Estudo Da Composição Química Dos Óleos

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E
TECNOLOGIA DE MATERIAIS
Faculdade de Engenharia
PUCRS Faculdade de Física
Faculdade de Química PGETEMA

ESTUDO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ÓLEOS


ESSENCIAIS OBTIDOS POR DESTILAÇÃO POR
ARRASTE A VAPOR EM ESCALA LABORATORIAL E
INDUSTRIAL

ANDRÉIA HOELTZ STEFFENS


LICENCIATURA PLENA EM QUÍMICA

DISSERTAÇÃO PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM


ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS

Porto Alegre
Março, 2010
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E
TECNOLOGIA DE MATERIAIS
Faculdade de Engenharia
PUCRS Faculdade de Física
Faculdade de Química PGETEMA

ESTUDO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ÓLEOS


ESSENCIAIS OBTIDOS POR DESTILAÇÃO POR
ARRASTE A VAPOR EM ESCALA LABORATORIAL E
INDUSTRIAL

ANDRÉIA HOELTZ STEFFENS


LICENCIATURA PLENA EM QUÍMICA

ORIENTADOR: PROF. DR. EDUARDO CASSEL

Dissertação realizada no Programa de


Pós-Graduação em Engenharia e
Tecnologia de Materiais (PGETEMA) da
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Mestre em
Engenharia e Tecnologia de Materiais.

Porto Alegre
Março, 2010
3

O conhecimento torna a alma


jovem e diminui a amargura da
velhice. Colhe, pois, a sabedoria.
Armazena suavidade para o
amanhã.

Leonardo da Vinci
4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus exemplares pais, Pedro e Tânia Steffens, ao
meu amado irmão, Fabrício Hoeltz Steffens e à minha dedicada avó, Eunice Lilian
Hoeltz.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter iluminado meu caminho ao longo desta jornada.

Aos meus pais, meu irmão e minha avó, pelo carinho, apoio e confiança a
mim dedicados. Ao meu noivo, Rafael Formoso Ribeiro, pelo incentivo.

À minha grande amiga “irmã” Danna Rodrigues Moreira, que em todos os


momentos esteve presente ao meu lado, sempre me auxiliando, sem medir esforços.
Ao meu amigo Fernando Cidade Torres. Às minhas amigas Fabiana de Araújo
Ribeiro e Marta Macalós, que me proporcionaram alegrias e me acolheram nos
momentos difíceis.

Um agradecimento especial aos professores Eduardo Cassel, por ter me


aberto às portas do LOPE e pela credibilidade a mim confiada; Eleani Maria da
Costa pela oportunidade; Rubem Mario Figueiró Vargas pelo auxílio na elaboração
deste trabalho. Sem eles nada seria possível.

Agradeço, por último, a CAPES, por ter financiado meu estudo de Pós-
Graduação.
6

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ........................................................................ 4
AGRADECIMENTOS ............................................................... 5
SUMÁRIO ................................................................................ 6
LISTA DE FIGURAS ................................................................ 8
LISTA DE TABELAS ............................................................... 9
RESUMO .................................................................................. 10
ABSTRACT .............................................................................. 11
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS ................................... 12
2 OBJETIVOS .......................................................................... 16
2.1. Objetivo Geral .................................................................................. 16
2.2. Objetivos Específicos ..................................................................... 16
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................ 18
3.1. Plantas Aromáticas.......................................................................... 18
3.2. Óleos Essenciais ............................................................................. 20
3.2.1. Composição Química dos Óleos Essenciais ............................ 23
3.2.1.1. Fenilpropanóides ............................................................ 23
3.2.1.2. Terpenóides .................................................................... 23
3.3. Capim Citronela (Cymbopogon winterianus J.) ............................ 24
3.4. Alecrim (Rosmarinus officinalis L.) ............................................... 26
3.5. Destilações por Arraste a Vapor .................................................... 30
3.6. Cromatografia Gasosa acoplada ao Espectrômetro de Massas
(GC/MS) .................................................................................................... 32
3.6.1. Cromatografia Gasosa (GC) .................................................... 33
3.6.2. Espectrômetro de Massa (MS) ................................................. 35
3.7. Análise dos Componentes Principais (PCA) ................................ 37
4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................... 39
4.1. Destilação por Arraste a Vapor – Escala Laboratorial ................. 39
4.2. Destilação por Arraste a Vapor – Escala Industrial ...................... 40
4.3. Análises Cromatográficas ............................................................. 44
4.4. Análise dos Componentes Principais (PCA) ................................ 45
7

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................... 46


5.1. Extração por arraste a vapor em escala laboratorial ................... 46
5.2. Extração por arraste a vapor em escala industrial ....................... 48
5.2.1. Capim Citronela (Cymbopogon winterianus) ............................ 48
5.2.2. Alecrim (Rosmarinus officinalis L.) ........................................... 52
5.2.3. Análise dos Principais Componentes (PCA) ............................ 56
6. CONCLUSÕES .................................................................... 61
7. PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS................... 62

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................... 63
8

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1. Planta aromática Citronela (Cymbopogon winterianus) ........................ 25


Figura 3.2. Planta aromática Alecrim (Rosmarinus officinalis L.).............................. 29
Figura 3.3. Planta aromática Alecrim (Rosmarinus officinalis L.).............................. 30
Figura 3.4. Equipamento GC/MS (Marca Agilent Technologies) .............................. 37
Figura 4.1. Unidade Laboratorial de Destilação por Arraste a Vapor ....................... 40
Figura 4.2. Fluxograma do Processo Industrial ........................................................ 41
Figura 4.3. Gerador de vapor da unidade industrial – caldeira ................................ 42
Figura 4.4. Vasos de extração da unidade industrial ............................................... 42
Figura 4.5. Condensador de serpentina da unidade industrial ................................. 43
Figura 4.6. Vaso separador da unidade industrial - vaso florentino ......................... 43
Figura 5.1. Curva de Extração do Óleo Essencial de Citronela: Rendimento x
Tempo....................................................................................................................... 50
Figura 5.2. Curva de Extração do Óleo Essencial de Alecrim: Rendimento x
Tempo....................................................................................................................... 54
Figura 5.3 Gráfico resultante do PCA para as análises cromatográficas do óleo
essencial de citronela ............................................................................................... 57
Figura 5.4. Dendograma obtido através do PCA de compostos químicos presentes
no óleo essencial de citronela .................................................................................. 58
Figura 5.5. Gráfico resultante do PCA para as análises cromatográficas do óleo
essencial de alecrim ................................................................................................. 59
Figura 5.6. Dendograma obtido através do PCA de compostos químicos presentes
no óleo essencial de alecrim .................................................................................... 60
LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1. Média dos Resultados Obtidos pela Análise no GC/MS para o Óleo de
Citronela ................................................................................................................... 47
Tabela 5.2. Média dos Resultados Obtidos pela Análise no GC/MS para o Óleo de
Alecrim ...................................................................................................................... 47
Tabela 5.3 – Dados experimentais de volume versus tempo da extração do óleo
essencial de citronela ............................................................................................... 48
Tabela 5.4. Análise Cromatográfica por GC/MS do Óleo Essencial de Citronela
obtido em Escala Industrial ...................................................................................... 51
Tabela 5.5. Dados experimentais de volume versus tempo da extração do óleo
essencial de alecrim. ................................................................................................ 52
Tabela 5.6. Análise Cromatográfica por GC/MS do Óleo Essencial de Alecrim obtido
em Escala Industrial ................................................................................................. 56
10

RESUMO

STEFFENS, Andréia Hoeltz. Estudo da composição química dos óleos


essenciais obtidos por destilação por arraste a vapor em escala laboratorial e
industrial. Porto Alegre. 2010. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia e Tecnologia de Materiais, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
DO RIO GRANDE DO SUL.

A produção de óleos essenciais tem aumentado a cada ano devido,


principalmente, ao crescente consumo destes em atividades tradicionais como na
indústria alimentícia e cosmética, e às novas aplicações organolépticas e biológicas
que estão surgindo. Associado a este fato, o investimento no desenvolvimento
tecnológico do setor através da definição de sistemas de produção da matéria-prima,
do desenvolvimento dos processos extrativos, bem como a garantia de um controle
de qualidade eficiente, é um incentivo para a pesquisa nesta área. Um gargalo na
produção de óleos essenciais é a carência tecnológica dos processos extrativos,
justificando assim o objetivo deste estudo em direcionar seus esforços para avaliar o
processo produtivo. Este trabalho baseia-se na obtenção dos óleos essenciais de
citronela (Cymbopogon winterianus J.) e alecrim (Rosmarinus officinalis L.) em
escala laboratorial e industrial, via destilação por arraste a vapor, e estuda o efeito
da variável tempo na composição química dos mesmos. A técnica analítica
empregada é a cromatografia gasosa acoplada à espectroscopia de massa (GC/MS)
e os resultados obtidos são interpretados pelo o método Principal Components
Analysis (PCA), onde fica comprovada estatisticamente a significativa variação da
composição dos óleos essenciais de citronela e alecrim com o tempo de extração,
tanto em escala industrial como em escala laboratorial.

Palavras-chave: óleos essenciais, citronela, alecrim, extração por arraste a vapor,


PCA, GC/MS.
11

ABSTRACT

STEFFENS, Andréia Hoeltz. Study of the chemical composition of essencial oils


obtained by steam distillation in a laboratorial and industrial scale. Porto Alegre.
2010. Masters. Pos-Graduation Program in Materials Engineering and Technology,
PONTIFICAL CATHOLIC UNIVERSITY OF RIO GRANDE DO SUL.

The production of essential oils has continuously been growing due to their
increasing use in common activities such as food and cosmetic industry and most
recently to new organolepic and biologic used associated to it is the investment in the
technological development of the area through the definition of production systems of
the raw material, development of the extraction process as well as the guaranty of
efficient quality control, which encourage research in the area. The lack of technology
for extraction process is a limitation in the production of essential oils, thus justifying
the objective of this study, which is to concentrate its efforts to evaluate the
production process. This essay focuses on the extraction of essential oils of citronella
(Cymbopogon winterianus J.) and rosemary (Rosmarinus officinalis L.) in large and
small scale by steam distillation. It analyses the effect of the time variable in their
chemical composition. Gas chromatography mass spectroscopy (CG/MS) is used for
analising them and then results are interpreted by Principal Components Analysis
(PCA). It’s statistically proved the meaningful variation of the composition of essential
oils of citronella and rosemary and the time of extraction, both in laboratorial and
industrial scale.

Key-words: Essential oils, Citronella, Rosemary, Steam Distillation, PCA, GC/MS.


12

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS

Os óleos essenciais apresentam grande importância econômica para diversos


ramos da indústria mundial. Estes são utilizados como matéria-prima principalmente
na produção de alimentos e bebidas, como aromatizantes, e com crescente
utilização na área farmacêutica, principalmente na produção de cosméticos, devido
às suas propriedades medicinais comprovadas cientificamente, assim como
conhecidas pela medicina popular.

Devido ao uso destes compostos aromáticos, pesquisas incentivando o


desenvolvimento de novos produtos, baseados nestas matérias-primas, estão sendo
cada vez mais difundidas no meio científico, comprovando suas propriedades como
moléculas biologicamente ativas. A partir disso, nota-se a necessidade: do aumento
da demanda das plantas aromáticas produtoras de óleos essenciais; da garantia de
qualidade desses produtos; de maior disponibilidade comercial dos óleos essenciais
e, conseqüentemente, uma sistematização da produção em larga escala,
observando que a maioria das pesquisas sobre óleos essenciais ainda são
realizadas com óleos obtidos em laboratório.

A indústria de óleos essenciais no Brasil, apesar da forte demanda, ainda


está em processo de desenvolvimento. Várias tentativas de uma melhor organização
das destilarias de óleos essenciais, através da criação de cooperativas e redes de
cooperação entre universidades e produtores, estão sendo implementadas. Estes
projetos têm como objetivo fornecer maior visibilidade à cadeia produtora de óleos
essenciais e tornar o processo de comercialização mais rápido, mais eficiente
energeticamente e com um maior controle de qualidade.

Os fatores citados anteriormente se tornam ainda mais severos quando se


trata de um país com as dimensões do território brasileiro. Além das diversidades
13

econômicas e culturais que o país apresenta, criar sistemas para produção de óleos
essenciais que sejam realmente eficientes torna-se um pouco mais complicado, visto
que a garantia de controle de qualidade desses produtos deve ser realizada de
acordo com a região na qual este produtor está inserido, pois a dimensão territorial
faz com que a diversidade de clima e solo seja caracteristicamente diferente de um
local para outro.

Atualmente, existem diversos trabalhos analisando e comparando as


composições químicas dos óleos essenciais obtidos das mais diversas fontes
vegetais. Estes trabalhos, geralmente, são baseados nas pesquisas em nível
laboratorial, ficando explícita a escassez de estudos na área industrial ou em escala
piloto. Observa-se também que a diversidade das espécies de plantas aromáticas e
o desenvolvimento de novos métodos para obtenção dos óleos produzem uma série
de obstáculos para esta sistematização.

No presente trabalho, será realizado um estudo sobre a influência do tempo


de extração na composição química dos óleos essenciais de citronela (Cymbopogon
winterianus J.) e alecrim (Rosmarinus officinalis L.), associado a um tratamento
estatístico dos resultados relacionando as variações na composição dos óleos
essenciais em função do tempo de extração, tanto para a escala piloto como para a
escala industrial.

Os óleos essenciais foram obtidos pela técnica de extração por arraste a


vapor, um dos métodos mais utilizados pela indústria essencieira, cuja matéria-prima
foi às partes aéreas das plantas aromáticas.

A identificação e a quantificação dos componentes minoritários e majoritários


presentes nas diferentes frações dos óleos essenciais de citronela e alecrim foram
realizadas através da análise de cromatografia gasosa acoplada a um espectrômetro
de massas (GC/MS; do inglês, Gas Chromatography with Mass Spectrometer).

O tratamento de um grande número de dados tem exigido o uso de


ferramentas matemáticas que permitam interpretações mais consistentes. O método
de análise dos componentes principais PCA (Principal Components Analysis) tem
14

sido apontado na literatura como uma ferramenta que permite identificar correlações
significativas a partir de combinações lineares de variáveis independentes, gerando
um novo sistema com variações significativas. É uma maneira de identificar padrões
em dados e, expressar os dados de modo a evidenciar suas semelhanças e
diferenças (Smith, 2002).

A análise de componentes principais é uma técnica estatística poderosa que


pode ser utilizada para a redução do número de variáveis e para fornecer uma visão
estatisticamente privilegiada do conjunto de dados. A análise de componentes
principais fornece as ferramentas adequadas para identificar as variáveis mais
importantes no espaço dos componentes principais.

Os fundamentos da análise dos componentes principais necessitam da


descrição de operações matemáticas e estatísticas, a partir das necessidades de
interpretação adequada de uma matriz de dados.

A técnica consiste em reescrever as variáveis originais em novas variáveis,


denominadas componentes principais, através de uma transformação de
coordenadas. A transformação de coordenadas é um processo trivial quando feito
usando matrizes. A transformação matemática das coordenadas pode ser feita de
diversas maneiras, conforme o interesse. Para a transformação das variáveis
originais em componentes principais são necessárias algumas especificidades. E
estes são as novas variáveis geradas através de uma transformação matemática
especial realizada sobre as variáveis originais. Esta operação matemática está
disponível em diversos softwares estatísticos especializados. Cada componente
principal é uma combinação linear de todas as variáveis originais (Prado et al.,
2002).

As variáveis originais têm a mesma importância estatística, enquanto que os


componentes principais têm importância estatística decrescente. Ou seja, os
primeiros componentes principais são tão mais importantes que se pode até
desprezar as demais (Neto, 2004).
15

A outra vantagem do PCA é que, depois de encontrado os padrões nos


dados, será possível comprimir esses dados, isto é, reduzindo-se assim, o número
de dimensões, sem muita perda de informação. Esta técnica utiliza a compressão de
imagem (Neto, 2010).
16

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivos Gerais

O presente trabalho tem como objetivo identificar e quantificar os


componentes dos óleos essenciais extraídos de plantas aromáticas como citronela
(Cymbopogon winterianus J.) e alecrim (Rosmarinus officinalis L.), para diferentes
tempos em um processo de extração por arraste a vapor, através de análises com
cromatografia gasosa acoplada a um espectrômetro de massas (GC/MS) e avaliar
estatisticamente, através da Análise de Componentes Principais (PCA), as variações
na composição dos óleos essencial ao longo do processo de extração em escala
laboratorial e industrial.

2.2. Objetivos Específicos

Como objetivos específicos podem-se, elencar os seguintes:

• avaliação de estudos que levem em consideração a variação da composição


química dos óleos essenciais com os tempos de extração;

• realização de experimentos de extração de óleos essenciais por arraste a


vapor em unidades de laboratório e industrial;

• análise de identificação e quantificação das composições químicas dos óleos


essenciais de citronela e alecrim, para amostras obtidas em diferentes tempos de
extração por GC/MS;
17

• análise estatística dos resultados, empregando a técnica do PCA, para os


óleos essenciais das duas plantas aromáticas previamente citadas;

• avaliação do efeito da variável tempo na composição química dos óleos


essenciais, visando analisar a viabilidade de eliminar uma operação unitária de
fracionamento pós-extração, através de um fracionamento prévio durante o processo
extrativo.
18

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Plantas Aromáticas

Desde as duas últimas décadas do século XX, o mundo reclama cada vez
mais por produtos naturais, tanto para uso alimentício como para produtos
medicinais, cosméticos e de perfumaria. O cultivo de plantas aromáticas fornece
matéria-prima para tais produtos, justificando o crescente interesse pelo
desenvolvimento do conhecimento nesta área.

O universo das plantas aromáticas é muito maior quando se considera sua


origem biológica e seu significado comercial. A variabilidade genética das plantas é
uma de suas valiosas virtudes, ao aportar uma quase infinita riqueza de
possibilidades. A esta variabilidade devem somar-se fatores ecológicos, culturais,
metodológicos, agrícolas e industriais, concernentes a qualquer intenção de querer
estimar em um número a quantidade de plantas aromáticas.

As plantas são fontes importantes de produtos naturais biologicamente ativos,


sendo que muitos dos quais se constituem em modelos para síntese de um grande
número de fármacos. Alguns dos constituintes isolados de folhas, raízes, flores e
frutos (flavonóides, taninos, alcalóides, cumarinas e terpenos) são os principais
responsáveis pelas ações analgésicas, antiinflamatórias, antivirais, hipoglicemiantes,
antiespasmódicas e antialérgicas das plantas (Nodari e Guerra, 2000).

Plantas aromáticas são definidas como aquelas que podem gerar, por algum
processo físico-químico, um produto aromático. Entenda-se por produtos aromáticos
os que têm odor ou um sabor determinado, sem avaliar sua qualidade comercial ou
estética (Bandoni, 2008). Ainda, as plantas têm sido importante fonte de substâncias
químicas com diferentes estruturas e com diversas atividades biológicas contra
19

insetos, porém o seu uso direto ou de seus extratos brutos se limita a aplicações
domésticas (Vieira, 2000).

Existem inumeráveis espécies vegetais com propriedades aromáticas, desde


plantas superiores até algas ou líquens (Kajiwara, 1993; Rodriguez Avalos e
Rodriguez Espejo, 1991). Segundo autores, o número aproximado de plantas com
óleos essenciais é de 3000, das quais se comercializam somente em torno de 250.
Lawrence (1995) cita um número muito superior: 17500. Arctander (1960) cita ao
redor de 400 produtos naturais aromáticos usados na fabricação de fragrâncias e
sabores. Fenaroli (1963) estima em torno de uns 200 produtos. Atualmente, esses
valores são muito superiores.

Estima-se que aproximadamente 65% do mercado de óleos essenciais


provêm de espécies cultivadas, 1% de espécies silvestres e 33% de árvores, na
maioria explorações florestais (pinhos, cedros, ylang-ylang, eucaliptos, pau-rosa).
Tais valores se apresentam significativos, demonstrando a imperiosa necessidade
de a indústria dispor de produtos em quantidade e qualidade homogênea, algo muito
difícil de obter-se através de exploração de material silvestre. Em alguns casos, os
custos de produção, a disponibilidade de matérias-primas ou simplesmente a
ausência de um desenvolvimento industrial ou tecnológico adequado fazem com que
a exploração de materiais silvestres seja uma alternativa possível (Bandoni, 2008).

De acordo com a base de dados americana CONTRADE (United Nations


Commodity Trade Statistics Database), os maiores consumidores de óleos
essenciais no mundo são os EUA (40%), a União Européia - UE 15 milhões/ano,
apresentando crescimento aproximado de 11% por ano.

O Brasil aparece entre os principais países fornecedores dos óleos essenciais


de laranja, limão, lima e outros cítricos, contribuindo com 5% do total de óleos
importados e encontra-se entre os grandes exportadores internacionais. Têm lugar
de destaque na produção de óleos essenciais, ao lado da Índia, China e Indonésia,
que são considerados os quatro grandes produtores mundiais.
20

No cômputo geral dos principais países fornecedores de óleos essenciais


para a União Européia ano 2004, a distribuição foi: EUA (19%), França (10%), China
(6%), Brasil (5%) e Reino Unido (5%).

As exportações de óleos essenciais brasileiros representaram 2% do total


importado pelos EUA. Verificou-se um crescimento suave nas exportações
brasileiras, diferentemente da Índia e da Argentina, que apresentaram aumento
significativo no período.

O Brasil destaca-se na produção mundial de óleo essencial, mas sofre de


problemas crônicos como falta de manutenção do padrão de qualidade dos óleos,
representatividade nacional e baixos investimentos governamentais no setor, que
levam ao quadro estacionário (Bizzo, 2009).

3.2. Óleos Essenciais

Os óleos essenciais podem ser definidos como material volátil presente em


plantas e, geralmente, de odor e fragrância característica. São misturas complexas
de terpenos, terpenos oxigenados, sesquiterpenos e sesquiterpenos oxigenados.
Também podem conter pequenas quantidades de diterpenos e outros componentes
em função da planta aromática (Serafini et al., 2001). Além disso, eventualmente
pode-se encontrar fenilpropanóides, acrescidos de moléculas menores, como
alcoóis, aldeídos, cetonas de cadeias curtas e o perfil terpênico, podendo apresentar
substâncias constituídas de moléculas de dez e de quinze carbonos (Siani, 2000).

Os constituintes químicos encontrados no reino vegetal são sintetizados e


degradados por inúmeras reações anabólicas e catabólicas, que compõem o
metabolismo das plantas. A síntese de compostos essenciais para a sobrevivência
das espécies vegetais tais como açúcares, aminoácidos, ácidos graxos,
nucleotídeos e seus polímeros derivados, faz parte do metabolismo primário das
plantas. Por outro lado, os compostos sintetizados por outras vias e que aparentam
não ter grande utilidade na sobrevivência das espécies fazem parte do metabolismo
secundário, porém estes garantem vantagens para sua sobrevivência e perpetuação
de sua espécie em seu ecossistema (Simões et al., 1999). Nas células, certos
21

mecanismos bioquímicos garantem a condução dos compostos aos compartimentos


de estocagem apropriados: os metabólitos mais hidrofílicos tendem a ser
armazenados nos vacúolos; os lipofílicos acumulam-se em dutos de células mortas
ou ligam-se aos componentes celulares lipofílicos, como membranas, ceras
cuticulares e lignina (Santos, 2000).

Os óleos essenciais são encontrados nos órgãos das plantas, nos aparelhos
secretores e estão associados a várias funções relacionadas à sobrevivência do
vegetal em seu ecossistema, tendo então um papel fundamental na sua defesa
contra os microorganismos e predadores, assim como na atração de insetos e
outros agentes fecundantes. As bolsas secretoras encontram-se, com frequência,
nas folhas, no limbo, nas raízes e caules, na casca, medula e líber, ainda no
pericarpo. Os canais se dispõem ao longo do eixo, no córtex, periciclo, medula,
lenho, raiz e caule. A forma e a localização dos aparelhos secretores constituem
caracteres próprios de determinados grupos naturais de plantas (Huet, 1991). A
volatilidade e a insolubilidade dos óleos essenciais em água e a solubilidade em
solventes orgânicos permitem caracterizá-los e promover o seu isolamento.
Apresentam-se sob a forma de líquidos oleosos, de aroma agradável e intenso, mas
existem também os de aroma desagradáveis e ainda inodoros (Costa, 1994).

As substâncias odoríferas em plantas atuam como inibidores da germinação,


na proteção contra predadores, na atração de polinizadores, na proteção contra
perda de água e aumento de temperatura (Bruneton, 1991; Simões e Spitzer, 2000).

O composto químico d-limoneno, obtido nos óleos essenciais cítricos, possui


atividade anticancerígena (age induzindo a morte natural das células cancerosas
e/ou inibindo o seu crescimento celular), herbicida, inseticida e, ainda apresenta
diversas aplicações, tais como: solvente industrial, matéria-prima na fabricação de
outros compostos químicos, solvente de resinas e borrachas, na produção de
pigmentos e tintas, na fabricação de adesivos. Além disso, ele é usado pela indústria
farmacêutica e alimentícia como componente aromático e para dar sabor, sendo
usado, por exemplo, na obtenção de sabores artificiais de menta e hortelã, na
fabricação de doces, balas e gomas de mascar (Abecitrus, 2008).
22

Propriedades inseticidas têm sido reconhecidas no óleo de muitas frutas


cítricas, em anos recentes. Muitos produtos contendo d-limoneno, linalol ou extratos
de óleo cru de cítricos têm tomado seu lugar no mercado mundial. Dois destes
compostos, d-limoneno e linalol, são amplamente utilizados como aditivos em
alimentos. Estes produtos são também utilizados em xampus para controle de
moscas em cães e gatos (Hooser, 1990).

Na indústria de vitaminas, o linalol é um importante intermediário na produção


de vitamina E e constitui, como o geranial, ponto de partida para a produção de
vitamina A (Bauer e Garbe, 1985). O linalol pode ser sintetizado por diferentes rotas
químicas, a partir do α–pineno ou do isopreno (2-metil-buta-1,3-dieno). A molécula
de isopreno é a base estrutural dos óleos essenciais.

O conteúdo do óleo essencial nas plantas aromáticas pode variar


consideravelmente de espécie para espécie, parâmetros climáticos e fatores
agronômicos como fertilização, irrigação, colheita e especialmente a fase de
desenvolvimento da planta na data da colheita. Muitas plantas existem diferindo na
sua aparência e diversidade, tanto qualitativa como quantitativa, e isto geralmente
manifesta-se em diferentes composições químicas do óleo essencial obtido (Kerrola
et al., 1994). Geralmente a concentração de óleo presente em espécies vegetais é
muito baixa, normalmente inferior a 1%; porcentagens mais elevadas são
encontradas, por exemplo, em botões florais de cravos, os quais contêm 15% de
óleo essencial (Bruneton, 1991).

O aroma é usualmente resultado de complexas interações que ocorrem entre


os diversos componentes presentes nos vegetais, sendo difícil a correta reprodução,
em um extrato, da fragrância natural. A presença de componentes termolábeis e a
possibilidade de hidrólise e de hidrossolubilização são os principais problemas na
reprodução de fragrâncias naturais.

Entre os fatores que influenciam a qualidade da produção dos óleos


essenciais estão os genéticos, os ambientais (temperatura, luz, solo, latitude,
altitude) e os fatores técnicos (época e forma de colheita, espaçamento, transporte,
secagem, armazenamento) (Borsato, 2007).
23

3.2.1. Composição Química dos Óleos Essenciais

Quimicamente, a grande maioria dos óleos essenciais é constituída de


derivados fenilpropanóides ou de terpenóides, sendo que estes últimos predominam
(Simões e Spitzer, 2000).

3.2.1.1. Fenilpropanóides

Os fenilpropanóides formam-se a partir do ácido chiquímico, que forma as


unidades básicas dos ácidos cinâmico e p-cumárico. Esses últimos, por meio de
reduções enzimáticas produzem propenilbenzenos e/ou alilbenzenos e, por meio de
oxidações com degradação das cadeias laterais, geram aldeídos aromáticos.
Ciclizações enzimáticas intramoleculares produzem cumarinas (Simões e Spitzer,
2000).

3.2.1.2. Terpenóides

Terpenos, hidrocarbonetos e derivados oxigenados terpenóides são os


principais constituintes dos óleos essenciais. Estes compostos são formados por
unidades do isopreno (05 carbonos). Os monoterpenos são compostos por duas
unidades do isopreno (10 carbonos), os sesquiterpenos, por sua vez, são compostos
por três unidades do isopreno (15 carbonos), os diterpenos por 20 unidades de
carbonos, os triterpenos por 30 unidades de carbono e os tetraterpenos por 40
unidades de carbono (Bruneton, 1991). Dentre eles, os terpenos são a principal
classe, ou seja, são os principais componentes, sendo que um exemplo é o d-
limoneno, um monoterpeno presente na maioria dos óleos essenciais já relatados
(Lanças e Cavichioli, 1990).

Outros terpenóides, como os diterpenos, são encontrados apenas em óleos


extraídos com solventes orgânicos (Steinegger e Hansel, 1992).

Os monoterpenos podem, ainda, ser divididos em três grupos: acíclicos,


monocíclicos e bicíclicos. Em cada um desses subgrupos há ainda outras
classificações (quanto à função dos grupamentos): hidrocarbonetos insaturados (por
24

exemplo, o d-limoneno), alcoóis (linalol), aldeídos (geranial) ou cetonas, lactonas e


tropolonas. As variações estruturais dos sesquiterpenos são da mesma natureza
que as precedentes, podendo ser acíclicos (nerol), monocíclicos ou bicíclicos (β-
selineno) ou lactonas sesquiterpênicas (Bruneton, 1991; Simões e Spitzer, 2000).

3.3. Capim Citronela (Cymbopogon winterianus J.)

Dentre as plantas medicinais e aromáticas amplamente utilizadas, encontra-


se o capim citronela, que ocorre basicamente sob duas formas: Cymbopogon
nardus, conhecida também como Lenabatu ou Citronela do Ceilão, e Cymbopogon
winterianus Jowitt, conhecida como Maha pengiri ou Citronela de Java. Acredita-se
que ambas as formas originaram-se no Ceilão e sul da Índia, sendo a primeira
cultivada principalmente nessa ilha da Indonésia, enquanto a segunda é mais
encontrada em Java, Haiti, Honduras, Taiwan, Guatemala e República da China.
Provavelmente todos os tipos de citronela cultivados originaram-se de Cymbopogon
onfertiflorus Stapf, conhecida por “maragrass” e que ocorre naturalmente no Sri
Lanka (Sahoo e Debata, 1995).

Até o início do século XIX, a Citronela do Ceilão era a mais utilizada na


produção de óleo da planta, mas gradativamente a Citronela de Java dominou o
cenário graças a sua maior concentração de óleo. Essa é cultivada comercialmente
no Pacífico Sul, América Central e África Tropical. A planta possui hábito de
crescimento ereto, sendo as folhas longas e mais largas que as do capim limão
(Cymbopogon citratus D.C. Stapf), podendo ser facilmente reconhecida pelo forte e
agradável aroma de eucalipto limão. O óleo extraído de suas folhas é rico em
aldeído citronelal, aproximadamente 40%, e possui também pequenas quantidades
de geraniol, citronelol e ésteres. O citronelol é excelente aromatizante de ambientes
e repelentes de insetos, além de apresentar ação antimicrobiana local e acaricida
(Bremness, 1993).

Conhecida por ser uma planta muito resistente (Figura 3.1), que pode crescer
em solos de características muito variadas, mas com preferência pelos solos bem
drenados e ricos em nutrientes (Tanu e Adholeya, 2004).
25

Figura 3.1. Planta aromática Citronela (Cymbopogon winterianus J.)

Muito antes do advento de sprays e inseticidas químicos a Citronela do Ceilão


já era utilizada. Mosquitos e outros insetos não fazem distinção entre as espécies de
citronela, sua aversão é ao citronelal, constituinte que, descobriu-se, está presente
em mais altos níveis na Citronela de Java (Sahoo e Debata, 1995). Esta espécie é
largamente cultivada na Ásia e em alguns países da América Central. Mostrou-se
facilmente cultivável em regiões de clima tropical, adaptando-se muito bem em
diversas regiões do Brasil. É conhecida popularmente como repelente para
mosquitos, inclusive o Aedes aegypti (Tawatsin, 2001). É importante salientar que a
grande utilização da planta é realmente como repelente de insetos e por repelente
deve-se entender: afasta os insetos e não os mata e nem envenena o ambiente, não
afetando de maneira alguma o equilíbrio ecológico, fatos que a sabedoria oriental já
havia descoberto há séculos (Tanu e Adholeya, 2004).

Devido à sua associação como repelente de insetos, a citronela era


desconhecida pela aromaterapia. No instante em que terapeutas passaram a
pesquisar suas qualidades e propriedades ativas em nível físico e mental a citronela
começou a fazer parte do mercado de cosméticos (Buchbauer, 1996).

As principais aplicações do óleo essencial extraído da citronela são (Fepagro,


2003):

• planta aromática para fins de perfumaria;


26

• afugentar insetos do lar e de grãos armazenados;

• desinfetante do lar e bactericida laboratorial;

• matéria-prima para a síntese de outros aromas.

Além das aplicações citadas, a citronela é também utilizada na culinária


chinesa e seu bagaço é aproveitado na produção de ração animal, sendo
comprovado que animais que se alimentam deste bagaço desenvolvem uma maior
resistência a doenças (Fepagro, 2003).

Suas principais propriedades sensoriais são o frescor, intensidade cítrica e o


aroma levemente frutal, semelhante ao óleo de capim- limão (Corazza, 2002).

3.4. Alecrim (Rosmarinus officinalis L.)

A taxonomia do gênero Rosmarinus Linnaeus é até agora determinada


satisfatoriamente nas espécies, sendo este gênero representado por somente uma
única espécie, Rosmarinus officinalis Lamiaceaeous. Entretanto, as variedades e as
formas sistemáticas parecerem incertas e confusas, existem numerosos cultivos de
plantas que crescem de maneira selvagem em países Mediterrâneos. A área
selvagem na qual existe o cultivo do Rosmarinus officinalis Lamiaceaeous inclui
Europa, Ásia e África, somente nas áreas em torno do mar Mediterrâneo e nas ilhas,
particularmente Sicília, Sardenha, Córsega, Baleari e Ilha de Elba. Sardenha é a
única ilha em que o Rosmarinus é igualmente encontrado longe das costas, mas seu
habitat sempre ocorre em entorno do Mediterrâneo (Pintore, 2002).

O óleo essencial de alecrim (Rosmarinus officinalis L.) ocupa lugar de


destaque entre os óleos essenciais utilizados pelas indústrias farmacêuticas, de
alimentos, de cosmética e de higiene, pois em sua composição química são
encontrados princípios ativos terapêuticos, antioxidantes, aromatizantes, entre
outros, de ampla utilização. Toda a planta exala um aroma forte e agradável.
Utilizada com fins culinários, medicinais, religiosos, a sua essência também é
27

utilizada em perfumaria, como por exemplo, na produção da água-de-colônia, pois


contém tanino, óleo essencial, pineno, cânfora e outros princípios ativos que lhe
conferem propriedades excitantes, tônicas e estimulantes. A medicina popular
recomenda o alecrim como um estimulante para todas as pessoas atacadas de
debilidade, sendo empregado também para combater as febres intermitentes e a
febre tifóide. Uma tosse pertinaz desaparecerá com infusões de alecrim, que
também se recomendam a todas as pessoas cujo estômago seja preguiçoso para
digerir. Também apresenta propriedades carminativas, emenagogas, desinfectantes
e aromáticas (Corrêa Jr., 1994; Hertwig, 1991).

O alecrim (Rosmarinus officinalis) é um arbusto comum na região do


Mediterrâneo, ocorrendo dos 0 a 1500 m de altitude, preferencialmente em solos de
origem calcária. A família Labiatae inclui muitas espécies em comum, algumas tão
similares que dificultam a sua diferenciação. Uma espécie extensamente difundida
da família Labiatae é o alecrim (Rosmarinus officinalis Lamiaceaeous). O nome
Rosmarinus vem do Latin ros-roris, que significa orvalho; também chamado na
Grécia antiga de ‘antos’, cujo significado é a ‘flor da excelência’ ou ‘libanotis‘ devido
ao seu cheiro de incenso. Devido ao seu aroma característico, os romanos
designavam-no como rosmarinus, que em latim significa orvalho do mar.

O alecrim é utilizado na forma de planta fresca (in natura), seca ou como o


óleo essencial. Os óleos são extraídos das folhas, flores, hastes e raízes da planta
aromática. Contém uma grande quantidade de óleo essencial, podendo alcançar
concentrações acima de 1,0% v/p. O óleo essencial tem propriedades de tônico
estimulante; é usado como um anti-séptico pulmonar. Tem igualmente propriedades
anti-reumáticas e digestivas. É utilizado na perfumaria, fitos cosméticos e em licores.
A composição química do óleo de alecrim tem sido assunto de estudo considerável
(Englberger, 1998).

O processo de secagem é muito importante para as espécies medicinais,


aromáticas e condimentares, pois estabiliza o metabolismo da planta, imobilizando a
ação enzimática degradadora dos princípios ativos existentes (Corrêa Jr., 1994;
Hertwig,1991). As plantas produtoras de óleo essencial possuem substâncias
28

químicas altamente voláteis (Hertwig, 1991), responsáveis pela determinação da


composição química do óleo essencial.

Os óleos essenciais de alecrim podem ser classificados quanto à


concentração de seus componentes principais: óleos com concentração de 1,8
cineol acima de 40% (Marrocos, Tunísia, Turquia, Grécia, Iugoslávia, Itália e França)
e óleos com concentrações aproximadamente iguais de 1,8-cineol, α-pineno e de
cânfora, em torno de 20 a 30% (França, Espanha, Itália, Grécia e Bulgária). Outra
forma de classificação do óleo essencial de alecrim a partir da composição química
pode ser definida de acordo com a quantidade de mirceno, como ocorre na
Argentina, Portugal e Espanha. A literatura igualmente revelou algumas
composições químicas incomuns para óleos essenciais de alecrim como são os
casos dos óleos onde predominaram a cânfora, o 1,8-cineol e o borneol originário de
Cuba e 1,8-cineole, borneol, p-cimeno originários da Turquia (Perez-Alonso, 1995).

O alecrim que cresce de forma selvagem em Córsega e na Sardenha produz


um óleo que parece ser atrativo para aromaterapia e exibe uma composição
diferente, com quantidades raramente elevadas de α-pineno, verbenona e acetato
de bornil. A especificidade e a qualidade dos óleos de alecrim de Córsega e da
Sardenha são reconhecidas há muito tempo.

Em 1973 e 1980, Granger e Falchi Delitala, usando o GC, identificaram 05


compostos nos óleos de alecrim de Córsega e 12 compostos nos óleos de alecrim
da Sardenha. Ambos os resultados, os componentes principais encontrados foram o
α-pineno (34-27%) e acetato de bornil (9-12%). Índices elevados de verbenona (29%
e 37%) foram encontrados nos óleos de Córsega. Recentemente, óleos isolados das
plantas de alecrim com crescimento selvagem ou cultivados, na Sardenha foram
investigados por GC e GC/MS e algumas peculiaridades, tais como a área de
crescimento, o estágio vegetativo, características pedológicos (propriedades do solo,
irrigação, micro-nutrientes), foram observadas como fatores para a variação da
composição desses óleos essenciais. Na análise do óleo de alecrim, extraído via
laboratório por destilação a vapor, de plantas colhidas ao sul de Córsega, foi
possível encontrar, também, os compostos 1,8-cineol, α-pineno e cânfora (Pintore,
2002).
29

Um grande número compostos poli-fenólicos com atividade antioxidante foram


identificados no óleo extraído da planta aromática de alecrim (Rosmarinus
officinalis). A atividade antioxidante dos extratos do alecrim depende de sua
composição fenólica (Hopia, 1996; Frankel, 1996; Cuvelier, 2000).

Os óleos essenciais de alecrim são usados na medicina como agentes


antiinflamatórios, antivirais e anti-microbiais. Apresentam propriedades carminativas
(desintoxicam, estimulam a digestão e absorção), antioxidantes, emenagogas e
aromáticas (Aruoma, 1996).

Figura 3.2. Planta aromática Alecrim (Rosmarinus officinalis L.)


Fonte: http://escolaambiente.faccat.br/alecrim.html
30

Figura 3.3. Planta aromática Alecrim (Rosmarinus officinalis L.)


Fonte: http://escolaambiente.faccat.br/alecrim.html

3.5. Destilações por Arraste a Vapor

Um grande número de espécies de plantas contém compostos voláteis que


podem ser extraídos na forma de óleo essencial. Diferentes métodos são usados
para separar esses óleos de várias partes das plantas. Embora pareça relativamente
simples isolar tais óleos, a composição do óleo pode variar em grande parte
dependendo do método da extração usado. As vantagens e as desvantagens de
alguns métodos foram discutidas por Scheffer (1993) e Cassel e Vargas (2006).
Estes últimos modelaram o processo de extração do óleo essencial, em escala
laboratorial, de Cymbopogon winterianus, visando à predição de um processo em
escala industrial.

Os processos tradicionais empregados para obter óleos essenciais são a


hidrodestilação e a destilação com arraste a vapor (via laboratorial e industrial). A
destilação utilizando vapor de água é uma operação unitária baseada na diferença
de volatilidade de determinados compostos presentes na matéria-prima vegetal. A
indústria prefere a destilação com arraste a vapor devido à sua maior simplicidade e
economia, pois permite tratar de uma única vez quantidades significativas de
material vegetal (Guenther, 1976).
31

A destilação por arraste a vapor é um processo tradicional na obtenção dos


óleos essenciais, a partir das folhas e caules de plantas aromáticas. A destilação por
arraste a vapor é muito usada pela indústria por ser barata e, quando comparada
com os métodos tecnológicos mais avançados, como, por exemplo, a extração com
fluido supercrítico (Cassel e Vargas, 2006). Consiste na vaporização a temperaturas
inferiores das de ebulição de cada um dos componentes voláteis por efeito de uma
corrente direta de vapor de água.

Os vapores gerados na caldeira permeiam pelo material vegetal contido no


extrator e são resfriados no condensador, onde ocorre a liquefação e finalmente a
separação em um decantador, conhecido como vaso florentino. A distribuição de
matéria-prima no extrator deve ser feita de maneira que permita o maior contato
superficial entre esta e o vapor.

Os processos tradicionais de extração, como o de arraste a vapor,


apresentam alguns inconvenientes e limitações. No caso da destilação por arraste a
vapor, os constituintes dos óleos essenciais podem sofrer degradação térmica ou
então hidrólise, o que pode alterar o aroma do extrato, consequentemente afetar na
reprodução das fragrâncias características das plantas aromáticas. No caso dos
processos com extração por solvente orgânico, a limitação está relacionada ao uso
de solventes tóxicos, já que os óleos essenciais são utilizados em alimentos e em
produtos farmacêuticos e cosméticos. Além disso, os processos de remoção de
solvente, após a extração dos óleos essenciais, geram custos energéticos ao
processo, assim como existe uma forte possibilidade de perder os compostos
voláteis. Também, na maioria das vezes, é impossível a remoção completa dos
solventes (Bandoni, 2000).

Quando comparado os dois tipos de processos de obtenção de óleos


essenciais, destilação por arraste de vapor e extração com solventes, a destilação
apresenta grandes vantagens em relação à extração com solventes orgânicos, tais
como:
32

• o vapor de água é muito econômico em comparação aos custos dos


solventes orgânicos;

• assegura que o óleo essencial não seja reaquecido;

• não requer equipamentos sofisticados.

O tempo de destilação é determinado por fatores técnicos e econômicos. Os


fatores técnicos estão relacionados à composição do óleo essencial que é função do
tempo de extração. Se a extração for rápida, o produto apresentará uma maior
concentração de compostos voláteis, porém destituído das características
aromáticas da planta original. Se a extração for prolongada, o custo do óleo
essencial será mais elevado em função do consumo de energia (Cassel e Serafini,
2001).

3.6. Cromatografia Gasosa acoplada ao Espectrômetro de Massas (GC/MS)

Durante as duas últimas décadas, demonstrou-se que um dos métodos mais


eficientes para o estudo da composição dos óleos essenciais é a cromatografia
gasosa acoplada ao espectrômetro de massa (CG/MS). É um método muito
adequado para a identificação devido aos componentes do óleo ser compostos
voláteis de baixo peso molecular (< 300 Dalton; aproximadamente 4,98x10-25
Kg/mol). O óleo essencial é injetado no cromatógrafo, sem nenhum tratamento
prévio, o qual elimina possíveis modificações na composição da amostra ou na
estrutura de seus constituintes devido ao pré-tratamento. Não se eliminam as
alterações ocasionadas pela temperatura da análise, que pode afetar componentes
termossensíveis. No cromatógrafo, os componentes do óleo essencial se separam e,
em seguida, penetram no espectrômetro de massas, que permite registrar o
correspondente espectro de cada uma das substâncias separadas. Os constituintes
do óleo essencial são identificados por comparação aos diferentes padrões de
fragmentação que se observam em seus espectros de massas presentes em
bibliotecas de espectros, onde se relaciona os espectros obtidos das análises com
33

os do banco de dados das bibliotecas. Existem bases de dados, como a biblioteca


Adams, com os espectros de massas de muitos componentes (Serafini, 2002).

A cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massa permite realizar


em uma só operação, para uma amostra da ordem de 1µL, uma análise qualitativa
junto com uma indicação das proporções em que se encontram os componentes.
Quando se dispõe de substância padrão, a calibração do equipamento permite uma
análise quantitativa exata da amostra (Bandoni, 2008).

3.6.1. Cromatografia Gasosa (GC)

A cromatografia gasosa consiste numa fase móvel e uma fase estacionária,


onde a fase móvel é um gás (geralmente He, N2 ou H2) e a fase estacionária é
geralmente um líquido não-volátil, podendo ser também um sólido. Na cromatografia
gasosa, o constituinte gasoso (ou líquido volátil) é transportado pela coluna por uma
fase móvel gasosa, chamada gás de arraste. A escolha do gás de arraste depende
do detector e da eficiência e velocidade de separação desejada. De maneira geral, a
cromatografia gasosa é aplicável para a separação e análise de misturas cujos
constituintes tenham pontos de ebulição de até 300ºC e que sejam termicamente
estáveis.

Uma amostra líquida volátil ou gasosa é injetada por um septo (disco de


borracha ou de silicone) dentro de uma câmara aquecida, na qual ela se evapora
rapidamente. O vapor é arrastado na coluna pelo gás de arraste e os constituintes
separados fluem pelo detector, cuja resposta é mostrada num computador ou
registrador. A coluna deve estar aquecida o bastante para proporcionar uma pressão
de vapor suficiente para que os constituintes sejam eluídos num tempo razoável. O
detector é mantido numa temperatura superior à da coluna, logo todos os
constituintes serão gasosos (Harris, 2001).

Existem diferentes tipos de colunas cromatográficas, mas a grande maioria


das análises usa colunas capilares feitas de sílica fundida (SiO2) e cobertas com
poliimida, um plástico capaz de resistir até 350ºC, para suportar e proteger da
34

umidade atmosférica. Os diâmetros internos da coluna normalmente são de 0,10 a


0,53 mm e os comprimentos normais são de 15 a 100 m. A estrutura capilar oferece
maior resolução, menor tempo de análise e maior sensibilidade que as colunas
recheadas, mas estas possuem uma menor capacidade para a amostra. As colunas
capilares estreitas proporcionam maior resolução do que as colunas capilares mais
largas, mas necessitam de maior pressão para operar e possuem menor capacidade
para a amostra. A coluna capilar se caracteriza por um filme de espessura de 0,1 a 5
µm de fase estacionária líquida na parede interna da coluna. A escolha da fase
líquida para um dado problema está baseada na regra “semelhante dissolve
semelhante”. As colunas apolares são melhores para os solutos apolares, assim
como, as colunas de polaridade intermediária são melhores para solutos de
polaridade intermediária e as colunas fortemente polares são melhores para solutos
fortemente polares. Com o tempo de uso a fase estacionária da coluna capilar se
decompõe e os grupos silanol da superfície (Si – O – H) ficam expostos,
aumentando a cauda do pico no cromatograma. A exposição ao oxigênio em altas
temperaturas também leva à degradação e à formação de cauda no cromatograma,
o que prejudica e interfere na interpretação do cromatograma. Para reduzir a
tendência da fase estacionária de “sangrar” da coluna em temperaturas elevadas,
ela pode estar ligada covalentemente à superfície da sílica ou a ela mesma. Entre os
sólidos usados como camada porosa de colunas capilares está a alumina (Al2O3)
(Harris, 2001).

O tempo de retenção – tempo decorrido entre a injeção de uma amostra e o


ápice do pico cromatográfico – é relativo às substâncias polares e apolares com a
mudança na polaridade da fase estacionária. Os compostos eluídos de uma fase
estacionária apolar se encontram em ordem crescente do ponto de ebulição. O
determinante principal da retenção da coluna é a volatilidade das substâncias.
Quanto mais fortemente polar for à fase estacionária, mais fortemente a coluna irá
reter as substâncias polares (Harris, 2001).

A temperatura de uma coluna é elevada durante a separação para aumentar


a pressão de vapor do soluto e assim diminuir os tempos de retenção dos últimos
componentes a serem eluídos. Com a elevação da temperatura é possível uma
melhor resolução dos picos, pois estes se tornam mais finos. Mas, é importante
35

salientar que, elevando-se muito a temperatura poderá ocorrer decomposição


térmica dos constituintes da análise ou da fase estacionária (Harris, 2001).

Muitos cromatógrafos são equipados com um controle eletrônico programável


do gás de arraste que entra na coluna. Aumentando a pressão de entrada aumenta-
se a vazão da fase móvel e assim o tempo de retenção diminui. Em alguns casos, a
pressão programada pode ser usada em vez da temperatura programada para
reduzir os tempos de retenção dos últimos componentes que saem da coluna. No
final de uma corrida, a pressão pode ser reduzida ao seu valor inicial de uma forma
muito rápida para a próxima corrida. Dessa forma não há perda de tempo com a
espera do esfriamento da coluna quente antes da próxima injeção. A pressão
programada é muito útil para constituintes termolábeis que não suportam altas
temperaturas. A pressão programada pode economizar muito tempo entre as
injeções se a temperatura permanecer constante (Harris, 2001).

3.6.2. Espectrômetro de Massa (MS)

O espectrômetro de massa (Figura 3.4) é um detector potente para as


análises qualitativa e quantitativa de constituintes em cromatografia gasosa ou
líquida. Na espectrometria de massa, as moléculas gasosas são ionizadas,
geralmente para formar cátions, aceleradas por um campo elétrico e separadas de
acordo com a sua massa. O processo de ionização, geralmente, confere energia
suficiente para quebrar a molécula numa variedade de fragmentos. Um espectro de
massa é um gráfico que mostra a abundância relativa de cada fragmento que atinge
o detector do espectrômetro de massa.

O eluato do cromatógrafo passa diretamente dentro do espectrômetro de


massa, que registra a corrente total de todos os íons de todas as massas numa
ampla faixa selecionada.

Um pico num cromatograma é identificado por meio do registro de seu


espectro de massa assim que ele é eluído. Num cromatograma o eixo vertical de um
espectro de massa é (m/z), onde: m é a massa do íon (em unidades de massa
atômica) e z o número de carga que ele transporta. A maioria dos íons transporta
36

uma carga, então m/z geralmente é equivalente à massa do íon em unidades de


massa atômica. O eixo horizontal indica o tempo de retenção que, normalmente, é
indicado em minutos.

Uma molécula ionizada que não se quebra em nenhum fragmento é chamada


de íon molecular, sendo representada por M+. O íon molecular, M+, pode ser
formado por reações como CH4 + M → CH4 + M+

O espectrômetro de massa quadrupolar é conectado a uma coluna


cromatográfica capilar com o objetivo de registrar um espectro de cada pico que está
sendo eluído. O eluato passa por um conector aquecido dentro da câmara de
ionização de impacto de elétron do espectrômetro, que é bombeada rapidamente
para manter um bom vácuo. Os íons são acelerados por um potencial de 5-15 eV
antes de entrarem no separador de massa quadrupolar.

O separador consiste em quatro bastões metálicos paralelos aos quais são


aplicados um potencial constante e um potencial de radiofreqüência oscilante. O
campo elétrico desvia os íons numa trajetória complexa assim que eles migram da
câmara ionizadora para o detector e admite que íons com somente uma
determinada razão massa/carga (m/z) alcancem o detector. Outros íons (íons não-
ressonantes) colidem com os cilindros e são perdidos antes de alcançarem o
detector. Variando rapidamente os potenciais aplicados, íons de massas diferentes
são selecionados para alcançarem o detector. Os separadores de massa
quadrupolares são examinados, rapidamente, de modo a registrarem de dois a oito
espectros por segundo, cobrindo 800 unidades de massa. De outra forma, um
detector cromatográfico de espectro de massas pode ser incumbido de controlar a
seleção dos íons ou a corrente total de todos os íons (Harris, 2001).
37

Figura 3.4. Equipamento GC/MS (Marca Agilent Technologies)

3.7. Análise dos Componentes Principais (PCA)

Os componentes principais são novas variáveis geradas através de uma


transformação matemática especial realizada sobre as variáveis originais. Esta
operação matemática está disponível em diversos softwares estatísticos
especializados, como, por exemplo, o software “Statistics 7”, utilizado neste trabalho
para agrupar/reorganizar os componentes químicos de cada amostra de citronela e
de alecrim. Cada componente principal é uma combinação linear de todas as
variáveis originais. Por exemplo, um sistema com oito variáveis, após a
transformação, terá oito componentes principais. Cada um destes componentes
principais, por sua vez, será escrito como uma combinação linear das oito variáveis
originais. Nestas combinações, cada variável terá uma importância ou peso
diferente.

Duas são as características dos componentes principais que os tornam mais


efetivos que as variáveis originais para a análise do conjunto das amostras. As
variáveis podem guardar entre si correlações que são suprimidas nos componentes
principais. Ou seja, os componentes principais são ortogonais entre si. Deste modo,
cada componente principal traz uma informação estatística diferente das outras. A
segunda característica importante é decorrente do processo matemático-estatístico
38

de geração de cada componente que maximiza a informação estatística para cada


uma das coordenadas que estão sendo criadas. As variáveis originais têm a mesma
importância estatística, enquanto que os componentes principais têm importância
estatística decrescente. Ou seja, os primeiros componentes principais são tão mais
importantes que podemos até desprezar as demais (Prado, 2002).

Destas características podemos compreender como a análise de


componentes principais: a) podem ser analisadas separadamente devido à
ortogonalidade, servindo para interpretar o peso das variáveis originais na
combinação dos componentes principais mais importantes; b) podem servir para
visualizar o conjunto da amostra apenas pelo gráfico de dois primeiros componentes
principais, que detêm maior parte da informação estatística (Neto, 2004).

A regressão linear múltipla também é uma técnica multivariada cuja finalidade


principal é obter uma relação matemática entre uma das variáveis (a variável
dependente) e o restante das variáveis que descrevem o sistema (variáveis
independentes). Sua principal aplicação, após encontrar a relação matemática é
produzir valores para a variável dependente quando se têm as variáveis
independentes. Ou seja, ela pode ser usada na predição de resultados.

Obviamente, a soma das contribuições de diversas variáveis para uma


determinada predição pode também ser feita usando os componentes principais,
pois as mesmas técnicas têm a vantagem de poder ser tratadas de modo
completamente independente. Portanto, é possível também fazer regressão linear
múltipla dos componentes principais (Neto, 2010).
39

4. MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo da composição de óleos essenciais extraídos pelo processo de


arraste a vapor em diferentes tempos de extração é importante no sentido de
verificar a viabilidade de realizar um fracionamento prévio dos óleos visando atender
interesses de aplicações específicas. Neste trabalho foram avaliadas as
composições dos óleos essenciais de citronela e alecrim em função do tempo de
extração para processos em duas escalas: laboratorial e industrial.

4.1. Destilação por Arraste a Vapor – Escala Laboratorial

Os óleos essenciais da citronela e do alecrim foram obtidos através da


extração no destilador por arraste a vapor no Laboratório de Operações Unitárias
(LOPE), situado na Faculdade de Engenharia da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul.

O processo de extração dos óleos essenciais via destilação por arraste a


vapor em escala laboratorial, utilizado neste estudo, consiste em uma caldeira
dotada de uma resistência elétrica e com volume aproximadamente de 5 litros e um
vaso extrator de capacidade em torno de 4 litros de volume. As etapas de
condensação e separação das fases líquida são processadas em um clevenger. O
fluido de refrigeração é água à temperatura ambiente e sem reciclo. O vapor
permeia a matéria-prima e, nesse estado, o solvente tem maior capacidade de
penetrar nos poros das folhas, solubilizando maior quantidade de óleo em um menor
tempo. A unidade de arraste a vapor utilizada é representada na Figura 4.1.
40

Figura 4.1. Unidade Laboratorial de Destilação por Arraste a Vapor

4.2. Destilação por Arraste a Vapor – Escala Industrial

Os óleos essenciais da citronela e do alecrim foram obtidos através da


extração no destilador por arraste a vapor da Empresa Tekton Óleos Essenciais
LTDA, localizada na cidade de Viamão – Rio Grande do Sul, região metropolitana de
Porto Alegre. O experimento consistiu em adicionar 507 kg de planta aromática
citronela e, 457 kg da planta aromática alecrim, ambas in natura, no destilador de
capacidade 3540 litros. As condições operacionais do processo na unidade industrial
foram às seguintes: a matéria-prima vegetal foi adicionada no vaso extrator de
dimensões 1,4 m de diâmetro e 2,5 m de altura, de maneira que formasse um leito
fixo compactado. Seu estado poderia ser moído, cortado, inteiro ou com a
combinação desses, porém nesse processo a matéria-prima foi colocada inteira no
leito. O vapor gerado na caldeira externa, alimentada a lenha, com pressão de 7
kgf/cm2. Uma válvula de expansão reduziu sua pressão para 1,2 kgf/cm2, obtendo
dessa forma vapor levemente superaquecido a temperatura média de 120ºC. O
vapor foi injetado no vaso extrator através de um distribuidor interno, próximo à
base. Conforme o vapor entrava em contato com o leito, aquecia a matéria-prima,
quebrando as frágeis bolsas intracelulares que se abriam e liberavam o óleo
essencial, vaporizando a parcela mais volátil. O óleo solubilizado no vapor
circundante foi arrastado ao topo do vaso extrator. A mistura com vapor de óleo
essencial e vapor d’água, deixando o vaso extrator, percorreu o condensador de
serpentina, onde passou do estado vapor para o estado líquido, devido à
refrigeração indireta por água à temperatura ambiente. A mistura condensada
41

alimentou o vaso separador, chamado de vaso florentino, no qual a fase óleo


essencial foi separada da fase aquosa por diferença de densidade. A água residual,
chamada de hidrolato, foi utilizada para irrigar as plantações ou como água de
colônia. Um esquema da extração por arraste a vapor é apresentado na Figura 4.2.

Figura 4.2. Fluxograma do Processo Industrial.

As amostras foram obtidas mediante uma proveta graduada localizada após a


saída do condensador e antes do vaso de separação. O tempo de extração perdurou
aproximadamente 2 horas. Ao longo da extração coletou-se 10 amostras do óleo,
uma a cada 10 min em média, observando-se a separação entre as fases água e
óleo essencial. Assim, foi possível obter as quantidades de óleos essenciais
extraídos, os quais foram utilizados para representar a curva de rendimento da
extração. A cada amostra coletada, a quantidade de óleo extraído e a quantidade de
água residual, eram conferidas para averiguar se não havia perdas por vazamento,
juntamente com o tempo de coleta.

O processo de extração dos óleos essenciais em escala industrial utiliza uma


caldeira para a geração de vapor (Figura 4.3), um extrator de capacidade de 3540
litros (Figura 4.4), onde é adicionada a matéria-prima a ser extraída, um
condensador (Figura 4.5) e um frasco coletor, vaso florentino (Figura 4.6).
42

Figura 4.3. Gerador de vapor da unidade industrial – caldeira.

O vapor é percolado através do leito de sólidos, no interior do vaso extrator,


arrastando o óleo essencial. A mistura vapor-óleo essencial segue então para o
condensador em serpentina, onde ocorre a mudança de fase. O condensado é
alimentado no vaso florentino, onde ocorre a separação das fases, por diferenças de
polaridade, formando duas fases líquidas.

Figura 4.4. Vasos de extração da unidade industrial.


43

Figura 4.5. Condensador de serpentina da unidade industrial.

Figura 4.6. Vaso separador da unidade industrial - vaso florentino.

O cálculo do rendimento de óleo essencial para o processo de extração por


arraste a vapor é realizado utilizando as seguintes equações:

ρ óleo . V óleo = m óleo (01)

Rend = m óleo / m planta . 100 (02)


44

Na qual:

ρ óleo = Densidades dos Óleos


V óleo = Volume de óleo extraído (mL)
m óleo = Massa de óleo (g)
m planta = Massa de planta utilizada para a extração (kg)
Rend = Rendimento / concentração de óleo (% p/p)

4.3. Análises Cromatográficas

Para cada amostra dos óleos essenciais de citronela e alecrim, foram


realizadas três análises. O volume injetado das amostras, para os óleos essenciais
de citronela e alecrim, foi de 5 μL diluído em hexano (1:1). Para garantir que as
amostras não contivessem água, foram adicionadas 0,5 gramas de sulfato de sódio
anidro (Na2SO4). A análise de GC foi realizada em um equipamento da marca
Agilent Technologies, modelo 7890A GC system, equipado com um processador de
dados.

A composição química das amostras foi obtida por análises qualitativas.


Utilizou-se uma coluna capilar HP – 5 MS (30 m de comprimento × 0,250 mm de
diâmetro interno x 0,25 µm de espessura), 60 a 325/350ºC. O programa de
temperatura da coluna foi: 60°C (8 min) a 180°C à 3°C/min, 180-230°C à 20°C/min,
250°C (10 min). As temperaturas do injetor e do detector foram mantidas em 50°C, o
gás de arraste utilizado foi o hélio na pressão de 5,8 psi, em uma taxa de fluxo de
entrada 3 mL/min e de fluxo total 46,2 mL/min. As análises no MS foram realizadas
em um equipamento da marca Agilent Technologies, modelo 5975C VL MSD,
operando em 70eV, e a temperatura da fonte de íon foi mantida em 250 °C.

A identificação dos componentes foi realizada, a partir da fragmentação das


suas massas, por comparação dos espectros de massa dos compostos aos
espectros das bibliotecas de referência Adams e NIST (Adams, 2008; NIST, 1990),
armazenados na base de dados do MS.
45

4.4. Análise dos Componentes Principais (PCA)

A análise de componentes principais (PCA) foi à técnica estatística


multivariada selecionada para as combinações lineares não correlacionadas das
variáveis em um espaço de várias dimensões. Por meio do uso da PCA tornou-se
possível reduzir a dimensionalidade do conjunto de dados das amostras. Na análise
de PCA, o objetivo foi encontrar uma combinação linear entre os dados, de modo
que a variância dos dados das amostras fosse maximizada. Essa técnica também
pode ser utilizada como uma transformação linear minimizando o erro na
reconstrução, através de uma covariância dos dados.

A transformação dos dados m-dimensional para um subespaço n-dimensional


foi realizada com o software “Statistics 7”, escolhendo-se as primeiras n colunas, ou
seja, os n componentes principais. O objetivo do uso dessa técnica foi de identificar
subconjuntos dos dados dentro de um espaço n-dimensional.

A técnica pode ser considerada basicamente como uma técnica de pré-


processamento de dados multivariados, com consequência direta na análise dos
agrupamentos, como: (a) Exploração eficiente da base de dados; (b) Visualização;
(c) Redução dos dados; (d) Geração de hipóteses para agrupamentos de novas
variáveis (Sancevero, 2008).
46

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados os resultados relativos aos estudos sobre


a influência do tempo de extração na composição química dos óleos essenciais de
citronela e de alecrim. Estes estudos foram realizados em escala industrial e
comparados com os óleos essenciais obtidos em escala laboratorial. Como forma de
avaliar estatisticamente os resultados obtidos, em função do elevado número de
informações experimentais, foi escolhido o método PCA.

5.1. Extração por arraste a vapor em escala laboratorial

Na extração do óleo essencial de citronela, adicionou-se 300g da planta no


vaso extrator. A extração perdurou aproximadamente 45 minutos, obtendo-se um
volume médio de 2,5 mL de óleo essencial. O óleo essencial obtido foi
posteriormente analisado no CG/MS. Para a extração do óleo essencial de alecrim
efetuou-se o mesmo procedimento, adicionando-se no vaso extrator uma massa de
302,85 g da planta, obtendo um volume médio de 1,4 mL do óleo essencial.

Em função dos processos em escala laboratorial ocorrerem num tempo


bastante curto e a variação da composição com o tempo de extração ser pouco
significativa foram definido para esta escala a obtenção dos óleos essenciais e a
partir deste realizar as análises por GC/MS. Os rendimentos médios para as
extrações do óleo essencial de citronela e alecrim, respectivamente, foram de
0,833% v/p (volume de óleo em mL por massa de planta aromática) e 0,462 % v/p.
Os resultados médios obtidos na análise do óleo essencial de citronela são
apresentados na Tabela 5.1 e os resultados médios obtidos na análise do óleo
essencial de alecrim são apresentados na tabela 5.1.
47

Tabela 5.1. Resultados Obtidos pela Análise Cromatográfica em GC/MS para o Óleo de Citronela
extraído via Escala Laboratorial.

C o m p o sto % Á re a
D - lim oneno 3,063
α - terpinoleno 0,663
citronelal 51,753
β - citronelol 19,930
nerol (2,6-oc tadienol) 15,390
(E) - citral 0,543
citronelil acetato 2,930
geranil ac etato 2,473
β - elem eno 0,523
β - c opaeno 0,770
δ - am orfeno 0,507
D - germ ac reno - 4 - ol 0,473
T O T A L (%Á re a) 99,02 %

Tabela 5.2. Resultados Obtidos pela Análise Cromatográfica em GC/MS para o Óleo de Alecrim
extraído via Escala Laboratorial.

C o m p o sto % Á rea
α - p in e no 2 5 ,7 4 0
C a nf e n o 4 ,0 5 0
T h u ja - 2 , 4 - d ie n o 0 ,6 9 0
β - p in e no 2 ,1 0 0
M ir c e n o 1 ,6 3 0
α - t e rp in e n o 0 ,4 2 0
δ - 2 - c a r e no 0 ,8 7 7
O r to - c im e no 1 ,2 0 7
1 , 8 - C in e o l 2 1 ,4 3 7
γ - t e r p in e no 1 ,5 3 0
T e rp in o le n o 1 ,4 1 0
L in a lo l 2 ,7 8 0
C ris a n t e n on a 1 ,4 6 3
C a nf or a 3 ,6 5 7
B o rn e o l 4 ,0 4 0
T e r p ine n - 4 - o l 1 ,1 2 0
α - t e rp in e o l 2 ,4 3 3
M ir t e no l 0 ,5 7 0
V e r b en o n a 1 0 ,4 9 0
G e r a ni o l 3 ,4 9 3
G e r a ni a l 0 ,2 3 0
A c e t a t o de b o r ni l 1 ,0 5 0
M e t il - e u g e no l 0 ,2 9 3
(E ) - C a r io f ile n o 2 ,6 5 7
α - hu m o le n o 0 ,4 2 0
T O T A L ( % Á re a ) 95 , 7 9 %

Como é possível observar nas tabelas 5.1 e 5.2, foram identificados 12


compostos químicos no óleo de citronela e 25 compostos químicos no óleo de
alecrim, levando em consideração que somente foram indicados os compostos com
48

percentual de área superior a 0,1%. Ao analisar os compostos identificados,


constata-se que a maioria são monoterpenos, sesquiterpenos não oxigenados e
sesquiterpenos monocíclicos.

5.2. Extração por arraste a vapor em escala industrial

Neste item serão apresentados os resultados dos experimentos realizados na


unidade industrial de destilação por arraste a vapor da Empresa Tekton Óleos
Essenciais LTDA. Inicialmente são apresentados os resultados para as curvas de
extração, isto é, as curvas de rendimento versus tempo, considerando os somatórios
dos volumes entre cada intervalo de amostragem. A seguir são apresentados os
resultados das análises cromatográficas realizadas em GC/MS, sendo então
considerado o valor médio em relação às análises realizadas em triplicatas.

5.2.1. Capim Citronela (Cymbopogon winterianus J.)

São apresentados na Tabela 5.3 os dados experimentais da curva de


extração do processo industrial de obtenção do óleo essencial de citronela a partir
das partes aéreas das plantas aromáticas de Cymbopogon winterianus J..

Tabela 5.3. Dados experimentais de volume versus tempo da extração do óleo essencial de citronela.

Tempo Volume Tempo Volume Tempo Volume


(min) (mL) (min) (mL) (min) (mL)
5,0 2 44,8 1194 84,2 1857
7,5 12 45,8 1213 85,3 1866
9,2 27 46,7 1234 86,5 1876
10,7 62 47,7 1254 87,5 1886
12,0 102 48,6 1274 88,6 1895
13,0 137 49,6 1294 89,6 1905
14,1 175 50,7 1311 90,6 1914
15,0 217 51,8 1324 91,6 1923
15,9 262 53,0 1343 92,6 1933
49

16,8 308 54,2 1360 93,6 1942


17,7 355 55,2 1377 94,5 1951
18,5 395 56,2 1396 95,7 1959
19,4 440 57,3 1408 96,7 1967
20,2 480 58,3 1421 97,8 1974
21,0 515 59,3 1430 98,8 1981
21,9 555 60,3 1442 99,9 1986
22,7 595 61,3 1457 100,9 1993
23,5 625 62,4 1473 102,0 2000
24,3 663 63,3 1486 103,1 2007
25,0 701 64,3 1499 104,1 2012
25,9 739 65,4 1517 105,2 2019
26,9 767 66,4 1530 106,4 2026
28,2 797 67,5 1541 107,5 2033
29,2 822 68,5 1554 108,5 2039
30,2 857 69,5 1566 109,5 2046
31,2 892 70,5 1582 110,5 2054
32,2 922 71,5 1593 111,5 2062
33,3 950 72,5 1610 112,5 2070
34,4 978 73,5 1626 113,5 2076
35,4 1005 74,5 1640 114,5 2081
36,4 1026 75,5 1649 115,6 2086
37,4 1049 76,8 1658 116,6 2092
38,5 1070 78,0 1669 117,6 2097
39,5 1090 79,0 1679 118,6 2101
40,5 1112 80,0 1691
41,6 1134 81,1 1704
42,7 1155 82,1 1716
43,7 1175 83,2 1847

De posse dos resultados da Tabela 5.3, é construída a curva de extração do


processo industrial (Figura 5.1), levando em consideração que a densidade medida
é 0,856 g/mL. O rendimento é calculado a partir das equações 01 e 02.
50

Rend (kg oleo/kg planta) 0,006

0,005

0,004

0,003

0,002

0,001

0,000
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Tempo (s)

Figura 5.1. Curva de Extração do Óleo Essencial de Citronela: Rendimento x Tempo.

Em ambas as escalas de extração por arraste a vapor, a maioria dos


compostos químicos identificados, são constituídos de monoterpenos,
sesquiterpenos não oxigenados e sesquiterpenos monocíclicos. Observa-se menor
quantidade de componentes químicos obtidos via laboratorial, em virtude das
condições de extração.

Os valores resultantes da média das três análises cromatográficas por GC/MS


para as 10 amostras, coletadas de 10 em 10 minutos ao longo da extração, dos
óleos essenciais de citronela obtidos por arraste a vapor na unidade industrial da
empresa Tekton Óleos Essenciais Ltda. se encontram na Tabela 5.4.

Ao se analisar tais resultados, observou-se significativas variações nas


composições das amostras obtidas para diferentes tempos de extração.

Nos primeiros 10 minutos de extração o componente majoritário do óleo


essencial é o citronelal, com percentual 42,01%. Ou seja, no início da extração por
arraste a vapor tem-se um óleo de citronela rico em citronelal. Também se verifica
que a concentração deste composto diminui significativamente ao longo da extração,
alcançando um valor de 6,33 % na décima amostra. O mesmo comportamento
51

ocorreu para o citronelol. Para a primeira amostra a concentração era de 17,80%,


enquanto que ao final da extração este era de 8,61%.

Tabela 5.4. Resultados da Análise Cromatográfica por GC/MS do Óleo Essencial de Citronela obtido
em Escala Industrial.
% % % % % % % % % %
COMPOSTOS Área Área Área Área Área Área Área Área Área Área
Am. 1 Am. 2 Am. 3 Am. 4 Am. 5 Am. 6 Am. 7 Am. 8 Am. 9 Am. 10
limoneno 4,49 3,17 2,17 1,94 1,63 0,84 0,96 0,86 0,62 0,74
linalol 0,74 0,57 0,43 0,39 0,36 0,25 0,29 0,28 0,28 0,31
isopulegol 0,72 0,73 0,64 0,62 0,58 0,38 0,44 0,44 0,47 0,38
citronelal 42,01 28,72 20,82 16,90 13,44 10,52 9,21 7,62 5,49 6,33
citronelol 17,80 18,75 17,60 16,76 15,10 27,08 11,51 10,99 10,31 8,61
neral 0,47 0,49 0,43 0,36 0,31 0,19 0,22 0,18 0,14 0,17
geraniol 13,89 16,09 16,27 16,17 15,30 10,50 12,53 12,35 11,94 10,03
geranial 0,54 0,56 0,48 0,41 0,36 0,22 0,26 0,22 0,19 0,20
acetato de citronelilo 2,99 3,72 3,87 4,05 3,91 2,94 3,51 3,73 4,14 3,06
eugenol 0,45 0,80 0,94 1,27 1,43 1,04 1,29 1,46 1,58 0,96
acetato de nerilo 0,02 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03
α-copaeno 0,04 0,07 0,08 0,09 0,10 0,09 0,11 0,10 0,09 0,10
acetato de geranilo 2,75 3,21 3,60 4,00 3,94 3,00 3,61 3,96 4,06 3,51
β-elemeno 1,16 1,60 2,03 2,50 2,95 2,74 3,26 2,91 3,27 3,21
β-cariofileno 0,11 0,17 0,20 0,21 0,24 0,21 0,25 0,26 0,17 0,30
α-humuleno 0,18 0,20 0,27 0,30 0,33 0,32 0,37 0,38 0,38 0,38
α-amorfeno+germacreno D 2,67 4,53 5,88 6,85 7,78 7,27 8,81 6,71 9,96 9,83
α-muuroleno 0,55 0,98 1,34 1,53 1,76 1,73 2,10 2,27 2,21 2,30
g-cadineno 0,65 1,13 1,54 1,74 1,99 1,85 2,27 2,42 2,33 2,36
d-cadineno 1,90 3,39 4,69 5,61 6,58 6,38 7,86 8,88 9,08 9,22
α-cadineno 0,12 0,22 0,31 0,36 0,42 0,41 0,51 0,55 0,53 0,56
elemol 1,18 1,97 3,00 3,97 5,07 6,01 7,44 8,38 9,60 10,86
g-eudesmol 0,09 0,15 0,44 0,51 0,74 1,35 1,72 1,96 2,07 2,71
T-cadinol (<epi-
alfa>cadinol) 0,45 0,89 1,82 2,31 2,98 3,09 3,75 4,94 4,65 4,68
TOTAL (% Área) 95,99 92,14 88,89 88,87 87,33 88,43 82,31 81,90 83,59 80,85

O componente geraniol apresentou um comportamento pouco diferenciado.


Sua concentração apresentou uma menor variação ao longo do processo, como se
observa na tabela 5.4, justificado pelo fato que este composto apresenta uma
pressão de vapor intermediária, quando comparado com os compostos identificados
nas análises por GC/MS.
52

Dentre os compostos minoritários de massas molares elevadas, destacam-se:


acetato de geranilo (2,75% em 10 minutos de extração / 3,51% em 1,5 horas); β-
elemeno (1,16% em 10 minutos de extração / 3,21% em 1,5 horas); α-amorfeno +
germacreno D (2,67% em 10 minutos de extração / 9,83% em 1,5 horas); δ-cadineno
(1,90% em 10 minutos de extração / 9,22% em 1,5 horas); elemol (1,18% em 10
minutos de extração / 10,86% em 1,5 horas). Este fato demonstra claramente que a
variação da composição está diretamente relacionada com a pressão de vapor dos
compostos presentes nos óleos essenciais. Resultados semelhantes são
encontrados para o γ-eudesmol e T-cadinol (<epi-alfa>cadinol), observando uma
significativa elevação na concentração ao longo do processo extrativo. Por exemplo,
o composto γ-eudesmol apresentou 0,09% em área nos primeiros 10 minutos e, em
1 hora e 40 minutos, 2,71%. O composto T-cadinol (<epi-alfa>cadinol) 0,45% no
início da extração, finalizando a mesma com percentual de 4,68%.

5.2.2. Alecrim (Rosmarinus officinalis L.)

São apresentados na Tabela 5.5 os dados experimentais da curva de


extração do processo industrial de obtenção do óleo essencial de alecrim a partir
das partes aéreas das plantas aromáticas de Rosmarinus officinalis L.

Tabela 5.5. Dados experimentais de volume versus tempo da extração do óleo essencial de alecrim.

Tempo Volume Tempo Volume Tempo Volume


(min) (mL) (min) (mL) (min) (mL)
3,3 70 30,7 2715 59,2 3685
4,6 140 31,6 2770 59,9 3697
5,5 205 32,3 2820 60,6 3709
6,4 270 33,1 2870 61,3 3719
7,1 340 33,9 2910 62,0 3729
7,8 410 34,7 2945 62,8 3739
8,5 490 35,5 2980 63,6 3749
9,1 555 36,2 3015 64,5 3759
9,7 625 36,9 3050 65,3 3769
53

10,3 695 37,7 3083 66,2 3779


10,8 755 38,5 3123 67,1 3787
11,4 820 39,1 3158 67,9 3795
11,9 890 39,8 3188 68,9 3803
12,5 960 40,5 3218 69,7 3813
13,0 1035 41,2 3248 70,7 3821
13,6 1115 41,7 3278 71,6 3829
14,8 1190 42,7 3308 72,6 3837
15,5 1270 43,4 3333 73,5 3845
16,2 1340 44,1 3358 74,3 3854
16,8 1420 45,2 3383 75,1 3863
17,5 1495 45,6 3408 76,0 3871
18,3 1575 46,3 3428 76,9 3879
19,0 1650 47,0 3448 77,8 3887
19,7 1730 47,8 3463 78,7 3896
20,4 1810 48,6 3478 79,6 3904
21,2 1890 49,3 3496 81,4 3912
21,9 1965 50,1 3514 82,3 3920
22,6 2040 50,9 3532 83,2 3925
23,3 2110 51,7 3547 84,1 3933
24,1 2180 52,5 3562 85,0 3941
24,8 2245 53,2 3577 85,9 3946
25,5 2310 54,0 3590 88,5 3954
26,3 2370 54,8 3605 88,9 3954
27,0 2435 55,6 3618 89,4 3954
27,7 2500 56,3 3631 90,2 3954
28,5 2555 57,1 3644 91,0 3954
29,2 2610 57,8 3657
30,0 2665 59,2 3672

De posse dos resultados da Tabela 5.5, é construída a curva de extração do


processo industrial (Figura 5.2) de obtenção de alecrim, levando em consideração
54

que a densidade determinada experimentalmente 0,873 g/mL. O rendimento é


calculado a partir das equações 01 e 02.

0,006

0,005
Rend(kg oleo/kg planta)

0,004

0,003

0,002

0,001

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Tempo(s)

Figura 5.2. Curva de Extração do Óleo Essencial de Alecrim: Rendimento x Tempo.

Os valores resultantes da média das três análises cromatográficas por GC/MS


para as 10 amostras dos óleos essenciais de alecrim obtidas por arraste a vapor na
unidade industrial da empresa Tekton Óleos Essenciais Ltda. se encontram na
Tabela 5.6.

Através dos resultados obtidos pelas análises em triplicatas por GC/MS para
cada uma das 10 amostras do óleo essencial de alecrim, coletadas a cada 10
minutos ao longo da extração, permite concluir que o comportamento de um modo
genérico é semelhante ao encontrado para o óleo essencial de citronela. Observa-se
que a composição dos compostos mais leves diminui ao longo do processo,
enquanto que a composição dos compostos mais pesados, consequentemente
associados a maiores valores de pressão de vapor, aumenta ao longo do processo.

Nos primeiros 10 minutos de extração é possível obter o componente


majoritário α-pineno, com composição de 39,72%. Ou seja, no início da extração por
arraste a vapor tem-se um óleo de alecrim rico em α-pineno; O percentual deste
55

composto diminui significativamente ao longo da extração, de modo que, para a


última amostra, após 1 hora e 40 minutos, o valor da composição de α-pineno é de
18,41%.

Tabela 5.6. Resultados Análise Cromatográfica por GC/MS do Óleo Essencial de Alecrim obtido em
Escala Industrial.
% % % % % % % % % %
COMPOSTOS Área Área Área Área Área Área Área Área Área Área
Am. 1 Am. 2 Am. 3 Am. 4 Am. 5 Am. 6 Am. 7 Am. 8 Am. 9 Am.10
α - pineno 39,72 39,67 33,13 28,74 23,83 22,41 23,66 20,54 19,42 18,41
Canfeno 6,96 7,15 6,30 5,52 4,58 4,44 4,52 4,03 3,79 3,51
Thuja - 2,4 - dieno 1,36 1,34 1,29 1,27 1,20 1,28 1,32 1,26 1,27 1,28
β - pineno 2,57 2,72 2,59 2,32 1,99 1,95 1,92 1,77 1,67 1,54
Mirceno 1,84 2,01 1,96 1,78 1,52 1,53 1,48 1,40 1,34 1,23
α - phelandreno 0,49 0,53 0,57 0,56 0,54 0,57 0,55 0,55 0,55 0,53
δ - 2 - careno 0,81 0,94 1,01 0,99 0,92 0,96 0,91 0,91 0,90 0,87
Orto - cimeno 1,81 2,93 2,38 3,11 2,04 2,93 3,11 3,00 3,01 2,93
1,8 - Cineol 20,20 22,47 24,67 24,04 21,54 22,21 21,38 21,11 20,78 20,58
γ - terpineno 1,12 1,29 1,44 1,48 1,32 1,42 1,38 1,40 1,40 1,35
Terpinoleno 1,05 1,19 1,37 1,46 1,38 1,51 1,44 1,50 1,54 1,54
Linalol / Ac. Linalol 2,09 1,93 2,40 2,75 3,56 3,00 2,79 2,94 3,04 3,14
Crisantenona 0,78 0,64 0,72 0,72 0,64 0,59 0,15 0,00 0,00 0,00
Canfora 2,46 2,14 2,72 3,23 3,43 3,87 3,46 3,58 3,54 3,63
Borneol 2,50 1,96 2,69 3,30 4,70 5,13 4,73 5,58 5,97 5,86
Terpinen - 4 - ol 0,87 0,71 0,94 1,15 1,34 1,64 1,51 1,66 1,68 1,73
α - terpineol 1,36 1,07 1,41 1,80 2,55 2,96 2,76 3,36 3,32 3,47
Verbenona 4,59 3,74 4,95 6,14 7,57 8,33 8,23 8,98 9,15 9,47
Geraniol 1,58 1,21 1,65 2,16 3,08 3,65 3,68 4,34 4,74 5,02
Acetato de bornila 0,72 0,58 0,78 0,97 1,45 1,40 1,32 1,48 1,54 1,62
(E) - Cariofileno 2,00 1,54 2,16 2,71 3,83 3,95 3,82 4,37 4,59 4,98
Trans - pinocanfona 0,00 0,00 0,54 0,64 0,76 0,99 0,86 0,94 1,01 1,04
Mirtenol 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,63 0,61 0,71 0,75 0,81
Metil - eugenol 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,43 0,48 0,52
α - humoleno 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,78 0,84 0,92
Pinocarvona 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,45 0,46 0,47
Citronelol 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,45
TOTAL (% Área) 96,88 97,76 97,66 96,84 93,75 97,35 95,58 97,08 96,78 96,90

O segundo composto majoritário é o 1,8-cineol, que apresenta


comportamento diferente do α-pineno. Por apresentar volatilidade intermediária entre
os compostos presentes no óleo essencial de alecrim, observa-se que não ocorre
uma significativa variação de composição ao longo do processo extrativo (Tabela
5.6).
56

Observa-se que os compostos canfeno, β-pineno e mirceno, apresentam


baixo percentual no início da extração e, este, se reduz praticamente à metade ao
final da extração. Logo, para a obtenção de um óleo contendo os compostos citados,
o ideal é coletá-lo nos primeiros 10 minutos de extração.

Dentre os minoritários de massas molares mais elevadas destacam-se:


canfora (2,46% em 10 minutos de extração / 3,63% em 1,5 horas); borneol (2,50%
em 10 minutos de extração / 5,97% em 1,5 horas); terpinen-4-ol (0,87% em 10
minutos de extração / 1,73% em 1,5 horas); α-terpineol (1,36% em 10 minutos de
extração / 3,47% em 1,5 horas); verbenona (4,59% em 10 minutos de extração /
9,47% em 1,5 horas); geraniol (1,58% em 10 minutos de extração / 5,02% em 1,5
horas); acetato de bornila (0,72% em 10 minutos de extração / 1,62% em 1,5 horas);
(E)-cariofileno (2,00% em 10 minutos de extração / 4,98% em 1,5 horas).

Compostos como a trans-pinocanfona, o mirtenol, metil-eugenol, α-humuleno


e a pinocarvona necessitam no mínimo 1,5h de extração para os mesmos serem
extraídos, visto que são componentes de elevada massa molecular.

5.2.3. Análise dos Principais Componentes (PCA)

Os resultados das análises cromatográficas foram submetidos à análise


multivariada, pela técnica de Análise por Componentes Principais (PCA),
correlacionando e agrupando os dados dos componentes químicos em relação a
seus percentuais mássicos. Para o óleo essencial de citronela é possível verificar a
análise estatística na Figura 5.3. A análise dos dados químicos pela técnica de PCA
permitiu agrupar quimicamente as amostras em dois grupos de modo a expressar e
evidenciar suas semelhanças e diferenças (Neto, 2010).

Os dados para o óleo essencial de citronela, presentes na Figura 5.3


representada por dois eixos, apresentam 93,65% da variância total acumulada
(Fator 1: 66,79% - plano fatorial 1; Fator 2: 26,86% - plano fatorial 2). Esse valor
percentual indica a porcentagem do quanto está correto o agrupamento, pois quanto
57

maior o fator melhor é a resolução e menor será a perda de informações de dados


durante o agrupamento das amostras (Neto, 2010).

Observa-se que as amostras M3, M4 e M5 apresentam semelhanças, são


variáveis dependentes em relação mássica. Outro grupo, M7, M9 e M10,
evidenciaram familiaridade, concordância entre essas amostras e maior
dependência em relação às suas massas percentuais.

De maneira contrária, pôde-se observar a relativa diferença entre M1 e M2 em


relação às M3, M4 e M5. Para M6, a dispersão é ainda mais elevada, provavelmente
fruto de alguma contaminação da amostra antes das análises cromatográficas, visto
que a mesma se diferencia drasticamente de todas as demais. Quanto a amostra 8
também se observa um desvio em relação ao comportamento da amostras da
vizinhança.

Figura 5.3. Gráfico resultante do PCA para as análises cromatográficas do óleo essencial de
citronela.
58

O dendograma da Figura 5.4, para o óleo essencial de citronela, corrobora


com os resultados previamente discutidos em função da Figura 5.3. Fica claro o
agrupamento existente entre os grupos formados pelas amostras M3, M4 e M5 e
pelas amostras M7, M9 e M10. Isto significa que estatisticamente não existe uma
diferença significativa entre as composições dos óleos essenciais obtidas nestes
tempos de extração. Um fator importante é que o dendograma classifica a amostra
M1 em um grupo diferente em relação aos demais, resultado pouco perceptível na
Figura 5.4.

O resultado obtido para a amostra M6 é bastante importante por demonstrar


claramente um erro experimental associado a ela, que possivelmente é fruto da
contaminação do frasco de coleta utilizado. O ponto positivo deste erro foi a
comprovação da eficiência da metodologia PCA para o estudo em questão, visto que
possíveis erros experimentais são detectados pela técnica.

Figura 5.4. Dendograma obtido através do PCA de compostos químicos presentes no óleo essencial
de citronela.
59

Os dados para o óleo essencial de alecrim, presentes na Figura 5.6


representada por dois eixos, apresentam 85,12% da variância total acumulada
(Fator 1: 67,69% - plano fatorial 1; Fator 2: 17,43% - plano fatorial 2). Esse valor
percentual indica a porcentagem do quanto está correto o agrupamento, pois quanto
maior o fator melhor é a resolução e menor será a perda de informações de dados
durante o agrupamento das amostras (Neto, 2010).

Figura 5.5. Gráfico resultante do PCA para as análises cromatográficas do óleo essencial de alecrim.

Para o óleo essencial de alecrim, a análise dos resultados da cromatografia


gasosa pela técnica de PCA permitiu agrupar quimicamente as amostras em quatro
grupos, de modo a expressar e evidenciar suas semelhanças e diferenças. Para
este óleo essencial o PCA agrupou as amostras em função do tempo de extração,
consequentemente em função das pressões de vapor destes compostos. Outro
resultado importante é que foram divididas claramente as amostras M1, M2, M3 e
60

M4 na metade positiva do Fator 1, enquanto as demais na metade negativa,


indicando uma clara diferença entre estes dois grupos, como esperado previamente.

O dendograma da Figura 5.6, para o óleo essencial de alecrim demonstra


claramente a formação de 04 grupos distintos, formados pelas amostras: M1 e M2;
M3 e M4; M5, M6 e M7; M8, M9 e M10. Isto significa que estatisticamente não existe
uma diferença significativa entre as composições dos óleos essenciais obtidos
nestes tempos de extração.

Ao contrário do que ocorreu para a amostra M6 da Figura 5.5, no caso do


óleo essencial de alecrim não se observa erros experimentais através da técnica do
PCA.

Figura 5.6. Dendograma obtido através do PCA de compostos químicos presentes no óleo essencial
de alecrim.
61

6. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos no presente trabalho mostraram que a extração por


arraste a vapor em escala laboratorial apresenta menor quantidade de compostos
em relação à extração obtida via escala industrial, em função das condições físico-
químicas que envolvem os processos. O percentual mássico e a qualificação das
amostras dos óleos essenciais de citronela e alecrim, extraídos via laboratorial e
industrial, puderam ser obtidos através de análises em GC/MS.

As análises por GC/MS para os óleos, citronela e alecrim, obtidas pelo


processo industrial foram submetidas a um tratamento de dados de multivariáveis,
pelo método PCA. Através deste método, foi possível classificar e agrupar as
amostras dos óleos essenciais em distintos grupos, identificando dessa forma
diferenças e familiaridades existentes entre elas.

A investigação da composição das amostras como função do tempo, visando


à eliminação de uma operação unitária de fracionamento, uma vez que, a
composição dos extratos recolhidos em tempos distintos ao longo processo extrativo
é variante, fica evidenciada.

As composições químicas, dos óleos essenciais de citronela e alecrim, foram


estudadas com a intenção de saber a que tempo, ao longo do processo extrativo, os
principais compostos de interesse serão extraídos. As amostras de óleo essencial
analisadas forneceram resultados suficientes para se traçar o perfil de concentração
destes compostos com o tempo de extração. Sabendo-se o tempo ideal de coleta de
amostras evita-se o fracionamento desses óleos posteriormente, o que reduz custos
e gastos energéticos.
62

7. PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS

A partir dos resultados oriundos deste trabalho, propõem-se tópicos que


podem ser estudados em trabalhos futuros. Como destaque pode-se enumerar os
seguintes:
1. Reproduzir os ensaios executados nesta dissertação em escala piloto com o
objetivo de avaliar a reprodutibilidade dos mesmos quando comparados aos
resultados obtidos em escala industrial.
2. Avaliar o efeito das condições climáticas na composição das frações dos
óleos essenciais, isto é, reproduzir os experimentos de pré-fracionamento em
outras estações do ano.
3. Avaliar o efeito das condições climáticas na composição das frações dos
óleos essenciais e reproduzir os experimentos de pré-fracionamento nas
mesmas estações em anos distintos.
4. Utilizar as amostras obtidas pelo pré-fracionamento em diferentes aplicações
como ensaios antimicrobianos, ensaios de ação antioxidante, ensaios de
ações acaricidas e outras.
63

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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