento financeiro

Devemos ter metas bem definidas ao realizar um planejamento financeiro.


Lembrando que já abordamos sobre a sua importância anteriormente, ou seja,
para que um planejamento financeiro seja um sucesso, a pessoa precisa ter
metas bem definidas, para que, assim, alcance os seus objetivos.

7º passo: analise os seus objetivos mensalmente

No sétimo passo de como fazer um planejamento financeiro, Leitão (2020)


destaca que devemos analisar os nossos objetivos mensalmente, para que
possamos ter total controle dos nossos ganhos e gastos, impedindo que aconteça
algum imprevisto.

131
Educação financeira na educação básica

8º passo: viva de acordo com a sua condição financeira

O oitavo passo, viver de acordo com a nossa condição financeira, é simples:


as pessoas devem viver de acordo com o seu padrão de renda, e não viver
de aparências, para agradar ou surpreender os outros. Esse passo é muito
importante para o sucesso do planejamento financeiro, ou seja, saber gastar o
dinheiro com consciência: só vou gastar o que posso pagar.

9º passo: busque informações sobre investimentos

O próximo passo é buscar informações sobre investimentos. É fato que,


quanto mais cedo uma pessoa começa a ler sobre investimentos, mais rápido ela
pode pôr em prática o que está aprendendo. Ao estudar sobre investimentos, uma
pessoa pode entender melhor sobre onde depositar e investir o seu dinheiro e
onde obterá os melhores resultados.

10º passo: trace objetivos realistas

O décimo passo é traçar objetivos realistas. Para isso, é indispensável que


a pessoa seja realista sobre o rendimento dos seus investimentos. Leitão (2020)
sugere que, se você acha que vai receber de um determinado investimento um
rendimento de 10% ao ano, deve considerar 9% ao ano nos seus cálculos, pois
assim, você irá se prevenir contra eventuais problemas. O autor também destaca
que muitas pessoas acabam se dando mal nos investimentos, pois acreditam
que vão ganhar muito dinheiro facilmente, ou passaram a poupar menos quando
melhoraram os seus rendimentos.

11º passo: regra 50-30-20 no planejamento financeiro

O 11º passo para a realização de um planejamento financeiro é a regra 50-


30-20. Você já ouvir falar sobre essa regra? É um ótimo método de organização
do orçamento. 50% do salário deve ser destinado aos pagamentos dos itens
essenciais básicos, como conta de luz, água, comida etc. Já os 30% devem
ser destinados ao lazer e atividades extracurriculares, como viagens, passeios,
academia etc., e os 20% restantes devem quitar, aos poucos, as dívidas que
a pessoa tiver e, caso a pessoa não tenha dívidas, esse dinheiro deve ser
economizado e investido para o seu futuro. Interessante essa regra, não é
mesmo?

12º passo: evite usar o cartão de crédito se estiver endividado

O penúltimo passo é evitar usar o cartão de crédito quando estiver


endividado. O uso do cartão de crédito apresenta muitas vantagens, porém, para

132
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

uma pessoa endividada, isso pode ser um problema. Todo tipo de pagamento
deve ser analisado com cuidado.

13º passo: reserve

Para finalizar, o último passo para criar um planejamento financeiro é,


simplesmente, reservar. Ter uma reserva, quando acontecer algum imprevisto,
certamente, facilitará muito no gerenciamento das suas contas.

Você se lembra, caro acadêmico, que anteriormente vimos um exemplo de


planilha para controlarmos nossas receitas e despesas mensalmente durante o
ano? Agora, veja um exemplo de acompanhamento de planejamento financeiro
mensal:

QUADRO 5 – EXEMPLO DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO MENSAL

FONTE: A autora

Perceba que, diferente do exemplo de acompanhamento mensal (receitas e


despesas mensais durante o ano), nesse exemplo você detalha o valor total dos
seus gastos fixos e gastos variáveis durante um mês. Você pode montar essa
tabela ou algo similar em um caderno ou folha de papel, no Word, ou no Excel.

133
Educação financeira na educação básica

Em sala de aula, você, professor, pode trazer um exemplo de planejamento


financeiro mensal já preenchido e discutir com os estudantes sobre os gastos
dessa pessoa ou família. Nesse momento, o professor também pode identificar se
o saldo mensal é positivo ou negativo. Se for negativo, o professor pode discutir
com os estudantes o que a pessoa pode fazer para reverter essa situação nos
próximos meses. Se o saldo for positivo, o professor pode abordar sobre as
vantagens e as possibilidades de investimento.

Nesse momento, caro acadêmico, reveja o que você estudou


nesse primeiro tópico, realizando as atividades de estudo. Leia as
seguintes questões e, em seguida, responda:

1 A proposta do planejamento financeiro é auxiliar para que as


pessoas tomem decisões financeiras de uma maneira consciente,
organizada e responsável. Diante disso, avalie as seguintes
asserções e a relação entre elas:

As pessoas que realizam um planejamento financeiro dificilmente


acumulam dívidas comprando o que está acima de suas
possibilidades financeiras.

PORQUE

têm o controle necessário sobre sua renda, inclusive,


Elas 
sendo capazes de identificar com precisão cada gasto feito.

Agora, a respeito dessas asserções, assinale a alternativa


correta:

( )A s asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é


uma justificativa correta da I.
( )A s asserções I e II são proposições falsas.
( )A s asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma
justificativa correta da I.
( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma
proposição falsa.

134
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

2 O planejamento financeiro permite que as pessoas tenham


qualidade de vida e também auxilia as pessoas a conquistarem
a sua independência e a sua “tranquilidade financeira”. Já o
orçamento ajuda as pessoas a serem superavitárias, ou seja, o
orçamento auxilia as pessoas a manterem suas receitas maiores
que suas despesas. Nesse sentido, diferencie orçamento de
planejamento financeiro.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________.
3 (Adaptado de BCB, 2013): O orçamento é uma ferramenta que
ajuda as pessoas a economizarem mais e a controlarem melhor
suas despesas mensais, para que, assim, elas consigam poupar
dinheiro e atingir suas metas financeiras mais rapidamente.
Criar um orçamento é uma das partes mais importantes do
planejamento financeiro. Assim, com relação ao orçamento
financeiro, assinale a alternativa INCORRETA:

( ) É uma ferramenta de planejamento financeiro.


( ) Não necessita de acompanhamento.
( ) Oferece uma oportunidade para você avaliar sua vida financeira.
( ) Contribui para você identificar e entender os hábitos de consumo.

4 Nesse primeiro tópico vimos que a primeira etapa do orçamento


consiste no planejamento. Nessa etapa a pessoa deve estimar
as receitas e as despesas do período. Para isso, a pessoa pode
utilizar sua rotina passada, apontando as receitas e as despesas
passadas e usando-as como base para prever as receitas e
despesas futuras. Diante disso:

Diferencie receitas fixas de receitas variáveis.


Diferencie despesas fixas de despesas variáveis.

R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
________________________________________________.

135
Educação financeira na educação básica

3 CONSUMO PLANEJADO E
CONSCIENTE
Segundo o CONEF (2014), consumo é o ato de consumir, comprar um
produto ou utilizar um serviço. Como estudamos anteriormente, o consumo deve
ser feito de maneira consciente, responsável e planejada. Consumir de maneira
planejada e consciente não significa restringir gastos ou deixar de comprar. Na
verdade, com o planejamento financeiro, a pessoa pode consumir mais e melhor.

Consumir “mais” por meio da potencialização do dinheiro


e “melhor” via eliminação de desperdícios. Quando você
paga uma conta em dia, evitando a cobrança de uma multa
por atraso, por exemplo, está potencializando seu dinheiro.
Quando você desliga as luzes de ambientes vazios, fecha
as torneiras enquanto escova os dentes ou se planeja para
evitar que produtos tenham a validade vencida, você consome
melhor. Ou, ainda, quando você poupa por alguns meses
e consegue comprar sua televisão nova à vista, além de
economizar os juros que seriam pagos em um financiamento,
você pode conseguir um desconto por pagar à vista e, com
isso, ter acesso a um aparelho melhor (BANCO CENTRAL DO
BRASIL, 2013, p. 35).

Caro acadêmico, você se considera um consumidor consciente? Como você


toma as suas decisões de consumo? Como você lida com o desejo de consumir
sem necessidade? Você enxerga o consumo como algo errado ou certo? O que
você faz para não cair nas armadilhas de consumo?

Estamos em constante conflito entre o que desejamos


adquirir e o que nossos recursos financeiros permitem.
Tal conflito exige que planejemos nosso consumo. Os desejos
são ilimitados, enquanto os recursos são limitados. Temos o
conflito entre consumir hoje ou poupar e postergar o consumo.
Muitas vezes, queremos consumir mais do que nossa renda
atual nos permite. Muitos não conseguem se controlar e
acabam se endividando de maneira irresponsável. Consumir
não é errado; pelo contrário, o consumo atende nossas
necessidades e nossos desejos. O consumo possibilita que
alcancemos sonhos, como realizar a viagem tão desejada.
Para evitar que o dilema entre o querer e o poder nos
coloque em uma enrascada financeira, devemos planejar o
consumo (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 35, grifos
dos autores).

Você, professor, ao abordar esse conteúdo em sala de aula, tem a oportunidade


de conscientizar os estudantes sobre as vantagens e as desvantagens de planejar
o consumo, das estratégias e técnicas de vendas utilizadas pelos comerciantes
para conquistar os consumidores (assunto abordado na unidade anterior) e as

136
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

atitudes que podem ser adotadas pelo consumidor para evitar o consumo por
impulso, e, também, promover o consumo consciente com práticas sustentáveis,
inclusive no que se refere ao uso e à conservação do dinheiro (BANCO CENTRAL
DO BRASIL, 2013).

Você sabia que para produzir dinheiro é gasto dinheiro? Quando


as pessoas não cuidam do dinheiro (cédula) encurtam a vida útil
das cédulas. Alguns hábitos errados que as pessoas costumam ter
ao utilizar dinheiro são: amassar, rabiscar e grampear as cédulas.
Em 2012 o Banco Central do Brasil recolheu 2,2 bilhões de cédulas
impróprias para circulação. O problema é que o custo para essa
reposição de cédulas ficou em torno de 394 milhões de reais. Por
isso é importante conscientizarmos as pessoas sobre a importância
de conservar e cuidar das cédulas.

Segundo o Banco Central do Brasil (2013), as pessoas e famílias que


planejam adequadamente o consumo conseguem obter uma série de vantagens.
Para os autores, algumas dessas vantagens são:

• Controlar o endividamento pessoal: o consumidor consciente de seus


gastos e de suas receitas pode se controlar melhor. Mesmo que ele
passe por dificuldades, pode sair delas mais rapidamente do que outro
que não planeja seu consumo. O consumidor consciente evita, assim,
que um pequeno problema se transforme em uma grande bola de neve.
• Auxiliar na preservação e no aumento do patrimônio: o consumidor
que consome planejadamente tem mais condições de destinar parte de
sua renda para a poupança, afinal, o planejamento auxilia a manter a
disciplina.
• Eliminar gastos desnecessários: você provavelmente já passou por
alguma situação em que “o leite acabou” ou “fiquei sem café”. Quem
vivencia esse tipo de situação, muitas vezes, corre para o lugar mais
próximo e acaba comprando produtos mais caros, não é mesmo? Por
isso, dizemos que, quem planeja, tem mais chance de eliminar gastos
desnecessários e realiza compras mais baratas.
• Utilizar os juros a seu favor: com um planejamento financeiro, você
otimiza o uso do crédito, reduzindo o pagamento de juros. Evita também
o pagamento de multas por falta de organização e tem maior capacidade
de poupar. Quem poupa pode receber rendimentos e se beneficiar dos

137
Educação financeira na educação básica

juros trabalhando a seu favor.


• Maximizar os recursos disponíveis: outra vantagem do consumo
consciente é que, por meio de atitudes como pesquisar preços, negociar
descontos ou aproveitar situações como a sazonalidade, por exemplo,
comprando frutas da estação, em que você aproveita produtos de melhor
qualidade e menor preço.

Sazonalidade vem da palavra “sazonal”, que se refere a algo


temporário, mais corriqueiro em determinado período, estação ou
época.

Acompanhe o quadro a seguir que apresenta algumas diferenças entre


um “consumidor consciente” e um “consumidor consumista”, que consome por
impulso e sem planejar.

QUADRO 6 – QUADRO COM AS DIFERENÇAS ENTRE “CONSUMIDOR


CONSUMISTA” E “CONSUMIDOR CONSCIENTE”

Consumidor consumista Consumidor consciente


Gasta compulsivamente. Pensa e avalia antes de comprar.
Pensa em si e no resto da socie-
dade, inclusive as futuras. Pensa
Pensa apenas em si próprio. no impacto sobre o meio ambiente
antes de comprar.
Compra tudo o que deseja. Compra apenas o necessário.
Joga todas as embalagens no lixo sem se Separa o que é lixo orgânico do
preocupar em separar o lixo orgânico do que é reciclável, e dá a destinação
lixo reciclável. correta para o lixo.
Se estiver fácil para comprar e for barato, Mesmo sendo mais barato, não
não se preocupa se o produto é pirata ou compra produtos piratas ou contra-
contrabandeado. bandeados.
Desperdiça. Deixa torneira aberta sem
usar a água. Deixa lâmpada acesa sem es-
tar no ambiente. Deixa os aparelhos elétri- Evita desperdícios e utiliza efetiva-
mente o que compra.
cos e eletrônicos ligados sem necessidade
etc. Não utiliza tudo o que compra.
É imediatista e não se preocupa com o seu É uma pessoa precavida e sabe
futuro e o das outras pessoas. que o futuro é consequência das
escolhas de hoje.
FONTE: Adaptado de Banco Central do Brasil (2013)

138
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

Perceba, caro acadêmico, que o “consumidor consciente” é aquela pessoa


que gasta e consome com sabedoria e responsabilidade. Para o Banco Central do
Brasil (2013), quando uma pessoa consome levando em conta as consequências
desse consumo (em médio e longo prazo) para as populações do planeta,
essa pessoa é usualmente chamada de consumista consciente. Enquanto
o “consumidor consumista” é aquela pessoa que gasta sem pensar, ou seja,
consome sem responsabilidade e sem se preocupar com as consequências desse
consumo.

Em sala de aula, você, professor, pode trazer algumas ideias como essas
e discutir com os estudantes sobre as consequências de ser um “consumidor
consumista” e sobre as vantagens de ser um consumidor consciente.

Para que uma pessoa deixe de ser consumista é necessário ter muita
disciplina e organização. Com a mudança de alguns dos seus hábitos e com um
planejamento financeiro, certamente a pessoa aprenderá a consumir de forma
mais responsável e consciente.

É importante destacar que, além das vantagens ambientais, o consumo


consciente proporciona benefícios sociais e econômicos para a sociedade como
um todo, e, também, benefícios individuais para aquelas pessoas que consomem
conscientemente.

Desse modo, o consumo consciente amplia o conceito de


educação financeira, ao incorporar às nossas escolhas de
consumo, considerações sociais e ambientais, tais como
modo de produção, quantidade e qualidade das matérias-
primas, tipo e qualidade de mão de obra, produção de resíduos
e outros aspectos relevantes para o meio ambiente e para a
sociedade. Enfim, consumir conscientemente pode contribuir
para o consumo sustentável nas dimensões ambiental,
social e econômica, ou seja, adquirir produtos e serviços
ambientalmente corretos, com o mínimo de impacto sobre o
meio ambiente, que possam ajudar a construir uma sociedade
mais justa e, claro, que sejam economicamente compatíveis
com a situação financeira do consumidor (BANCO CENTRAL
DO BRASIL, 2013, p. 39, grifo dos autores).

Nesse sentido, algumas dicas e atitudes que podem ser tomadas pelas
pessoas que vão ao supermercado e desejam se tornar um consumidor consciente
e responsável são:

• Na hora de ir ao supermercado, siga rigorosamente a sua lista de


compras.
• Não compre produtos apenas pela aparência ou pela novidade.
• Verifique a qualidade dos produtos e não compre produtos vencidos.

139
Educação financeira na educação básica

• Priorize frutas da estação e do local.


• Compare preços.
• Faça uma lista de compras com os preços médios que você costuma
pagar.
• Acompanhe o registro dos produtos no momento de passá-los no caixa.
• Aproveite as promoções, mas não seja vítima delas.
• Vá alimentado. Pesquisas mostram que quem faz compras de estômago
vazio compra mais por impulso.
• Elimine os desperdícios e adote os “3 Rs”: reduza, reutilize e recicle. Isso
fará bem a você e ao meio ambiente.
• Use sacolas ecológicas (reutilizáveis). Muitas dessas sacolas são bem
mais bonitas que as de plástico (que levam mais de 200 anos para serem
degradadas nos aterros) (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013).

Os 3 Rs da sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e Reciclar)


são ações práticas que visam minimizar o desperdício de materiais
e produtos, além de poupar a natureza da extração inesgotável de
recursos. Adotando estas práticas, é possível diminuir o custo de vida
reduzindo gastos, além de favorecer o desenvolvimento sustentável.
FONTE: CASTILLIONI, K. P. Reduzir, Reutilizar e Reciclar – 3 Rs
da Sustentabilidade. 2019. Disponível em: http://sustentahabilidade.
com/reduzir-reutilizar-e-reciclar-3-rs-da-sustentabilidade/. Acesso
em: 26 maio 2020.

O Banco Central do Brasil (2013) apresenta algumas atitudes que podem ser
adotadas pelo consumidor no comércio:

• Pesquise o preço do produto ou serviço, com antecedência, em outros


estabelecimentos comerciais ou pela internet.
• Pechinche.
• Negocie.
• Experimente pagar em dinheiro ao invés de cartão. É possível, às vezes,
conseguir um bom desconto.
• Atente para o real preço dos produtos nas vitrines, não apenas para o
valor das parcelas.

140
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

Os autores também destacam que muitas pessoas apresentam uma certa


dificuldade para se planejar financeiramente, e isso pode acontecer por vários
motivos. Alguns deles se relacionam à:

• Busca do prazer imediato: na busca da satisfação de um desejo


imediato, muitas vezes pagamos um preço maior por isso.
• Pouca formação financeira: devido ao desconhecimento sobre
conceitos e produtos financeiros, não usamos adequadamente as
possibilidades que o mercado financeiro oferece para um melhor
planejamento em direção aos nossos sonhos.
• Memória inflacionária: por muitos anos, o brasileiro viveu em um
ambiente de hiperinflação, que, no Brasil, durou até 1994, com a
introdução do Plano Real. Apesar de vivermos por quase duas décadas
em um ambiente de inflação sob controle, a memória inflacionária
ainda influencia a maneira como planejamos nosso consumo (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2013).

No ambiente de hiperinflação, fazia sentido “gastar


imediatamente” o dinheiro recebido, caso contrário o valor do
dinheiro ia sendo corroído com o tempo. Por isso, muita gente corria
para o supermercado assim que recebia o salário. As famílias faziam
estoques. Era difícil se lembrar dos preços dos produtos, pois eles
mudavam a toda hora. O consumidor ficava perdido e sem referência
para saber se determinado produto estava caro ou barato. Era
complicado se planejar nesse ambiente. Quem viveu essa época
sabe bem disso. Agora, os tempos são outros.
FONTE: BANCO CENTRAL DO BRASIL. Caderno de Educação
Financeira – Gestão de Finanças Pessoais. Brasília: BCB, 2013.

Para finalizar este tópico de estudos, veja algumas dicas para você pôr em
prática para se tornar um consumidor consciente:

QUADRO 7 – DICAS PARA PÔR EM PRÁTICA PARA UM CONSUMO CONSCIENTE


Mude seus hábitos para consumir mais e melhor. Pequenas mudanças no seu
comportamento diário podem levar a grandes resultados. Comece hoje mesmo!
Tenha disciplina e compromisso. Ao controlar os seus impulsos de consumo, o
maior beneficiário será você mesmo, além de contribuir para a sustentabilidade
do ambiente.

141
Educação financeira na educação básica

Planeje suas compras parceladas. Quando você anota suas prestações para os
meses futuros, torna-se mais consciente do quanto sua renda está comprometi-
da. Isso evita compras parceladas em excesso e protege contra problemas de
se endividar demasiadamente.
Reconheça as estratégias de vendas. Ao tomar conhecimento do que o market-
ing e o comércio fazem, você será mais capaz de resistir às tentações de con-
sumo e das armadilhas que aparecem.

Adote um estilo de vida saudável, em vez de se guiar apenas por modismos


ou status social. Estar consciente do que é importante para suas necessidades
ajuda nas decisões de consumo.
Não amasse ou rasgue as cédulas nem escreva nelas. Quando você conserva
as cédulas em bom estado, mais tempo elas durarão, circulando nas compras e
vendas, custando menos para você e para a sociedade.
FONTE: Adaptado de Banco Central do Brasil (2013)

Você percebeu que no final de todos os tópicos de estudos você


tem a oportunidade de realizar algumas atividades de estudo? Aqui
não será diferente. Esse momento é muito importante para você fixar
os conteúdos estudados. Reveja o que você estudou nesse tópico
realizando as seguintes atividades:

1 Vimos que as pessoas e famílias que planejam adequadamente


o consumo conseguem obter uma série de vantagens em sua
vida financeira. Assim, destaque três vantagens do consumo
consciente e planejado.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

2 Quando uma pessoa consome levando em conta as


consequências desse consumo, em médio e longo prazo, para as
populações do planeta, essa pessoa é usualmente chamada de
“consumista consciente”. Enquanto o “consumidor consumista”
é aquela pessoa que gasta sem pensar, ou seja, consome sem
responsabilidade e sem se preocupar com as consequências

142
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

desse consumo. Diante disso, analise as sentenças a seguir e


classifique V para verdadeiro e F para falso:

( )U m “consumidor consciente” é aquele que compra tudo o que


deseja.
( )O “consumidor consumista” gasta compulsivamente.
( )O “consumidor consumista” evita desperdícios e utiliza
efetivamente o que compra.
( ) Um “consumidor consciente” pensa no impacto sobre o meio
ambiente antes de realizar uma compra.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


( ) V – V – F – V.
( ) F – V – V – V.
( ) F – V – F – V.
( ) V – F – V – F.

4 FUTURO FINANCEIRO
Neste último tópico, para finalizar o nosso estudo sobre educação financeira,
estudaremos sobre poupança, investimento, prevenção, proteção e aposentadoria.

4.1 POUPANÇA E INVESTIMENTO


Segundo o Banco Central do Brasil (2013, p. 43), “ao poupar, você acumula
valores financeiros no presente para serem utilizados no futuro. Os valores
poupados no presente e investidos durante um, dois ou mais anos poderão fazer
uma diferença significativa na qualidade de vida do poupador no futuro”. São
vários os motivos para uma pessoa poupar. Alguns deles são:

• Precaver-se diante de situações inesperadas.


• Comprar uma casa.
• Comprar um carro novo.
• Guardar dinheiro para quitar dívidas.
• Preparar para a aposentadoria.
• Poder gastar com lazer.
• Fazer uma viagem dos sonhos.
• Guardar dinheiro para o futuro dos filhos.
Ter segurança financeira em caso de perda de emprego.

143
Educação financeira na educação básica

Quando desejamos alcançar algum objetivo que depende de recursos


financeiros, devemos, muitas vezes, estabelecer prioridades, certo? Estudamos
anteriormente sobre a importância de elaborar um orçamento e de ser um
consumidor consciente e responsável. Quando a pessoa realiza um planejamento
financeiro e é um consumidor consciente, torna-se muito mais fácil incorporar no
seu dia a dia o hábito de poupar.

O primeiro contato de uma pessoa com a caderneta de poupança acontece,


geralmente, ao abrir uma conta no banco, e isso ocorre porque ela é uma forma
fácil de guardar dinheiro e pode ser vinculada a sua conta corrente. A poupança
é uma opção de aplicação financeira muito utilizada pelos brasileiros nos dias
de hoje (2020), sendo que, para muitas pessoas, essa aplicação é sinônimo de
segurança financeira.

Segundo uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil em junho


de 2019, o conservadorismo e o medo de perder dinheiro levam os
brasileiros a preferirem a poupança. Essa pesquisa mostrou que
65% das pessoas escolhem a caderneta de poupança entre as
modalidades de investimento.
Acesse essa notícia completa no site do SPC Brasil. Disponível
em: https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/noticia/6411.

Afinal, o que é poupança? A poupança é uma sobra financeira e deve ser


direcionada para algum tipo de investimento para que seja remunerada. Podemos
dizer também que a poupança é a diferença entre as receitas e as despesas, ou
seja, tudo o que ganhamos e tudo o que gastamos. Já a caderneta de poupança
ou conta poupança nada mais é que um tipo de investimento (BANCO CENTRAL
DO BRASIL, 2013).

A poupança foi criada com a Caixa Econômica Federal, em


janeiro de 1861, sendo que, nessa época, o Brasil ainda era um
império regido por D. Pedro II, e o principal objetivo da criação da
caderneta de poupança era atender às camadas mais pobres da
população.

144
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

A praticidade e a segurança são as duas principais características que tornam


a poupança a aplicação mais utilizada pelas pessoas, porém, o grande problema
da poupança é o seu baixo rendimento.

A poupança ajuda as pessoas a pouparem dinheiro, contudo, para fazê-lo


crescer, é preciso procurar opções mais rentáveis. Como o retorno oferecido pela
caderneta é extremamente baixo, muitas pessoas estão começando a migrar para
outros tipos de investimentos.

Você, caro acadêmico, sabe o que é um investimento? Investimento é


a aplicação dos recursos que poupamos, com a expectativa de obtermos uma
remuneração por essa aplicação, ou seja, quem investe tem como objetivo ganhar
dinheiro (CONGO, 2019).

O conceito de investimento pode ser entendido como um desembolso


no presente em que há uma expectativa de certo ganho ou resultado futuro e,
a partir disso, vários itens podem ser considerados como capital para investir,
como tempo, energia, atenção, estudos etc. Não é preciso ser um especialista
em finanças para investir, porém, é sempre importante ter uma noção sobre o que
é investimento, porque esse conceito faz parte da vida da maioria das pessoas,
afinal, a nossa relação com o dinheiro nos afeta diretamente (CONGO, 2019).

Quando falamos em investimentos financeiros, estamos falando que investir


é aplicar dinheiro para que ele produza rendimentos no futuro, certo? Isso só é
possível por conta do efeito dos juros compostos (conteúdo estudado na primeira
unidade desse livro) sobre as aplicações financeiras, pois é ele que faz com que o
dinheiro se multiplique.

Podemos dizer que o processo de um investimento é semelhante ao de


uma dívida que cresce com o passar do tempo. Os valores são multiplicados
por eles mesmos ao longo de um determinado período, e o valor final depende
essencialmente do tempo pelo qual os recursos permanecerem sob o efeito dos
juros compostos. Basicamente, dizemos que, estar endividado é dever dinheiro
para o banco, e, investir, é emprestar dinheiro para ele (CONGO, 2019).

Cerbasi (2012), em seu livro “Como organizar sua vida financeira:


inteligência financeira pessoal na prática”, apresenta que, investir é multiplicar
suas reservas financeiras. O autor também destaca que você estará investindo a
partir do momento que você poupar com consciência, reservando o seu dinheiro
em alternativas financeiras que sejam eficientes em vencer a inflação (mesmo
que seja apenas no longo prazo), e que, para conseguir isso, é preciso saber
exatamente o que você quer e onde você deseja chegar.

145
Educação financeira na educação básica

Segundo o Banco Central do Brasil (2013), para que uma pessoa faça um
investimento que atenda as suas necessidades, é importante que ela conheça as
três características dos investimentos: liquidez, risco e rentabilidade.

• Liquidez refere-se à capacidade de um investimento ser transformado


em dinheiro, a qualquer momento, e por um preço justo. Por exemplo, o
ativo mais líquido que existe é o próprio dinheiro. Fundos de aplicação
em renda fixa e caderneta de poupança (com resgate imediato), são
considerados produtos com alta liquidez. Enquanto os imóveis são
considerados investimento de baixa liquidez, pois podem levar muito
tempo para serem vendidos.
• Risco é a probabilidade de ocorrência de perdas. Quanto maior o
risco, maior a probabilidade de o investidor incorrer em perdas. É
claro que, dependendo do investimento, a pessoa pode ganhar, ou
perder pequenos ou, até mesmo, grandes valores. Dois exemplos de
investimentos de menor risco são a caderneta de poupança e o tesouro
direto (desde que a pessoa fique de posse do título e o desconte na
data de seu vencimento). Enquanto isso, as ações são consideradas
investimentos de maior risco.
• Rentabilidade é o retorno, a remuneração do investimento. Quando uma
pessoa faz um investimento, ela tem uma expectativa de rentabilidade,
que pode se concretizar ou não. De maneira geral, podemos dizer
que, quanto maior a rentabilidade prometida, maior o risco de perder a
quantia aplicada, ou seja, o que ganhamos em segurança, perdemos em
rentabilidade e vice-versa. Por isso, dizemos que, antes de uma pessoa
escolher um investimento, ela deve comparar a rentabilidade prometida
com a média do mercado. É importante destacar que a pessoa deve
desconfiar de promessas muito boas.

Marcos Silvestre, autor do livro “Tesouro Direto: a nova


poupança”, ensina em seu livro como comprar e vender títulos
públicos via “Tesouro Direto”. Segundo o autor, o Tesouro Direto é
um investimento prático, rápido e muito seguro.

146
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

Segundo a Comissão de Valores Imobiliários (CVM), há alguns


aspectos que uma pessoa precisa saber antes de investir, sendo que
alguns deles são: o seu perfil de investidor, o objetivo do investimento
e o prazo de aplicação. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
foi criada em 7/12/1976 pela Lei nº 6.385/76, com o objetivo de
fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores
mobiliários no Brasil.
FONTE: <http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/
institucional/sobre/cvm.html>. Acesso em: 3 jun. 2020.

Quando uma pessoa decide investir, primeiramente é importante que ela


conheça algumas características dos investimentos que estão disponíveis para
que a sua escolha seja adequada, visto que, nem sempre o investimento que é
melhor para você é o melhor para outra pessoa.

É necessário termos consciência de que as pessoas são diferentes umas


das outras, e isso também vale para o perfil da pessoa que está investindo.

De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o investidor pode


ser classificado em três perfis diferentes: conservador, moderado ou arrojado. Ao
descobrir o seu perfil, isso pode ajudar a pessoa na escolha da aplicação mais
adequada.

• Conservador: o conservador privilegia a segurança e faz todo o possível


para diminuir o risco de perdas, e, por isso, aceita até uma rentabilidade
menor.
• Moderado: o moderado procura um equilíbrio entre a segurança e a
rentabilidade, e está disposto a correr um certo risco para que o seu
dinheiro renda um pouco mais do que as aplicações que são mais
seguras.
• Arrojado: o arrojado privilegia a rentabilidade e é capaz de correr
grandes riscos para que o seu investimento renda o máximo possível.

Outro aspecto que uma pessoa precisa saber antes de investir são os
objetivos do investimento. O que você pretende fazer com o seu dinheiro?
Comprar uma casa? Comprar um carro novo? Formar uma poupança para utilizar
futuramente? Saber como você pretende utilizar o seu dinheiro no futuro é um
passo muito importante para a escolha do tipo de investimento.

147
Educação financeira na educação básica

A partir do momento que a pessoa define o seu objetivo, fica muito mais fácil
saber em quanto tempo ela precisará dele, ou seja, sua necessidade de liquidez.
O prazo de realização, segundo Silvestre (2016, p. 42), “é a quantidade de meses
ou anos entre o ponto de partida da acumulação e aquele momento futuro no
qual você pretende realizar seu sonho”, ou seja, em outras palavras, é o tempo
total (medido em meses) que uma pessoa leva para conseguir bater sua meta de
acumulação.

Por exemplo, vamos supor que você esteja começando a formar sua
poupança e o seu objetivo é comprar uma casa. É muito provável que serão
necessários alguns anos para você juntar o dinheiro para comprar a casa. Agora,
por outro lado, se o seu objetivo é comprar um carro novo daqui a exatamente
seis meses, dependendo do valor do carro, você precisa de investimentos de
maior liquidez. Nesse caso, é muito provável que você não tolerará investimentos
com alta volatilidade (maior risco) que possam colocar em risco o seu objetivo.

Leia o artigo “Tipos de investimento: conheça os principais”,


acessando o link: https://blog.magnetis.com.br/tipos-de-
investimentos/.

A pessoa que reserva seus recursos sem saber exatamente como funciona
seu produto financeiro, sem noção do quanto poderá ter dentro de alguns meses,
ou anos, ou até sem objetivos claros a alcançar, está seriamente correndo o risco
de estar apenas reservando dinheiro para algum impulso de consumo, que pode
ocorrer de forma breve, ou seja, essa pessoa está poupando e não investindo.
Mais precisamente, essa pessoa está apenas postergando seu consumo,
enquanto o investidor multiplica riquezas para consumir muito mais em algum
momento futuro. Assim, sem bons planos, não há conquistas (CERBASI, 2012).

4.2 PREVENÇÃO, PROTEÇÃO E


APOSENTADORIA
As pessoas podem reduzir alguns riscos a que estão expostas agindo
preventivamente. Agir de maneira preventiva consiste em tomar atitudes que
dificultem e/ou minimizem as chances de que algo indesejado ocorra.

148
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

Segundo o Banco Central do Brasil (2013, p. 50), “não é pelo fato de não
termos total controle sobre as diversas situações da vida que somos totalmente
impotentes diante dela”. Os autores ainda estacam que “talvez não tenhamos
condições de saber se e quando nosso automóvel será furtado, ou se ficaremos
doentes, mas certamente podemos tomar medidas para minimizar essas
possibilidades”.

Imagine que você tenha um automóvel. O que você poderia


fazer para reduzir a possibilidade de furto? Não parar o carro
em locais isolados ou mal iluminados e instalar dispositivos
antifurtos são atitudes que poderiam ser tomadas para
se reduzir o risco de furto. O que você poderia fazer para
evitar ficar doente? Sobre isso, é possível tomar vacinas, ter
alimentação saudável, fazer exercícios físicos etc., e o que
você poderia fazer para evitar problemas com o cartão de
crédito? Algumas dicas sobre isso seriam nunca perdê-lo de
vista, jamais emprestá-lo, guardá-lo em local seguro, cuidar
do sigilo da senha etc. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013,
p. 50).

Uma das formas de as pessoas se preparem para imprevistos da vida é


por meio da contratação de seguros. Alguns dos motivos que fazem as pessoas
contratarem um seguro são: evitar transtornos, obter tranquilidade, evitar prejuízos
maiores do que o seu orçamento poderia pagar, entre outros.

O Susep (Superintendência de Seguros Privados) é o órgão do


governo que controla e fiscaliza as empresas seguradoras. Acesse o
site da Susep: http://www.susep.gov.br.

Os seguros mais comuns nos dias de hoje são: previdência privada, seguros
pessoais (como seguro de vida, seguro funeral, seguro-desemprego), seguro do
automóvel, seguro viagem e seguro residencial.

149
Educação financeira na educação básica

Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep),


seguro é um contrato pelo qual uma das partes se obriga,
mediante cobrança de prêmio, a indenizar a outra pela ocorrência
de determinados eventos ou por eventuais prejuízos previstos nas
condições contratuais. O segurador e o segurado são obrigados a
guardar, no contrato de seguro, a mais estrita boa-fé e veracidade a
respeito do objeto segurado e das declarações a ele concernentes.
FONTE: BANCO CENTRAL DO BRASIL. Caderno de Educação
Financeira – Gestão de Finanças Pessoais. Brasília: BCB, 2013.

Segundo o Banco Central do Brasil (2013), os elementos de um contrato de


seguro são:

• Risco: evento aleatório.


• Segurado: pessoa interessada no bem exposto ao risco.
• Segurador: instituição que assume a responsabilidade pelos pagamentos
de indenizações.
• Prêmio: pagamento efetuado pelo segurado ao segurador, custo do
seguro.
• Indenização: pagamento dos prejuízos decorrentes de um sinistro
coberto.

Assim, quando uma pessoa opta em contratar um seguro, é importante ela


tomar alguns cuidados. Veja a seguir algumas dicas para que as pessoas façam
um bom negócio ao contratarem um seguro.

QUADRO 8 – CUIDADOS E DICAS NA CONTRATAÇÃO DE SEGUROS


Compare preços O seguro é um produto como outro qualquer;
no entanto, tome o cuidado de comparar pro-
dutos iguais, com as mesmas características,
como cobertura e valor do prêmio do seguro.
Leia atentamente o contrato de Leia atentamente o contrato de seguro prestan-
seguro do atenção às cláusulas referentes à garantia
e aos riscos excluídos da cobertura do seguro.

150
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

Não minta nem omita infor- Não minta nem omita informações solicitadas
mações solicitadas quando o contrato exigir declarações. Essas
informações devem ser verdadeiras, para que
você tenha a segurança de que receberá a in-
denização nos casos previstos no contrato.
Consulte o Susep Lá você encontra informações valiosas para re-
alizar uma boa contratação de seguros.
FONTE: Adaptado de Banco Central do Brasil (2013)

É importante destacar que, contratar ou não um seguro, é uma escolha


pessoal, e deve ser feita de forma consciente e responsável.

1 Você, caro acadêmico, já contratou algum tipo de seguro? Se sim,


cite a seguir quais seguros e destaque quais foram os motivos da
contratação.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

Dando continuidade ao nosso estudo sobre prevenção, proteção e


aposentadoria, nesse momento, reflita sobre a seguinte pergunta: o que você quer
fazer no futuro quando se aposentar? Viajar? Fazer o que gosta? Ter sossego?
Continuar trabalhando? Ter qualidade de vida? Afinal, como você se imagina
alcançando isso? Seja qual for o seu desejo, você precisa de planejamento. “O
planejamento para a aposentadoria exige fazer essa reflexão. É por isso que
preparar-se para a aposentadoria envolve diferentes aspectos: os desejos, os
sonhos e as escolhas de cada um” (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013, p.
51). É importante destacar que, independente da sua escolha, uma coisa é certa:
haverá implicações financeiras.

Segundo o Banco Central do Brasil (2013), o planejamento da aposentadoria


é um dos aspectos mais importantes da educação financeira. Os autores

151
Educação financeira na educação básica

destacam que há três pontos muito importantes para uma pessoa refletir e que
afetarão a sua aposentadoria:

• A incerteza do futuro e o aumento da expectativa de vida.


• O aumento do custo de vida.
• A concretização de sonhos.

Em 1980 a expectativa de vida do brasileiro estava em 62,5 anos. Em 2020,


segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de
vida do brasileiro é 76,7 anos. Já a pessoa que nascer em 2040 terá expectativa
de 79,9 anos, e em 2060, até 81,2 anos. O fato de as pessoas viverem mais é
uma excelente notícia, não é mesmo? É importante destacar que o aumento da
expectativa de vida consequentemente desperta uma necessidade maior de um
planejamento financeiro.

É fato que ninguém sabe até quando vai viver, porém, não podemos negar
que, quanto mais nos preparamos para viver com qualidade por mais anos,
melhor.

Com relação ao aumento do custo de vida na terceira idade, esse é um


assunto um pouco mais delicado. Os gastos sobem muito com o avanço da idade,
ou seja, sobem quando as pessoas já estão aposentadas, com o gasto com
planos de saúde e medicamentos em geral. É claro que cada caso é um caso,
e isso varia de pessoa a pessoa. Por isso, é importante levarmos todas essas
variáveis em consideração quando planejamos nossa aposentadoria.

Para algumas pessoas, a aposentadoria pode envolver a realização de


viagens e cursos, ou, até mesmo, a dedicação a hobbies e a projetos sociais.
Esses são projetos que devem ser planejados, além da manutenção do padrão
de vida desejado por aquela pessoa. Dessa forma, se faz parte do seu projeto
de aposentadoria uma viagem longa a cada dois anos, os custos dessa viagem
devem ser cuidadosamente planejados (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013).

Nesse momento, você pode estar se perguntando: mas afinal, quem precisa
se preocupar, e quando uma pessoa deve começar a se preocupar com a
aposentadoria?

A princípio todos nós devemos nos preocupar com a


aposentadoria, independentemente da idade. Sabendo que
dinheiro tem valor no tempo e que os juros compostos fazem
crescer o montante de forma exponencial, é importante fazer
um bom planejamento para o longo prazo e, quanto maior for
o prazo, mais os juros podem trabalhar a nosso favor [...]. Uma
boa sugestão é dar início à poupança para a aposentadoria no

152
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

momento em que começamos a trabalhar e a receber salário.


Que tal poupar uma parte do seu primeiro salário para a sua
aposentadoria? Ainda que você tenha deixado para depois, a
regra do “o quanto antes, melhor” permanece válida. Portanto,
se ainda não começou, por que não agora? Não deixe o seu
futuro, os seus sonhos nas mãos de ninguém. Faça algo por
eles (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 53, grifos dos
autores).

Assim, quanto antes uma pessoa começar a investir na sua aposentadoria,


melhor. É importante ressaltar que existem diversas maneiras para uma pessoa
formar um fundo financeiro visando à aposentadoria. O primeiro passo é conhecer
as opções e, a partir disso, montar um plano e escolher quais são as opções mais
adequadas e viáveis, considerando a sua idade e as fontes de renda.

Por fim, acompanhe as seguintes dicas referentes à prevenção, à proteção e


à aposentadoria.

QUADRO 9 – DICAS PARA UM FUTURO FINANCEIRO CONSCIENTE E RESPONSÁVEL

Esteja consciente dos riscos a que estamos expostos. Acidentes, furtos e


doenças podem ocorrer, mas dirigir com cuidado, fechar portas e janelas ao sair
de casa são alguns bons exemplos de ações de prevenção aos riscos a que
estamos expostos.
Planeje sua aposentadoria, atentando-se aos vários aspectos da vida. Pre-
pare-se para as atividades que fará ao se aposentar. Cuide da saúde física,
emocional, mental e financeira. Para manter a qualidade de vida hoje e no futu-
ro, você precisa estar sempre consciente das suas ações.
Faça simulações de planos de previdência nos websites das seguradoras.
Ao simular, procure variar o valor que pretende contribuir, a data de saída (de
aposentadoria) e o valor do benefício. Veja em que condição isso melhor pode
atender as suas necessidades atuais e futuras.
Que tal começar hoje mesmo seu plano para a aposentadoria? Pesquise formas
de aplicação e planos de previdência complementar. Depois de escolher a mel-
hor opção para o seu caso, aja! É muito comum irmos deixando a ação efetiva
para o futuro, que acaba nunca chegando.
Analise as vantagens e as desvantagens de ter um plano de aposentadoria.
Afinal de contas, somente você pode saber o que é melhor para a sua vida e
para a sua aposentadoria.
FONTE: Banco Central do Brasil (2013, p. 55)

Por fim, podemos destacar que, de qualquer forma, envelhecer é


um evento natural e esperado. Todos nós sabemos que iremos um dia

153
Educação financeira na educação básica

envelhecer, não é mesmo? Justamente por ser algo esperado por nós, é
que devemos ter consciência da importância do planejamento financeiro
para podermos envelhecer com tranquilidade e com qualidade de vida.

Você, caro acadêmico, já pensou hoje na sua aposentadoria?

Para finalizar o estudo desse tópico, leia atentamente as questões a seguir e


responda:

1 Vimos que não é preciso ser um especialista em finanças para


investir, porém, é sempre importante ter uma noção sobre o que
é investimento, porque esse conceito faz parte da vida da maioria
das pessoas. Diante disso, explique o que é investimento.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
_________________________________________________.

2 Segundo o Banco Central do Brasil, para que uma pessoa


faça um investimento, é importante que ela conheça as três
características dos investimentos. Assim, responda:

Quais são essas três características?


Explique o que significa essas três características.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.

3 Quando uma pessoa poupa, ela acumula valores financeiros no


presente para serem utilizados no futuro. Diante disso, explique
qual a diferença entre poupança e caderneta de poupança.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
_________________________________________________.

154
Capítulo 3 Educação Financeira: Orçamento, Planejamento,
Consumo e Futuro Financeiro

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Estamos no fim do nosso estudo sobre educação financeira. Esperamos
que esse livro tenha fornecido subsídios fundamentais para a sua formação
acadêmica discente na área financeira, para que você possa atuar como agente
de divulgação da cultura de educação financeira no país. Também esperamos que
esse estudo tenha ampliado o seu nível de compreensão sobre a importância de
as pessoas efetuarem escolhas conscientes relativas à administração de seus
recursos financeiros e também da importância de nós, professores, colaborarmos
para a preparação dos estudantes para o consumo sustentável e para uma vida
financeira consciente e responsável.

Lembrando que todos os conteúdos apresentados nesses três capítulos de


estudo podem ser utilizados em sala de aula para o aprendizado da educação
financeira na escola. Basta o professor analisar o que é importante e viável
abordar naquele momento, dependendo também da turma e da faixa etária dos
estudantes.

Como já mencionado anteriormente, é importante lembrar e considerar que


os estudantes podem levar as questões sobre educação financeira aprendidas
em sala de aula para serem discutidas em casa, fazendo, assim, uma ampliação
dos conhecimentos acerca da educação financeira.

Por fim, esperamos que você tenha adquirido muito conhecimento com o
estudo desse livro, e lembre-se sempre de que a educação financeira pode mudar
a vida de muitas pessoas.

REFERÊNCIAS
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Caderno de Educação Financeira – Gestão de
Finanças Pessoais. Brasília: BCB, 2013.

BUAES, C. S.; COMERLATO, D.; DOLL, J. Caderno de educação financeira:


viver bem com o dinheiro que se tem. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2015.

CERBASI, G. Como organizar sua vida financeira: inteligência financeira


pessoal na prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

CONEF. Educação financeira nas escolas: Ensino Fundamental: livro do


professor. Brasília: CONEF, 2014.

155
Educação financeira na educação básica

CONGO, M. O que é investimento? Entenda tudo sobre o conceito de


investimento financeiro. 2019. Disponível em: https://blog.magnetis.com.br/o-que-
e-investimento/. Acesso em: 30 out. 2019.

CVM. Cadernos CVM: Fundos de Investimento – comissão de valores


mobiliários. 3. ed. Rio de Janeiro: Comissão de Valores Mobiliários, 2016.

FRANKENBERG, L. Seu futuro financeiro: você é o maior responsável. 13. ed.


Rio de Janeiro: Campus, 1999.

IBGE. Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. 2020.


Disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/. Acesso em: 8
maio 2020.

LEITÃO, V. Como elaborar um planejamento financeiro pessoal incrível


em 13 passos. 2020. Disponível em: https://blog.mobills.com.br/planejamento-
financeiro/. Acesso em: 24 maio 2020.

SILVESTRE, M. Tesouro Direto: a nova poupança. Barueri: Faro Editorial, 2016.

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