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Departamento de Engenharia de Estruturas

Escola de Engenharia de São Carlos EESC

Universidade de São Paulo

Estudo numérico e experimental do comportamento


cíclico de vigas I protendidas de concreto de altíssimo
desempenho

Autor:

Gustavo de Miranda Saleme Gidrão

Orientador: Prof. Assoc. Ricardo Carrazedo

Julho/2020
Departamento de Engenharia de Estruturas

Escola de Engenharia de São Carlos EESC

Universidade de São Paulo

Estudo numérico e experimental do comportamento


cíclico de vigas I protendidas de concreto de altíssimo
desempenho

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas da


Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Doutor em Ciências

VERSÃO CORRIGIDA

A versão original encontra-se na Escola de Engenharia de São Carlos

Autor: Gustavo de Miranda Saleme Gidrão

Orientador: Prof. Assoc. Ricardo Carrazedo

Julho/2020
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE
ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Prof. Dr. Sérgio Rodrigues Fontes da
EESC/USP com os dados inseridos pelo(a) autor(a).

Gidrão, Gustavo de Miranda Saleme


O48e Estudo numérico e experimental do comportamento
cíclico de vigas I protendidas de concreto de
concreto de altíssimo desempenho/ Gustavo de Miranda
Saleme Gidrão; orientador Ricardo Carrazedo. São
Carlos, 2020.

Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em


Engenharia Civil (Engenharia de Estruturas) e Área de
Concentração em Estruturas -- Escola de Engenharia de
São Carlos da Universidade de São Paulo, 2020.

1. UHPFRC. 2. UHPC. 3. Vigas I. 4. Comportamento


cíclico. 5. Lajes alveolares. 6. Ensaios não
destrutivos. 7. Fotogrametria. 8. Ductilidade.

Eduardo Graziosi Silva - CRB - 8/8907


"Rest at the end, not at the middle"

(Kobe Bryant)
Agradecimentos

À Deus e a natureza, pela vida, energia, equilíbrio, inspiração e lucidez. À minha família Salmen,
Cássia e Vó Dia pela companhia, apoio e amor durante esta dura caminhada. À minha namorada
Rúbia, pelo seu apoio, companheirismo e ajuda técnica. Às minhas “filhas” Filó, Hada, Polenta e Kitana,
pelos momentos de alegria proporcionados. Aos meus afilhados Bernardo e Valentina, por todo amor
incondicional que recebi. À Universidade de São Paulo e à Escola de Engenharia São Carlos (EESC-
USP), pelo acolhimento destes maravilhosos 12 anos. Ao meu orientador, Ricardo Carrazedo, não só
pelas ideias, cobranças, empenho e suporte no desenvolvimento de toda a pesquisa, mas pela amizade.
A todos os professores e amigos, tanto da escola de engenharia como da vida, que me auxiliaram na
construção de meu conhecimento, em especial José Samuel Giongo, Libânio Pinheiro, Rodrigo Paccola,
André Beck, Edson Leonel e Mounir El Debs. À todos os meus colegas do Programa de Pós Graduação
da Escola de Engenharia de São Carlos, que participaram de forma direta e indireta no desenvolvimento
deste trabalho, em especial ás turmas de mestrado/doutorado de 2013, 2014, 2015 e 2016. Ao “pessoal
do cafézinho” e dos grupos EJA, índice de hidraticidade, Turma do didi e MR7 pelos momentos de
descontração que fizeram a jornada mais leve. Aos profissionais e amigos do laboratório de estruturas
(LE-EESC-USP) em nome de Amauri Ignácio da Silva, Douglas Dutra Rompa, Fabiano Dornellas, Jorge
Luis Rodrigues Brabo, Luiz Vicente Vareda, Mario Botelho, Mauri Sergio Dias Guillen, Romeu Bressan
Neto que contribuíram para o desenvolvimento deste sonho e foram parceiros de churrascos e cantorias.
Aos profissionais e amigos da secretaria Clayton, Dani e Silvia, pelo apoio nos problemas burocráticos. Aos
amigos do departamento de transportes da Escola de Engenharia de São Carlos (STT EESC USP), Diego
Oliveira (o Topógrafo) e Francisco Roza de Moraes (Chicão), pela ajuda nos ensaios de monitoramento
e fotogrametria. Ao amigo Pablo Augusto Krahl, pela ajuda e parceria nos artigos publicados. Ao meu
irmão Ayrton, pela dura luta que travamos juntos todos estes anos. Agradeço pelo apoio financeiro dado
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento da bolsa
de doutorado, pela Universidade Pública brasileira e pelos contribuintes do estado de São Paulo.
Sumário

RESUMO 1

ABSTRACT 3

1 Introdução 5
1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.3 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2 UHPFRC: Características mecânicas, traço e produção e utilização em


peças protendidas 13
2.1 UHPFRC e UHPC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2 Estratégias para obtenção do UHPC e UHPFRC . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3 Propriedades mecânicas do UHPFRC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.1 Resistência à compressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.2 Módulo de elasticidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3.3 Módulo de ruptura flexional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3.4 Coeficiente de amortecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.4 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3 Modelagem numérica e projeto de estruturas de UHPFRC 27


3.1 Modos de falha em vigas de UHPFRC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2 Estado limite último de flexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3 Estado limite último de força cortante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.4 Índice de Ductilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.5 Concrete damage plasticity (CDP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.6 Modelo constitutivo para o UHPFRC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.7 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4 Caracterização experimental do UHPFRC 47
4.1 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.1.1 Proporções de materiais, processo de moldagem e cura . . . . . . . 47
4.1.2 Carregamento uniaxial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.3 Ensaio de flexão a três pontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.1.4 Ensaio Acústico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.1.5 Ensaio Ultrassônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.1.6 Microscopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.2 Resultados dos ensaios de caracterização de corpos de prova . . . . . . . . 58
4.2.1 Propriedades mecânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.2.2 Comportamento de corpos de prova de UHPFRC sujeitos a carre-
gamento cíclico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.3 Discussão baseada na evidência microscópica do dano . . . . . . . . . . . 76
4.4 Considerações sobre os resultados de caracterização de corpos de prova de
UHPFRC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

5 Metodologia experimental para produção e ensaios de Vigas I de UHP-


FRC 83
5.1 Fôrma metálica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.2 Produção das vigas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
5.3 Caracterização dos materiais utilizados nas vigas . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.3.1 UHPFRC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.3.2 Dywidagr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.4 Carregamento cíclico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.5 Ensaios não destrutivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.5.1 Ultrassonografia longitudinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.5.2 Ensaio dinâmico de impacto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
5.6 Monitoramento de pontos de apoio por estação total e fotogrametria . . . 106
5.7 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

6 Calibração numérica e modelo teórico de momento curvatura 119


6.1 Calibração numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
6.2 Momento curvatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
6.3 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126

7 Resultados experimentais e numéricos em vigas I 127


7.1 Ensaios mecânicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
7.1.1 Envoltória monotônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
7.1.2 Comportamento cíclico das vigas submetidas à flexão e flexo-cisalhamento129
7.2 Modelo analítico de flexão e cortante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
7.2.1 Relações entre momento curvatura para vigas que rompem à flexão 141
7.3 Fotogrametria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
7.3.1 Vigas sob flexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
7.3.2 Vigas sob flexo-cisalhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
7.4 Ultrassonografia longitudinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
7.4.1 Vigas sob flexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
7.4.2 Vigas sob flexo-cisalhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
7.5 Ensaio dinâmico de impacto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
7.6 Discussão dos resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
7.6.1 Influência da protensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
7.6.2 Influência das fibras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
7.6.3 Ponto de aplicação de força . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
7.6.4 Evolução do dano observado nos ensaios de fotogrametria, ultrassom
e dinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
7.7 Considerações sobre a ductilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
7.8 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193

8 Expansão do estudo para seções de lajes alveolares 197


8.1 Estudo de caso da seção AASHTO/PCI SII – 36 . . . . . . . . . . . . . . . 198
8.2 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
8.3 Considerações sobre a expansão do estudo para lajes alveolares . . . . . . . 211

9 Conclusões 213

Anexo I 235

Anexo II 247

Anexo III 251

Anexo IV 255

Anexo V 258
Resumo

GIDRÃO, G. M. S. Estudo numérico e experimental do comportamento cíclico de vigas I protendidas


de concreto de altíssimo desempenho. 2020. 305 p. Tese (Doutorado em engenharia civil (Estruturas)) -
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2019.
O presente trabalho investiga o comportamento de vigas I sem estribos, protendidas pré-tracionadas,
constituídas de concreto de ultra alto desempenho reforçado por fibras (UHPFRC) e concreto de ultra
alto desempenho (UHPC), sujeitas a carregamento cíclico de flexão e flexo-cisalhamento em 3 pontos. O
primeiro passo do estudo foi sobre o conhecimento do material em solicitações cíclicas e explicação de seus
mecanismos de falha. Neste sentido, foi efetuada uma campanha experimental para caracterização das
propriedades mecânicas, obtendo-se a resistência total e residual, tenacidade, coeficiente de amortecimento
e módulo de elasticidade de corpos de prova cilíndricos com volume de fibras (Vf ) de 1% até 3%. A
segunda etapa consistiu na modelagem numérica e dimensionamento analítico para 19 casos de vigas I
protendidas, utilizando o modelo constitutivo do Concrete Damage Plasticity (CDP), utilizando o software
de elementos finitos ABAQUS r . Após o estudo prévio, foi desenvolvida uma campanha experimental
que objetivou produzir vigas em escala real, considerando variações quanto à (i) presença de fibras, (ii)
existência de protensão, e (iii) ponto de aplicação de força (i.e., aplicação no centro ou no terço do
vão da viga). Ensaios mecânicos cíclicos foram efetuados a fim de se obter o comportamento estrutural
destes elementos. Com os modelos experimental e numérico calibrado pode-se inferir que a utilização
de fibras é imprescindível para o desempenho das vigas I estudadas, uma vez que a viga protendida de
UHPC sem fibras apresentou resistência 67% menor e ductilidade 50% inferior à obtida para a mesma
viga de UHPFRC. Além disso o modo de falha observado para a vigas sem fibras foi de cisalhamento
mesmo quando o ponto de aplicação da carga foi no meio do vão. Notou-se que a utilização conjunta
de fibras e protensão propicia significativo aumento de ductilidade e moderado acréscimo de resistência.
Ao final de cada ciclo de carga, foram realizados ensaios não destrutivos adicionais de fotogrametria,
ensaio dinâmico de impacto e ultrassonografia no sentido longitudinal da peça, que permitiram descrever
o comportamento de fissuração e evolução de dano bem como os mecanismos de falha dos elementos
estudados. A ultrassonografia foi capaz de estimar os índices de dano em relação às regiões da seção
transversal das peças pelo atraso da velocidade de pulso ultrassônico. O ensaio dinâmico de impacto
mediu a frequência natural e coeficiente de amortecimento das peças, indicando valores de degradação
do módulo de elasticidade e dissipação de onda de impacto para cada ciclo de carga. Pela fotogrametria
foi possível se determinar os valores estimados de abertura de fissuras residuais, curvatura e flechas para
cada estágio de carregamento. Ainda, para os experimentos foi estabelecida uma relação de momento
curvatura que descreveu com precisão o comportamento das seções majoritariamente fletidas. O estudo
estático do protótipo de viga I foi expandido para uma seção de laje alveolar de pontes PCI AAHSTO/SII
- 36, onde demonstrou que a utilização do UHPFRC possibilitou um ganho de resistência de 53 % em
relação a referência constituída de C70. A expansão do estudo numérico experimental para o caso de
lajes alveolares demonstra que o UHPFRC aplicado às lajes resulta em peças mais eficientes com menor
peso próprio.
Palavras chave: UHPFRC. UHPC. Vigas I. Comportamento cíclico. Lajes alveolares. Ensaios não
destrutivos. Fotogrametria. ductilidade. Evolução do dano.

1
2
Abstract

GIDRÃO, G. M. S. Numerical and experimental study of cyclic behavior of I-beams of ultra high
performance fiber reinforced concrete (UHPFRC). 2020. 305 p. Thesis (PhD. in Civil Engineering
(Structures)) – School of Engineering of São Carlos, University of São Paulo, São Carlos, 2020.
This research presents the behavior prestressed I-beams, with no stirrups constituted of ultra high-
performance concrete reinforced with and without fibers (UHPC and UHPFRC), subjected to cyclic
loading by 3-point bending and bending-shear tests. The first step consisted in investigating the UHPFRC
behavior under cyclic mechanical loads. An experimental campaign was carried to characterize the
mechanical properties of cylindrical samples, obtaining total and residual strength, toughness, internal
damping coefficient and stiffness for mixtures with fiber volume (Vf ) of 1% up to 3 %. The following stage
resulted on the development of numerical modeling and design of 19 prestressed and reinforced I beams.
Aiming to describe the constitutive behavior of UHPFRC, the Concrete Damage Plasticity constitutive
model (CDP) was adopted, implemented in finite elements software ABAQUSr . After the study, an
experimental campaign was performed aiming to produce beams, investigating the influence of the (i)
fibers (i.e., beams constituted by UHPFRC or Ultra High Performance Concrete - UHPC), (ii) prestress
(i.e., P = 350 MPa or P = 0 MPa), and (iii) load application point. After 90 days of wet curing, cyclic
tests were performed to obtain the structural behavior of these elements and numerical calibration. The
numerical-experimental model shown that the presence of fibers is essential to the performance of the
studied beams, once the prestressed UHPC (without fibers) beam presented 67% less strength and 50 %
less ductility than the same beam with fibers (UHPFRC prestressed). Also the failure mode of the UHPC
beams were different, presenting failure due shear in all studied cases. It can be noted that the combined
use of prestress and fibers produced an increase of the ductility and strength of the elements. At the end
of each load cycle, additional tests of, photogrammetry, dynamic impact test and longitudinal ultrasound
test were performed monitoring the residual state. Longitudinal ultrasonography revealed information
about the evolution of damage and cracking showing values very close to the force-displacement inclination
ratios obtained through the mechanical test. The dynamic tests were capable of measuring the decrease
of the natural frequencies due to the degradation of the elastic modulus and the increase of the damping
ratio with the cycles of loading. Through photogrammetry, it was possible to determine the crack opening
values for each loading stage, determining the failure mechanisms and cracking patterns. The study was
expanded to a section of PCI bridges, AAHSTO PCI/ SII 36, where it was demonstrated the gain of 53%
strength with the adoption of UHPFRC in comparison of the reference concrete (i.e., section of C70).
The expansion study to hollow core slabs showed the applicability of UHPFRC in the precast industry
to improve the structural efficiency reducing the dead loads.
Keywords: UHPFRC. UHPC. I-beams. Cyclic behavior. Hollow core slabs. Non-destructive tests.
Photogrammetry. Ductility. Damage evolution.

3
4
Capítulo 1

Introdução

Os Concretos de Ultra Alto Desempenho (UHPC) são materiais cimentícios, que


tem como principais propriedades a alta resistência, alta fluidez e baixa porosidade. Desta
forma, apresentam longa vida útil em situações adversas, fornecendo soluções econômicas,
sustentáveis e inovadoras em aplicações em que os concretos usuais não demonstram bom
desempenho (DENARIÉ; BRÜHWILER, 2015; HABEL; VIVIANI et al., 2006; KANG;
KIM, 2011; LEUTBECHER; FEHLING, 2013; FEHLING et al., 2014). A utilização de
fibras no UHPC garante comportamento dúctil e alta resistência à tração direta, e assim,
o material passa a ser chamado de Concreto de Ultra Alto desempenho reforçado por
fibras (UHPFRC). Assim, o UHPFRC mostra-se versátil para substituir o concreto usual
em situações particulares, onde se deseja melhorar a eficiência estrutural, incorporando
resistência, tenacidade e ductilidade aos estados limites últimos, garantindo rupturas com
altas dissipações de energia de deformação. Este tipo de material, devido a suas propri-
edades superiores, permite a moldagem de peças delgadas, possibilitando a redução do
peso próprio, sem prejuízo para a eficiência estrutural.
Entretanto, destacam-se alguns aspectos técnicos que ainda impedem a larga utilização
deste material, tais como: o alto preço dos constituintes, a sensibilidade do material
ao procedimento de mistura e variabilidade das propriedades mecânicas em função das
condições de moldagem (SPASOJEVIĆ, 2008).
As principais aplicações do UHPFRC em obras de infraestrutura, tais como: (i) ele-
mentos de cobertura de arena (Figura 1.1), (ii) pontes rodoviárias (Figuras 1.2 e 1.6),
(iii) passarelas de pedestres (Figuras 1.3 e 1.4), (iv) pilares esbeltos (Figura 1.5) e (v)
tabuleiro e vigas de pontes (Figuras 1.2 e 1.6). O mapa da Fig. 1.7 apresenta o levanta-
mento realizado pela Federal Highway Administration (FHWA) mostrando a ocorrência
de pontes de UHPFRC no mundo até o ano de 2017. No mapa pode-se verificar que a
América do Norte, Europa Central e zona sísmica do Pacífico são as regiões que mais tem
utilizado o UHPFRC em pontes (FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION, 2017).

5
Figura 1.1: Cobertura do Jean Bouin Stadium, Paris. Fonte: Fehling et al. (2014)

(a) Corte (b) Vista inferior

Figura 1.2: Ponte Bourg-lès-Valence. Fonte: Rebentrost e Wight (2008)

6
(a) Corte (b) Içamento de uma parte da estrutura

Figura 1.3: Papatoetoe and Penrose, Nova Zelândia. Fonte: Rebentrost e Wight (2008)

(a) Vista da seção transversal da passarela de Sakata- (b) Unidade pré moldada
Mirai

Figura 1.4: Passarela Sakata-Mirai, Japão. Fonte: Fehling et al. (2014)

Figura 1.5: Pilares do MuCEM, Marseille. Fonte: Fehling et al. (2014)

7
Figura 1.6: Ponte Shepherds Creek Road, Austrália. Fonte: Rebentrost e Wight (2008)

Figura 1.7: Ocorrência da utilização do UHPFRC em pontes. Fonte: Federal Highway


Administration (2017)

Para elementos de pontes, a utilização de armaduras protendidas é conveniente, pois


assim é possível aplicar aços mais resistentes que atribuem maior ductilidade, melhor con-
trole de fissuração e deformações. Assim, é possível aproveitar-se melhor do desempenho
do concreto não fissurado, elevando-se a resposta estrutural (HANAI, 2005). Neste sen-
tido, trabalhos como os de Ali (2013), Yang, Joh e Kim (2011) e Graybeal (2008, 2009)

8
são pioneiros no estudo sobre a resistência e dimensionamento de elementos de UHPFRC
protendidos submetidos à flexão. Nestes estudos, observa-se que a protensão aumenta a
capacidade resistente destes elementos e aumenta o momento de fissuração. No entanto,
os estudos limitam-se ao regime monotônico, abrindo uma lacuna para investigação de
elementos protendidos em situação cíclica.
Assim, o presente trabalho avalia a resposta numérica e experimental de protótipos de
vigas I, sem estribos, constituídas de UHPC e UHPFRC, protendidas e com armaduras
passivas, sob ciclos de carregamento de flexão e flexo-cisalhamento em três pontos. Neste
trabalho, será utilizada a lei de dano proposta por (BIRTEL; MARK, 2006) acoplado
ao modelo constitutivo para UHPFRC proposto por (KRAHL; CARRAZEDO; DEBS,
2018). Efeitos como da incorporação de fibras metálicas, influência do ponto de aplicação
de carga e nível de protensão são investigados em termos de resistência e ductilidade na
falha destas peças. Após cada ciclo de carregamento mecânico, foram realizados testes
não destrutivos de ultrassonografia longitudinal, ensaios dinâmicos de impacto e moni-
toramento por fotogrametria, para identificação dos modos de falha e evolução do dano
global nos elementos.
A utilização da geometria de vigas I protendidas sem estribos permite a generalização
dos resultados experimentais e numéricos para o estudo de lajes alveolares pré fabricadas.
Assim, a calibração efetuada foi expandida para o estudo de caso de uma seção de tabuleiro
de pontes - perfil AASHTO/PCI SII – 36, uma seção de laje alveolar com 17 barras de
protensão de 1/2” de diâmetro.

1.1 Objetivos
Conforme apresentado, o objetivo geral do presente trabalho é o estudo numérico
e experimental sobre o comportamento de flexão e flexo cisalhamento de vigas I proten-
didas pré-tracionadas, sem estribos, constituídas por UHPFRC, sob solicitações estáticas
e cíclicas. Os seguintes objetivos específicos podem ser listados:

• Estudar o comportamento cíclico de vigas I protendidas de UHPFRC via modelos


numéricos e experimentais, demonstrando quais são os mecanismos de falha ineren-
tes ao material com discussão baseada em ensaios mecânicos cíclicos tradicionais e
não destrutivos como os ensaios de ultrassonografia e de impacto;

• Realizar a modelagem numérica de vigas I protendidas e/ou armadas constituídas


de UHPFRC solicitadas à flexão e flexo-cisalhamento cíclico, utilizando a lei de
dano proposta por (BIRTEL; MARK, 2006) acoplado ao modelo constitutivo para
UHPFRC proposto por (KRAHL; CARRAZEDO; DEBS, 2018).;

9
• Avaliar e quantificar a ductilidade da resposta das vigas modeladas utilizando mo-
delos de dimensionamento em flexão e cortante e a abordagem de ductilidade de
Naaman e Jeong (1995).

• Caracterizar os modos de falha utilizando as metodologias de fotogrametria, ensaio


dinâmico de impacto e ensaio ultrassonográfico longitudinal para os elementos em
escala real;

• Com os dados das vigas experimentais, calibrar os modelos numéricos utilizando


o software de elementos finitos comercial ABAQUS r e a não linearidade física do
Concrete Damage Plasticity (CDP);

• Expandir o estudo numérico-experimental para outras tipologias de vigas I e tensões


de protensão;

• Expandir o estudo desenvolvido para um caso usual de laje alveolar aplicável na


indústria pré-fabricada, comparando a resistência e ductilidade com concretos con-
vencionais e de alta resistência (i.e., C70 e C135).

1.2 Justificativa
Dada a aplicação emergente do UHPFRC na indústria de pré moldados, a inves-
tigação sobre o comportamento deste material em estruturas de tamanho real justifica o
presente trabalho. Além disso:

• O estudo do carregamento cíclico foi efetuado com sucesso em corpos de prova,


como os apresentados por Krahl et. al (KRAHL; GIDRÃO; CARRAZEDO, 2019;
KRAHL; CARRAZEDO; DEBS, 2018) e Paschalis e Lampropoulos (2016). Entre-
tanto, o estudo sob comportamento cíclico (baixo ciclo e alta intensidade) em vigas
I protendidas pré tracionadas ainda é inédito, o que justifica o trabalho.

• O estudo de elementos sujeitos a carregamentos cíclicos pode servir de subsídio para


a calibração de futuros estudos numéricos que envolvam o UHPFRC protendido
submetido a ciclagem mecânica, como por exemplo o estudo de estruturas sujeitas
a carregamentos sísmicos;

• O desenvolvimento de elementos de UHPFRC no Brasil ainda é embrionário.

• A aplicação da mistura de UHPFRC às vigas I protendidas pode gerar melhorias


de resistência, ductilidade, aprimorando o desempenho destes elementos em relação
aos concretos de alta resistência;

10
• Há estudos focados na ductilidade de vigas armadas (SINGH et al., 2017; YANG;
JOH; KIM, 2010), porém não há estudos sobre a ductilidade de vigas I protendidas
de UHPFRC;

• Estima-se que anualmente se gaste 1 bilhão de dólares por ano com o reparo de infra
estrutura rodoviária nos EUA(FHWA, 2018). Neste sentido a aplicação de elementos
pré moldados de UHPFRC pode diminuir custos com manutenção, efetuando a
prevenção de acidentes estruturais.

1.3 Organização do trabalho


O capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica sobre o UHPFRC e UHPC. O capítulo
3 trata sobre a revisão bibliográfica de simulação numérica e projeto de estruturas em
escala real de UHPFRC. Os capítulos 5 e 6 apresentam a metodologia para produção
dos protótipos e ensaios, bem como aspectos sobre a modelagem numérica das vigas I
estudadas. Os capítulos 7 e 8 apresentam os resultados numéricos experimentais e a
expansão do estudo para aplicação em lajes alveolares, respectivamente. O capítulo 9
trata das conclusões do trabalho.

11
12
Capítulo 2

UHPFRC: Características mecânicas,


traço e produção e utilização em peças
protendidas

Primeiramente, faz-se necessário o conhecimento do material. Assim, nesta seção


serão demonstradas as estratégias para obtenção de misturas de concreto com caracterís-
ticas de UHPFRC, bem como as características da microestrutura deste material. Serão
apresentados valores observados na literatura para propriedades mecânicas do UHPFRC,
tais como: (i) Resistência de compressão uniaxial, (ii) Módulo de elasticidade, (iii) Mó-
dulo de ruptura flexional (MRF) e (iv) Coeficiente de amortecimento interno. O estudo
experimental focado no material (capítulo 4) será baseado nesta seção.

2.1 UHPFRC e UHPC


Em 1993, o trabalho de Richard e Cherezy elevou as características mecânicas de
misturas cimentícias à patamares até então nunca vistos. Assim, foi desenvolvido o Con-
creto de Pós Reativos (CPR), por meio de utilização de partículas mais finas, adições mi-
nerais e tratamento térmico (CHEYREZY; RICHARD, 1994; RICHARD; CHEYREZY,
1995; RICHARD; CHEYREZY et al., 1995). Estes materiais se destacaram por sua
grande durabilidade e alta resistência mecânica, características observadas devido à sele-
ção rigorosa de materiais, projeto de empacotamento de partículas e processo de mistura
padronizado (SPASOJEVIĆ, 2008; HABEL; GAUVREAU, 2008; ALI, 2013). Assim,
o CPR apresentava resistência a compressão na ordem de 150-200 MPa (CHEYREZY;
RICHARD, 1994; RICHARD; CHEYREZY, 1995) e porosidade inferior à 4% (ZDEB,
2013). A primeira aplicação do CPR na industria foi em 1997, sendo utilizado na substi-
tuição das vigas das torres de refrigeração das usinas nucleares de Cattenom e Civaux, na

13
França (AHLBORN; PUESE; MISSON, 2008; RESPLENDINO, 2004). Ainda em 1997,
a ponte Sherbrooke Bridge foi construída no Canadá, sendo a primeira ponte constituída
pelo material (FEHLING et al., 2014).
Com notórios avanços tecnológicos dos superplastificantes e adições minerais, permitiu-
se a produção de concretos com altas proporções de finos, perfeitamente empacotados e
com baixas relações água/aglutinante (ZDEB, 2013; FEHLING et al., 2014). Segundo o
trabalho de Wang, Shi et al. (2015), o termo de “Concreto de Ultra Alto desempenho”
(CUAD ou UHPC – Ultra High Performance Concrete) aparece no ano de 1994, onde
Larrard e Sedran (1994) otimizam uma mistura de CPR por meio do empacotamento de
grãos, denominando este novo traço de UHPC. Neste sentido, é notório que a mistura de
CPR é o grande precursor do (UHPC) (AÏTCIN, 2007). Como requisitos básicos, o UHPC
deverá apresentar: (i) propriedades mecânicas elevadas a longo prazo, (ii) baixa permea-
bilidade e (iii) longa vida em ambientes adversos (HANNA; MORCOUS; TADROS, 2014;
ZDEB, 2013).
O UHPC é uma mistura cimentícia com relação água-cimento (a/c) de aproxima-
damente 0,2 e resistência mínima à compressão aos 28 dias de 100 MPa (YAN et al.,
2018a,b). No entanto, com aumento severo de resistência e diminuição das imperfei-
ções da microestrutura, o material tende romper de forma frágil e brusca. Assim, para
contornar esta limitação, a fragilidade é geralmente compensada pela adição de fibras,
transformando o UHPC em UHPFRC - Ultra High-Performance Fiber-Reinforced Con-
crete (GIDRÃO; KRAHL; CARRAZEDO, 2020; KRAHL; CARRAZEDO; DEBS, 2018;
KRAHL; GIDRÃO; CARRAZEDO, 2018a; KRAHL, 2018; KRAHL; GIDRÃO; CAR-
RAZEDO, 2019). Além do aumento de ductilidade na compressão, a adição de fibras
aumenta a resistência à tração para valores maiores que 5 MPa (AFGC, 2013; HABEL;
VIVIANI et al., 2006; RUSSEL; GRAYBEAL, 2013; TUAN et al., 2011; WILLE et al.,
2011; WU et al., 2016). Como estimativa inicial sobre as propriedades mecânicas e de
durabilidade de uma mistura de UHPC/UHPFRC com cura a vapor, Cavill, Rebentrost
e Perry (2006) elaboraram as Tabelas 2.1 e 2.2, sendo baseadas no projeto de mistura
comercial do Ductalr (vide Tabela 2.3).

14
Tabela 2.1: Propriedades mecânicas usuais do UHPFRC

Propriedade Valor
Resistência a compressão 150 MPa
com cura térmica
Resistência a tração sob 24 MPa
flexão
Primeira fissura em flexão 20 MPa
Módulo de elasticidade 47 GPa
Densidade 2450 kg/m³
Retração < 500 depois de 50 dias em
cura úmida e 0 em cura
com calor
Fonte: Cavill, Rebentrost e Perry (2006)

Tabela 2.2: Propriedades de durabilidade do UHPC

Propriedade Valor
Porosidade total 2–6%
Microporosidade <1%
Absorção de água < 0,2 kg/m²
Difusão de íons Cl- 0,02E-12 m²/s
Resistência elétrica (s/ fibra) 1,13E3 kcm
Resistência elétrica (c/ fibra) 137 kcm
Coeficiente de abrasão 1,3
Fonte: Cavill, Rebentrost e Perry (2006)

Tabela 2.3: Traço Ductalr

Material Consumo (kg/m³) Porcentagem em peso (%)


Cimento Portland 712 28,5
Areia industrial 1020 40,8
Pó de sílica 231 9,3
Areia quartzosa 211 8,4
Superplastificante 30,7 1,2
Acelerador de pega 30 1,2
Água 109 4,4
Fonte: Cavill, Rebentrost e Perry (2006) e Graybeal e Tanesi (2008)

15
Das Tabelas 2.1 e 2.2, notam-se excelentes propriedades mecânicas e ótimos indicati-
vos de durabilidade. Portanto, estas propriedades são obtidas por meio de basicamente
três estratégias a saber: (i) diminuição da porosidade e relação água-cimento, (ii) mini-
mização das imperfeições de microestrutura, (iii) adições e/ou substituições minerais e
(iv) utilização de fibras. Tais estratégias para obtenção de uma mistura com requisitos
de UHPFRC serão apresentadas e discutidas no item subsequente - Item 2.2.

2.2 Estratégias para obtenção do UHPC e UHPFRC


Segundo os trabalhos de Shi et al. (2015) e Zdeb (2013), os valores típicos para
relação a/c estão na faixa de 0,14-0,20 . Entretanto, a redução da quantidade de água
na mistura afeta severamente as condições de trabalhabilidade e fluidez. Assim, a baixa
fluidez leva ao maior conteúdo de cavidades de ar e poros capilares, diminuindo as pro-
priedades mecânicas e de durabilidade (DILS; BOEL; SCHUTTER, 2013).
Aditivos superplastificantes (SP) são utilizados para corrigir o problema (ALI, 2013;
GOŁASZEWSKI; SZWABOWSKI, 2004; YOSHIOKA et al., 2002). Extensivas inves-
tigações têm sido feitas sobre como pode ser efetuada a otimização da eficiência do su-
perplastificante em misturas de UHPC/UHPFRC (TUE; MA et al., 2008; HIRSCHI;
WOMBACHER, 2008). Tue, Ma et al. (2008) avaliaram como o procedimento de adi-
ção de SP influencia na reologia do UHPC fresco. Os autores observaram que a adição
incremental do produto potencializa o efeito de dispersão e fluidez do UHPC quando
comparado a adição direta e total. Por sua vez, Hirschi e Wombacher (2008) estudaram
as propriedades frescas e endurecidas de misturas de UHPCs com adições de oito tipos
diferentes de superplastificantes a base de policarboxilato. Neste estudo, pôde-se observar
variações significativas no tempo de pega e desenvolvimento da resistência para SPs de
mesma natureza e cadeias poliméricas distintas. Ao fim do estudo, concluiu-se que os
superplastificantes baseados em grandes cadeias poliméricas laterais desenvolvem mistu-
ras com maior resistência em comparação àquelas constituídas de cadeias poliméricas de
comprimento curto e médio.
Cheyrezy e Richard (1994) reduziram as imperfeições de microestrutura utilizando
como agregado somente areia de quartzo. Reda, Shrive e Gillott (1999) confirmaram este
feito observando que a zona de transição do UHPC apresenta pequena espessura e proprie-
dades similares às observadas na matriz cimentícia. Neste sentido, o uso de partículas finas
(VANDERLEI; GIONGO, 2006), substituição do agregado graúdo pela areia (COLLE-
PARDI et al., 1997; ALI, 2013) e empacotamento de grãos (YU; SPIESZ; BROUWERS,
2014) são técnicas utilizadas para a minimização dos defeitos microestruturais da zona de
transição do UHPC (SHI et al., 2015).

16
A técnica de empacotamento de grãos pode melhorar as propriedades do UHPC e
UHPFRC, conduzindo a traços mais sustentáveis e econômicos. Nesta linha, merece
destaque especial o trabalho de Yu, Spiesz e Brouwers (2014) que otimizou a proporção
de materiais granulares, obtendo as quantidades ótimas de cada material envolvido na
mistura do UHPFRC. O traço desenvolvido pelos autores apresentou baixo consumo de
cimento (650 kg/m³) e propriedades mecânicas de alto desempenho (fc = 150 MPa).
Salienta-se que o valor de 650 kg/m³ obtido por Yu, Spiesz e Brouwers (2014) é bem
inferior àqueles obtidos por outros autores da literatura: 1011 kg/m³ para 160 MPa
de resistência (TOLEDO FILHO et al., 2012), 960 kg/m³ para 155 MPa Corinaldesi
e Moriconi (2012), 850 kg/m³ para 130 MPa (KRAHL; CARRAZEDO; DEBS, 2018;
KRAHL; GIDRÃO; CARRAZEDO, 2019).
As adições e substituições minerais também contribuem para as propriedades superi-
ores da microestrutura do UHPC/UHPFRC. A combinação de vários tipos de partículas
ultrafinas (i.e. tamanho de grão < 125 μm) tais como cimento, pó de quartzo, sílica ativa
e outros tipos de cargas (RUSSEL; GRAYBEAL, 2013) melhoram a impermeabilidade,
propriedades mecânicas e reológicas do concreto (ALI, 2013; MEHTA; MONTEIRO, 2008;
NEVILLE, 1997). Estas adições minerais induzem a reação pozolânica (CHAN; CHU,
2004), preenchem os poros (ZDEB, 2013), restringem liberação de calor de hidratação e a
retração autógena (MEHTA; MONTEIRO, 2008), além de melhorar a coesão da mistura
fresca (ALI, 2013). No sentido de otimizar o teor de adições minerais, Cheyrezy e Richard
(1994) propuseram que o teor de sílica ativa em CPR deveria ser de aproximadamente
25% em relação ao cimento Portland. Posteriormente, Chan e Chu (2004) concluíram que
o teor ótimo estaria entre 20% e 30%.
O UHPC sem reforço de fibras apresenta comportamento mais frágil que concretos
de baixa e moderada resistência (FEHLING et al., 2014). Neste contexto, a adição de
fibras melhora o comportamento na tração, dando aspectos de ductilidade à falha frágil,
aumentando a tenacidade do material, especialmente na flexão (BENTUR; MINDESS,
2007; EMPELMANN; TEUTSCH; STEVEN, 2008; KANG; LEE et al., 2010; PRABHA
et al., 2010; WILLE et al., 2011; YUNSHENG et al., 2008). Assim, a incorporação
de fibras ao UHPFRC previne e controla o início de propagação de fissuras na flexão,
sendo sua finalidade não somente sustentar diretamente a carga aplicada, mas transferir e
distribuir de forma eficiente o carregamento para a matriz (ZOLLO, 1997). Geralmente,
as fibras apresentam ordem de grandeza de 13 mm de comprimento e 0,2 mm de diâmetro
(SHI et al., 2015; SHI, C. et al., 2015), sendo utilizadas com consumos usuais de 1% até
3%.
Sobre o impacto das fibras à microestrutura e propriedades mecânicas, destacam-se
os trabalhos de Abu-Lebdeh et al. (2011), Chan e Chu (2004), Kim et al. (2011), Youssef

17
e Yanni (2009), Wu et al. (2016), Dupont e Vandewalle (2005) e Sorelli et al. (2008). As
características mecânicas da ligação matriz de UHPC fibra foram avaliadas nos trabalhos
de Abu-Lebdeh et al. (2011) e Chan e Chu (2004), onde valores de 4,8-5,5 MPa foram
observados como resistências de ligação, sendo ótima a interface que continha teor de
sílica ativa de 30 %. Kim et al. (2011) observaram que a utilização de fibras de aço
reduz a retração autógena em cerca de 20%. Youssef e Yanni (2009) obtiveram conclusões
similares, onde a incorporação de 2% de fibras de aço (em volume) diminuiu a retração
autógena em 42% aos 14 dias com tratamento térmico.
Wu et al. (2016) estudaram a reologia do UHPFRC e alertaram sobre o efeito colateral
que a adição de fibras causa na mistura fresca, uma vez que se nota a significativa redução
de fluidez e trabalhabilidade devido à segregação da fibra de aço na matriz cimentícia. Du-
pont e Vandewalle (2005) também observaram fenômeno semelhante. Por sua vez, Sorelli
et al. (2008) utilizaram de técnicas como a nanoindentação, MEV e raio-X (XRD) para
identificar a qualidade da zona de transição na interface fibra matriz, observando grande
concentração de C-S-H de alta densidade (HD-C-S-H), principal componente responsável
por uma zona de transição praticamente livre de defeitos.
Hannawi et al. (2016) desenvolveram extensiva investigação sobre UHPFRCs variando
os seguintes aspectos das fibras:

1. Natureza: metálicas, minerais (wollastonita e basalto) e sintéticas (PVA, poliproli-


peno, polietileno e barchip);

2. Dimensões: macroscópicas e microscópicas;

3. Propriedades mecânicas: resistência a tração, módulo de elasticidade;

Primeiramente, os autores examinaram a microestrutura dos materiais produzidos com


estes tipos de fibras por meio de observação MEV, permeabilidade intrínseca e velocidade
de onda-P. Destas amostras, constatou-se a superioridade das fibras metálicas e minerais
em relação às fibras sintéticas, uma vez que a zona de transição desenvolvida pela adição
sintética apresentou maior espessura. Posteriormente, um ensaio de compressão uniaxial
combinado com análise de permeabilidade de gás e medição da emissão acústica (EA) fo-
ram aplicados para avaliar o comportamento uniaxial. Observou-se que o comportamento
uniaxial é divido em 3 fases: (i) fechamento de microfissuras previas; (ii) fissuração estável;
e (iii) propagação instável de fissuras. Dos resultados, observou-se que as fibras restringem
claramente o processo de fissuração volumétrica sob compressão uniaxial, aumentando o
limiar de fissuração inicial e retardando a propagação instável de fissuras.

18
2.3 Propriedades mecânicas do UHPFRC
2.3.1 Resistência à compressão
A utilização conjunta das estratégias de otimização de traço descritas na seção 2.2
promove o desenvolvimento das propriedades mecânicas do UHPFRC. Dentre tais pro-
priedades, a resistência a compressão uniaxial (fc ) foi extensivamente investigada (CORI-
NALDESI; MORICONI, 2012; HABEL; VIVIANI et al., 2006; TOLEDO FILHO et al.,
2012; YU; SPIESZ; BROUWERS, 2014)
Corinaldesi e Moriconi (2012) avaliaram a influência do fator a/c e maturidade em
relação ao valor de fc , conforme a Figura 2.1.a e 2.1.b, respectivamente. As amostras
foram curadas a temperatura ambiente (20 ºC + 100% U.R.) com relações água-cimento
variáveis de 0,20 – 0,32. A Figura 2.1.a demonstra que o aumento progressivo da relação
a/c nem sempre conduz a matrizes de UHPC menos resistentes, uma vez que para o
valor intermediário de a/c = 0,24 observa-se o melhor resultado de fc , diferentemente do
que é esperado para casos de concretos com dosagens convencionais. Esta observação
experimental é explicada pelo fato de que as propriedades da mistura fresca tais como
coesão e trabalhabilidade passam a influenciar severamente as propriedades mecânicas do
UHPC/UHPFRC.
A Figura 2.1.b apresenta o rápido desenvolvimento de fc ao longo do tempo para os
resultados experimentais de Corinaldesi e Moriconi (2012). São observados valores de 30 -
40 MPa nos primeiros dias e 150 MPa – 160 MPa para 28 dias de maturidade. Utilizou-se
da Equação 2.1, juntamente com as prescrições da ABNT NBR 6118:2014 (ABNT, 2014),
para se calibrar os pontos experimentais de Corinaldesi e Moriconi (2012), a fim de se
obter uma expressão de estimativa da resistência ao longo da maturidade do concreto
(Fig. 2.1). Para esta curva calibrada de fc (t) obteve-se os valores de fc,28 = 148,492 MPa,
s = 0,339 para um valor de R² = 0,969.

2
fc (t) = fc,28 .e(s.(1−(28/t))) (2.1)

Em que: fc (t) é a resistência no tempo t; fc,28 é a resistência aos 28 dias; e s é um fator


de calibração.
Resultados similares de evolução de fc em função da maturidade e grau de hidratação
são observados por Toledo Filho et al. (2012), onde se desenvolveu um UHPFRC sus-
tentável baseado em cimento de escória de alto forno, sílica, microfibras de wollastonita,
fibras de aço e superplastificante. Mais uma vez, observa-se rápido desenvolvimento da
resistência a compressão, onde já para o terceiro dia valor de fc igual à 75 MPa, seguido
por 111 MPa, 162 MPa e 180 MPa para as idades subsequentes de 7, 28 e 180 dias.

19
Cabe ressaltar que os resultados de fc pela maturidade (TOLEDO FILHO et al.,
2012; CORINALDESI; MORICONI, 2012; HABEL; VIVIANI et al., 2006) demonstram
o potencial de aplicabilidade do UHPFRC para indústria de pré moldados, uma vez que
o rápido desenvolvimento de fc em idades precoces pode acelerar o processo de fabricação
e execução de estruturas pré fabricadas.

1 6 0

2 8 d ia s
1 4 0

1 2 0
7 d ia s
1 0 0
fc (M P a )

8 0 3 d ia s

6 0

4 0

1 d ia
2 0

0 ,2 0 0 0 ,2 2 5 0 ,2 5 0 0 ,2 7 5 0 ,3 0 0 0 ,3 2 5
R e la ç ã o a /c

(a) fc em função da relação a/c

1 6 0

1 4 0

1 2 0

1 0 0
fc (M P a )

8 0

6 0

4 0

2 0

0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0
M a tu rid a d e (D ia s )

(b) fc em função da maturidade

Figura 2.1: Resultados defc . Fonte: Corinaldesi e Moriconi (2012)

2.3.2 Módulo de elasticidade


O módulo de elasticidade do concreto (Ec ) é uma propriedade muito importante
para o projeto estrutural, sendo utilizado para a análise estrutural, avaliação de efeitos
de segunda ordem, verificações de deslocamentos e análises dinâmicas. Geralmente esta
propriedade pode ser determinada pelo módulo de elasticidade tangente inicial (Eci ),

20
módulo de elasticidade secante (Ecs ) ou módulo de elasticidade dinâmico (Ed ) (GIDRÃO,
2015; MEHTA; MONTEIRO, 2008; NEVILLE, 1997; SHEHATA, 2005).
Em linhas gerais, o comportamento de tensão deformação do UHPC/UHPFRC é elás-
tico linear até a iminência de sua ruptura, sendo seu módulo de elasticidade contido no
intervalo de 45 GPa – 55 GPa (FEHLING et al., 2014). Bonneau et al. (1996) reportaram
que a adição de 2 % de fibras metálicas ao UHPC faz com que o módulo de elasticidade
aumente de 46 GPa para 49 GPa, gerando acréscimo de 6%. Então, conclui-se que a
adição de fibras ao UHPC não gera melhoria significativa para módulo de elasticidade
do UHPFRC (VIAPIANA, 2016). Graybeal (2007) desenvolveu uma equação para esti-
mativa do módulo de elasticidade do UHPFRC em função da resistência de compressão
uniaxial característica (fc ’), conforme a Equação 2.2. Cabe salientar que esta estimativa
deve ter valores de fc contidos entre 126 MPa e 193 MPa.

(2.2)
p
Eci = 3, 840 fc0 , para 126M P a ≤ fc0 ≤ 193M P a

Similarmente, Alsalman et al. (2017) coletam dados da literatura (AHLBORN; PU-


ESE; MISSON, 2008; AHMAD; HAKEEM, 2015; BONNEAU et al., 1996; COELLO,
2007; GRAYBEAL, 2006; KOLLMORGEN, 2004; MAGUREANU et al., 2010; RES-
PLENDINO, 2004; SOBUZ et al., 2016) e propõem a Equação 2.3, por meio de 223
amostras em diferentes idades com Eci , variando de 25 GPa – 68,3 GPa. Ainda nesta
base de dados, pode-se inferir por análise estatística que o valor médio de módulo de
elasticidade encontrado é de 45 GPa, conforme a distribuição normal do eixo vertical da
Figura 2.2:

Eci = 7, 769fc00,367 , para 31M P a ≤ fc0 ≤ 235M P a (2.3)

Em que: fc ’ é calculado conforme o ACI 318 – 11 (ACI, 2011);

21
8 0

7 0

6 0

5 0
(G P a )

4 0
c

3 0
E

2 0 f c ,m = 1 6 0 M P a
E c m = 5 0 G P a
1 0
0 .3 6 7 2
E c = 7 ,7 6 9 f c (R = 0 ,3 8 3 0 5 )
0
0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0
fc (M P a )

Figura 2.2: Distribuição dos valores de Eci obtidos pela literatura. Fonte: Alsalman et al.
(2017)

2.3.3 Módulo de ruptura flexional


O módulo de ruptura flexional (MRF) é importante variável para caracterização
mecânica do material, sendo este parâmetro o responsável pela resistência a tração na
flexão. Desta forma, o MRF é o valor de máxima tensão de tração observada em um corpo
de prova prismático solicitado por flexão. Para concretos usuais de baixa e moderada
resistência, o valor da relação entre MRF e fc é de aproximadamente de 10 % à 20 %
(MEHTA; MONTEIRO, 2008). Para concretos de alta resistência sem adição de fibras, o
valor desta razão tende a diminuir. Entretanto, quando se trata de UHPFRC este valor
pode chegar até M RF/fc = 30% (CORINALDESI; MORICONI, 2012; TOLEDO FILHO
et al., 2012; YUNSHENG et al., 2008).
Yunsheng et al. (2008) observaram por meio de ensaio de flexão em 3 pontos valores
de MRF = 60 MPa para fc = 200 MPa (i.e. MRF/fc = 30%). O alto valor atingido
pelos pesquisadores fora justificado pela utilização de fibras metálicas além dos efeitos de
melhoria de zona de transição fibra-matriz, induzidos pelo empacotamento de partículas,
reação pozolânica e fechamento dos poros. Toledo Filho et al. (2012) utilizaram do ensaio
de flexão em quatro pontos para observar que o surgimento da primeira fissura se dá sob
uma tensão-deflexão de 17,3 MPa e 0,5 mm, atingindo tensão de pico em 35 MPa sob
deflexão de 7,9 mm.
Corinaldesi e Moriconi (2012) investigaram o MRF de amostras de UHPFRC com a/c

22
variando entre 0,24 – 0,26, obtendo valores de 9 – 15 MPa e 25 – 40 MPa, respectivos
para as maturidades de 1 e 28 dias, conforme apresentado na Figura 2.3.a. Efetuando
calibração experimental para MRF(t), para uma curva similar à Eq. 2.1, obtém-se a curva
azul pontilhada apresentada na Figura 2.3.a, cujos valores de calibração são: MRF28 =
34,898, s = 0,229, para R² = 0,85. Os resultados da 2.3.b em relação à maturidade
indicam um melhor desempenho de MRF para a relação água-cimento de 0,24.
De acordo com os resultados supracitados, observa-se o bom desempenho do UHPFRC
em situações flexionais, graças a aplicação de fibras que melhoram os valores de MRF,
MRF/fc , ductilidade, tenacidade e controle de fissuração.

4 0

3 5

3 0

2 5
M R F (M P a )

2 0

1 5

1 0

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0
m a tu rid a d e (d ia s )

(a) MRF ao longo do tempo

5 5

5 0 D ia s
2 8
4 5
7
4 0
3
3 5 1
M R F (M P a )

3 0

2 5

2 0

1 5

1 0

0
0 ,2 0 0 0 ,2 2 5 0 ,2 5 0 0 ,2 7 5 0 ,3 0 0 0 ,3 2 5
a /c

(b) MRF ao longo do tempo

Figura 2.3: Resultados de MRF. Fonte: Corinaldesi e Moriconi (2012)

23
2.3.4 Coeficiente de amortecimento
Além das propriedades mecânicas apresentadas, o presente trabalho apresenta a
primeira caracterização do amortecimento interno e fator de atenuação inversa do sinal
(Fator Q). Estas propriedades são associadas aos mecanismos de falha do material.
O amortecimento reflete a quantidade de energia dissipada durante um movimento
oscilatório (BACHMANN et al., 1995; NOUSHINI; SAMALI; VESSALAS, 2013; PAUL-
TRE, 2011; TIAN et al., 2015; WARBURTON, 1976; ZHENG; SHARON HUO; YUAN,
2008). O mecanismo de amortecimento está associado à capacidade interna de um mate-
rial dissipar energia, condições de contorno e interação fluído-estrutura (WARBURTON,
1976). A capacidade de amortecimento dos materiais pode ser medida pela razão de
amortecimento interno (ξ) e relacionada indiretamente pelo fator de qualidade do sinal
(Q).
O amortecimento interno é um parâmetro adimensional que mede a capacidade do
material para dissipar uma vibração (PAULTRE, 2011). O fator Q é fisicamente inter-
pretado como a atenuação inversa do sinal e mede o quão não amortecido é um oscilador
(HARLOW, 2004).
Bachmann et al. (1995) relatam que ξ está na faixa de 0,1% a 1,0% para concretos con-
vencionais com baixos níveis de dano. Salzmann et. al. (SALZMANN, 2002; ANGELA;
FRAGOMEN; LOO, 2003) afirmam em suas pesquisas que o amortecimento interno dos
materiais cimentícios é composto de três efeitos a saber: amortecimento histerético, vis-
coso e de Coulomb. Jordan (1980) afirma que o amortecimento interno histerético está
relacionado ao atrito deslizante entre os géis sólidos da microestrutura do material. O
amortecimento interno viscoso está associado ao movimento da umidade na matriz cimen-
tícia, e é diretamente relacionado ao volume de água que preenche os poros (JORDAN,
1980). A parcela de Coulomb é gerada pelo atrito interno entre as faces da fissura e in-
dica a nucleação do material, sendo o mecanismo mais relevante que influencia a taxa de
amortecimento interno (SALZMANN, 2002; ANGELA; FRAGOMEN; LOO, 2003; GHE-
ORGHIU; RHAZI; LABOSSIERE, 2005a; NDAMBI; VANTOMME; HARRI, 2002).
Muitos pesquisadores estudaram o comportamento de amortecimento interno do con-
creto convencional intacto. Bawa e Graft-Johnson (1969), por exemplo, correlacionaram
ξ com a integridade prévia do concreto, no caso de amostras não danificadas, por meio de
módulo elástico dinâmico (Ed ). Esses pesquisadores observaram que existe uma diminui-
ção na dissipação da onda de impacto em função de um aumento de Ed , sendo este fenô-
meno ligado à redução da porosidade, do volume da zona de transição e da microfissuração
prévia. Swamy e Rigby (1971) investigaram a correlação entre o coeficiente de amorteci-
mento interno e parâmetros de dosagem de pastas, argamassas e prismas de concreto não
danificados. Os autores notaram que um aumento da relação água/cimento aumentava a

24
taxa de amortecimento interno do concreto, confirmando a hipótese levantada por Bawa e
Graft-Johnson (1969). Conclusões semelhantes foram obtidas experimentalmente sobre o
fator Q. Eiras et al. (2015) estabeleceram que a integridade do material está diretamente
ligada à qualidade do sinal dissipado pela amostra (ou seja, fator Q ) e correlacionada
inversamente com a taxa de amortecimento interno.
A evolução da taxa de amortecimento interno do concreto em função da indução
de dano também foi investigada. Gheorghiu, Rhazi e Labossiere (2005b), utilizando o
método da ressonância de impacto (IRM), observaram uma diminuição nas frequências
fundamentais e um aumento da taxa de amortecimento através de ciclos de fadiga em
vigas com polímero reforçado com fibra de carbono. Valores iniciais ξ = 0,6% foram
observados no estado não danificado e ξ = 3,7% após 2106 ciclos de fadiga com frequência
de 3 Hz (GHEORGHIU; RHAZI; LABOSSIERE, 2005a). Além disso, Gheorghiu, Rhazi
e Labossiere (2005b) realizaram Transformadas Rápidas de Fourier (FFT) no sinal e
detectaram um número significativo de picos de baixa frequência ao longo dos ciclos , o
que indicava dano progressivo devido à evolução da fissuração.
Eiras et al. (2015) utilizaram a técnica IRM para detectar o fator Q (i.e, atenuação
inversa) em argamassas de cimento Portland submetidas a tratamento por secagem e
molhagem. Inicialmente, eles avaliaram que a atenuação inversa (fator Q) diminua em
função do aumento da razão água-cimento. Após um ciclo de tratamento por secagem,
a remoção da água dos poros e a alta temperatura causaram danos à microestrutura do
concreto, fato comprovado pelo declínio do Ed . Embora o amortecimento de Coulomb
tenha aumentado, houve uma tendência estatística de diminuição do coeficiente de amor-
tecimento interno, explicada pela remoção de água nas amostras de argamassa, reduzindo
o amortecimento viscoso. No entanto, sob condições normais de umidade e temperatura,
este efeito de amortecimento viscoso apresenta uma pequena variabilidade (JORDAN,
1980).
Cabe salientar que o comportamento dinâmico do UHPFRC tem sido extensivamente
estudado (KHOSRAVANI; WEINBERG, 2018; LIN, 2018; YOO; BANTHIA, 2017; OTH-
MAN; MARZOUK, 2016; NGUYEN et al., 2015). No entanto, o foco destes trabalhos
é sobre o comportamento de elementos estruturais, onde adota-se o coeficiente de amor-
tecimento usual de 2% (usual para estruturas de concreto) ou então as análises são não
amortecidas. Portanto, há uma lacuna de conhecimento sobre o amortecimento interno
em condições intactas e danificadas específico do material, o que justifica o estudo da
propriedade no trabalho, e ajuda o entendimento do material e elemento em escala real
sob solicitações mecânicas cíclicas.

25
2.4 Considerações finais
Nesta seção, foram abordadas as propriedades que serão investigadas posteriormente
no capítulo de caracterização do material (capítulo 4).

26
Capítulo 3

Modelagem numérica e projeto de


estruturas de UHPFRC

Nesta seção, será apresentada a conceituação sobre a modelagem numérica e projeto


de estruturas de UHPFRC. O modelo de dimensionamento do modo de falha de flexão
proposto por Fehling et al. (2014) é apresentado no item 3.2. O dimensionamento ao
modo de falha de cortante é apresentado no item 3.3, baseado na Associação Francesa
de Engenharia Civil (AFGC, 2013). As vigas estudadas nos capítulos posteriores serão
analisadas segundo o índice de ductilidade proposto por Naaman e Jeong (1995), sendo
a formulação apresentada no item 3.4. Finalmente, o modelo constitutivo do Concrete
Damage Plasticity (CDP) é apresentado no item 3.5, a fim de se modelar o comportamento
cíclico das vigas I apresentadas nos capítulos 5 e 8.

3.1 Modos de falha em vigas de UHPFRC


Elementos de viga, basicamente desenvolvem mecanismos de colapso a partir da
combinação de 4 modos de falha predominantes, são eles: (i) flexão pura (Fig. 3.1a), (ii)
cisalhamento puro (Fig. 3.1b), (iii) flexo cisalhamento (Fig. 3.1c) e (iv) ancoragem (Fig.
3.1d).
A falha de flexão pura ocorre quando esforços de momento fletor provocam fissuras
localizadas próximas ao meio do vão, que tendem a crescer verticalmente em direção ao
topo do elemento (ARAUJO; LORIGGIO; DA CAMARA, 2011; CUENCA; SERNA,
2013; WALRAVEN; MERCX, 1983). Fellinger, Stark e Walraven (2005) afirmam que
geralmente devido à ductilidade conferida pelos aços de protensão, a ruptura por flexão é
um tipo preferível de ruína. Wu et al. (2016) observam que a adição de fibras de aço tem
pouco efeito sobre o momento de fissuração, mas um efeito considerável na carga máxima
observada em vigas de UHPFRC. Estes elementos atingem a ruína pelo estado limite

27
último com esgotamento da seção transversal e ruptura das barras de aço, apresentando
deformações e fissuração excessivas. Estes modelos de ruína são bem compreendidos
utilizando-se da teoria geral de vigas.
A influência das fibras em concretos de alta resistência submetido ao modo de fle-
xão foi estudada por Chunxiang e Patnaikuni (1998) e Kazemi et al. (2017). Os autores
realizaram ensaio de flexão em 3 pontos para se avaliar o comportamento de resistên-
cia, deslocabilidade e energia de fratura para o modo de falha de flexão e cisalhamento.
Chunxiang e Patnaikuni (1998) investigaram vigas retangulares constituídas de concreto
de alta resistência (fcm de 64 – 82 MPa) reforçadas por fibras de aço (Vf = 1%) e notaram
que a incorporação de fibras gerou o aumento sistêmico nos deslocamentos máximos das
vigas além de um comportamento pós pico mais gradual, o que constituí melhora nas
condições de ductilidade e ruptura mais controlada. Kazemi et al. (2017) induziram o
modo de ruptura flexional através de um entalhe inicial feito nas vigas de concreto de
alta resistência reforçado com fibras (fcm de 85 – 90 MPa). Deste trabalho, observou-se o
aumento significativo nas energias de fratura (Gf ) em função do volume de fibras.
Mahmud, Yang e Hassan (2013) ensaiaram vigas retangulares de UHPFRC submeti-
das à flexão utilizando procedimentos similares aos adotados por Chunxiang e Patnaikuni
(1998) e Kazemi et al. (2017). Do estudo, observou-se que embora as condições de geome-
tria e carregamento fossem simétricas, as fissuras em algumas amostras foram ligeiramente
tortuosas se afastando das linhas centrais da viga. Este comportamento foi atribuído à
distribuição aleatória das fibras, o que torna os campos de tensão nas proximidades da
fissura altamente heterogêneos. Além disso, os autores delimitaram o comportamento do
UHPFRC em 3 estágios: (i) Elástico linear com ativação das fibras, (ii) Encruamento de
pseudo tensão (strain-hardening) e (iii) região descendente. O regime elástico linear é
definido entre o carregamento inicial e limite elástico do material. Neste estágio ocorre
o limite de resistência da matriz e ativação da fibra. O encruamento de pseudo tensão é
caracterizado pelo surgimento e aumento de microfissuras perto do entalhe. Devido à alta
resistência das fibras de aço e forte vinculação com a matriz cimentícia, a fissura aumenta
lentamente, levando a um certo nível de encruamento da tensão, o que distingue o com-
portamento do UHPFRC de outros tipos convencionais de concreto. Finalmente, quando
as fibras não são mais capazes de absorver o esforço de tração, se dá a fase final denomi-
nada de região descendente, sendo a ruptura da interface matriz fibra caracterizada pelo
tamanho de abertura de fissura igual a metade do comprimento da fibra. Neste ramo, as
fibras não conseguem suportar os acréscimos de tensões, e assim, ocorre o escorregamento
da fibra, podendo ser de maneira mais abrupta ou suave, dependendo das características
da fibra utilizada.
Graybeal (2008) apresentaram a investigação inédita sobre o comportamento à flexão

28
monotônico de uma viga em I protendida em grande escala, constituída de UHPFRC.
O autor fabricou uma viga AASHTO Tipo II de 24,4 m de comprimento, contendo 26
barras de protensão de aço 270 ksi e observou na ruína fissuras verticais se desenvolvendo
no meio do vão, representando o modo de falha preponderante de flexão. Yoo e Yoon
(2015) investigaram a resposta flexional monotônica de vigas UHPFRC com diferentes
fibras de aço. Os autores observaram que a adição resultou em um ligeiro aumento
na resistência à compressão e na rigidez das vigas, mas uma melhora significativa foi
observada no desempenho da flexão do elemento.
O modo de falha de cisalhamento puro é ocasionado quando a tensão diagonal é su-
perior à resistência a tração do concreto, e assim, há ruptura diagonal da peça. Este
modo de falha apresenta fissuras inclinadas progredindo dos apoios até a borda superior
onde se aplica o carregamento. Balaguru e Ezeldin (1987) ensaiaram vigas parcialmente
pré tensionadas com fibras de aço com Vf = 0,75 % e observaram aumentos de ordem
de até 71 % na cortante última e cortante de fissuração. Lim e Oh (1999) observaram
o comportamento de flexão em 4 pontos de nove vigas retangulares com Vf variando de
0 % até 2 % e notaram que, com o aumento do teor de fibras, o modo de falha mudava
de cisalhamento para flexão. Conclusões semelhantes foram obtidas em ensaios efetuados
por Junior e Hanai (1999), onde vigas I sub armadas ao cisalhamento apresentaram me-
lhorias a este modo de falha. Hung, Li e Chen (2017) apresentaram estudo de paredes de
UHPFRC, armadas com armaduras passivas de alta resistência e submetidas à carrega-
mento cíclico, com falha de cisalhamento. Os autores observaram que as fibras efetuavam
a transferência de esforços entre as fissuras, e assim, os elementos eram capazes de exibir
uma capacidade eficaz de controle de fissuração de cisalhamento.
A falha de ancoragem ocorre quando há uma ou várias fissuras dentro do comprimento
de transferência do cabo de protensão, e assim, não é possível a correta redistribuição de
esforços pelo aço naquela região. Condições de cargas concentradas perto do suporte, tam-
bém podem aumentar a possibilidade de que as fissuras de cisalhamento se desenvolvam
quando a tensão principal de tração atingir a resistência à tração do concreto. Estas fissu-
ras de cisalhamento espalham-se rapidamente para a zona de compressão e para a ancora-
gem, e assim, podem provocar uma súbita falha de cisalhamento e ancoragem (ARAUJO;
LORIGGIO; DA CAMARA, 2011; FELLINGER; STARK; WALRAVEN, 2005). Fusco
(1995), Araujo, Loriggio e Da Camara (2011) e Dumêt (2003) relatam que a resistên-
cia ao modo de falha de ancoragem é regida basicamente pelas capacidades de adesão,
atrito, aderência mecânica e efeito Hoyer. A adesão se dá pelas ligações físico-químicas
entre a pasta de cimento e as barras de armaduras, o atrito ocorre devido a rugosidade
da superfície das armaduras e concreto e as nervuras nas barras aumentam ainda mais
a resistência à ancoragem (FUSCO, 1995). O efeito Hoyer ocorre devido à variação do

29
diâmetro da seção transversal ao longo do comprimento de ancoragem, aumentando o
encunhamento da barra dentro do concreto (FUSCO, 1995). Sobre o comportamento da
aderência do concreto reforçado por fibras, destaca-se o trabalho de Dumêt (2003), onde
se avaliou a influência das fibras nas falhas de ancoragem por meio de ensaios estáticos de
arrancamento em prismas e de flexão em uma viga pré-tracionada. Utilizando valores de
Vf iguais à 0 kg/m³, 40 kg/m³ e 60 kg/m³ e tensão de protensão de 0, 80.fptk , conclui-se
que a adição de fibras é mais benéfica no fendilhamento do que no caso de arrancamento.
Marchand et al. (2016) desenvolveram testes de pull-out em vergalhões embutidos dentro
de uma mistura de UHPFRC, variando condições de diâmetro, comprimentos de anco-
ragem e cobrimento. Do estudo, confirmou-se que ao projetar estruturas UHPFRC, o 5151
51
comprimento de ancoragem pode ser considerado menor que o do concreto comum.

(a) Flexão
(a) Flexão
(a)
(a) Flexãopurapura

(b) Cisalhamento puro


(b) Cisalhamento
Cisalhamento
(b) Cisalhamento
(b) puro
puro

(c) Flexo-cisalhamento
(c) Flexo-cisalhamento
(c)(c) Flexo cisalhamento
Flexo-cisalhamento

(d) Ancoragem
(d)Ancoragem
(d) Ancoragem
(d) Ancoragem
Figura 24 –Modos de falha em lajes alveolares (ARAUJO; LORIGGIO; DA CAMARA, 2011;
Figura243.1:
Figura Padrão
–Modos dede fissuração
falha característico
em lajes para os modos
alveolares (ARAUJO; de falha DA
LORIGGIO; em CAMARA,
vigas de con-
2011;
Figura –Modos WALRAVEN;
de falha em lajes MERCX,
alveolares 1983) LORIGGIO; DA CAMARA, 2011;
(ARAUJO;
creto24armada e protendido WALRAVEN; MERCX, 1983)
WALRAVEN; MERCX, 1983)

30
3.2 Estado limite último de flexão
Os trabalhos de Leutbecher e Fehling (2013) e Fehling et al. (2014) desenvolvem
equações para o dimensionamento no estado limite último flexional (ELU-F) de elemen-
tos de UHPC e UHPFRC. Assim, estes trabalhos serão utilizados como base teórica da
presente seção.
A deformação última de compressão do UHPFRC é calculada conforme as prescrições
da Associação Francesa de Engenharia Civil (AFGC, 2013) (Eq. 3.1), devendo ser sempre
maior que 3,5‰:

cud = 1 + 14(fctm /fcm )c0d > 3, 5‰ (3.1)

A distribuição de tensões e deformações para uma seção transversal retangular solici-


tada por força axial (Nsd ) e momento fletor (Msd ) quando atingida a situação de estado
limite último é apresentada pela Fig. 3.2. Neste sentido, conhecido o comportamento a
compressão e tração (i.e., curvas σc -  e σcf - w, vide anexo II), faz-se necessária ainda a
adoção das seguintes hipóteses:

• Hipótese de Bernoulli: seção plana permanece plana após a deformação;

• Distribuição triangular de tensões de compressão: distribuição triangular de tensões


com valor máximo na borda comprimida de fcd ;

• Resistência a tração do concreto: diferentemente do concreto convencional, a resul-


tante de tração do concreto reforçado com fibras (Ff d ) não é desprezada, podendo
ser parabólica (como na Fig. 3.2.a) ou ainda simplificadamente retangular (como
na Fig. 3.2.b);

• Distribuição de tensões de tração: as tensões de tração no concreto são distribuídas


pelas fibras;

• Profundidade de tração: A profundidade de tensão de tração é relacionada direta-


mente ao diagrama de tensão x abertura de fissura (σcf - w), onde pela hipótese
de Bernoulli pode-se estabelecer que a abertura da fissura (w) varia linearmente em
relação a altura da viga (h), e assim, por meio de σcf - w pode-se estabelecer a
profundidade em que a tensão de projeto da fibra (σcf,0d ) atua;

31
a altura da viga (h), e assim, por meio de cf - w pode-se estabelecer a pro
que a tensão de projeto da fibra (σ , ) atua;

Fcc Fcc
x
53 x

0,90(h - x)
0,56(h - x) 0,55(h - x)
F Fft
a altura da viga (h), e assim, por meio de Fcf - w pode-se estabelecer a profundidade
F em ft


p p

que a tensão de projeto da fibra (σ , ) atua; cf,0d  cf,0d

(a) Distribuição de tensões parabólica


(a) Parabólica (b) retangular equivalente (c) Compa
c,2 =  c,u
Fcc Fcc
x
x
53 (a e b) e deformações (c) em uma seção transversa
Figura 27 - Distribuição de tensões
x

(Fehling et al. (2014)


0,90(h - x)

0,56(h - x) 0,55(h - x)
Fft d-x
por meio
F de cfF- w pode-seEm que: x é a aposição
estabelecer
ft da linha neutra; Fcc é a força resultante do concreto comp
F profundidade em
p
p p

em 1/3 da borda superior; Fft é a força resultante de tração no concreto, agindo n


bra (σ , ) atua;
 cf,0d  cf,0d
parábola; Fst é a força resultante das armaduras, agindo no centroide das mesma
(b) Distribuição de tensões retangular
Considerando a distribuição parabólica de tração com abertura de fissu
(a) Parabólica (b) retangular equivalente (c) Compatibilidade
c,2 = c,u
obtém-se a resultante de tração do concreto conforme a Equação (13), tendo se
Fcc
x
ura 27 - Distribuição de tensões (aaplicação a distância(c) de
em0,56 (h - x)transversal
a partir da linha neutra. Por outro lado, c
x
e b) e deformações uma seção retângular
(Fehling et al.
distribuição (2014) equivalente simplificada, sua resultante é dada pela Equa
retangular
0,90(h - x)

- x) tendo0,55(h
o centroide
- x) de aplicação em 0,55 (h – x) distante da linha neutra. Quando
d-xFft
: x é a posição da linha neutra; Fcc é a força
Equações
resultante do concreto comprimido, agindo
(13) e (14), nota-se que a distribuição retangular além de ser simplifi
Fp
p
da borda superior; Fft é a força resultante
erro de tração
relativo inferior no concreto,
à 2,5%, agindo satisfatório
valor bastante no centroide da aplicações de dim
para
 cf,0 d
a; Fst é a força resultante das Portanto,
armaduras, agindo no centroide
a distribuição
(c) de das
de tensões
Compatibilidade mesmas.
de tração no concreto será tratada simplifica
deformações
Considerando a distribuiçãoretangular.
parabólica de tração com abertura de fissura de w = w0,
(b) retangular
Figuraequivalente
3.2: Dimensionamento(c)deCompatibilidade
flexão em uma seção transversal retangular. Fonte:
se a resultante de et
Fehling tração do concreto conforme a Equação (13), tendo seu centroide de
al. (2014) Fft  0,83(h  x)b cf 0d (
ão
a eab)distância de 0,56
e deformações (c) (h
em-uma
x) aseção
partirtransversal
da linha neutra. Por outro lado, considerando a
retângular
(Fehling et al. equivalente
(2014) ft F  0,81(h  x)bcf 0d (
ição retangular simplificada, sua resultante é dada pela Equação (14),
centroide de Na Fig. 3.2:
aplicação em x0,55
é a (h
posição da linha da
– x) distante neutra; cc é a força
linha Fneutra. Quandoresultante do concreto
comparadas as
ra; comprimido,
Fcc éea(14),
forçanota-se agindodo
resultante emconcreto
Em 1/3 da
que: h éborda superior;
acomprimido,
altura xf tééa aprofundidade
da viga;Fagindo força resultante de tração
da linha nob é a espessura d
neutra;
es (13) que a distribuição retangular além de ser simplificada apresenta
concreto, agindo no centroide da parábola; Fst é a força resultante das armaduras, agindo
ça resultante a tensão de projetono
dacentroide
fibra, calculada
da pela Equação (12);
ativo inferior àde2,5%,
tração
no centroide no
valor
das concreto, agindo
bastante satisfatório
mesmas. para aplicações de dimensionamento.
Quanto a resistência de compressão (Fcc), esta pode ser determinad
o,armaduras, agindo
a distribuição no centroide
de tensões dasnomesmas.
de tração concreto será tratada simplificadamente como
Equação (15). Já a força aplicada pela cordoalha ou cabo de protensão Fst é obti
o parabólica de tração com abertura de fissura de w = w0,
lar.
32
concreto conforme a Equação
F  (13),
0,83(htendo
 x)bseu
 centroide de ft cf 0d (13)
Considerando a distribuição parabólica de tração, obtém-se a resultante de tração
do concreto conforme a Equação 3.2, tendo seu centroide de aplicação a distância de
0, 56(h − x) a partir da linha neutra. Por outro lado, considerando a distribuição retan-
gular equivalente simplificada, sua resultante é dada pela Equação 3.3, tendo o centroide
de aplicação em 0, 55(h–x) distante da linha neutra. Quando comparadas as Equações
3.2 e 3.3, nota-se que a distribuição retangular além de ser simplificada apresenta erro
relativo inferior à 2,5%, valor bastante satisfatório para aplicações de dimensionamento.
Portanto, a partir deste ponto, a distribuição de tensões de tração no concreto será tratada
simplificadamente como retangular.

Ff t = 0, 83(h − x)bσcf 0d (3.2)

Ff t = 0, 81(h − x)bσcf 0d (3.3)

Em que: h é a altura da viga; x é a profundidade da linha neutra; b é a espessura da viga;


σcf,0d é a tensão de projeto da fibra, calculada pela Equação 9.6;
Quanto a resistência de compressão (Fcc ), esta pode ser determinada conforme a Equa-
ção 3.4. Já a força aplicada pela cordoalha ou cabo de protensão Fst é obtida conforme a
Equação 3.5, que se relaciona diretamente com a lei constitutiva para o aço de protensão.

Fcc = 0, 50bxfcd (3.4)

Fst = As σs (3.5)

A partir das Equações 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5, pode-se estabelecer o equilíbrio de forças e
momentos para a seção transversal retangular, conforme as Equações 3.6 e 3.7, respectiva-
mente. Da compatibilidade de deformações apresentada na Figura 3.2.c, pode-se obter a
deformação nas armaduras e concreto (i.e., st e cc ), conforme a semelhança de triângulos
obtida pela Equação 3.8:

ΣF = 0 = Nsd + Fcc − Ff t − Fst (3.6)

ΣM = 0 = +Msd − Fcc .(d − x/3) + Ff t. (d − 0, 45x − 0, 55x) (3.7)


cc st
= (3.8)
x d−x
Assim, será possível a determinação do momento resistente da seção transversal de
UHPFRC, bem como a quantidade de armadura de protensão necessária a partir do
desenvolvimento realizado acima. Portanto, o problema mecânico se resume em efetuar
o equilíbrio de momentos na armadura ativa, sendo que neste ponto deve-se igualar o
momento solicitante de cálculo ao resistente, resolver a equação em termos de x obtendo

33
a profundidade da linha neutra e domínio da peça (vide Fig. 3.3). Posteriormente,
calculam-se os valores de Fcc e Ff t . Por meio de uma lei constitutiva obtém-se a tensão,
e consequentemente, a força nas armaduras (i.e. σs,t e Fst ). Após σs,t e Fst o cálculo de
área de armadura de protensão necessária (Ast ) é direto.

Alongamento LN Encurtamento
ecud
A s’ bx2,3
3
reta A

4
1 2
5
As reta B

10 ‰ eyd

Figura 3.3: Domínios de deformação (Fonte: ABNT NBR 6118:2014, (ABNT, 2014))

Analogamente ao que foi desenvolvido para a seção retangular, o dimensionamento


de uma seção I segue o mesmo procedimento supracitado. Neste sentido, a Figura 3.4
apresenta a distribuição das deformações e tensões em uma seção transversal de viga I
constituída de UHPFRC, quando atingido o ELU. Cabe salientar, que neste caso, diferen-
temente da seção transversal retangular, o parâmetro b varia em relação a profundidade
da linha neutra (i.e., b(x)), e portanto, passa a ser considerada esta variação de espes-
sura no cálculo . As Equações 3.9, 3.10 e 3.11 apresentam as relações de equilíbrio e
compatibilidade aplicadas para seções I:

Z Z
0, 50.x.fcd .b(x).(d − x/3).dx − (0, 81.(h − x).b(x).σcf 0d )...

.(d − 0, 45x − 0, 55h).dx = Msd (3.9)


w w
Fst = Nsd + (0, 50.b(x).x.fcd ).dx − (0, 5.b(x).x.fcd ).dx (3.10)
cc st
= (3.11)
x d−x

34
(a) Detalhe viga X

Deformações Tensões
c,2 = c,u fcd
F cc
x x

d-x F ft d-x
 st
Fst
A sp f,0 d

Figura 3.4: Dimensionamento


(b) Distribuição de uma
de deformações e tensões naseção
viga X.I

Figura 30 – Dimensionamento da viga X

As validações das equações de dimensionamento ao ELU-F são apresentadas no anexo


 0,50 x  f  b(x)  (d  x / 3)  dx  (0,81 (h  x)  b(x) 
cd
III do presente trabalho.
cf 0d )  (d  0,45 x  0,55 h)  dx  M Sd (20)

stF  N  (0,50 b(x)  x f )  dx 0,50 b(x)  x f   dx


Sd  cd  cd (21)
3.3 Estado limite último de força cortante
p  
A metodologia para se verificar oc,Estado
2
 limite último de cisalhamento (ELU-C), será
x d  x (22)
de acordo com as prescrições da norma da Associação de Engenharia Civil Francesa, que
padroniza o cálculo de estruturas de UHPFRC neste país (AFGC, 2013).
Assim, a força máxima de cisalhamento que uma seção transversal suporta (VSd,max ),
5.5.3 Cortante
é dado pela Eq. 3.12. Da equação, observa-se a influência de três parcelas à saber: Vc é
aSegundo
parcela aresistente
Sociedadedo concreto, atrelada às fibras
Japonesa Vdef d Engenheiros civis e V(JAPAN
sw à armadura transversal.
SOCIETY OF CIVIL
ENGINEERS, 2008), a capacidade resistente de força cortante para um elemento de UHPFRC
V = Vc + Vf d + Vsw (3.12)
é de acordo com a Equação (23): Sd,max
A parcela de Vc , é calculadaV conforme
 V Va Eq.
V 3.13:
V (23)
yd cd sw fd ped

0, 24.k 2/3
Vc = .f bw Z (3.13)
γc γc0 ck
Em que: k é fator que leva em conta o estado de tensão na peça, obtido pela Eq. 3.14;bw
é a largura da alma da seção, no caso da seção I é tomado igual a espessura; e Z é o
quociente entre a inércia bruta e o momento estático (i.e., Z = I/Q); fck é a resistência
característica de compressão do UHPFRC;

3 σcp σcp > 0
k= fck
(3.14)
0, 7 σcp σcp < 0
fctk

35
E ainda: σcp é a tensão pré aplicada na peça de concreto, positiva para compressão
(protensão) e negativa para a tração; fctk é a resistência à tração do UHPFRC;
A parcela de resistência da fibra, é determinada conforme a Eq. 3.15:

Af v σRd,f
Vf d = (3.15)
tanθ
em que: Af v é a área em que a fibra trabalha no cisalhamento, dada por Z.bw ; Z é
o momento estático da seção transversal e bw a base da seção transversal que resiste ao
cisalhamento; σRd,f é a integral do diagrama de tensão abertura de fissuras, até a abertura
de fissura máxima (wmax ), conforme a norma francesa e dado conforme a Eq. 3.16; K é um
fator que leva em consideração o efeito parede, geralmente dado por K = 1,25, segundo
Lim e Hong (2016); e θ é o ângulo da biela, geralmente entre 30º e 45º.
Z
1
σRd,f = σf (w).dw (3.16)
Kγf wlim wlim

A AFGC estipula valores de wmax entre 0,1 mm à 0,3 mm. Neste sentido, utilizou-se um
valor de wmax = 0, 3 mm para se integrar o diagrama σ − wlim equivalente obtido pela
lei de tensão-deformação proposta por Krahl, Carrazedo e Debs (2018) e obter o valor de
σRd,f = 5M P a.
Cabe salientar que as vigas I do presente trabalho não contém estribos, e assim, a
determinação de Vsw será suprimida, podendo ser obtida na normativa da Associação de
Engenheiros Civis Francesa (AFGC, 2013).

3.4 Índice de Ductilidade


Ductilidade é a capacidade do material ou peça se deformar antes da ruptura (CAL-
LISTER, 2000). Assim, além da resposta força x deslocamento, outro parâmetro impor-
tante para a caracterização de medida de desempenho de peças fletidas é a ductilidade.
A ductilidade é representada por meio de índices, com valores numéricos adimensionais
que visam expressar a capacidade de deformação dos elementos estruturais antes que a
ruptura ocorra, de modo a se controlar os parâmetros que possam garantir uma ruptura
dúctil garantindo maior segurança aos usuários. O índice de ductilidade em deslocamento
µ4 é determinado em relação ao deslocamento, conforme a Eq. 3.17 (SINGH et al., 2017).
O índice de ductilidade em relação à curvatura é dado pela Eq. 3.18 (ZOU, 2003).

4u
µ4 = (3.17)
4y

36
Φu
µΦ = (3.18)
Φy

Em que: 4u é o deslocamento último observado no diagrama de força deslocamento; 4y é


o deslocamento onde se observa o escoamento das armaduras;
Outra forma para se determinar a ductilidade em um processo de ruptura de uma
viga é em termos energéticos. Assim, o índice de ductilidade energético proposto por
Naaman e Jeong (1995) aborda a ductilidade para um comportamento elasto-plástico
perfeito, conforme demonstrado na Fig. 3.5 e cujo índice de ductilidade energético (µe )
é determinado pela relação entre energia total (Etot ) e energia elástica (Eel ), conforme a
dedução das Eqs. 3.19, 3.20, 3.21, resultando na Eq. 3.22.

Eel
Etot

Dy Du D
Figura 3.5: Relação entre energia total e elástica Naaman e Jeong (1995)

P 4y
Etot = (4u − 4y) P + (3.19)
2

P 4y
Eel = P 2 /K = (3.20)
2

P 4y
Etot (4u − 4y) P 24u 24y
= P 4y
+ 2
P 4y
= − +1 (3.21)
Eel 2 2
4y 4y
 
4u 1 Etot
= µe = +1 (3.22)
4y 2 Eel
Em que: Eel é dado por Eel = P 2 /K, sendo K a inclinação inicial do diagrama de
força deslocamento; Etot é a energia total dissipada no ensaio de flexão; 4u e 4y são
respectivamente a flecha última e flecha onde ocorre a violação do regime elástico;
A Fig. 3.6 apresenta a metodologia para se obter o valor da rigidez K do diagrama
de força deslocamento de uma estrutura de concreto armado ou protendido (MOUSA

37
et al., 2019; WANG; BELARBI, 2011; ZDANOWICZ; KOTYNIA; MARX, 2019), onde
K é a média dos coeficientes angulares Kn , dado pelos segmentos de reta que compõem o
diagrama de força deslocamento de 0 até 0, 75Fult , conforme a metodologia adotada por
Araújo (2002).
A vantagem do índice de Naaman e Jeong (1995) é a formulação baseada em termos
da energia elástica e total. Esta formulação energética é aplicável para vigas protendidas
e armadas(ZOU, 2003), e foi amplamente utilizada por muitos autores para avaliação do
comportamento de flexão de vigas de concreto armado e protendido (LI, 2018; ZHOU;
XIE, 2019; MAGHSOUDI; MAGHSOUDI, 2019). Li (2018) avaliou o comportamento
de flexão para vigas de concreto de alta resistência contendo vergalhões de polímero re-
forçado com fibra de basalto (BFRP) e fibras de aço. Zhou e Xie (2019) avaliaram o
comportamento de vigas retangulares pós-tracionadas reforçadas por fibra de carbono
(CFRP-UPT). O estudo de Maghsoudi e Maghsoudi (2019) avalia o comportamento nu-
mérico e experimental de vigas T protendidas de concreto de alta resistência alto adensável
(HSSCC) sujeitas à carregamento de flexão. Os autores demonstram que, para os casos
estudados, o índice de ductilidade energético apresenta maior consistência nos resultados
quando comparado ao índice de ductilidade em deslocamento. Portanto, o presente traba-
lho utiliza o índice de ductilidade energético proposto por Naaman e Jeong (1995), para
se avaliar a ductilidade das vigas I protendidas numéricas e experimentais.

F
Fult
0,75.Fult
Kn

K
K3
Eel

K2
K1

Figura 3.6: Obtenção da rigidez. Fonte: Mousa et al. (2019), Wang e Belarbi (2011) e
Zdanowicz, Kotynia e Marx (2019)

38
3.5 Concrete damage plasticity (CDP)
A não linearidade do concreto pode ser tratada por diferentes modelos, por exemplo,
modelos de dano elástico não linear, elasto-plástico e dano elasto-plástico. Os modelos de
dano elástico não linear e elasto-plástico simulam de forma satisfatória o ramo ascendente
da curva tensão deformação do concreto sob carregamento monotônico. No entanto,
quando se consideram carregamentos cíclicos, estes não são capazes de prever com exatidão
o comportamento do material, que apresenta simultaneamente acúmulo de deformações
plásticas e degradação do módulo de elasticidade.
Uma alternativa capaz de representar este comportamento é o modelo de dano elasto-
plástico. Dos modelos de dano elasto-plástico destaca-se o Concrete Damage Plasticity
(CDP), que descreve simultaneamente os processos irreversíveis de deformação plástica e
a diminuição da rigidez (danos) no concreto, agregando hipóteses da mecânica do dano
acoplado à plasticidade (GRASSL; JIRÁSEK, 2006; LUBLINER et al., 1989; LEE; FEN-
VES, 1998).
O CDP admite dois mecanismos de falha à saber: (i) Ruptura de tração e (ii) Esma-
gamento na compressão. Fissuras e microfissuras são representadas macroscopicamente
como um amolecimento no diagrama de tensão-deformação. A degradação da rigidez das
propriedades elásticas é caracterizada por duas variáveis de dano a saber: dt que é o dano
de tração e dc , que é o dano de compressão. Nesta abordagem, o comportamento do
concreto é considerado como independente das armaduras.
A Figura 3.7a apresenta o comportamento de tração típico do CDP. Já a Figura 3.7b
apresenta a resposta de compressão uniaxial aplicavél ao CDP.

39
s
st,0

E0

)E
0

-d t
(1

et,pl et,el et

(a) Comportamento de Tração

s
sc,u
sc,0

E0
)E
0

-d t
(1

ec,pl ec,el ec

(b) Comportamento de compressão

Figura 3.7: Lei constitutiva do CDP

Em que: t,pl e c,pl são respectivamente as deformações plásticas na tração e com-


pressão; t,el e c,el são as deformações elásticas na compressão e tração; E0 é o módulo
de elasticidade inicial; d é o índice de dano; σt é a máxima tensão de tração no limite
elástico; σc,0 é o limite de elasticidade na compressão uniaxial; σc,u é a máxima tensão de
compressão uniaxial.
Cabe salientar que a hipótese de equivalência em deformações pode ser escrita con-
forme a Eq. 3.23. Além disso, a deformação inelástica (in ) é composta por parcela
plástica (pl ) e de dano (dan ), conforme a Eq. 3.24. A deformação plástica é segundo a
Eq. 3.25:

 = el + in (3.23)

in = pl + dan (3.24)

d σ
pl = in − (3.25)
(1 − d) E0
Em que: d é o índice de dano (dt ou dc );  é a deformação total; pl são as deformações

40
plásticas; E0 é o módulo de elasticidade intacto do concreto. el são as deformações
elásticas; in são as deformações inelásticas; σ é a tensão do concreto, seja na compressão
ou tração;
Posteriormente, pode-se estabelecer a lei constitutiva que correlaciona o tensor de
tensão generalizada de Cauchy (σ) e as deformações plásticas (pl ), de acordo com a Eq.
3.26: .

σ = (1 − d)E0 : ( − pl ) = Eel : ( − pl ) (3.26)

Em que: Eel é o módulo de elasticidade danificado, dado por: Eel = (1 − d)E0 ;


O modelo de plasticidade é composto pelo potencial plástico e pela superfície de plas-
tificação. O potencial de plastificação assume um fluxo não associativo. A lei de fluxo
é associativa quando o potencial plástico é coincidente com a função de plastificação, e
é não-associativa no caso contrário. O potencial plástico G usado para este modelo é a
função hiperbólica Drucker e Prager (1952), conforme a Eq. 3.27:
:
q
G = (mσt0 tanΨ)2 + q̄ 2 − p̄.tanΨ − fc (3.27)

Em que: Ψ é o ângulo de dilatação medido no plano meridional; σt0 é a tensão de tração


no estado uniaxial; m é a excentricidade, que define o quanto a função se aproxima da
assíntota (valor padrão 0.1); p̄ é a tensão hidrostática; q̄ é a tensão efetiva de Mises; fc é
a resistência uniaxial de tração ou de compressão do concreto.
A função de plasticidade do CDP foi desenvolvida por Lubliner et. al (LEE; FENVES,
1998; LUBLINER et al., 1989), e é de acordo com a Eq. 3.28:

1 
p ) σ̂ max − γ −σ̂ max − σ c (e
p ) = 0 (3.28)

f (σ, κ) = q̄ − 3αp̄ + β (e
1−α

Em que: q̄ = 3/2.S̄ : S̄ é a tensão efetiva equivalente de Von Mises; p̄ = −1/3σ̄ : I é o


p

tensor de tensão hidrostático; e σc é a tensão inicial de escoamento na compressão.


A tensão σmax
ˆ é algebricamente o maior autovetor do tensor de tensão e κ representa as
variáveis de dano que são diferentes na tração e compressão (i.e., dt ou dc ). Os parâmetros
admensionais α, β e γ são constantes que dependem de resultados experimentais.
Estes parâmetros são ativados pela função de resistência, de acordo com o operador
das condições de Macaulay, i.e., hxi = (|x| + x) /2. Em que:

41
(
σ̂ max se σ̂ max ≥0,β é introduzido
σ̂ max = (3.29)
0 se σ̂ max <0

(
σ̂ max se σ̂ max ≤0, γ é introduzido
ˆ max
−σ = (3.30)
0 se σ̂ max >0

O parâmetro β é baseado na lei de encruamento/amolecimento de Lee e Fenves (1998),


de acordo com a Eq. 3.31:

fc0 (epc )
p
β(c ) = (1 − α)
e − (1 + α) (3.31)
ft (epc )

A Equação 3.32 apresenta o parâmetro α, que é obtido entre a relação da tensão de


escoamento uniaxial e biaxial, de acordo com a Eq. 3.32:

fbc0 /fc0 − 1
α = (3.32)
2fbc0 /fc0 − 1

A Eq. 3.33 determina o parâmetro γ, que depende de Kc , uma constante que governa
o espaçamento entre os meridianos de compressão e tração e a superfície de ruptura do
plano desviatíório. Os valores limites para Kc estão entre 0,5 e 1.

3(1 − Kc )
γ = (3.33)
2Kc − 1

A regra de fluxo plástico de Prandl-Reuss determina a relação entre a direção da


deformação plástica e a taxa de deformação plástica, de acordo com a Eq. 3.34:

δG
pij = λ (3.34)
δσij

Em que: λ é o multiplicador plástico; e G é a função de Drucker-Prager, adotada para a


representação da evolução do potencial plástico.
Os valores de fc e ft são as resistências uniaxiais de tração e compressão do concreto,
respectivamente. A função de potencial plástica é comumente representada no plano p-q,

42
onde p é o plano de tensão hidrostática e q é a tensão equivalente de Von Mises.
Sobre a aplicação do CDP ao UHPFRC, podem ser citados os trabalhos de Graybeal
(2008) e Singh et al. (2017), que representaram com sucesso o comportamento de vigas
protendidas e armadas de UHPFRC submetidas a carregamento monotônico. Por sua
vez, Krahl, Carrazedo e Debs (2018) indicam os valores de Ψ, m, fc,0 /fb,c0 e Kc , conforme
a Tabela 3.1:

Tabela 3.1: Parâmetros de plasticidade

Parâmetro Valor
Ψ 55
m 0,1
fc,0 /fb,c0 1,07
Kc 0,666

3.6 Modelo constitutivo para o UHPFRC


O modelo constitutivo de tração utilizado para representar o comportamento do
UHPFRC foi desenvolvido por Krahl, Carrazedo e Debs (2018), utilizado para se analisar
a instabilidade de içamento para vigas de UHPFRC. Portanto, a lei constitutiva de Krahl,
Carrazedo e Debs (2018) é conforme a Fig. 3.8 e Eq. 3.35:

s
(scr, ecr)
(sp, ep)

Ponto de inflexão

Ip

su
Wt (Energia total)

e
Figura 3.8: Lei constitutiva analítica para o UHPFRC

43
−2(−pico )
Wt
(3.35)
2
σt () = p e Ip

Ip π/2
Em que: Wt é a energia de deformação; Ip é a deformação de inflexão;  é a deformação
total; pico é a deformação observada no pico;
Por sua vez, para o comportamento de compressão do UHPFRC foi utilizado o modelo
de Carreira e Chu (1985), apresentado conforme as Eqs. 3.36 e 3.37. Cabe salientar que
o modelo proposto por Carreira e Chu (1985) foi utilizado com sucesso nas análises de
instabilidade de vigas esbeltas de UHPFRC (KRAHL; CARRAZEDO; DEBS, 2018).
 
k1 β 0
σ = σ0  (3.36)
 
 k2 β 

k1 β − 1 + 0

1
β= σ0 (3.37)
1− 0 Ec0

A escolha da lei de dano deve levar em conta o tipo de concreto. Uma lei clássica de
evolução do dano na tração e compressão (i.e., dt e dc ) é conforme a metodologia proposta
por Birtel e Mark (2006), Equações 3.38 e 3.39:

σt E −1
dt = 1 − c
(3.38)
pl −1
t (1/bt − 1) + σt E c

σc E −1
dc = 1 − c
(3.39)
pl −1
c (1/bc − 1) + σc E c

Em que: σc e σt são as tensões de compressão e tração no concreto; bc e bt são parâmetros


de calibração entre 0 e 1, onde trata-se da relação proporcional entre as deformações
pl pl
inelásticas e plásticas, i.e., bt = t
in
e bc = c
in
; Ec é o módulo de elasticidade do material
t c
intacto;
Por sua vez, Yang et. al (YANG; KIM, 2012; YANG; JOH; KIM, 2010) propõem uma
lei de dano simplificada para a tração do UHPFRC submetido a carregamento monotônico
(Eq. 3.40):

σi
dt = 1 − (3.40)
fct

44
Em que: σi é a tensão de tração no pós pico; fct é a tensão de pico de tração;

3.7 Considerações finais


Nesta seção, foram abordados os conceitos para projeto e simulação numérica de
seções protendidas de UHPFRC. Os conceitos abordados nesta seção serão amplamente
aplicados nos subsequentes capítulos 5, e 8.

45
46
Capítulo 4

Caracterização experimental do
UHPFRC

Nesta seção, serão apresentados os procedimentos de produção de corpos de prova


de UHPFRC e os ensaios de caracterização para o material utilizado na pesquisa. Cabe
salientar que os resultados apresentados nesta seção foram obtidos no esforço de pesquisa
conjunto com Krahl (2018), onde objetivou-se a caracterização extensiva do comporta-
mento do UHPFRC em situações intactas e danificadas (GIDRÃO; KRAHL; CARRA-
ZEDO, 2018; KRAHL; GIDRÃO; CARRAZEDO, 2018b,a, 2019; GIDRÃO; KRAHL;
CARRAZEDO, 2020), utilizando para tanto ensaios mecânicos tradicionais e não destru-
tivos. Ao final do capítulo, uma discussão baseada em microscopia eletrônica de varredura
(MEV) é efetuada.
A identificação do dano por ensaios não destrutivos se faz necessária, pois ensaios
similares serão (i.e., dinâmico de impacto e ultrassonografia) aplicados para as análises
entre ciclos efetuadas nas vigas protendidas em escala real (capítulos 5 e 7).

4.1 Metodologia
Esta seção trata da metodologia utilizada para obter resultados experimentais de
caracterização de corpos de prova prismáticos e cilíndricos de UHPFRC, submetidos à
carregamento de flexão e compressão uniaxial.

4.1.1 Proporções de materiais, processo de moldagem e cura


O UHPFRC foi misturado com consumo de 768 kg/m³ de cimento Portland tipo
CPV ARI, 192 kg/m³ de sílica ativa (superfície específica de 20000 m²/kg e densidade de
2220 kg/m³), 844 kg/m³ de areia fina com granulometria menor que 0,42 mm, 384 kg/m³

47
de pó de quartzo (densidade de 2670 kg/m³), 69 kg/m³ de superplastificante à base de
policarboxilato (ADVA - 585, com densidade de 1060 kg/m³) e 154 kg/m³ de água. A
Figura 4.1 apresenta a distribuição granulométrica dos constituintes da mistura:
As figuras 4.2.a, b e c e d apresentam as partículas de cimento, sílica ativa, areia e
pó de quartzo, respectivamente. A forma das partículas influencia a trabalhabilidade da
mistura fresca e, consequentemente, a densificação e homogeneidade da matriz endurecida.
Na Figura 4.2, pode-se observar que a sílica ativa e a areia fina são as partículas que mais
contribuem para a fluidez da mistura devido à sua forma arredondada.

1 0 0

8 0
p a s s a n te (% )

6 0
P o rc e n ta g e m

4 0

2 0 M a te ria l
A re ia
P ó d e Q u a rtz o
0 C im e n to
S ílic a a tiv a

0 ,1 1 1 0 1 0 0

T a m a n h o d a p a r t í c u l a ( µm )

Figura 4.1: Distribuição granulométrica do UHPFRC

48
(a) Cimento (b) Sílica ativa

(c) Pó de Quartzo (d) Areia industrial

Figura 4.2: Tamanho das partículas

A Figura 4.3 mostra os resultados de uma análise da Espectroscopia de Energia Dis-


persiva, utilizada para determinar os constituintes da fibra. A análise detectou 66,2% de
ferro (Fe), 22,05% de cobre (Cu) e 11,80% de zinco (Zn).

Counts
3000
Fe

2000

Cu

Zn
1000 Zn
Fe

Fe Cu Cu
Cu Zn
Zn
0
0 2 4 6 8 10
Energy (keV)

(c)
113 Figura
Figure 4 4.3: Composição
– (a) global view of the fiber,química dasof the
(b) rough surface fibras metálicas
fiber, and (c) dispersive
114 energy spectroscopy of the fiber surface
115 The mixing of UHPFRC was made in a high shear pan mixer. First, all dry components, except

116 for the fibers, were mixed for 5 minutes until the attainment of a homogeneous mixture. Then, water

117 and superplasticizer were added, and the concrete was mixed for an additional 10 minutes to get the

118 desired workability. Finally, steel fibers were included, and the concrete was mixed for 5 more

119 minutes to distribute the fibers. Then, the cylindrical specimens were cast on a vibrating table, and

120
49
after one day, it was stored in a moist chamber for 28 days. Following this, the samples were

121 submerged in water for heat treatment for seven days at 70ºC. Three specimens were cast for each
Cinco volumes de fibra diferentes (i.e., 1%, 1,5%, 2%, 2,5% e 3%) foram considerados
para a produção de UHPFRC. Foram utilizadas fibras de aço revestidas de cobre com
13 mm de comprimento e 0,2 mm de diâmetro. As fibras têm uma resistência à tração
de 2850 MPa e módulo de elasticidade de 200 GPa, parâmetros estes fornecidos pelo
fabricante. A Figura 4.4.a e b apresenta a microscopia eletrônica de varredura (MEV) de
uma extremidade da fibra e uma vista mais próxima de sua superfície.

(a) (b)

Figura 4.4: MEV da fibra

A camada de cobre sobre a fibra melhora a interação entre a fibra-matriz, aumentando


a rugosidade da superfície e, consequentemente, as tensões de atrito que aparecem com o
aumento de tensão na matriz. A interação fibra-matriz tem uma influência fundamental
na formação de fissuras, e consequentemente nas propriedades estudadas.
A produção do UHPFRC neste trabalho foi realizada considerando o seguinte proce-
dimento:

1. Inicialmente todos os componentes secos, exceto as fibras, foram misturados por três
minutos em um misturador de alta energia (argamassadeira) até que uma mistura
homogênea fosse obtida;

2. Em seguida, água e superplastificante foram adicionados e o concreto foi misturado


por mais dez minutos para obter a trabalhabilidade desejada.

3. Foram incluídas fibras de aço e o concreto foi misturado por mais cinco minutos
para obter uma distribuição homogênea das fibras.

4. Efetuou-se a moldagem uma mesa vibratória para melhorar a densificação.

50
5. Após 1 dia do processo de moldagem, todas as amostras são retiradas das formas e
armazenadas em câmara úmida por 28 dias.

Nove amostras cilíndricas de dimensão 50 mm x 100 mm foram moldadas para


cada volume de fibra, destas, seis foram testadas na taxa de deformação quase-estática
monotônica e três foram submetidos à evolução dos danos.
Além disso, quatro prismas com dimensões de 40 mm x 40 mm x 160 mm com volume
de fibra constante de 2% foram moldados com objetivo de avaliação do comportamento à
flexão de 3 pontos. Optou-se por utilizar somente o valor de 2% para esta análise devido
ao número reduzidos de formas 40 mm x 40 mm x 160 mm existentes no laboratório
(apenas 6).

4.1.2 Carregamento uniaxial


Os testes de compressão foram realizados nos corpos de prova cilíndricos com di-
âmetro de 50 mm e comprimento de 100 mm. Desta etapa, obtiveram-se o módulo de
elasticidade tangente inicial, resistência à compressão, tenacidade e resistência residual.
O teste foi realizado sob controle de deslocamento em uma máquina servo-hidráulica uni-
versal com capacidade de carga máxima de 1500 kN e controle de deslocamento em taxa
de 0,001 mm/s. Dois transformadores diferenciais variáveis lineares axiais (LVDTs) e
dois medidores de clipe (clipgage) foram usados para medir o deslocamento. Os LVDTs
mediram o deslocamento entre as placas de aço na situação pós pico (comprimento de
bitola de 100 mm) e os clipgage mediram a deformação em 50 mm das amostras no ramo
pré pico, conforme mostrado na Figura 4.5a. O deslocamento foi aplicado a uma taxa de
0,005 mm/s nos testes monotônicos e cíclicos. A Figura 4.5b apresenta os valores típicos
de força deslocamento usados para induzir o dano em amostras com Vf = 2%. A etapa
de descarga foi realizada após o atingimento de valores preestabelecidos de deslocamento
de 5 mm, 7,5 mm para o ramo que antecede o pré-pico e 25 mm e 45 mm para o ramo
pós-pico. Ao final de cada ciclo de carregamento, as amostras eram descarregadas e re-
movidas da máquina de teste para se realizar os ensaios não destrutivos de ultrassom e
ensaio acústico. A fim de não se danificar os clipgages, estes foram retirados no último
ciclo pré pico.

51
3 0 0 V = 2 %
f

2 5 0
2 oc ic lo
2 0 0

F o rç a (k N )
1 5 0 1 oc ic lo

1 0 0

5 0

0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0
D e s lo c a m e n to d o L V D T (m m )

(a) Esquema para ensaio (b) Força deslocamento característico

Figura 4.5: Ensaio de compressão simples para uma amostra de Vf = 2%

4.1.3 Ensaio de flexão a três pontos


As amostras prismáticas com Vf = 2 foram submetidas a ensaio de flexão monotônica
em 3 pontos conforme a Fig. 4.6a, na mesma prensa utilizada no ensaio de compressão
uniaxial (item 4.1.2). Um sensor LVDT foi posicionado no meio do vão da amostra
para obter os valores de deslocamento em relação à carga aplicada no prisma, A Fig. 4.6b
apresenta o diagrama de força deslocamento das quatro amostras ensaiadas. Deste ensaio,
obteve-se a resistência à flexão e tenacidade do UHPFRC.

52
Prato
metálico

Apoio
metálico

LVDT

(a) Esquema de ensaio de flexão em 3 pontos

C P 1
1 0
C P 2
C P 3
8
C P 4
F o rç a (k N )

0
0 1 2 3 4 5 6
D e s lo c a m e n to n o m e io d o v ã o (m m )

(b) Curva força x deslocamento do ensaio de 3 pontos

Figura 4.6: Ensaio de flexão em três pontos

4.1.4 Ensaio Acústico


Os testes acústicos (Figura 4.7a) foram utilizados para se determinar o módulo de
elasticidade dinâmico, índices de danos e a taxa de amortecimento interno do material,
para cada ciclo de carga. O procedimento de teste é estabelecido pelas normas ASTM
C215-02 (2003) e ASTM E1876-01 (2001)(ASTM, 2001, 2019), que consiste em usar um
martelo de impacto para impor uma excitação manual de curta duração nas amostras

53
de UHPFRC. Um microfone unidimensional captura a amplitude da resposta acústica
no domínio do tempo e por meio de uma placa de som interna de um notebook comum
o sinal acústico é digitalizado à uma taxa de aquisição de 96 kHz. Em seguida, esse
sinal é processado pelo software (SONELASTICr ). O software usa um bloco de 1024
pontos e multiplica o sinal por uma janela zero-pad e, em seguida, é preenchido com zeros
para obter um vetor de 8192 pontos. Através de uma Fast Fourier Transform (FFT, ou
transformada rápida de Fourrier), o sinal no domínio do tempo pode ser transformado no
domínio da frequência. A partir desta análise, os picos de frequência natural são obtidos.
Quando a amostra é excitada por um impacto excêntrico, a caracterização dos picos de
frequência e modos de vibração é semelhante à Figura 4.7b:

2 ,0
M o d o F le x io n a l S in a l n o d o m ín io d a fre q .
1 ,8
1 ,6
A m p litu d e (V p p )

1 ,4
1 ,2 M o d o L o n g itu d in a l
1 ,0
0 ,8
0 ,6
0 ,4
0 ,2
0 ,0
0 5 0 0 0 1 0 0 0 0 1 5 0 0 0 2 0 0 0 0
fre q . (H z )

(a) Metodologia (HAACH et al., 2013) (b) Picos de frequência natural

Figura 4.7: Ensaio acústico

De acordo com a ASTM C215-02 (2003)(ASTM, 2019), para amostras cilíndricas de


concreto, o módulo elástico dinâmico (Ed ) pode ser obtido pelo primeiro modo longitudinal
(Eq. 4.1 e 4.2) e pelo primeiro modo de vibração flexional (Eq. 4.3 e 4.4):

Ed,l = DM (f1,l )2 (4.1)

L
D = 5, 093 (4.2)
d2

Ed, f = CM (f1,f )2 (4.3)

L3 T
C = 1, 6067 (4.4)
d4

54
Em que: M é a massa da amostra (em quilogramas), L e d são o comprimento e
o diâmetro da amostra (em metros), respectivamente, f,1,L , é a frequência fundamental
do modo de vibração longitudinal (Hz); f,1,F , é a frequência fundamental do modo de
vibração de flexão (Hz); e T é um fator de correção derivado do estudo de Pickett (1945),
apresentado pela Eq. 4.5:
 2  4
2 d d
T = 1 + 4, 939(1 + 0, 0752µ + 0, 8109µ ) − 0, 4833 − ...
L L
d 4
"  #
4, 691(1 + 0, 2023µ + 2, 173µ2 ) L
(4.5)
d 2

1, 000 + 4, 754(1 + 0, 1408µ + 1, 536µ2 ) L

Onde μ é a razão de Poisson, assumida como 0,20, conforme a ABNT NBR 6118:2014
ABNT (2014).
Ao final de cada i-ésimo ciclo de carregamento e descarregamento estático, o módulo
de elasticidade dinâmico foi utilizado para calcular o índice de danos Di , obtido conforme
a Eq. 4.6:

Ei
Di = 1 − (4.6)
E0
Em que: E0 é o módulo de elasticidade dinâmico do corpo de prova intacto;
A seguir, para cada pico de frequência natural, o software ajusta curvas únicas que re-
presentam a evolução da amplitude de cada frequência registrada na matriz de frequência
e tempo e calcula a taxa de amortecimento interno ξ através da Eq.4.7 (consulte também a
Figura 4.8). O ajuste da curva é realizado com a equação de Levemberg-Marquardt (PE-
REIRA; OTANI et al., 2011; PEREIRA; MUSOLINO et al., 2012; PEREIRA; VENET
et al., 2010; PEREIRA; FORTES et al., 2010), um método numérico que seleciona uma
região priorizada ajustando a função de amplitude por meio de parâmetros experimentais.
A partir de cada pico de amplitude, também é possível calcular o fator Q. Dessa
maneira, esse parâmetro é definido pela razão entre o pico da frequência de ressonância f
e as frequências da largura de banda (fb e fa ), correspondendo a uma redução de 50% da
energia da vibração (Eq. 4.8). A razão de amortecimento interno foi obtida para os picos
de frequência flexional e longitudinal, e o fator Q foi determinado sempre para a maior
amplitude do sinal.
 
1 xn
ξ= ln (4.7)
2πm xn+m

f
Q= (4.8)
fa − fb

55
Em que: xn e xn+m são as amplitudes consecutivas consideradas na análise do sinal, como
mostra a Figura 4.8; m é o número de picos entre as amplitudes sucessivas.

Domínio da frequência
t=0 t=n t=n+m

Domínio do tempo (1º Pico)


x
m períodos
x0
xn

xn+m x0 e-xt

Figura 4.8: Determinação do amortecimento interno do material

4.1.5 Ensaio Ultrassônico


Foram realizados testes ultrassônicos (Fig. 4.9) no UHPFRC para determinar a
evolução de dano ao longo dos ciclos mecânicos. O método de transmissão direta foi
aplicado de acordo com ACI 228.2R-98 (ACI, 1998). Utilizou-se um gel médico para
a transmissão da onda ultrassônica, onde este ajudou no acoplamento acústico entre o
transdutor e as amostras cilíndricas. Em seguida, a velocidade do pulso ultrassônico foi
medida posicionando os transdutores nas faces planas opostas da amostra cilíndrica. As
ondas longitudinais têm uma frequência de emissão de 54 kHz. O equipamento fornecido
pela Proceqr mede o tempo t que a onda leva para passar pela amostra cilíndrica. A
Figura 4.10 apresenta um resultado típico da medição ultrassônica. O dano foi calculado
conforme a Eq. 4.9.

56
Figura 4.9: Equipamento de ultrassom

B
80

40
Displacement
Amplitude

-40 t

-80
0 20 40 60 80 100
time (s)
Tempo

Figura 4.10: Sinal característico do Ultrassom

vp2
dus =1− 2 (4.9)
vp0
Em que: Vp é a onda primária do ultrassom no i-ésimo ciclo de dano; e Vp,0 é a onda do
ultrassom quando o UHPFRC estava intacto.

4.1.6 Microscopia
Após os testes mecânicos e não destrutivos, os cilindros de UHPFRC foram cortados
ao meio, formando dois semicilindros. Na face plana resultante, as macrofissuras causadas
pelo carregamento compressivo podem ser visualizadas. Em seguida, foram realizados ou-
tros cortes para isolar a face principal de fissuração. Finalmente, extrai-se uma geometria
aproximadamente cúbica que representa a face de ruptura, com dimensões entre 1 cm e

57
2 cm utilizada nas análises de microscópio de varredura eletrônica (MEV). As amostras
foram lavadas com água e depois submetidas a jato de ar para eliminar o material solto.
Antes do teste, um filme de ouro de 6 nm é depositado na superfície da fratura
tornando-a eletricamente condutora e possibilitando a digitalização da microestrutura
pelo feixe de elétrons. A Fig. 4.11 apresenta a posição em que as amostras foram retira-
das para o procedimento de MEV:

Superfície
de fratura Superfície
Amostras de
de
Planos SEM
Fratura
de corte

Planos de
1cm - 2 cm Corte

Figura 4.11: Extração das amostras para visualização em MEV

4.2 Resultados dos ensaios de caracterização de corpos


de prova
Esta seção trata dos resultados de propriedades mecânicas obtidas nos ensaios com
corpos de prova cilíndricos e prismáticos.

4.2.1 Propriedades mecânicas


Os box plots apresentados na Figura 4.12 demonstram as principais características
uniaxiais do UHPFRC e sua variabilidade em função do volume da fibra de aço. A Figura
4.12.a mostra os valores de resistência uniaxial à compressão, em função ao volume de
fibras. A Figura 4.12.b apresenta a tenacidade de compressão (Tc ) do UHPFRC, calculada
conforme a Eq. 4.10, sendo Tc correspondente à área abaixo da curva tensão deformação
entre os valores de deformação de 0 e 0,035. A Figura 4.12.c apresenta a tensão residual
em relação ao teor de fibras. Neste trabalho, a tensão residual é considerada como o nível
de tensão pós pico correspondente ao nível de deformação de res = 5pico , conforme o

58
critério apresentado em (KRAHL; GIDRÃO; CARRAZEDO, 2019) Cabe salientar que o
quadro dos box plots representa a zona interquartil (i.e., IQR, intervalo entre o primeiro e
terceiro quartis), enquanto que os seguimentos de reta inferior e superior demonstram os
limites da variável (dado por média + 1,5IQR). Além disso, a linha horizontal representa
a mediana e o quadrado a média.
Como pode ser visto na Figura 4.12, o aumento no teor de fibras teve um resultado
positivo para o efeito na resistência à compressão, tenacidade e tensão residual. Compa-
rando, por exemplo, o UHPFRC com Vf = 1,5% e Vf = 3%, pode-se observar que houve
melhoria em 10%, 30% e 20% para as propriedades de pico de tensão, tenacidade e ten-
são residual, respectivamente. Além disso, para todas as propriedades, há um aumento
significativo na variabilidade em função do teor de fibra de aço, e esse comportamento
pode ser explicado pela provável orientação da fibra durante a moldagem e a diminuição
da trabalhabilidade em função do teor de fibra.
A Tabela 1 apresenta o módulo estático de elasticidade que foi determinado através
de medições dos clipgages entre níveis de tensão de 0% e 40% da força final, conforme
recomendado pela ASTM C469 (2014) (ASTM, 2014). Nota-se que o valor está contido
em um intervalo de 39,59 GPa - 42,55 GPa, não havendo grande influência do volume de
fibras. Z =3,5‰
Tc = σ.d (4.10)
0

59
1 8 0
M é d ia ± D e s v io p a d rã o

R e s is tê n c ia u n ia x ia l d e c o m p re s s ã o (M P a )
In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
1 7 0 M é d ia
P o n to s E x p .

1 6 0

1 5 0

1 4 0
1 %
1 ,5 %
1 3 0 2 %
2 ,5 %
3 %
1 2 0
1 % 1 ,5 % 2 % 2 ,5 % 3 %
V o lu m e d e fib ra s (% )

(a) Resistência a compressão uniaxial aos 28


dias

2 ,8
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
2 ,6 M e d ia n a
M é d ia
2 ,4 P o n to s E x p .
T e n a c id a d e (M P a . m m /m m )

2 ,2
2 ,0
1 ,8
1 ,6
1 ,4
1 ,2
1 ,0
0 ,8
1 % 1 ,5 % 2 % 2 ,5 % 3 %
V o lu m e d e fib ra (% )

(b) Tenacidade aos 28 dias

5 5
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
5 0 M e d ia n a
M é d ia
P o n to s E x p .
4 5
T e n s ã o re s id u a l (M P a )

4 0

3 5

3 0

2 5

2 0

1 5

1 0
1 % 1 ,5 % 2 % 2 ,5 % 3 %
V o lu m e d e fib ra (% )

(c) Tensão residual aos 28 dias

Figura 4.12: Box plots de caracterização do UHPFRC

60
Tabela 4.1: Módulo de elasticidade estático tangente inicial

Volume de fibra (%) Eci (GPa)


1,0 39,59
1,5 40,79
2,0 41,53
2,5 41,73
3,0 42,55

A Figura 4.13 apresenta o aumento do módulo elástico dinâmico dos corpos de prova
intactos em função do volume da fibra. A Figura 4.13.a apresenta o boxplot do módulo
elástico dinâmico obtido para o modo de vibração flexional (Ed,f ), e a Figura 4.13.b mostra
a mesma propriedade obtida para o modo de vibração longitudinal (Ed,l ). Nota-se um
ligeiro aumento do módulo elástico dinâmico em função da adição da fibra de aço, o que
pode ser explicado pela regra da mistura (MEHTA; MONTEIRO, 2008), uma vez que as
fibras de aço têm um módulo elástico de Ef = 200 GPa, mas essa fase apresenta uma
pequena fração volumétrica no compósito. Portanto, o ganho considerável observado nas
propriedades estáticas obtidas do material fissurado (i.e., resistência, tensão residual e
resistência) não foi observado para módulo de elasticidade estático e dinâmico. Além
disso, observou-se uma pequena diferença entre as médias de Ed,f e Ed,l que, podem ser
explicadas pelo provável nível de anisotropia gerado pela distribuição de água durante
o processo de mistura, e também pela orientação das fibras associadas a cada modo de
vibração excitado durante o teste acústico.

61
5 4 M é d ia ± D e s v io p a d rã o
In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
5 2 M e d ia n a
M é d ia
P o n to s E x p .
5 0
4 8

(G P a )
4 6
4 4
E d ,f
4 2
4 0
3 8
3 6
1 % 1 ,5 % 2 ,0 % 2 ,5 % 3 %
V f ( % )

(a) Módulo de elasticidade dinâmico obtido pelo


modo de vibração de flexão

5 4
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
5 2 In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
M é d ia
5 0 P o n to s E x p .

4 8
(G P a )

4 6
4 4
E d ,l

4 2
4 0
3 8
3 6
1 % 1 ,5 % 2 % 2 ,5 % 3 %
V f (% )

(b) Módulo de elasticidade dinâmico obtido pelo modo


de vibração longitudinal

Figura 4.13: Módulo de elasticidade dinâmico em função do volume de fibra

A Figura 4.14 apresenta o coeficiente de amortecimento interno para amostras de


UHPFRC obtidas filtrando apenas os sinais de vibração flexionais (Fig 4.14.a) e longitu-
dinais (Fig. 4.14.b). Este parâmetro, para o material intacto, apresentou valores médios
entre 0,30% - 0,35%. Como pode ser observado na Figura 4.14, o teor de fibra teve uma
pequena influência na taxa de amortecimento interno. Assim como para o caso do mó-
dulo estático e dinâmico, dois efeitos microestruturais simultâneos podem explicar esse
comportamento:

1. Influência do baixo amortecimento interno do aço: O aço constituí uma fase do


material compósito com baixa taxa de amortecimento interno, portanto sua adição

62
causa a diminuição de ξ, baseado na regra da mistura (MEHTA; MONTEIRO,
2008);

2. Fração volumétrica das fibras de aço: Em contrapartida, a incorporação de fibras


de aço à matriz cimentícia aumenta a fração volumétrica da fase de zona de transi-
ção matriz-fibra, causando o aumento do grau de imperfeição do material e maior
dissipação interna.

Portanto, os dois efeitos mencionados se opõem, e assim, o aumento no teor de fibras não
afeta significativamente a taxa de amortecimento interno das misturas de UHPFRC.
A Figura 4.15 mostra a comparação dos resultados de coeficiente de amortecimento
interno entre o UHPFRC e o concreto convencional (CC - 1: 2: 3: a/c = 0,5) apresentado
por Gidrão, Krahl e Carrazedo (2018). Conforme a Figura 4.15, o UHPFRC apresenta
em média um coeficiente de amortecimento interno 2 vezes menor que o CC. Além disso,
o desvio padrão apresentado pelo UHPFRC também foi menor. A grande variabilidade
observada no caso do CC pode ser associada à heterogeneidade da mistura de CC e
zona de transição do material. O maior agregado do UHPFRC é o grão de areia fina
(dmax = 0, 2mm), que é muito menor do que os agregados graúdos utilizados no CC
(dmax = 19mm, para a brita 1). O UHPFRC possui uma zona de transição menos porosa
devido às adições de pós reativos e reduzidos fatores a/c. Somado a isso, os grãos de
agregados são mais finos, e assim, a interface é mais resistente quando comparada ao CC.

63
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
0 ,7 In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
M é d ia
0 ,6 P o n to s E x p .

0 ,5

ξf l e x ( % )
0 ,4

0 ,3

0 ,2

0 ,1
3 % 2 ,5 % 2 % 1 ,5 % 1 %
V f (% )

(a) Amortecimento para o modo de vibração flexional

0 ,7
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
0 ,6 M é d ia
P o n to s E x p .

0 ,5
(% )

0 ,4
ξl o n g

0 ,3

0 ,2

0 ,1
3 % 2 ,5 % 2 % 1 ,5 % 1 %
V f (% )

(b) Amortecimento para o modo de vibração longitu-


dinal

Figura 4.14: Coeficiente de amortecimento interno do UHPFRC

64
1 ,2

1 ,0

C o e fic ie n te d e a m o rte c im e n to (% )
0 ,8

0 ,6

0 ,4

0 ,2

0 ,0
U H P F R C (to d a s m is tu ra s ) C o n c r e to C o n v e n c io n a l ( 1 :2 :3 :a /c = 0 .5 )

T ip o d e m is tu ra

Figura 4.15: Comparação do coeficiente de amortecimento interno de um concreto con-


vencional

A Fig. 4.16 apresenta os box plots dos resultados obtidos pelos ensaios de flexão em 3
pontos para Vf = 2%. A Fig. 4.16.a apresenta os resultados das forças máximas obtidas
pelos prismas. Notam-se valores médios de 8,75 kN, e valores máximos e mínimos de 9,71
kN e 8,43kN, respectivamente. A tenacidade é demonstrada pela 4.16, onde apresenta-se
um box plot da energia dissipada na ruptura dos prismas, apresentando valores médios,
máximos e mínimos de 20340 kN.mm, 21157 kN.mm e 16791 kN.mm, respectivamente.
Cabe salientar que a energia de deformação foi obtida pela área abaixo do gráfico de força
deslocamento, seguindo a Fig. 4.6b.
A Fig. 4.16.c apresenta o módulo de ruptura flexional das amostras produzidas com
Vf = 2 %, e as compara com a base experimental de Meng, Valipour e Khayat (2017) e
Corinaldesi e Moriconi (2012). Nota-se valores de tensão de flexão com média de 24,60
MPa, e valores máximos e mínimos de 27 MPa e 23 MPa, respectivamente. Quando
comparado aos resultados do trabalho de Meng, Valipour e Khayat (2017) e Corinaldesi
e Moriconi (2012), nota-se que o traço de UHPFRC desenvolvido no presente trabalho
apresenta desempenho de MRF dentro dos padrões obtidos na literatura.

65
1 0 ,0
2 2 0 0 0

9 ,5 2 1 0 0 0
F o rç a d e p ic o (k N )

E n e r g ia d is s ip a d a ( k N .m m )
2 0 0 0 0
9 ,0
1 9 0 0 0

8 ,5
1 8 0 0 0

8 ,0 1 7 0 0 0

1 6 0 0 0
7 ,5
(a) Forças máximas (b) Energia dissipada

4 2
4 0 M e n g e t. a l
O a u to r
3 8
C o rin a ld e s i e t. a l
3 6
3 4
3 2
3 0
M R F (M P a )

2 8
2 6
2 4
2 2
2 0
1 8
1 6
1 4

(c) Pico de tensão

Figura 4.16: Resultados do ensaio de 3 pontos

66
4.2.2 Comportamento de corpos de prova de UHPFRC sujeitos
a carregamento cíclico
Ao final de cada ciclo, foram realizados ensaios não destrutivos como o Ensaio Acús-
tico e Ultrassom. As amostras foram descarregadas em níveis específicos de deformação
para a realização deste testes. A Figura 4.17 apresenta curvas típicas de tensão x de-
formação cíclica para UHPFRC com 1%, 2% e 3% de fibras. A Fig. 4.18 apresenta a
degradação característica após cada ciclo de carregamento, para as amostras ensaiadas.

1 6 0 1 6 0
C ic lo 2 C ic lo 1
1 2 0 1 2 0
C ic lo 1 C ic lo 2

T e n sã o (M P a )
T e n sã o (M P a )

8 0 8 0
V f = 1 % V = 2 %
f
4 0 4 0

0 0
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5
D e fo rm a ç ã o
D e fo rm a ç ã o
(a) Vf = 1 % (b) Vf = 2 %

1 6 0

C ic lo 2
1 2 0 C ic lo 1
T e n sã o (M P a )

8 0

V f = 3 %
4 0

0
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5
D e fo rm a ç ã o
(c) Vf = 3 %

Figura 4.17: Diagrama de tensão deformação característico para o UHPFRC variando


com o volume de fibras

67
(a) Antes do ensaio (b) 1º ciclo (c) 2º ciclo

(d) 3º ciclo (e) 4º ciclo (f) 5º ciclo

Figura 4.18: Degradação característica das amostras

Da Fig. 4.17 nota-se que a degradação mecânica mais severa ocorre no pico, durante
a transição entre os ramos de pré e pós pico. A queda acentuada observada na força é
causada pelo aparecimento de grandes fissuras, na maioria das vezes visíveis nas amostras.
Além disso, o comportamento histerético é observado entre os ciclos, sendo caracterizado
pelas áreas formadas entre as curvas de ciclagem. O aumento nesta área ao longo dos ciclos
representa o aumento da dissipação de energia e, consequentemente, do amortecimento
interno do material.
A Figura 4.19 compara o sinal acústico no domínio do tempo para amostras não
danificadas e danificadas de UHPFRC com 1,5% de fibras. Nesta figura, nota-se que o
coeficiente de amortecimento interno ξ aumenta ao longo dos ciclos, sendo este fenômeno
dado pela rápida diminuição dos picos de amplitude em comparação com a condição não
danificada, especialmente no terceiro, quarto e quinto ciclos. Além disso, no domínio do
tempo, é possível observar o aumento do período fundamental do sinal, o que demonstra
a diminuição da frequência natural para altos níveis de dano.
A Figura 4.20 demonstra esse mesmo sinal no domínio da frequência, em função dos ci-
clos de dano. Do gráfico, pode-se notar primeiramente a diminuição dos picos de frequên-
cia natural e posteriormente degradação do sinal com aparecimento de picos de baixa
frequência atenuados. Após o quarto ciclo, a baixa qualidade do sinal impediu de se
medir as propriedades elásticas, e consequentemente, a danificação. Além disso, a Fi-
gura 4.20 apresenta uma diferença de amplitudes nos picos de frequência natural, e isso é

68
gerado por diferentes magnitudes de impacto.
Além da diminuição dos picos de frequência natural, o material aumenta o seu amor-
tecimento interno. A Figura 4.21 apresenta o fator Q (Eq. 4.8), obtido sempre para o pico
de maior amplitude (ou seja, independente do modo de vibração), em função dos ciclos
mecânicos para cada porcentagem de fibras estudada. Nota-se que à medida que o dano
aumenta, o sinal do pico mais alto é atenuado sucessivamente e a capacidade de propa-
gação da onda diminui. Portanto, após o 3º ciclo, o fator Q apresenta uma diminuição
entre 4 e 14 vezes, demonstrando a alta dissipação da onda acústica no sólido fissurado.
Essa alta dissipação está ligada ao aumento do coeficiente de amortecimento interno das
amostras, especialmente a parcela de Coulomb, ligada à fissuração. Cabe salientar que os
concretos com volume de fibras de 1%, 2% e 3% apresentaram um aumento relativo do
fator Q nos ciclos, e esse fenômeno provavelmente ocorreu devido à ocorrência de fecha-
mento de alguma fissura no material, o que melhora o sinal de onda acústica na amostra.
No entanto, existe uma clara tendência de atenuação da onda acústica ao longo dos ciclos
de danos, de acordo com a curva média dos pontos experimentais, em laranja.

69
0 ,0 4 In ta c to

0 ,0 0

-0 ,0 4

0 ,0 4 C ic lo 1

0 ,0 0

-0 ,0 4

0 ,0 4 C ic lo 2
A m p . (V p p )

0 ,0 0

-0 ,0 4

0 ,0 4 C ic lo 3

0 ,0 0

-0 ,0 4

0 ,0 4 C ic lo 4

0 ,0 0

-0 ,0 4

0 ,0 4 C ic lo 5

0 ,0 0

-0 ,0 4
0 ,0 0 0 0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8 0 ,0 1 0
T e m p o ( µ.s e g u n d o s )

Figura 4.19: Degradação do sinal acústico no domínio do tempo em função dos ciclos de
dano

70
P ic o d e fle x ã o P ic o lo n g itu d in a l
M o d o d e fle x ã o
0 ,0 1 0

0 ,0 0 8
M o d o lo n g itu d in a l
A m p litu d e (V p p )

0 ,0 0 6

C ic lo (V f = 1 .5 % )
0 ,0 0 4
5 (T o ta lm e n te d a n ific a d o )
3 ( D = 3 7 ,2 0 % )
0 ,0 0 2 2 ( D = 4 ,1 9 % )
1 ( D = 3 ,6 9 % )
0 (In ta c to )
0 ,0 0 0 P ic o d e fle x ã o
P ic o lo n g itu d in a l
3 0 0 0 6 0 0 0 9 0 0 0 1 2 0 0 0 1 5 0 0 0 1 8 0 0 0 2 1 0 0 0
F re q . (H z )

Figura 4.20: Degradação do sinal acústico no domínio da frequência em função dos ciclos
de dano

3 0 0 V f (% )
2 .5
2 5 0 3
1
2
2 0 0
M é d ia p o n to s e x p .
F a to r Q

1 5 0

1 0 0

5 0

0 1 2 3 4 5
C ic lo

Figura 4.21: Fator Q do sinal

A Figura 4.22 correlaciona a razão de amortecimento interno (ξ) ao índice de dano (D).
Uma curva exponencial foi usada para aproximar a relação, com valores de R² = 0,832.
A Figura 4.23 apresenta o aumento da taxa de amortecimento interno em função das
cargas cíclicas para o modo de vibração flexional. Cabe salientar que o modo de vibração

71
flexional foi escolhido pois requer uma quantidade menor de energia para ser excitado em
comparação ao segundo modo de vibração fundamental (i.e., modo longitudinal).

1 ,0

0 ,9

0 ,8

0 ,7

0 ,6
ξ fle x ( % )

0 ,5
F ib e r v o lu m e (% )
0 ,4 2
1 %
0 ,3 1 ,5 %
2 ,5 %
3
0 ,2 ξ= e x p ( 8 .1 9 3 + 1 .4 1 D + 1 .3 3 8 D 2 )
9 5 % d e in te rv a lo d e c o n fia n ç a (R ² = 0 ,8 3 2 )
0 ,1

0 ,0
0 ,0 0 ,1 0 ,2 0 ,3 0 ,4
D a n o

Figura 4.22: Comportamento do fator de amortecimento ao longo do dano

72
1 ,0

0 ,8

0 ,6
ξf l e x ( % )

V o lu m e d e fib ra (% )
3
0 ,4 2 .5
1 .5
0 ,2 1 %
2
0 ,0 M é d ia d o s p o n to s e x p .
0 1 2 3
C ic lo n ú m e ro
(a) Pontos experimentais

1 ,0

0 ,8

0 ,6
ξ(% )

0 ,4

0 ,2

0 ,0
0 1 2 3

C ic lo n ú m e ro

(b) Boxplot dos pontos experimentais

Figura 4.23: Comportamento do coeficiente de amortecimento interno ao longo dos ciclos


de dano

Até o segundo ciclo de carga, a taxa de amortecimento interno apresentava valores


médios em torno de 0,35%, i.e., valor próximo ao das amostras não danificadas, o que

73
demonstra fissuração estável e baixo nível de coalescência dos poros. No entanto, quando
o pico de tensão foi atingido para cada amostra (3º ciclo), o coeficiente de amortecimento
aumentou para 0,80%, devido ao nível de fissuração (0,4 para o índice de danos), o que
reflete os altos níveis de fissuração do material. Para níveis de dano maiores que 0,4, o
fator-Q era muito pequeno e foram observados muitos picos de baixa frequência no sinal,
Assim, não foi possível obter os picos de frequência natural com precisão. O aparecimento
de picos de baixa frequência no sinal se deu devido ao alto nível de dano que induz a
vibração da amostra em partes separadas.
A técnica ultrassônica também foi usada para medir o comportamento do UHPFRC
frente aos ciclos de dano. Espera-se que a velocidade de propagação das ondas no sólido
varie com o desenvolvimento da fissuração. O índice de dano, neste caso é relacionando à
velocidade de pulso de onda P, conforme à Eq. 4.9.
A Figura 4.24 apresenta a evolução dos danos obtido pelo ultrassom versus as de-
formações medidas pelo clipgage. No final do teste, o dano médio obtido pela técnica
ultrassônica foi de 0,79 com um desvio padrão de 0,17. Cabe salientar que são necessários
mais testes para mostrar a influência do teor de fibras, porque o número de amostras
utilizadas é limitado para análises estatísticas. Outra constatação é que o ultrassom foi
mais eficiente na obtenção do dano após o 3º ciclo, pois observou-se que o pulso ultrassô-
nico conseguia penetrar nas amostras, resultando em sinais mais bem comportados após
o 4º e 5º ciclo, e em contrapartida, o ensaio acústico mostrou-se determinada queda da
qualidade do sinal acústico, dada pela diminuição do fator-Q.
A Fig. 4.25 apresenta a evolução do dano em função das deformações totais, cujo
índice de dano foi obtido para o ensaio acústico. Notam-se índices de danos menores que
0,05 para os dois primeiros ciclos, e posteriormente, para o terceiro ciclo valores de 0,3.
Em comparação, o dano medido pelo ultrassom acusou um índice de 0,25 neste estágio.

1 ,0
V o lu m e d e fib ra s
C ic lo 5
1 % C ic lo 4
0 ,8 1 ,5 %
2 %
2 ,5 % C ic lo 3
Ín d ic e d e d a n o

3 %
0 ,6
M é d ia

C ic lo s 1 e 2
0 ,4

0 ,2

0 ,0

0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4
D e fo rm a ç ã o to ta l

Figura 4.24: Evolução do dano mecânico medida pelo ensaio ultrassônico

74
0 ,4 0 V o lu m e d e fib ra s
3 ,0 %
0 ,3 5 2 ,5 % C ic lo 3
2 ,0 %
0 ,3 0 1 ,5 %
1 ,0 %
0 ,2 5
Ín d ic e d e d a n o

M é d ia

0 ,2 0
C ic lo 2
0 ,1 5 C ic lo 1

0 ,1 0
In ta c to
0 ,0 5

0 ,0 0

0 ,0 0 0 0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8 0 ,0 1 0 0 ,0 1 2
D e fo rm a ç ã o to ta l

Figura 4.25: Evolução da danificação medida pelo ensaio acústico

75
4.3 Discussão baseada na evidência microscópica do dano
As propriedades estudadas nos itens anteriores estão intimamente ligadas a micro-
estrutura do material e seus mecanismos de danificação. Neste sentido, a presente seção
objetiva apresentar como estes mecanismos se manifestam em escala microscópica.
Conforme observado pelos resultados de coeficiente de amortecimento interno e fator
de qualidade do sinal obtidos pela metodologia do ensaio acústico, a medida que os ciclos
de danificação ocorrem, e especialmente quando é atingida a tensão de pico dos corpos
de prova de UHPFRC (i.e., 3º ciclos de força), ocorre significativa atenuação do sinal
acústico. Este fenômeno ocorre devido ao surgimento de descontinuidades em nível macro
e microscópico no material, onde as fissuras aumentam a capacidade de dissipar energia
cinética por atrito entre as faces das fissuras, aumentando assim o amortecimento de
Coulomb. Este aumento da atenuação do sinal reflete a fissuração do material, e também
gera o atraso entre o pulso e recepção do aparelho de ultrassom, diminuindo a velocidade
de onda P. O fenômeno também reflete na degradação do módulo de elasticidade e queda
de resistência nos ensaios mecânicos.
Assim, após todos os ciclos, algumas imagens de microscópio de varredura eletrônica
(MEV) foram obtidas de amostras totalmente danificadas de UHPFRC a fim de comprovar
estas evidências na microestrutura do material. Sabe-se que mesmo antes da aplicação
de deformações no material, já existe microfissuração prévia na zona de transição (ITZ)
entre a fibra e a argamassa de UHPC, sendo esta uma superfície preferencial de propagação
de fissuras. Este fenômeno ocorre devido a concentração de um pequeno filme de água
localizada ao redor da fibra metálica e também graças a orientação preferencial dos cristais
de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2 ) na ITZ. Assim, quando se analisam imagens de MEV
com microestruturas já danificadas (e.g., Figuras 4.27.a e b), nota-se a existência de poros
e microfissuras prévias na zona de transição entre a fibra e a matriz cimentícia. A Fig.
4.27.c demonstra a formação característica de um vazio de ar. A Fig. 4.27d destaca em
uma visão mais próxima, das estruturas de hidróxido de cálcio e etringita desta região.
Cabe salientar que os fenômenos apresentados pela Figura 4.27 também são observados
em concreto convencional (CC), no entanto, as descontinuidades pré-existentes no UHP-
FRC têm, em média, uma escala muito menor do que no CC. A maior heterogeneidade
dentro do UHPFRC se dá na interface entre as fibras e a matriz, com dimensões típicas
de nanoescala, como na Figura 4.27.b e d. Então, a diferença na escala dos mecanismos
de dano também reflete a diferença observada nas propriedades supracitadas nos itens 4.2
e 4.2.2 (i.e., índice de danos, coeficiente de amortecimento integro, tenacidade, módulo de
elasticidade, resistência a compressão e tensão residual).
Nota-se que os comportamentos satisfatórios observados nas propriedades de resistên-

76
cia, tenacidade e tensão residual apresentados na Fig. 4.12 são resultados de uma matriz
homogênea. Apesar dos processos de danos semelhantes entre o CC e o UHPFRC, o
instante de ocorrência e escala são diferentes. O UHPFRC apresenta um ramo pré-pico
quase linear, com pouco acúmulo de danificação, explicado pela matriz muito homogênea
e densificada. A coalescência de poros e microfissuras se propagam para as descontinuida-
des na matriz homogênea, formando uma rede contínua de trincas para níveis de tensão
entre 80 e 90% do pico de tensão (GRAYBEAL, 2007). Então, a partir deste ponto,
nota-se a dilatação do material, e, atingimento do pico de tensão seguido de localização
de grandes fissuras. Neste ponto, observa-se por exemplo a diminuição da velocidade
das ondas ultrassônicas (4.24), aumento do coeficiente de amortecimento interno (4.23) e
aumento da atenuação do sinal acústico no material (4.21).
Outras imagens de MEV são apresentadas para evidenciar os mecanismos de dano no
UHPFRC. A Figura 4.28.a apresenta uma interconexão de trincas entre a interface de fibra
argamassa e um poro. As nano e microfissuras existentes em zonas fracas provavelmente
interconectam-se através da matriz de cimento a partir de poros, interface fibra-matriz e
também das microfissuras presentes na zona de transição entre a pasta e areia fina.
Como pode ser visto na Figura 4.28.a, o poro também se encontra degradado, e este
fenômeno provavelmente se deu devido ao arrancamento da fibra, evidenciado pelo grande
espaço entre a fibra e a matriz. O colapso dos espaços aéreos também é uma observação
característica quando é efetuada a microscopia do UHPFRC após o teste de compressão,
segundo a Figura 4.29.
O arrancamento de fibras (Fig.4.26) é governado pelos seguintes mecanismos a saber:
(i) adesão física (ii) adesão química, (iii) atrito, (iv) ancoragem mecânica e (v) efeito
pino. A Figura 4.26 apresenta a imagem típica de abertura deixada por uma fibra que foi
puxada na ruptura. Da imagem, pode-se concluir que para o caso de fibras de aço retas,
o deslizamento é o mecanismo que governa o arrancamento das fibras. Cabe salientar
que a capacidade de arrancamento das fibras influencia diretamente a forma com que
o dano evolui no material. Além disso, pode ser observado na Figura 4.26 que existe
algum material particulado nas paredes da abertura, provavelmente que se desagregou da
argamassa durante o deslizamento por fricção. Esse fenômeno é favorecido pelo aumento
da rugosidade da superfície da fibra.

77
Figura 4.26: Vazio gerado pelo arrancamento de fibra

(a) Microporos e microfissuras (b) Zona de transição

(c) Vazio (d) Destaque para as estruturas de etringita


e hidróxido de cálcio

Figura 4.27: Imagens de MEV do UHPFRC

78
Figura 4.28: Propagação de fissuras nas zonas de transição

Figura 4.29: Característica do colapso dos poros

79
4.4 Considerações sobre os resultados de caracterização
de corpos de prova de UHPFRC
A partir dos resultados de ensaios estáticos cíclicos e não destrutivos apresentados
nesta seção, pode-se destacar que:

• O módulo de elasticidade não apresentou considerável ganho com o aumento do


volume de fibras. A baixa fração volumétrica de fibras que é adicionada ao compósito
não é capaz de aumentar significativamente o módulo de elasticidade dinâmico e
estático tangente inicial.

• O coeficiente de amortecimento interno também não apresentou variações considerá-


veis em função do volume das fibras de aço. Esse comportamento pode ser explicado
pelo aumento simultâneo da fração volumétrica de fibras de aço e da zona de transi-
ção, fases do compósito que apresentam baixa e alta taxa de amortecimento interno,
respectivamente. Além disso, ξ para amostras intactas apresentou valores médios
próximos de 0,35% e foram observadas taxas de amortecimento interno máximo e
mínimo de 0,50% e 0,15%.

• A coalescência das fissuras é controlada até o pico de tensão (3º ciclo) devido à
presença de fibras de aço, que inibem o aumento do atrito de Coulomb gerado
pelo atrito entre fissuras das amostras. Este fato é evidenciado pelo valor quase
constante de amortecimento interno do UHPFRC ao longo dos dois primeiros ciclos
de danificação (ou seja, ξ = 0,35 %);

• Depois que o pico de tensão foi atingido (3º ciclo), nota-se que o índice de dano atinge
valores de aproximadamente 0,40, com aumento da taxa de amortecimento interno
para 0,8%. A elevação do dano e a abertura de fissuras aumentam a parcela de
dissipação de Coulomb e o atrito interno do material. O valor elevado do coeficiente
de amortecimento gera atenuação do sinal acústico;

• As evidências sobre a microestrutura do UHPFRC obtidas por imagens MEV e


diminuição da relação água-cimento explicaram seu menor amortecimento interno
em comparação com o CC. O UHPFRC possui uma porosidade mais baixa e as
imperfeições observadas nas zonas de transição são de menor magnitude ou escala.
Além disso, o aumento do amortecimento interno após a deformação do compósito
além do regime linear é explicado pela ocorrência de outros mecanismos de danos
detectados pelo MEV, como coalescência de microfissuras, fricção de matriz de fibra
e arrancamento de fibra;

80
• Nota-se que o teor de fibras de 2% apresenta valores de resistência de pico e tensão
residual não muito menores que os teores de fibra superiores de 2,5 % e 3 %. Por-
tanto, visando a economia deste material e a melhor trabalhabilidade, este teor de
fibra será utilizado nos elementos em escala real estudados na sequência do trabalho;

• Além do estudo em corpos de prova cilíndricos, foi analisado o comportamento


monotônico de flexão para amostras com 2 % de volume de fibras. O material
demonstrou altos valores de MRF similar aos valores de UHPFRC encontrados na
literatura. Este é um indicativo de um comportamento de flexão adequado para o
progresso do estudo;

• Portanto, o presente capítulo avança na compreensão do material sob carregamento


cíclico, utilizando a identificação por ensaios não destrutivos. Neste sentido, a iden-
tificação do dano por meio da frequência natural, aumento do amortecimento e
atraso da onda ultrassonográfica serão variáveis úteis para as análises entre ciclos
efetuadas nas vigas protendidas em escala real (capítulos 5 e 7).

81
82
Capítulo 5

Metodologia experimental para


produção e ensaios de Vigas I de
UHPFRC

Nesta seção são descritos os ensaios e metodologias envolvidas para a produção


de vigas I protendidas de UHPC e UHPFRC, bem como a caracterização dos materiais
para as peças produzidas. A produção das amostras visou a investigação dos seguintes
parâmetros: (i) posição do carregamento da força no ensaio de 3 pontos, (ii) presença ou
não de fibras e (iii) influencia da protensão.
A Tabela 5.1 contém os casos estudados no presente trabalho. Note que a letra “P”
colocado no fim do nome das vigas é referente aos casos onde há protensão de 6 toneladas
por barra, medido por uma célula de carga. O valor de P0 é a força medida na célula
de carga após a liberação da protensão, e o valor de P∞ é considerando as perdas de
protensão, calculadas conforme a abordagem para concretos de alta resistência da ABNT
NBR 6118:2014 (ABNT, 2014). Os detalhes do cálculo da perda de protensão podem ser
consultados na integra no Anexo IV do presente trabalho.

83
Tabela 5.1: Casos estudados

ID Nome Vf P0 P∞ Apl.1 a/d Solicitação


(%) (MPa) (MPa)
V1 UHPFRC-P (Flex) 2 340 274 MV2 5,88 Flexão
V2 UHPFRC-P (Flex) 2 348 282 MV 5,88 Flexão
V3 UHPFRC (Flex) 2 0 0 MV 5,88 Flexão
V4 UHPC-P 0 352 284 MV 5,88 Flexão
V5 UHPFRC-P (Flex-cis) 2 360 282 TV3 3,92 Flexo–Cis.
4

V6 UHPC-P (Flex-cis) 0 331 265 TV 3,92 Flexo–Cis.

5.1 Fôrma metálica


A primeira etapa do programa experimental consistiu na produção de uma fôrma
para a moldagem das vigas. Optou-se por uma fôrma metálica que suportasse o esforço
de protensão por 7 dias. Assim, juntamente com a serralheria Peptusr (São Carlos - SP),
foi desenvolvido um modelo em Solid Worksr para uma fôrma metálica com capacidade
de suportar a carga de protensão, sem ultrapassar a tensão de escoamento do aço ASTM
A36 (i.e., 250 MPa). Para se distribuir de forma segura e igualitária este carregamento,
cantoneiras laterais (vide Fig. 5.1.c) foram utilizadas ao longo do eixo longitudinal da
peça, devidamente parafusadas em uma base reforçada por perfis metálicos. Também
foram utilizadas barras laterais para restringir possíveis modos de flambagem local das
peças da fôrma (Fig. 5.1.c). A Fig. 5.1.d mostra as dimensões da seção transversal da
viga I, que tem 3 metros de comprimento longitudinal. Após a produção da peça, a fôrma
foi conduzida à um teste de carga para se verificar a capacidade portante da fôrma à força
de protensão.
1
ponto de aplicação de carga
2
MV = meio do vão
3
TV = terço do vão
4
Flexo-Cisalhamento

84
Travamento

Cantoneiras
Região de protensão

(a) Produção da fôrma (b) Peças da fôrma


nsão
Prote

50
100

250
150
50
Rea
ção
P 25

25 57 57
250
(c) Detalhe para o aparato de reação à pro- (d) Corte da seção transversal
tensão

Figura 5.1: Detalhes da fôrma metálica

3 250

5.2 Produção das vigas


Após a concepção das formas metálicas, foram produzidas 7 vigas, constituídas de
UHPFRC ou UHPC. Destas 7 vigas, 6 foram protendidas com duas barras de dywidagr de
nsômetros
φ15mm e uma foi armada sem carregamento prévio de protensão. As características do aço
são apresentadas no item 5.3.2. A força de protensão de projeto foi de 6 toneladas/barra
para todas as vigas, e este valor foi definido em função da viabilidade de se aplicar esta

85
força manualmente com torquímetro e também não gerar danificação para as vigas de
UHPC sem fibras na etapa de liberação da protensão.
O Fluxograma da Fig. 5.2 apresenta o procedimento para produção de uma viga:

Dia 1 Início

Limpeza e montagem da
fôrma

Desfôrma/Liberação Cura úmida do elemento


Protensão
Protensão
60 dias
Dia 9 Ensaio

Cura dentro
Pesagem da fôrma

Dia 2 Dia 3

Mistura Moldagem

Figura 5.2: Fluxograma básico para a produção das vigas

Quanto as etapas de produção das vigas apresentadas na Fig. 5.2, a preparação da


fôrma consiste em passar uma fina camada de óleo queimado nas paredes laterais e fundo,
a fim de facilitar a desmoldagem, seguido pela vedação dos furos e frestas por spray de
poliuretano expansivo e estopas.
As barras de dywidag da Fig. 5.3.a foram previamente instrumentadas por extensôme-
tros da marca Kywoar , autocompensados, série KFG-5-120-C1-11 e posicionadas dentro
da fôrma. Um dispositivo temporário de ancoragem da força de protensão foi montado,
conforme a Fig. 5.3.b, utilizando as arruelas do sistema de protensão.
Além disso, em uma das extremidades da barra ainda fixou-se uma célula de carga in-
dividual da marca Vishayr , para medir a força de protensão durante as fases de produção

86
das vigas. O esquema utilizado para medir a força de protensão é apresentado segundo a
Fig.5.4. Inicia-se o processo de aplicação de 6 toneladas de protensão com auxílio de um
torquímetro. Para facilitar o processo, a viga foi fixada em “sargentos” em duas canaletas
do galpão de ensaios do LE-EESC.

(a)

Disposi
ti
de Anco vo
ragem

(b)

Figura 5.3: (a) Dywidagr (b) Extremidades das barras de protensão e aparato de anco-
ragem das barras

87
Célula de carga
Canal #2
Leitor digital 6 ton
Arruela de
Ancoragem

Célula de carga
Canal #1
Células de carga 6 ton

(a) Esquema geral (b) Ancoragem e célula de carga

Figura 5.4: Esquema para medida da força de protensão

Após a preparação das formas, inicia-se o processo de pesagem do material a ser utili-
zado na concretagem. A Tabela 5.2 indica as quantidades de material utilizado para a con-
cretagem de uma viga. Para cada viga foram produzidos 135 litros de UHPFRC/UHPC,
com sobra de 10 %. A Fig. 5.5 apresenta os materiais secos, úmidos e fibras metálicas,
utilizados em uma concretagem.

88
(a) Materiais secos utilizados (b) Água e superplastificante

(c) Fibras metálicas

Figura 5.5: Material separado para a concretagem

Tabela 5.2: Consumo e quantidade de materiais

UHPFRC UHPC
Componente
Consumo Qtd. Consumo Qtd.
(kg/m³) (kg) (kg/m³) (kg)
Cimento CP V ARI (Holcim) 757,2 102,2 757,2 102,2
Areia 80/100 (Mineração Jundu) 833,0 112,4 833,0 112,4
Pó de quartzo/SM 200 (Mineração Jundu) 378,6 51,1 378,6 51,1
Sílica ativa (Elkem) 189,3 25,6 189,3 25,6
Superplastificante (ADVA 585) 68,2 9,2 68,2 9,2
Água 151,4 20,4 151,4 20,4
Fibra metálica (2% em volume total) 157,0 20,250 0 0
Água extra 7,6 1,022 7,6 1,022

89
Em um misturador de eixo vertical de alta potência, próprio para a produção do
UHPFRC (vide Fig. 5.6a) misturaram-se por 3 minutos todos os componentes secos da
mistura (exceto as fibras). Posteriormente, a água foi adicionada e misturou-se o UHPC
por mais 10 minutos, obtendo uma mistura aparentemente seca conforme a Fig. 5.6b. O
superplastificante é então adicionado na mistura, conforme apresentado pela Fig. 5.6c.
Após mais 10 minutos de mistura, obteve-se a homogeneidade necessária conforme a
Fig. 5.6d. Então, são adicionadas fibras metálicas e a água extra, e o concreto fresco
é misturado por mais 5 minutos. O espalhamento é determinado conforme a ABNT
NBR 15823-2:2017 (ABNT, 2010) e mostrado na Figura 5.6e, onde para todas as vigas
produzidas obteve-se valores de 65 cm ± 5 cm.

90
(a) Misturador utilizado

(b) Mistura de UHPC sem o superplastificante (c) Momento de adição do superplastificante na


mistura de UHPC

(d) Mistura homogênea de UHPC, (e) Slump test do UHPFRC


após adição de superplastificante

Figura 5.6: Produção do UHPFRC

O lançamento sempre se deu à partir do meio do vão para os apoios, conforme a Fig.
5.7a. Um vibrador agulha foi utilizado para eliminar possíveis vazios dentro da peça,
conforme a Fig. 5.7b. Após o final da concretagem, a viga é coberta com uma lona para
evitar a perda de água para o ambiente e após 24 horas da moldagem, se dá o início do
processo de cura, com a aplicação de água na face superior da viga.

91
(a) Lançamento do UHPFRC na fôrma metálica auto (b) Vibração
portante

Figura 5.7: Aspectos de lançamento e vibração

As tensões nas barras de protensão ao longo das 160 horas de cura (i.e., 6 dias e meio)
são monitoradas dentro da fôrma metálica. Neste sentido, as Figs. 5.8 apresentam os
valores de tensões nas armaduras ativas da viga UHPFRC-P, ao longo da cura dentro da
fôrma. Nota-se que as tensões nas barras permanecem constantes ao longo do processo
de cura, o que demonstra a baixa relaxação do aço de protensão.

92
4 0 0

3 5 0

3 0 0 D e sfô rm a
C o n c re ta g e m
2 5 0
T e n sã o (M P a )

2 0 0

1 5 0
P ro te n s ã o
1 0 0

5 0 B a rra 1
B a rra 2
0 M é d ia

0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0 1 2 0 1 4 0 1 6 0

T e m p o (h )

Figura 5.8: Tensões na armadura ativa durante a cura dentro da fôrma para a viga
UHPFRC-P

Após 7 dias de cura dentro da fôrma, a protensão é liberada e a viga desformada e


içada para o lugar definitivo de cura, conforme a Fig. 5.9. Para evitar perdas de água
para o ambiente, as vigas foram embaladas em uma manta geotécnica juntamente com
uma lona. Ao final do processo, a fôrma metálica foi limpa e remontada para a produção
da próxima viga. Cabe salientar que a moldagem das vigas de UHPC foi feita de forma
análoga e traço similar ao da Tabela 5.2, apenas sem fibras.

93
Figura 5.9: Desforma e içamento

5.3 Caracterização dos materiais utilizados nas vigas


5.3.1 UHPFRC
De cada lote de concreto produzido para as vigas, foram moldados 5 corpos de prova
na geometria de “dog bone” (tração) e 5 cilíndricos (compressão) de 5 cm x 10 cm para
caracterização e controle de qualidade do UHPFRC, bem como parâmetros de entrada
para o modelo numérico. Cabe salientar que para esta etapa de caracterização todos os
ensaios foram realizados utilizando a máquina servo hidráulica Instrom com controle de
deslocamento e 1500 kN de capacidade, descrita no capítulo 4.
A Fig. 5.10.a e b mostra a evolução da resistência de compressão uniaxial em função
da maturidade de corpos de prova cilíndricos que foram submetidos ao mesmo regime de
cura que a viga (i.e., cura úmida à temperatura ambiente dentro de manta geotécnica
encharcada e embalada por uma lona). Nota-se que o maior ganho de resistência ocorre
entre os 7 e 14 dias, com o aumento em média de 40 MPa de resistência uniaxial. Após o
30º dia, o gráfico de resistência se estabiliza, com valores médios de 130 MPa. Os valores
de resistência uniaxial de compressão do UHPC foram similares ao UHPFRC. O ajuste
experimental foi feito de acordo com a Eq. 5.1, com s = 0,444 e fc28 = 120 MPa.

2
fc (t) = fc,28 .e(s.(1−(28/t))) (5.1)

94
1 6 0

1 4 0

1 2 0

1 0 0
fc (M P a )

8 0

6 0

4 0
P o n to s e x p .
2 0 A ju s te e x p . ( R ² = 0 ,9 1 )
9 5 % d o in te rv a lo d e c o n fia n ç a
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0
D ia s

(a)

Figura 5.10: Evolução da resistência do UHPFRC a compressão uniaxial em função do


tempo

Além dos ensaios de compressão uniaxial já discutidos, foram realizados ensaios para
a determinação de resistência à tração, módulo de elasticidade estático tangente inicial
(i.e., fct e fc e Eci ), e comportamento de tensão-deformação aos 28 dias. O módulo de
elasticidade estático tangente inicial foi determinado a partir de clip gages, conforme
recomendado pela ASTM C469 (ASTM, 2014), considerando os pontos de 0 e 40% do pico
de tensão. A Figura 5.11 apresenta o boxplot do módulo de elasticidade tangente inicial,
com valores máximos, mínimos e médios de 44 GPa, 38 GPa e 42 GPa, respectivamente. A
Fig. 5.12 apresenta o comportamento característico de tensão-deformação de compressão
para amostras de UHPFRC das vigas. Em pontilhado no mesmo gráfico pode-se observar
o modelo analítico de Carreira e Chu (1985), utilizado para calibrar numericamente as
vigas.
A resistência à tração uniaxial foi obtida em amostras de “dog-bone” (Figura 5.13a). O
deslocamento foi medido com base nos LVDTs com comprimento de 100 mm (ver Figura

95
5.13b) e a máquina de teste usada é a mesma dos testes de compressão. A média da
resistência à tração é de 10,67 MPa, com valores máximos e mínimos de 11,57 MPa e
9,11 MPa, conforme Figura 5.13c. Além disso, a Figura 5.13d apresenta a tensão de
tração das amostras. Existe um comportamento claramente de hardening no pico, típico
do comportamento à tração do UHPFRC, com deformação de pico de 3,29 ‰. A linha
pontilhada é o diagrama de tensão-deformação calibrado para as vigas de UHPFRC do
trabalho, conforme o modelo constitutivo de Krahl (2018).

E c
4 6

4 4 1 ,5 B o x

7 5 %
5 0 %
(G P a )

4 2
c i

2 5 %
E

4 0

- 1 ,5 B o x
3 8

Figura 5.11: Módulo de elasticidade tangente inicial das amostras das vigas

1 6 0 A m o s tra s e x p .
M o d e lo n u m é ric o c a lib ra d o
1 4 0
T e n sã o d e c o m p re ssã o (M P a )

1 2 0

1 0 0

8 0

6 0

4 0

2 0

0
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5
D e fo rm a ç ã o u n ia x ia l

Figura 5.12: Tensão-deformação característico na compressão

96
60 30

85
40

330
80

30
40

LVDT
85

Vista Vista
Frontal Lateral
(a) Geometria do dog-bone (b) Configuração de ensaio
de tração uniaxial

A m o s tra s e x p .
1 2
M o d e lo c a lib ra d o

1 3 ,0 1 0
T e n s ã o d e tra ç ã o (M P a )

f c t
1 2 ,5
8
1 2 ,0
6
1 1 ,5 1 ,5 B o x

7 5 %
4
(M P a )

1 1 ,0
5 0 %
1 0 ,5
c t

2
f

1 0 ,0
2 5 %
0
9 ,5
-1 ,5 B o x 0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5 0 ,0 6
9 ,0
D e fo rm a ç ã o u n ia x ia l
8 ,5

(c) Box plot com valores de fct (d) Diagrama de tensão-deformação característico na tração

Figura 5.13: Aspectos sobre a obtenção de fct

Optou-se por não ensaiar as amostras de tração direta do UHPC, pois o simples ato
de retirá-las das formas de dog bone já causavam fissuras, devido ao seu comportamento
frágil. Assim, era perigoso danificar os aparelhos LVDTs nos ensaios de tração direta.
Alternativamente, utilizou-se a curva do CEB FIB (CEB-FIP, 2010) com resistência à

97
tração de 2,5 MPa, conduzindo a resultados satisfatórios.

5.3.2 Dywidagr
A Fig. 5.14 apresenta o comportamento constitutivo de tração das barras de Dywidagr ,
obtidos por ensaio de tração uniaxial de um vergalhão instrumentado de 15 mm de diâ-
metro por 1000 mm de comprimento, efetuado na máquina servo-hidráulica Instrom, de
capacidade de 1500 kN:

1 2 0 0

1 1 0 0
T e n sã o (M P a )

1 0 0 0

9 0 0

8 0 0

L e i c o n s titu tiv a (E s = 2 0 0 0 0 0 M P a )
7 0 0
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5 0 ,0 6 0 ,0 7 0 ,0 8
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a

Figura 5.14: Resposta de tensão-deformação do aço Dywidag r

5.4 Carregamento cíclico


As vigas I foram testadas por um ensaio de flexão em 3 pontos com aplicação de
carregamento cíclico, conforme o esquema da Figura 5.15. A força em rosa Ff lex−cis da
Fig.5.15 foi aplicada nas situações de carregamento próximo ao apoio (terço do vão),
e a força em azul Ff lex foi aplicada no meio do vão, conforme as situações de estudo
apresentadas na Tabela 5.1. O elemento de 3000 mm de comprimento, foi posicionado
com vão livre entre apoios de 2500 mm. A viga foi fixada em roletes metálicos (Fig. 5.17)
que simulam a condição de apoios fixos e móveis.
A Fig. 5.16.a ilustra o ensaio de uma viga solicitada ao carregamento majoritário de
flexão, com força aplicada no meio do vão. O colapso total da peça se dá pelo rompimento
de suas armaduras (Fig. 5.16.b). O ensaio cíclico foi conduzido por um atuador servo

98
hidráulico com controle de deslocamento, marca MTS modelo 244.41, com capacidade
para 300 kN. A Fig. 5.16 também indicam a posição dos LVDTs utilizados para obter o
deslocamento e curvatura da seção. Foram aplicados ao menos 5 ciclos de carregamento
em cada viga, para se identificar a evolução da danificação e estádios de fissuração da
peça. Os 5 ciclos foram definidos à partir de simulação numérica prévia das peças.

Fflex-cis Fflex

50

100

250
150
50
P P 25

25 57 57
250

250 833 417 417 833 250

Extensômetros Extensômetros
LVDT

Figura 5.15: Esquema de aplicação de força no ensaio

LVDT

(a) (b) Após a ruptura das armaduras

Figura 5.16: Ensaio de flexão a 3 pontos da viga UHPFRC-P

99
(a) Apoio móvel (b) Apoio fixo

Figura 5.17: Apoios utilizados no ensaio de flexão cíclico

5.5 Ensaios não destrutivos


Durante os intervalos entre ciclos de carregamento impostos às vigas, foram realiza-
dos ensaios não destrutivos para se obter informações sobre a danificação da peça. Assim,
foram utilizados ensaios ultrassônicos e dinâmico por impacto.

5.5.1 Ultrassonografia longitudinal


Este ensaio foi realizado no sentido longitudinal da peça, tendo o intuito de se
estimar o dano nas regiões da seção transversal mostradas na Fig. 5.18 segundo a Eq.
5.2. Para cada passo de carga foram feitas 10 medidas, posicionando os transdutores com
medição direta nas regiões 1 à 8 (e.g., 1-1 na Fig. 5.19).
Espera-se que o dano se manifeste de forma similar aos corpos de prova ensaiados no
capítulo 4, onde a diminuição da velocidade do pulso ultrassônico é explicada pelo atraso
da onda ultrassônica quando se depara com um vazio ou fissura.

vp2
dus = 1 − 2
(5.2)
vp0

100
62.5 1 2 3 75
4 50
5 50
7 6 8 75

125 50 125

Figura 5.18: Malha transversal

2 3
4
5
7 6 8

Ultrassom

2 3
4
5
7 6 8

Figura 5.19: Leitura no ponto 5

A frequência dos transdutores foi de 250 kHz e foi utilizado gel para acoplamento à
estrutura. A Figura 5.20 apresenta um resultado típico da medição ultrassônica, onde o
equipamento determina o tempo t para a onda ultrassônica atravesse longitudinalmente
o elemento estrutural.

101
-1 0 0
S in a l d o p u ls o
-8 0

-6 0

-4 0
A m p litu d e

-2 0

2 0 t

4 0

6 0

8 0

1 0 0
0 2 0 0 4 0 0 6 0 0 8 0 0 1 0 0 0

T e m p o ( µs )

Figura 5.20: Sinal típico obtido via ultrassom para a viga intacta

5.5.2 Ensaio dinâmico de impacto


Uma série de ensaios dinâmicos de impacto foi realizada com o intuito de monitorar
a evolução da frequência natural e coeficiente de amortecimento para cada ciclo de força
aplicado às peças. Para esta etapa, foram utilizados os acelerômetros da marca Brüel &
Kjaer, modelos 8344 e 4533-B-2, onde as características técnicas são resumidas na Tabela
5.3. O sistema de aquisição dos dados utilizado é fornecido pela National Instruments,
modelo NI 9232 juntamente com o programa computacional LabView SignalExpress, do
mesmo fabricante. Os acelerômetros foram dispostos no eixo longitudinal da viga, con-
forme a Fig. 5.21. A série 8344 foi colocada nas posições do meio do vão, devido sua
maior sensibilidade. O posicionamento dos acelerômetros é conforme a Tabela 5.4 e Fig.
5.21:

Tabela 5.3: Especificações dos acelerômetros utilizados

Modelo Sensibilidade Faixa de freq. Faixa de ruído inerente


(mV/g) (Hz) medição (µg)
8344 2500 0,2 - 3000 ±2, 6 45
4533-B-002 490 0,3 - 12800 ±14 160

102
Tabela 5.4: Posição dos acelerômetros

ID Posição no eixo longitudinal (cm)


1 25
2 75
3 112
4 188
5 225
6 275
7 300

A4 A3 A2 A1
A6 A5

A7

Figura 5.21: Posicionamento dos acelerômetros - V01

O impacto foi feito por um martelo convencional, sempre no meio do vão da viga. Para
a viga vibrar livremente era retirado o travamento entre o pórtico e a viga, e mantidos os
LVDTs. O sinal no tempo dos acelerômetros com vários impactos aplicados (e.g., 5.22)
foi transformado para o domínio da frequência, por meio de uma rotina implementada
em MATLAB, onde se obtém o valor da Power Spectrum Density (PSD), conforme a
Fig. 5.23, com resolução de frequência de 0,6 Hz. Do gráfico característico de sinal na
frequência ao longo dos ciclos, observa-se que a frequência do primeiro modo de vibração
de flexão decai sistematicamente, a medida que os ciclos de carregamento são impostos
nas peças. Conforme a Fig. 5.22, foram impostos ao menos 10 impactos na peça para se
obter as propriedades dinâmicas.

103
0 ,5

0 ,4

0 ,3

0 ,2
A m p litu d e (m /s 2)
0 ,1

0 ,0

- 0 ,1

- 0 ,2

- 0 ,3

0 5 1 0 1 5 2 0
T e m p o (s)

Figura 5.22: Sinal no tempo do acelerômetro 4 (meio do vão), da viga de UHPFRC (V03)

0 ,0 0 0 5 0
In ta c to
0 ,0 0 0 4 5
C ic lo 1
0 ,0 0 0 4 0 C ic lo 2
C ic lo 3
0 ,0 0 0 3 5 C ic lo 4

0 ,0 0 0 3 0

0 ,0 0 0 2 5
P S D

0 ,0 0 0 2 0

0 ,0 0 0 1 5

0 ,0 0 0 1 0

0 ,0 0 0 0 5

0 ,0 0 0 0 0
0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0 1 2 0 1 4 0
F re q . (H z )

Figura 5.23: Sinal na frequência do acelerômetro 4 (meio do vão), da viga de UHPFRC


(V03), escala linear

Com a disposição dos acelerômetros, foi possível se verificar a deformada modal (Fig.
5.24) para o primeiro pico de flexão, caracterizado pela Fig. 5.23. Todas as análises foram

104
feitas considerando os sinais captados pelos acelerômetros posicionados próximos ao meio
do vão (i.e. AC2 e AC3).

0 ,0

- 0 ,2
D e fo rm a d a m o d a l

- 0 ,4 R u p tu ra
C ic lo 4
- 0 ,6 C ic lo 3
- 0 ,8 C ic lo 2
C ic lo 1
- 1 ,0 In ta c to
M é d ia
- 1 ,2
0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0
P o s iç ã o d o s a c e le rô m e tro s

Figura 5.24: Sinal na frequência do acelerômetro 4 (meio do vão), da viga de UHPFRC


(V03), escala logarítmica

O valor de danificação global da viga foi então determinado pela equação 5.3, consi-
derando para esta análise a diminuição da frequência do primeiro modo de vibração:
 2
f1,i
df req = 1 − (5.3)
f1,0
Em que: f1,i é a frequência do primeiro modo de vibração no i-ésimo ciclo; e f1,0 é a
frequência do primeiro modo de vibração na condição intacta;
O amortecimento foi obtido no domínio da frequência conforme o método de largura
de banda de meia potência (EWINS, 1994; MCCONNELL; VAROTO, 2008), onde se
calcula o decaimento do pico de frequência no intervalo de ω1 à ω2 , conforme a Fig. 5.25
e Eq. 5.4. Os valores de amortecimento apresentados no presente trabalho sempre foram
obtidos para o primeiro pico de frequência natural (i.e., modo fundamental de flexão),
uma vez que este modo de vibração demanda menos energia para excitação.

ω2 − ω1
ξ= (5.4)
2ωn

105
Amax

Amplitude
1/2
Amax/2

w1 wn w2
Frequência

Figura 5.25: Método de largura de banda de meia potência (MCCONNELL; VAROTO,


2008)

Com a evolução dos ciclos de carregamento, espera-se que as frequências naturais


diminuam devido a degradação do módulo de elasticidade e o amortecimento cresça devido
a fissuração das peças, similarmente ao que ocorre em corpos de prova do capítulo 4.

5.6 Monitoramento de pontos de apoio por estação to-


tal e fotogrametria
A fim de se determinar os deslocamentos residuais, identificar o padrão das fissu-
ras e caracterizar os modos de falha obtidos nos ensaios de flexão e flexo cisalhamento,
foram feitos ensaios de monitoramento geodésico. A proposta para tais ensaios visou
utilizar de forma conjunta a técnica de fotogrametria aliada à medição polar de pontos
via estação total robótica (Robotic Total Station, RTS). Assim, ao final de cada ciclo de
carga, estas técnicas eram utilizadas para o monitoramento das vigas I, determinando
seus deslocamentos residuais. Esta etapa do estudo foi realizada em parceria com o grupo
de monitoramento geodésico de estruturas do Departamento de Transportes da Escola de
Engenharia de São Carlos - STT. As Figs. 5.26 e 5.27 apresentam o procedimento básico
para tais ensaios:

106
Método Polar

O método de medição polar se fundamenta em sistemas polares e equações

trigonométricas para determinar posições de pontos de interesse. Como mostra a Figura

1, é possível calcular a coordenada espacial de um ponto (XQ, YQ, HQ), realizando-se

medições de ângulos verticais, direções horizontais e distâncias inclinadas por meio de

um sensor de mediçãoFigura 5.26: Ensaios


posicionado de monitoramento
sob um ponto conhecido (XPgeodésico
, YP, HP) e orientado a

um ponto de referência (XR, YR, HR).

Figura 5.27: Relações geométricas do método de medição polar


Figura 1: Relações geométricas do método de medição polar (podemos adequar
ao seu projeto).

O Desta
métodoforma, os cálculos
de medição sãoserealizados
polar comem
fundamenta seguintes equações:
sistemas polares e equações trigonomé-
tricas para determinar posições de pontos de interesse (MARTINS, 2013). Como mostra
a Figura 5.27, é possível calcular a coordenada espacial de um ponto Q (XQ , YQ , HQ ),
𝑋𝑋𝑄𝑄 = 𝑋𝑋𝑃𝑃 + 𝑑𝑑′𝑃𝑃𝑃𝑃 . 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐�𝛽𝛽𝑃𝑃𝑃𝑃 �. 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠�𝐴𝐴𝐴𝐴𝑃𝑃𝑃𝑃 � (1)

𝑌𝑌𝑄𝑄 = 𝑌𝑌𝑃𝑃 + 𝑑𝑑′𝑃𝑃𝑃𝑃 . 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐�𝛽𝛽𝑃𝑃𝑃𝑃 �. 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐�𝐴𝐴𝐴𝐴𝑃𝑃𝑃𝑃 � (2)


107
𝐻𝐻𝑄𝑄 = 𝑍𝑍𝑃𝑃 + 𝑑𝑑′𝑃𝑃𝑃𝑃 . 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠�𝛽𝛽𝑃𝑃𝑃𝑃 � + ℎ𝑖𝑖 − ℎ𝑟𝑟 (3)
realizando-se medições de ângulos verticais, direções horizontais e distâncias inclinadas
por meio de um sensor de medição posicionado sob um ponto conhecido P (XP , YP , HP )
e orientado a um ponto de referência R (XR , YR , HR ). Desta forma, o ponto Q é obtido
conforme as seguintes equações:

XQ = XP + d0P Q cos(βP Q ).sen(AzP Q ) (5.5)

YQ = YP + d0P Q cos(βP Q ).sen(AzP Q ) (5.6)

HQ = ZP + d0P Q cos(βP Q ).sen(AzP Q ) + (hi − hr ) (5.7)

Em que: XP , YP , HP são as coordenadas conhecidas do ponto da estação total P;


XQ , YQ , HQ são as coordenadas a serem calculadas para o ponto Q; AzP Q é o azimute do
alinhamento de PQ, medido pela estação total; βP Q é o ângulo vertical de altura observado
no ponto P; d’P Q é a distância medida entre os pontos P e Q; hi é a altura do instrumento;
e hr a altura do prisma refletor;
Assim, os pontos de controle utilizados pelo modelo de fotogrametria foram obtidos
para cada passo de carga por uma RTS da marca Leicar Geosystems, série profissional
Total Station Positioning System (TPS1200+), modelo Theomat Coaxial Reflectorless
Automated Total Station (TCRA1201+), com precisão angular igual a 1”. A RTS foi fixada
em um perfil metálico, que por sua vez, foi fixo aos sargentos nas canaletas do pórtico
de ensaio, conforme a Fig. 5.29. Um tripé foi utilizado para posicionar o prisma refletor
circular (GPR111) utilizado para orientação inicial do sistema de coordenadas. Como os
ensaios visam atingir limites de ruptura, e consequentemente são destrutivos, os pontos
de monitoramento não permitem a instalação de prismas de vidro, desta forma, se optou
pelo uso de alvos codificados (QR Codes), gerados pelo software de fotogrametria Agisoft
Photoscan r . Uma das vantagens deste tipo de alvo, é no sentido de reconhecimento
automático feito pelo software, o que facilita o processamento das imagens. Os alvos foram
colados com uma camada adesiva, sobre uma superfície plana sobre a qual se pretende
realizar medições. A Figura 5.28 mostra os equipamentos utilizados nesta etapa, i.e., a
RTS, o tripé, o alvo refletor de referência e os alvos codificados. A Fig. 5.29 apresenta o
perfil que foi utilizado como base para a fixação da RTS:

108
(a) RTS (b) Tripé (c) Prisma (d) QRcode utilizado
como alvos

Figura 5.28: Instrumentos utilizados para o monitoramento via RTS

Figura 5.29: Perfil de base utilizado para fixação da RTS

Os pontos de controle foram materializados com a colagem dos alvos em posições


estratégicas, objetivando a melhor representação do fenômeno. A Figura 5.26, ilustra
a disposição característica dos 20 alvos de QRcode na viga UHPFRC-P (Flex-cis), bem
como o procedimento de obtenção dos pontos pela RTS:
Para a realização das medições, adotou-se o seguinte fluxo de trabalho: (i) ao início
de cada ensaio, a RTS era posicionada sob o perfil metálico de base e as coordenadas

109
espaciais do centro óptico eram inseridas, conforme estão indicadas na Tabela 5.5; (ii)
Para uma maior precisão dos resultados, foram inseridas as condições de pressão e tempe-
ratura obtidas para a cidade de São Carlos - SP, segundo os dados do Instituto Nacional
de Meteorologia (Inmet) - http://www.inmet.gov.br/; (iii) Como mostra a Figura 5.30,
a RTS era direcionada para o prisma de referência com valor zero na direção horizontal
(α=Az=0º); (iv) Com a RTS devidamente estacionada, eram realizadas medições dos pon-
tos monitorados nas vigas (RTs), sucessivamente em cada série de aplicação de carga para
determinação das coordenadas espaciais e consequentemente suas variações no espaço.

Tabela 5.5: Coordenadas espaciais do centro óptico da RTS na estação (E1)

Estação X(m) Y(m) H(m)


E1 1000,000 5000,000 100,000

Figura 5.30: Monitoramento por estação total

Após a orientação dos pontos de apoio de QRCode por meio da RTS, eram obtidas
fotos para cada passo de carga, que constituíam um mosaico fotogramétrico. Para esta
etapa, utilizou-se de uma câmera profissional Canonr EOS30D. A Fig. 5.32 demonstra a
obtenção típica de imagens para a fotogrametria na viga UHPFRC-P Flex-Cis. A Fig,
5.31 apresenta o problema da obtenção da coordenada X1 por meio da fotogrametria.

110
X4
X1 X3
X2

X5 X7
p1,1
X6

p1,3
Câmera 1 p1,2
R1,t1
Câmera 3
R3,t3

Câmera 2
R2,t2
Figura 5.31: Problema da Fotogrametria(AGARWAL et al., 2010)

Figura 5.32: Obtenção das imagens de fotogrametria (Viga UHPFRC-P-Flex-Cis)

111
Segundo Ozyesil et al. (2017), o problema da fotogrametria colocado na Fig.5.31 é
dado pela minimização de uma função espacial não linear g(X,R,T) chamada de estrutura
multivista do movimento (SfM). A função SfM dependente da posição das câmeras Rj , das
coordenadas espaciais conhecidas Xi (i.e., posições dos QRcodes monitorados) e do tempo
de captura T em que a cena ocorreu. Como as medidas eram feitas com a viga em repouso,
o tempo de captura T neste caso poderia ser negligenciado. Outra particularidade desta
técnica, é que foi estabelecido um sistema de coordenadas para os QR codes, e assim, a
câmera não necessitava ficar estática em um ponto conhecido, tendo o FotoScan Agisoft
a capacidade de reconhecer o QR Code e os associar ao sistema de coordenadas. Após os
ensaios, as fotos são carregadas no Agisoft Photoscan r (Fig. 5.33).

Figura 5.33: Estação de trabalho do Agisoft Photoscan r

Como primeiro passo, o programa realiza o alinhamento das fotos, e posterior compa-
ração entre as mesmas, com o objetivo de se produzir um mosaico com mais precisão e
eliminar as fotos espúrias. Nesse estágio, o Agisoft Photoscan r também encontra a posi-
ção e a orientação da câmera para cada foto e constrói um modelo de nuvem de pontos.
Nesta etapa do trabalho os seguintes parâmetros foram adotados:

• A acurácia foi usada como “Highest” para tentar forçar um alinhamento mais preciso
do conjunto das fotos;

• O algoritmo Generic preselection foi utilizado para se determinar a posição da câ-


mera para cada momento das tomadas das imagem;

112
• A opção de Reset current alignment foi utilizada para sempre limpar o processo de
alinhamento e assim buscar o melhor alinhamento sem utilizar valores de alinha-
mentos anteriores;

• O valor de Key point limit é referente ao limite máximo de pontos reconhecidos em


cada imagem em um plano. Similarmente, o Tie point limit representam o limite
máximo de pontos reconhecidos em 3D. Para esta análise foram adotados 40000 e
4000, respectivamente para Key point limit e Tie point limit;

• A opção de Adaptive câmera model fitting é utilizado quando não se conhece os


parâmetros de calibração do conjunto, câmera e lente, de maneira a forçar o software
estimar esses parâmetros por meio dos pontos obtidos nas imagens.

Após o alinhamento das imagens ser concluído, adicionam-se as coordenadas de cada


ponto obtido via RTS. Nessa parte, por utilizar os marcadores do próprio programa (i.e.,
marcadores QRCode), apenas é necessário a adição de uma tabela com as coordenadas
XYZ sequencial para os pontos 1 à 20.
Por meio das coordenadas das câmeras obtidas na etapa anterior, o programa calcula
a profundidade de cada ponto e propaga para todas as cenas de maneira a criar uma
nuvem densa de pontos. A qualidade utilizada para esta etapa foi a “ultra alta” e o filtro
de profundidade foi o “Agressivo”, uma vez que o nível de detalhes deveria ser alto pela
proposta do estudo. Posteriormente, o programa cria uma nuvem de pontos 3D, e então,
obtém-se uma textura de modelo 3D, criando-se o modelo de mosaico e gerando a elevação
digital e a ortofoto.
Para cada passo de carga, a construção do mosaico demorou em média 8 horas de
processamento, utilizando um processador Intel i5r , 7ª geração, placa de vídeo Nvidiar
geforce GTX 1070 com 8 GB e 32 GB de memória RAM. Ao final do processamento, a or-
tofoto fica georreferenciada, podendo ser manipulada em um software CAD convencional,
sendo possível a vetorização das fissuras por splines, além da obtenção do comprimento,
trajetória e estimativa de abertura de fissuras (vide Fig, 5.36).
Cabe salientar que as fotos da Fig. 5.34 estão em baixa resolução, pois cada uma
tem tamanho na ordem de 5 MB, sendo inviável sua utilização na qualidade integral no
presente documento. Por sua vez, estas 100 fotos foram utilizadas para criar o mosaico
da Fig. 5.35, que está em qualidade suficiente para que o leitor possa utilizar o zoom in e
identificar as fissuras nas peças. A Fig. 5.36 mostra um exemplo característico de como o
valor de abertura de fissuras pode ser estimado, a partir das ortofotos georreferenciadas.

113
Figura 5.34: Mosaico - para a viga UHPFRC-P-Flex-Cis

Figura 5.35: Ortofoto de UHPFRC-P-Flex-Cis (V05)

114
m m
0.7

m
8m
m m
1

1.
Figura 5.36: Medida da abertura de fissuras

A Fig. 5.37 apresenta os box plots que medem o erro absoluto cometido nas duas
direções X e Y do plano das vigas estudadas (em mm), sendo este valor obtido entre a
diferença absoluta entre os pontos de controle da ortofoto e da estação total. Nota-se, que
apesar da variabilidade, a distribuição apresenta média centrada em zero, o que demonstra
o potencial da técnica de fotogrametria para o monitoramento estrutural e identificação
do dano e caminhamento de fissuras. A ocorrência de valores extremos pode surgir devido
a uma fissura que rompe o marco do ponto de controle, como por exemplo nas Figs. 5.32
e 5.36, ou condições adversas de luminosidade. Já a Figura 5.38 apresenta o valor médio
de dimensão de um pixel, em mm. Da Figura, nota-se que a partir de 0,2 mm a técnica
apresenta capacidade de se obter o valor de estimativa para abertura de fissuras.

115
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
1 5 In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
M é d ia
P o n to s E x p .
1 0
∆y o u ∆x ( m m )

-5

-1 0
U

U
H

H
PF

PF

PC

PF

PC
R C

R C

R C
P

-P
-F
-P

-P

le
-F

x-
le

C i
x-

s
C is
Figura 5.37: Erro no plano da técnica de fotogrametria

M é d ia ± D e s v io p a d rã o
0 ,7 In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
M é d ia
0 ,6
P o n to s E x p .

0 ,5
E rro p ix e l (m m )

0 ,4

0 ,3

0 ,2

0 ,1

0 ,0
U

U
H

H
PF

PF

PC

PF

PC
R C

R C

R C
P

P-
F
-P

-P

le
-F

x-
C
le

is
x-
C i
s

Figura 5.38: Erro no plano da técnica de fotogrametria

116
Para cada tipo de viga, ainda obteve-se por meio das ortofotos o valor de comprimento
de danificação Ldan , conforme a Fig. 5.39, uma medida simples do comprimento linear de
onde houve fissuração das vigas ao longo do vão. Dividindo-se o comprimento linear de
todas as fissuras vetorizadas (LF iss ) por Ldan , obtém-se a densidade de fissuras ao longo
do eixo da viga (df issuras ), conforme a Eq. 5.8:

Lf iss
df issuras = (m/m) (5.8)
Ldan

0.4

1.70

Figura 5.39: Zona de danificação, com Ldan em metros - UHPFRC (V02)

5.7 Considerações finais


Neste capítulo, foi apresentada a metodologia utilizada para a fabricação de vigas
protendidas de UHPFRC e UHPC, demonstrando a concepção das formas, processo de
mistura, cura, desforma e principais dificuldades encontradas para a produção dos protó-
tipos de vigas I de UHPC e UHPFRC. Além disso, os ensaios utilizados para a obtenção
dos resultados experimentais do capítulo 7 são descritos.

117
118
Capítulo 6

Calibração numérica e modelo teórico


de momento curvatura

6.1 Calibração numérica


Foram utilizadas malhas regulares com tamanhos médios de 50 mm e 25 mm (refi-
nada), para se avaliar a sensibilidade do problema. A Fig.6.1 apresenta as malhas utili-
zadas nesta parte do estudo:

119
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Mar 29 10:31:16 E. South America Standard Time 2020

(a)
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Mar 29 MalhaE.de
23:26:47 50 America
South mm Standard Time 2020

(b) Malha de 25 mm

Figura 6.1: Malhas utilizadas

Utilizou-se o elemento de treliça quadrático 3D T3D3 para representar as armadu-


ras ativas ou passivas, com discretização de 120 mm. A calibração foi feita embasada
no modelo com malha de 50 mm, devido ao seu menor custo computacional requerido.
Posteriormente, análises para a malha de 25 mm foram efetuadas. Os apoios neste caso
foram simulados com pontos de referência ligados por barras MPC com rigidez infinita.
A Tabela 6.1.a apresenta resumidamente os parâmetros de entrada para as leis cons-
titutivas e parâmetros de dano e plasticidade para o modelo calibrado de UHPFRC com
malha de 50 mm. Foi utilizada a lei de dano de Birtel e Mark (2006), com coeficientes
iguais à bt = 0,3 e bc = 0,7.
A Fig. 6.2.a e b apresenta as leis constitutivas uniaxiais de tração e compressão utili-
zadas na entrada do modelo de elementos finitos no ABAQUSr . As curvas foram obtidas
pela calibração dos resultados considerando as vigas ensaiadas e os corpos de prova sob
comportamento uniaxial de UHPFRC. Na compressão, foi utilizado o modelo de Carreira
e Chu (1985), e para o modelo de tração, utilizou-se o comportamento constitutivo de

120
Krahl (2018). Conforme a prescrição da AFGC (2013), o diagrama de tração analítico
que foi obtido pelo comportamento de corpos de prova (i.e., Fig. 5.13d) foi dividido pelo
fator de orientação global das fibras, i.e., Kglobal = 1, 23, que computa a diferença entre
as orientações de um corpo de prova e uma estrutura real (AFGC, 2013).
Além da correção do parâmetro Kglobal , foi necessário se considerar a influência da
abertura de fissuras para o CDP. Assim, como o resultado de tração foi obtido para um
LVDT com curso de 100 mm, se corrigiu a influência para as malhas de 25 mm e 50
mm, multiplicando-se as deformações calibradas pelo fator proporcional que considera o

tamanho da largura de banda das malhas Lc = 3 Vel , em que Vel é dado pelo volume do
elemento finito. Além disso, o parâmetro de dano de Birtel (i.e., bt ) também foi corrigido
para a malha de 25 mm para bt = 0, 5.

Tabela 6.1: Resumo das propriedades de lei constitutiva


(a) UHPFRC (b) UHPC

Propriedade Valor Propriedade Valor


Wt (MPa) 0,457 Gf 0,13
Ip 0,049 (N/mm)1
0,c 0,005 w1 (mm) 0,0349
pico 0,000279 w2 (mm) 0,157
E0 (GPa)1 28,66 pico 0.0002
bc 0,7 E0 (GPa) 152 e
bt 0,3 27,53
fc (MPa) 135 MPa fc (MPa) 135 MPa
fct (MPa) 8,0 MPa fct (MPa) 3 MPa
Ψ (º) 50 Ψ (º) 50
m 0.1 m 0,1
fc,0 /fb,c0 1.07 fc,0 /fb,c0 1.07
K 0,667 K 0,667
β 11.6244 Viscosidade 0,0005
k1 e k2 1
Viscosidade 0,0005

1
Valor calibrado
2
Valor calibrado para a viga UHPC-P-Flex
3
Valor calibrado para a viga UHPC-P-Flex-Cis

121
1 ,2 1 6 0
L e i d e d a n o ( b c = 0 ,7 )
1 ,0
L e i c o n s titu tiv a 1 4 0

1 2 0
0 ,8

T e n sã o (M P a )
Ín d ic e d e D a n o

1 0 0
0 ,6

8 0
0 ,4
6 0

0 ,2
4 0

0 ,0
2 0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 5 0 ,0 1 0 0 ,0 1 5 0 ,0 2 0 0 ,0 2 5 0 ,0 3 0 0 ,0 3 5 0 ,0 4 0 0 ,0 4 5
D e f. in e lá s tic a

(a) Lei constitutiva calibrada para a compressão

9
1 ,0 L e i d e d a n o
M o d e lo c o n s titu tiv o 8

7
0 ,8
6
T e n sã o (M P a )

m m
Ín d ic e d e d a n o

= 5 0
M a

0 ,6
M a l

lh a 5
M a )
lh a

0 , 3
(b t=
h a =

m
= 2 5 m
= 2

M a lh a 4
0 ,4 0 ,5 )
5 m

(b t=
5 0 m

3
m

0 ,2
2

1
0 ,0
0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0 0 ,1 2 0 ,1 4 0 ,1 6 0 ,1 8 0 ,2 0
D e f. in e lá s tic a

(b) Lei constitutiva calibrada para a tração

Figura 6.2: Leis constitutivas calibradas para o UHPFRC

Da mesma forma, a Tabela 6.1.b apresenta os valores utilizados nos modelos numéricos
de concreto de UHPC (i.e., vigas UHPCP-Flex e UHPCP-Flex-cis). Utilizou-se o com-
portamento linear elasto-plástico perfeito para a compressão, com deformação inelástica

122
de 0 para a tensão de pico de 120 MPa. Como não foram feitos ensaios de tração direta,
utilizou-se do comportamento bilinear do CEB FIP(CEB-FIP, 2010) com lei de dano de
tração simplificada (SINGH et al., 2017), conforme a Eq. 6.1.

σi
dt = 1 − (6.1)
fct
A Fig. 6.3. apresenta o comportamento de tração para as vigas protendidas consti-
tuídas de UHPC, com correção efetuada para a malha:

1 ,2
L e i d e d a n o 3 ,0
L e i c o n s titu tív a
1 ,0 m
5 0 m 2 ,5
lh a
M a a 2 5
m m
0 ,8
M a lh 2 ,0

T e n sã o (M P a )
Ín d ic e d e d a n o

0 ,6
1 ,5

0 ,4
M a lh 1 ,0
a 2 5
m m
0 ,2 M a 0 ,5
lh a
5 0
m m
0 ,0 0 ,0

0 ,0 0 0 0 ,0 0 1 0 ,0 0 2 0 ,0 0 3 0 ,0 0 4 0 ,0 0 5 0 ,0 0 6
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a

Figura 6.3: Comportamento de tração do UHPC

Para a análise estática geral, foram utilizados incrementos mínimos de 1E-9 e máximos
de 0,05, com máximo número de incrementos de 1E9. Para cada ciclo de carregamento ou
descarregamento foi criado um step. Como critério de parada, a simulação foi realizada
até o atingimento de deslocamento máximo ou então incremento necessário menor que
1E-9. As análises das vigas I sob carregamento cíclico demoraram em média meia hora
para a malha de 50 mm e 4 horas para a malha de 25 mm.

123
6.2 Momento curvatura
Baseado nas equações de dimensionamento foi desenvolvido um código computa-
cional em MATLAB para obter a relação entre momento x curvatura (i.e., M x Φ). O
fluxograma da Fig. 6.4 apresenta o algorítimo para tal programa.
Inicialmente, considera-se o regime elástico linear para o aço e concreto, se obter os
valores de curvatura referentes à protensão, neutralização e momento de fissuração. Após
este ponto, aplica-se o método de Newton para se obter o equilíbrio da seção, respeitando
as leis constitutivas linear para o concreto e da Fig. para o aço. A análise é conduzida com
tolerância de 10−4 e critério de parada quando o aço ou concreto atingir a deformação
última estipulada (i.e., st = 10 ‰ e cud determinado pela Eq. 3.1). No ELU utiliza-
se a distribuição de tensões conforme o item 3.2. As Figs. 6.5a, 6.5b e 6.5c apresenta
respectivamente as leis constitutivas de concreto em tração e compressão, e dywidag.

Início

Geometria da seção transversal


Propriedades dos materiais

Cálculo da curv. e mom. Sim Seção Cálculo da curv. e mom.


Não
iniciais devido à Fprot. Protendida? de Fissuração
F1, M1 F 1, M 1

Cálculo do momento Cálculo da curv. e mom. Assume-se


de neutralização. de Fissuração
F3 = Ffiss.
F2, M2 F 3, M 3

F = F + DF,
Não

Atualização
Sim eaço < eult xLN
FIM ? xLN = xLN- (Fint/∇Fint)
econc. < ecu

Mrd
econc → Fc, conc., et, conc → Ft, conc.,
Mult eaço → Ft, aço,
Mfiss

Resultante de Forças

Ffiss. Fult F
Equilíbrio de Sim Não Gradiente das
Momentos → MRd SF = 0 ? Forças → ∇Fint

Método de Newton

Figura 6.4: Fluxograma do código desenvolvido para a análise de momento curvatura

124
8 7 0
L e i c o n s titu tiv a tra ç ã o L e i c o n s titu tiv a c o n c re to
7 6 0

6
T e n s ã o d e tra ç ã o (M P a )

5 0

T e n sã o (M P a )
4 0
4
3 0
3

2 0
2

1 1 0

0 0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8 0 ,0 1 0 0 ,0 1 2 0 ,0 1 4 0 ,0 1 6 0 ,0 1 8 0 ,0 0 0 0 0 ,0 0 0 5 0 ,0 0 1 0 0 ,0 0 1 5 0 ,0 0 2 0 0 ,0 0 2 5
D e fo rm a ç ã o D e fo rm a ç ã o

(a) Lei constitutiva de tração do concreto (b) Lei constitutiva de compressão do concreto

1 2 5 0
L e i c o n s titu tiv a d y w id a g

1 0 0 0
T e n sã o (M P a )

7 5 0

5 0 0

2 5 0

0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8 0 ,0 1 0 0 ,0 1 2 0 ,0 1 4 0 ,0 1 6 0 ,0 1 8
D e fo rm a ç ã o

(c) Lei constitutiva do dywidag

Figura 6.5: Lei constitutiva para o momento curvatura

Os resultados de momento curvatura teóricos das vigas em flexão foram comparados


com os valores experimentais e numéricos. Para estes modelos, a curvatura foi determi-
nada conforme a curvatura apresentada pela Eq. 6.2 e Fig. 6.6:

1 2y
=Φ= 2 (6.2)
R y + 0, 162 .L2
Em que: 1/R é a curvatura da viga; y é a diferença entre o deslocamento central e os
instalados no terço do vão (vide Fig. 5.15); L é o comprimento do vão da viga da Fig.
6.7.

125
O

R R

D' E'

M
y = Dmv - DL

Figura 6.6: Obtenção da curvatura

D' E'

0,333 L 0,167 L 0,167 L 0,333 L

Figura 6.7: Obtenção da curvatura

6.3 Considerações finais


Neste capítulo, apresentou-se o procedimento e parâmetros de entrada para a mo-
delagem numérica utilizados para a calibração dos resultados experimentais. Além disso,
descreveu-se o código para obtenção da relação momento x curvatura das vigas experi-
mentais em flexão. Tais resultados serão apresentados no capítulo 7.

126
Capítulo 7

Resultados experimentais e numéricos


em vigas I

Nesta seção, serão apresentados os resultados experimentais e numéricos das vigas


I protendidas fabricadas e modeladas numericamente nos capítulos anteriores.

7.1 Ensaios mecânicos


7.1.1 Envoltória monotônica
A Tabela 7.1 apresenta resumidamente os resultados obtidos para as vigas ensaiadas
aos carregamentos de flexão e flexo-cisalhamento. Cabe salientar que o valor de δ100kN é o
deslocamento referente a 100 kN. Já a Fig. 7.1a e 7.1b apresenta o envelope monotônico
para as seções estudadas em flexão (Fig. 7.1a) e flexo-cisalhamento (Fig. 7.1b). Dos
resultados, nota-se a maior deslocabilidade e força dos perfis constituídos de UHPFRC
em relação ao UHPC, tanto na condição de flexão quanto de flexo-cisalhamento.

127
Tabela 7.1: Resultados das vigas ensaiadas

ID Nome Vf P∞ Fmax δpico (mm) δ100kN (mm)


(%) (MPa) (kN)
V0 Piloto - UHPC - P 0 273
V1 UHPFRC-P (Flex) 2 274 175,0 24 5,5
V2 UHPFRC-P (Flex) 2 282 178,6 25 5,5
V3 UHPFRC (Flex) 2 0 182,0 29 6,5
V4 UHPC-P 0 284 67,0 9 -
V5 UHPFRC-P (Flex-cis) 2 282 190,93 22,5 3,75
V6 UHPC-P (Flex-cis) 0 265 59,41 5,4 -
Valores nominais de resistência: fy = 900M P a, fu = 1100M P a, fc = 135M P a, fct =
10M P a, nível nominal de de protensão de 30 %.

2 0 0

1 5 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 0 0

5 0 U H P F R C - P (V 0 1 )
U H P F R C - P (V 0 2 )
U H P F R C (V 0 3 )
U H P C - P (V 0 4 )
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )

(a) Seções submetidas à flexão

2 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 5 0

1 0 0

5 0

U H P F R C -P (V 0 5 )
U H P C -P (V 0 6 )
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0
D e s l. te rç o d o v ã o (m m )

(b) Seções submetidas à flexo-cisalhamento

Figura 7.1: Envelope monotônico das seções estudadas

128
7.1.2 Comportamento cíclico das vigas submetidas à flexão e flexo-
cisalhamento
As Figuras 7.2 e 7.3 apresentam as respostas numérico experimental de força x
deslocamento cíclicas para os perfis protendidos de UHPFRC, submetidos à carregamento
flexional de três pontos no meio do vão (i.e., UHPFRC-P-Flex V01 e V02). Nota-se que
a força máxima experimental foi igual à 176 kN, enquanto que o modelo numérico com
malha de 50 mm apresentou força máxima de 185 kN, o que demonstra erro entre os
modelos numérico e experimental de 4,5 %.
Para a viga não protendida submetida à flexão (i.e., UHPFRC), a força resistente
experimental foi de 182 kN contra 183 kN do modelo numérico com malha de 50 mm,
o que demonstra uma diferença entre os modelos de 1 % (vide Fig. 7.4). Os modelos
com malha mais refinada (i.e., 25 mm), ficaram com erro na ordem de 10 - 11 %. Este
comportamento de aumento da força nos modelos com malha mais refinada pode ser
atribuído a concentração de dano nos elementos de pequena dimensão, causando grau de
singularidade que superestima a resposta numérica em relação à experimental.

2 0 0

1 5 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 0 0

5 0 U H P F R C -P (V 0 1 )
N u m é ric o
m a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )

Figura 7.2: Resposta em força deslocamento das vigas de UHPFRC: V01 protendida -
UHPFRC-P-Flex

129
2 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 5 0

1 0 0

U H P F R C - P (V 0 2 )
N u m é ric o
5 0
m a lh a d e 2 5 m m
m a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )

Figura 7.3: Resposta em força deslocamento das vigas de UHPFRC: V02 protendida -
UHPFRC-P-Flex

2 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 5 0

1 0 0

U H P F R C (V 0 3 )
5 0 N u m é ric o
M a lh a d e 2 5 m m
M a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )

Figura 7.4: Resposta em força deslocamento das vigas de UHPFRC: V03 sem protensão
- UHPFRC-Flex

A Fig. 7.5 apresenta uma foto convencional que destaca a ruptura característica por
flexão da viga de UHPFRC-P. Já a Fig 7.6 apresenta a foto da ruptura por flexão da viga

130
UHPFRC. As marcações efetuadas nas vigas associam o surgimento das fissuras ao valor
de força imposto na peça. Destas fotos convencionais, observa-se a região de arrancamento
de fibras, ocorrendo no plano de flexão (vide Fig. 7.7).

Figura 7.5: Ruptura da viga UHPFRC Protendida (V01 e V02)

131
Figura 7.6: Ruptura da viga UHPFRC sem protensão (V03)

Figura 7.7: Zona onde houve arrancamento de fibras (V02)

132
A Fig. 7.8.a e b apresenta o diagrama de força aplicada versus a deformação observada
nas armaduras no ponto do terço do vão, para modelo numérico e experimental, para as
vigas UHPFRC-P (V02) e UHPFRC (V03).

2 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 5 0

1 0 0

N u m é ric o
5 0 E x t. 1 e 2
E x t. 3 e 4
E x t 5 e 6
E x t 7 e 8
0
0 ,0 0 0 0 0 ,0 0 0 5 0 ,0 0 1 0 0 ,0 0 1 5 0 ,0 0 2 0 0 ,0 0 2 5 0 ,0 0 3 0 0 ,0 0 3 5 0 ,0 0 4 0
D e f. u n ia x ia l d a b a rra

(a) UHPFRC-P (V02)

2 0 0

1 5 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 0 0

5 0 N u m é ric o
E x t. 1 e 2
E x t. 3 e 4
E x t. 4 e 6
0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 1 0 ,0 0 2 0 ,0 0 3 0 ,0 0 4 0 ,0 0 5
D e fo rm a ç ã o u n ia x ia l d a b a rra

(b) UHPFRC (V03)

Figura 7.8: Força aplicada vs. deformação nas armaduras

O diagrama de força x deslocamento para viga de UHPC protendida submetida ao

133
carregamento de flexão é apresentado conforme a Fig. 7.9. Nota-se um pico de força
experimental de 60 kN, i.e., aproximadamente 70% menor que o pico de força das vigas
que contém fibras metálicas. O deslocamento último é de 7 mm, valor 70 % menor que
as vigas de UHPFRC com 2% de fibras. Portanto, a ausência das fibras metálicas indica
a ruptura frágil e catastrófica, com força muito menor que os modelos com Vf = 2 %. Os
modelos de malha com 25 mm e 50 mm apresentaram Fmax de 71 e 62 kN, respectivamente.
A foto convencional da Fig. 7.10 apresenta como as fissuras do UHPC são espaçadas
na ruptura, fenômeno que ocorre devido à falta de fibras. Além disso, a mesma foto
demonstra que embora o carregamento seja aplicado no meio do vão, a fissura que gera
o colapso da peça é claramente diagonal, o que demonstra que a combinação da baixa
resistência à tração do concreto sem fibras, juntamente com a ausência de estribos e
características geométricas da seção transversal gera um modo de falha preponderante de
cisalhamento.

8 0

7 0

6 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

5 0

4 0

3 0
U H P C -P (V 0 4 )
2 0 N u m é ric o
m a lh a d e 2 5 m m
1 0 m a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 2 4 6 8 1 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )

Figura 7.9: Resposta em força deslocamento das vigas de UHPC-P

134
Figura 7.10: Ruptura da viga UHPC protendida (V04)

Variando-se o ponto de aplicação da força, obtém-se os resultados numérico e experi-


mentais de força x deslocamento para as vigas de UHPFRC-P-Flex-Cis e UHPCP-Flex-
Cis, conforme as Figs. 7.11 e 7.12. Nesta etapa considerou-se os carregamentos aplicados
no terço do vão (conforme Fig. 5.15) e relação a/d = 3,92 (conforme Tabela 5.1). Observa-
se o deslocamento último de 5,5 mm para a viga UHPC-P-Flex-Cis, comparado à 20mm
para a viga de UHPFRC protendida, o que sugere que as fibras também melhoram a
ductilidade para esta condição de carregamento perto do apoio. Além do deslocamento
máximo, há melhoria de resistência, uma vez que a adição de 2% de fibras aumenta de
59,41 kN (UHPC-P-Flex-Cis) para 191,70 kN (UHPFRC-P-Flex-Cis) de resistência, de-
monstrando um aumento de 3,22 vezes. A relação entre a força máxima dos modelos
experimental e numérico se apresenta contida entre os valores máximos de 1,10 e 1,11.
A Fig. 7.15 apresenta a deformação na armadura ativa versus a força aplicada na viga
UHPFRC-P-Flex-Cis.

135
2 5 0

2 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 5 0

1 0 0

U H P F R C - P (V 0 5 )
N u m é ric o
5 0
m a lh a d e 2 5 m m
m a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )

Figura 7.11: Diagrama de força x deslocamento UHPFRC-P-Flex-Cis

7 0

6 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

5 0

4 0

3 0

U H P C -P (V 0 6 )
2 0 N u m é ric o
m a lh a d e 2 5 m m
1 0 m a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 1 2 3 4 5 6
D e s l. m e io d o v ã o (m m )

Figura 7.12: Diagrama de força x deslocamento UHPC-P-Flex-Cis

As fotos convencionais das Figs. 7.13 e 7.14 apresentam o modo de falha para as vigas
em flexo-cisalhamento, respectivamente para a viga de UHPFRC-P-Flex-cis e UHPC-P-
Flex-Cis. Nota-se que as fibras geram um modo de falha com fissuração muito mais difusa

136
para a viga UHPFRC-P-Flex-Cis, enquanto que a viga de UHPC apresentam poucas
fissuras que evoluem de forma catastrófica para uma ruptura frágil.

Figura 7.13: Ruptura da viga UHPFRC-P-Flex-Cis

Figura 7.14: Fissuração da viga UHPC-P-Flex-Cis antes da ruptura

A Fig. 7.15 apresenta o diagrama de força aplicada versus a deformação observada nas
armaduras embaixo do ponto de aplicação de força, para modelo numérico e experimental,
respectivamente para as vigas UHPFRC-P-Flex-Cis (V05):

137
2 5 0

2 0 0

F o rç a A p lic a d a (k N )
1 5 0

1 0 0

5 0
N u m é ric o
E x t. 1 -2
E x t. 3 -4
0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8 0 ,0 1 0
D e f. u n ia x ia l d a b a rra

Figura 7.15: Relação força aplicada pela deformação uniaxial da barra (Viga UHPFRC-
P-Flex-Cis)

A Tabela 7.2 apresenta os valores resumidos de Força máxima (Fmax ) para cada modelo
experimental e numérico (i.e., com malha refinada de no máximo 30 mm e malha de 50
mm). Efetuando-se uma análise dos dados apresentados pela Tabela 7.3, nota-se que a
relação entre os modelos numérico e experimental apresenta média de 1,05, com valores
máximos e mínimos de 1,11 e 0,92, respectivamente.

Tabela 7.2: Valores de Fmax

ID Nome Fmax,num,25mm (kN) Fmax,num,50mm (kN) Fmax,exp (kN)


V1 UHPFRC-P (Flex) - 184,56 175,00
V2 UHPFRC-P (Flex) 198,10 186,07 178,61
V3 UHPFRC (Flex) 202,24 183,24 181,27
V4 UHPC-P 71,78 62,01 66,85
V5 UHPFRC-P (Flex-cis) 213,99 210,82 190,93
V6 UHPC-P (Flex-cis) 65,73 65,73 59,41

Tabela 7.3: Relação entre os modelos numérico e experimental

ID Nome Fmax,num,25mm /Fmax,exp Fmax,num,50mm /Fmax,exp


V1 UHPFRC-P (Flex) - 1,051
V2 UHPFRC-P (Flex) 1,11 1,044
V3 UHPFRC (Flex) 1,10 1,011
V4 UHPC-P 1,07 0,92
V5 UHPFRC-P (Flex-cis) 1,11 1.10
V6 CPR-P (Flex-cis) 1.10 1.10

138
7.2 Modelo analítico de flexão e cortante
A Fig. 7.16 apresenta a comparação de força máxima obtida pelos modelos numé-
rico, experimental e analítico (cortante máxima vs. momento fletor máximo). Observa-se
que para todos os casos de vigas de UHPFRC, os valores de forças máximas analíticas fo-
ram próximos aos valores numérico e experimentais, o que demonstra que para a condição
de carregamento, há modo de falha misto com fissuras de flexão e inclinadas de cisalha-
mento, mostrando a contribuição dos dois esforços na ruína das peças. Assim, mesmo nos
casos de carregamento predominantemente de flexão, as fissuras diagonais foram notáveis,
o que justifica os valores do modelo analítico de cortante próximo dos valores numérico
experimentais.
Devido à configuração de aplicação de força perto do apoio e distribuição de esforços
na viga, a menor resistência analítica para o cisalhamento das vigas de UHPFRC foi ob-
servada para a viga UHPFRC-P-Flex-Cis. Este fato comprova o modo de falha observado
experimentalmente, onde é observada uma grande fissura oriunda de tração diagonal que
leva a peça à ruína.
Quanto às vigas de UHPC-P, nota-se valores de resistência ao cisalhamento muito
menores que às forças máximas obtidas para o caso de flexão, o que induz o modo de
falha de cortante nestas peças, devido à baixa resistência a tração do concreto. Portanto,
o valor em roxo de momento fletor não representa a ruína das vigas de UHPC.
Cabe salientar que a angulação das bielas utilizada no cálculo analítico da força má-
xima de cisalhamento foi determinada conforme o valor da média de inclinação obtida
pelos resultados de fotogrametria, i.e.,: 40º para UHPFRC-P, 42º para UHPFRC e 32º
para UHPFRC-P-Flex-Cis, conforme as Figs. 7.17, 7.18 e 7.19.

139
2 1 1
2 0 0 1 9 1 1 9 1
1 9 0
1 8 5
1 7 8 1 8 2 1 8 6 1 8 1 1 8 3 1 8 1 1 8 8 1 7 9 1 8 5
1 7 5
1 6 8

1 5 0 1 4 4
F o rç a m á x im a (k N )

1 0 0 9 3 ,1

6 2 6 5 ,4
5 9 5 9 ,6 5 9
5 0 4 5

0
U H P C -P U H P F R C -P (V 0 1 ) U H P F R C -P (V 0 2 ) U H P F R C U H P F R C -P -F le x -C is U H P C -P -F le x -c is

F o rç a m á x im a o b tid a v ia m o d e lo :
N u m é ric o
E x p e rim e n ta l
M o m e n to fle to r a n a lític o
C o rta n te a n a lític o

Figura 7.16: Comparação das forças máximas obtidas pelos modelos numérico, experi-
mental e analítico

0.2-0.3
30º
50º 40º

Figura 7.17: biela do UHPFRC-P

34º 34º
52º

Figura 7.18: biela do UHPFRC

140
36º 25º
36º

30º

Figura 7.19: biela do UHPFRC-P-Flex-cis


(e)
7.2.1 Relações entre momento curvatura para vigas que rompem
à flexão
A Fig. 7.20 apresenta a relação entre momento e curvatura para as vigas que falha-
ram à flexão, isto é UHPFRC-P e UHPFRC (V02 e V03). Para esta etapa, os seguintes
modelos foram considerados na análise: (i) Modelo experimental que leva em conta o
envelope dos ensaios cíclicos, (ii) Modelo numérico monotônico obtido por simulação rea-
lizada no ABAQUS e (iii) relação momento curvatura teórica. Nota-se que tanto o modelo
numérico do CDP com malha de 50 mm quanto o código de momento curvatura repre-
sentam o comportamento experimental, prevendo de forma precisa o momento máximo
da seção e a curvatura máxima da peça. Outro fator a ser destacado é a capacidade do
modelo analítico prever com sucesso a resistência e o comportamento do giro das seções
estudadas.

141
1 2 0

1 0 0

M o m e n to R e s is te n te ( k N .m )
8 0

6 0

4 0
U H P F R C (V 0 3 )
E x p e rim e n ta l (L V D T )
2 0
M o d e lo T e ó ric o
N u m é ric o (C D P )
0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0 0 ,1 2

C u r v a tu r a Φ−( m -1
)

(a) UHPFRC

0 ,1 2

0 ,1 0
M o m e n to R e s is te n te ( k N .m )

0 ,0 8

0 ,0 6

0 ,0 4
U H P F R C (V 0 2 )
E x p e rim e n ta l
0 ,0 2
M o d e lo te ó ric o
N u m é ric o (C D P )
0 ,0 0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0

C u r v a tu r a Φ−( m -1
)

(b) UHPFRC - P

Figura 7.20: Relações de momento e curvatura para as vigas submetidas à flexão

7.3 Fotogrametria
Nesta seção serão apresentadas as ortofotos obtidas pelo monitoramento efetuado
nas vigas, bem como a comparação com os modelos numéricos de dano. O leitor mais
interessado é convidado a utilizar o recurso de zoom in para detectar as fissuras nas
peças. Além disso, cabe salientar que algumas ortofotos foram suprimidas desta seção,
sendo apresentadas na íntegra do anexo V.

7.3.1 Vigas sob flexão


As Figuras 7.21 e 7.23 apresentam o mapeamento de fissuras efetuado nas ortofotos
com fissuras vetorizadas para as vigas com armaduras passivas e ativas submetidas à

142
(a)
flexão (i.e., UHPFRC-P e UHPFRC). As ortofotos foram obtidas na posição intacta e
posição residual entre ciclos. As Figs. 7.22 e 7.24 apresentam a resposta dos modelos
numéricos de dano para as vigas armada e protendida.
(a)
0.3-0.2
0.6 0.3

(a)
(b) 0.3-0.2
0.6 0.3

(a)
(a)(b)
Intacto 0.3-0.2
0.6 0.3

(a)
0.3-0.2
0.6 0.3

(b)
(c)o 1º ciclo
0.3-0.2
0.6 0.3
(b) após
0.3-0.2
0.6 0.3

(b)
(c)
0.5-1.1

0.3
(c) após
0.3
0.5 o 2º ciclo
0.5 0.4 0.2
0.7
0.5

(c)
0.2
0.3-0.2 0.5-1.1
0.6 0.6 0.3

0.3-0.2
0.6 0.3

(d)
(c)
0.3
(c)
(d) após o 3º ciclo
(d)0.3
0.2
0.5
0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
0.5-1.1

0.6 0.5-1.1

0.5-1.1

0.3 0.3
0.2
0.5
0.6 (d) 0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
0.5-1.1

0.5-1.1

0.3 0.3 0.5 0.4 0.7


0.2
0.5
(e) antes da ruptura/4º Ciclo
0.2
0.5 0.6
0.6 1-4.3 0.5-1.1
0.2-0.3

(d)
(e) 0.3
0.2
0.3
0.2-0.4

0.2
1.4
0.4
1.4
0.1

0.1
0.3

0.3
0.6
0.5
0.5
0.7
3
0.4-2
0.4

Figura 7.21: Fotogrametria da viga UHPFRC-P


1.8 0.5-1.2
2.2

(d) 0.6

(e)
1-4.3

0.2-0.4 0.1

0.2-0.3 0.3 0.3


0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2
2.2

0.6

1-4.3

0.2-0.4 0.1

(e)
0.2-0.3 0.3 0.3
0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2
2.2
0.6

1-4.3

0.2-0.4 0.1

0.2-0.3 0.3 0.3


0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2

(e)
2.2

(e)

143
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:40:37 E. South America Standard Time 2020

(a) E.Intacto
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:41:11 South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:41:24 E. South America Standard Time 2020
(b) após o 1º ciclo

Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:41:45 E. South America Standard Time 2020
(c) após o 2º ciclo

Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:42:13 E. South America Standard Time 2020
(d) após o 3º ciclo

(e) antes da ruptura/4º Ciclo

Figura 7.22: Modelo numérico da viga UHPFRC-P

144
(a)
(a)
(a)
(a)
0.2 0.3
(a)
(a) Intacto
(b)
0.2
0.2
0.3
0.3
(b)
0.2 0.02

0.2
0.1 0.2
0.3
0.2
0.2
0.4-0.3
(b)o 1º ciclo 0.1 0.2-0.4

(b)
0.2

(b) após
0.4
0.2 0.02
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2

0.2 0.2
0.3
0.4-0.3

(b) 0.2 0.3

0.4

0.2 0.2 0.3 0.02

(c)
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
0.2 0.2 0.02
0.4

0.2
0.1

0.2-0.3
0.2

0.2
0.3
0.3-0.5
0.2
0.2
0.2
0.4-0.3

0.2 0.4
0.2
0.2

0.2
(c)
0.3

0.3
0.02

0.3
0.1

0.3
0.4
0.2-0.4

0.2-0.3 0.3-0.4
0.2 0.3

(c)
0.2

(c)0.4após 0.5o 2º ciclo


0.2 0.3
0.40.3 0.3
0.3
0.3 0.2 0.3 0.3-0.5
0.3 0.3
0.3

(c)
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2 0.3
0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3

(c)
0.3-0.5
0.3
0.3 0.3
0.3
0.4
0.5 0.3

0.2-0.3
0.2-0.3
0.3-0.5
0.3-0.4
0.2 0.4
0.2
0.2
(d) 0.2
0.3
0.3

0.3
0.2 0.3

(d)
0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.4 0.3
0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2
0.5 0.3
0.3

(d) após o 3º ciclo


0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3

(d)
0.3 0.3
0.4
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8 0.50.02 0.7-1.2 0.3
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5

(d)
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1

0.7-1.2
0.6 0.6 0.7-1.2

(d)
0.3-0.2 0.3-0.2 0.6
0.1-0.2 0.3-0.2 0.9

0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8 0.02 0.7-1.2
0.3 0.3 0.3

(e)
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.2-0.3 0.4-1.8 0.5 0.02 0.02 0.7-1.2
0.1-0.2 0.5 0.2 0.5
0.3
0.2-0.3
0.2-0.3
0.4-1.8
0.2-0.3 0.2-0.6 0.2 0.8-1.2 0.3
0.3-0.2 0.2 0.3 0.1-0.2 0.3 0.1 0.1

(e) antes da ruptura/4º Ciclo


0.2-0.3 0.4
0.4 0.3
0.3 0.7-1.2 0.4-0.2
0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
0.2-0.5
0.2-0.5 0.1-0.2 0.3-0.2
0.4
0.3-0.2 0.3-0.2 0.4 0.6
0.3 0.1-0.2
0.6 0.6
0.9
0.7-1.2 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.4-1.8 0.4-1.8 0.7-1.2 0.8-1.2 0.02 0.1 0.1

(e)
0.2-0.3 0.2-0.3 0.1-0.2
0.2-0.3 0.2-0.6 0.2 0.3-0.2
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.7-1.2
0.2
0.2-0.3
0.1-0.2
0.4
0.4
0.3
0.30.3-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.4
0.4-0.2 0.6 0.6 0.6
0.1-0.2
0.9
0.7-1.2 0.1 0.3-0.5

Figura 7.23: Fotogrametria da viga UHPFRC


0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5

(e)
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1

0.7-1.2
0.1-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.3-0.2 0.6 0.6 0.6
0.9
0.7-1.2

(e)
(e)

145
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 21:45:13 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 21:46:45 E. South America Standard Time 2020
(a) Intacto

Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 21:47:23 E. South America Standard Time 2020
(b) após o 1º ciclo

Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr(c)


01 21:49:03
após oE.2º
South America Standard Time 2020
ciclo

Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 21:49:49 E. South America Standard Time 2020
(d) após o 3º ciclo

(e) antes da ruptura/4º Ciclo

Figura 7.24: Modelo numérico da viga UHPFRC

146
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
0.2 0.2
0.4

0.2 0.3

0.3-0.2
0.6 0.3

(c)
0.2-0.3
0.2-0.3

0.2 0.40.3
0.3-0.5
0.3-0.4

0.3
0.2 0.4
0.2
0.2
(b) 0.2
0.3

0.3
0.3

0.3-0.5 0.3
0.3
0.3

0.3 0.3
0.3
0.4
0.5 0.3

Nota-se a similaridade entre os modos de falha apresentados pelos modelos numéricos


e de fotogrametria, apresentado pelas Figs. 7.25 e 7.26: (d)
0.3-0.2
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 21:49:49 E. South America Standard Time
0.6
2020
0.3

(c)
(a) antes da ruptura/4º Ciclo
(e)
0.5-1.1

0.5 0.4 0.7


(b) antes da 0.6ruptura/4º Ciclo
0.3 0.3
0.5 0.2
0.2
0.5
0.5-1.1

Figura 7.25: Comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga UHPFRC
(d)

Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:42:13 E. South America Standard Time 2020

(a) antes da ruptura/4º Ciclo


(e)

(b) antes da ruptura/4º Ciclo

Figura 7.26: Comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga UHPFRC-P

Os valores das aberturas de fissuras residuais das ortofotos foram então estimados
em um software CAD. O valor da abertura de fissuras máximo observado na viga com
armaduras passivas (UHPFRC - V03) é apresentado nas Figs. 7.27, 7.28 e 7.29, para cada
ciclo de carregamento. Já as Figs. 7.30, 7.31 e 7.32 apresentam os valores de estimativa
abertura de fissuras máximas observados na viga protendida (UHPFRC-P). As ortofotos
do presente trabalho estão em resolução suficiente para que o leitor interessado possa
utilizar o recurso de zoom in para identificar as fissuras residuais. As fissuras residuais

147
vetorizadas e indicação do valor estimado de abertura de fissuras podem ser consultadas
no Anexo V.
Notam-se, para os dois casos, fissuras na região diagonal e central, demonstrando a
influência simultânea dos modos de falha de flexão e cisalhamento. A viga com armaduras
ativas apresenta fissuras maiores após o terceiro ciclo de carregamento (i.e., F/Fmax =
0, 8), e isto é gerado pelo fenômeno da localização de fissuração devido à força de protensão.
Outro fator interessante a ser destacado é a observação dos estádios de fissuração nas
ortofotos e modelo numérico. O primeiro carregamento ocorre com pequena danificação
sem ser observadas fissuras nas fotos, demonstrando o estádio I da ABNT NBR 6118:2014
(ABNT, 2014). Posteriormente, notam-se o crescimento de fissuração na região central
em direção à região comprimida (estádio II), até a iminência da ruptura (estádio III) e
colapso.

0,3mm

Figura 7.27: Fissuração máxima no 2º Ciclo - Viga UHPFRC (V03)

148
0,5mm

0,5 mm

Figura 7.28: Fissuração máxima no 3º Ciclo - Viga UHPFRC (V03)

0,6 mm

1,2 mm

Figura 7.29: Fissuração máxima no 4º Ciclo - Viga UHPFRC (V03)

0,3 mm

Figura 7.30: Fissuração máxima no 2º Ciclo - Viga UHPFRC protendida (V02)

149
1,1 mm
0,6 mm

Figura 7.31: Fissuração máxima no 3º Ciclo - Viga UHPFRC protendida (V02)

26 mm 3 mm

Figura 7.32: Fissuração máxima no 4º Ciclo - Viga UHPFRC protendida (V02)

A Figura 7.33 apresenta as ortofotos com fissuras vetorizadas para a viga sem fibras
UHPC-P, após ciclos de carregamento. Já a Figura 7.34 apresenta a danificação de tração
para o modelo numérico descarregado. Nota-se o espaçamento maior de fissuração, devido
à falta das fibras metálicas na mistura, o que concentra o dano e gera o modo de falha de
cisalhamento.

150
(a)

(a)
(b)
(a) condição intacta
(a)

(b) após o primeiro ciclo (b)


(c)
(b)
0.3
0.2 0.4
0.4
0.7
0.3
0.4

0.4

(c) após o 2º ciclo


(c)
(d)
(c)
0.3
0.2 0.4
0.4
. 0.3 0.7
0.3
1.1 0.4
0.3
8.4

0.4 0.1 0.3 0.3


0.2 0.4
0.4
0.4 0.4 0.7 0.7 0.4
5.2
0.3
0.3 0.3
0.5 0.4
0.3
0.4
0.3 6.9 0.3
0.3

(d) após o 3º ciclo


(d)
(d)
(e)
0.3
1.1 0.3
8.4

0.1 0.3

0.4 0.4 0.7 0.4


5.2
0.3
0.3 0.3
0.3
0.5 1.1 0.3 0.3
8.4
6.9 0.3
0.1 0.3
0.3

0.4 0.4 0.7 0.4


5.2
0.3
0.3
0.5
0.3 0.3 6.9 0.3
0.3

(e) (e) após a ruptura


(e)
(e) da viga UHPC-P
Figura 7.33: Fotogrametria

151
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:19:55 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:23:15 E. South America Standard Time 2020
(a) condição intacta

Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:24:24 E. South America Standard Time 2020
(b) após o primeiro ciclo

Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:25:50 E. South America Standard Time 2020
(c) após o 2º ciclo

Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:26:14 E. South America Standard Time 2020
(d) após o 3º ciclo

(e) após a ruptura

Figura 7.34: Modelo numérico da viga UHPC-P

152
A Fig. 7.35 apresenta a comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga de
UHPC-P:

Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:26:14 E. South America Standard Time 2020

(a) após a ruptura


(e)

(b) após a ruptura

Figura 7.35: Comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga UHPC-P

As Figs. 7.36 e 7.37 apresentam a evolução das maiores fissuras detectáveis para a
viga de UHPC protendida ao longo do último e penúltimo carregamento. As fissuras
do UHPC evoluem drasticamente devido à fragilidade do material, gerando uma ruptura
frágil e catastrófica. Devido à falta de fibras e estribos, o modo de falha crítico passa a
ser de cisalhamento, o que é demonstrado pela ruptura diagonal da peça. As ortofotos
referentes a condição intacta e ciclos 1 e 2 encontram-se no Anexo V, não sendo detectadas
fissuras nestes estágios.
Assim, após o primeiro ciclo de força (i.e., 60 % de Fmax ) o modelo numérico acusa
danificação de flexão, mas ainda não existem fissuras detectáveis na ortofoto. No terceiro
ciclo, aparecem fissuras diagonais detectáveis, na ordem média de 0,4 mm e 0,5 mm.
O crescimento de uma grande fissura de cisalhamento invade a região comprimida, pro-
vocando uma ruptura frágil quando comparada às vigas de UHPFRC. Esta danificação
também pode ser visualizada no modelo numérico, por meio do dano de tração nestas
regiões (Fig. 7.35).

153
0,5 mm 0,4 mm

Figura 7.36: Fissuração máxima no 3º Ciclo - Viga UHPC protendida (V04)

0,9 mm

0,3 mm

0,5 mm 0,8 mm 9,7 mm

Figura 7.37: Fissuração máxima na ruptura - Viga UHPC protendida (V04)

Com o intuito de se obter o comportamento global das vigas de UHPFRC nas posições
residuais, os pontos obtidos pela técnica de fotogrametria e estação total são apresentados
pela Figs. 7.38.a e b, para as vigas de UHPFRC solicitadas à flexão (i.e., UHPFRC e
UHPFRC-P). Estes pontos foram ajustados por um polinômio de nono grau, conforme
a Eq. 7.1. Os coeficientes de tal polinômio são apresentados nas Tabelas 7.4 e 7.5 com
valores de R2 mínimos de 0,9.

δres = A + B1 x + B2 x2 + B3 x3 + B4 x4 + B6 x6 + B7 x7 + B8 x8 + B9 x9 (7.1)

154
0 ,0 0 2
0 ,0 0 1
0 ,0 0 0
- 0 ,0 0 1
F le c h a re s id u a l (m )

- 0 ,0 0 2
- 0 ,0 0 3
- 0 ,0 0 4
- 0 ,0 0 5
- 0 ,0 0 6 C ic lo
- 0 ,0 0 7 4
- 0 ,0 0 8 3
- 0 ,0 0 9 2
- 0 ,0 1 0
1
- 0 ,0 1 1
- 0 ,0 1 2 in ta c to
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0
E ix o lo n g itu d in a l (m )
(a) Deformada residual da viga de UHPFRC

0 ,0 0 2
0 ,0 0 1
0 ,0 0 0
- 0 ,0 0 1
- 0 ,0 0 2
F le c h a re s id u a l (m )

- 0 ,0 0 3
- 0 ,0 0 4
- 0 ,0 0 5
C ic lo
- 0 ,0 0 6 4
- 0 ,0 0 7 3
- 0 ,0 0 8 2
- 0 ,0 0 9 1
- 0 ,0 1 0 In ta c to
- 0 ,0 1 1
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0
E ix o lo n g itu d in a l (m )

(b) Deformada residual da viga de UHPFRC-P

Figura 7.38: Deformada experimental das vigas em flexão à 3 pontos

155
Tabela 7.4: Coeficientes da equação de flecha residual (Viga de UHPFRC)

Coef. Intacto Ciclo 1 Ciclo 2 Ciclo 3 Ciclo 4


A 0 4,88092E-4 9,34189E-4 0,0011 0,00114
B1 0 -0,00549 -0,01795 -0,00394 -0,01214
B2 0 0,00685 0,12617 -0,04458 0,06085
B3 0 -0,00348 -0,47085 0,16902 -0,27846
B4 0 6,1315E-4 0,89691 -0,29271 0,5704
B5 0 0 -0,96386 0,28077 -0,63346
B6 0 0 0,60934 -0,1587 0,40755
B7 0 0 -0,22432 0,05316 -0,1511
B8 0 0 0,04444 -0,00983 0,0299
B9 0 0 -0,00366 7,77269E-4 -0,00244
R2 - 0,93541 0,91535 0,97264 0,98976

Tabela 7.5: Coeficientes da equação de flecha residual (Viga de UHPFRC-P)

Coef. Intacto Ciclo 1 Ciclo 2 Ciclo 3 Ciclo 4


A 0 8,30377E-4 -5,67216E-4 -4,81917E-4 -1,35393E-4
B1 0 -0,0069 0,00559 0,00571 0,0054
B2 0 0,0086 -0,05747 -0,06402 -0,08924
B3 0 -0,00431 0,17837 0,22233 0,29269
B4 0 7,48392E-4 -0,29172 -0,41474 -0,50017
B5 0 0 0,27575 0,43418 0,47479
B6 0 0 -0,15565 -0,26508 -0,26104
B7 0 0 0,05189 0,09433 0,08345
B8 0 0 -0,00944 -0,01819 -0,0145
B9 0 0 7,2381E-4 0,00147 0,00106
R2 - 0,92731 0,95914 0,95935 0,98361

Obtendo a segunda derivada dos polinômios das Tabelas 7.4 e 7.5, pode-se determinar
uma expressão para a curvatura das vigas. Neste sentido, a Fig. 7.39.a e b apresenta
a comparação entre estes valores de curvatura residual obtida pelos LVDTs e a técnica
de fotogrametria. Da comparação entre as duas técnicas, notam-se valores próximos até
o terceiro ciclo de carregamento. À partir do quarto ciclo, as seções apresentam muita
danificação, o que prejudica as hipóteses de cálculo das curvaturas. Da comparação entre
as seções protendida e armada, nota-se que nos primeiros ciclos a protensão diminui o
giro da seção.

156
0 ,0 3 5 0 ,0 5
U H P F R C -P U H P F R C
0 ,0 3 1 3
0 ,0 3 0
F o to g ra m e tria F o to g ra m e tria 0 ,0 4 2
L V D T 0 ,0 4 L V D T

0 ,0 2 5 0 ,0 2 4 0 ,0 3 3 5
C u r v a t u r a - Φ (1 / m )

C u r v a t u r a - Φ (1 / m )
0 ,0 3
0 ,0 2 0

0 ,0 2 3
0 ,0 1 5 0 ,0 1 4 0 ,0 1 3 6 0 ,0 2
0 ,0 2

0 ,0 1 4 8
0 ,0 1 0 0 ,0 1 2
0 ,0 0 6 3 0 ,0 0 6 9 2 0 ,0 1
0 ,0 0 5

0 ,0 0 0 0 ,0 0
2 3 4 2 3 4

C ic lo C ic lo

(a) Seção de UHPFRC-P (b) Seção de UHPFRC (V03)

Figura 7.39: Evolução da curvatura em relação aos ciclos

A comparação entre as flechas residuais no meio do vão obtidas pela medição da téc-
nica de Fotogrametria + RTS, sensor LVDT e comparadas ao modelo numérico com malha
de 50 mm é apresentada na Fig. 7.40, para as vigas UHPC-P, UHPFRC e UHPFRC-P.
Observa-se a diminuição drástica do deslocamento último na peça de UHPC em compa-
ração às vigas que contém fibras, o que conduz a um deslocamento residual final cinco
vezes menor.

1 4

1 2

1 0 U H P C -P
F le c h a re s id u a l (m m )

M o d e lo n u m é ric o
8 L V D T
F o to g ra m e tria e R T S
6 U H P F R C
L V D T
4 F o to g ra m e tria e R T S
M o d e lo n u m é ric o
2 U H P F R C -P
L V D T
0 F o to g ra m e tria e R T S
M o d e lo n u m é ric o
0 1 2 3 4
C ic lo

Figura 7.40: Comparação das flechas rei duais do UHPC-P com UHPFRC e UHPFRC-P

157
7.3.2 Vigas sob flexo-cisalhamento
As Figs. 7.41 e 7.42 apresentam as comparações entre as ortofotos com fissuras
vetorizadas e o dano à tração obtido pelos modelos numéricos para as viga de UHPFRC-
P-Flex-Cis. A viga de UHPC-P (Figs. 7.43 e 7.44) apresenta o mesmo modo de falha,
porém não apresenta fissuras detectáveis até o terceiro ciclo, com formação de fissuras
rápida e catastrófica no penúltimo e último ciclos. Mais uma vez, a ausência de fibras na
viga de UHPC-P-Flex-Cis gera um modo de falha com pouca fissuração em relação à viga
UHPFRC-P-Flex-Cis.

158
(a) Intacto
(a)
0.3 0.4
0.3 0.2
0.2

(a)
0.3
0.2

(b) Após o 1º ciclo (a)


(a)
(b)
(a) 0.3 0.4
0.3 0.2
0.2

0.3 0.4
0.3 0.2 0.3
0.2
0.2

0.3
0.3 0.4
0.2-0.4
0.2 0.3 0.3 0.2
0.5-0.1 0.2 0.3
0.2 0.2

(b)
0.3 0.3 0.2
0.2 0.2 0.2
0.2 0.2 0.3
0.3
0.2 0.2

(c) Após o 2º ciclo (b)


(b)
0.2

(b)
0.2
(c) 0.3
0.2
0.3
0.2-0.4
0.5-0.1

0.2
0.3 0.2 0.2
0.2
0.3
0.2

0.2
0.2-0.4
0.2 0.3
0.5-0.1
0.2 0.2-0.4 0.2
0.3 0.3 0.3 0.2 0.2 0.2
0.2 0.5-0.1
0.2 0.3
0.2 0.3 0.2
0.3 0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.2
0.2 0.2 0.2 0.3
0.3-0.4
0.1 0.2 0.3
0.2 0.2 0.2
0.2
0.6 0.2 0.2
0.2
0.2 0.2
0.2 0.8 0.2 1.2 0.6
0.2
0.2 0.2
0.2 0.2

(c)
0.5 0.2 0.5 0.2 0.2
0.7
(d) Após o 3º ciclo
0.3

0.2

(c)
(c)
(c)
(d)
0.3-0.4
0.3 0.2
0.2
0.7
0.3
0.1 0.3 0.2
0.2 0.2
0.2
0.2 0.6 0.2
1.2 0.6 0.2 0.2
0.2 0.2
0.3-0.4 0.3 0.2 0.8 0.2
0.20.6
0.20.1 0.3 0.2 0.2
0.2
0.2 0.2 0.2
0.2 0.20.2
0.2 0.3-0.4 0.20.3
0.5
0.20.8 0.2
0.2 0.5
1.2 0.6 0.2 0.2
0.2 0.2
0.7
0.1
0.2 0.2 0.2 0.2 0.2 0.60.2 0.2
0.2 0.3
0.2 0.5
0.8 0.2
0.2
1.2 0.6 0.20.5 0.2 0.2 0.2 0.7
0.2 0.2 0.2 0.3 0.2 0.2
0.3 0.3-0.5 0.2 0.4 0.5 0.2 0.5 0.2 0.2

(e) Após o 4º ciclo 0.3 0.4 0.4 0.2 2.0 0.7


0.2 0.2 0.5 0.2 0.1
0.3
0.2
0.2 0.3-0.4 0.4 - 0.5
0.4
1.8
0.2 0.2 0.2 0.2 0.2 0.7 0.2 0.9

(d)
0.3 0.3-0.4 1.4
0.2-0.3 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3
3.5
0.7 0.3 0.2 0.2
0.6
1.4 2.7
0.3-0.7

(d)
(d)
0.2
(d)
(e) 0.3
0.4 0.4
0.3-0.5 0.2 0.4
0.2 2.0
0.3
0.2 0.5 0.2 0.1
0.2
0.2 0.3-0.4 0.4 - 0.5
0.4
1.8
0.2
0.3 0.3-0.4 0.2 0.2
1.4
0.2 0.2 0.7 0.9
0.2-0.3 0.3 0.3
0.3-0.5 0.20.2 0.4 3.5
(f) Antes da ruptura
0.2
0.3 0.4 0.4
0.3
0.7
0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 2.0 0.6
0.2
0.3-0.5 0.2 0.1
0.2 0.4
0.2
0.2 0.3-0.4
0.3 0.4 0.4 - 0.5
0.4 1.4
0.5
0.2 2.0 1.8 2.7
0.2
0.3
0.3-0.7 0.2 0.2
0.3 0.20.3-0.5
0.4
0.2 0.2 0.4 0.2 0.20.1 0.7 0.9
0.2
0.2
0.3-0.4 0.3-0.4
0.2-0.3 0.3 0.2 0.4 0.4
0.3
0.4 - 0.5 0.5
1.4
0.2
0.4
2.0 1.8 3.5
0.2 0.2 0.2 0.2 0.5
0.2 0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3
0.7
0.2 0.1 0.2 0.7 0.9 0.6
0.2 0.3 0.3-0.4 0.3-0.4 0.4 - 0.5 1.4 1.8 3.5
Figura 7.41: Modelo fotogramétrico UHPFRC-P-Flex-Cis (V05)
0.2 0.2-0.3 0.3 0.4
0.2 2.7 0.3 0.2 0.2
0.2
0.2 1.40.7
0.2 0.2 0.7
0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 0.9
0.3-0.7
0.3-0.4 1.4 0.6 3.5

(e)
0.2-0.3 0.3 0.2
2.7 1.4
0.2 0.3
0.7 0.2 0.2
0.2 0.3
0.6
0.3-0.7
1.4 2.7
0.3-0.7

(e)
(e)
(e)

159
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:46:45 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:46:45 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:49:27 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07(a) Intacto
01:49:27 E. South America Standard Time 2020
(a) Intacto

Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:49:54 E. South America Standard Time 2020
(b)07Após
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr o 2º
01:49:54 cicloAmerica Standard Time 2020
E. South
(b) Após o 2º ciclo

Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:50:35 E. South America Standard Time 2020
(c) Após
(c) Após oo 3º
3º ciclo
ciclo

Printed
Printed using
using Abaqus/CAE on: Tue
Abaqus/CAE on: Tue Apr
Apr 07
0701:51:28
01:51:28E.
E.South
SouthAmerica
AmericaStandard
StandardTime
Time2020
2020
(d) Após
(d) Após oo 4º
4º ciclo
ciclo

(e)
(e) Antes
Antes da
da ruptura
ruptura

Figura 7.42:
3.76: Modelo
Modelo numérico
numérico UHPFRC-P-Flex-Cis
UHPFRC-P-Flex-Cis(V05)
(V05)

181
160
(a) Intacto

(b) Após o 1º ciclo

(c) Após o 2º ciclo

(d) Após o 3º ciclo

(e) Antes da ruptura

Figura 7.43: Modelo fotogramétrico para a viga UHPC-P-Flex-Cis (V06)

161
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 13:02:02 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 13:03:47 E. South America Standard Time 2020
(a) Intacto

(b) Após 3º ciclo

Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 08 15:429 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 13:04:09 E. South America Standard Time 2020
(c) Após 4º ciclo

(d) Iminência da ruptura

Figura 7.44: Modelo numérico para para a viga UHPC-P-Flex-Cis (V06)

162
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 13:04:09 E. South America Standard Time 2020

A Fig. 7.45 apresenta a comparação entre o modelo numérico e ortofoto para a viga
UHPC-P-Flex-Cis. A Fig. 7.46 apresenta a mesma comparação para a viga UHPFRC-P-
Flex-Cis:

(a) Iminência da ruptura

Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:51:28 E. South


(b) Antes America Standard Time 2020
da ruptura

Figura 7.45: Comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga UHPC-P-Flex-Cis

(a) Antes da ruptura

0.2

(b) Antes da ruptura

Figura 7.46: Comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga UHPFRC-P-
Flex-Cis

A Fig, 7.47 apresenta a ortofoto para o último ciclo da viga de UHPC-P-Flex-cis, bem
como o valor estimado de abertura de fissuras. Antes desta condição, a viga de UHPC
não apresentou fissuras detectáveis pela fotogrametria.
Já as Figs. 7.48, 7.49 e 7.50 apresentam as fissuras residuais detectáveis para a viga
UHPFRC-P-Flex-Cis. Dos resultados destas ortofotos, confirma-se que as vigas apresen-
tam modos de falha característicos de flexo cisalhamento, com fissuração vertical na região

163
central nos primeiros estágios e posteriormente pequenas fissuras diagonais que evoluem
para uma macro fissura de cisalhamento. No entanto, a viga de UHPFRC apresenta fissu-
ração mais difusa o que demonstra o papel das fibras como micro reforço ao cisalhamento,
distribuindo as tensões ao longo da peça, aumentando a resistência da diagonal tracio-
nada e funcionando como reforço de cisalhamento devido ao efeito pino (vide o detalhe na
ortofoto da Fig. 7.50). Portanto, a ausência de fibras gera notória fragilidade ao UHPC,
acarretando em baixa resistência da seção ao cisalhamento.

0,5 mm
0,2 mm
0,6 mm
0,5 mm
0,6 mm

Figura 7.47: Fissuras no último ciclo da viga UHPC-P-Flex-Cis

0,2 mm
0,4 mm

0,2 mm

Figura 7.48: Fissuras no 3º ciclo da viga UHPFRC-P-Flex-Cis

164
0,6 mm
0,9 mm
0,2 mm

0,3 mm

Figura 7.49: Fissuras no 4º ciclo da viga UHPFRC-P-Flex-Cis

Resist. da fibra ao cisalhamento

0,7 mm
1,8 mm
1 mm

0,4 mm

Figura 7.50: Fissuras no 5º ciclo e antes da ruptura da viga UHPFRC-P-Flex-Cis

A Fig. 7.51 e Tabela 7.6 apresentam as equações de 9º grau utilizadas para se apro-
ximar as deformadas residuais medidas para a viga de UHPFRC-P-Flex-Cis, utilizando a
técnica de monitoramento por fotogrametria e RTS. Para esta deformada nota-se o valor
de R2 mínimo de 0,87.

165
0 ,0 0 2

0 ,0 0 0
F le c h a re s id u a l (m m )

- 0 ,0 0 2

- 0 ,0 0 4 C ic lo
6
5
- 0 ,0 0 6 4
3
2
- 0 ,0 0 8 1
In ta c ta
- 0 ,0 1 0
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0
E ix o lo n g itu d in a l (m )

Figura 7.51: Deformadas residuais da viga de UHPFRC-P-Flex-Cis

Tabela 7.6: Parâmetros da equação da flecha

Tabela 7.7: Viga de UHPFRC-P-Flex-Cis

Coef. Ciclo 1 Ciclo 2 Ciclo 3 Ciclo 4 Ciclo 5 Ciclo 6


A -8.476E-5 7,0052E-5 1,821E-4 2,685E-4 3,825E-4 -0,00124
B1 8,008E-4 -0,00345 -0,00469 -0,0081 -0,0046 -0,00207
B2 -0,0152 0,00976 0,00527 0,0203 -0,0048 -0,0383
B3 0,0597 -0,0395 -0,00306 -0,0442 0,0185 0,173
B4 -0,1123 0,0785 -0,0193 0,0488 -0,0481 -0,377
B5 0,1173 -0,0849 0,0446 -0,0236 0,0739 0,453
B6 -0,0717 0,0531 -0,0416 -6,847E-4 -0,0636 -0,315
B7 0,0255 -0,0191 0,0197 0,0055 0,03025 0,125
B8 -0,00488 0,00371 -0,00473 -0,0020 -0,00738 -0,0267
B9 3,875E-4 -2,998E-4 4,489E-4 2,449E-4 7,193E-4 0,00234
R2 0,870 0,988 0,993 0,991 0,986 0,991

A fragilidade na situação de flexo-cisalhamento para a viga UHPC-P em relação à


viga de UHPFRC-P pode ser observada na comparação entre as flechas residuais obti-
das embaixo do ponto de aplicação de força (Fig. 7.52). Por outro lado, nota-se uma
flecha residual final muito maior para a viga de UHPFRC-P, sendo o fenômeno expli-
cado pela melhor distribuição de tensões gerada pelas fibras. Novamente, apresenta-se
a coerência entre os valores obtidos pelas medições residuais de LVDT, fotogrametria e

166
modelo numérico, uma vez que há mesma tendência de deslocamentos residuais para as
três metodologias apresentadas na Fig.7.52.

1 2

1 0

8
F le c h a re s id u a l (m m )

6
U H P F R C -P -F le x -C is
4
L V D T
F o to g ra m e tria e R T S
M o d e lo n u m é ric o
2 U H P C -P -F le x -C is
L V D T
0 F o to g ra m e tria e R T S
M o d e lo n u m é ric o
0 1 2 3 4 5
C ic lo

Figura 7.52: Valores de flecha residual para as vigas em flexo cisalhamento

7.4 Ultrassonografia longitudinal


7.4.1 Vigas sob flexão
O ultrassom também foi utilizado para se monitorar a evolução do dano entre os
ciclos de carregamentos. Este ensaio, permitiu obter informações da danificação ao longo
das regiões da seção transversal da peça. O sinal característico obtido ao longo dos ciclos
para a zona 8 da viga UHPFRC-P (Fig. 7.53) demonstra que a medida que se aumenta
a degradação do material, há atraso na chegada da onda ultrassônica devido ao aumento
de fissuração da peça. Assim, nota-se o atraso do sinal de 236 µs, quando considerada a
onda na situação intacta em relação a situação degradada do 4º ciclo. Além disso, nota-se
a diminuição da amplitude da onda ultrassônica, gerado pela fissuração do material.

167
1 2 3
4
5
7 6 8

(a) Sinal intacto

1 2 3
4
5
7 6 8

(b) Após o primeiro ciclo

1 2 3
4
5
7 6 8

(c) Após o segundo ciclo

1 2 3
4
5
7 6 8

(d) Após o terceiro ciclo

1 2 3
4
5
7 6 8

(e) Após o quarto ciclo/antes da ruptura

Figura 7.53: Atenuação do sinal ultrassônico na zona 8 da viga UHPFRC-P

Utilizando-se da Eq. 5.2 pode-se calcular a danificação em relação o atraso de velo-


cidade ultrassônica por região de interesse. A Fig. 7.54 apresenta a evolução do dano
por região da seção transversal, respectivamente para as vigas com e sem protensão de
UHPFRC (Fig. 7.54 a e b).

168
0 ,5
C ic lo 3 C ic lo 4

0 ,4
D a n o lo c a liz a d o u ltra s s o m

C ic lo 2
0 ,3
Z o n a s
1
In ta c to /c ic lo 1 2
0 ,2
3
4
0 ,1 5
6
7
0 ,0 8
M é d ia p o n to s e x p .
0 2 4 6 8 1 0 1 2
F le c h a re s id u a l (m m )

(a) UHPFRC (V03)

0 ,8
C ic lo 3 C ic lo 4
C ic lo 2
0 ,7

0 ,6
D a n o lo c a liz a d o u ltra s s o m

0 ,5
In ta c to /c ic lo 1 Z o n a s
0 ,4 1
2
0 ,3 3
4
0 ,2 5
6
0 ,1 7
8
0 ,0 M é d ia p o n to s e x p .
0 2 4 6 8 1 0 1 2
F le c h a re s id u a l (m m )
(b) UHPFRCP (V02)

Figura 7.54: Evolução do dano localizado

No primeiro ciclo e condição intacta (flecha residual igual à zero), observam-se peque-
nos índices de danos médios, iguais à 3% e 1%, respectivamente para as vigas de UHPFRC
e UHPFRC-P. Quando as peças sofrem o segundo ciclo, com F#2 /Fmax = 0, 75, a viga
protendida apresenta o início do processo de localização, com atraso no pulso ultrassô-
nico, aumento do dano médio para 35 % e dispersão dos resultados de velocidades. Para o
mesmo ciclo, a viga armada de UHPFRC apresenta atraso de pulso menor, com danos na
ordem de 3 %. No 3º ciclo, a viga protendida apresenta índice de dano médio de dus = 36
e deslocamento residual de 5, 23mm, enquanto que a viga armada apresenta valores de
dus = 14% e deslocamento residual de 7, 5mm. Após a passagem pelo pico de força (i.e.,

169
entre o 3º e 4º ciclo), o índice de dano médio da viga protendida é de dus = 41%, enquanto
que para a viga armada é de dus = 23%. O maior atraso da onda ultrassônica expressa
o maior valor de danificação e abertura de fissuras ao longo da seção transversal, sendo
observado para a viga protendida na borda inferior (zona 7) e para a viga armada na alma
(zona 5).
A evolução do dano ultrassônico da viga UHPC-P sem fibras é apresentado pela Fig.
7.55. Nota-se que devido ao modo de falha de cisalhamento, no final do ciclo, ocorre
maior danificação na borda superior (1, 2 e 3), seguido pela alma (4, 5 e 6), regiões onde a
mudança de espessura gerou concentração de tensões e fissuras diagonais de cisalhamento.
Além disso, ao final do ensaio é observada baixo valor de danificação nas regiões inferiores
(i.e., 7 e 8), demonstrando a pouca influência do modo de falha de flexão.

C ic lo 3
1 ,0

0 ,8 C ic lo 2
D a n o lo c a liz a d o u ltra s s o m

0 ,6
In ta c to /C ic lo 1 Z o n a
8
7
0 ,4
6
5
4
0 ,2
3
2
1
0 ,0
M é d ia d o s p o n to s e x p .
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5
F le c h a re s id u a l (m m )

Figura 7.55: Evolução do dano localizado para a viga UHPC-P

7.4.2 Vigas sob flexo-cisalhamento


As Figs.7.56 e 7.57 apresentam a evolução do dano por regiões para a série de flexo-
cisalhamento. Nota-se que a viga com fibras UHPFRC-P-Flex-Cis (Fig. 7.56) apresenta
uma evolução de dano mais acentuada para as regiões 4, 5, 7 e 8. Estas regiões são
respectivamente a parte inferior e da alma, regiões onde se desenvolvem o modo de falha
de flexo cisalhamento. Já para a viga sem fibras UHPC-P-Flex-Cis (Fig. 7.56), observa-se

170
dano zero para os primeiros ciclos, o que justifica o comportamento linear observado no
força x deslocamento da Fig. 7.12. No último ciclo observa-se o rápido acúmulo de dano
em 1, 4 e 7, demonstrando também a falha frágil de flexo cisalhamento.

0 ,8
C ic lo 3 C ic lo 4
C ic lo 2 C ic lo 5
0 ,6
In ta c to /C ic lo 1
D a n o lo c a liz a d o u ltra s s o m

0 ,4
Z o n a s
1
2
0 ,2
3
4
5
6
0 ,0 7
8
M é d ia p o n to s e x p .
0 1 2 3 4 5 6 7 8
F le c h a re s id u a l (m m )

Figura 7.56: Dano localizado para a viga UHPFRC-P-Flex-Cis

0 ,3 5
C ic lo 4
0 ,3 0
D a n o lo c a liz a d o u ltra s s o m

0 ,2 5

0 ,2 0
Z o n a s
In ta c to /C ic lo 1 C ic lo 3 1
0 ,1 5
2
C ic lo 2 3
0 ,1 0
4
5
0 ,0 5
6
7
0 ,0 0
8
M é d ia d o s p o n to s e x p .
- 0 ,0 5
- 0 ,0 5 0 ,0 0 0 ,0 5 0 ,1 0 0 ,1 5 0 ,2 0 0 ,2 5 0 ,3 0 0 ,3 5 0 ,4 0
F le c h a re s id u a l (m m )

Figura 7.57: Dano localizado para a viga UHPC-P-Flex-Cis

171
7.5 Ensaio dinâmico de impacto
As Figs. 7.58 e 7.59 apresentam a diminuição das frequências naturais, para cada
ciclo de carga das vigas ensaiadas. Sabe-se que a frequência natural está intimamente
ligada à massa e rigidez da peça (PAULTRE, 2011). Considerando a massa constante, a
medida que os ciclos de danificação ocorrem, as fissuras evoluem degradando a rigidez da
peça e diminuindo a frequência natural. Esta diminuição da frequência natural reflete no
aumento da danificação, conforme demonstrado na Fig. 7.60.
Para os casos de flexão (Fig. 7.58), a maior queda de frequência natural e dano foi
observada para as vigas de UHPFRC protendida, sendo o fenômeno ligado à localização
de fissuras no meio do vão nesta amostra. As vigas de UHPC sem fibras apresentaram
pouca queda de frequência natural e pouca danificação última, sendo a justificativa para
tal o comportamento linear e frágil do material sem fibras.
No flexo-cisalhamento (Fig. 7.59), a viga de UHPFRC protendida apresenta nova-
mente maior danificação quando comparada à UHPC, devido a melhor distribuição de
esforços efetuada pelas fibras metálicas nesta situação de carregamento.

6 2
U H P C -P
6 0 U H P F R C -P
U H P F R C
5 8
fn (H z )

5 6

5 4

5 2

5 0

0 1 2 3 4
C ic lo

Figura 7.58: Evolução das frequências naturais ao longo dos ciclos de carregamento - casos
de flexão

172
6 4
U H P C -P -F le x -C is
6 2 U H P F R C -P -F le x -C is

fn (H z ) 6 0

5 8

5 6

5 4

0 1 2 3 4 5
C ic lo

Figura 7.59: Evolução das frequências naturais ao longo dos ciclos de carregamento - casos
de flexão

0 ,3 5
0 ,3 0
0 ,2 5
Ín d ic e d e d a n o

0 ,2 0
0 ,1 5
0 ,1 0 U H P C -P -F le x -C is
0 ,0 5 U H P F R C -P -F le x -C is
U H P C -P
0 ,0 0 U H P F R C -P
U H P F R C
- 0 ,0 5
0 1 2 3 4 5
C ic lo

Figura 7.60: Danificação obtida pelos ensaios dinâmicos nas vigas solicitadas por flexão

Conforme demonstrado para corpos de prova (capítulo 4), o coeficiente de amorte-


cimento reflete a dissipação do movimento oscilatório, e é afetado pela existência de
imperfeições e fissuração nas peças. Assim, as Figs. 7.61 e 7.62 apresentam a evolu-
ção do coeficiente de amortecimento para o caso de flexão e flexo-cisalhamento das vigas
estudadas.
Pelo coeficiente de amortecimento, nota-se estágios de acomodação do ensaio e fecha-
mento de fissuras prévias nos primeiros ciclos, o que explica a diminuição do amorteci-
mento nos primeiros ciclos, seguido pela propagação estável de fissuras e instabilidade

173
de fissuração (ciclos 3, 4 e 5), observando-se o aumento de ξ, devido ao crescimento da
parcela de dissipação de energia dinâmica em fissuras, o que aumenta o atrito interno e
amortecimento de Coulomb. O aumento da dissipação de energia dinâmica é explicado
pelo arrancamento de fibras e coalescência dos poros, fenômenos similares aos observados
em corpos de prova (capítulo 4).
Considerando somente as vigas de UHPFRC em flexão, a viga protendida de UHPFRC-
P (Fig. 7.61c) apresenta o maior valor de coeficiente de amortecimento para o último está-
gio. De fato, o maior coeficiente de amortecimento reflete a maior abertura de fissuras, já
verificada pela estimativa da fotogrametria e ultrassom. A viga armada de UHPFRC (Fig.
7.61a) apresentou um coeficiente de amortecimento final menor em relação às protendidas,
devido ao seu menor valor de abertura de fissuras característico e fissuração mais difusa
ao longo dos ciclos. A viga de UHPC-P (Fig. 7.61b) apresentou um rápido aumento do
valor de amortecimento entre o segundo e terceiro ciclos, devido o surgimento abrupto
de fissuras nestes estágios de carregamento. Além disso, na condição intacta, o conjunto
de protensão e fibras diminui a dissipação de onda de impacto na viga de UHPFRC-P
em relação às outras amostras (i.e., UHPC-P e UHPFRC), sendo o fenômeno ligado ao
controle de fissuração e fechamento de fissuras prévias pela protensão.
Para as vigas em flexo-cisalhamento a análise do amortecimento é conforme a Fig.
7.62. Notam-se valores de amortecimento pouco variáveis para a viga UHPC-P-Flex-Cis,
devido a pouca fissuração apresentada até o 4º ciclo (Fig. 7.62a). A viga de UHPFRC-
P-Flex-Cis apresenta aumento de ξ entre o 3º e 5º ciclo, devido ao surgimento da macro
fissura diagonal de cisalhamento que evolui significativamente neste estágio (Fig. 7.62b).
Nota-se que à exceção de UHPFRC-P-Flex-cis, todos os outros valores de amorte-
cimento obtidos pelo ensaio denotam que o amortecimento para o UHPC e UHPFRC
apresenta valores menores que 2%, valor usual para estruturas de concretos convencionais
(BACHMANN et al., 1995). Também destaca-se que ao longo do ensaio os valores de
amortecimento variam pouco e de modo geral os índices são crescentes na iminência da
ruptura, devido a existência de atrito nas regiões danificadas.

174
2 ,2 2 ,2

2 ,0
V ig a 2 ,0
V ig a
U H P F R C U H P C -P
1 ,8 1 ,8

1 ,6 1 ,5 1 1 ,6 1 ,5 4
1 ,4 5 1 ,4 2
1 ,4 1 ,4 1 ,3
1 ,2
1 ,2 1 ,2
ξ(% )

ξ(% )
1 ,0 1 ,0
0 ,8 4 0 ,8 5
0 ,8 0 ,7 0 ,8

0 ,6 0 ,6
0 ,4 3 4
0 ,4 0 ,4

0 ,2 0 ,2

0 ,0 0 ,0
In ta c to 1 2 3 4 In ta c to 1 2 3 4
C ic lo C ic lo

(a) Viga UHPFRC (b) Viga UHPC-P

2 ,2

2 ,0
V ig a
U H P F R C -P
1 ,8 1 ,7 5
1 ,6 5
1 ,6
1 ,4
1 ,4

1 ,2
ξ(% )

1 ,0 1 0 ,9 5 5 5
1 ,0

0 ,8

0 ,6

0 ,4

0 ,2

0 ,0
In ta c to 1 2 3 4
C ic lo

(c) Viga UHPFRC-P

Figura 7.61: Evolução do coeficiente de amortecimento - casos de flexão: UHPFRC - P,


UHPC-P e UHPFRC

175
3 ,5
V ig a 3 ,5 V ig a
3 ,2 5
3 ,0 U H P C -P U H P F R C -P -F le x -C is
3 ,0

2 ,5
2 ,5 2 ,3 5
2 ,0
2 ,0
ξ(% )

ξ(% )
1 ,7 2
1 ,5

1 ,0
0 ,9 5 0 ,9
(a) 1 ,5
1 ,1 7
0 ,8 1 ,0 0 ,7 8 0 ,8 1
0 ,5 9 0 ,6 2
0 ,5 0 ,5

0 ,0 0 ,0
0.3-0.2
2 3 0.6 0.3 2 3
In ta c to 1 4 In ta c to 1 4 5
C ic lo C ic lo

(a) UHPC-P-Flex-Cis (b) UHPFRC-P-Flex-Cis


(b)
Figura 7.62: Evolução do coeficiente de amortecimento - casos de flexo-cisalhamento:
UHPFRC - P, UHPC-P

0.3-0.2
0.6 0.3

7.6 Discussão dos resultados


7.6.1 Influência da protensão
Os modelos numérico e experimental demonstram que a influência da protensão
diminui
sing Abaqus/C a ocorrência
AE on: Thu May 21 das fissuras para estágios avançados de carregamento, gerando a
23:25:35 E. South America Sta
localização de fissuras e maior danificação no meio do nda
vão.rd Este
Timefato
2020fica evidenciado
quando são comparados os modelos numérico-experimental das Figs. 7.63a e 7.63b. Pode-
se verificar que as regiões onde há danificação no modelo numérico são similares àquelas
onde o modelo de ortofoto experimental acusa a fissuração.
g Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 21:49:49 E. South America Standard Time 2020

(a) Comparação modelo numérico e ortofoto experimental - V02 - UHPFRC-P

(b) Comparação modelo numérico e ortofoto experimental - V03 - UHPFRC

Figura 7.63: Comparação entre as ortofotos e modelo numérico

176
Com o intuito de se avaliar qual é o comprimento longitudinal no qual ocorrem fissuras
ao longo da viga, obteve-se o valor de Ldan como nas Figs. 7.64 e 7.65. O valor de Ldan é
de 45% maior para a viga de UHPFRC em relação à viga UHPFRC-P, o que demonstra
que a fissuração é mais difusa no caso da viga armada. Por outro lado, o estado de tensões
imposto pela protensão concentra a fissuração no meio do vão e inibe a danificação do
elemento, para o mesmo valor de força máxima.
Em uma segunda análise, o comprimento total de fissuras vetorizadas é obtido em
CAD e dividido pelo valor de Ldan , e assim, obtém-se a densidade de fissuras ao longo
do vão, em m/m (vide Eq. 5.8), sendo o parâmetro apresentado no gráfico da Fig. 7.67.
Do gráfico, nota-se que a protensão inibe o surgimento de fissuração ao longo de Ldan ,
enquanto que a viga de armaduras passivas apresenta mais fissuras distribuídas por metro
de viga ao longo dos ciclos.
O fato de inibir as fissuras ao longo do histórico de carregamento faz com que, para
estágios mais avançados, ocorra localização das fissuras para a viga protendida. Este
fenômeno pode ser comprovado pelas ortofotos das Figs. 7.66.a e 7.66.b. Além disso, os
parâmetros obtidos pelos ensaios dinâmicos e ultrassônicos demonstram mais uma vez que
a viga protendida de UHPFRC apresentou, após os ciclos de carregamento, os maiores
valores de danificação últimas obtidas por estas metologias, além da maior atenuação da
onda de impacto, medido pelo coeficiente de amortecimento. O atraso da onda ultrassô-
nica e a diminuição da frequência natural refletem diretamente as condições de rigidez da
peça, enquanto que o amortecimento descreve o atrito da microestrutura, devido à fricção
entre fissuras, zona de transição danificada e coalescência dos poros.

0.4

1.70

Figura 7.64: Zona de danificação, com Ldan em metros - UHPFRC (V02)

1.17

Figura 7.65: Zona de danificação, com Ldan em metros - UHPFRC-P (V02)

177
26 mm 3 mm

(a) Fissuração máxima no 4º Ciclo - Viga UHPFRC protendida (V02)

0,6 mm

1,2 mm

(b) Fissuração máxima no 4º Ciclo - Viga UHPFRC (V03)

Figura 7.66: Comparação sobre a estimativa de abertura de fissuras no quarto ciclo -


UHPFRC-P (V02) x UHPFRC (V03)

178
5 0

4 5 U H P F R C
U H P F R C -P

D e n s id a d e d e fis s u ra s (fis s u ra s /m )
4 0

3 5

3 0

2 5

2 0

1 5

1 0

0 1 2 3 4 5
C ic lo

Figura 7.67: Densidade de fissuras para as vigas de UHPFRC e UHPFRC-P

7.6.2 Influência das fibras


A ausência das fibras diminui a resistência à tração do material, amplificando a
influência do modo de falha de cisalhamento. Isto é mais crítico no caso de seções trans-
versais mais esbeltas e na forma de viga I sem estribos, onde há concentração de fluxo de
cisalhamento na mudança de espessura da seção. Assim, para as mesmas condições de ge-
ometria de seção, carregamento e protensão, a redução da resistência de tração e ausência
de estribos torna o modo de falha de cisalhamento crítico para vigas de UHPC. Portanto,
a presença das fibras funciona como micro reforço de cisalhamento, sendo a sua utilização
capaz de mudar o modo de falha da peça de cisalhamento para flexão. Este fenômeno
pode ser evidenciado pela caracterização do modo de falha realizado pela fotogrametria,
e pelos índices de dano obtidos pelo ultrassom e ensaio dinâmico de impacto.
A Fig. 7.68 apresenta a comparação entre o modelo de dano e as ortofotos para o
último ciclo da viga UHPC-P. Quando comparado com o modelo apresentado para a viga
de UHPFRC protendida (Fig. 7.69), observa-se que as fibras promovem a distribuição
da danificação, evitando que a peça rompa nas diagonais tracionadas, induzindo a falha
flexional. O estudo de ultrassonografia longitudinal também evidencia o modo de falha,
uma vez que observa-se que as vigas de UHPFRC apresentam maior danificação nas
regiões da borda tracionada inferior, enquanto que a viga com UHPC apresenta severa
danificação na borda comprimida superior e alma.

179
0.3-0.2
0.6 0.3

sing Abaqus/CAE on: Thu May 21


23:25:35 E. South America Standa
rd Time 2020
Figura 7.68: Comparação modelo numérico e ortofoto experimental - V04 - UHPC - P

Figura 7.69: Comparação modelo numérico e ortofoto experimental - V02 - UHPFRC-P

A Fig. 7.70 apresenta a obtenção de Ldan para a viga UHPC Protendida. Nota-se
uma densidade de fissuras de 3,6 fissuras/m para o penúltimo ciclo, que evolui para 7,6
fissuras/m de Ldan na ruptura. Este valor é muito menor do que a quantidade de fissuras
observadas nas vigas de UHPFRC armado e protendido, conforme o gráfico da Fig. 7.71,
demonstrando que a ruptura da viga UHPC-P apresenta pouca fissuração até o colapso
frágil da peça.
Mais uma vez, foi demonstrado pelas metodologias de ensaios não destrutivos que a
peça de UHPC apresenta pouca degradação da rigidez devido ao comportamento linear
do UHPC sem fibras, e este fenômeno é evidenciado pelas frequências naturais e pulso
ultrassônico. Já o amortecimento indica que embora a peça apresente ruptura com pouca
fissuração, estas são suficientes para se aumentar a dissipação do sinal de impacto ao longo
da peça, aumentando o atrito interno entre fissuras.

8.4

1,71

Figura 7.70: Comprimento de danificação da viga

180
4 0
U H P C -P
3 5
U H P F R C

D e n s id a d e d e fis s u ra s (fis s u ra s /m )
U H P F R C -P
3 0

2 5

2 0

1 5

1 0

1 2 3 4
C ic lo

Figura 7.71: Densidade de fissuras das vigas UHPC-P, UHPFRC e UHPFRC-P

7.6.3 Ponto de aplicação de força


As Figs. 7.72a e 7.72b apresentam a comparação entre o modelo de dano e as ortofo-
tos para o último ciclo das vigas solicitadas por flexo-cisalhamento. Nota-se a distribuição
de dano e fissuração mais difusa para a viga de UHPFRC-P-Flex-Cis, enquanto que a viga
de UHPC-P-Flex-Cis apresenta poucas fissuras no colapso. O colapso precoce da diagonal
tracionada do modelo UHPC-P-Flex-Cis ocorre devido à falta de estribos e o baixo valor
de resistência à tração, o que torna crítica a ruptura por cisalhamento de tração diagonal
para essa peça. De fato, a ruptura da viga de UHPC é extremamente frágil e com pouca
degradação, em relação a referência de UHPFRC-P-Flex-Cis, sendo este fato confirmado
pelos ensaios não destrutivos e fotogrametria. Os ensaios não destrutivos demonstram que
a viga sem fibras não apresenta grandes acúmulos de dano, nem aumento significativo do
coeficiente de amortecimento até o ciclo de ruptura, o que demonstra a baixa capacidade
do UHPC sem fibras em transferir as tensões ao longo da peça. A ausência de fissuras
detectáveis na fotogrametria até o terceiro ciclo também é um indicio que reforça esta
observação.
Por outro lado, a ruptura com alta dissipação de energia para a viga de UHPFRC-
P-Flex-Cis é demonstrada pelo gradual acúmulo de índices de dano e altos coeficiente de
amortecimento que demonstram fissuração mais acentuada,.

181
CAE on: Tue Apr 07 01:50:35 E. South America Standard Time 2020

(a) Comparação modelo numérico e ortofoto experimental - V05 - UHPC - P - Flex - Cis

(b) Comparação modelo numérico e ortofoto experimental - V04 - UHPFRC-P - Flex - Cis

Figura 7.72: Comparação entre as ortofotos e modelo numérico

A Fig. 7.73 apresenta a medida do comprimento de danificação Ldan , obtido para as


vigas em flexo cisalhamento. Já a Fig. 7.74 apresenta a densidade de fissuração ao longo
da peça. Nota-se que a viga com fibras apresenta um acúmulo mais gradual e controlado
de fissuras diagonais, aumentando a ocorrência de fissuras e melhorando a capacidade
de distribuição de tensões ao longo da peça, inclusive nos estágios mais avançados de
carregamento. Já a viga de UHPC apresenta poucas fissuras, que evoluem em uma escala
muito menor e conduzem a peça a uma ruptura frágil. O maior valor de comprimento
de danificação para a viga de UHPFRC também demonstra uma maior capacidade de
redistribuição de esforços da peça em relação à referência de UHPC sem fibras.

0.2

1.25

(a) Viga UHPC-P

0.3
0.2
0.2

1.54

(b) Viga UHPFRC-P

Figura 7.73: Comprimento de danificação

182
7 0 U H P F R C -P -F le x -C is
U H P C -P -F le x -C is
6 0

D e n s id a d e d e fis s u ra s (m m )
5 0

4 0

3 0

2 0

1 0

1 2 3 4 5
C ic lo

Figura 7.74: Densidade de fissuras

7.6.4 Evolução do dano observado nos ensaios de fotogrametria,


ultrassom e dinâmico
A Fig. 7.75 apresenta o dano global obtido para vigas de UHPFRC (Fig. 7.75.a)
e UHPFRC-P (Fig. 7.75.b). Neste gráfico comparam-se três metodologias para obtenção
do dano à saber: (i) As barras roxas são obtidas pela degradação obtida pelo diagrama de
força x deslocamento do modelo numérico-experimental; (ii) as barras verdes são obtidas
pelo dano médio obtido pelo ultrassom nos pontos 1 à 8 (linha pontilhada dos gráficos
da seção 7.4); e (iii) as barras vermelhas apresentam o dano obtido pela diminuição da
frequência natural em cada ciclo (seção 7.5).

183
0 ,3 0 0 ,6 5
U H P F R C 0 ,6 0 U H P F R C - P
Im p a c to 0 ,2 6 Im p a c to
0 ,2 5 0 ,5 5
U ltra s s o m U ltra sso m
0 ,2 3 0 ,2 3 0 ,5 0
D e g ra d a ç ã o F -d D e g r a d a ç ã o F -d
0 ,4 5
0 ,2 0 0 ,4 1 0 ,4 2
0 ,4 0
0 ,3 6 0 ,3 7 0 ,3 7
0 ,1 6 0 ,1 6 0 ,3 5
0 ,3 5 0 ,3 3
D a n o

D a n o
0 ,1 5 0 ,3 2
0 ,1 4
0 ,3 0 0 ,2 9
0 ,1 2
0 ,1 1 0 ,2 5
0 ,1 0
0 ,2 0
0 ,1 5
0 ,0 5 0 ,1 0
0 ,0 2 8
0 ,0 5
0 ,0 0 0 ,0 0
2 3 4 2 3 4

C ic lo C ic lo

(a) UHPFRC (b) UHPFRC-P (V 02)

Figura 7.75: Comparação entre a metodologia de quantificação do dano - modelo


numérico-experimental vs. ultrassonografia e ensaio dinâmico de impacto

Além disso, a mesma comparação pode ser efetuada entre danos globais obtidos para
a viga de flexo-cisalhamento de UHPFRC protendido, sendo apresentada pela Fig. 7.76.

U H P F R C -P -F le x -C is
0 ,3 0 0 ,2 9
Im p a c to
U ltr a s so m
D e g ra d a ç ã o F -d 0 ,2 5
0 ,2 5
0 ,2 3
0 ,2 1 4
0 ,2 0 4
0 ,2 0 0 ,1 8 6
D a n o

0 ,1 5
0 ,1 2 4 0 ,1 2 0 ,1 2 0 ,1 2 4

0 ,1 0

0 ,0 5
0 ,0 5
0 ,0 3 2 1

0 0 0
0 ,0 0
3 4 5
C ic lo

Figura 7.76: Comparação entre a metodologia de quantificação do dano - modelo


numérico-experimental vs. ultrassonografia e ensaio dinâmico de impacto (UHPFRC-
P-flex-cis)

Dos gráficos acima, observa-se a mesma tendência de danificação para as metodologias


aplicadas,o que valida as análises efetuadas pelos ensaios não destrutivos de ultrassom e
dinâmico de impacto. Para os ciclos de carregamento mais avançados com alta danifica-
ção, a diferença entre os valores obtidos pelas três metodologias consideradas não foram

184
maiores que 11 %. Para níveis de dano mais baixos houve maior discrepância entre as me-
todologias, o que pode ser explicado em parte pela resolução dos instrumentos de medida
e condições de apoio.

7.7 Considerações sobre a ductilidade


O índice de ductilidade foi obtido utilizando a abordagem de Naaman e Jeong
(1995), conforme a Eq. 3.22, considerando que o comportamento cíclico dos ensaios
está contido em um envelope de força x deslocamento monotônico. A Fig. 7.77.a e b
apresenta o exemplo para obtenção de µ para a viga de UHPFRC armada, considerando
o modelo numérico e experimental. Já a Fig. 7.78.a e b apresenta a comparação entre os
comportamentos numérico e experimental de ductilidade para a viga de UHPFRC-P. Um
erro máximo de 4,9 % é observado para a modelagem numérica apresentada. Outro fato
interessante é que embora a viga protendida UHPFRC-P apresente deslocamento último
menor que a viga armada, a protensão demonstrou uma ductilidade de 3,96, ou seja, um
acréscimo de 13 % em relação a ductilidade da viga armada.

185
2 0 0

1 8 0
U H P F R C ( µ= 3 ,4 8 )

1 6 0 2
m
.m
1 4 0
kN

F o rç a a p lic a d a (k N )
4
,8
1 2 0 10
=
ed
1 0 0 K m

8 0
E to t= 5 3 0 0 k N .m m

.m m
6 0

3 k N
4 0

= 7 9
2 0

e l
E
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to d o m e io d o v ã o (m m )

(a) obtenção da ductilidade para UHPFRC (V03)

2 0 0
U H P F R C
1 8 0 N u m é ric o
E x p e rim e n ta l
1 6 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 4 0

1 2 0 µ= 3 ,6 5

1 0 0

8 0
µ= 3 ,4 8
6 0

4 0

2 0

0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to n o m e io d o v ã o (m m )

(b) Comparação das ductilidades do modelo numé-


rico e experimental (UHPFRC- V03)

Figura 7.77: Índice de ductilidade para a viga de UHPFRC

186
2 0 0

1 8 0
U H P F R C P ( µ= 3 ,9 6 )

1 6 0
2
1 4 0 m m
N .

F o rç a a p lic a d a (k N )
1 2 0 9 9 k
, 7
11
1 0 0 =
d
K m e
8 0 E to t= 5 2 8 0 k N .m m
6 0

m
k N .m
4 0

= 7 6 2
2 0

e l
E
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to d o m e io d o v ã o (m m )

(a) obtenção da ductilidade para UHPFRC-P (V02)

U H P F R C -P
2 0 0
N u m é ric o
E x p e rim e n ta l

µ= 3 ,7 6
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 5 0

1 0 0 µ= 3 ,9 6

5 0

0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0
D e s lo c a m e n to m e io d o v ã o (m m )

(b) Comparação das ductilidades do modelo numé-


rico e experimental (UHPFRC-P, V02)

Figura 7.78: Índice de ductilidade para a viga de UHPFRC-P

Portanto, os resultados experimentais confirmam a influência positiva da protensão


na ductilidade. A fim de se confirmar o fenômeno, foram feitas simulações numéricas
apresentadas pela Fig. 7.79, onde variou-se apenas a tensão de protensão de 0 até 1000
MPa, para a peça ensaiada com o modelo constitutivo calibrado de UHPFRC e malha
de 50 mm. Da figura 7.79, nota-se que há acentuado aumento da ductilidade em função
da protensão. De fato, o aumento da rigidez K imposta pela protensão faz com que a
energia Eel = P 2 /K diminua em relação à energia total, e assim, o balanço energético de
Etot /Eel e a ductilidade aumentam. É possível também notar que o estado de tensão da
protensão localiza o dano de tração no meio do vão (vide o modelo de dano da Fig. 7.80)
, retardando a fissuração e aumentando a força necessária para se violar o regime linear
no diagrama de força x deslocamento.

187
Nota-se o aumento gradual da resistência da peça em função da força de protensão,
e este fenômeno pode ser observado pela comparação entre as resistências das vigas com
força de protensão de P = 1000 MPa e P = 0 MPa. A viga sem protensão apresentou o
valor de Fmax = 178kN , e aumenta para Fmax = 188kN (i.e., 5,6 % de aumento) quando
a protensão é de P = 1000 MPa.

2 0 0 µ= 6 ,5 7
µ= 6 ,6
F o rç a a p lic a d a (k N )

1 5 0

µ= 3 ,7 4
µ= 3 ,7 6
1 0 0
U H P F R C -P
µ= 3 ,5 6 P = 1 0 0 0 M P a
P = 7 0 0 M P a
5 0 µ= 3 ,6 5 P = 3 0 0 M P a
P = 2 8 0 M P a
P = 1 0 0 M P a
P = 0 M P a
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to d o m e io d o v ã o (m m )

Figura 7.79: Simulações com protensão variável

188
Printed using Abaqus/CAE on: Thu Apr 09 19:36:23 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Thu Mar


(a)05para
13:33:35
P= E. South America Standard Time 2020
100 MPa

Printed using Abaqus/CAE on: Thu Mar 05 14:46:04 E. South America Standard Time 2020
(b) para P = 400 MPa

(c) para P = 1000 MPa

Figura 7.80: Fenômeno da localização em função da força de protensão

Outra comparação interessante é sobre o comportamento flexional das vigas de UHP-


FRC em relação às vigas de UHPC protendido. A ausência das fibras metálicas na viga de
UHPC reduz em 2,31 vezes a ductilidade da peça submetida ao carregamento de flexão,
conforme a Fig. 7.81.

189
2 0 0

1 8 0
U H P F R C -P
U H P C -P
1 6 0

1 4 0

F o rç a a p lic a d a (k N )
1 2 0
µ= 3 ,9 6
1 0 0

8 0

6 0

4 0
µ= 1 ,7 1
2 0

0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to (m m )

Figura 7.81: Comparação sobre a ductilidade do UHPC

A Fig. 7.83 demonstra que a aplicação de força em regiões mais próximas do apoio (i.e.,
a/d = 3,92), aumenta ligeiramente a ductilidade para as vigas protendidas de UHPFRC
e UHPC (i.e., UHPFRC-P-Flex-Cis e UHPC-P-Flex-Cis).

2 0 0

µ= 3 ,9 6

1 5 0
F o rç a (k N )

µ= 4 ,1

1 0 0

5 0 U H P F R C -P (F le x ã o )
µ= 1 ,7 1 U H P C -P (F le x ã o )
µ= 2 ,0 9 U H P F R C -P (F le x o -c is a lh a m e n to )
U H P C -P (F le x o -c is a lh a m e n to )
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to d o p o n to d e a p lic a ç ã o (m m )

Figura 7.82

Figura 7.83: Comparação com as vigas com a/d = 3,92

Mantendo-se constante as medidas geométricas de vão, base, espessura e protensão de


300 MPa, pode-se efetuar simulações com variação de altura (i.e., H = 250 mm até H =

190
600 mm), obtendo-se os comportamentos de força x deslocamento da Fig. 7.84. Observa-
se que para estas configurações de vão e seção transversal, há tendência de diminuição de
µ, à medida que a altura da seção e relação a/d aumentam. O crescimento progressivo de
altura da seção eleva a resistência de Fmax = 184kN para Fmax = 650kN , mas também
gera regiões de danificação à compressão cada vez maiores caracterizando o esmagamento
do concreto (vide Fig. 7.85) e diminuindo a ductilidade da seção de H = 600 mm em
relação à H = 250 mm.

7 0 0

µ= 3 ,3 4
6 0 0

5 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

4 0 0
µ= 3 ,3 4
3 0 0

µ= 3 ,7 0 U H P F R C - P = 3 0 0 M P a
2 0 0
H 6 0 0 (a /d = 2 ,1 7 )
µ= 3 ,7 6 H 4 0 0 (a /d = 3 ,3 3 )
1 0 0 H 3 0 0 (a /d = 4 ,5 4 )
H 2 5 0 (a /d = 5 ,8 8 )
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )

Figura 7.84: Influência da altura no índice de ductilidade

191
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Mar 08 12:13:42 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Sun Mar 08 12:14:00 E. South America Standard Time 2020
(a) Dano de compressão para H = 600 mm

Printed using Abaqus/CAE on:Dano


(b) Sun Mar
de08tração
12:47:26para
E. South
H America
= 600 Standard
mm Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Sun Mar 08 12:47:32 E. South America Standard Time 2020
(c) Dano de compressão para H = 250 mm

(d) Dano de tração para H = 250 mm

Figura 7.85: Dano de tração e compressão para as seções H250 e H600

Modificando a relação de Naaman e Jeong (1995) para a curvatura, pode-se utilizar


da Eq. 7.2 para se prever a ductilidade das vigas que romperam à flexão (i.e., V02 e V03),
conforme a Fig. 7.86. Nota-se que o índice de ductilidade em giro obtido pela relação de

192
momento curvatura teórico prevê com sucesso o comportamento de momento curvatura
dos modelos numérico e experimental. A abordagem de momento curvatura teórico pode
ser uma alternativa com baixo custo computacional para a obtenção da ductilidade de
peças de UHPFRC armadas e protendidas  
Φu 1 Etot
= µΦ = +1 (7.2)
Φy 2 Eel

1 2 0
µ= 1 ,8 2 4
µ = 1 ,5 5 1
1 0 0
M o m e n to R e s is te n te ( k N .m )

µ= 1 ,7 7 2
8 0

6 0

4 0
U H P F R C (V 0 3 )
E x p e rim e n ta l (L V D T )
2 0
M o d e lo T e ó ric o
N u m é ric o (C D P )
0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0 0 ,1 2

C u r v a tu r a Φ−( m -1
)

(a) UHPFRC (V03)

1 2 0
µ= 1 ,9 7 0
m = 1 .6 8 4
1 0 0
M o m e n to R e s is te n te ( k N .m )

µ= 1 ,8 6 5
8 0

6 0

4 0
U H P F R C - P (V 0 2 )
E x p e rim e n ta l
2 0
M o d e lo te ó ric o
N u m é ric o (C D P )
0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0

C u r v a tu r a Φ−( m -1
)

(b) UHPFRC-P (V02)

Figura 7.86: Previsão do índice de ductilidade para as vigas de UHPFRC sob flexão

7.8 Considerações finais


Nesta seção foi relatada a campanha numérico-experimental que investigou o com-
portamento cíclico e envelope monotônico de flexão e flexo cisalhamento de vigas I pro-
tendidas e armadas de UHPFRC. As seguintes conclusões podem então ser destacadas:

193
• Por meio da modelagem numérica desenvolvida no trabalho, foi possível se repre-
sentar os ciclos de carga e descarga de vigas protendidas e armadas de UHPFRC
com erro médio de força máxima igual à 7%, possibilitando a representação de de-
formações plásticas e degradação da rigidez ao longo da ciclagem mecânica. A lei
de dano proposta por Birtel e Mark (2006) demonstrou precisão para descrever o
comportamento das vigas de UHPFRC do presente trabalho;

• Equações analíticas de dimensionamento de momento fletor e esforço cortante foram


precisas na estimativa da resistência das seções em relação ao modelo numérico-
experimental;

• Os diagramas de momento curvatura teóricos desenvolvidos estimaram a resistência


e ductilidade em giro das seções armadas e protendidas submetidas à flexão de-
monstrando boa correspondência com os modelos numéricos de elementos finitos e
experimentais obtidos a partir das medidas dos LVDTs e fotogrametria. Demonstra-
se que esta relação analítica pode ser adotada como alternativa de um modelo de
baixo custo computacional para previsão de comportamento de peças armadas e
protendidas de UHPFRC;

• Para o caso das vigas solicitadas por carregamento no meio do vão, a incorpora-
ção de fibras aumentou em 62% a resistência da viga protendida. Em termos de
deslocamento último, a viga de UHPC-P apresentou 7,5 mm, enquanto que a viga
de UHPFRC-P apresentou deslocamento de pico de 24 mm. Portanto, a incor-
poração de 2% de fibras metálicas produz um grande aumento de capacidade de
deslocamento das peças.

• A presença de fibras aumentou a resistência à tração, funcionando como reforço de


cisalhamento para as peças. Verifica-se que as vigas de UHPC sem fibras apresen-
taram falhas características de cisalhamento, mesmo para cargas aplicadas no meio
do vão;

• As vigas de UHPC apresentaram poucas e espaçadas fissuras, o que gerou uma den-
sidade de fissuração menor em relação as UHPFRC-P. Porém, as fissuras nas vigas
sem fibras evoluem rapidamente para uma ruptura extremamente frágil e catastró-
fica. Já as vigas de UHPFRC apresentam fissuração distribuída com crescimento
controlado de fissuras;

• A protensão não aumentou consideravelmente a resistência da seção transversal,


o que pode ser atribuído às características geométricas da peça. Desta forma a

194
resposta experimental de resistência das peças protendidas e armadas foi aproxi-
madamente a mesma (i.e., resistência da viga armada é 3,4% maior). A influência
da protensão para a viga I estudada pode ser confirmada via modelos numéricos
desenvolvidos na seção 7.7, onde o valor de protensão de 1000 MPa, aumentou a
resistência da viga em 6 % em relação à viga não protendida. A utilização da pro-
tensão e fibras aumenta a ductilidade e diminui a densidade de fissuração ao longo
da viga;

• O aumento de µ em função da protensão ocorre graças ao ganho de rigidez que gera


uma parcela de energia elástica cada vez menor Eel = P 2 /K, mantendo-se constante
o valor de energia dissipada no ensaio de flexão (i.e., Etot ). Portanto, a medida que
a relação Etot /Eel aumenta, observa-se o aumento do índice de ductilidade;

• Os resultados da modelagem numérica apresentada neste capítulo demonstram uma


metodologia para se prever com sucesso a ductilidade de seções armadas e proten-
didas de UHPFRC;

• A ultrassonografia efetuada no eixo longitudinal das peças revelou a distribuição da


fissuração para cada região da seção transversal, demonstrando os mecanismos de
falha observados nas vigas estudadas e o caminho das fissuras ao longo das etapas
do ensaio;

• A danificação obtida pelos ensaios dinâmicos foi similar aos valores de degradação
do diagrama de força-deslocamento e média dos valores de dano ultrassônico, mos-
trando a aplicabilidade desta técnica na detecção de danificação. O crescimento do
amortecimento a partir do terceiro ciclo de carregamento das vigas é uma evidencia
do dano e revela a ocorrência de coalescência de poros e fricção na interface fibra -
matriz.

• A técnica de fotogrametria foi aplicada para o monitoramento longitudinal dos en-


saios mecânicos. Para cada estágio de força foi possível se obter os deslocamentos e
curvaturas residuais, além dos valores estimados de abertura de fissuras nas vigas.
As regiões de danificação obtidas pela fotogrametria são muito similares à locali-
zação dos pontos de danificação obtidos pelo modelo numérico, o que demonstra a
coerência mútua entre estes resultados. As deformadas e curvaturas residuais obti-
das pela fotogrametria apresentaram comportamento similar àquelas obtidas pelos
sensores LVDTs. A fotogrametria mostrou-se uma ferramenta pertinente para a
reconstituição do ensaio e verificação dos resultados obtidos via metodologias tradi-
cionais;

195
• O valor de Ldan observado para a viga protendida de UHPFRC (UHPFRC-P) foi
45 % menor em relação às vigas de UHPC-P e UHPFRC, o que demonstra que a
utilização conjunta de fibras e protensão diminui a região danificada na ruptura da
peça e inibe o surgimento de fissuras no eixo longitudinal da viga. No entanto, deve-
se alertar para o fenômeno da localização, sendo necessário o controle de abertura
de fissuras na peça;

• A calibração numérica experimental do protótipo de viga I apresentado neste capí-


tulo será utilizada no próximo capítulo para se expandir o estudo para o caso de
utilização do UHPFRC em uma situação de laje alveolar de ponte sujeita ao modo
de falha de flexão.

196
Capítulo 8

Expansão do estudo para seções de 37

lajes alveolares

Devido as características geométricas e de disposição de armaduras em uma dire-


ção (ABNT, 2011), as lajes alveolares podem ser entendidas como uma série de vigas I
submetidas à flexão, conforme a Fig. 8.1. Assim, é muito comum a utilização do modelo
reduzido de vigas I para representação do comportamento estrutural de lajes alveolares
(ELLIOTT; PEASTON; PAINE, 2002b,a). Neste sentido, as mesmas considerações fei-
tas até então para seções I, agora podem ser expandidas para um estudo de caso de lajes
alveolares protendidas. A partir do comprovado desempenho do UHPFRC em vigas I
protendidas descrito no capítulo 7, bem como a satisfatória resposta de durabilidade do
material em situações com ambientes agressivos (TOLEDO FILHO et al., 2012), propõe-
se o estudo de caso sobre a aplicação do UHPFRC no perfil PCI AASHTO/SII, utilizado
em casos de lajes alveolares de pontes. A resposta em força x deslocamento é avaliada
e comparada à concretos de alta resistência (i.e., C70 e C135), verificando o impacto da
Figura 9utilização
– Força dedestes materiaispor
cisalhamento na abertura
(i) resistência, (ii) modo
de fissuras para de
a/dfalha
= 2,0e(ELLIOTT;
(iii) ductilidade. AlémPAINE,
PEASTON;
disso, propõem-se o estudo de duas seções modificadas do AASHTO/PCI SII – 36 , com
2002a).
mesma altura e base, mas com espessuras reduzidas.

Figura 8.1: Viga I de uma laje alveolar


Figura 10 – Detalhe viga X

5.3.3 Ancoragem 197


8.1 Estudo de caso da seção AASHTO/PCI SII – 36
O perfil AASHTO/PCI SII – 36 tem as dimensões em mm e disposição de armaduras
conforme a Figura 8.2. O concreto geralmente utilizado para esta seção é da classe C70,
e o aço de protensão de 270 ksi, conforme o comportamento constitutivo da Fig. 8.3.

914
267 190 190 267
381

14320

17 f 1/2"

Figura 8.2: Perfil AASHTO/PCI SII 36

2 0 0 0
L e i c o n s titu tiv a a ç o A S T M 2 7 0 k si

1 5 0 0
T e n sã o (k N )

1 0 0 0

5 0 0

0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 5 0 ,0 1 0 0 ,0 1 5 0 ,0 2 0 0 ,0 2 5 0 ,0 3 0

D e fo rm a ç ã o to ta l

Figura 8.3: Lei constitutiva do aço de protensão

Para se obter a resistência desta peça, propõe-se a simulação numérica de um ensaio


de flexão de 4 pontos monotônico, conforme o esquema da Fig. 8.4. A metodologia
para modelagem numérica desenvolvida nos capítulos anteriores é igualmente adotada,
bem como o modelo constitutivo calibrado nos capítulos 6 e 7. Uma peculiaridade desta
simulação foi a consideração da condição de simetria de eixo longitudinal, visando reduzir

198
o custo computacional da análise, conforme a Fig. 8.5. Neste sentido, um apoio que
restringe deslocamentos na direção Z (paralela ao eixo longitudinal da peça) é posicionado
no meio do vão, reproduzindo um engaste móvel. Além disso, foi arbitrado um apoio à
20 cm da face da viga, restringindo o deslocamento na direção Y.
A aplicação de força foi em regime monotônico, com linha de atuação que dista 91,45
cm do meio do vão, de acordo com a Fig. 8.4.

F/2 F/2

200
P P

F/2 F/2
6045 915

200 F/2 F/2


Figura 8.4: Ensaio de flexão em 4 pontos
P P

200
6045 915
P P
F/2 F/2
6045 915 915 6045

200
P P

6045 915 915 6045

Figura 8.5: Ensaio de flexão em 4 pontos com condição de simetria

Conforme apresentado na Figura 8.6, uma malha de elemento sólido C3D8 foi utili-
zada, com dimensão máxima de 40 mm. As armaduras ativas foram consideradas com-
pletamente embutidas no concreto, modeladas pelo elemento de treliça 3D T3D2, discre-
tizados de 100 mm em 100 mm. A protensão nas armaduras ativas foi aplicado como uma
tensão inicial no passo de protensão.

199
Printed using Abaqus/CAE on: Sat Apr 11 19:52:33 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Sat Apr 11 19:51:41 E. South America Standard Time 2020

Figura 8.6: Aspectos da malha

Além da geometria usual da seção PCI, foram consideradas geometrias reduzidas mo-
dificadas, com espessuras de 75 mm e 50 mm com base e altura mantidas iguais à PCI
AASHTO SII. A Fig. 8.7.a e b apresenta a malha utilizada nestes casos. A Tabela 8.1
Printed using Abaqus/CAE on: Thu Apr 30 20:55:18 E. South America Standard Time 2020
apresenta resumidamente os Printed
casosusing
estudados no presente capítulo.
Abaqus/CAE on: Thu Apr 30 20:56:46 E. South America Standard Time 2020

(a) Espessura de 75 mm (b) Espessura de 50 mm

Figura 8.7: Seções com espessura reduzida

200
Tabela 8.1: Casos estudados

ID Nome Material Esp. P


(MPa)
1 AASTHO SII/C70 C70 Integral 875
2 AASTHO SII/C135 C135 Integral 875
3 AASTHO SII/UHPFRC UHPFRC Integral 875
4 AASTHO SII/UHPFRC/E75 UHPFRC 75 mm 875
5 AASTHO SII/UHPFRC/E50 UHPFRC 50 mm 875
6 AASTHO SII/UHPFRC/P1200 UHPFRC Integral 1200
7 AASTHO SII/UHPFRC/P1400 UHPFRC Integral 1400
8 AASTHO SII/UHPFRC/P1800 UHPFRC Integral 1800

A Fig. 8.8 apresenta a lei de dano (Fig. 8.8a) e a lei de tensão deformação (Fig. 8.8b)
para a compressão de concretos C70, C135 e UHPFRC. O comportamento de tração para
os concretos C70 à UHPFRC é dado pela Fig. 8.9, onde a lei de dano é dada pela Fig.
8.9a e constitutiva pela Fig. 8.9b. O comportamento constitutivo de compressão foi
determinado seguindo a formulação de Carreira e Chu (1985). Já para o comportamento
de tração dos concretos C70 e C135, considerou-se o modelo do CEB FIP (CEB-FIP,
2010). O mesmo modelo constitutivo proposto por Krahl (2018) e calibrado para as vigas
experimentais de UHPFRC (i.e., capítulo 6) foi utilizado. As leis de evolução de dano
utilizadas foram de acordo com o proposto por Birtel e Mark (2006), com valores de
bt = 0, 3 e bc = 0, 7.

201
C 1 3 5 C 7 0 U H P F R C
1 .0

Ín d ic e d e d a n o (d c) 0 .8

0 .6

0 .4

0 .2 U H P F R C
C 1 3 5
C 7 0
0 .0
0 .0 0 0 0 .0 0 5 0 .0 1 0 0 .0 1 5 0 .0 2 0 0 .0 2 5 0 .0 3 0
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a

(a) Lei de dano na compressão

1 4 0 U H P F R C
C 1 3 5
1 2 0 C 7 0

1 0 0
T e n sã o (M P a )

8 0

6 0

4 0

2 0

0
0 .0 0 0 .0 1 0 .0 2 0 .0 3 0 .0 4
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a

(b) Lei constitutiva de compressão

Figura 8.8: Comportamento de compressão dos concretos convencionais

202
1 ,0

1 ,0
0 ,8 0 ,8

Í n d i c e d e d a n o ( d t)
0 ,6

0 ,6 0 ,4

0 ,2

0 ,0
0 ,4
0 ,0 0 0 0 0 ,0 0 0 5 0 ,0 0 1 0 0 ,0 0 1 5

0 ,2 C 7 0
C 1 3 5
U H P F R C
0 ,0

0 ,0 0 0 0 ,0 0 5 0 ,0 1 0 0 ,0 1 5 0 ,0 2 0 0 ,0 2 5 0 ,0 3 0
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a

(a) Lei de dano na tração

8
C 7 0
C 1 3 5
7 U H P F R C

6 5
T e n sã o (M P a )

5 4

3
4
2
3
1

2 0
0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8

0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0 0 ,1 2 0 ,1 4
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a

(b) Lei constitutiva de tração

Figura 8.9: Comportamento de tração dos concretos convencionais

8.2 Resultados
A Tabela 8.2 apresenta os principais resultados de força máxima e deslocamento à
300 kN de força para as seções estudadas. Da tabela, nota-se que os perfis constituídos
de UHPFRC apresentam tanto maior resistência quanto menores deslocamentos aos 300

203
kN de força aplicada, quando comparados às referências de C135 e C70. Sobretudo, na
peça de C70 o valor de δ300kN = 466 mm é o deslocamento de pico da peça.
A força máxima obtida pelo modelo analítico de dimensionamento à flexão (i.e.,
Fmax,an ) foi próxima da resistência obtida via modelo numérico (i.e., Fmax,num ), com
erro máximo de 13 % para a peça de C70. É importante salientar que para esta etapa,
utilizou-se o dimensionamento de Fehling et al. (FEHLING et al., 2014; LEUTBECHER;
FEHLING, 2013) para o UHPFRC, e da ABNT NBR 6118:2014 (ABNT, 2014) para as
peças de C135 e C70, embora a NBR 6118 não apresente um modelo próprio para o
dimensionamento de peças C135, sendo feita uma extrapolação.

Tabela 8.2: Casos estudados

Fmax,an
Nome Fmax,an Fmax,num (kN) Fmax,num
δ300kN (mm)
(kN)
AASTHO SII/C70 347 306 1,13 466
AASTHO SII/C135 357 333 1,07 350
AASTHO SII/UHPFRC 453 462 0,98 138
AASTHO SII/UHPFRC/E75 423 448 0,94 142
AASTHO SII/UHPFRC/E50 395 431 0,92 175
AASTHO SII/UHPFRC/P1200 458 468 0,97 115
AASTHO SII/UHPFRC/P1400 461 468 0,98 104
AASTHO SII/UHPFRC/P1800 478 469 1,02 92

A Fig. 8.10 apresenta o comportamento de força x deslocamento das lajes alveolares


constituídas C70, C135 e UHPFRC, submetidas ao regime monotônico de carregamento
de flexão, para a seção original e espessuras reduzidas de 50 mm e 75 mm, com tensão de
protensão fixa em 875 MPa. A seção AASHTO PCI SII/UHPFRC apresentou resistência
de 462 kN, comparada a 306 kN da referência AASHTO PCI SII/C70, um aumento de
1,51 vezes. As seções de espessura reduzida (50 mm e 75 mm) apresentaram resistência
de 93% e 97 % em relação à seção original de UHPFRC, fato que demonstra que as
reduções de espessura apresentadas podem ser utilizadas sem prejuízos à resistência da
peça na flexão. Além disso, a deformabilidade dos elementos se permaneceu praticamente
a mesma. O aumento de resistência de compressão do concreto C135 para C70 não
mudou significativamente a resistência máxima da laje, uma vez que ambos os materiais
apresentam praticamente a mesma resistência à tração.
A ductilidade µ da seção AASHTO PCI SII/UHPFRC é de 2,84, valor próximo às
configurações com C70 e C135. O valor praticamente constante de ductilidade se deve a

204
quantidade de aço de protensão (17 barras de 12,5mm) na parte inferior de todas as peças
analisadas.

5 0 0 µ= 2 ,8 4
µ= 3 ,1 1
µ= 3 ,1 3
4 0 0
µ= 2 ,7 0 4
F o rç a a p lic a d a (k N )

3 0 0

µ= 2 ,8 9
2 0 0
U H P F R C (e sp = 5 0 m m )
U H P F R C (e sp = 7 5 m m )
1 0 0 U H P F R C (P C I S II)
C 1 3 5 (P C I S II)
C 7 0 (P C I S I I)
0
0 2 0 0 4 0 0 6 0 0 8 0 0 1 0 0 0
D e s lo c a m e n to d o m e io d o v ã o (m m )

Figura 8.10: Comparação entre modelos

As Figs. 8.11, 8.12, 8.13, 8.14 e 8.15 apresentam o dano de tração para as vigas
constituídas de C70, C135 e UHPFRC com espessura variável. Do modelo numérico, pode-
se inferir que o modo de falha de todas as lajes foi de flexão, com deformação excessiva
das armaduras ativas. A utilização das fibras na mistura distribuí a danificação na região
central, enquanto que o concreto convencional e de alta resistência apresentam fissuras
mais concentradas e também mais espaçadas. Outra característica observada é que todos
os concretos sem fibras apresentam danificação de ancoragem devido a protensão, fato
que não ocorre com as seções com fibras, uma vez que as fibras funcionam como micro
reforço, sendo capazes de inibir as fissuras de ancoragem e distribuir o dano de flexão,
conforme demonstrado no capítulo 7.
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 12 17:02:50 E. South America Standard Time 2020

Figura 8.11: Dano de tração (PCI AASHTO SII/C70)

205
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 12 18:07:12 E. South America Standard Time 2020

Figura 8.12: Dano de tração (PCI AASHTO SII/C135)

Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 12 18:09:42 E. South America Standard Time 2020

Figura 8.13: Dano de tração (PCI AASHTO SII/UHPFRC)

Printed using Abaqus/CAE on: Thu Apr 30 21:31:07 E. South America Standard Time 2020

Figura 8.14: Dano de tração (PCI AASHTO SII/E75 mm)

206
Printed using Abaqus/CAE on: Thu Apr 30 22:20:09 E. South America Standard Time 2020

Figura 8.15: Dano de tração (PCI AASHTO SII/E50 mm)

A Fig. 8.16 apresenta o resumo das propriedades estudadas em um gráfico radar,


cujos eixos são as grandezas tratadas no presente capítulo (i.e., ductilidade e resistência),
relacionadas ao inverso do volume da seção. Nota-se que, para os casos estudados, a seção
com espessura de 75 mm, constituída de UHPFRC é a situação mais balanceada entre
as analisadas, pois apresenta maior área do triângulo. Portanto, a seção reduzida para
75 mm de espessura se apresenta como melhor opção entre as estudadas, em relação à
ductilidade, resistência e volume. Quando comparada a seção PCI AASHTO SII/E75
mm com a referência de C70, observa-se a diminuição de volume de 1,4 m3 de concreto
(65% do volume da seção original) e acréscimo de 142 kN na resistência (46 % maior),
com ductilidade maior.

1 /V o l (1 /m ³)
0 .6

0 .5

0 .4

C 7 0
0 .3
C 1 3 5
2 .0 U H P F R C (5 0 m m )
3 0 0 2 .2
2 .4 U H P F R C (7 5 m m )
3 5 0 2 .6
4 0 0 2 .8
U H P F R C
4 5 0 3 .0
3 .2
5 0 0 3 .4

F m a x µ

Figura 8.16: Gráfico radar das seções

Variando-se a tensão de protensão P = 875 MPa, 1200 MPa, 1400MPa e 1800 MPa
para a seção de PCI AASHTO SII 36 constituída de UHPFRC, obtém-se a relação força
x deslocamento da Fig. 8.17. Nota-se que o aumento de protensão gera acréscimo de
ductilidade, partindo do valor de µ = 2,84 (P = 875 MPa) para µ = 4,07 (P = 1800
MPa), diminuindo a dispersão de fissuras ao longo da peça mas provocando localização
de dano na região central da laje alveolar, conforme mostrado nas Figs. 8.18, 8.19, 8.20

207
e 8.21 que apresentam a danificação de tração na iminência da ruptura. O aumento de
protensão não gera aumento significativo da força máxima (apenas 1% comparando a laje
com P = 875MPa e 1800MPa), indicando que a localização e maior abertura das fissuras
no meio do vão limitam a resistência final das peças. As Figs. 8.18, 8.19, 8.20 e 8.21
também demonstram que ocorre maior danificação na região de ancoragem à medida que
a força de protensão aumenta.

5 0 0
µ= 4 ,0 3
µ= 3 ,7 1
4 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )

µ= 3 ,2 6
3 0 0

µ= 2 ,8 4
2 0 0
P ro te n s ã o a p lic a d a
1 8 0 0 M P a
1 0 0
1 4 0 0 M P a
1 2 0 0 M P a
8 7 5 M P a
0
0 1 0 0 2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0 6 0 0
D e s l. n o m e io d o v ã o (m m )

Figura 8.17: Efeito da variação da protensão

208
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 12 18:09:42 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:24:45 E. South America Standard Time 2020

Figura 8.18: Dano de tração - PCI AASHTO SII 36, com protensão igual à 875 MPa

Printed using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:20:28 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:20:41 E. South America Standard Time 2020

Figura 8.19: Dano de tração - PCI AASHTO SII 36, com protensão igual à 1200 MPa

209
Printed using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:21:20 E. South America Standard Time 2020

inted using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:21:11 E. South America Standard Time 2020

Figura 8.20: Dano de tração - PCI AASHTO SII 36, com protensão igual à 1400 MPa

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Figura 8.21: Dano de tração - PCI AASHTO SII 36, com protensão igual à 1800 MPa

Uma vez obtido o momento resistente pela simulação numérica, pode-se calcular a
máxima sobrecarga em função do vão para as seções estudadas, conforme apresentado na
Fig. 8.22. O valor de sobrecarga máximo foi considerado distribuído de forma uniforme
por todo elemento, e o peso próprio foi descontado do valor total de sobrecarga. As lajes

210
foram tratadas como vigas bi apoiadas com modo de falha de flexão. Dos resultados, nota-
se que as lajes alveolares constituídas de UHPFRC apresentam comportamento muito
superior para a flexão, podendo vencer grandes vãos e suportando altas sobrecargas de
utilização. Portanto, para o modo de falha de flexão estudado, a utilização de seções
com espessura menor não gera perdas significativas de resistência, apresentando sempre
resistências maiores que as de referência de C135 e C70.

2 6 0
2 4 0 U H P F R C (P C I S II)
U H P F R C (e = 5 0 m m )
2 2 0
U H P F R C (e = 7 5 m m )
2 0 0 C 1 3 5 (P C I S II)
S o b re c a rg a (k N /m ²)

1 8 0 C 7 0 (P C I S I I)
1 6 0
1 4 0
1 2 0
1 0 0
8 0
6 0
4 0
2 0
0
6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 1 8 2 0 2 2
V ã o m á x im o (m )

Figura 8.22: Sobrecarga máxima suportada para flexão

8.3 Considerações sobre a expansão do estudo para la-


jes alveolares
Nesta seção, foi utilizada a calibração numérica para se propor um estudo compa-
rativo entre classes de concreto aplicadas à seção PCI AASHTO SII - 36 de laje alveolar
para tabuleiro de pontes. Posteriormente, um estudo variando a força de protensão foi
efetuado. Além disso, também foram analisadas duas seções com espessuras reduzidas
(75 mm e 50 mm) de UHPFRC. Dos resultados obtidos, pode-se concluir que:
• A resistência da seção constituída de UHPFRC foi 51 % maior que a referência de
C70, o que demonstra a superioridade do material em relação aos concretos de alta
resistência;

211
• Todas as peças de UHPFRC obtiveram deslocamentos à 300 kN muito menores que
as referências de C70 e C135 (redução de 70,4% e 60,5% respectivamente, conside-
rando a laje PCI AASHTO SII - 36);

• As simulações numéricas apresentaram valores de resistência próximas às previsões


analíticas para momento fletor;

• As fibras distribuíram melhor a fissuração para as seções de UHPFRC, como pôde


ser observado no gráfico de dano de tração. Resultados similares foram obtidos do
estudo das vigas I experimentais, uma vez que as fibras funcionaram como micro
reforço, distribuindo as tensões ao longo da peça;

• As seções com espessura reduzida tiveram comportamento satisfatório em função


da resistência e ductilidade, especialmente a seção de 75 mm que teve maior área
no gráfico de radar, dentre as analisadas, mostrando assim melhor resposta relativa
entre ductilidade, volume de material e resistência. Esta seção quando comparada à
referencia PCI AASHTO SII - 36/C70, apresentou diminuição de volume em 1,4 m3
e simultâneo acréscimo de 142 kN em sua resistência. As reduções de peso próprio
e aumento de resistência podem contribuir para a economia e alívio do peso na
estrutura e infra estrutura;

• O aumento da protensão na seção estudada gerou acréscimo de ductilidade e loca-


lização nas peças de UHPFRC;

• A sobrecarga máxima suportada pelos elementos de UHPFRC é muito superior às


seções de C135 e C70 de referência, o que garante maior desempenho de flexão para
a situação analisada;

• Em suma, o presente capítulo demonstra que a utilização de UHPFRC em seções de


lajes alveolares de tabuleiros de pontes é benéfica do ponto de vista de diminuição de
peso e aumento de resistência. Evidentemente, outros fatores como as dificuldades
de produção em uma pista de protensão deve ser discutida em trabalhos futuros.

• Cabe salientar que o trabalho focou no processo de simulação e projeto de lajes


alveolares. Logo, os procedimentos de tecnologia para a produção de um elemento
deste porte não foi abordado.

212
Capítulo 9

Conclusões

O presente trabalho apresentou a investigação numérica e experimental do compor-


tamento cíclico de vigas I protendidas pré-tracionadas, sem estribos, sujeitas ao ensaio
de flexão em três pontos. Ensaios não destrutivos foram efetuados nas condições entre
ciclos, para se obter informações sobre a evolução da danificação dos elementos estudados.
Foi possível se dimensionar e representar numericamente o comportamento cíclico das vi-
gas produzidas em laboratório, obtendo informações sobre modos de falha, resistência e
ductilidade. As principais conclusões podem ser destacadas:

• O UHPFRC é um material com baixo nível de imperfeição em sua microestrutura,


e este panorama persiste até seu pico de tensão. Este fenômeno pode ser observado
pelo coeficiente de amortecimento constante em 0,35% até o pico de tensão em corpos
de prova, e o diagrama de tensão x deformação linear. Ainda sobre o diagrama de
tensão de compressão x deformação, observou-se que as fibras começam a contribuir
de forma mais efetiva aumentando a tenacidade e controlando a fissuração no ramo
pós pico. Estas conclusões foram verificadas à partir dos resultados da campanha
experimental em corpos de prova de UHPFRC, sob carregamento cíclico (Capítulo
4);

• O ensaio ultrassônico em corpos de prova demonstrou a relação entre a danifica-


ção e o atraso da onda longitudinal para amostras de UHPFRC com volumes de
fibra variável. Já o ensaio acústico em corpos de prova mostra que à medida que
a danificação ocorre, há degradação do módulo de elasticidade e amortecimento da
onda acústica de impacto, devido ao aumento do amortecimento de Coulomb gerado
pela fricção entre fissuras e interfaces do material. Os comportamentos das ondas
de impacto e ultrassonográfica observados em corpos de prova são similares àqueles
apresentados nas vigas I de tamanho real (Capítulo 7), onde há degradação dos
sinais dinâmico e ultrassônico, observados com atraso da velocidade da onda, dimi-

213
nuição da frequência fundamental e aumento de coeficiente de amortecimento, com
a evolução dos ciclos de carregamento. Os valores de amortecimento observados nas
vigas em escala real foram pequenos e inferiores à 2% (valores usuais para concretos
usuais), o que pode ser atribuído pelo pequeno valor de amortecimento interno do
UHPFRC observado nos ensaios em corpos de prova;

• As hipóteses (i) de Bernoulli, (ii) existência de domínios de deformação, (iii) ocor-


rência de estádios de fissuração, (iv) abordagem de aplicação de protensão como
uma deformação prévia, e (v) bielas de cisalhamento entre 30 e 45 graus são vá-
lidas para o dimensionamento de peças fletidas de UHPFRC. No entanto, devido
ao comportamento específico do material na tração e compressão, devem ser adota-
das algumas modificações (FEHLING et al., 2014; AFGC, 2013) como a adoção do
(i) comportamento linear da parcela de concreto comprimida, (ii) consideração de
resultante de tração do concreto, além da (iii) contribuição das fibras no dimensiona-
mento ao cisalhamento. Portanto, verifica-se que as equações de dimensionamento
analíticas são adequadas para representação de modelos de viga I estudadas, onde
é observada grande precisão (máximo 10 % de erro) entre os modelos analíticos,
numérico e experimental (7);

• O modelo constitutivo do CDP e a simulação numérica em elementos finitos de-


senvolvida, foram capazes de descrever a resposta cíclica experimental das vigas I
estudadas, com erro médio de 7 %. As equações analíticas utilizadas para a obtenção
do diagrama de momento x curvatura também foram precisas em relação aos valores
experimentais e numéricos, apresentando-se como uma alternativa de baixo custo
computacional para se estimar a resposta em resistência e ductilidade das seções de
UHPFRC protendido e armado em flexão;

• A ausência de fibras nas vigas de UHPC provocou uma alteração do modo de falha,
em relação às peças de UHPFRC, tornando-as mais frágeis e com baixa resistên-
cia à tração no cisalhamento. Este fato é comprovado pelos valores de índice de
ductilidade observados (1,71 para UHPC-P e 3,96 para UHPFRC-P) e ruptura ca-
tastrófica durante os ensaios, o que demonstra que a utilização de fibras nas vigas
I sem estribos contribui decisivamente para a resistência ao cisalhamento da viga I.
Além disso, a utilização de fibras aumenta a deslocabilidade da peça (7,5 mm para
24 mm) e a resistência última (63 kN para 178 kN). Portanto, no caso das vigas es-
tudadas, as fibras foram mais decisivas para a deslocabilidade, índice de ductilidade
e resistência do que a protensão;

• A presença conjunta de protensão e fibras nas vigas provocou um estado de tensões

214
que propicia o aumento da ductilidade e resistência dos perfis. Este fato é observado
no modelo numérico experimental que confirma as hipóteses de melhoria de ductili-
dade. A protensão também diminuiu a ocorrência de fissuras dispersas ao longo do
elemento, segundo a fotogrametria. Em contrapartida, as peças protendidas apre-
sentaram maior localização de dano no meio do vão, provocando a ocorrência de
fissuras com maior abertura;

• Devido à geometria da seção I estudada experimentalmente, não foi observado ganho


significativo de resistência das vigas protendidas de UHPFRC em comparação com
as peças com armaduras passivas. A simulação numérica também indica a pouca
influência da protensão na resistência da peça, uma vez que o valor de P = 1000
MPa gera um acréscimo de apenas 6 % na resistência da peça em relação à peça
não protendida (Capítulo 7). Também para o perfil AAHSTO PCI SII, não foi
observado aumento considerável na resistência, quando se dá o aumento de força de
protensão na peça de UHPFRC (Capítulo 8). Desta forma a utilização da protensão
mostra-se pertinente ao acréscimo de ductilidade observado nas peças, e inibição do
surgimento de fissuras ao longo do elemento provocando retardo do momento de
fissuração. Em contrapartida, nos ciclos mais avançados de carregamento, situações
próximas do estado limite último, as aberturas de fissura são maiores e desta forma,
mais críticas;

• A realização da fotogrametria permitiu obter uma análise de imagem global da viga,


com informações precisas sobre a posição das fissuras e a estimativa dos valores
estimados de abertura de fissuras residuais, para cada passo de carga. A posição
das fissuras obtidas pela fotogrametria é similar às regiões onde houve danificação
no modelo numérico. Este ensaio também pode ser interessante em situações de
locais inacessíveis, onde há dificuldade de medição. No entanto, deve-se destacar
que a técnica permite a observação com precisão para fissuras com abertura maior
que 0,2 mm.

• Na expansão do estudo para seções de lajes alveolares, (Capítulo 8), a aplicação do


UHPFRC mostrou-se eficiente, uma vez que as peças constituídas do material apre-
sentaram resistência 51% maior que a obtida nas peças de C70, no perfil AAHSTO
PCI SII. A utilização de seções com espessura reduzida demonstrou valores de re-
sistências superiores às de referência para C70 e C135 (concreto de alta resistência),
com volume de material menor e ductilidade superior. Estes resultados demonstram
a proeminência do UHPFRC na industria de pré moldados, uma vez que a expansão
do estudo numérico-experimental para o caso de lajes alveolares demonstra que o
UHPFRC aplicado às lajes resulta em peças mais eficientes com menor peso próprio.

215
Como indicação para futuros estudos, poderiam ser avaliadas vigas protendidas de
UHPFRC com outros tipos de fibras, volumes de fibras e natureza variáveis, maiores
valores de protensão e estudo da orientação das fibras nas seções. Além disso, outras
tipologias de seções de UHPFRC que rompam em situação de esforço cortante devem ser
estudadas no futuro, a fim de se obter maiores contribuições neste assunto.

216
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233
234
Anexo I - Validação numérica de vigas
protendidas e armadas

A.1 Vigas Armadas de UHPFRC


O primeiro estudo de validação apresentado é para descrever o comportamento expe-
rimental de flexão para vigas armadas de UHPFRC. Neste sentido, propõem-se a simula-
ção de vigas via método dos elementos finitos utilizando o software comercial ABAQUSr ,
considerando o efeito da não linearidade física do concreto (CDP) e plasticidade nas arma-
duras de aço. Assim, utilizaram-se os resultados experimentais do modelo desenvolvido
por Yang et. al (YANG; KIM, 2012; YANG; JOH; KIM, 2010), cujo ensaio é apresentado
pela Fig. 9.1. A Fig. 9.2 apresenta a lei constitutiva para o UHPFRC desenvolvida e
apresentada no trabalho de Yang et. al. (YANG; KIM, 2012; YANG; JOH; KIM, 2010),
onde utilizou-se a lei de dano simplificada para a tração (Eq. 3.40), bem como a equação
de Birtel para a compressão 3.39:

Força Força

270
Armadura passiva
180
Ast = 380.1 mm2
100 1130
2900

LVDT

Figura 9.1: Ensaio desenvolvido por Yang et. al.(YANG; KIM, 2012; YANG; JOH; KIM,
2010)

235
L e i c o n s titu tiv a
L e i d e d a n o
2 2 5

2 0 0 1 ,0

1 7 5

T e n sã o d e c o m p re ssã o (M P a )
0 ,8
1 5 0

Ín d ic e d e d a n o
1 2 5 0 ,6
1 0 0

7 5 0 ,4

5 0
0 ,2
2 5

0 0 ,0
-2 5
0 ,0 0 0 0 0 ,0 0 2 5 0 ,0 0 5 0 0 ,0 0 7 5 0 ,0 1 0 0
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a

(a) Compressão

L e i c o n s titu tiv a
L e i d e d a n o

1 2 1 ,0

1 0
0 ,8
T e n s ã o d e tra ç ã o (M P a )

Ín d ic e d e d a n o
0 ,6
6
0 ,4
4

0 ,2
2

0 0 ,0

0 ,0 0 0 0 ,0 0 4 0 ,0 0 8 0 ,0 1 2 0 ,0 1 6 0 ,0 2 0
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a

(b) Tração

Figura 9.2: Lei constitutiva

236
Na Fig. 9.3 são apresentados os aspectos básicos sobre a modelagem numérica do
experimento de Yang et. al. (YANG; KIM, 2012; YANG; JOH; KIM, 2010). O concreto
foi modelado com elemento sólido C3D8R, este possui 8 nós e três graus de liberdade por
nó, translações nas direções principais x, y e z, e integração reduzida. Foram consideradas
duas malhas de discretização a saber: 50 mm e 25 mm. As barras de aço foram modeladas
com elemento de treliça 3D, T3D2, discretizadas à cada 150 mm. Na interface concreto-
armadura considerou-se embutimento perfeito, na qual a armadura é imersa no concreto,
havendo garantia de compatibilidade entre as partes.
O carregamento foi realizado por meio da aplicação de deslocamento vertical no ponto
de referência (vide o ponto amarelo mostrado pela Fig. 9.3.d). O deslocamento foi
transferido para a viga por meio de vigas rígidas (MPC Beam). Quanto as condições de
contorno, foi adotado como referência apoios fixos, conforme a Fig. 9.3.d.

237
Y Y

Z X Z X
RP−1 RP−1

Y Y

Z X Z X

(a) Armaduras (b) Discretização de 25 mm

Z X
RP−1

Z X

(c) Discretização de 50 mm

RP−1

Z X

Z X

(d) Condições de contorno e aplicação de carregamentos

Figura 9.3: Modelagem numérica do ensaio de Yang et. al.(YANG; KIM, 2012; YANG;
JOH; KIM, 2010)

238
A Fig. 9.4.a apresenta a resposta em força x deslocamento para os modelos numé-
ricos e experimentais. Estes dados revelam a precisão e acurácia do CDP para a re-
presentação do comportamento flexional de vigas de UHPFRC armadas, uma vez que
observam-se forças máximas de Fexp,max = 188, 2kN e Fnum,max = 201, 0kN , com razão
de Fexp,max /Fnum,max = 1, 069. Além disso, o deslocamento máximo foi de dexp,max =
19, 61mm and dexp,max = 18, 53mm, respectivamente para os modelos experimental e nu-
mérico. Já a Fig. 9.4.b apresenta a concentração de dano após o atingimento da força
máxima da viga. Nota-se a presença de fissuras verticais na parte central da viga, o que
caracteriza um modo de falha flexional

2 5 0

( 1 8 ,5 3 ; 2 0 1 ) ( 1 9 ,6 0 ; 1 8 8 )

2 0 0

1 5 0
F o rç a (k N )

1 0 0

5 0
M a lh a = 2 5 m m
M a lh a = 5 0 m m
E x p e rim e n ta l (Y a n g e t. a l)
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5
D e s lo c a m e n to d o m e io d o v ã o (m m )

(a) força x deslocamento

DAMAGET
(Avg: 75%)
0.991071
0.908482
0.825893
0.743303
0.660714
0.578125
0.495535
0.412946
0.330357
0.247768
0.165178
0.082589
0.000000

(b) Dano de tração

Figura 9.4: Resposta do modelo de Yang

239
A.2 Vigas protendidas de UHPFRC
Nesta seção objetiva-se a simulação numérica utilizando o CDP para representação
de um modelo experimental de viga I protendida constituída de UHPFRC proposto por
Graybeal (2008). Neste ensaio, Graybeal (2008) estudou experimentalmente o compor-
tamento flexional de uma viga protendida de seção I - PCI AASHTO II, com 26 cabos
de protensão (2 na parte superior e 24 na inferior com φ = 12,7 mm), constituído de
UHPFRC. Cabe salientar que esta seção transversal é amplamente utilizada em campo
como longarinas de pontes, geralmente constituídas de concreto convencional C70. Além
disso, a mesma viga foi modelada e simulada por Graybeal (2009). A Figura 9.5 apresenta
a a seção transversal e o esquema de ensaio. As principais características dos materiais
deste estudo são apresentadas pela Tabela 9.1. É necessário salientar que dois valores de
resistência de tração são apresentados. O primeiro é resultado de uma caracterização de
corpos de prova (9 MPa) e o segundo foi obtido por calibração numérica efetuada por
Benjamin a. Graybeal (2008) (15,9 MPa). Provavelmente esta discrepância se dá pela
variabilidade experimental apresentada entre os ensaios em corpos de prova de tração em
comparação com a estrutura real.

F/2 F/2
305 mm

152 mm 914 mm 0,91 mm 0,91 mm

457 mm
Sensor LVDT
23,90 m

Figura 9.5: Aspectos sobre o ensaio realizado por Graybeal (2009)

O comportamento uniaxial de compressão e tração utilizados para o CDP é conforme


as Figuras 9.6a e 9.6b, sendo utilizadas para representar a evolução das deformações
plásticas e dano do UHPFRC. Salienta-se que estas leis constitutivas foram obtidas em
Graybeal (2008), onde houve a divergência entre os valores de tração obtidos via calibração
numérica-experimental e corpos de prova. A evolução do dano na tração e compressão (i.e.,
dt e dc ) é calculado conforme a metodologia proposta por Birtel e Mark (2006), conforme as
Equações 3.38 e 3.39. Para esta etapa, utilizou-se bc = 0,70 e bt = 0,57. Note que os valores
usuais para bc e bt indicados por Birtel e Mark (2006) eram de bc = 0,7 e bt = 0,2, no
entanto, que o valor de bt = 0,2 aumentava consideravelmente o custo computacional das
análises, pois gerava maior danificação no modelo numérico. Por outro lado, o valor de bc =

240
0,57 não acarretava grande perda de precisão entre os modelos numérico e experimental,
sendo esta adoção aceitável para o caso do carregamentos monotônicos, como poderá
ser observado no capítulo 5. A tabela 9.1 apresenta os principais valores adotados na
reprodução do ensaio:

Tabela 9.1: Dados sobre o perfil de Graybeal (2009)

Parâmetro Valor
Resistência à compressão do concreto (MPa) - fc 193
1
Resistência à tração do concreto (MPa) 15,9 ou 9
Resistência do aço (MPa) – fp,u 1860
Tensão de protensão (MPa) – fp,i 850
Diâmetro das barras de protensão (mm) - φ 12,7
Área total do perfil (m²) 0,23
d’inf (mm)2 102
d’sup (mm) 51
Módulo de elasticidade do aço - Es (GPa) 198
Módulo de elasticidade do concreto – Eci (GPa) 55
Momento de inércia (m4 ) 0,02
Altura do perfil (mm) 914

1
O valor de 15,9 MPa é obtido via calibração numérica-experimental no trabalho de Graybeal (2008)
e difere de 9 MPa, obtido pelos corpos de prova do mesmo trabalho
2
d é a distância entre as faces e os centros de gravidades das armadurasd é a distância entre as faces
e os centros de gravidades das armaduras

241
0 .0 4
2 0 0

0 .0 3 1 8 0

T e n sã o (M P a )
1 6 0
D a n o

0 .0 2
1 4 0

1 2 0
0 .0 1

L e i d e d a n o ( b c = 0 ,7 ) 1 0 0

L e i c o n s titu tiv a
0 .0 0 8 0
0 .0 0 0 0 0 .0 0 0 2 0 .0 0 0 4
d e f. in e lá s tic a

(a) Comportamento uniaxial de compressão

1 .0

1 6
0 .8

0 .6 1 4 T e n sã o (M P a )
D a n o

0 .4
1 2

0 .2

L e i d e d a n o ( b t = 0 ,5 7 ) 1 0
0 .0
L e i c o n s titu tiv a

0 .0 0 0 0 .0 0 2 0 .0 0 4 0 .0 0 6 0 .0 0 8 0 .0 1 0
d e f. in e lá s tic a

(b) Comportamento uniaxial de tração

Figura 9.6: Comportamento uniaxial do UHPFRC. Fonte: Graybeal (2009)

O aço de protensão ASTM 270 ksi que foi utilizado tem lei constitutiva conforme a
Figura 9.7, baseada no estudo de Devalapura e Tadros (1992). A protensão foi aplicada
como um carregamento pré estabelecido como metade da tensão de escoamento das arma-
duras ativas (fptk /2,i.e., 850 MPa), conforme a condição apresentada por Graybeal (2008).
A interação entre as barras de protensão com o UHPFRC foi, por hipótese simplificadora,
adotada como perfeita, sendo as armaduras totalmente embutidas dentro do modelo de
concreto. O módulo de elasticidade adotado destas armaduras fora de 197 GPa.

242
A Tabela 9.2 apresenta os parâmetros de plasticidade e elasticidade utilizados no
modelo:

Tabela 9.2: Parâmetros de plasticidade e elasticidade

Parâmetro Valores
Módulo de elasticidade (GPa) 52,4
Ângulo de dilatação (º) 54
Excentricidade 0,1
K 0,6667
fb0 /fc0 1,07
Parâmetro de viscosidade 0,0

2 0 0 0
L e i c o n s titu tiv a a ç o A S T M 2 7 0 k si

1 5 0 0
T e n sã o (k N )

1 0 0 0

5 0 0

0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 5 0 ,0 1 0 0 ,0 1 5 0 ,0 2 0 0 ,0 2 5 0 ,0 3 0

D e fo rm a ç ã o to ta l

Figura 9.7: Lei constitutiva do aço de protensão

Foi considerada a hipótese de simetria de viga, onde em uma extremidade da viga


há um apoio simples, restringindo o deslocamento vertical, e na outra extremidade há
condição de engaste móvel. Uma malha de elementos sólidos 3D, denominado C3D8R,
com 8 nós e três graus de liberdade por nó e integração reduzida, foi criada para o
UHPFRC. Discretizações foram feitas com tamanho máximo de 50 mm na direção da
seção transversal (vide 9.8) e 150 mm para direção do eixo longitudinal da peça. As
armaduras de protensão foram consideradas como elementos de barras com formulação de
treliça, denominado T3D2, com malha discretizada de 100 mm. A protensão foi aplicada
considerando um estado de tensões prévio nos elementos de treliça, em um passo de carga

243
19

inicial, juntamente com a aceleração da gravidade de - 9,81 m/s². A mesma metodologia


de aplicação de força no ensaio real foi adotada no modelo numérico, i.e., utilizou-se
controle de força para a aplicação do carregamento até o máximo de 18 kN, e em seguida,
foi utilizado o controle de deslocamento, aplicando-se 60 cm até a ruína da peça.
A Fig. 9.9 apresenta o comportamento de força x deslocamento numérico e experi-
mental para a viga ensaiada por Graybeal (2008). Nota-se que o resultado numérico se
apresenta dentro da faixa cinza de 5% de variação percentual, o que valida a modelagem
numérica desenvolvida para aplicação em vigas protendidas de UHPFRC. A Fig. 9.10
apresenta o dano de compressão (Fig. 9.10.a) e de tração (Fig. 9.10.b). Já a Fig. 9.10.c
apresenta a concentração de deformações plásticas nas armaduras ativas. O modo de
falha de flexão é observado, pois há dano de tração e acúmulo de deformação plástica nas
armaduras ativas na região central. Além disso, observa-se pouco dano de compressão na
região
Figura 5de borda
– Lei de flexão
constitutiva do açocomprimida, demonstrando
de protensão ASTM 270 o baixo esmagamento do concreto.

Figura
Figura 6 – Discretização em 9.8:finitos
elementos Discretização da seção
da seção transversal transversal

1000

800 + 10 %

+ 10 % +5%
Força aplicada (kN)

600
-5% - 10 %

- 10 %
400

200
Numérico (Lei constitutiva simplificada e controle de deslocamento)
Numérico (Lei constitutiva calibrada e controle de força e deslocamento)
Experimental (Graybeal, 2008)
0
0 100 200 300 400 500 600
deslocamento do meio do vão (mm)

244
1 2 0 0
N u m é ric o c a lib ra d o
1 0 0 0 E x p e rim e n ta l (G ra y b e a l, 2 0 0 8 )

F o rç a a p lic a d a (k N )
8 0 0

6 0 0

4 0 0

2 0 0

0
0 1 0 0 2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0 6 0 0
d e s l. m e io d o v ã o (m m )

Figura 9.9: Comportamento de força x deslocamento

245
Printed using Abaqus/CAE on: Mon Mar 16 14:52:41 E. South America Standard Time 2020

Printed using Abaqus/CAE on: Mon Mar 16 14:52:19 E. South America Standard Time 2020
(a) dano de compressão

(b)15:11:51
Printed using Abaqus/CAE on: Mon Mar 16 dano de traçãoAmerica Standard Time 2020
E. South

(c) deformação plástica nas armaduras

Figura 9.10: Dano e deformações plásticas (1/2 vão)

246
Anexo II - Coeficientes de segurança
aplicados ao UHPFRC e
comportamento tensão-deformação

A Tabela 9.3 demonstra resumidamente os fatores de segurança aplicáveis as es-


truturas constituídas de UHPFRC/UHPC. Fehling et al. (2014) relatam que o fator de
segurança atrelado ao UHPC (γc ), por exemplo, deve ser relativamente menor que o uti-
lizado para concreto convencional, uma vez que o UHPC apresenta elevada resistência à
compressão uniaxial (fc ), dispersão consideravelmente pequena e rígidos padrões de con-
trole de qualidade na produção. Assim, recomenda-se a utilização de valores de γc para
compressão que se aplicam aos concretos de alta resistência (i.e., γc = 1, 35 para a com-
pressão de componentes de concreto pré-fabricados produzidos em processos de mistura
e concretagem totalmente controlados). Para casos contrários onde há padrões normais
de qualidade admite-se o valor de γc = 1, 5. Também como nos concretos de alta re-
sistência, a deformabilidade requerida deverá ser no mínimo igual àquela observada em
concretos de resistência normal (i.e. cu = 3, 5‰). Se não atingida, a recomendação seria
a incorporação de um fator de segurança adicional γ’c = 1, 2.

247
Tabela 9.3: Fatores de segurança para determinação do estado limite ultimo . Fonte:
Olivier Bonneau et al. (2000)

Situação de projeto
Estado de tensão
Permanente e transiente Acidental
UHPC na compressão
Altos padrões de qualidade γc = 1, 35 γc = 1, 15
Padrões de qualidade normal γc = 1, 5 γc = 1, 3
Se o critério de ductilidade não for atendido γc0 = 1, 2
UHPC na tração
Casos gerais γcf = 1, 5 γcf = 1, 3
Análises locais γcf = 2, 1 γcf = 1, 5
UHPC reforçado e/ou protendido γcf = 1, 15 γcf = 1, 0

O comportamento de compressão pode ser analisado a partir do diagrama simplificado


de tensão deformação da Fig. 9.11 e Equações 9.1, 9.2 e 9.3. Neste gráfico, a deformação
de compressão máxima (c,2 ) está relacionada a resistência a compressão de projeto (fcd ), e
a deformação plástica última pós-pico é dada por (c,2,u ). Para valores inferiores a 85-90%
de fc , ambos materiais (i.e. UHPC e UHPFRC) apresentam comportamento sensivel-
mente linear (FEHLING et al., 2014). Após atingir a tensão de pico, o UHPC apresenta
ruptura frágil imediata e o UHPFRC apresenta um patamar plástico que caracteriza seu
comportamento mais dúctil, quando comparado com o concreto sem fibras. Entretanto,
para os dois materiais supõe-se o dimensionamento no ramo linear do diagrama de tensão
deformação (FEHLING et al., 2014). Portanto, para fins de dimensionamento, os autores
afirmam que o procedimento usual é limitar a deformação última àquela observada na
tensão máxima (c,2 ).

fcd = αcc fck /γc γc0 (9.1)

c2 = fcd /Ecd (9.2)

c2u = fck /Ec (9.3)

em que: fck é a resistência a compressão característica de um corpo de prova cilíndrico


de UHPC/UHPFRC; γc é o fator de segurança do UHPC na condição de compressão;
γc0 é o fator de segurança adicional, se não satisfeita a condição de ductilidade mínima,
sendo γc0 = 1 para o caso do UHPFRC; αcc é o fator que engloba a soma das influências

248
de duração de carregamento sobre a resistência à compressão e conversão entre as forças
compressivas do cilindro e estrutura real, geralmente adotado como 0,85 para o caso de
carga de longa duração ou repetida e 0,95 para o carregamento de curto prazo; Ecd é o
módulo de elasticidade de projeto, calculado por Ecm /1, 3; Ecm é o módulo de elasticidade
médio tangente inicial das amostras cilíndricas;
Para o comportamento à tração do UHPFRC, é estabelecido a relação da Fig. 9.12
para a relação entre a tensão da fibra (σcf ) a abertura de fissura (w). No gráfico, o trecho
inicial ascendente está atrelada a fase de ativação da fibra (i.e. w < w0 ) determinado pela
Equação 9.4 e o trecho descendente pós pico (i.e. a w > w0 ) é tratado por um diagrama
bilinear contendo ao menos 2 pontos experimentais tais que w > w0 . Destaca-se ainda
que nenhum valor de abertura de fissuras w deverá superar a metade do comprimento da
fibra (Lf /2).
 r 
w w
σcf = σcf,0,d 2 − (9.4)
w0 w0
em que: w0 é a abertura da fissura ao solicitar a tensão de projeto da fibra, estimada pela
Equação 9.5; σcf,0d é a tensão de projeto da fibra, calculada pela Equação 9.6;

τf m lf2
w0 = (9.5)
Ef df
σcf,0,k
σcf,0,d = αct (9.6)
γcf
e ainda: τf m é a força média de ligação da fibra concreto, assumindo uma relação de
ligação rígida plástica, geralmente assumido como 1,3 fctm para fibras metálicas segundo
recomendações de Fehling et al. (2014) e resultados experimentais obtidos por Behloul
(1996) e Tue, Schenck e Schwarz (2005);lf é o tamanho da fibra;df é o diâmetro da
fibra; Ef é o módulo de elasticidade da fibra; σcf,0k é a resistência característica da
fibra, determinada pela avaliação estatística de resultados experimentais; γcf é o fator de
segurança parcial do UHPC sob tensão de tração, γcf = 1, 5 para ações permanentes e
γcf = 1, 3 para acidentais; αct é o fator que permite avaliação de efeitos a longo prazo
sobre a resistência à tração do UHPC;

249
é a resistência
𝑓 diagrama a compressão
de tensão característica
deformação mostradodepela
um corpo de 25
Figura prova
nãocilindrico
reflete de
comUHPC;
precisão o
é o fator de segurança
𝛾 comportamento do UHPC
do UHPFRC. na condição
Portanto, de de
para fins compressão, determinado
dimensionamento, pela Tabela
os autores 7; que
afirmam
𝛾′o éprocedimento
o fator de segurança adicional
usual é limitar se não satisfeita
a deformação últimaa condição de ductilidade
àquela observada mínima,
na tensão também
máxima (c2).
determinado pela Tabela 7 e sendo 𝛾′ = 1 para o caso do UHPFRC;
𝛼 é o fator que engloba
 a soma das influências de duração de carregamento sobre a resistência
c

à compressão e conversãof entre as forças compressivas do cilindro e estrutura real (geralmente


ck

Comportamento característico
adotado como 0,85 para o caso de carga de longa duração ou repetida e 0,95 para o
carregamento de curto prazo);

𝐸 é o módulo de elasticidade, calculado por Ecd  Ecm /1,3;


fc d
𝐸 é o módulo de elasticidade médio das amostras cilíndricas, onde é ainda necessário
salientar que o mesmo é igual a Ecs e Eci, não sendo necessária distinção;
Comportamento dúctil
Já o comportamento típico de tração para(Adequado
elementos de UHPFRC é determinado
para o UHPFRC)

Comportamento frágil
conforme o diagrama da Figura 26. Por
E meio deste diagrama pode-se
(Adequado para
cd
o UHPC)estabelecer uma relação
Ec
entre tensão-abertura da fissura (cf x w). Nota-se que o diagrama apresenta ramos ascendente
c 2 c 2 ,u= c 1
c
e descendente,
Figura sendo o trecho
25 –Diagrama ascendente
de tensão atrelado
deformação a fase(FEHLING
do UHPC de ativação da2014;
et al., fibraFIB,
(i.e.2011)
w < w0 )
Figura 9.11: Diagrama de tensão deformação simplificado na compressão. Fonte: Fehling
determinado pela Equação (10) e o trecho descendente (i.e. a w > w0) tratado por um diagrama
et al. (2014)
cd  cc fck /( ctais
bilinear contendo ao menos 2 pontos fexperimentais 'c ) que w > w0. Destaca-se (7) ainda que
c2 superar
nenhum valor de abertura de fissuras w deverá fcd / Ecda metade do comprimento (8)
da fibra (Lf/2).

c2u  fck / Ec (9)


cf

cf,0

cf,1

w0 w1 w2 w
Figura 26 –Tensão-fissuração para UHPFRC (fonte: Fehling et al. (2014))
Figura 9.12: Tensão versus abertura de fissuras para UHPFRC. Fonte: Fehling et al.
(2014)

 w w 
 cf   cf ,0d  2 
 w0 w0  (10)

250
Anexo III - Validação das equações de
dimensionamento

Uma vez detectado que o modo de falha preponderante para a viga de Graybeal
(2008) é o flexional, pode-se utilizar as equações de dimensionamento apresentadas no
item 3.2 para previsão do momento resistente da seção transversal.
Como parâmetro de entrada, pode-se considerar a Figura 9.13, onde se apresenta
uma lei geométrica que correlaciona a área comprimida à profundidade da linha neutra,
sendo este parâmetro um facilitador para os cálculos subsequentes. É necessário salientar
que o valor máximo de tração 15,9 MPa do diagrama de tensão-deformação calibrado é
utilizado para a simulação numérica da viga de Graybeal (2008), mas para esta etapa
de dimensionamento analítico será utilizado o valor de 9 MPa, obtido por meio de uma
série de ensaios de tração direta desenvolvido por Graybeal et. al. (GRAYBEAL, 2008;
GRAYBEAL; BABY, 2013). Não há justificativa clara no trabalho de Graybeal (2008)
para a diferença entre valores, mas os resultados analíticos demonstram maior precisão
para o valor de resistência de tração direta.
O primeiro passo para o dimensionamento é se calcular o valor de deformação última do
UHPFRC à compressão (cud ). Uma vez que a ABNT NBR 6118:2014 (ABNT, 2014) não
apresenta valores de cud para concretos com classe superior à C90, adota-se as prescrições
para o UHPFRC da Associação Francesa de Engenharia Civil (AFGC, 2013), conforme
as Equação 9.7:

cud = 1 + 14(fctm /fcm )c0d = 5, 8.10−3 (9.7)

Em que: fctm é a tensão média de tração direta em corpos de prova de UHPFRC, podendo
ser maior que a tensão de fissuração no caso de UHPFRC que apresente comportamento
de strain-hardening; fcm é a resistência de compressão média; c0d é a deformação de limite
elástico, dado por fcm /Eci e Eci é o módulo de elasticidade estático tangente inicial.
À partir do cálculo de cud , pode-se obter a situação na qual a linha neutra está no
limite entre os domínios 2 e 3 (i.e., partindo-se da hipótese onde o concreto apresenta

251
deformação igual à cud = 5, 8‰ e o aço st = 10‰), e consequentemente, obtém-se
(xlim ), conforme a Equação 9.8:

cc (h − d0inf )
xlim = = 0, 297m (9.8)
cc + st
Por meio da lei geométrica de comportamento x vs. Ac (Figura 9.13), obtém-se os
valores de área da região comprimida e tracionada para o limite entre os domínios 2 e
3 (xlim ), isto é: Ac,lim = 0, 076m2 e tracionada de At,lim = 0, 154m2 . Então, pode-se
escrever o equilíbrio de forças, resultantes nestas regiões e no centro de gravidade das
armaduras de protensão, conforme as Equações 9.9 à 9.12, para x = xlim :

Acc fc
Rcc = (9.9)
2

πφ2
Rsc = nb,sup . fp (prev + sc ) (9.10)
4

πφ2
Rst = nb,inf . fp (prev + 10‰) (9.11)
4

Rct = 0, 9.(Atot − Acc ).0, 9.fct (9.12)

Em que: Acc é a área comprimida de concreto, igual à Ac,lim quando x = xlim ; nb é


o número de barras superior ou inferior; Atot é a área total do perfil; fp é a tensão na
protensão considerando a deformação prévia somada à 10 ‰, por hipótese em x = xlim ;
fc é a resistência a compressão do concreto; fct é a resistência a tração direta do concreto;
prev é a deformação prévia nos cabos de protensão pré tracionados, no caso igual à 4,5 ‰,
referente a tensão prévia de fpi = 885M P a na viga estudada; fp é a tensão nas armaduras
sob uma determinada deformação;
Aplicando-se os valores referentes à xlim nas Equações 9.9 à 9.12, obtém-se os valores
inciais de Rcc , Rsc , Rst e Rct , na situação tal que x = xlim . Assim, pode-se efetuar o
equilíbrio de forças na ruína e encontrar o valor de desbalanceamento deste equilíbrio
4R, sendo positivo para a compressão. Este valor de 4R indica se a linha neutra deverá
subir ou descer na próxima iteração. Especialmente quando têm-se x = xlim , se 4R > 0,
significa que a peça apresenta mais compressão que tração, e assim, a linha neutra deverá
subir para o domínio 2, até satisfazer a condição de equilíbrio 4R = tol. Caso contrário, a
peça estará no domínio 3, e deverá descer a linha neutra até que seja satisfeita 4R = tol.
Então, até que seja alcançada a tolerância estabelecida (neste caso ± 1 kN), a linha
neutra sobe ou desce iterativamente de x = x ± 10−4 . Neste sentido, para cada iteração,
são atualizados os valores de Acc e Act (obtidos com auxílio da Fig. 9.13), deformação

252
no concreto e nas armaduras superiores. Os valores finais de resultantes são apresentados
conforme a Tabela 9.4, bem como o valor de 4R < ±1kN . Cabe também salientar
que como a viga de Graybeal (2008) apresenta ruptura no domínio 2, o aço inferior
apresentará deformação sempre igual à st = pnd + 10‰ = 15, 02‰, conforme a hipótese
deste domínio. Caso a peça estivesse no domínio 3, seria necessário descer a linha neutra
com valor de deformação do concreto constante em cud , de acordo com a Eq. 9.7.

Tabela 9.4: Balanço de forças na seção transversal

Resultante [kN]
Rcc,lim 14796
Rsc,lim 274
Rst,lim 4939
Rct,lim 1979
4Rinicial 9328
Rcc,f inal 5669
Rsc,f inal 411
Rst,f inal 4939
Rct,f inal 1141
4Rf inal 0,09

Uma vez atingida a a tolerância estabelecida para 4R, pode-se calcular o momento
resistente da seção transversal por meio do equilíbrio de forças em relação à na linha
neutra, conforme a Equação 9.13:

26
X πφ2
0
Mrd = Acc fcd .(2/3).x + Rcc .(x − d ) + Act .0, 9.η.fct .0, 9.(h − x) + .fp .Yi (9.13)
n=1
4

Vale salientar que: Yi são as distâncias dos centros de gravidade das armaduras de pro-
tensão até à linha neutra da peça;
Finalmente, obtém-se o momento resistente de 4527 kN.m para seção transversal.
Este valor é muito próximo daquele obtido experimentalmente por Graybeal (2008) e pela
simulação numérica no presente artigo (4318 kN.m). Nota-se que o erro entre as equações
de dimensionamento, modelo numérico e não é maior que 4,7 %.

253
21

FiguraFigura
8 – Lei que correlaciona
9.13: a área comprimida
Lei geométrica vs. Profundidade
do perfil da LN (viga AASHTO tipo II)
I de Graybeal

500
Fmax = 450 kN

400
Fmax = 346 kN

300
Fmax = 249 kN
F (kN)

200

100

b = 300 mm/ h = 300 mm/ esp = 50 mm


0 b = 300 mm/ h = 400 mm/ esp = 50 mm
b = 300 mm/ h = 500 mm/ esp = 50 mm
0 10 20 30 40
deslocamento do meio do vão (mm)

(a)

254
Anexo IV - Cálculo das perdas de
protensão

Nesta seção, será apresentada a metodologia utilizada para a obtenção das perdas
de força de protensão. O cálculo é feito conforme a ABNT NBR 6188:2014, anexo A.
Cabe salientar que a norma brasileira não contempla este tipo de material, mas por outro
lado, não há estudos sobre a determinação destes valores. Portanto, utilizou-se a norma
nacional como estimativa dos valores de perda de protensão das vigas experimentais.
Nesta seção será apresentado o cálculo da perda de força de V02.
O primeiro passo, é a determinação da espessura fictícia, conforme a Eq. 9.14. Para
valores de Ac = 0, 0375m2 , u = 1, 31m, obtém-se hf ic = 28, 62cm.

γ.2.Ac
hf ic = (9.14)
u
Em que: γ é um coeficiente de condição climática, adotado igual à 5,0 (i.e., muito úmido);
u é o perímetro da seção transversal; e Ac é a área bruta de concreto;
Para a umidade relativa do ar arbitrada em U = 90 %, pode-se determinar 1,s e
2,s ,conforme as Eqs. 9.15 e 9.16, obtendo os valores de 1,s = −1, 05.10−4 e 2,s = 1, 07.
Posteriormente, é determinado o valor de cs,∞ , de acordo com a Eq. 9.17, sendo igual à
−1, 12.10−4 .

U2
 
U
1,s −4
= 10 . −6, 16 − + (9.15)
484 1530

0, 33 + 2hf ic
2,s = (9.16)
0, 21 + 3hf ic

cs,∞ = 1,s .2,s (9.17)

Os coeficientes de fluência rápida e lenta, bem como a fluência final são calculados de
acordo com as Eqs. 9.18, 9.19, 9.20, apresentando valores respectivos de 0,35, 2,33, 1,67.

255
 
fc (t = t0 )
φa = 0, 8 1 − (9.18)
fc (t = t∞ )

φf,∞ = φ1,c .φ2,c (9.19)

φ(t, t0 ) = φa + φf,∞ [β(t) − β(t0 )] + φd∞ βd (9.20)

Em que: t0 é a idade de desforma, neste caso dado por 7 dias; t∞ é dado pelo tempo de
maturidade total do concreto, neste caso estipulado em 90 dias; fc (t = t0 ) é a resistência
média do concreto na data da desforma, igual à 75 MPa (vide Fig. 5.10); fc (t = t∞ ) é
a resistência do concreto com maturidade avançada, arbitrado como 135 MPa; φ1,c é o
coeficiente que leva em conta a consistência do concreto, neste caso adotado como 1,6,
para ambiente úmido e slump de 10 - 15 cm; φ2,c é o coeficiente que leva em conta a
espessura fictícia da seção, dado pela Eq. 9.21 e igual à 1,45; β(t) e β(t0 ) são fatores
determinados pela Eq. 9.22, dados por β(7) = 0, 19 e β(90) = 0, 51.

42 + hf ic [m]
φ2,c = (9.21)
20 + hf ic [m]

t2 + A.t + B
β(t) = 2 (9.22)
t + C.t + D
E ainda, A, B, C e D são dados por:

A = 42h3f ic − 350h2f ic + 588hf ic + 113 (9.23)

B = 768h3f ic − 3060h2f ic + 3234hf ic − 23 (9.24)

C = −200h3f ic + 13h2f ic + 1090hf ic + 183 (9.25)

D = 7579h3f ic − 31915h2f ic + 35343hf ic + 1931 (9.26)

Posteriormente, a taxa geométrica de armadura ρ, bem como o fator η são determi-


nados pelas Eq. 9.27 e 9.28. As tensões adjacentes à armadura ativa, devido à protensão
e carga permanente, mobilizadas no instante de desforma são determinadas, conforme a
Eq. 9.29:

Ast
ρ= (9.27)
Ac

256
Ac
η = 1 + e2p (9.28)
Ic
Mg .ep P0 P0 e2p
σc,p0g = + + (9.29)
Ix Ac Ix
Em que: Mg é o momento gerado pelo peso próprio; ep é a excentricidade da armadura
ativa em relação ao CG da seção transversal, igual à 10 cm; P0 é a força nas armaduras
ativas, medida pela célula de força, neste caso 122,496 kN; Ix é a inércia da seção, igual
à 0, 0003m4 .
Obtidos os valores de ρ, η e σc,p0g , respectivamente ρ = 9, 386.10−3 , η = 2,25 e σc,p0g =
0, 72kN/cm2 , obtém-se de forma simplificada o valor das perdas de força, conforme a Eq.
9.30:

cs,∞ .Ep − αp .σc,p0g .φ(t, t0 )


4σp(t∞ , t0 ) = (9.30)
χp + χc αp .η.ρ
Em que:Ep é o módulo de elasticidade do aço de protensão, igual à 20200 kN/cm²; αp é
a relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto (vide Fig. 5.11), igual
à 4,69; χp é igual à 1 para o caso de relaxamento do aço igual à zero; e χc é dado por
χc = 1 + 0, 5.φ(t, t0 ).
Portanto, o valor de 4σp(t∞ , t0 ) para a viga V02 é de 4σp(t∞ , t0 ) = 66M P a.

257
Anexo V - Ortofotos

Neste anexo, são apresentadas as vetorizações das vigas, bem como o mapeamento
dos valores obtidos para as fissuras residuais detectáveis pela técnica de fotogrametria,
em cada passo de carga. As fissuras são apresentadas em mm:
(a)

(a) 0.3-0.2
0.6 0.3

(a)
(a)(b)
Intacto 0.3-0.2
0.6 0.3

(a)
(b)
0.3-0.2
0.6 0.3
(b) após o 1º ciclo
0.3-0.2
0.6 0.3

(b)
(c) 0.3-0.2
0.3 0.3

(c) após o 2º ciclo


0.3-0.2

(c) 0.6 0.3

0.5-1.1
0.3-0.2
0.6 0.3
0.5 0.4 0.7

(c)
0.3 0.3
0.2
0.5
0.2
0.5
0.6 0.5-1.1

0.3
(c)
(d) após o 3º ciclo
(d)
0.3
0.2
0.5
0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
0.5-1.1

0.6 0.5-1.1

0.6
0.5-1.1
1-4.3

(d)
0.2-0.4 0.1

0.3 0.2-0.3
0.3
0.3 0.5 0.4 0.3
0.7
0.6
0.2 0.2
0.5 1.4
14
0.1 0.20.3 0.5
0.5
0.5 3 0.4
0.3 0.7
0.6 0.2
0.4
0.4-2
0.5-1.1
18 0.5-1.2
22

0.5-1.1

0.3 0.3 0.5 0.4 0.7


0.2
0.5 0.6
0.2
0.5

(e) antes da0.6ruptura/4º Ciclo


1-4.3 0.5-1.1
0.2-0.3 0.3
0.2
0.3 (d) 0.2-0.4

0.2
1.4
0.4
1.8 0.5-1.2
1.4
0.1

0.1 0.3
0.3
0.6
0.5
0.5
0.7
3
0.4-2
0.4

Figura 9.14: Fotogrametria da viga UHPFRC-P


2.2

(d) 0.6

(e)
1-4.3

0.2-0.4 0.1

0.2-0.3 0.3 0.3


0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2
2.2

0.6

1-4.3

0.2-0.4 0.1

(e)
258
0.2-0.3 0.3 0.3
0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2
2.2
0.6

1-4.3

0.2-0.4 0.1

0.2-0.3 0.3 0.3


0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
(a)
(a)
(a)
(a)
0.2 0.3
(a)
(a) Intacto
(b)
0.2
0.2
0.3
0.3
(b)
0.2 0.02

0.2
0.1 0.2
0.3
0.2
0.2
0.4-0.3
(b)o 1º ciclo 0.1 0.2-0.4

(b)
0.2

(b) após
0.4
0.2 0.02
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2

0.2 0.2
0.3
0.4-0.3

(b) 0.2 0.3

0.4

0.2 0.2 0.3 0.02

(c)
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
0.2 0.2 0.2 0.02
0.1 0.2 0.1 0.4 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3

(c)
0.2 0.2 0.2 0.2 0.02
0.3 0.4
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
0.2 0.2 0.2 0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.3
0.4
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2 0.3

(c)
0.2

(c)0.4após 0.5o 2º ciclo


0.2 0.3
0.40.3 0.3
0.3
0.3 0.2 0.3 0.3-0.5
0.3 0.3
0.3

(c)
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2 0.3
0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3

(c)
0.3-0.5
0.3
0.3 0.3
0.3
0.4
0.5 0.3

(d)
0.3-0.5 0.2 0.4 0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2 0.3
0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3 0.3-0.5 0.2 0.4 0.3 0.3 0.3
0.2-0.3
0.3-0.4 0.2
0.4 0.3
0.2-0.3 0.2 0.5 0.2 0.3
0.3 0.3
0.2

(d)
0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.4 0.3
0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2
0.5 0.3
0.3

(d) após o 3º ciclo


0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3

(d)
0.3 0.3
0.4
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8 0.50.02 0.7-1.2 0.3
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5

(d)
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1

0.7-1.2
0.7-1.2 0.6 0.6 0.7-1.2

(d)
0.6
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8
0.1-0.2 0.3-0.2
0.3
0.3-0.2 0.3-0.2
0.02 0.9
0.3
0.2 0.3
0.2-0.3
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8
0.8-1.2
0.3-0.2
0.02 0.7-1.2 0.1-0.2 0.1 0.1
0.3 0.3 0.3
0.7-1.2

(e)
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3
0.1-0.2
0.4
0.4
0.3-0.2
0.3
0.3
0.3-0.2 0.3-0.2
0.4
0.4-0.2
0.6 0.6 0.6
0.1-0.2 0.9
0.7-1.2 0.1 0.3-0.5
0.2-0.5 0.4
0.2-0.5 0.3 0.1-0.2 0.3
0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.2-0.3 0.4-1.8 0.5 0.02 0.02 0.1-0.2 0.7-1.2 0.5 0.2 0.5
0.3
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.2-0.6 0.2 0.8-1.2 0.3
0.3-0.2 0.2 0.3 0.1-0.2 0.3 0.1 0.1

(e) antes da ruptura/4º Ciclo


0.2-0.3 0.4
0.3
0.4
0.3 0.4-0.2
0.7-1.2 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
0.2-0.5
0.2-0.5 0.1-0.2 0.3-0.2
0.4
0.3-0.2 0.3-0.2 0.4 0.6
0.3 0.1-0.2
0.6 0.6
0.9
0.7-1.2 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.4-1.8 0.4-1.8 0.7-1.2 0.8-1.2 0.02 0.1 0.1

(e)
0.2-0.3 0.2-0.3 0.1-0.2
0.2-0.3 0.2-0.6 0.2 0.3-0.2
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.2 0.7-1.2
0.2-0.3
0.1-0.2
0.4
0.4
0.3
0.30.3-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.4
0.4-0.2 0.6 0.6 0.6
0.1-0.2
0.9
0.7-1.2 0.1 0.3-0.5

Figura 9.15: Fotogrametria da viga UHPFRC


0.2-0.5 0.4
0.2-0.5 0.3 0.1-0.2 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5

(e)
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1

0.7-1.2
0.1-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.3-0.2 0.6 0.6 0.6
0.9
0.7-1.2

(e)
(e)

259
(a)

(a)
(b)
(a) condição intacta
(a)

(b) após o primeiro ciclo (b)


(c)
(b)
0.3
0.2 0.4
0.4
0.7
0.3
0.4

0.4

(c) após o 2º ciclo


(c)
(d)
(c)
0.3
0.2 0.4
0.4
0.2
0.3 0.7
0.3 0.4 0.4
0.3 0.7 0.4
0.3
0.4 1.1 0.4
0.3
8.4

0.4 0.1 0.3 0.3


0.2 0.4
0.4
0.4 0.4 0.7 0.7 0.4
5.2
0.3
0.3 0.3
0.5 0.4
0.3
0.4
0.3 6.9 0.3

(d) após o 3º ciclo


0.3

(d)
(d)
(e) 0.3
1.1 8.4
0.3
0.1 0.3
0.3
0.4 0.4
1.1 0.7 0.3
8.4 0.4
0.3 5.2
0.3 0.3
0.1
0.5
0.3
0.4 0.4 0.7
0.3
0.4
6.9 0.3
0.3 0.3
0.3 5.2
0.3
0.3
0.5 1.1 0.3 0.3
8.4
6.9 0.3
0.1 0.3
0.3

0.4 0.4 0.7 0.4


5.2
0.3
0.3

(e) após a ruptura


0.5
0.3 0.3 6.9 0.3
0.3

Figura 9.16: Fotogrametria da viga UHPC-P


(e)
(e)

260
(a) Intacto

(a)
(a)
(b) Após o 1º ciclo
(a)
(a) 0.3 0.4
0.3 0.2
0.2

0.3 0.4
0.3 0.2 0.3
0.2
0.2
0.3 0.4
0.3 0.2
0.2 0.3
0.3 0.4
0.2 0.3 0.2
0.2 0.3

(b)
0.2
0.3
0.2

(c) Após o 2º ciclo (b)


(b)
(b)
0.2-0.4
0.3
0.5-0.1
0.2 0.2
0.3 0.3 0.2 0.2 0.2
0.2 0.2 0.3
0.2-0.4
0.3
0.5-0.1 0.2
0.2 0.2
0.3 0.2-0.4 0.3 0.2
0.2 0.3 0.2 0.2
0.2 0.2 0.3
0.5-0.1
0.2 0.2-0.4 0.2
0.3 0.3 0.3 0.2 0.2
0.2 0.2
0.2 0.5-0.1
0.2 0.3
0.2 0.2
0.2 0.3 0.3 0.2 0.2 0.2 0.2
0.2 0.2 0.3

0.2 0.2

0.2

(d) Após o 3º ciclo (c)


(c)
(c)
0.3-0.4
(c) 0.3 0.2
0.2
0.1 0.3
0.2 0.2 0.2
0.2
0.6 0.2
0.2
0.2
0.2
0.3 0.2
0.8 0.2 1.2 0.6
0.2
0.2 0.2
0.2 0.2
0.3-0.4
0.2 0.5 0.2 0.5 0.2 0.2
0.7
0.3
0.1
0.3
0.3 0.2
0.2 0.2 0.2
0.2
0.6 0.2
1.2 0.6 0.2 0.2
0.2 0.2
0.3-0.4 0.3 0.2 0.8 0.2
0.20.6
0.20.1 0.2 0.3 0.2 0.2 0.2
0.2
0.2 0.2
0.2 0.20.2
0.2 0.3-0.4 0.20.3
0.5
0.20.8 0.2
0.2 0.5
1.2 0.6 0.2 0.2
0.2 0.2
0.7
0.1
0.2 0.2 0.2 0.2 0.2 0.60.2 0.2
0.2 0.3
0.2 0.5
0.8 0.2
0.2
1.2 0.6 0.20.5 0.2 0.2 0.2 0.7
0.2 0.2 0.2 0.2 0.2
0.3 0.5 0.2 0.5 0.2 0.2

(e) Após o 4º ciclo


0.7
0.2
0.3

0.2

(d)
(d)
(d) 0.3
0.3-0.5 0.2 0.4
2.0

(d)
0.3 0.4 0.4 0.2
0.2 0.5 0.2 0.1
0.2
0.2 0.3-0.4 0.4 - 0.5
0.4
1.8
0.2
0.3 0.3-0.4 0.2 0.2 0.2 0.7
1.4
0.2 0.9
0.2-0.3 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3
3.5
0.7 0.3 0.2 0.2
0.6
0.3 1.4
0.3-0.5 0.2 0.4 2.7
0.3-0.7 0.3 0.4 0.4 0.2 2.0
0.2 0.5 0.2 0.1
0.2
0.2 0.3-0.4 0.4 - 0.5
0.4
1.8
0.2
0.3 0.3-0.4 0.2 0.2 0.2 0.7 0.2 0.9
(f) Antes da ruptura
1.4
0.2-0.3 0.3 0.2
0.3
0.3-0.5 0.20.20.4 3.5
0.7 0.4 0.4
0.3
0.3
0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 2.0 0.6
0.2
0.3-0.5 0.2 0.1
0.2 0.4
0.2
0.2 1.4 0.3-0.4 0.4 0.4
0.3 0.4
- 0.5 0.5
0.2 2.0 1.8 2.7
0.3-0.7 0.3 0.40.2
0.7
1.8 0.9
0.2 0.2 0.2 0.2 0.5 0.4 0.2 0.2
0.20.3-0.5 0.1
0.3
0.2
0.2
0.3-0.4 0.3-0.4
0.2-0.3 0.3
0.3 0.2 0.4 0.4 0.4 - 0.5 0.2
1.4
0.4
2.0 3.5
0.2 0.2 0.5 0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3
0.7
0.2 0.1 0.7 0.9 0.6
Figura 9.17: Modelo fotogramétrico UHPFRC-P-Flex-Cis (V05)
0.2 0.2 0.2 0.2
0.2
0.2
0.3 0.3-0.4 0.3-0.4
0.2-0.3 0.3
0.4 - 0.5
0.4
1.4 1.8 3.5
0.2 2.7 0.3 0.2 0.2
0.2
0.2 1.40.7
0.2 0.2
0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 0.7 0.9
0.3-0.7
0.3-0.4 1.4 0.6 3.5

(e)
0.2-0.3 0.3 0.2
2.7 1.4
0.2 0.3
0.7 0.2 0.2
0.2 0.3
0.6
0.3-0.7
1.4 2.7
0.3-0.7

(e)
(e)
(e)

261
(a) Intacto

(b) Após o 1º ciclo

(c) Após o 2º ciclo

(d) Após o 3º ciclo

0.5
0.2
0.2
0.2
0.6 0.2 0.2

0.2
0.6
0.2 0.2
0.5 0.2

0.5 0.6

(e) Antes da ruptura

Figura 9.18: Modelo fotogramétrico para a viga CPR-P-Flex-Cis (V06)

As mesmas ortofotos são apresentadas sem a vetorização. O leitor mais interessado


pode utilizar do zoom in e comparar com as vetorizadas apresentadas anteriormente:

262
(a)
(a)
0.3-0.2
0.6 0.3

(a) 0.3-0.2
0.6 0.3

(b)
(a)
(a)(b)
Intacto 0.3-0.2
0.6 0.3

(a)
0.3-0.2

(b) 0.6 0.3

0.3-0.2
0.6 0.3
(b) após o 1º ciclo
0.3-0.2

(c) 0.6 0.3

(b)
(c)
0.5-1.1

(c) após 0.5 o


0.4
2º 0.7ciclo
(c)
0.3 0.3
0.50.2 0.5
0.3-0.2 0.2

0.6 0.3 0.5-1.1


0.6

0.3-0.2
0.6 0.3

(d)
(c)
0.3
(c)
(d) após o 3º ciclo
0.3
0.2
0.5
0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
0.5-1.1

0.6 0.5-1.1

0.5-1.1

0.3 0.3
0.2
0.5
0.6 (d) 0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
0.5-1.1

0.5-1.1

0.5 0.4 0.7


(e) antes da0.60.5ruptura/4º0.5 Ciclo
0.3 0.3 0.2
0.2 0.6

1-4.3 0.5-1.1
0.2-0.3

(d) 0.3
0.2

Figura 9.19: Fotogrametria da viga UHPFRC-P


0.3

2.2
0.2-0.4

0.2
1.4
0.4
1.8 0.5-1.2
1.4
0.1

0.1
0.3

0.3
0.6
0.5
0.5
0.7
3
0.4-2
0.4

(d) 0.6

(e)
1-4.3

0.2-0.4 0.1

0.2-0.3 0.3 0.3


0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2
2.2

0.6

1-4.3

0.2-0.4 0.1

(e)
0.2-0.3 0.3 0.3
0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2
2.2
0.6

1-4.3

0.2-0.4 0.1

0.2-0.3 0.3 0.3


0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2

(e)
2.2

(e)

263
(a)
(a)
(a)
(a)
0.2 0.3
(a)
(a) Intacto
(b)
0.2
0.2
0.3
0.3
(b)
0.2 0.02

0.2
0.1 0.2
0.3
0.2
0.2
0.4-0.3
(b)o 1º ciclo 0.1 0.2-0.4

(b)
0.2

(b) após
0.4
0.2 0.02
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2

0.2 0.2
0.3
0.4-0.3

(b) 0.2 0.3

0.4

0.2 0.2 0.3 0.02

(c)
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
0.2 0.2
0.4

0.2
0.1

0.2-0.3
0.2

0.2
0.3
0.3-0.5
0.2
0.2
0.2
0.4-0.3

0.2 0.4
0.2
0.2

(c)
0.3 0.02

0.3
0.1

0.3
0.4
0.2-0.4

0.2-0.3 0.3-0.4
0.2 0.3

(c)
0.2

(c)0.4após 0.5o 2º ciclo


0.2 0.3
0.40.3 0.3
0.3
0.3 0.2 0.3 0.3-0.5
0.3 0.3
0.3

0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2 0.3
0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3

(c)
0.3-0.5
0.3
0.3 0.3
0.3
0.4
0.5 0.3

0.2-0.3
0.2-0.3
0.3-0.5
0.3-0.4
0.2 0.4
0.2
0.2
(d) 0.2
0.3
0.3

0.3
0.2 0.3

(d)
0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.4 0.3
0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2
0.5 0.3
0.3

(d) após o 3º ciclo


0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3

(d)
0.3 0.3
0.4
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8 0.50.02 0.7-1.2 0.3
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5

(d)
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1

0.7-1.2
0.6 0.6 0.7-1.2

(d)
0.3-0.2 0.3-0.2 0.6
0.1-0.2 0.3-0.2 0.9

0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8 0.02 0.7-1.2
0.3 0.3 0.3

(e)
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.2-0.3 0.4-1.8 0.5 0.02 0.02 0.7-1.2
0.1-0.2 0.5 0.2 0.5
0.3
0.2-0.3
0.2-0.3
0.4-1.8
0.2-0.3 0.2-0.6 0.2 0.8-1.2 0.3
0.3-0.2 0.2 0.3 0.1-0.2 0.3 0.1 0.1

(e) antes da ruptura/4º Ciclo


0.2-0.3 0.4
0.4 0.3
0.3 0.7-1.2 0.4-0.2
0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
0.2-0.5
0.2-0.5 0.1-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2
0.4
0.3-0.2 0.4 0.6
0.3 0.1-0.2
0.6 0.6
0.9
0.7-1.2 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.4-1.8 0.4-1.8 0.7-1.2 0.8-1.2 0.02 0.1 0.1

(e)
0.2-0.3 0.2-0.3 0.1-0.2
0.2-0.3 0.2-0.6 0.2 0.3-0.2
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.7-1.2
0.2
0.2-0.3
0.1-0.2
0.4
0.4
0.3
0.30.3-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.4
0.4-0.2 0.6 0.6 0.6
0.1-0.2
0.9
0.7-1.2 0.1 0.3-0.5

Figura 9.20: Fotogrametria da viga UHPFRC


0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5

(e)
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1

0.7-1.2
0.1-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.3-0.2 0.6 0.6 0.6
0.9
0.7-1.2

(e)
(e)

264
(a)

(a)
(a)
(a)
(b)
(a) condição intacta
(a)

(b) após o primeiro ciclo (b)


(b)
(c)
(b)
0.3
0.2 0.4
0.4
0.7
0.3
0.4

0.4

(c) após o 2º ciclo


(c)
(c)
(d)
(c)
0.3
0.2 0.3 0.4
0.4
0.4
0.2 0.4 0.7
0.3 0.3 0.7 0.4
0.3
1.1 0.4
0.3
8.4
0.4
0.4 0.1 0.3 0.3
0.2 0.4
0.4
0.4 0.4 0.7 0.7 0.4
5.2
0.3
0.3 0.3
0.5 0.4
0.3
0.4
0.3 6.9 0.3
0.3

(d)
(d) após o 3º ciclo
(d)
(d)
(e)
0.3
0.3
1.1 0.3
8.4
1.1 0.3
8.4
0.1 0.3
0.1 0.3
0.4 0.4 0.7 0.4
5.2
0.3
0.4 0.4 0.7 0.4 0.3
5.2
0.3
0.3 0.5 0.3
0.3 0.5 1.1 0.3 0.3
0.3 8.4 6.9 0.3
0.3
0.3
6.9 0.3
0.1 0.3
0.3

0.4 0.4 0.7 0.4


5.2
0.3
0.3
0.5
0.3 0.3 6.9 0.3
0.3

(e)
(e) (e) após a ruptura

(e) da viga UHPC-P


Figura 9.21: Fotogrametria

265
(a) Intacto

(a)
(a)
(b) Após o 1º ciclo
(a)
(a) 0.3 0.4
0.3 0.2
0.2

0.3 0.4
0.3 0.2 0.3
0.2
0.2

0.3
0.3 0.4
0.2 0.3 0.2
0.2 0.3

(c) Após o 2º ciclo


(b)
(b)
0.2
0.3

(b)
(b)
0.2-0.4
0.3
0.5-0.1
0.2 0.2
0.3 0.3 0.2 0.2 0.2
0.2 0.2 0.3

0.2
0.2-0.4
0.2 0.3
0.5-0.1
0.2 0.2-0.4 0.2
0.3 0.3 0.3 0.2 0.2 0.2
0.2 0.5-0.1
0.2 0.3
0.2 0.2
0.3 0.3 0.2 0.2 0.2 0.2
0.2 0.2 0.3

0.2 0.2

0.2

(d) Após o 3º ciclo (c)


(c)
(c)
(c)
0.3 0.2
0.2
0.3-0.4 0.3
0.1 0.3 0.2
0.2 0.2 0.2
0.2
0.6 0.2
1.2 0.6 0.2 0.2
0.2 0.2
0.3-0.4 0.3 0.2 0.8 0.2
0.20.6
0.20.1 0.3 0.2 0.2 0.2
0.2
0.2 0.2
0.2 0.20.2
0.2 0.3-0.4 0.20.3
0.5
0.20.8 0.2
0.2 0.5
1.2 0.6 0.2 0.2
0.2 0.2
0.7
0.1
0.2 0.2 0.2 0.2 0.2 0.60.2 0.2
0.2 0.3
0.2 0.5
0.8 0.2
0.2
1.2 0.6 0.20.5 0.2 0.2 0.2 0.7
0.2 0.2 0.2 0.2 0.2
0.3 0.5 0.2 0.5 0.2 0.2

(e) Após o 4º ciclo


0.7
0.2
0.3

0.2

(d)
(d)
(d) 0.3
0.4 0.4
0.3-0.5 0.2 0.4
0.2 2.0
0.3
0.2 0.5 0.2 0.1
0.2
0.2 0.3-0.4 0.4 - 0.5
0.4
1.8
0.2
0.3 0.3-0.4 0.2 0.2
1.4
0.2 0.2 0.7 0.9
0.2-0.3 0.3 0.3
0.3-0.5 0.20.20.4 3.5
(f) Antes da ruptura
0.2
0.7 0.3 0.4 0.4
0.3
0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 2.0 0.6
0.2
0.3-0.5 0.2 0.1
0.2 0.4
0.2
0.2 1.4 0.3-0.4
0.3 0.4 0.4
0.4
- 0.5 0.5
0.40.2
2.0 1.8 2.7
0.3-0.7 0.7 0.3
1.8 0.9
0.2
0.3 0.2 0.2 0.2 0.2
0.20.3-0.5 0.4 0.2 0.20.1
0.2
0.2
0.3-0.4 0.3-0.4
0.2-0.3 0.3 0.2 0.4 0.4
0.3
0.4 - 0.5 0.5
0.2
1.4
0.4
2.0 3.5
0.2 0.2 0.2 0.2 0.5
0.2 0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3
0.7
0.2 0.1 0.2 0.7 0.9 0.6
0.2 0.3 0.3-0.4 0.3-0.4 0.4 - 0.5 1.4 1.8 3.5
Figura 9.22: Modelo fotogramétrico UHPFRC-P-Flex-Cis (V05)
0.2 0.2-0.3 0.3 0.4
0.2 2.7 0.3 0.2 0.2
0.2
0.2 1.40.7
0.2 0.2 0.7
0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 0.9
0.3-0.7
0.3-0.4 1.4 0.6 3.5

(e)
0.2-0.3 0.3 0.2
2.7 1.4
0.2 0.3
0.7 0.2 0.2
0.2 0.3
0.6
0.3-0.7
1.4 2.7
0.3-0.7

(e)
(e)
(e)

266
(a) Intacto

(b) Após o 1º ciclo

(c) Após o 2º ciclo

(d) Após o 3º ciclo

(e) Antes da ruptura

Figura 9.23: Modelo fotogramétrico para a viga CPR-P-Flex-Cis (V06)

267

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