Produto Educacional Márcio Vital

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Educação Financeira e Educação Matemática:


Inflação de Preços

MÁRCIO CARLOS VITAL


AMARILDO MELCHIADES DA SILVA

Juiz de Fora (MG)


Agosto 2014
2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA


Pós-Graduação em Educação Matemática
Mestrado Profissional em Educação Matemática

MÁRCIO CARLOS VITAL


AMARILDO MELCHIADES DA SILVA

Educação Financeira e Educação Matemática:


Inflação de Preços

Orientador: Prof. Dr. Amarildo Melchiades da Silva

Produto Educacional apresentado ao Programa


de Mestrado Profissional em Educação
Matemática, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Educação
Matemática.

Juiz de Fora (MG)


Agosto, 2014
3

Sumário

Apresentação............................................................................................................ 4
O Ensino de Educação Financeira no Brasil......................................................... 5
Uma Perspectiva em Educação Financeira Escolar............................................. 8
A Produção das Tarefas para a Sala de Aula........................................................ 13
As Tarefas................................................................................................................. 15
Referências............................................................................................................... 28
Anexos...................................................................................................................... 30
4

Apresentação

Caro Professor,

Este Produto Educacional é parte integrante da Dissertação de Mestrado


intitulada Educação Financeira e Educação Matemática: Inflação de Preços. Ele foi
desenvolvido para ser usado na sala de aula de matemática do Ensino
Fundamental.
Pretendemos apresentar a você um conjunto de tarefas elaboradas com a
finalidade de provocar na sala de aula um ambiente capaz de estimular os alunos a
analisar e a discutir sobre um importante tema em nossa sociedade: a inflação de
preços.
Sabemos que os alunos vivenciam, desde sua tenra infância, questões
relacionadas ao dinheiro. Nesta direção, buscaremos problematizar situações do
passado e dos dias de hoje e que estão relacionadas aos cenários em que vivem os
estudantes e suas famílias bem com o econômico em nosso país.
Este projeto foi desenvolvido no interior de um grupo de pesquisa denominado
NIDEEM (Núcleo de Investigação, Divulgação e Estudos em Educação Matemática)
que investiga a inserção da Educação Financeira na escola coordenado pelo
professor Amarildo Melchiades da Silva.
A pesquisa foi desenvolvida com estudantes do 8º ano do Ensino
Fundamental para avaliar as potencialidades das tarefas em uma situação de sala
de aula. As sugestões que apresentaremos ao longo do texto são frutos das
informações e reflexões que coletamos com os alunos.
Inicialmente apresentaremos a vocês a proposta de ensino do governo
brasileiro e como estas vem sendo adotadas no Brasil. Em seguida, vamos expor o
que entendemos por Educação Financeira Escolar e apresentar quais são os
objetivos específicos para desenvolver o pensamento financeiro nos nossos
estudantes.
Posteriormente destacamos as características e objetivos que nos nortearam na
produção das tarefas e apresentaremos o conjunto de tarefas que foram elaboradas.
5

1 – O Ensino de Educação Financeira no Brasil

O Governo Brasileiro, seguindo uma tendência mundial, vem apreciando,


como política pública, a entrada da Educação Financeira nas escolas do ensino
básico. O Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiros, de
Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização (Coremec), criado em janeiro
de 2006 pelo Decreto nº 5685, compôs um Grupo de Trabalho (GT), em 2007,
formado por representantes do governo, da iniciativa privada e da sociedade civil,
com a finalidade de discutir e elaborar uma proposta para melhorar o nível de
educação financeira da população brasileira. Este grupo é responsável pela
proposta intitulada Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), que tem os
seguintes objetivos:

A Enef tem os objetivos de promover e fomentar a cultura de educação


financeira no país, ampliar a compreensão do cidadão, para que seja capaz
de fazer escolhas conscientes quanto à administração de seus recursos, e
contribuir para eficiência e solidez dos mercados financeiros, de capitais, de
seguros, de previdência e de capitalização. (BRASIL, 2011a, p.2)

Após a apresentação e aprovação da proposta para a criação da ENEF, foi


constituído um novo GT que deu início em 2009 à sua implementação e
continuidade nas ações. Merece destaque a criação do Grupo de Apoio Pedagógico
(GAP) responsável por elaborar o documento intitulado Orientações para a
Educação Financeira nas Escolas. Neste documento é apresentado o modelo
conceitual para levar a Educação Financeira às escolas. “Pauta-se em problemática
atual e apresenta princípios que devem nortear as ações necessárias para se atingir
uma situação desejada. Essa proposta se caracteriza pela flexibilidade, para
possibilitar sua adaptação aos contextos escolares” (BRASIL, 2011b, p.56).
Como muitos outros países, é importante destacar que a ENEF adotou o
conceito de Educação Financeira elaborado pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE). Com as devidas adaptações do conceito à
realidade brasileira, a ENEF propõe que:

(...) a Educação Financeira é o processo mediante o qual os indivíduos e as


sociedades melhoram sua compreensão dos conceitos e dos produtos
financeiros, de maneira que, com informação, formação e orientação
claras, adquiram os valores e as competências necessários para se
tornarem conscientes das oportunidades e dos riscos neles envolvidos e,
6

então, façam escolhas bem informadas, saibam onde procurar ajuda,


adotem outras ações que melhorem o seu bem-estar, contribuindo, assim,
de modo consistente para formação de indivíduos e sociedades
responsáveis, comprometidos com o futuro. (BRASIL, 2011a, p.20, grifos
nossos)

Dos três níveis de atuação destacados no conceito acima, a proposta somente


considera para o ambiente escolar os dois primeiros, ou seja, informação e
formação. A informação “envolve dar conhecimento aos consumidores de fatos,
dados e conhecimentos específicos para torná-los informados a respeito de
oportunidades e escolhas financeiras, bem como suas consequências” e a
orientação “envolve assegurar que os indivíduos adquiram as capacidades e
habilidades necessárias para entender termos e conceitos financeiros, por meio de
treinamento e orientação” 1 . O nível de atuação orientação está direcionado a
assuntos financeiros relacionados diretamente ao público adulto.
O material didático inicialmente produzido foi para atender ao projeto piloto
que teve duração de três semestres letivos, de agosto de 2010 até dezembro de
2011. Neste primeiro momento, a avaliação englobou somente o ensino médio.
Foram observados 891 escolas e 26981 alunos, com 13745 alunos no grupo de
controle e 13236 alunos no grupo de tratamento, em 6 estados brasileiros. Foram
distribuídos para estas escolas: os livros do aluno contendo 69 Situações Didáticas
(SDs) divididas em 3 blocos, sendo cada bloco com 23 SDs para serem trabalhadas
em um semestre; o caderno do aluno e o livro do professor, que é espelho do livro
do aluno, contendo orientações didáticas e conteúdos complementares2. No ano de
2013, a ENEF começou a elaborar o material didático e a divulgar o início do projeto
piloto também para ensino fundamental. Serão contempladas 820 escolas públicas
localizadas em cinco regiões brasileiras, buscando atender a 7380 professores e a
164000 alunos3.

1
Essa informação foi extraída de http://www.vidaedinheiro.gov.br/Enef/Historico.aspx consultada em
29/08/2013.
2
Essa informação foi extraída de http://www.vidaedinheiro.gov.br/EducacaoFinanceira/Educação
FinanceiraEscolasEnsinoMedio.aspx consultada em 29/08/2013.
3
Essa informação foi extraída de http://www.vidaedinheiro.gov.br/EducacaoFinanceira/Educação
FinanceiraEscolasEnsinoFundamental.aspx consultada em 29/08/2013.
7

O modelo pedagógico adotado para a elaboração das SDs presentes nos


materiais didáticos é exposta da seguinte forma:

O modelo pedagógico foi concebido para oferecer ao aluno informações e


orientações que favoreçam a construção de um pensamento financeiro
consistente e o desenvolvimento de comportamentos autônomos e
saudáveis, para que ele possa, como protagonista de sua história, planejar
e fazer acontecer a vida que deseja para si próprio, em conexão com o
grupo familiar e social a que pertence. Nesse sentido, o foco do trabalho
recai sobre as situações cotidianas da vida do aluno, porque é nelas que se
encontram os dilemas financeiros que ele precisará para resolver.
(BRASIL/COREMEC, 2010b, p.7)

Os objetivos presentes no modelo pedagógico para a elaboração das SDs estão


relacionados a duas dimensões conceituais: espacial e temporal.
Na dimensão espacial:

(...) os conceitos da Educação Financeira são tratados tomando-se como


ponto de partida o impacto das ações individuais sobre o contexto social e
vice-versa. Essa dimensão compreende os níveis individual, local, regional,
nacional e global, organizados de modo inclusivo. (BRASIL/COREMEC,
2010b, p.8).

Os objetivos que se relacionam com a dimensão espacial são: formar para a


cidadania; ensinar a consumir e a poupar de modo ético, consciente e responsável;
oferecer conceitos e ferramentas para a tomada de decisão autônoma baseada em
mudança de atitude e formar disseminadores.
E na dimensão temporal:

(...) os conceitos são abordados a partir da noção de que as decisões


tomadas no presente podem afetar o futuro. Os espaços são atravessados
por essa dimensão que conecta passado, presente e futuro numa cadeia de
inter-relacionamentos que permitirá perceber o presente não somente como
fruto de decisões tomadas no passado, mas também como o tempo em que
se tomam certas iniciativas cujas consequências – positivas e negativas –
serão vivenciadas no futuro. (BRASIL/COREMEC, 2010b, p.8).

Os objetivos que se relacionam à dimensão temporal são: ensinar a planejar


em curto, médio e longo prazos; desenvolver a cultura da prevenção e proporcionar
a possibilidade de mudança da condição atual.
8

Os livros didáticos4 direcionados ao ensino médio foram divididos em três blocos


e têm conteúdos relacionados às dimensões citadas acima. Os blocos 1 e 2
apresentam situações de âmbito individual; contudo, enquanto o bloco 1 retrata
situações de curto prazo, o bloco 2 traz situações de médio e longo prazos. O bloco
3 apresenta aos alunos situações relacionadas ao âmbito social.
A proposta brasileira defende que a educação financeira deva promover
diálogo articulador entre as áreas do conhecimento presentes no ambiente escolar e
destaca quais características devem estar presentes na elaboração das SDs para
que estas desenvolvam nos alunos competências intimamente relacionadas a
situações financeiras do cotidiano.

As principais características das situações didáticas, segundo Galvez (1996,


apud Coutinho, 2005), são:
• os alunos responsabilizam-se pela organização de sua atividade para
tentar resolver o problema proposto;
• a atividade dos alunos está orientada para a obtenção de um resultado
previamente explicitado e que pode ser identificado pelos próprios alunos;
• a resolução do problema envolve a tomada de decisões por parte dos
alunos, para adequá-las ao objetivo perseguido;
• os alunos podem recorrer a diferentes estratégias para resolver o
problema formulado;
• os alunos estabelecem relações sociais diversas: comunicações,
debates ou negociações com outros alunos e com o professor.
(BRASIL/COREMEC, 2010b, p.13)

Considerando esta perspectiva, pontuamos a seguir que propomos uma visão


diferente.

2 – Uma Perspectiva em Educação Financeira Escolar

Antes de propor o desenvolvimento de um projeto de inserção da Educação


Financeira na estrutura curricular de matemática da educação básica o professor
Amarildo Melchiades da Silva realizou uma longa revisão de literatura em busca de
propostas de ensino de Educação Financeira para o ambiente escolar. Esta revisão
precedeu à primeira etapa do projeto que ocorreu no Estágio Pós-Doutoral sob a
supervisão e colaboração do professor Dr. Arthur Belford Powell, na Rutgers
University/New Jersey – EUA.

4
A partir do ano de 2014 os livros didáticos direcionados ao ensino médio foram disponibilizados no
site http://www.edufinanceiranaescola.gov.br. Consultado em 12 de maio de 2014.
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Ao iniciar as pesquisas Silva se deparou com um cenário amplamente rico de


informações sobre Educação Financeira para consumidores e trabalhadores, mas
pouco explorado para o ambiente escolar, mesmo nos projetos e estudos sobre o
tema amplamente divulgados e coordenados pela OCDE. Após essa primeira
análise de documentos, concentrou sua revisão de literatura nos estudos divulgados
pela OCDE, nas propostas dos Estados Unidos e do Brasil.
Silva destaca que a maioria dos projetos e trabalhos publicados sobre o
assunto não estão direcionados para as escolas. Muitos direcionam seus olhares
para a questão dos consumidores de produtos financeiros e finanças pessoais,
influenciados diretamente com o que propõe a definição de Educação Financeira da
OCDE que diz:

Educação Financeira é o processo pelo qual os consumidores


financeiros/investidores melhoram a sua compreensão sobre os
conceitos e produtos financeiros e, através da informação, instrução e/ou
aconselhamento objetivos, desenvolvem as habilidades e a confiança para
tomar consciência de riscos e oportunidades financeiras, para fazer
escolhas informadas, saber onde buscar ajuda e tomar outras medidas
eficazes para melhorar a sua proteção e o seu bem-estar
financeiro.(OECD, 2005b, apud SILVA & POWELL, 2013, p.3, grifos
nossos)

Note que o público alvo da OCDE é o consumidor e o investidor, e o foco é


em finanças pessoais.
Esta revisão de propostas e definições agregadas à Educação Financeira
permitiu a Silva identificar quais perspectivas iríamos adotar na proposta curricular e
na presente pesquisa.
Inicialmente, foi necessário se distanciar da ideia de que pessoas educadas
financeiramente estariam relacionadas ao domínio dos conteúdos apresentados na
matemática financeira. A proposta curricular de Educação Financeira que
defendemos está inserida como tema transversal no currículo de matemática, ou
seja, não iremos abolir essa ferramenta, mas precisamos ir mais longe. Silva
destaca que “a matemática financeira permite desenvolver uma análise
(matemática). Mas isto nem é sempre necessário e nem é a única análise possível.”
(SILVA, 2012)
Distanciamos também das perspectivas adotadas pela OCDE e pelos livros
de aconselhamento financeiro. Estes propõem sugerir caminhos ou transmissão de
informações financeiras e aquele, como citado anteriormente, visa preparar as
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pessoas para consumirem produtos financeiros e a aprender a administrar suas


finanças pessoais. Acreditamos que educar financeiramente as pessoas não está
diretamente relacionado a oferecer um caminho para a obtenção da independência
financeira e nem tão pouco mostrar quais produtos financeiros estão disponíveis no
mercado.
Assim, iniciou-se a busca para responder a seguinte questão: “o que significa
uma pessoa ser educada financeiramente?”. Contudo, ao colocar o foco do projeto
no ambiente escolar Silva decidiu reformular a questão anterior para: “Qual deveria
ser o perfil, idealizado, de um estudante educado financeiramente ao final da
Educação Básica, através do processo de ensino orientado para esse fim?” (SILVA
& POWELL, 2013, p.12). A resposta a está ultima questão foi elaborada da seguinte
forma por Silva:

(...) diremos que um(a) estudante é educado(a) financeiramente ou que


possui um pensamento financeiro quando:

a) frente a uma demanda de consumo ou de alguma questão financeira a


ser resolvida, o estudante analisa e avalia a situação de maneira
fundamentada, orientando sua tomada de decisão valendo-se de
conhecimentos de finanças, economia e matemática;
b) opera segundo um planejamento financeiro e um metodologia de gestão
financeira para orientar suas ações (de consumo, de investimento,...) e
a tomada de decisões financeiras a curto, médio e longo prazo;
c) desenvolve uma leitura crítica das informações financeiras veiculadas
na sociedade.(SILVA & POWELL, 2013, p.12)

Silva considerou a elaboração da proposta do fim para o início determinante


para a construção dos objetivos do projeto e para a formulação da seguinte
caracterização para uma Educação Financeira Escolar:

A Educação Financeira Escolar constitui-se de um conjunto de informações


através do qual os estudantes são introduzidos no universo do dinheiro e
estimulados a produzir uma compreensão sobre finanças e economia,
através de um processo de ensino que os torne aptos a analisar, fazer
julgamentos fundamentados, tomar decisões e ter posições críticas sobre
questões financeiras que envolvam sua vida pessoal, familiar e da
sociedade em que vivem. (SILVA & POWELL, 2013, p.13)

Sabemos que os alunos vivenciam, desde sua infância, questões


relacionadas com o dinheiro; nessa direção buscaremos através dos objetivos
proposto por Silva problematizar situações atuais e do cotidiano dos alunos, fazendo
com que desenvolvam o pensamento financeiro diante das tarefas que serão
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elaboradas para compor o material didático do projeto e do presente produto


educacional.
Segundo Silva & Powell:

(...) a formação pretendida para os estudantes terá como objetivos


específicos; capacitá-los a:
- compreender as noções básicas de finanças e economia para que
desenvolvam uma leitura critica das informações financeiras presentes
na sociedade;
- aprender a utilizar os conhecimentos de matemática (escolar e
financeira) para fundamentar a tomada de decisões em questões
financeiras;
- desenvolver um pensamento analítico sobre questões financeiras, isto
é, um pensamento que permita avaliar oportunidades, riscos e as
armadilhas em questões financeiras;
- desenvolver uma metodologia de planejamento, administração e
investimento de suas finanças através da tomada de decisões
fundamentadas matematicamente em sua vida pessoal e no auxilio ao
seu núcleo familiar;
- analisar criticamente os temas atuais da sociedade de consumo. (SILVA
& POWELL, 2013, p.13)

As tarefas a serem apresentas serão referenciadas teoricamente pelo Modelo


dos Campos Semânticos proposto por Romulo Campos Lins, e com base nos
objetivos citados acima, Silva destaca:

(...) a construção do currículo possuirá como princípio organizador os


modos de produção de significados (no sentido proposto por Lins 1999)
presentes na cultura como, por exemplo, aqueles enunciados por
economistas, administradores, empresários e as pessoas comuns. (SILVA &
POWELL, 2013, p.14)

A estrutura curricular do projeto de pesquisa Design e Desenvolvimento de


um Programa de Educação Financeira para a Formação de Estudantes e
Professores da Educação Básica propõe levar em consideração três contextos no
qual poderemos introduzir os estudantes no universo do dinheiro. São eles: i) o
pessoal, ii) o familiar, e iii) o social.
Assim, este universo não será composto somente de temas relacionados a
questões financeiras presentes no cotidiano de pessoas atuantes em agências
bancárias ou bolsa de valores e nem o foco do ensino se reduz apenas a finanças
pessoais, como a maioria dos currículos de Educação Financeira.
O projeto maior e, como consequência, a nossa investigação, propõe
organizar o currículo em quatro eixos norteadores, com as seguintes temáticas:
12

I) Noções básicas de Finanças e Economia;


II) Finança pessoal e familiar;
III) As oportunidades, os riscos e as armadilhas na gestão do dinheiro
numa sociedade de consumo;
IV) As dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e
psicológicas que envolvem a Educação Financeira. (SILVA &
POWELL, 2013, p.14)

Os grandes temas serão abordados no decorrer de toda a Educação Básica


de forma transversal ao currículo de matemática e procurando evitar que os temas
se esgotem em um determinado ano escolar. Contudo Silva & Powell destacam:

(...) propomos uma Educação Financeira em que a análise de situações


problemas que os estudantes vivenciarão tenha fundamentação matemática
como auxiliar na tomada de decisões. Por outro lado, não queremos dizer
que o assunto deva ser explorado apenas como parte da disciplina
Matemática, pois acreditamos que o efeito do ensino do assunto será tão
mais amplo quanto mais diversidade de enfoques ele tiver. (SILVA &
POWELL, 2013, p.12)

Nosso tema para a produção de tarefas é a inflação de preços que se insere


no eixo 1 mas que possui relação com todos os outros eixos. O tema inflação foi
escolhido depois de algumas mudanças no direcionamento da pesquisa.
Inicialmente pensávamos que as tarefas ao serem elaboradas deveriam
abranger todos os temas relacionados a um dos eixos norteadores presentes no
projeto de pesquisa apresentados acima, ou seja, os temas presentes nos eixos é
que determinariam a temática presente nas tarefas. O eixo que seria escolhido para
o trabalho de dissertação aproxima-se de temáticas relacionadas às dimensões
sociais, econômicas, políticas, culturais e psicológicas que envolvem a Educação
Financeira, abrangendo temas como: Educação Financeira e consumo; as relações
entre consumismo, produção de lixo e impacto ambiental; salários, classes sociais e
desigualdade social; necessidade x desejo e ética e dinheiro.
A decisão de escolher o assunto inflação de preços para a elaboração das
tarefas veio quando passamos a direcionar nossos olhares a temas e questões
financeiras presentes no cotidiano dos alunos e que possibilitariam novos modos de
produzir significados. Com essa mudança, não só conseguimos atender pontos do
eixo citado anteriormente como também abordamos, a partir de então, pontos
presentes em outros eixos.
13

Outro ponto decisivo para a realização desta escolha está relacionado à


influência da inflação de preços na depreciação do poder de compra de uma
determinada moeda. Não pretendemos neste trabalho abranger todos os possíveis
tópicos que a temática permite alcançar. Contudo, é importante destacar que temos
no Brasil um material riquíssimo a ser explorado em relação a este tema. Os
brasileiros “aprenderam” a conviver a duras penas com a inflação durante muitos
anos. Para se ter uma ideia, de 1980 a 1993, os brasileiros conviveram com quatro
trocas de moedas e outros malabarismos na área econômica.
Acreditamos que ao apresentar a proposta da presente pesquisa à sala de
aula, teremos a possibilidade de explorar as trocas destas informações entre as
diferentes gerações dos membros das famílias de nossos alunos.

3 – A Produção das Tarefas para a Sala de Aula

A primeira parte de nossa pesquisa esteve direcionada para a elaboração de


um conjunto de tarefas direcionadas para alunos do 8º ano do ensino fundamental e
que irão fazer parte de uma proposta curricular de Educação Financeira. É
importante frisar que a proposta que defendemos está inserida como tema
transversal no currículo de matemática.
Para atingir os objetivos da pesquisa precisou-se afastar da ideia de Tema
Transversal como abordado nos PCNs. Estes tratam questões como Ética,
Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual e Trabalho e
Consumo como temas que devem ser incorporados nas áreas já existentes na
educação básica e no trabalho educativo das escolas. Propomos que a temática
Educação Financeira tenha a transversalidade tomada no interior do currículo de
matemática do ensino básico.
A produção das tarefas seguiram características propostas por Campos
(2012), sendo este o primeiro trabalho a elaborar tarefas que atendem aos nossos
interesses. Ele propõe os seguintes objetivos orientadores na elaboração das
tarefas:

Ø estimular a produção de significados dos alunos;


Ø ampliar os significados que podem ser produzidos, permitir
diferentes estratégias de resolução e possibilitar que elas se tornem
objeto de atenção de todos;
14

Ø possibilitar que vários elementos do pensar matematicamente


estejam em discussão, como a análise da razoabilidade dos
resultados, estimativas, tomada de decisão, a busca de padrões
nas resoluções, o desenvolvimento de estratégias de resolução de
problemas;
Ø apresentar situações abertas que propiciem vários caminhos de
resolução. (CAMPOS, 2012, p. 76)

Sobre esses objetivos podemos destacar que a produção de significados que


procuramos estimular nos alunos não estão relacionadas somente a significados
matemáticos. Eles estarão presentes em nossa proposta, mas desejamos analisar
com a mesma importância os significados não matemáticos que serão produzidos
por eles, pois esses possíveis significados também nos informam sobre a maneira
de operar dos alunos.
Campos também destaca a importância da elaboração das tarefas estar a
serviço do ensino, auxiliando o trabalho do professor. Em suas palavras:

Assim, uma “boa” tarefa deveria permitir ao docente:


Ø ler os diversos significados que estão sendo produzidos pelos
alunos;
Ø criar uma interação com o aluno através do entendimento de que os
significados produzidos por ele e/ou os significados oficiais da
matemática são um entre os vários significados que podem ser
produzidos a partir daquela tarefa;
Ø permitir ao professor tratar dos significados matemáticos, junto com
os significados não-matemáticos que possivelmente estejam
presentes naquele espaço comunicativo;
Ø possibilitar ao professor caminhos para a intervenção. (CAMPOS,
2012, p.76)

Assim, a partir dos pressupostos do Modelo dos Campos Semânticos e dos


objetivos orientadores na produção das tarefas acima mencionadas, elaboramos
nossa sequência didática para a sala de aula. A seguir, apresentaremos a sequência
adotada para aplicação das tarefas na pesquisa de campo e quais seus principais
objetivos.
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4 – As Tarefas

Antes de apresentar as tarefas gostaríamos de abordar algumas atitudes


adotadas durante suas aplicações na pesquisa de campo.
Decidimos manter algumas posturas durante os três encontros que foram
realizados. Ao iniciar uma tarefa com os sujeitos de pesquisa, realizávamos
inicialmente uma leitura individual; logo em seguida um dos alunos fazia uma leitura
em voz alta da proposta de trabalho. Durante ou após cada leitura, os sujeitos de
pesquisa eram questionados sobre possíveis dúvidas do vocabulário presente nas
tarefas; caso isso ocorresse, incentivávamos a realização de consulta ao dicionário
disponibilizado durante os encontros. Depois desta etapa, os alunos iniciavam a
realização das propostas da tarefa. Quando todos indicavam seu término,
começávamos a conversar sobre as estratégias de cada aluno para a elaboração de
suas respostas.
As conversas livres realizadas ao fim de cada tarefa não ficaram, em nenhum
momento, restritas à leitura das respostas registradas no papel.
É importante destacar que não agimos durante a apresentação das tarefas
como faríamos numa sala de aula real. Sabemos que, com essa opção
metodológica, não chegamos a explorar todas as potencialidades do tema proposto.
Contudo, ao adotar esta postura, buscamos identificar quais pontos deveriam sofrer
alterações para explorar ainda mais as potencialidades das tarefas.
Ao propô-las para uma sala de aula real, chamamos a atenção para a
necessidade de mudanças na postura do professor e também na do aluno. O
professor deve entender que estas tarefas devem ser investigativas e devem
promover uma discussão entre os diferentes modos de pensar dos alunos. Caso se
utilize as tarefas como exercícios rotineiros, resolvidos pelo professor na lousa, toda
a potencialidade da tarefa ficará perdida e os objetivos para os quais foram criadas –
por exemplo, estimular o debate de ideias – ficarão prejudicados. O aluno, por sua
vez, deverá ser orientado a mudar sua postura de buscar respostas prontas, únicas,
baseadas na cultura do “certo” e do “errado” do ensino tradicional.
16

1º encontro: Duração de 50 minutos

Iniciamos o nosso trabalho de campo apresentando aos alunos a pergunta


disparadora. Esta teve por objetivo introduzir o tema inflação de preços somente
com o que eles intuíam sobre o tema proposto.
Apresentamos a pergunta disparadora da seguinte forma:

INFLAÇÃO DE PREÇOS

As tarefas a seguir têm como objetivo esclarecer o que é inflação e como ela
influencia na nossa vida, na da nossa família e de nosso país.

Antes de começar nossas leituras, gostaria de saber o que você sabe dizer sobre
inflação de preços.

Durante a aplicação da pergunta disparadora na pesquisa de campo,


solicitamos aos alunos que escrevessem o que eles sabiam sobre o tema inflação
de preços. Poderia ser o que eles ouviram em casa, conversando com os pais, ou o
que assistiram num noticiário da TV. Quando terminaram de registrar suas respostas
começamos a conversar sobre os posicionamentos de cada um.
Durante esta primeira conversa ficamos surpresos com o que os alunos
disseram. Pudemos perceber que os sujeitos de pesquisa possuíam uma efetiva
participação nas decisões financeiras de suas famílias, principalmente na hora de
realizar as compras nos supermercados. E, em relação ao questionamento da
pergunta disparadora os alunos falaram numa mesma direção: inflação de preços
estava diretamente relacionada com preços elevados ou abusivos de certos
produtos.
Após discutirmos as ideias apresentadas para a pergunta disparadora,
apresentamos aos alunos a tarefa 1 que contém a caracterização para inflação de
preços adotada nos livros de Macroeconomia e por especialistas que debatem o
tema nos principais meios de comunicação.
Além de apresentar a definição de inflação, esta tarefa teve como principal
objetivo verificar a sua potencialidade para a produção de significados dos alunos
através dos questionamentos que foram elaborados em direção ao texto que foi
apresentado da seguinte forma:
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Tarefa 1: O que é inflação de preços?

A inflação de preços ou simplesmente inflação é o processo de aumento contínuo e


generalizado de preços dos bens e serviços negociados em um país. Contínuo porque o
aumento dos preços ocorre ao longo de meses, anos e até décadas. Generalizado porque
ele acontece no preço da maioria dos bens e serviços, tais como, alimentos, automóveis,
aluguéis, passagens de ônibus, gasolina, cafezinho e pão francês. Estas duas
características são importantes para se dizer que houve inflação.

Para discutir:

Considerando o texto anterior, responda:

a) Se há um aumento de preços num dado mês por algum motivo e há estabilidade


de preços nos meses seguintes, podemos caracterizar inflação?

b) Se apenas os preços das hortaliças e frutas aumentam num período do ano


enquanto o preço da maioria dos demais produtos permanece inalterado, podemos
caracterizar inflação?

Conforme destacado anteriormente, decidimos realizar duas leituras com os


alunos: uma individual e outra em voz alta conduzida por um dos alunos. Após as
leituras os alunos foram incentivados a responder os questionamentos apresentados
acima e ao indicar o término começamos a conversar sobre a caracterização de
inflação para somente depois apresentar seus posicionamentos para as perguntas a
e b. Durante esta conversa observamos que os alunos permaneceram com suas
próprias concepções de inflação de preços e foram poucas vezes que os alunos
utilizaram as definições disponíveis nas fichas para sustentar suas justificações.
Sugerimos aos professores neste primeiro encontro a possibilidade de não
apresentar aos alunos nenhum detalhamento ou explicação sobre o tema, ou seja,
realizar o mínimo de intervenção possível. Propomos ainda que as anotações dos
alunos sejam recolhidas e analisadas. Com esta atitude o professor poderá
encontrar elementos que não estavam presentes nas falas dos alunos e que
poderão auxiliá-lo a tomar decisões em relação às intervenções necessárias antes
de apresentar as tarefas seguintes.
18

2º encontro: Duração 50 minutos

Antes de apresentar as tarefas 2 e 3 aconselhamos realizar com os alunos


uma releitura do que foi discutido no primeiro encontro e realizar possíveis
intervenções em relação às colocações dos alunos. Conforme falamos
anteriormente, durante a aplicação da tarefa 1, os alunos, que participara da
pesquisa de campo, se posicionaram somente com suas concepções de inflação de
preços. Durante este segundo encontro não realizamos nenhuma intervenção para
pontuar estas atitudes dos alunos. Contudo, consideramos que numa sala de aula
real o professor deveria estimular seus alunos a retornar sempre que necessário ao
texto introdutório das tarefas como forma de ampliar suas justificações de modo a
dar maior embasamento às suas respostas.
A tarefa 2 teve por objetivo apresentar alguns fatores que ocasionam a
inflação de preços na economia de um país. Apresentamos somente três itens, veja
abaixo:

Tarefa 2: Quais as causas da inflação?

Uma inflação de preços é causada por vários fatores, entre eles:

- O aumento da quantidade de dinheiro em circulação em um país. Pois quando ocorre


esse aumento, a população tem maior poder aquisitivo e consome mais. Mas o que
parece positivo, num primeiro momento, pode esconder um problema. Se o consumo é
muito alto, pode haver escassez de produtos no mercado e, com o crescimento da
procura eles aumentam de preço. Com os preços em alta, a população perde o poder
aquisitivo, ou seja, pode comprar cada vez menos.

- A inflação de preços pode ser gerada por um conflito em uma região do mundo. Por
exemplo, uma guerra no Oriente Médio pode disparar o preço do petróleo vendido para
vários países do mundo. Como o preço do petróleo influencia o preço de vários outros
produtos e serviços, pode ocorrer inflação.

- A inflação de preços pode ser gerada por fatores climáticos num país.

Para discutir:

a) Se o governo brasileiro anunciar que o salário mínimo aumentará cinco vezes em


relação ao valor atual, isso poderia influenciar na inflação?
19

b) O aumento do preço da gasolina pode influenciar nos gastos de uma família que
não possui carro ou moto?

c) Que fatores climáticos podem influenciar na inflação de um país e porque isso


ocorre?

No primeiro e segundo fatores que podem acarretar no aumento de preços


decidimos fazer uma descrição, ou seja, apresentar com mais detalhes o que está
por traz dos aumentos. Com os questionamentos a e b podemos verificar o que os
alunos entenderam destas duas primeiras descrições.
Contudo, não realizamos esta descrição para o terceiro item, deixamos para
que os alunos apresentassem, ao responder a pergunta, exemplos de aumentos de
preços relacionados diretamente aos fatores climáticos.
Em relação a este terceiro questionamento os alunos apresentaram durante a
pesquisa de campo somente a relação entre as estações do ano com o aumento dos
preços do vestuário. Contudo o professor poderá neste momento realizar
intervenções indagando aos alunos a possibilidade de existir outras influências dos
fatores climáticos na inflação de preços de um país. Por exemplo, durante um
período longo de estiagem, o Brasil que é dependente de hidroelétricas para a
geração de energia, poderá precisar de pôr em funcionamento as termelétricas, que
são fontes de energias com custo mais elevado. Este aumento no preço da
produção da energia elétrica é transferido para o consumidor e para a maioria dos
bens e serviços do país, acarretando um aumento contínuo e generalizado dos
preços.
Dando continuidade à discussão, a tarefa 3 traz as principais consequências da
inflação para a vida das pessoas e para a economia de um país. O tema foi exposto
da seguinte forma:

Tarefa 3: Quais as consequências da inflação?


As principais consequências da inflação para a vida das pessoas e para o país são:
• Desvalorização da moeda do país, ou seja, a redução do poder de compra desse
dinheiro.

Com a inflação elevada, a moeda vai perdendo seu valor com o passar do tempo, e os
consumidores (por exemplo, os trabalhadores que recebem salário mínimo) que não têm
20

reajustes constantes não conseguem comprar os mesmos produtos com o mesmo valor
anterior, porque estes sofrem reajustes constantes.

• Alta da moeda de outros países e aumento do preço dos importados.

Quando a moeda de um país desvaloriza por causa da inflação, a dos outros países
(principalmente o dólar e o euro) faz o movimento inverso, isto é, valoriza em relação à
moeda desse país. Se este país com inflação elevada é muito dependente de importações
como, por exemplo, de petróleo, carros, trigo, os produtos importados aumentam de
preço, situação que alimenta ainda mais a alta da inflação.

• Criação de um ambiente de incertezas

A inflação cria uma enorme incerteza nas pessoas e na economia do país. A pessoa não
pode assumir crédito porque não sabe como será sua renda no futuro. Dificulta o
planejamento financeiro familiar. Para o país, ela dificulta o cálculo econômico e cria
ineficiência, pois prejudica a tomada de decisão num ambiente de incerteza.

• Clima econômico desfavorável.

Um país que possui inflação alta é visto no mercado internacional com desconfiança e,
portanto, de forma negativa. Os grandes investidores e as empresas evitam fazer
investimentos produtivos de médio e longo prazos nestes países, pois sabem que a
inflação alta é um indicativo de economia com problemas.

• Aumento do desemprego.

Países que não conseguem controlar a inflação sofrem, a longo prazo, com o aumento
das taxas de desemprego. Isto acontece porque ocorre uma diminuição significativa no
setor produtivo.

Para discutir:

Imagine que o Brasil estivesse vivendo num período de inflação alta. Analise a atitude de
alguns brasileiros marcando B se for uma boa atitude, R se for ruim ou P se for péssima.
Considere as consequências da inflação para a vida das pessoas e para o país
apresentadas anteriormente.

____ Os avós de Ana e Ricardo estão comprando dólar para levá-los à Disney, nos
Estados Unidos, daqui a um ano.

____ O pai de Rodrigo vai pedir demissão do seu trabalho porque quer mudar de
21

emprego.

____ O pai de Lucas decidiu comprar a casa própria financiada em 20 anos, e com isso
deixar de pagar aluguel.

____ O pai de Rodrigo deseja dar à sua mãe uma máquina que lava e seca de cor
vermelha, ele vai importá-la dos Estados Unidos.

____ A mãe de Lucas sugeriu a seu pai adiar a reforma da casa para o ano seguinte.

____ Os pais de Rodrigo estão juntando dinheiro para uma viagem e estão guardando-o
em casa.

Apesar de se tratar de um tema complexo decidimos apresentá-los


principalmente por um motivo: os alunos nesta faixa etária não vivenciaram um
ambiente de inflação elevada.
Nesta tarefa consideramos a intervenção do professor, em cada
consequência exposta, importantíssima para poder enriquecer a leitura e ampliar o
conhecimento dos alunos.
Um ponto importante da pesquisa de campo a ser destacado nessa tarefa é o
fato de que os alunos vincularam pouquíssimas vezes suas respostas ao texto que
mencionava as consequências da inflação. Eles falaram novamente a partir de suas
vivências pessoais. Apesar de considerarmos estas colocações importantes,
alteramos o enunciado da tarefa para que os alunos relacionem suas respostas às
consequências apresentadas no texto.
Com a leitura destas cinco consequências e após a análise de algumas
atitudes presentes no cotidiano de algumas famílias, temos a expectativa de que os
alunos percebam e sejam capazes de opinar sobre as dificuldades presentes no
cotidiano de um país que vive num cenário econômico repleto de incertezas.

3º encontro: Duração 50 minutos

No terceiro e último encontro trabalhamos com as tarefas 4 e 5 e


apresentamos a tarefa 6, sendo esta última uma atividade extraclasse.
A tarefa 4 intitulada “Atualizando os gastos mensais” teve como objetivo
analisar a tomada de decisão dos alunos perante a desvalorização do salário do
personagem Lucas. Veja a tarefa a seguir:
22

Tarefa 4: Atualizando os gastos mensais

Lucas é solteiro, tem 19 anos, mora em Juiz de Fora e conseguiu seu primeiro emprego
em uma empresa. Em março ele recebeu um aumento de salário e passou a ganhar R$
1500,00. Ele sabe que este salário será fixo até março do ano seguinte, mas mesmo
assim, resolveu sair de casa e dividir um apartamento com seus amigos a partir do mês
de abril. Para ter melhor controle de suas despesas ele fez uma planilha com os gastos
mensais do primeiro mês na nova vida fora de casa e continuará fazendo ao longo dos
meses. Observe sua planilha:

Despesas Abril Maio

Academia (musculação) R$ 45,00

Condução R$ 84,00

Café na padaria R$ 105,00

Almoço na rua R$ 240,00

Aluguel + condomínio R$ 300,00

Saída (cinema + balada) R$ 250,00

Total

O que ele não sabia é que a inflação de preços no país a partir do mês de março
estaria em torno de 9,2% ao mês e, como consequência, todos os bens e serviços
sofreriam um aumento em torno de 10% ao mês porque os comerciantes não queriam ter
perda nos lucros.

Considere que todos os preços do orçamento do Lucas sofreram um aumento de


10% ao mês e responda:

a) Qual a perda em reais do salário do Lucas em maio em relação a abril?

b) Lucas estava pensando em comprar uma moto e, em março, após consultar uma
agência viu que se realizasse a compra parcelada em 12 vezes a prestação
naquele mês seria de R$ 350,00. Como esse valor também sofreria 10% ao mês
de aumento, essa nova prestação caberia no seu orçamento de abril e maio?
23

Apesar de se tratar de uma situação fictícia, pois a inflação considerada para


o exemplo é muito elevada comparada com a dos dias de hoje no Brasil, sabemos
que a desvalorização do salário de um trabalhador ocorre e é sentida por todos os
membros de uma família. Uma das alunas que participaram da pesquisa de campo,
num determinado momento do primeiro encontro, relatou que há alguns anos atrás a
família realizava uma excelente compra com R$ 200,00 (duzentos reais) e que, nos
dias de hoje, a mesma família tem que dispor de uma quantia maior para manter
uma compra equivalente nos supermercados.
Para a realização da tarefa, consideramos essencial fazer uma breve
apresentação aos alunos do conteúdo porcentagem. Focamos somente o que seria
necessário para a realização dos cálculos presentes na tarefa. Para a realização da
pesquisa, foram necessários aproximadamente 17 minutos de conversa sobre o
tema, contudo percebemos que alguns alunos permaneceram com muitas dúvidas
em relação ao que foi exposto. Por exemplo, duas alunas não conseguiram
interpretar o sentido do termo “ao mês” presente no texto da tarefa.
Disponibilizamos calculadora para os alunos realizarem os cálculos
necessários, porém durante a apresentação do conteúdo estimulamos os alunos a
realizarem o cálculo mental por se tratar de porcentagens básicas. É importante
destacar que a discussão proporcionada em torno da situação fictícia é muito mais
importante do que somente apresentar cálculos corretos. Durante a pesquisa de
campo, os alunos, mesmo com dificuldades em realizar os cálculos matemáticos,
discorreram sobre temas como mudanças de hábitos de consumo e cuidados que os
trabalhadores devem ter na hora de aceitar certas condições no contrato de
trabalho.
A tarefa 5 teve por objetivo apresentar aos alunos cenários presentes no
cotidiano de duas famílias: uma que viveu numa época de hiperinflação e outra que
vive com a inflação sobre controle. A proposta foi apresentada da seguinte forma:
24

Tarefa 5: Épocas distintas

Em 1993 a inflação de preços no mês de março foi de 42,68%. No mesmo mês em 2014,
a inflação foi de 0,92%.

Para conversamos sobre algumas diferenças entre essas duas épocas, colocamos abaixo
falas de alguns membros de duas famílias – Silva e Oliveira – com as mesmas
características: tinham 3 filhos adolescentes, os pais trabalhavam e as duas famílias
moravam de aluguel. As falas relacionadas à família Silva foram anotadas no ano de
1993, e as da família Oliveira ocorreram recentemente, no ano de 2014.

Tente descobrir, pelos comentários abaixo, de qual família é a pessoa que fala:

José: Em reunião de família, resolvemos comprar nossa casa própria financiada porque o
país passa por um momento de estabilidade na economia. _________________

Julia: Todo mês, assim que recebo o salário, vamos correndo ao supermercado fazer a
compra do mês e estocamos produtos que estão com bons preços. _________________

Cláudia: Meu pai disse que nenhuma empresa estrangeira quer vir para o Brasil porque a
gente está devendo muito ao FMI. _________________

Fábio: Nossa família está juntando dinheiro para uma viagem de férias e já sabemos,
mais ou menos, quanto vamos gastar. _________________

Joana: Hoje eu estava no supermercado e a coisa que mais se via era os funcionários
remarcando os preços das mercadorias. _________________

Ricardo: Eu observo que meus pais, apesar de tentarem, não conseguem fazer nosso
planejamento financeiro familiar. Parece que isso atrapalha meu pai a tomar decisões.
_________________

Esperamos que as justificativas utilizadas para responder aos comentários


presentes na tarefa sejam influenciadas pelas leituras e discussões das tarefas
anteriores. Ainda existe uma enorme possibilidade de que as respostas aos
comentários estejam vinculadas às decisões financeiras presentes no cotidiano das
famílias dos alunos.
Nesta tarefa consideramos essencial a intervenção do professor para expor
aos alunos informações sobre o papel do FMI (Fundo Monetário Internacional) e
também esclarecer possíveis dúvidas sobre os anos de hiperinflação vividos no
Brasil na década de 80 e 90.
25

A tarefa 6 intitulada “Para investigar” foi criada com o intuito de promover nos
alunos um momento de pesquisa e reflexão sobre o que foi debatido nos três
encontros. Esperamos que esta reflexão seja compartilhada principalmente com
alguns membros da família que provavelmente sentiram no dia a dia as
consequências da hiperinflação no Brasil nas décadas de 80 e início da década de
90.
Elaboramos uma tarefa extraclasse para que os estudantes pensassem sobre
o assunto em questão. Ela foi apresentada da seguinte forma:

Tarefa 6: Para investigar

Steve têm 14 anos, mora nos Estados Unidos e pretende vir ao Brasil através de um
intercâmbio e estudará em sua sala de aula no ano que vem. Só que ele assistiu uma
reportagem de quando os brasileiros viviam em uma inflação muito alta no período de
1990 a 1994 e ficou preocupado se seus pais poderiam mantê-lo vivendo aqui por um
ano. Envie um e-mail para ele explicando que as coisas são diferentes hoje e comente
sobre nossa inflação para que ele tenha informações interessantes para conversar com
seus pais.

Propomos aos professores instigar seus alunos a realizar uma pesquisa mais
profunda sobre o tema. Contudo, esta não deveria ficar restrita a buscas na internet,
consideramos ainda mais interessante incentivar a troca de informações do aluno
com os membros da família. É importante ressaltar que esta tarefa não deveria
terminar somente com o envio do e-mail, ela deveria ser bastante discutida em sala
de aula.

O conjunto de tarefas que apresentamos foi direcionado para alunos do 8º do


Ensino Fundamental e faz parte de uma proposta curricular de Educação Financeira.
Contudo, nada impede que essas tarefas sejam aplicadas em alunos do 9º ano ou
do ensino médio.
E é importante deixar claro que existem muitas abordagens a serem
discutidas dentro desta temática. Este trabalho abordou somete uma pequena
parcela. Convidamos professores e pesquisadores a criarem novas discussões em
torno do tema para nossas salas de aula.
26

Citaremos abaixo algumas abordagens que poderão ser discutidas em torno


do tema inflação de preços e ainda algumas sugestões de vídeos e sites.

Inflação de Preços – Outras Abordagens

1. Apresentar aos alunos outros índices de inflação existentes no país.


2. Falar da existência de uma inflação de preços para cada perfil de consumidor.
3. Quais cuidados devemos tomar em investimentos financeiros oferecidos pelos
bancos para podermos amenizar as perdas com os efeitos da inflação?
4. Como podemos medir a inflação?
5. Como os governos controlam a inflação?

Vídeos

1. Título: Laboratório Brasil


Duração: Aproximadamente 58 minutos
Distribuição: TV Câmara
Disponível em:
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/materias/DOCUMENTARIOS/1755
03-LABORATORIO-BRASIL.html

2. Título: O Histórico da Inflação no Brasil


Duração: Aproximadamente 2 minutos
Distribuição: Folha de São Paulo
Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/04/1266437-folhacoptero-mostra-o-
historico-da-inflacao-no-brasil-veja.shtml

3. Título: Inflação
Duração: Aproximadamente 5 minutos
Distribuição: BM&FBovespa
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=F9Mc3fPGsac&list=PL-
gaMRAth22rfq8SwpUEFYLoz_Pjq_Xip#t=107
27

4. Título: A estabilidade de preços é importante porquê?


Duração: Aproximadamente 8 minutos
Distribuição: Banco Central Europeu
Disponível em:
https://www.ecb.europa.eu/ecb/educational/pricestab/html/index.pt.html

Sugestões de Sites

1. Mestrado Profissional em Educação Matemática – UFJF


http://www.ufjf.br/mestradoedumat/

2. Estratégia Nacional de Educação Financeira


http://www.vidaedinheiro.gov.br

3. Programa Educação Financeira na Escola


http://www.edufinanceiranaescola.gov.br
28

REFERÊNCIAS

BLANCHARD, Oliver. Macroeconomia. Tradução Luciana do Amaral Teixeira. 5ª


ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
BRASIL/BANCO CENTRAL DO BRASIL. Educação Financeira para um Brasil
Sustentável Evidências da necessidade de atuação do Banco Central do Brasil
em educação financeira para o cumprimento de sua missão. Banco Central do
Brasil, 2012. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pec/wps/port/td280.pdf. Acesso
em: junho de 2013.
BRASIL/COREMEC. Educação financeira nas escolas – Ensino Médio.
COREMEC, GAP, UNIBANCO, 2010a.
BRASIL/COREMEC. Educação financeira nas escolas – Ensino Médio.
COREMEC, GAP, UNIBANCO, 2010b.
BRASIL/ENEF. Estratégia Nacional de Educação Financeira – Plano Diretor da
ENEF.2011a. Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/legislação/Default.
aspx. Acesso em: setembro de 2012.
BRASIL/ENEF. Estratégia Nacional de Educação Financeira – Plano Diretor da
ENEF: Anexos. 2011b. Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/legislação/
Default.aspx. Acesso: setembro de 2012.
BRASIL/IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008 – 2009. Despesas,
Rendimento e Condições de Vida. IBGE 2010. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009/P
OFpublicacao.pdf. Acesso: junho de 2013.
BOGDAN, Roberto C.; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação Qualitativa em
Educação: Uma Introdução à Teoria e aos Métodos. Porto, Portugal: Porto
Editora, 2010.
CAMPOS, Marcelo Bergamini. A educação financeira na matemática do ensino
fundamental. Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora – MG, 2012.
CAMPOS, Marcelo Bergamini. Educação financeira na matemática do ensino
fundamental: uma análise da produção de significados. Dissertação de
Mestrado. Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora – MG, 2012.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua
portuguesa. 8ª ed. Curitiba: Positivo, 2010.
LINS, Romulo Campos. Epistemologia, História e Educação Matemática:
tornando mais sólidas as bases da pesquisa. Revista da SBEM – SP, Campinas,
v.1. set., 1993. p. 75-91.
LINS, Romulo Campos. O Modelo Teórico dos Campos Semânticos: uma análise
epistemológica da álgebra e do pensamento algébrico. Dynamis. Blumenau, v.1,
n.7, abr./jun. 1994. p. 29-39.
LINS, Romulo Campos. Notas sobre o uso da noção de conceito como unidade
estruturante do pensamento. In: ESCOLA LATINO – AMERICANA SOBRE
PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA – ELAPEF, 3., 1996, Canela - RS. Anais do III
ELAPEF Canela, 1996b. p.137-141.
29

LINS, Romulo Campos; GIMENEZ, Joaquim. Perspectivas em Aritmética e


Álgebra para o Século XXI. Campinas, Brasil: Papirus, 1997.
LINS, Romulo Campos. Por que discutir teoria do conhecimento é relevante
para a Educação Matemática. In: Bicudo, M. A. V. (Org.) Pesquisa em Educação
Matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1999. p. 75-94.
LINS, Romulo Campos. A diferença como oportunidade para aprender. In: XIV
ENDIPE, 2008, Porto Alegre. Trajetórias e processos de ensinar e aprender:
sujeitos, currículos e culturas. Porto Alegre: Editora PUCRS, v.3. p. 530-550, 2008.
LINS, Romulo Campos. O Modelo dos Campos Semânticos: Estabelecimentos e
Notas de Teorizações. In: ANGELO, Claudia Laus; BARBOSA, Edson Pereira;
SANTOS, João Ricardo Viola dos; DANTAS, Sérgio Carrazedo; OLIVEIRA, Viviane
Cristina Almada de. (Org.). Modelo dos campos semânticos e educação matemática:
20 anos de história. 1ª ed. São Paulo: Midiograf, 2012. p. 11-30.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um:
processo sócio-histórico. 4ª. ed. São Paulo: Editora Scipione, 2008.
SILVA, Amarildo Melchiades. Sobre a dinâmica da produção de significados para
a Matemática. Tese de doutorado, Rio Claro – SP, 2003.
SILVA, Amarildo Melchiades da. Uma experiência de Design em Educação
Matemática: O Projeto de Educação Financeira Escolar. Projeto de Pesquisa –
Estágio Pós-Doutoral. Rutgers University, New Jersey/EUA, Newark, 2011.
SILVA, Amarildo Melchiades da. Design e Desenvolvimento de um Programa de
Educação Financeira para a Formação de Estudantes e Professores da
Educação Básica. Projeto de Pesquisa. Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz
de Fora – MG, 2012.
SILVA, Amarildo Melchiades da; POWELL, Arthur Belford. Um programa de
educação financeira para a matemática escolar da educação básica. Anais do
XI ENEM – XI Encontro Nacional de Educação Matemática, Curitiba, 2013.
SILVA, Amarildo Melchiades da; LINS, Romulo Campos. Sobre a dinâmica da
produção de significados para a matemática. Jornal Internacional de Estudos em
Educação Matemática. v.6(2) - 2013
VIDA & DINHEIRO (CONEF). Histórico. Disponível em:
http://www.vidaedinheiro.gov.br/Enef/Historico.aspx. Acessado em: agosto de 2013.
VIDA & DINHEIRO (CONEF). Projeto Educação Financeira nas Escolas de
Ensino Médio – Projeto Piloto. Disponível em:
http://www.vidaedinheiro.gov.br/EducacaoFinanceira/EducaçãoFinanceiraEscolasEn
sinoMedio.aspx. Acessado em: agosto de 2013.
VIDA & DINHEIRO (CONEF). Projeto Educação Financeira nas Escolas de
Ensino Fundamental. Disponível em:
http://www.vidaedinheiro.gov.br/EducacaoFinanceira/EducaçãoFinanceiraEscolasEn
sinoFundamental.aspx. Acessado em: agosto de 2013.
30

Anexos
31

A Inflação de Preços e o seu Dinheiro

INFLAÇÃO DE PREÇOS

As tarefas a seguir têm como objetivo esclarecer o que é inflação e como ela
influencia na nossa vida, na da nossa família e de nosso país.

Antes de começar nossas leituras, gostaria de saber o que você sabe dizer
sobre inflação de preços.

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Tarefa 1: O que é inflação de preços?

A inflação de preços ou simplesmente inflação é o processo de aumento contínuo e


generalizado de preços dos bens e serviços negociados em um país. Contínuo
porque o aumento dos preços ocorre ao longo de meses, anos e até décadas.
Generalizado porque ele acontece no preço da maioria dos bens e serviços, tais
como, alimentos, automóveis, aluguéis, passagens de ônibus, gasolina, cafezinho e
pão francês. Estas duas características são importantes para se dizer que houve
inflação.

Para discutir:

Considerando o texto anterior, responda:

a) Se há um aumento de preços num dado mês por algum motivo e há


estabilidade de preços nos meses seguintes, podemos caracterizar inflação?

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b) Se apenas os preços das hortaliças e frutas aumentam num período do ano


enquanto o preço da maioria dos demais produtos permanece inalterado,
podemos caracterizar inflação?

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Tarefa 2: Quais as causas da inflação?

Uma inflação de preços é causada por vários fatores, entre eles:

- O aumento da quantidade de dinheiro em circulação em um país. Pois quando


ocorre esse aumento, a população tem maior poder aquisitivo e consome mais.
Mas o que parece positivo, num primeiro momento, pode esconder um problema.
Se o consumo é muito alto, pode haver escassez de produtos no mercado e, com o
crescimento da procura eles aumentam de preço. Com os preços em alta, a
população perde o poder aquisitivo, ou seja, pode comprar cada vez menos.

- A inflação de preços pode ser gerada por um conflito em uma região do mundo.
Por exemplo, uma guerra no Oriente Médio pode disparar o preço do petróleo
vendido para vários países do mundo. Como o preço do petróleo influencia o preço
de vários outros produtos e serviços, pode ocorrer inflação.

- A inflação de preços pode ser gerada por fatores climáticos num país.

Para discutir:

a) Se o governo brasileiro anunciar que o salário mínimo aumentará cinco


vezes em relação ao valor atual, isso poderia influenciar na inflação?

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b) O aumento do preço da gasolina pode influenciar nos gastos de uma família


que não possui carro ou moto?

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c) Que fatores climáticos podem influenciar na inflação de um país e porque


isso ocorre?

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Tarefa 3: Quais as consequências da inflação?


As principais consequências da inflação para a vida das pessoas e para o país
são:
• Desvalorização da moeda do país, ou seja, a redução do poder de compra
desse dinheiro.

Com a inflação elevada, a moeda vai perdendo seu valor com o passar do tempo,
e os consumidores (por exemplo, os trabalhadores que recebem salário mínimo)
que não têm reajustes constantes não conseguem comprar os mesmos produtos
com o mesmo valor anterior, porque estes sofrem reajustes constantes.

• Alta da moeda de outros países e aumento do preço dos importados.

Quando a moeda de um país desvaloriza por causa da inflação, a dos outros


países (principalmente o dólar e o euro) faz o movimento inverso, isto é, valoriza
em relação à moeda desse país. Se este país com inflação elevada é muito
dependente de importações como, por exemplo, de petróleo, carros, trigo, os
produtos importados aumentam de preço, situação que alimenta ainda mais a alta
da inflação.

• Criação de um ambiente de incertezas

A inflação cria uma enorme incerteza nas pessoas e na economia do país. A


pessoa não pode assumir crédito porque não sabe como será sua renda no futuro.
Dificulta o planejamento financeiro familiar. Para o país, ela dificulta o cálculo
econômico e cria ineficiência, pois prejudica a tomada de decisão num ambiente
de incerteza.

• Clima econômico desfavorável.

Um país que possui inflação alta é visto no mercado internacional com


desconfiança e, portanto, de forma negativa. Os grandes investidores e as
empresas evitam fazer investimentos produtivos de médio e longo prazos nestes
países, pois sabem que a inflação alta é um indicativo de economia com
problemas.
37

• Aumento do desemprego.

Países que não conseguem controlar a inflação sofrem, a longo prazo, com o
aumento das taxas de desemprego. Isto acontece porque ocorre uma diminuição
significativa no setor produtivo.

Para discutir:

Imagine que o Brasil estivesse vivendo num período de inflação alta. Analise a
atitude de alguns brasileiros marcando B se for uma boa atitude, R se for ruim ou
P se for péssima. Considere as consequências da inflação para a vida das
pessoas e para o país apresentadas anteriormente.

____ Os avós de Ana e Ricardo estão comprando dólar para levá-los à Disney,
nos Estados Unidos, daqui a um ano.

____ O pai de Rodrigo vai pedir demissão do seu trabalho porque quer mudar de
emprego.

____ O pai de Lucas decidiu comprar a casa própria financiada em 20 anos, e com
isso deixar de pagar aluguel.

____ O pai de Rodrigo deseja dar à sua mãe uma máquina que lava e seca de cor
vermelha, ele vai importá-la dos Estados Unidos.

____ A mãe de Lucas sugeriu a seu pai adiar a reforma da casa para o ano
seguinte.

____ Os pais de Rodrigo estão juntando dinheiro para uma viagem e estão
guardando-o em casa.
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Tarefa 4: Atualizando os gastos mensais

Lucas é solteiro, tem 19 anos, mora em Juiz de Fora e conseguiu seu primeiro
emprego em uma empresa. Em março ele recebeu um aumento de salário e
passou a ganhar R$ 1500,00. Ele sabe que este salário será fixo até março do ano
seguinte, mas mesmo assim, resolveu sair de casa e dividir um apartamento com
seus amigos a partir do mês de abril. Para ter melhor controle de suas despesas
ele fez uma planilha com os gastos mensais do primeiro mês na nova vida fora de
casa e continuará fazendo ao longo dos meses. Observe sua planilha:

Despesas Abril Maio

Academia (musculação) R$ 45,00

Condução R$ 84,00

Café na padaria R$ 105,00

Almoço na rua R$ 240,00

Aluguel + condomínio R$ 300,00

Saída (cinema + balada) R$ 250,00

Total

O que ele não sabia é que a inflação de preços no país a partir do mês de
março estaria em torno de 9,2% ao mês e, como consequência, todos os bens e
serviços sofreriam um aumento em torno de 10% porque os comerciantes não
queriam ter perda nos lucros.

Considere que todos os preços do orçamento do Lucas sofreram um


aumento de 10% ao mês e responda:
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a) Qual a perda em reais do salário do Lucas em maio em relação a abril?

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b) Lucas estava pensando em comprar uma moto e, em março, após consultar


uma agência viu que se realizasse a compra parcelada em 12 vezes a
prestação naquele mês seria de R$ 350,00. Como esse valor também
sofreria 10% de aumento, essa nova prestação caberia no seu orçamento de
abril e maio?

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Tarefa 5: Épocas distintas

Em 1993 a inflação de preços no mês de março foi de 42,68%. No mesmo mês em


2014, a inflação foi de 0,92%.

Para conversamos sobre algumas diferenças entre essas duas épocas, colocamos
abaixo falas de alguns membros de duas famílias – Silva e Oliveira – com as
mesmas características: tinham 3 filhos adolescentes, os pais trabalhavam e as
duas famílias moravam de aluguel. As falas relacionadas à família Silva foram
anotadas no ano de 1993, e as da família Oliveira ocorreram recentemente, no
ano de 2014.

Tente descobrir, pelos comentários abaixo, de qual família é a pessoa que fala:

José: Em reunião de família, resolvemos comprar nossa casa própria financiada


porque o país passa por um momento de estabilidade na economia.
_________________

Julia: Todo mês, assim que recebo o salário, vamos correndo ao supermercado
fazer a compra do mês e estocamos produtos que estão com bons preços.
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Cláudia: Meu pai disse que nenhuma empresa estrangeira quer vir para o Brasil
porque a gente está devendo muito ao FMI. _________________

Fábio: Nossa família está juntando dinheiro para uma viagem de férias e já
sabemos, mais ou menos, quanto vamos gastar. _________________

Joana: Hoje eu estava no supermercado e a coisa que mais se via era os


funcionários remarcando os preços das mercadorias. _________________

Ricardo: Eu observo que meus pais, apesar de tentarem, não conseguem fazer
nosso planejamento financeiro familiar. Parece que isso atrapalha meu pai a tomar
decisões. _________________
41

Tarefa 6: Para investigar

Steve têm 14 anos, mora nos Estados Unidos e pretende vir ao Brasil através de
um intercâmbio e estudará em sua sala de aula no ano que vem. Só que ele
assistiu uma reportagem de quando os brasileiros viviam em uma inflação muito
alta no período de 1990 a 1994 e ficou preocupado se seus pais poderiam mantê-
lo vivendo aqui por um ano. Envie um e-mail para ele explicando que as coisas
são diferentes hoje e comente sobre nossa inflação para que ele tenha
informações interessantes para conversar com seus pais.

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