Educacao Financeira Series Iniciais
Educacao Financeira Series Iniciais
Educacao Financeira Series Iniciais
GD 15 – Educação Financeira
Introdução
Durante minha carreira profissional como docente do Ensino Fundamental, observei
entre os colegas, diversas situações em que o envolvimento com os recursos financeiros
não era bem-sucedido, uma vez que em conversas e discussões, este era um tema não
abordado nas práticas docentes.
Percebe-se que um dos maiores desafios da sociedade atual é proporcionar uma
educação básica que contemple as demandas do mundo globalizado, tal como as
geradas pela inovação tecnológica. Desde muito cedo, as crianças deveriam ser
preparadas para lidarem com o dinheiro (administrar mesada, construir objetivos de uso
de suas economias, participar de discussões familiares sobre orçamento, entre outros),
para que possam atuar de forma consciente e cidadã ao longo da vida pessoal e
profissional.
Com o objetivo de melhorar o trabalho em sala de aula e aprofundar minhas reflexões
sobre o tema, ingressei no Programa de Estudo de Pós-Graduados em Educação
Matemática, almejando estudar e compreender melhor o processo de formação docente
relacionado à Educação Financeira.
1
Pontifícia Universidade Católica - SP, e-mail: [email protected], orientador: Profª Drª.
Cileda de Queiroz e Silva Coutinho.
As discussões no decorrer das disciplinas e, principalmente, no grupo de estudos
Processo de Ensino e Aprendizagem em Matemática - “PEAMAT”, contribuíram para a
escolha temática dessa pesquisa, bem como seu aporte teórico.
A Educação Financeira contribui para o desenvolvimento social e econômico do país,
proporcionando aos cidadãos habilidades e competências indispensáveis para planejar,
administrar sua renda, poupar, investir e compreender seus direitos, por esses motivos,
ou seja, almeja uma educação para a cidadania, visto que os próprios Parâmetros
Curriculares Nacionais afirmam:
O ensino da Matemática deve ser desenvolvido de tal maneira que permita ao
aluno compreender a realidade em que está inserido, desenvolver suas
capacidades cognitivas e sua confiança para enfrentar desafios, de modo a
ampliar os recursos necessários para o exercício de cidadania, ao longo do
seu processo de aprendizagem. (BRASIL, 1998, p. 60).
Revisão Bibliográfica
Estamos analisando pesquisas na área da Educação Financeira na abordagem dos
saberes docentes dos profissionais que atuam nos anos iniciais, Teixeira (2015)
verificou pesquisas científicas no período de 2013 a 2015, as quais nenhuma aborda a
temática em questão.
Assim como na pesquisa de Teixeira (2015), as pesquisas que constam na Biblioteca
Digital Brasileira de Teses e Dissertações no período de 2013 e 2014, também não
apresentam saberes docentes necessários à Educação Financeira.
Ressaltamos, que até o momento, não encontramos pesquisas que fundamentem ou
norteiem quais os saberes docentes necessários na abordagem da Educação Financeira
nos anos iniciais, mediante a falta de publicações.
Problemática
Neste contexto, nossa pesquisa tem como objetivo diagnosticar saberes mobilizados por
professores do Ensino Fundamental em relação à Educação Financeira, e para isso,
buscamos responder a seguinte questão de pesquisa: Que tipos de saberes são
mobilizados por professores de 5º ano, na resolução de problemas, em relação à
Educação Financeira?
Tendo em vista que a escola é um ambiente que proporciona aos educandos a
capacidade de administrar sua vida em sociedade, a Educação Financeira dialoga com
as diversas disciplinas do Sistema de Educação do Ensino Médio e Fundamental. De
acordo com a Estratégia Nacional de Educação Financeira, ENEF:
Portanto, a educação financeira nas escolas se apresenta como estratégia
fundamental para ajudar as pessoas a realizar seus sonhos individuais e
coletivos. Discentes e docentes educados em temas financeiros podem
constituir-se em indivíduos crescentemente autônomos em relação a suas
finanças e menos suscetíveis a dívidas descontroladas, fraudes e situações
comprometedoras, que prejudiquem não só sua própria qualidade de vida
como também a de outras pessoas. (ENEF, 2005, p.63)
Destacamos que este trabalho é parte de um projeto desenvolvido pelo grupo PEAMAT,
que trata do ensino e da aprendizagem da Educação Financeira, tanto na escola básica
como em outros campos profissionais.
Os projetos em desenvolvimento neste grupo articulam-se abrangendo estudo de
materiais didáticos, estudos diagnósticos de conhecimentos e concepções, estudos sobre
propostas de abordagens (modelagem, situações didáticas e outras), preferencialmente
com utilização de recursos computacionais (estudo da contribuição dessa utilização nos
processos de ensino e de aprendizagem).
Referencial metodológico e teórico
Esta pesquisa tem caráter qualitativo, apresentando um estudo de caso. Segundo
Fiorentini e Lorenzato (2012, p. 110), o estudo de caso:
[...] busca retratar a realidade de forma profunda e mais completa possível,
enfatizando a interpretação ou a análise do objeto, no contexto em que ele se
encontra, mas não permite a manipulação das variáveis e não favorece a
generalização. Por isso, o estudo de caso tende a seguir uma abordagem
qualitativa. Mas isso não significa abandonar algumas quantificações
necessárias. Essas quantificações podem ajudar a qualificar melhor uma
análise.
No entanto, para que a presente pesquisa seja bem caracterizada, vale ressaltar a relação
à Educação Matemática, que de acordo com Ponte (2006):
[...] na Educação Matemática os estudos de caso têm sido usados para
investigar questões de aprendizagem dos alunos, bem como do conhecimento
e das práticas profissionais de professores, programas de formação inicial e
continuada de professores, projectos de inovação curricular, novos currículos,
etc. (PONTE, 2006, p.126).
Considerações
As práticas dos professores que ensinam matemática no Ensino Fundamental são
consideradas muito importantes para embasar a vida escolar e cotidiana do educando,
sendo assim, o fato de contextualizar e aproximar a matemática ao dia a dia dos mesmos
é uma tarefa imprescindível.
As finanças acompanharão os alunos e professores em todos os momentos da vida, tanto
para conseguir acompanhar gastos, ganhos, dívidas e lucros, como para aprenderem a
poupar e realizar sonhos, sejam de curto, médio e longo prazo.
Diagnosticar o que os professores mobilizam para resolver problemas no âmbito da
Educação Financeira se faz necessário para que possam ser identificadas as possíveis
fragilidades e/ou facilidades dos docentes da Rede Municipal de Ensino de Caçapava,
bem como futuramente, de acordo com os resultados e análises da presente pesquisa,
desencadear movimentos de formação para os profissionais que nela atuam, seja nas
Unidades Escolares, ou no próprio departamento de ensino.
REFERÊNCIAS:
BALL, D. L. HILL, H. C., & BASS, H. Knowlng mathematics for teaching.
American Educator, Fall, 14-46. (2005).
BALL, D. L., THAMES, M, H., PHELPS, G. Content Knowledge for Teaching. Journal
of Teacher Education. V. 59, N. 5 – November/December 2008. 389-407. University of
Michigan.
BIFI, C. R. Conhecimentos estatísticos no ciclo I do Ensino Fundamental: um
estudo diagnóstico com professores em exercício. 2014. 134f. Doutorado em Educação
Matemática – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2014.
BRASIL. Estratégia Nacional de Educação Financeira – Plano Diretor da Enef.
2011a. Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/legislação/Default.aspx.
Recuperado em: 06-10-2015.
BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros curriculares nacionais.
Brasília: MEC/SEF, 2000.
PONTE, J, P. Estudo de Caso em Educação Matemática. 2006 Bolema, 25, 103-132.
RIBEIRO, A. J. Conhecimento matemático para o ensino, formação de professores
e ensino de álgebra: uma análise e possíveis relações na educação básica. In:
CIBEM, 7, 2013. Montevideo, Uruguai.
CAMPOS, C. R.; TEIXEIRA, J.; Coutinho, C. Q. S. Reflexões sobre a educação
financeira e suas interfaces com a educação matemática crítica. No prelo.
SHULMAN, L.S. (1986). Those Who Understand: Knowledge Growth in Teaching.
Educational Researcher. Volume 15, pp. 4-14. Shulman, L. S. (1987). Knowledge and
Teaching: Foundations of the new reform. Harvard Educational Review. Volume 57,
pp. 1-22.
OECD. Improving Financial Literacy: Analysis of Issues and Policies. Paris:
Secretary General of the OECD, 2005.
TEIXEIRA, J. Um estudo diagnóstico sobre a percepção da relação entre educação
financeira e matematica financeira. 2015. 157f. Doutorado em Educação Matemática
– Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2015.