Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Escola de Engenharia Engenharia de Materiais
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ESCOLA DE ENGENHARIA
ENGENHARIA DE MATERIAIS
Orientadora:
Jane Zoppas Ferreira
Dezembro de 2012.
MAURÍCIO PERONI DE MORAES
A Deus.
Com o avanço da indústria, fica cada vez maior a exigência por materiais que
suportem as condições de processo pelo maior tempo possível, isso requer estudos
com o intuito de conhecer as falhas possíveis e desenvolver e adequar materiais.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 11
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 12
3.1 URFCC - Unidade de Craqueamento Catalítico Fluidizado de Resíduos ..... 13
3.1.1 Conversor ........................................................................................ 14
3.1.2 Seção de Fracionamento ................................................................. 15
3.1.3 Recuperação de Gases ................................................................... 15
3.1.4 Tratamentos ..................................................................................... 15
3.2 Juntas de Expansão ..................................................................................... 16
3.2.1 SXB-300003 – Junta de Expansão Estudada .................................. 17
3.3 Ligas a Base de Níquel................................................................................. 20
3.3.1 Desenvolvimento Histórico............................................................... 20
3.3.2 Principais Características e Aplicações ........................................... 21
3.3.3 INCONEL 625 LCF .......................................................................... 22
3.4 Ensaios e Análise ......................................................................................... 25
3.4.1 Análise Micrográfica ......................................................................... 25
3.4.2 Polarização Potenciostática ............................................................. 26
3.4.3 Difração de Raios X ......................................................................... 29
3.5 Corrosão ....................................................................................................... 31
3.5.1 Corrosão Localizada ........................................................................ 32
3.5.2 Corrosão Intergranular ou Transgranular ......................................... 33
3.5.3 Corrosão por Célula Oclusa ............................................................. 33
3.5.4 Corrosão pelo CO2 e Ácidos Politiônicos ......................................... 34
3.5.5 Sulfetação ........................................................................................ 35
4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 37
4.1 Estudo de Caso: ........................................................................................... 37
4.2 Obtenção das Amostras ............................................................................... 38
4.3 Métodos de Análises .................................................................................... 39
4.3.1 Metalografia ..................................................................................... 39
4.3.2 Medições de Temperatura ............................................................... 41
4.3.3 Ensaios Eletroquímicos.................................................................... 43
4.3.4 Análise por Raios X.......................................................................... 44
5
Nos itens a seguir veremos uma breve descrição de suas principais seções.
14
3.1.1 Conversor
3.1.4 Tratamentos
Com relação aos movimentos a serem absorvidos pelas juntas, esses podem
ser: axial; axial e lateral; axial, lateral e rotação em um plano; rotação em um plano;
axial e rotação em um plano; rotação em qualquer plano (9).
As juntas ainda podem ser consideradas a seco, ou com fluído de purga. Nas
juntas com fluído de purga é injetado um fluido externo, normalmente vapor d’água
ou ar, para proteger o fole da ação do fluxo interno (corrosão, vibração induzida,
temperatura), um exemplo é apresentado na Figura 4 (a). Porém, um inconveniente
deste tipo de junta é que a depender dos contaminantes do vapor, por exemplo, sais
de cloretos, pode ocorrer o ataque do fole pelo fluido de purga (9).
As juntas secas, como o próprio nome diz, não utilizam fluído de purga, e
surgiram como solução aos problemas crônicos das juntas com purga. Nessas
juntas a vedação do espaço anular, entre a camisa interna e o fole, é garantida por
um mangote metálico flexível, que atua como selo, Figura 4 (b). Durante a operação
o risco é o mangote se soltar ou se romper, expondo o fole a ação do fluido interno
(9).
17
Figura 4 – Desenho ilustrativo de dois tipos de junta de expansão: (a) junta com fluído de purga; (b)
junta seca (9).
A junta de expansão estudada neste trabalho é do tipo junta seca, com fole de
dupla lâmina, admitindo o movimento de rotação em um plano.
Figura 5 - Imagem com a posição da junta no duto de gás de combustão (maquete 3D, sem escala)
(9).
Fluxo de gás
Figura 6 - Recorte do desenho da junta de expansão SXB-300003 e seus principais elementos (10).
Desenho sem escala, dimensões citadas em mm.
Devido a sua complexidade e alto custo, era esperado que esta junta operasse
por cerca de 20 anos sem apresentar problemas, porém com menos de 5 anos, em
sua primeira campanha, ocorreu a perfuração da primeira camada do fole e, por
isso, é atualmente um caso de estudo.
Níquel e suas ligas são utilizados para uma grande variedade de aplicações, a
maioria das quais envolve a resistência à corrosão e / ou a resistência ao calor
(5)(6). Algumas delas incluem:
Figura 8 - Intervalos de ciclos de resistência à fadiga das ligas de Níquel 625 e INCONEL 625 LCF
em temperaturas de 480 a 650°C (4).
Durante o corte ou desbaste da peça deve-se tomar cuidado para evitar o calor
excessivo ou a deformação plástica da amostra. Toda a camada encruada em
decorrência do corte deverá ser retirada durante o polimento. Deve-se também
tentar obter uma superfície plana nesta etapa, para facilitar o posterior polimento.
m=eit
emitam radiação e quando estas radiações interagem uma com a outra de forma
construtiva, ocorre difração.
Para que ocorra interferência construtiva dois critérios devem ser satisfeitos. O
primeiro é satisfazer a lei de Bragg:
λ = 2 d sen Θ
radiação na amostra;
3.5 Corrosão
Figura 12 - Exemplos de processos corrosivos: (a) peça com espessura nominal; (b) corrosão
uniforme; (c) corrosão localizada alveolar; (d) corrosão localizada puntiforme; (e) corrosão
intergranular; (f) corrosão transgranular; (g) trincamento por hidrogênio e (h) empolamento por
hidrogênio. (2)
Esses mecanismos são casos especiais de corrosão, visto que não são
comunmente encontrados. Contudo, nas unidades de processamento de petróleo
eles estão presentes. Separamos os dois processos para melhor explicá-los.
O CO2 dissolvido em água, assim como o H2S, forma um ácido fraco, cuja
primeira hidratação gera o ácido carbónico, H2CO3, formando um filme. A cinética do
35
3.5.5 Sulfetação
temperatura, esta reação torna-se cada vez mais intensa. A oxidação pelo enxofre, a
sulfetação, pode ser considerada mais destrutiva do que a oxidação pelo oxigênio.
Em alguns casos a sulfetação apresenta um processo linear oriundo da não
formação de filme. Em outros, dependendo da temperatura, poderá haver a
formação de eutéticos que invariavelmente possuem pontos de fusão inferiores aos
dos óxidos. Por exemplo, o ponto de fusão para o eutético Fe/S é 985 °C, enquanto
que para o do Ni/S é de 645 °C. O mecanismo da sulfetaçao é bem parecido com o
da oxidação ao ar. Por exemplo, o aumento do teor de cromo aumenta a resistência
à sulfetaçao em ligas Fe-Cr e em aços austeníticos. A presença benéfica do cromo
normalmente sobrepuja a do Ni, que é facilmente atacado pelo enxofre. Ligas à base
de Ni devem ser evitadas em atmosferas sulfurosas. Da mesma forma que uma
depleção do teor de cromo expõe a liga à oxidação ao ar, o mesmo ocorrerá em uma
atmosfera sulfurosa. Simplificadamente, o aumento do teor de cromo é mais
significativo do que a contribuição negativa do níquel, conforme observado na Figura
13. A adição de pequenos teores de alumínio aumenta consideravelmente a
resistência a sulfetação das ligas Fe-Cr-Ni (2).
Figura 14 - SXB-300003 nova instalada em 2010; (a) sem isolamento térmico adicional; (b) após
instalação do isolamento térmico adicional.
Com realização de uma inspeção visual, pelo lado interno da junta, foi
localizada a região mais danificada do fole, de onde foi removido material para as
análises a serem realizadas, foi cortado um pedaço do fole com dimensões
aproximadas de 35 x 12 cm [A], conforme Figura 15. Também foi removido outro
pedaço do fole, em outra região aparentemente intacta, com dimensões
aproximadas de 35 x 35 cm [B], (Figura 15).
39
Figura 15 – Recortes realizados na SXB-300003 para avaliação e remoção de material para análises.
4.3.1 Metalografia
4.3.1.1 Embutimento
4.3.1.2 Lixamento
4.3.1.3 Polimento
Figura 16 - Micrografia de uma liga INCONEL 625 forjada (200x). [Adaptado de ASM - Micrograph
Center Powered by Granta Design]. (20)
Com base nisto, foi feita relação com os gás de combustão do regenerador e
proposta uma temperatura para o ponto de orvalho deste gás.
potencial de circuito aberto até 500 mV acima desse potencial, com velocidade de
varredura de 1mV.s-1 e incremento de potencial de 0,3mV.
Para a análise por difração de raios-x, foi utilizado uma porção do material em
pó obtido por meio de uma raspagem da superfície do fole na região mais corroída
do mesmo. O equipamento utilizado, do Instituto de Física, foi um Difratômetro
Siemens D500, operado com um tubo de Cu e usando uma configuração com
monocromador de grafite. O espectro do tipo contagem foi realizado varrendo 2Θ de
10° a 90° com incremento de 0,05°. Também foi utilizado o software
Crystallographica Search-Match - Versão 3.0.1.1 e seu banco de dados para a
determinação dos resultados.
Isto nos levou a crer que existiu algum fator, ou um conjunto de fatores que
ocasionaram a corrosão localizada, na região do fole citada acima. Para maiores
conclusões, outras análises foram desenvolvidas no decorrer do estudo.
47
Tabela 2 - Medições de temperatura externa, em alguns pontos da junta antiga e junta nova, em
operação:
MEDIÇÕES DE TEMPERATURA EM °C
Junta danificada Junta nova s/ Junta nova c/
Pontos
antiga (2009) isolamento (2010) isolamento (2012)
1 141 126
2 165 199
3 163 162 206
4 170 172 205
5 170 201
6 142 144
na Figura 18, mostrada na seção 4.3.2, a temperatura de orvalho proposta para este
gás é em torno de 260 °F, ou seja, 127°C.
Figura 22 - INCONEL 625 LCF (1500x): (a) amostra da região corroída do fole; (b) amostra da região
intacta do fole.
Embora o ataque realizado não tenha sido eficiente para revelar mais a fundo a
microestrutura do material, já é possível verificar que não há diferença entre as
amostras corroída (Figura 22a) e não corroída do fole (Figura 22b). Outro ponto
importante a se destacar, foi a inexistência de trincas ao longo de toda a amostra
observada, o que dá indícios de que o material não sofreu mecanismos de corrosão
por Hidrogênio, CO e/ou CO2 (cap. 3.5). Além de trincas por empolamento, a
atmosfera a qual o material está exposto, poderia ter provocado corrosão
transgranular e intergranular, todavia, estes aspectos também não foram percebidos
nas micrografias realizadas.
Com base no exposto acima, concluí se que o material INCONEL 625 LCF não
sofreu alterações em sua microestrutura.
Figura 23 - Curva de polarização potenciostática do INCONEL 625 LCF. Média das amostras após
10min de imersão em H2SO4 0,1M.
Figura 24 - INCONEL 625 LCF. Determinação das retas de Tafel através de software para obtenção
da corrente de corrosão.
Através destes ensaios, fica claro que o ataque químico sofrido pelo INCONEL
625 LCF, a temperatura ambiente, neste meio corrosivo é bastante lento e levaria
dezenas de anos para perfurar uma chapa de 2mm de espessura, por exemplo.
5.5 Raios X
Figura 25 - Difratograma de depósito presente sobre a chapa de INCONEL 625 LCF na região
danificada.
significativos processos corrosivos como, corrosão sob tensão, corrosão por ataque
do CO2 e ácidos politiônicos, empolamento por Hidrogênio e sulfetação.
Sendo assim, fica entendido que a causa principal da falha ocorrida no fole
metálico, INCONEL 625 LCF, da SXB-300003, não foi puramente um mecanismo de
ataque químico provocado por condensação de ácidos. Mas, que houve um
mecanismos de desgaste mecânico, com possibilidade de aceleração devido a
corrosão por célula oclusa, provavelmente associado a algum desarranjo dos
elementos internos da junta, e isso provocou a falha localizada na região já descrita.
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Realizar MEV e EDS das amostras para verificar a composição dos carbetos
visualizados nas micrografias ópticas realizadas.
Realizar uma análise por raios-x do INCONEL 625 LCF, sem contaminantes,
para obter seu difratograma original e assim poder compará-lo com o realizado neste
trabalho e outros que possam ser feitos.
REFERÊNCIAS
14. Gemelli, Eroni - Corrosão dos Materiais Metálicos e sua Caracterização - Rio de
Janeiro: LTC, 2001.
15. Cullity, B. D., Stock, S. R., Elements of X-ray Diffraction, 3rd Edition., Prentice
Hall, 2001.
21. Heat Recovery Steam Generator Desing – Prosses, Acid dew point of flue gas
- Disponível em: http://www.hrsgdesign.com/design0.htm, consultado em 2012.