2020DO GustavodeMirandaSalemeGidrao dVDDt6L
2020DO GustavodeMirandaSalemeGidrao dVDDt6L
2020DO GustavodeMirandaSalemeGidrao dVDDt6L
Autor:
Julho/2020
Departamento de Engenharia de Estruturas
VERSÃO CORRIGIDA
Julho/2020
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE
ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Prof. Dr. Sérgio Rodrigues Fontes da
EESC/USP com os dados inseridos pelo(a) autor(a).
(Kobe Bryant)
Agradecimentos
À Deus e a natureza, pela vida, energia, equilíbrio, inspiração e lucidez. À minha família Salmen,
Cássia e Vó Dia pela companhia, apoio e amor durante esta dura caminhada. À minha namorada
Rúbia, pelo seu apoio, companheirismo e ajuda técnica. Às minhas “filhas” Filó, Hada, Polenta e Kitana,
pelos momentos de alegria proporcionados. Aos meus afilhados Bernardo e Valentina, por todo amor
incondicional que recebi. À Universidade de São Paulo e à Escola de Engenharia São Carlos (EESC-
USP), pelo acolhimento destes maravilhosos 12 anos. Ao meu orientador, Ricardo Carrazedo, não só
pelas ideias, cobranças, empenho e suporte no desenvolvimento de toda a pesquisa, mas pela amizade.
A todos os professores e amigos, tanto da escola de engenharia como da vida, que me auxiliaram na
construção de meu conhecimento, em especial José Samuel Giongo, Libânio Pinheiro, Rodrigo Paccola,
André Beck, Edson Leonel e Mounir El Debs. À todos os meus colegas do Programa de Pós Graduação
da Escola de Engenharia de São Carlos, que participaram de forma direta e indireta no desenvolvimento
deste trabalho, em especial ás turmas de mestrado/doutorado de 2013, 2014, 2015 e 2016. Ao “pessoal
do cafézinho” e dos grupos EJA, índice de hidraticidade, Turma do didi e MR7 pelos momentos de
descontração que fizeram a jornada mais leve. Aos profissionais e amigos do laboratório de estruturas
(LE-EESC-USP) em nome de Amauri Ignácio da Silva, Douglas Dutra Rompa, Fabiano Dornellas, Jorge
Luis Rodrigues Brabo, Luiz Vicente Vareda, Mario Botelho, Mauri Sergio Dias Guillen, Romeu Bressan
Neto que contribuíram para o desenvolvimento deste sonho e foram parceiros de churrascos e cantorias.
Aos profissionais e amigos da secretaria Clayton, Dani e Silvia, pelo apoio nos problemas burocráticos. Aos
amigos do departamento de transportes da Escola de Engenharia de São Carlos (STT EESC USP), Diego
Oliveira (o Topógrafo) e Francisco Roza de Moraes (Chicão), pela ajuda nos ensaios de monitoramento
e fotogrametria. Ao amigo Pablo Augusto Krahl, pela ajuda e parceria nos artigos publicados. Ao meu
irmão Ayrton, pela dura luta que travamos juntos todos estes anos. Agradeço pelo apoio financeiro dado
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento da bolsa
de doutorado, pela Universidade Pública brasileira e pelos contribuintes do estado de São Paulo.
Sumário
RESUMO 1
ABSTRACT 3
1 Introdução 5
1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.3 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
9 Conclusões 213
Anexo I 235
Anexo II 247
Anexo IV 255
Anexo V 258
Resumo
1
2
Abstract
GIDRÃO, G. M. S. Numerical and experimental study of cyclic behavior of I-beams of ultra high
performance fiber reinforced concrete (UHPFRC). 2020. 305 p. Thesis (PhD. in Civil Engineering
(Structures)) – School of Engineering of São Carlos, University of São Paulo, São Carlos, 2020.
This research presents the behavior prestressed I-beams, with no stirrups constituted of ultra high-
performance concrete reinforced with and without fibers (UHPC and UHPFRC), subjected to cyclic
loading by 3-point bending and bending-shear tests. The first step consisted in investigating the UHPFRC
behavior under cyclic mechanical loads. An experimental campaign was carried to characterize the
mechanical properties of cylindrical samples, obtaining total and residual strength, toughness, internal
damping coefficient and stiffness for mixtures with fiber volume (Vf ) of 1% up to 3 %. The following stage
resulted on the development of numerical modeling and design of 19 prestressed and reinforced I beams.
Aiming to describe the constitutive behavior of UHPFRC, the Concrete Damage Plasticity constitutive
model (CDP) was adopted, implemented in finite elements software ABAQUSr . After the study, an
experimental campaign was performed aiming to produce beams, investigating the influence of the (i)
fibers (i.e., beams constituted by UHPFRC or Ultra High Performance Concrete - UHPC), (ii) prestress
(i.e., P = 350 MPa or P = 0 MPa), and (iii) load application point. After 90 days of wet curing, cyclic
tests were performed to obtain the structural behavior of these elements and numerical calibration. The
numerical-experimental model shown that the presence of fibers is essential to the performance of the
studied beams, once the prestressed UHPC (without fibers) beam presented 67% less strength and 50 %
less ductility than the same beam with fibers (UHPFRC prestressed). Also the failure mode of the UHPC
beams were different, presenting failure due shear in all studied cases. It can be noted that the combined
use of prestress and fibers produced an increase of the ductility and strength of the elements. At the end
of each load cycle, additional tests of, photogrammetry, dynamic impact test and longitudinal ultrasound
test were performed monitoring the residual state. Longitudinal ultrasonography revealed information
about the evolution of damage and cracking showing values very close to the force-displacement inclination
ratios obtained through the mechanical test. The dynamic tests were capable of measuring the decrease
of the natural frequencies due to the degradation of the elastic modulus and the increase of the damping
ratio with the cycles of loading. Through photogrammetry, it was possible to determine the crack opening
values for each loading stage, determining the failure mechanisms and cracking patterns. The study was
expanded to a section of PCI bridges, AAHSTO PCI/ SII 36, where it was demonstrated the gain of 53%
strength with the adoption of UHPFRC in comparison of the reference concrete (i.e., section of C70).
The expansion study to hollow core slabs showed the applicability of UHPFRC in the precast industry
to improve the structural efficiency reducing the dead loads.
Keywords: UHPFRC. UHPC. I-beams. Cyclic behavior. Hollow core slabs. Non-destructive tests.
Photogrammetry. Ductility. Damage evolution.
3
4
Capítulo 1
Introdução
5
Figura 1.1: Cobertura do Jean Bouin Stadium, Paris. Fonte: Fehling et al. (2014)
6
(a) Corte (b) Içamento de uma parte da estrutura
Figura 1.3: Papatoetoe and Penrose, Nova Zelândia. Fonte: Rebentrost e Wight (2008)
(a) Vista da seção transversal da passarela de Sakata- (b) Unidade pré moldada
Mirai
7
Figura 1.6: Ponte Shepherds Creek Road, Austrália. Fonte: Rebentrost e Wight (2008)
8
são pioneiros no estudo sobre a resistência e dimensionamento de elementos de UHPFRC
protendidos submetidos à flexão. Nestes estudos, observa-se que a protensão aumenta a
capacidade resistente destes elementos e aumenta o momento de fissuração. No entanto,
os estudos limitam-se ao regime monotônico, abrindo uma lacuna para investigação de
elementos protendidos em situação cíclica.
Assim, o presente trabalho avalia a resposta numérica e experimental de protótipos de
vigas I, sem estribos, constituídas de UHPC e UHPFRC, protendidas e com armaduras
passivas, sob ciclos de carregamento de flexão e flexo-cisalhamento em três pontos. Neste
trabalho, será utilizada a lei de dano proposta por (BIRTEL; MARK, 2006) acoplado
ao modelo constitutivo para UHPFRC proposto por (KRAHL; CARRAZEDO; DEBS,
2018). Efeitos como da incorporação de fibras metálicas, influência do ponto de aplicação
de carga e nível de protensão são investigados em termos de resistência e ductilidade na
falha destas peças. Após cada ciclo de carregamento mecânico, foram realizados testes
não destrutivos de ultrassonografia longitudinal, ensaios dinâmicos de impacto e moni-
toramento por fotogrametria, para identificação dos modos de falha e evolução do dano
global nos elementos.
A utilização da geometria de vigas I protendidas sem estribos permite a generalização
dos resultados experimentais e numéricos para o estudo de lajes alveolares pré fabricadas.
Assim, a calibração efetuada foi expandida para o estudo de caso de uma seção de tabuleiro
de pontes - perfil AASHTO/PCI SII – 36, uma seção de laje alveolar com 17 barras de
protensão de 1/2” de diâmetro.
1.1 Objetivos
Conforme apresentado, o objetivo geral do presente trabalho é o estudo numérico
e experimental sobre o comportamento de flexão e flexo cisalhamento de vigas I proten-
didas pré-tracionadas, sem estribos, constituídas por UHPFRC, sob solicitações estáticas
e cíclicas. Os seguintes objetivos específicos podem ser listados:
9
• Avaliar e quantificar a ductilidade da resposta das vigas modeladas utilizando mo-
delos de dimensionamento em flexão e cortante e a abordagem de ductilidade de
Naaman e Jeong (1995).
1.2 Justificativa
Dada a aplicação emergente do UHPFRC na indústria de pré moldados, a inves-
tigação sobre o comportamento deste material em estruturas de tamanho real justifica o
presente trabalho. Além disso:
10
• Há estudos focados na ductilidade de vigas armadas (SINGH et al., 2017; YANG;
JOH; KIM, 2010), porém não há estudos sobre a ductilidade de vigas I protendidas
de UHPFRC;
• Estima-se que anualmente se gaste 1 bilhão de dólares por ano com o reparo de infra
estrutura rodoviária nos EUA(FHWA, 2018). Neste sentido a aplicação de elementos
pré moldados de UHPFRC pode diminuir custos com manutenção, efetuando a
prevenção de acidentes estruturais.
11
12
Capítulo 2
13
França (AHLBORN; PUESE; MISSON, 2008; RESPLENDINO, 2004). Ainda em 1997,
a ponte Sherbrooke Bridge foi construída no Canadá, sendo a primeira ponte constituída
pelo material (FEHLING et al., 2014).
Com notórios avanços tecnológicos dos superplastificantes e adições minerais, permitiu-
se a produção de concretos com altas proporções de finos, perfeitamente empacotados e
com baixas relações água/aglutinante (ZDEB, 2013; FEHLING et al., 2014). Segundo o
trabalho de Wang, Shi et al. (2015), o termo de “Concreto de Ultra Alto desempenho”
(CUAD ou UHPC – Ultra High Performance Concrete) aparece no ano de 1994, onde
Larrard e Sedran (1994) otimizam uma mistura de CPR por meio do empacotamento de
grãos, denominando este novo traço de UHPC. Neste sentido, é notório que a mistura de
CPR é o grande precursor do (UHPC) (AÏTCIN, 2007). Como requisitos básicos, o UHPC
deverá apresentar: (i) propriedades mecânicas elevadas a longo prazo, (ii) baixa permea-
bilidade e (iii) longa vida em ambientes adversos (HANNA; MORCOUS; TADROS, 2014;
ZDEB, 2013).
O UHPC é uma mistura cimentícia com relação água-cimento (a/c) de aproxima-
damente 0,2 e resistência mínima à compressão aos 28 dias de 100 MPa (YAN et al.,
2018a,b). No entanto, com aumento severo de resistência e diminuição das imperfei-
ções da microestrutura, o material tende romper de forma frágil e brusca. Assim, para
contornar esta limitação, a fragilidade é geralmente compensada pela adição de fibras,
transformando o UHPC em UHPFRC - Ultra High-Performance Fiber-Reinforced Con-
crete (GIDRÃO; KRAHL; CARRAZEDO, 2020; KRAHL; CARRAZEDO; DEBS, 2018;
KRAHL; GIDRÃO; CARRAZEDO, 2018a; KRAHL, 2018; KRAHL; GIDRÃO; CAR-
RAZEDO, 2019). Além do aumento de ductilidade na compressão, a adição de fibras
aumenta a resistência à tração para valores maiores que 5 MPa (AFGC, 2013; HABEL;
VIVIANI et al., 2006; RUSSEL; GRAYBEAL, 2013; TUAN et al., 2011; WILLE et al.,
2011; WU et al., 2016). Como estimativa inicial sobre as propriedades mecânicas e de
durabilidade de uma mistura de UHPC/UHPFRC com cura a vapor, Cavill, Rebentrost
e Perry (2006) elaboraram as Tabelas 2.1 e 2.2, sendo baseadas no projeto de mistura
comercial do Ductalr (vide Tabela 2.3).
14
Tabela 2.1: Propriedades mecânicas usuais do UHPFRC
Propriedade Valor
Resistência a compressão 150 MPa
com cura térmica
Resistência a tração sob 24 MPa
flexão
Primeira fissura em flexão 20 MPa
Módulo de elasticidade 47 GPa
Densidade 2450 kg/m³
Retração < 500 depois de 50 dias em
cura úmida e 0 em cura
com calor
Fonte: Cavill, Rebentrost e Perry (2006)
Propriedade Valor
Porosidade total 2–6%
Microporosidade <1%
Absorção de água < 0,2 kg/m²
Difusão de íons Cl- 0,02E-12 m²/s
Resistência elétrica (s/ fibra) 1,13E3 kcm
Resistência elétrica (c/ fibra) 137 kcm
Coeficiente de abrasão 1,3
Fonte: Cavill, Rebentrost e Perry (2006)
15
Das Tabelas 2.1 e 2.2, notam-se excelentes propriedades mecânicas e ótimos indicati-
vos de durabilidade. Portanto, estas propriedades são obtidas por meio de basicamente
três estratégias a saber: (i) diminuição da porosidade e relação água-cimento, (ii) mini-
mização das imperfeições de microestrutura, (iii) adições e/ou substituições minerais e
(iv) utilização de fibras. Tais estratégias para obtenção de uma mistura com requisitos
de UHPFRC serão apresentadas e discutidas no item subsequente - Item 2.2.
16
A técnica de empacotamento de grãos pode melhorar as propriedades do UHPC e
UHPFRC, conduzindo a traços mais sustentáveis e econômicos. Nesta linha, merece
destaque especial o trabalho de Yu, Spiesz e Brouwers (2014) que otimizou a proporção
de materiais granulares, obtendo as quantidades ótimas de cada material envolvido na
mistura do UHPFRC. O traço desenvolvido pelos autores apresentou baixo consumo de
cimento (650 kg/m³) e propriedades mecânicas de alto desempenho (fc = 150 MPa).
Salienta-se que o valor de 650 kg/m³ obtido por Yu, Spiesz e Brouwers (2014) é bem
inferior àqueles obtidos por outros autores da literatura: 1011 kg/m³ para 160 MPa
de resistência (TOLEDO FILHO et al., 2012), 960 kg/m³ para 155 MPa Corinaldesi
e Moriconi (2012), 850 kg/m³ para 130 MPa (KRAHL; CARRAZEDO; DEBS, 2018;
KRAHL; GIDRÃO; CARRAZEDO, 2019).
As adições e substituições minerais também contribuem para as propriedades superi-
ores da microestrutura do UHPC/UHPFRC. A combinação de vários tipos de partículas
ultrafinas (i.e. tamanho de grão < 125 μm) tais como cimento, pó de quartzo, sílica ativa
e outros tipos de cargas (RUSSEL; GRAYBEAL, 2013) melhoram a impermeabilidade,
propriedades mecânicas e reológicas do concreto (ALI, 2013; MEHTA; MONTEIRO, 2008;
NEVILLE, 1997). Estas adições minerais induzem a reação pozolânica (CHAN; CHU,
2004), preenchem os poros (ZDEB, 2013), restringem liberação de calor de hidratação e a
retração autógena (MEHTA; MONTEIRO, 2008), além de melhorar a coesão da mistura
fresca (ALI, 2013). No sentido de otimizar o teor de adições minerais, Cheyrezy e Richard
(1994) propuseram que o teor de sílica ativa em CPR deveria ser de aproximadamente
25% em relação ao cimento Portland. Posteriormente, Chan e Chu (2004) concluíram que
o teor ótimo estaria entre 20% e 30%.
O UHPC sem reforço de fibras apresenta comportamento mais frágil que concretos
de baixa e moderada resistência (FEHLING et al., 2014). Neste contexto, a adição de
fibras melhora o comportamento na tração, dando aspectos de ductilidade à falha frágil,
aumentando a tenacidade do material, especialmente na flexão (BENTUR; MINDESS,
2007; EMPELMANN; TEUTSCH; STEVEN, 2008; KANG; LEE et al., 2010; PRABHA
et al., 2010; WILLE et al., 2011; YUNSHENG et al., 2008). Assim, a incorporação
de fibras ao UHPFRC previne e controla o início de propagação de fissuras na flexão,
sendo sua finalidade não somente sustentar diretamente a carga aplicada, mas transferir e
distribuir de forma eficiente o carregamento para a matriz (ZOLLO, 1997). Geralmente,
as fibras apresentam ordem de grandeza de 13 mm de comprimento e 0,2 mm de diâmetro
(SHI et al., 2015; SHI, C. et al., 2015), sendo utilizadas com consumos usuais de 1% até
3%.
Sobre o impacto das fibras à microestrutura e propriedades mecânicas, destacam-se
os trabalhos de Abu-Lebdeh et al. (2011), Chan e Chu (2004), Kim et al. (2011), Youssef
17
e Yanni (2009), Wu et al. (2016), Dupont e Vandewalle (2005) e Sorelli et al. (2008). As
características mecânicas da ligação matriz de UHPC fibra foram avaliadas nos trabalhos
de Abu-Lebdeh et al. (2011) e Chan e Chu (2004), onde valores de 4,8-5,5 MPa foram
observados como resistências de ligação, sendo ótima a interface que continha teor de
sílica ativa de 30 %. Kim et al. (2011) observaram que a utilização de fibras de aço
reduz a retração autógena em cerca de 20%. Youssef e Yanni (2009) obtiveram conclusões
similares, onde a incorporação de 2% de fibras de aço (em volume) diminuiu a retração
autógena em 42% aos 14 dias com tratamento térmico.
Wu et al. (2016) estudaram a reologia do UHPFRC e alertaram sobre o efeito colateral
que a adição de fibras causa na mistura fresca, uma vez que se nota a significativa redução
de fluidez e trabalhabilidade devido à segregação da fibra de aço na matriz cimentícia. Du-
pont e Vandewalle (2005) também observaram fenômeno semelhante. Por sua vez, Sorelli
et al. (2008) utilizaram de técnicas como a nanoindentação, MEV e raio-X (XRD) para
identificar a qualidade da zona de transição na interface fibra matriz, observando grande
concentração de C-S-H de alta densidade (HD-C-S-H), principal componente responsável
por uma zona de transição praticamente livre de defeitos.
Hannawi et al. (2016) desenvolveram extensiva investigação sobre UHPFRCs variando
os seguintes aspectos das fibras:
18
2.3 Propriedades mecânicas do UHPFRC
2.3.1 Resistência à compressão
A utilização conjunta das estratégias de otimização de traço descritas na seção 2.2
promove o desenvolvimento das propriedades mecânicas do UHPFRC. Dentre tais pro-
priedades, a resistência a compressão uniaxial (fc ) foi extensivamente investigada (CORI-
NALDESI; MORICONI, 2012; HABEL; VIVIANI et al., 2006; TOLEDO FILHO et al.,
2012; YU; SPIESZ; BROUWERS, 2014)
Corinaldesi e Moriconi (2012) avaliaram a influência do fator a/c e maturidade em
relação ao valor de fc , conforme a Figura 2.1.a e 2.1.b, respectivamente. As amostras
foram curadas a temperatura ambiente (20 ºC + 100% U.R.) com relações água-cimento
variáveis de 0,20 – 0,32. A Figura 2.1.a demonstra que o aumento progressivo da relação
a/c nem sempre conduz a matrizes de UHPC menos resistentes, uma vez que para o
valor intermediário de a/c = 0,24 observa-se o melhor resultado de fc , diferentemente do
que é esperado para casos de concretos com dosagens convencionais. Esta observação
experimental é explicada pelo fato de que as propriedades da mistura fresca tais como
coesão e trabalhabilidade passam a influenciar severamente as propriedades mecânicas do
UHPC/UHPFRC.
A Figura 2.1.b apresenta o rápido desenvolvimento de fc ao longo do tempo para os
resultados experimentais de Corinaldesi e Moriconi (2012). São observados valores de 30 -
40 MPa nos primeiros dias e 150 MPa – 160 MPa para 28 dias de maturidade. Utilizou-se
da Equação 2.1, juntamente com as prescrições da ABNT NBR 6118:2014 (ABNT, 2014),
para se calibrar os pontos experimentais de Corinaldesi e Moriconi (2012), a fim de se
obter uma expressão de estimativa da resistência ao longo da maturidade do concreto
(Fig. 2.1). Para esta curva calibrada de fc (t) obteve-se os valores de fc,28 = 148,492 MPa,
s = 0,339 para um valor de R² = 0,969.
2
fc (t) = fc,28 .e(s.(1−(28/t))) (2.1)
19
Cabe ressaltar que os resultados de fc pela maturidade (TOLEDO FILHO et al.,
2012; CORINALDESI; MORICONI, 2012; HABEL; VIVIANI et al., 2006) demonstram
o potencial de aplicabilidade do UHPFRC para indústria de pré moldados, uma vez que
o rápido desenvolvimento de fc em idades precoces pode acelerar o processo de fabricação
e execução de estruturas pré fabricadas.
1 6 0
2 8 d ia s
1 4 0
1 2 0
7 d ia s
1 0 0
fc (M P a )
8 0 3 d ia s
6 0
4 0
1 d ia
2 0
0 ,2 0 0 0 ,2 2 5 0 ,2 5 0 0 ,2 7 5 0 ,3 0 0 0 ,3 2 5
R e la ç ã o a /c
1 6 0
1 4 0
1 2 0
1 0 0
fc (M P a )
8 0
6 0
4 0
2 0
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0
M a tu rid a d e (D ia s )
20
módulo de elasticidade secante (Ecs ) ou módulo de elasticidade dinâmico (Ed ) (GIDRÃO,
2015; MEHTA; MONTEIRO, 2008; NEVILLE, 1997; SHEHATA, 2005).
Em linhas gerais, o comportamento de tensão deformação do UHPC/UHPFRC é elás-
tico linear até a iminência de sua ruptura, sendo seu módulo de elasticidade contido no
intervalo de 45 GPa – 55 GPa (FEHLING et al., 2014). Bonneau et al. (1996) reportaram
que a adição de 2 % de fibras metálicas ao UHPC faz com que o módulo de elasticidade
aumente de 46 GPa para 49 GPa, gerando acréscimo de 6%. Então, conclui-se que a
adição de fibras ao UHPC não gera melhoria significativa para módulo de elasticidade
do UHPFRC (VIAPIANA, 2016). Graybeal (2007) desenvolveu uma equação para esti-
mativa do módulo de elasticidade do UHPFRC em função da resistência de compressão
uniaxial característica (fc ’), conforme a Equação 2.2. Cabe salientar que esta estimativa
deve ter valores de fc contidos entre 126 MPa e 193 MPa.
(2.2)
p
Eci = 3, 840 fc0 , para 126M P a ≤ fc0 ≤ 193M P a
21
8 0
7 0
6 0
5 0
(G P a )
4 0
c
3 0
E
2 0 f c ,m = 1 6 0 M P a
E c m = 5 0 G P a
1 0
0 .3 6 7 2
E c = 7 ,7 6 9 f c (R = 0 ,3 8 3 0 5 )
0
0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0
fc (M P a )
Figura 2.2: Distribuição dos valores de Eci obtidos pela literatura. Fonte: Alsalman et al.
(2017)
22
variando entre 0,24 – 0,26, obtendo valores de 9 – 15 MPa e 25 – 40 MPa, respectivos
para as maturidades de 1 e 28 dias, conforme apresentado na Figura 2.3.a. Efetuando
calibração experimental para MRF(t), para uma curva similar à Eq. 2.1, obtém-se a curva
azul pontilhada apresentada na Figura 2.3.a, cujos valores de calibração são: MRF28 =
34,898, s = 0,229, para R² = 0,85. Os resultados da 2.3.b em relação à maturidade
indicam um melhor desempenho de MRF para a relação água-cimento de 0,24.
De acordo com os resultados supracitados, observa-se o bom desempenho do UHPFRC
em situações flexionais, graças a aplicação de fibras que melhoram os valores de MRF,
MRF/fc , ductilidade, tenacidade e controle de fissuração.
4 0
3 5
3 0
2 5
M R F (M P a )
2 0
1 5
1 0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0
m a tu rid a d e (d ia s )
5 5
5 0 D ia s
2 8
4 5
7
4 0
3
3 5 1
M R F (M P a )
3 0
2 5
2 0
1 5
1 0
0
0 ,2 0 0 0 ,2 2 5 0 ,2 5 0 0 ,2 7 5 0 ,3 0 0 0 ,3 2 5
a /c
23
2.3.4 Coeficiente de amortecimento
Além das propriedades mecânicas apresentadas, o presente trabalho apresenta a
primeira caracterização do amortecimento interno e fator de atenuação inversa do sinal
(Fator Q). Estas propriedades são associadas aos mecanismos de falha do material.
O amortecimento reflete a quantidade de energia dissipada durante um movimento
oscilatório (BACHMANN et al., 1995; NOUSHINI; SAMALI; VESSALAS, 2013; PAUL-
TRE, 2011; TIAN et al., 2015; WARBURTON, 1976; ZHENG; SHARON HUO; YUAN,
2008). O mecanismo de amortecimento está associado à capacidade interna de um mate-
rial dissipar energia, condições de contorno e interação fluído-estrutura (WARBURTON,
1976). A capacidade de amortecimento dos materiais pode ser medida pela razão de
amortecimento interno (ξ) e relacionada indiretamente pelo fator de qualidade do sinal
(Q).
O amortecimento interno é um parâmetro adimensional que mede a capacidade do
material para dissipar uma vibração (PAULTRE, 2011). O fator Q é fisicamente inter-
pretado como a atenuação inversa do sinal e mede o quão não amortecido é um oscilador
(HARLOW, 2004).
Bachmann et al. (1995) relatam que ξ está na faixa de 0,1% a 1,0% para concretos con-
vencionais com baixos níveis de dano. Salzmann et. al. (SALZMANN, 2002; ANGELA;
FRAGOMEN; LOO, 2003) afirmam em suas pesquisas que o amortecimento interno dos
materiais cimentícios é composto de três efeitos a saber: amortecimento histerético, vis-
coso e de Coulomb. Jordan (1980) afirma que o amortecimento interno histerético está
relacionado ao atrito deslizante entre os géis sólidos da microestrutura do material. O
amortecimento interno viscoso está associado ao movimento da umidade na matriz cimen-
tícia, e é diretamente relacionado ao volume de água que preenche os poros (JORDAN,
1980). A parcela de Coulomb é gerada pelo atrito interno entre as faces da fissura e in-
dica a nucleação do material, sendo o mecanismo mais relevante que influencia a taxa de
amortecimento interno (SALZMANN, 2002; ANGELA; FRAGOMEN; LOO, 2003; GHE-
ORGHIU; RHAZI; LABOSSIERE, 2005a; NDAMBI; VANTOMME; HARRI, 2002).
Muitos pesquisadores estudaram o comportamento de amortecimento interno do con-
creto convencional intacto. Bawa e Graft-Johnson (1969), por exemplo, correlacionaram
ξ com a integridade prévia do concreto, no caso de amostras não danificadas, por meio de
módulo elástico dinâmico (Ed ). Esses pesquisadores observaram que existe uma diminui-
ção na dissipação da onda de impacto em função de um aumento de Ed , sendo este fenô-
meno ligado à redução da porosidade, do volume da zona de transição e da microfissuração
prévia. Swamy e Rigby (1971) investigaram a correlação entre o coeficiente de amorteci-
mento interno e parâmetros de dosagem de pastas, argamassas e prismas de concreto não
danificados. Os autores notaram que um aumento da relação água/cimento aumentava a
24
taxa de amortecimento interno do concreto, confirmando a hipótese levantada por Bawa e
Graft-Johnson (1969). Conclusões semelhantes foram obtidas experimentalmente sobre o
fator Q. Eiras et al. (2015) estabeleceram que a integridade do material está diretamente
ligada à qualidade do sinal dissipado pela amostra (ou seja, fator Q ) e correlacionada
inversamente com a taxa de amortecimento interno.
A evolução da taxa de amortecimento interno do concreto em função da indução
de dano também foi investigada. Gheorghiu, Rhazi e Labossiere (2005b), utilizando o
método da ressonância de impacto (IRM), observaram uma diminuição nas frequências
fundamentais e um aumento da taxa de amortecimento através de ciclos de fadiga em
vigas com polímero reforçado com fibra de carbono. Valores iniciais ξ = 0,6% foram
observados no estado não danificado e ξ = 3,7% após 2106 ciclos de fadiga com frequência
de 3 Hz (GHEORGHIU; RHAZI; LABOSSIERE, 2005a). Além disso, Gheorghiu, Rhazi
e Labossiere (2005b) realizaram Transformadas Rápidas de Fourier (FFT) no sinal e
detectaram um número significativo de picos de baixa frequência ao longo dos ciclos , o
que indicava dano progressivo devido à evolução da fissuração.
Eiras et al. (2015) utilizaram a técnica IRM para detectar o fator Q (i.e, atenuação
inversa) em argamassas de cimento Portland submetidas a tratamento por secagem e
molhagem. Inicialmente, eles avaliaram que a atenuação inversa (fator Q) diminua em
função do aumento da razão água-cimento. Após um ciclo de tratamento por secagem,
a remoção da água dos poros e a alta temperatura causaram danos à microestrutura do
concreto, fato comprovado pelo declínio do Ed . Embora o amortecimento de Coulomb
tenha aumentado, houve uma tendência estatística de diminuição do coeficiente de amor-
tecimento interno, explicada pela remoção de água nas amostras de argamassa, reduzindo
o amortecimento viscoso. No entanto, sob condições normais de umidade e temperatura,
este efeito de amortecimento viscoso apresenta uma pequena variabilidade (JORDAN,
1980).
Cabe salientar que o comportamento dinâmico do UHPFRC tem sido extensivamente
estudado (KHOSRAVANI; WEINBERG, 2018; LIN, 2018; YOO; BANTHIA, 2017; OTH-
MAN; MARZOUK, 2016; NGUYEN et al., 2015). No entanto, o foco destes trabalhos
é sobre o comportamento de elementos estruturais, onde adota-se o coeficiente de amor-
tecimento usual de 2% (usual para estruturas de concreto) ou então as análises são não
amortecidas. Portanto, há uma lacuna de conhecimento sobre o amortecimento interno
em condições intactas e danificadas específico do material, o que justifica o estudo da
propriedade no trabalho, e ajuda o entendimento do material e elemento em escala real
sob solicitações mecânicas cíclicas.
25
2.4 Considerações finais
Nesta seção, foram abordadas as propriedades que serão investigadas posteriormente
no capítulo de caracterização do material (capítulo 4).
26
Capítulo 3
27
último com esgotamento da seção transversal e ruptura das barras de aço, apresentando
deformações e fissuração excessivas. Estes modelos de ruína são bem compreendidos
utilizando-se da teoria geral de vigas.
A influência das fibras em concretos de alta resistência submetido ao modo de fle-
xão foi estudada por Chunxiang e Patnaikuni (1998) e Kazemi et al. (2017). Os autores
realizaram ensaio de flexão em 3 pontos para se avaliar o comportamento de resistên-
cia, deslocabilidade e energia de fratura para o modo de falha de flexão e cisalhamento.
Chunxiang e Patnaikuni (1998) investigaram vigas retangulares constituídas de concreto
de alta resistência (fcm de 64 – 82 MPa) reforçadas por fibras de aço (Vf = 1%) e notaram
que a incorporação de fibras gerou o aumento sistêmico nos deslocamentos máximos das
vigas além de um comportamento pós pico mais gradual, o que constituí melhora nas
condições de ductilidade e ruptura mais controlada. Kazemi et al. (2017) induziram o
modo de ruptura flexional através de um entalhe inicial feito nas vigas de concreto de
alta resistência reforçado com fibras (fcm de 85 – 90 MPa). Deste trabalho, observou-se o
aumento significativo nas energias de fratura (Gf ) em função do volume de fibras.
Mahmud, Yang e Hassan (2013) ensaiaram vigas retangulares de UHPFRC submeti-
das à flexão utilizando procedimentos similares aos adotados por Chunxiang e Patnaikuni
(1998) e Kazemi et al. (2017). Do estudo, observou-se que embora as condições de geome-
tria e carregamento fossem simétricas, as fissuras em algumas amostras foram ligeiramente
tortuosas se afastando das linhas centrais da viga. Este comportamento foi atribuído à
distribuição aleatória das fibras, o que torna os campos de tensão nas proximidades da
fissura altamente heterogêneos. Além disso, os autores delimitaram o comportamento do
UHPFRC em 3 estágios: (i) Elástico linear com ativação das fibras, (ii) Encruamento de
pseudo tensão (strain-hardening) e (iii) região descendente. O regime elástico linear é
definido entre o carregamento inicial e limite elástico do material. Neste estágio ocorre
o limite de resistência da matriz e ativação da fibra. O encruamento de pseudo tensão é
caracterizado pelo surgimento e aumento de microfissuras perto do entalhe. Devido à alta
resistência das fibras de aço e forte vinculação com a matriz cimentícia, a fissura aumenta
lentamente, levando a um certo nível de encruamento da tensão, o que distingue o com-
portamento do UHPFRC de outros tipos convencionais de concreto. Finalmente, quando
as fibras não são mais capazes de absorver o esforço de tração, se dá a fase final denomi-
nada de região descendente, sendo a ruptura da interface matriz fibra caracterizada pelo
tamanho de abertura de fissura igual a metade do comprimento da fibra. Neste ramo, as
fibras não conseguem suportar os acréscimos de tensões, e assim, ocorre o escorregamento
da fibra, podendo ser de maneira mais abrupta ou suave, dependendo das características
da fibra utilizada.
Graybeal (2008) apresentaram a investigação inédita sobre o comportamento à flexão
28
monotônico de uma viga em I protendida em grande escala, constituída de UHPFRC.
O autor fabricou uma viga AASHTO Tipo II de 24,4 m de comprimento, contendo 26
barras de protensão de aço 270 ksi e observou na ruína fissuras verticais se desenvolvendo
no meio do vão, representando o modo de falha preponderante de flexão. Yoo e Yoon
(2015) investigaram a resposta flexional monotônica de vigas UHPFRC com diferentes
fibras de aço. Os autores observaram que a adição resultou em um ligeiro aumento
na resistência à compressão e na rigidez das vigas, mas uma melhora significativa foi
observada no desempenho da flexão do elemento.
O modo de falha de cisalhamento puro é ocasionado quando a tensão diagonal é su-
perior à resistência a tração do concreto, e assim, há ruptura diagonal da peça. Este
modo de falha apresenta fissuras inclinadas progredindo dos apoios até a borda superior
onde se aplica o carregamento. Balaguru e Ezeldin (1987) ensaiaram vigas parcialmente
pré tensionadas com fibras de aço com Vf = 0,75 % e observaram aumentos de ordem
de até 71 % na cortante última e cortante de fissuração. Lim e Oh (1999) observaram
o comportamento de flexão em 4 pontos de nove vigas retangulares com Vf variando de
0 % até 2 % e notaram que, com o aumento do teor de fibras, o modo de falha mudava
de cisalhamento para flexão. Conclusões semelhantes foram obtidas em ensaios efetuados
por Junior e Hanai (1999), onde vigas I sub armadas ao cisalhamento apresentaram me-
lhorias a este modo de falha. Hung, Li e Chen (2017) apresentaram estudo de paredes de
UHPFRC, armadas com armaduras passivas de alta resistência e submetidas à carrega-
mento cíclico, com falha de cisalhamento. Os autores observaram que as fibras efetuavam
a transferência de esforços entre as fissuras, e assim, os elementos eram capazes de exibir
uma capacidade eficaz de controle de fissuração de cisalhamento.
A falha de ancoragem ocorre quando há uma ou várias fissuras dentro do comprimento
de transferência do cabo de protensão, e assim, não é possível a correta redistribuição de
esforços pelo aço naquela região. Condições de cargas concentradas perto do suporte, tam-
bém podem aumentar a possibilidade de que as fissuras de cisalhamento se desenvolvam
quando a tensão principal de tração atingir a resistência à tração do concreto. Estas fissu-
ras de cisalhamento espalham-se rapidamente para a zona de compressão e para a ancora-
gem, e assim, podem provocar uma súbita falha de cisalhamento e ancoragem (ARAUJO;
LORIGGIO; DA CAMARA, 2011; FELLINGER; STARK; WALRAVEN, 2005). Fusco
(1995), Araujo, Loriggio e Da Camara (2011) e Dumêt (2003) relatam que a resistên-
cia ao modo de falha de ancoragem é regida basicamente pelas capacidades de adesão,
atrito, aderência mecânica e efeito Hoyer. A adesão se dá pelas ligações físico-químicas
entre a pasta de cimento e as barras de armaduras, o atrito ocorre devido a rugosidade
da superfície das armaduras e concreto e as nervuras nas barras aumentam ainda mais
a resistência à ancoragem (FUSCO, 1995). O efeito Hoyer ocorre devido à variação do
29
diâmetro da seção transversal ao longo do comprimento de ancoragem, aumentando o
encunhamento da barra dentro do concreto (FUSCO, 1995). Sobre o comportamento da
aderência do concreto reforçado por fibras, destaca-se o trabalho de Dumêt (2003), onde
se avaliou a influência das fibras nas falhas de ancoragem por meio de ensaios estáticos de
arrancamento em prismas e de flexão em uma viga pré-tracionada. Utilizando valores de
Vf iguais à 0 kg/m³, 40 kg/m³ e 60 kg/m³ e tensão de protensão de 0, 80.fptk , conclui-se
que a adição de fibras é mais benéfica no fendilhamento do que no caso de arrancamento.
Marchand et al. (2016) desenvolveram testes de pull-out em vergalhões embutidos dentro
de uma mistura de UHPFRC, variando condições de diâmetro, comprimentos de anco-
ragem e cobrimento. Do estudo, confirmou-se que ao projetar estruturas UHPFRC, o 5151
51
comprimento de ancoragem pode ser considerado menor que o do concreto comum.
(a) Flexão
(a) Flexão
(a)
(a) Flexãopurapura
(c) Flexo-cisalhamento
(c) Flexo-cisalhamento
(c)(c) Flexo cisalhamento
Flexo-cisalhamento
(d) Ancoragem
(d)Ancoragem
(d) Ancoragem
(d) Ancoragem
Figura 24 –Modos de falha em lajes alveolares (ARAUJO; LORIGGIO; DA CAMARA, 2011;
Figura243.1:
Figura Padrão
–Modos dede fissuração
falha característico
em lajes para os modos
alveolares (ARAUJO; de falha DA
LORIGGIO; em CAMARA,
vigas de con-
2011;
Figura –Modos WALRAVEN;
de falha em lajes MERCX,
alveolares 1983) LORIGGIO; DA CAMARA, 2011;
(ARAUJO;
creto24armada e protendido WALRAVEN; MERCX, 1983)
WALRAVEN; MERCX, 1983)
30
3.2 Estado limite último de flexão
Os trabalhos de Leutbecher e Fehling (2013) e Fehling et al. (2014) desenvolvem
equações para o dimensionamento no estado limite último flexional (ELU-F) de elemen-
tos de UHPC e UHPFRC. Assim, estes trabalhos serão utilizados como base teórica da
presente seção.
A deformação última de compressão do UHPFRC é calculada conforme as prescrições
da Associação Francesa de Engenharia Civil (AFGC, 2013) (Eq. 3.1), devendo ser sempre
maior que 3,5‰:
31
a altura da viga (h), e assim, por meio de cf - w pode-se estabelecer a pro
que a tensão de projeto da fibra (σ , ) atua;
Fcc Fcc
x
53 x
0,90(h - x)
0,56(h - x) 0,55(h - x)
F Fft
a altura da viga (h), e assim, por meio de Fcf - w pode-se estabelecer a profundidade
F em ft
p p
0,56(h - x) 0,55(h - x)
Fft d-x
por meio
F de cfF- w pode-seEm que: x é a aposição
estabelecer
ft da linha neutra; Fcc é a força resultante do concreto comp
F profundidade em
p
p p
- x) tendo0,55(h
o centroide
- x) de aplicação em 0,55 (h – x) distante da linha neutra. Quando
d-xFft
: x é a posição da linha neutra; Fcc é a força
Equações
resultante do concreto comprimido, agindo
(13) e (14), nota-se que a distribuição retangular além de ser simplifi
Fp
p
da borda superior; Fft é a força resultante
erro de tração
relativo inferior no concreto,
à 2,5%, agindo satisfatório
valor bastante no centroide da aplicações de dim
para
cf,0 d
a; Fst é a força resultante das Portanto,
armaduras, agindo no centroide
a distribuição
(c) de das
de tensões
Compatibilidade mesmas.
de tração no concreto será tratada simplifica
deformações
Considerando a distribuiçãoretangular.
parabólica de tração com abertura de fissura de w = w0,
(b) retangular
Figuraequivalente
3.2: Dimensionamento(c)deCompatibilidade
flexão em uma seção transversal retangular. Fonte:
se a resultante de et
Fehling tração do concreto conforme a Equação (13), tendo seu centroide de
al. (2014) Fft 0,83(h x)b cf 0d (
ão
a eab)distância de 0,56
e deformações (c) (h
em-uma
x) aseção
partirtransversal
da linha neutra. Por outro lado, considerando a
retângular
(Fehling et al. equivalente
(2014) ft F 0,81(h x)bcf 0d (
ição retangular simplificada, sua resultante é dada pela Equação (14),
centroide de Na Fig. 3.2:
aplicação em x0,55
é a (h
posição da linha da
– x) distante neutra; cc é a força
linha Fneutra. Quandoresultante do concreto
comparadas as
ra; comprimido,
Fcc éea(14),
forçanota-se agindodo
resultante emconcreto
Em 1/3 da
que: h éborda superior;
acomprimido,
altura xf tééa aprofundidade
da viga;Fagindo força resultante de tração
da linha nob é a espessura d
neutra;
es (13) que a distribuição retangular além de ser simplificada apresenta
concreto, agindo no centroide da parábola; Fst é a força resultante das armaduras, agindo
ça resultante a tensão de projetono
dacentroide
fibra, calculada
da pela Equação (12);
ativo inferior àde2,5%,
tração
no centroide no
valor
das concreto, agindo
bastante satisfatório
mesmas. para aplicações de dimensionamento.
Quanto a resistência de compressão (Fcc), esta pode ser determinad
o,armaduras, agindo
a distribuição no centroide
de tensões dasnomesmas.
de tração concreto será tratada simplificadamente como
Equação (15). Já a força aplicada pela cordoalha ou cabo de protensão Fst é obti
o parabólica de tração com abertura de fissura de w = w0,
lar.
32
concreto conforme a Equação
F (13),
0,83(htendo
x)bseu
centroide de ft cf 0d (13)
Considerando a distribuição parabólica de tração, obtém-se a resultante de tração
do concreto conforme a Equação 3.2, tendo seu centroide de aplicação a distância de
0, 56(h − x) a partir da linha neutra. Por outro lado, considerando a distribuição retan-
gular equivalente simplificada, sua resultante é dada pela Equação 3.3, tendo o centroide
de aplicação em 0, 55(h–x) distante da linha neutra. Quando comparadas as Equações
3.2 e 3.3, nota-se que a distribuição retangular além de ser simplificada apresenta erro
relativo inferior à 2,5%, valor bastante satisfatório para aplicações de dimensionamento.
Portanto, a partir deste ponto, a distribuição de tensões de tração no concreto será tratada
simplificadamente como retangular.
Fst = As σs (3.5)
A partir das Equações 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5, pode-se estabelecer o equilíbrio de forças e
momentos para a seção transversal retangular, conforme as Equações 3.6 e 3.7, respectiva-
mente. Da compatibilidade de deformações apresentada na Figura 3.2.c, pode-se obter a
deformação nas armaduras e concreto (i.e., st e cc ), conforme a semelhança de triângulos
obtida pela Equação 3.8:
33
a profundidade da linha neutra e domínio da peça (vide Fig. 3.3). Posteriormente,
calculam-se os valores de Fcc e Ff t . Por meio de uma lei constitutiva obtém-se a tensão,
e consequentemente, a força nas armaduras (i.e. σs,t e Fst ). Após σs,t e Fst o cálculo de
área de armadura de protensão necessária (Ast ) é direto.
Alongamento LN Encurtamento
ecud
A s’ bx2,3
3
reta A
4
1 2
5
As reta B
10 ‰ eyd
Figura 3.3: Domínios de deformação (Fonte: ABNT NBR 6118:2014, (ABNT, 2014))
Z Z
0, 50.x.fcd .b(x).(d − x/3).dx − (0, 81.(h − x).b(x).σcf 0d )...
34
(a) Detalhe viga X
Deformações Tensões
c,2 = c,u fcd
F cc
x x
d-x F ft d-x
st
Fst
A sp f,0 d
0, 24.k 2/3
Vc = .f bw Z (3.13)
γc γc0 ck
Em que: k é fator que leva em conta o estado de tensão na peça, obtido pela Eq. 3.14;bw
é a largura da alma da seção, no caso da seção I é tomado igual a espessura; e Z é o
quociente entre a inércia bruta e o momento estático (i.e., Z = I/Q); fck é a resistência
característica de compressão do UHPFRC;
3 σcp σcp > 0
k= fck
(3.14)
0, 7 σcp σcp < 0
fctk
35
E ainda: σcp é a tensão pré aplicada na peça de concreto, positiva para compressão
(protensão) e negativa para a tração; fctk é a resistência à tração do UHPFRC;
A parcela de resistência da fibra, é determinada conforme a Eq. 3.15:
Af v σRd,f
Vf d = (3.15)
tanθ
em que: Af v é a área em que a fibra trabalha no cisalhamento, dada por Z.bw ; Z é
o momento estático da seção transversal e bw a base da seção transversal que resiste ao
cisalhamento; σRd,f é a integral do diagrama de tensão abertura de fissuras, até a abertura
de fissura máxima (wmax ), conforme a norma francesa e dado conforme a Eq. 3.16; K é um
fator que leva em consideração o efeito parede, geralmente dado por K = 1,25, segundo
Lim e Hong (2016); e θ é o ângulo da biela, geralmente entre 30º e 45º.
Z
1
σRd,f = σf (w).dw (3.16)
Kγf wlim wlim
A AFGC estipula valores de wmax entre 0,1 mm à 0,3 mm. Neste sentido, utilizou-se um
valor de wmax = 0, 3 mm para se integrar o diagrama σ − wlim equivalente obtido pela
lei de tensão-deformação proposta por Krahl, Carrazedo e Debs (2018) e obter o valor de
σRd,f = 5M P a.
Cabe salientar que as vigas I do presente trabalho não contém estribos, e assim, a
determinação de Vsw será suprimida, podendo ser obtida na normativa da Associação de
Engenheiros Civis Francesa (AFGC, 2013).
4u
µ4 = (3.17)
4y
36
Φu
µΦ = (3.18)
Φy
Eel
Etot
Dy Du D
Figura 3.5: Relação entre energia total e elástica Naaman e Jeong (1995)
P 4y
Etot = (4u − 4y) P + (3.19)
2
P 4y
Eel = P 2 /K = (3.20)
2
P 4y
Etot (4u − 4y) P 24u 24y
= P 4y
+ 2
P 4y
= − +1 (3.21)
Eel 2 2
4y 4y
4u 1 Etot
= µe = +1 (3.22)
4y 2 Eel
Em que: Eel é dado por Eel = P 2 /K, sendo K a inclinação inicial do diagrama de
força deslocamento; Etot é a energia total dissipada no ensaio de flexão; 4u e 4y são
respectivamente a flecha última e flecha onde ocorre a violação do regime elástico;
A Fig. 3.6 apresenta a metodologia para se obter o valor da rigidez K do diagrama
de força deslocamento de uma estrutura de concreto armado ou protendido (MOUSA
37
et al., 2019; WANG; BELARBI, 2011; ZDANOWICZ; KOTYNIA; MARX, 2019), onde
K é a média dos coeficientes angulares Kn , dado pelos segmentos de reta que compõem o
diagrama de força deslocamento de 0 até 0, 75Fult , conforme a metodologia adotada por
Araújo (2002).
A vantagem do índice de Naaman e Jeong (1995) é a formulação baseada em termos
da energia elástica e total. Esta formulação energética é aplicável para vigas protendidas
e armadas(ZOU, 2003), e foi amplamente utilizada por muitos autores para avaliação do
comportamento de flexão de vigas de concreto armado e protendido (LI, 2018; ZHOU;
XIE, 2019; MAGHSOUDI; MAGHSOUDI, 2019). Li (2018) avaliou o comportamento
de flexão para vigas de concreto de alta resistência contendo vergalhões de polímero re-
forçado com fibra de basalto (BFRP) e fibras de aço. Zhou e Xie (2019) avaliaram o
comportamento de vigas retangulares pós-tracionadas reforçadas por fibra de carbono
(CFRP-UPT). O estudo de Maghsoudi e Maghsoudi (2019) avalia o comportamento nu-
mérico e experimental de vigas T protendidas de concreto de alta resistência alto adensável
(HSSCC) sujeitas à carregamento de flexão. Os autores demonstram que, para os casos
estudados, o índice de ductilidade energético apresenta maior consistência nos resultados
quando comparado ao índice de ductilidade em deslocamento. Portanto, o presente traba-
lho utiliza o índice de ductilidade energético proposto por Naaman e Jeong (1995), para
se avaliar a ductilidade das vigas I protendidas numéricas e experimentais.
F
Fult
0,75.Fult
Kn
K
K3
Eel
K2
K1
Figura 3.6: Obtenção da rigidez. Fonte: Mousa et al. (2019), Wang e Belarbi (2011) e
Zdanowicz, Kotynia e Marx (2019)
38
3.5 Concrete damage plasticity (CDP)
A não linearidade do concreto pode ser tratada por diferentes modelos, por exemplo,
modelos de dano elástico não linear, elasto-plástico e dano elasto-plástico. Os modelos de
dano elástico não linear e elasto-plástico simulam de forma satisfatória o ramo ascendente
da curva tensão deformação do concreto sob carregamento monotônico. No entanto,
quando se consideram carregamentos cíclicos, estes não são capazes de prever com exatidão
o comportamento do material, que apresenta simultaneamente acúmulo de deformações
plásticas e degradação do módulo de elasticidade.
Uma alternativa capaz de representar este comportamento é o modelo de dano elasto-
plástico. Dos modelos de dano elasto-plástico destaca-se o Concrete Damage Plasticity
(CDP), que descreve simultaneamente os processos irreversíveis de deformação plástica e
a diminuição da rigidez (danos) no concreto, agregando hipóteses da mecânica do dano
acoplado à plasticidade (GRASSL; JIRÁSEK, 2006; LUBLINER et al., 1989; LEE; FEN-
VES, 1998).
O CDP admite dois mecanismos de falha à saber: (i) Ruptura de tração e (ii) Esma-
gamento na compressão. Fissuras e microfissuras são representadas macroscopicamente
como um amolecimento no diagrama de tensão-deformação. A degradação da rigidez das
propriedades elásticas é caracterizada por duas variáveis de dano a saber: dt que é o dano
de tração e dc , que é o dano de compressão. Nesta abordagem, o comportamento do
concreto é considerado como independente das armaduras.
A Figura 3.7a apresenta o comportamento de tração típico do CDP. Já a Figura 3.7b
apresenta a resposta de compressão uniaxial aplicavél ao CDP.
39
s
st,0
E0
)E
0
-d t
(1
et,pl et,el et
s
sc,u
sc,0
E0
)E
0
-d t
(1
ec,pl ec,el ec
d σ
pl = in − (3.25)
(1 − d) E0
Em que: d é o índice de dano (dt ou dc ); é a deformação total; pl são as deformações
40
plásticas; E0 é o módulo de elasticidade intacto do concreto. el são as deformações
elásticas; in são as deformações inelásticas; σ é a tensão do concreto, seja na compressão
ou tração;
Posteriormente, pode-se estabelecer a lei constitutiva que correlaciona o tensor de
tensão generalizada de Cauchy (σ) e as deformações plásticas (pl ), de acordo com a Eq.
3.26: .
1
p ) σ̂ max − γ −σ̂ max − σ c (e
p ) = 0 (3.28)
f (σ, κ) = q̄ − 3αp̄ + β (e
1−α
41
(
σ̂ max se σ̂ max ≥0,β é introduzido
σ̂ max = (3.29)
0 se σ̂ max <0
(
σ̂ max se σ̂ max ≤0, γ é introduzido
ˆ max
−σ = (3.30)
0 se σ̂ max >0
fc0 (epc )
p
β(c ) = (1 − α)
e − (1 + α) (3.31)
ft (epc )
fbc0 /fc0 − 1
α = (3.32)
2fbc0 /fc0 − 1
A Eq. 3.33 determina o parâmetro γ, que depende de Kc , uma constante que governa
o espaçamento entre os meridianos de compressão e tração e a superfície de ruptura do
plano desviatíório. Os valores limites para Kc estão entre 0,5 e 1.
3(1 − Kc )
γ = (3.33)
2Kc − 1
δG
pij = λ (3.34)
δσij
42
onde p é o plano de tensão hidrostática e q é a tensão equivalente de Von Mises.
Sobre a aplicação do CDP ao UHPFRC, podem ser citados os trabalhos de Graybeal
(2008) e Singh et al. (2017), que representaram com sucesso o comportamento de vigas
protendidas e armadas de UHPFRC submetidas a carregamento monotônico. Por sua
vez, Krahl, Carrazedo e Debs (2018) indicam os valores de Ψ, m, fc,0 /fb,c0 e Kc , conforme
a Tabela 3.1:
Parâmetro Valor
Ψ 55
m 0,1
fc,0 /fb,c0 1,07
Kc 0,666
s
(scr, ecr)
(sp, ep)
Ponto de inflexão
Ip
su
Wt (Energia total)
e
Figura 3.8: Lei constitutiva analítica para o UHPFRC
43
−2(−pico )
Wt
(3.35)
2
σt () = p e Ip
Ip π/2
Em que: Wt é a energia de deformação; Ip é a deformação de inflexão; é a deformação
total; pico é a deformação observada no pico;
Por sua vez, para o comportamento de compressão do UHPFRC foi utilizado o modelo
de Carreira e Chu (1985), apresentado conforme as Eqs. 3.36 e 3.37. Cabe salientar que
o modelo proposto por Carreira e Chu (1985) foi utilizado com sucesso nas análises de
instabilidade de vigas esbeltas de UHPFRC (KRAHL; CARRAZEDO; DEBS, 2018).
k1 β 0
σ = σ0 (3.36)
k2 β
k1 β − 1 + 0
1
β= σ0 (3.37)
1− 0 Ec0
A escolha da lei de dano deve levar em conta o tipo de concreto. Uma lei clássica de
evolução do dano na tração e compressão (i.e., dt e dc ) é conforme a metodologia proposta
por Birtel e Mark (2006), Equações 3.38 e 3.39:
σt E −1
dt = 1 − c
(3.38)
pl −1
t (1/bt − 1) + σt E c
σc E −1
dc = 1 − c
(3.39)
pl −1
c (1/bc − 1) + σc E c
σi
dt = 1 − (3.40)
fct
44
Em que: σi é a tensão de tração no pós pico; fct é a tensão de pico de tração;
45
46
Capítulo 4
Caracterização experimental do
UHPFRC
4.1 Metodologia
Esta seção trata da metodologia utilizada para obter resultados experimentais de
caracterização de corpos de prova prismáticos e cilíndricos de UHPFRC, submetidos à
carregamento de flexão e compressão uniaxial.
47
de pó de quartzo (densidade de 2670 kg/m³), 69 kg/m³ de superplastificante à base de
policarboxilato (ADVA - 585, com densidade de 1060 kg/m³) e 154 kg/m³ de água. A
Figura 4.1 apresenta a distribuição granulométrica dos constituintes da mistura:
As figuras 4.2.a, b e c e d apresentam as partículas de cimento, sílica ativa, areia e
pó de quartzo, respectivamente. A forma das partículas influencia a trabalhabilidade da
mistura fresca e, consequentemente, a densificação e homogeneidade da matriz endurecida.
Na Figura 4.2, pode-se observar que a sílica ativa e a areia fina são as partículas que mais
contribuem para a fluidez da mistura devido à sua forma arredondada.
1 0 0
8 0
p a s s a n te (% )
6 0
P o rc e n ta g e m
4 0
2 0 M a te ria l
A re ia
P ó d e Q u a rtz o
0 C im e n to
S ílic a a tiv a
0 ,1 1 1 0 1 0 0
T a m a n h o d a p a r t í c u l a ( µm )
48
(a) Cimento (b) Sílica ativa
Counts
3000
Fe
2000
Cu
Zn
1000 Zn
Fe
Fe Cu Cu
Cu Zn
Zn
0
0 2 4 6 8 10
Energy (keV)
(c)
113 Figura
Figure 4 4.3: Composição
– (a) global view of the fiber,química dasof the
(b) rough surface fibras metálicas
fiber, and (c) dispersive
114 energy spectroscopy of the fiber surface
115 The mixing of UHPFRC was made in a high shear pan mixer. First, all dry components, except
116 for the fibers, were mixed for 5 minutes until the attainment of a homogeneous mixture. Then, water
117 and superplasticizer were added, and the concrete was mixed for an additional 10 minutes to get the
118 desired workability. Finally, steel fibers were included, and the concrete was mixed for 5 more
119 minutes to distribute the fibers. Then, the cylindrical specimens were cast on a vibrating table, and
120
49
after one day, it was stored in a moist chamber for 28 days. Following this, the samples were
121 submerged in water for heat treatment for seven days at 70ºC. Three specimens were cast for each
Cinco volumes de fibra diferentes (i.e., 1%, 1,5%, 2%, 2,5% e 3%) foram considerados
para a produção de UHPFRC. Foram utilizadas fibras de aço revestidas de cobre com
13 mm de comprimento e 0,2 mm de diâmetro. As fibras têm uma resistência à tração
de 2850 MPa e módulo de elasticidade de 200 GPa, parâmetros estes fornecidos pelo
fabricante. A Figura 4.4.a e b apresenta a microscopia eletrônica de varredura (MEV) de
uma extremidade da fibra e uma vista mais próxima de sua superfície.
(a) (b)
1. Inicialmente todos os componentes secos, exceto as fibras, foram misturados por três
minutos em um misturador de alta energia (argamassadeira) até que uma mistura
homogênea fosse obtida;
3. Foram incluídas fibras de aço e o concreto foi misturado por mais cinco minutos
para obter uma distribuição homogênea das fibras.
50
5. Após 1 dia do processo de moldagem, todas as amostras são retiradas das formas e
armazenadas em câmara úmida por 28 dias.
51
3 0 0 V = 2 %
f
2 5 0
2 oc ic lo
2 0 0
F o rç a (k N )
1 5 0 1 oc ic lo
1 0 0
5 0
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0
D e s lo c a m e n to d o L V D T (m m )
52
Prato
metálico
Apoio
metálico
LVDT
C P 1
1 0
C P 2
C P 3
8
C P 4
F o rç a (k N )
0
0 1 2 3 4 5 6
D e s lo c a m e n to n o m e io d o v ã o (m m )
53
de UHPFRC. Um microfone unidimensional captura a amplitude da resposta acústica
no domínio do tempo e por meio de uma placa de som interna de um notebook comum
o sinal acústico é digitalizado à uma taxa de aquisição de 96 kHz. Em seguida, esse
sinal é processado pelo software (SONELASTICr ). O software usa um bloco de 1024
pontos e multiplica o sinal por uma janela zero-pad e, em seguida, é preenchido com zeros
para obter um vetor de 8192 pontos. Através de uma Fast Fourier Transform (FFT, ou
transformada rápida de Fourrier), o sinal no domínio do tempo pode ser transformado no
domínio da frequência. A partir desta análise, os picos de frequência natural são obtidos.
Quando a amostra é excitada por um impacto excêntrico, a caracterização dos picos de
frequência e modos de vibração é semelhante à Figura 4.7b:
2 ,0
M o d o F le x io n a l S in a l n o d o m ín io d a fre q .
1 ,8
1 ,6
A m p litu d e (V p p )
1 ,4
1 ,2 M o d o L o n g itu d in a l
1 ,0
0 ,8
0 ,6
0 ,4
0 ,2
0 ,0
0 5 0 0 0 1 0 0 0 0 1 5 0 0 0 2 0 0 0 0
fre q . (H z )
L
D = 5, 093 (4.2)
d2
L3 T
C = 1, 6067 (4.4)
d4
54
Em que: M é a massa da amostra (em quilogramas), L e d são o comprimento e
o diâmetro da amostra (em metros), respectivamente, f,1,L , é a frequência fundamental
do modo de vibração longitudinal (Hz); f,1,F , é a frequência fundamental do modo de
vibração de flexão (Hz); e T é um fator de correção derivado do estudo de Pickett (1945),
apresentado pela Eq. 4.5:
2 4
2 d d
T = 1 + 4, 939(1 + 0, 0752µ + 0, 8109µ ) − 0, 4833 − ...
L L
d 4
" #
4, 691(1 + 0, 2023µ + 2, 173µ2 ) L
(4.5)
d 2
1, 000 + 4, 754(1 + 0, 1408µ + 1, 536µ2 ) L
Onde μ é a razão de Poisson, assumida como 0,20, conforme a ABNT NBR 6118:2014
ABNT (2014).
Ao final de cada i-ésimo ciclo de carregamento e descarregamento estático, o módulo
de elasticidade dinâmico foi utilizado para calcular o índice de danos Di , obtido conforme
a Eq. 4.6:
Ei
Di = 1 − (4.6)
E0
Em que: E0 é o módulo de elasticidade dinâmico do corpo de prova intacto;
A seguir, para cada pico de frequência natural, o software ajusta curvas únicas que re-
presentam a evolução da amplitude de cada frequência registrada na matriz de frequência
e tempo e calcula a taxa de amortecimento interno ξ através da Eq.4.7 (consulte também a
Figura 4.8). O ajuste da curva é realizado com a equação de Levemberg-Marquardt (PE-
REIRA; OTANI et al., 2011; PEREIRA; MUSOLINO et al., 2012; PEREIRA; VENET
et al., 2010; PEREIRA; FORTES et al., 2010), um método numérico que seleciona uma
região priorizada ajustando a função de amplitude por meio de parâmetros experimentais.
A partir de cada pico de amplitude, também é possível calcular o fator Q. Dessa
maneira, esse parâmetro é definido pela razão entre o pico da frequência de ressonância f
e as frequências da largura de banda (fb e fa ), correspondendo a uma redução de 50% da
energia da vibração (Eq. 4.8). A razão de amortecimento interno foi obtida para os picos
de frequência flexional e longitudinal, e o fator Q foi determinado sempre para a maior
amplitude do sinal.
1 xn
ξ= ln (4.7)
2πm xn+m
f
Q= (4.8)
fa − fb
55
Em que: xn e xn+m são as amplitudes consecutivas consideradas na análise do sinal, como
mostra a Figura 4.8; m é o número de picos entre as amplitudes sucessivas.
Domínio da frequência
t=0 t=n t=n+m
xn+m x0 e-xt
56
Figura 4.9: Equipamento de ultrassom
B
80
40
Displacement
Amplitude
-40 t
-80
0 20 40 60 80 100
time (s)
Tempo
vp2
dus =1− 2 (4.9)
vp0
Em que: Vp é a onda primária do ultrassom no i-ésimo ciclo de dano; e Vp,0 é a onda do
ultrassom quando o UHPFRC estava intacto.
4.1.6 Microscopia
Após os testes mecânicos e não destrutivos, os cilindros de UHPFRC foram cortados
ao meio, formando dois semicilindros. Na face plana resultante, as macrofissuras causadas
pelo carregamento compressivo podem ser visualizadas. Em seguida, foram realizados ou-
tros cortes para isolar a face principal de fissuração. Finalmente, extrai-se uma geometria
aproximadamente cúbica que representa a face de ruptura, com dimensões entre 1 cm e
57
2 cm utilizada nas análises de microscópio de varredura eletrônica (MEV). As amostras
foram lavadas com água e depois submetidas a jato de ar para eliminar o material solto.
Antes do teste, um filme de ouro de 6 nm é depositado na superfície da fratura
tornando-a eletricamente condutora e possibilitando a digitalização da microestrutura
pelo feixe de elétrons. A Fig. 4.11 apresenta a posição em que as amostras foram retira-
das para o procedimento de MEV:
Superfície
de fratura Superfície
Amostras de
de
Planos SEM
Fratura
de corte
Planos de
1cm - 2 cm Corte
58
critério apresentado em (KRAHL; GIDRÃO; CARRAZEDO, 2019) Cabe salientar que o
quadro dos box plots representa a zona interquartil (i.e., IQR, intervalo entre o primeiro e
terceiro quartis), enquanto que os seguimentos de reta inferior e superior demonstram os
limites da variável (dado por média + 1,5IQR). Além disso, a linha horizontal representa
a mediana e o quadrado a média.
Como pode ser visto na Figura 4.12, o aumento no teor de fibras teve um resultado
positivo para o efeito na resistência à compressão, tenacidade e tensão residual. Compa-
rando, por exemplo, o UHPFRC com Vf = 1,5% e Vf = 3%, pode-se observar que houve
melhoria em 10%, 30% e 20% para as propriedades de pico de tensão, tenacidade e ten-
são residual, respectivamente. Além disso, para todas as propriedades, há um aumento
significativo na variabilidade em função do teor de fibra de aço, e esse comportamento
pode ser explicado pela provável orientação da fibra durante a moldagem e a diminuição
da trabalhabilidade em função do teor de fibra.
A Tabela 1 apresenta o módulo estático de elasticidade que foi determinado através
de medições dos clipgages entre níveis de tensão de 0% e 40% da força final, conforme
recomendado pela ASTM C469 (2014) (ASTM, 2014). Nota-se que o valor está contido
em um intervalo de 39,59 GPa - 42,55 GPa, não havendo grande influência do volume de
fibras. Z =3,5‰
Tc = σ.d (4.10)
0
59
1 8 0
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
R e s is tê n c ia u n ia x ia l d e c o m p re s s ã o (M P a )
In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
1 7 0 M é d ia
P o n to s E x p .
1 6 0
1 5 0
1 4 0
1 %
1 ,5 %
1 3 0 2 %
2 ,5 %
3 %
1 2 0
1 % 1 ,5 % 2 % 2 ,5 % 3 %
V o lu m e d e fib ra s (% )
2 ,8
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
2 ,6 M e d ia n a
M é d ia
2 ,4 P o n to s E x p .
T e n a c id a d e (M P a . m m /m m )
2 ,2
2 ,0
1 ,8
1 ,6
1 ,4
1 ,2
1 ,0
0 ,8
1 % 1 ,5 % 2 % 2 ,5 % 3 %
V o lu m e d e fib ra (% )
5 5
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
5 0 M e d ia n a
M é d ia
P o n to s E x p .
4 5
T e n s ã o re s id u a l (M P a )
4 0
3 5
3 0
2 5
2 0
1 5
1 0
1 % 1 ,5 % 2 % 2 ,5 % 3 %
V o lu m e d e fib ra (% )
60
Tabela 4.1: Módulo de elasticidade estático tangente inicial
A Figura 4.13 apresenta o aumento do módulo elástico dinâmico dos corpos de prova
intactos em função do volume da fibra. A Figura 4.13.a apresenta o boxplot do módulo
elástico dinâmico obtido para o modo de vibração flexional (Ed,f ), e a Figura 4.13.b mostra
a mesma propriedade obtida para o modo de vibração longitudinal (Ed,l ). Nota-se um
ligeiro aumento do módulo elástico dinâmico em função da adição da fibra de aço, o que
pode ser explicado pela regra da mistura (MEHTA; MONTEIRO, 2008), uma vez que as
fibras de aço têm um módulo elástico de Ef = 200 GPa, mas essa fase apresenta uma
pequena fração volumétrica no compósito. Portanto, o ganho considerável observado nas
propriedades estáticas obtidas do material fissurado (i.e., resistência, tensão residual e
resistência) não foi observado para módulo de elasticidade estático e dinâmico. Além
disso, observou-se uma pequena diferença entre as médias de Ed,f e Ed,l que, podem ser
explicadas pelo provável nível de anisotropia gerado pela distribuição de água durante
o processo de mistura, e também pela orientação das fibras associadas a cada modo de
vibração excitado durante o teste acústico.
61
5 4 M é d ia ± D e s v io p a d rã o
In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
5 2 M e d ia n a
M é d ia
P o n to s E x p .
5 0
4 8
(G P a )
4 6
4 4
E d ,f
4 2
4 0
3 8
3 6
1 % 1 ,5 % 2 ,0 % 2 ,5 % 3 %
V f ( % )
5 4
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
5 2 In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
M é d ia
5 0 P o n to s E x p .
4 8
(G P a )
4 6
4 4
E d ,l
4 2
4 0
3 8
3 6
1 % 1 ,5 % 2 % 2 ,5 % 3 %
V f (% )
62
causa a diminuição de ξ, baseado na regra da mistura (MEHTA; MONTEIRO,
2008);
Portanto, os dois efeitos mencionados se opõem, e assim, o aumento no teor de fibras não
afeta significativamente a taxa de amortecimento interno das misturas de UHPFRC.
A Figura 4.15 mostra a comparação dos resultados de coeficiente de amortecimento
interno entre o UHPFRC e o concreto convencional (CC - 1: 2: 3: a/c = 0,5) apresentado
por Gidrão, Krahl e Carrazedo (2018). Conforme a Figura 4.15, o UHPFRC apresenta
em média um coeficiente de amortecimento interno 2 vezes menor que o CC. Além disso,
o desvio padrão apresentado pelo UHPFRC também foi menor. A grande variabilidade
observada no caso do CC pode ser associada à heterogeneidade da mistura de CC e
zona de transição do material. O maior agregado do UHPFRC é o grão de areia fina
(dmax = 0, 2mm), que é muito menor do que os agregados graúdos utilizados no CC
(dmax = 19mm, para a brita 1). O UHPFRC possui uma zona de transição menos porosa
devido às adições de pós reativos e reduzidos fatores a/c. Somado a isso, os grãos de
agregados são mais finos, e assim, a interface é mais resistente quando comparada ao CC.
63
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
0 ,7 In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
M é d ia
0 ,6 P o n to s E x p .
0 ,5
ξf l e x ( % )
0 ,4
0 ,3
0 ,2
0 ,1
3 % 2 ,5 % 2 % 1 ,5 % 1 %
V f (% )
0 ,7
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
0 ,6 M é d ia
P o n to s E x p .
0 ,5
(% )
0 ,4
ξl o n g
0 ,3
0 ,2
0 ,1
3 % 2 ,5 % 2 % 1 ,5 % 1 %
V f (% )
64
1 ,2
1 ,0
C o e fic ie n te d e a m o rte c im e n to (% )
0 ,8
0 ,6
0 ,4
0 ,2
0 ,0
U H P F R C (to d a s m is tu ra s ) C o n c r e to C o n v e n c io n a l ( 1 :2 :3 :a /c = 0 .5 )
T ip o d e m is tu ra
A Fig. 4.16 apresenta os box plots dos resultados obtidos pelos ensaios de flexão em 3
pontos para Vf = 2%. A Fig. 4.16.a apresenta os resultados das forças máximas obtidas
pelos prismas. Notam-se valores médios de 8,75 kN, e valores máximos e mínimos de 9,71
kN e 8,43kN, respectivamente. A tenacidade é demonstrada pela 4.16, onde apresenta-se
um box plot da energia dissipada na ruptura dos prismas, apresentando valores médios,
máximos e mínimos de 20340 kN.mm, 21157 kN.mm e 16791 kN.mm, respectivamente.
Cabe salientar que a energia de deformação foi obtida pela área abaixo do gráfico de força
deslocamento, seguindo a Fig. 4.6b.
A Fig. 4.16.c apresenta o módulo de ruptura flexional das amostras produzidas com
Vf = 2 %, e as compara com a base experimental de Meng, Valipour e Khayat (2017) e
Corinaldesi e Moriconi (2012). Nota-se valores de tensão de flexão com média de 24,60
MPa, e valores máximos e mínimos de 27 MPa e 23 MPa, respectivamente. Quando
comparado aos resultados do trabalho de Meng, Valipour e Khayat (2017) e Corinaldesi
e Moriconi (2012), nota-se que o traço de UHPFRC desenvolvido no presente trabalho
apresenta desempenho de MRF dentro dos padrões obtidos na literatura.
65
1 0 ,0
2 2 0 0 0
9 ,5 2 1 0 0 0
F o rç a d e p ic o (k N )
E n e r g ia d is s ip a d a ( k N .m m )
2 0 0 0 0
9 ,0
1 9 0 0 0
8 ,5
1 8 0 0 0
8 ,0 1 7 0 0 0
1 6 0 0 0
7 ,5
(a) Forças máximas (b) Energia dissipada
4 2
4 0 M e n g e t. a l
O a u to r
3 8
C o rin a ld e s i e t. a l
3 6
3 4
3 2
3 0
M R F (M P a )
2 8
2 6
2 4
2 2
2 0
1 8
1 6
1 4
66
4.2.2 Comportamento de corpos de prova de UHPFRC sujeitos
a carregamento cíclico
Ao final de cada ciclo, foram realizados ensaios não destrutivos como o Ensaio Acús-
tico e Ultrassom. As amostras foram descarregadas em níveis específicos de deformação
para a realização deste testes. A Figura 4.17 apresenta curvas típicas de tensão x de-
formação cíclica para UHPFRC com 1%, 2% e 3% de fibras. A Fig. 4.18 apresenta a
degradação característica após cada ciclo de carregamento, para as amostras ensaiadas.
1 6 0 1 6 0
C ic lo 2 C ic lo 1
1 2 0 1 2 0
C ic lo 1 C ic lo 2
T e n sã o (M P a )
T e n sã o (M P a )
8 0 8 0
V f = 1 % V = 2 %
f
4 0 4 0
0 0
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5
D e fo rm a ç ã o
D e fo rm a ç ã o
(a) Vf = 1 % (b) Vf = 2 %
1 6 0
C ic lo 2
1 2 0 C ic lo 1
T e n sã o (M P a )
8 0
V f = 3 %
4 0
0
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5
D e fo rm a ç ã o
(c) Vf = 3 %
67
(a) Antes do ensaio (b) 1º ciclo (c) 2º ciclo
Da Fig. 4.17 nota-se que a degradação mecânica mais severa ocorre no pico, durante
a transição entre os ramos de pré e pós pico. A queda acentuada observada na força é
causada pelo aparecimento de grandes fissuras, na maioria das vezes visíveis nas amostras.
Além disso, o comportamento histerético é observado entre os ciclos, sendo caracterizado
pelas áreas formadas entre as curvas de ciclagem. O aumento nesta área ao longo dos ciclos
representa o aumento da dissipação de energia e, consequentemente, do amortecimento
interno do material.
A Figura 4.19 compara o sinal acústico no domínio do tempo para amostras não
danificadas e danificadas de UHPFRC com 1,5% de fibras. Nesta figura, nota-se que o
coeficiente de amortecimento interno ξ aumenta ao longo dos ciclos, sendo este fenômeno
dado pela rápida diminuição dos picos de amplitude em comparação com a condição não
danificada, especialmente no terceiro, quarto e quinto ciclos. Além disso, no domínio do
tempo, é possível observar o aumento do período fundamental do sinal, o que demonstra
a diminuição da frequência natural para altos níveis de dano.
A Figura 4.20 demonstra esse mesmo sinal no domínio da frequência, em função dos ci-
clos de dano. Do gráfico, pode-se notar primeiramente a diminuição dos picos de frequên-
cia natural e posteriormente degradação do sinal com aparecimento de picos de baixa
frequência atenuados. Após o quarto ciclo, a baixa qualidade do sinal impediu de se
medir as propriedades elásticas, e consequentemente, a danificação. Além disso, a Fi-
gura 4.20 apresenta uma diferença de amplitudes nos picos de frequência natural, e isso é
68
gerado por diferentes magnitudes de impacto.
Além da diminuição dos picos de frequência natural, o material aumenta o seu amor-
tecimento interno. A Figura 4.21 apresenta o fator Q (Eq. 4.8), obtido sempre para o pico
de maior amplitude (ou seja, independente do modo de vibração), em função dos ciclos
mecânicos para cada porcentagem de fibras estudada. Nota-se que à medida que o dano
aumenta, o sinal do pico mais alto é atenuado sucessivamente e a capacidade de propa-
gação da onda diminui. Portanto, após o 3º ciclo, o fator Q apresenta uma diminuição
entre 4 e 14 vezes, demonstrando a alta dissipação da onda acústica no sólido fissurado.
Essa alta dissipação está ligada ao aumento do coeficiente de amortecimento interno das
amostras, especialmente a parcela de Coulomb, ligada à fissuração. Cabe salientar que os
concretos com volume de fibras de 1%, 2% e 3% apresentaram um aumento relativo do
fator Q nos ciclos, e esse fenômeno provavelmente ocorreu devido à ocorrência de fecha-
mento de alguma fissura no material, o que melhora o sinal de onda acústica na amostra.
No entanto, existe uma clara tendência de atenuação da onda acústica ao longo dos ciclos
de danos, de acordo com a curva média dos pontos experimentais, em laranja.
69
0 ,0 4 In ta c to
0 ,0 0
-0 ,0 4
0 ,0 4 C ic lo 1
0 ,0 0
-0 ,0 4
0 ,0 4 C ic lo 2
A m p . (V p p )
0 ,0 0
-0 ,0 4
0 ,0 4 C ic lo 3
0 ,0 0
-0 ,0 4
0 ,0 4 C ic lo 4
0 ,0 0
-0 ,0 4
0 ,0 4 C ic lo 5
0 ,0 0
-0 ,0 4
0 ,0 0 0 0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8 0 ,0 1 0
T e m p o ( µ.s e g u n d o s )
Figura 4.19: Degradação do sinal acústico no domínio do tempo em função dos ciclos de
dano
70
P ic o d e fle x ã o P ic o lo n g itu d in a l
M o d o d e fle x ã o
0 ,0 1 0
0 ,0 0 8
M o d o lo n g itu d in a l
A m p litu d e (V p p )
0 ,0 0 6
C ic lo (V f = 1 .5 % )
0 ,0 0 4
5 (T o ta lm e n te d a n ific a d o )
3 ( D = 3 7 ,2 0 % )
0 ,0 0 2 2 ( D = 4 ,1 9 % )
1 ( D = 3 ,6 9 % )
0 (In ta c to )
0 ,0 0 0 P ic o d e fle x ã o
P ic o lo n g itu d in a l
3 0 0 0 6 0 0 0 9 0 0 0 1 2 0 0 0 1 5 0 0 0 1 8 0 0 0 2 1 0 0 0
F re q . (H z )
Figura 4.20: Degradação do sinal acústico no domínio da frequência em função dos ciclos
de dano
3 0 0 V f (% )
2 .5
2 5 0 3
1
2
2 0 0
M é d ia p o n to s e x p .
F a to r Q
1 5 0
1 0 0
5 0
0 1 2 3 4 5
C ic lo
A Figura 4.22 correlaciona a razão de amortecimento interno (ξ) ao índice de dano (D).
Uma curva exponencial foi usada para aproximar a relação, com valores de R² = 0,832.
A Figura 4.23 apresenta o aumento da taxa de amortecimento interno em função das
cargas cíclicas para o modo de vibração flexional. Cabe salientar que o modo de vibração
71
flexional foi escolhido pois requer uma quantidade menor de energia para ser excitado em
comparação ao segundo modo de vibração fundamental (i.e., modo longitudinal).
1 ,0
0 ,9
0 ,8
0 ,7
0 ,6
ξ fle x ( % )
0 ,5
F ib e r v o lu m e (% )
0 ,4 2
1 %
0 ,3 1 ,5 %
2 ,5 %
3
0 ,2 ξ= e x p ( 8 .1 9 3 + 1 .4 1 D + 1 .3 3 8 D 2 )
9 5 % d e in te rv a lo d e c o n fia n ç a (R ² = 0 ,8 3 2 )
0 ,1
0 ,0
0 ,0 0 ,1 0 ,2 0 ,3 0 ,4
D a n o
72
1 ,0
0 ,8
0 ,6
ξf l e x ( % )
V o lu m e d e fib ra (% )
3
0 ,4 2 .5
1 .5
0 ,2 1 %
2
0 ,0 M é d ia d o s p o n to s e x p .
0 1 2 3
C ic lo n ú m e ro
(a) Pontos experimentais
1 ,0
0 ,8
0 ,6
ξ(% )
0 ,4
0 ,2
0 ,0
0 1 2 3
C ic lo n ú m e ro
73
demonstra fissuração estável e baixo nível de coalescência dos poros. No entanto, quando
o pico de tensão foi atingido para cada amostra (3º ciclo), o coeficiente de amortecimento
aumentou para 0,80%, devido ao nível de fissuração (0,4 para o índice de danos), o que
reflete os altos níveis de fissuração do material. Para níveis de dano maiores que 0,4, o
fator-Q era muito pequeno e foram observados muitos picos de baixa frequência no sinal,
Assim, não foi possível obter os picos de frequência natural com precisão. O aparecimento
de picos de baixa frequência no sinal se deu devido ao alto nível de dano que induz a
vibração da amostra em partes separadas.
A técnica ultrassônica também foi usada para medir o comportamento do UHPFRC
frente aos ciclos de dano. Espera-se que a velocidade de propagação das ondas no sólido
varie com o desenvolvimento da fissuração. O índice de dano, neste caso é relacionando à
velocidade de pulso de onda P, conforme à Eq. 4.9.
A Figura 4.24 apresenta a evolução dos danos obtido pelo ultrassom versus as de-
formações medidas pelo clipgage. No final do teste, o dano médio obtido pela técnica
ultrassônica foi de 0,79 com um desvio padrão de 0,17. Cabe salientar que são necessários
mais testes para mostrar a influência do teor de fibras, porque o número de amostras
utilizadas é limitado para análises estatísticas. Outra constatação é que o ultrassom foi
mais eficiente na obtenção do dano após o 3º ciclo, pois observou-se que o pulso ultrassô-
nico conseguia penetrar nas amostras, resultando em sinais mais bem comportados após
o 4º e 5º ciclo, e em contrapartida, o ensaio acústico mostrou-se determinada queda da
qualidade do sinal acústico, dada pela diminuição do fator-Q.
A Fig. 4.25 apresenta a evolução do dano em função das deformações totais, cujo
índice de dano foi obtido para o ensaio acústico. Notam-se índices de danos menores que
0,05 para os dois primeiros ciclos, e posteriormente, para o terceiro ciclo valores de 0,3.
Em comparação, o dano medido pelo ultrassom acusou um índice de 0,25 neste estágio.
1 ,0
V o lu m e d e fib ra s
C ic lo 5
1 % C ic lo 4
0 ,8 1 ,5 %
2 %
2 ,5 % C ic lo 3
Ín d ic e d e d a n o
3 %
0 ,6
M é d ia
C ic lo s 1 e 2
0 ,4
0 ,2
0 ,0
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4
D e fo rm a ç ã o to ta l
74
0 ,4 0 V o lu m e d e fib ra s
3 ,0 %
0 ,3 5 2 ,5 % C ic lo 3
2 ,0 %
0 ,3 0 1 ,5 %
1 ,0 %
0 ,2 5
Ín d ic e d e d a n o
M é d ia
0 ,2 0
C ic lo 2
0 ,1 5 C ic lo 1
0 ,1 0
In ta c to
0 ,0 5
0 ,0 0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8 0 ,0 1 0 0 ,0 1 2
D e fo rm a ç ã o to ta l
75
4.3 Discussão baseada na evidência microscópica do dano
As propriedades estudadas nos itens anteriores estão intimamente ligadas a micro-
estrutura do material e seus mecanismos de danificação. Neste sentido, a presente seção
objetiva apresentar como estes mecanismos se manifestam em escala microscópica.
Conforme observado pelos resultados de coeficiente de amortecimento interno e fator
de qualidade do sinal obtidos pela metodologia do ensaio acústico, a medida que os ciclos
de danificação ocorrem, e especialmente quando é atingida a tensão de pico dos corpos
de prova de UHPFRC (i.e., 3º ciclos de força), ocorre significativa atenuação do sinal
acústico. Este fenômeno ocorre devido ao surgimento de descontinuidades em nível macro
e microscópico no material, onde as fissuras aumentam a capacidade de dissipar energia
cinética por atrito entre as faces das fissuras, aumentando assim o amortecimento de
Coulomb. Este aumento da atenuação do sinal reflete a fissuração do material, e também
gera o atraso entre o pulso e recepção do aparelho de ultrassom, diminuindo a velocidade
de onda P. O fenômeno também reflete na degradação do módulo de elasticidade e queda
de resistência nos ensaios mecânicos.
Assim, após todos os ciclos, algumas imagens de microscópio de varredura eletrônica
(MEV) foram obtidas de amostras totalmente danificadas de UHPFRC a fim de comprovar
estas evidências na microestrutura do material. Sabe-se que mesmo antes da aplicação
de deformações no material, já existe microfissuração prévia na zona de transição (ITZ)
entre a fibra e a argamassa de UHPC, sendo esta uma superfície preferencial de propagação
de fissuras. Este fenômeno ocorre devido a concentração de um pequeno filme de água
localizada ao redor da fibra metálica e também graças a orientação preferencial dos cristais
de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2 ) na ITZ. Assim, quando se analisam imagens de MEV
com microestruturas já danificadas (e.g., Figuras 4.27.a e b), nota-se a existência de poros
e microfissuras prévias na zona de transição entre a fibra e a matriz cimentícia. A Fig.
4.27.c demonstra a formação característica de um vazio de ar. A Fig. 4.27d destaca em
uma visão mais próxima, das estruturas de hidróxido de cálcio e etringita desta região.
Cabe salientar que os fenômenos apresentados pela Figura 4.27 também são observados
em concreto convencional (CC), no entanto, as descontinuidades pré-existentes no UHP-
FRC têm, em média, uma escala muito menor do que no CC. A maior heterogeneidade
dentro do UHPFRC se dá na interface entre as fibras e a matriz, com dimensões típicas
de nanoescala, como na Figura 4.27.b e d. Então, a diferença na escala dos mecanismos
de dano também reflete a diferença observada nas propriedades supracitadas nos itens 4.2
e 4.2.2 (i.e., índice de danos, coeficiente de amortecimento integro, tenacidade, módulo de
elasticidade, resistência a compressão e tensão residual).
Nota-se que os comportamentos satisfatórios observados nas propriedades de resistên-
76
cia, tenacidade e tensão residual apresentados na Fig. 4.12 são resultados de uma matriz
homogênea. Apesar dos processos de danos semelhantes entre o CC e o UHPFRC, o
instante de ocorrência e escala são diferentes. O UHPFRC apresenta um ramo pré-pico
quase linear, com pouco acúmulo de danificação, explicado pela matriz muito homogênea
e densificada. A coalescência de poros e microfissuras se propagam para as descontinuida-
des na matriz homogênea, formando uma rede contínua de trincas para níveis de tensão
entre 80 e 90% do pico de tensão (GRAYBEAL, 2007). Então, a partir deste ponto,
nota-se a dilatação do material, e, atingimento do pico de tensão seguido de localização
de grandes fissuras. Neste ponto, observa-se por exemplo a diminuição da velocidade
das ondas ultrassônicas (4.24), aumento do coeficiente de amortecimento interno (4.23) e
aumento da atenuação do sinal acústico no material (4.21).
Outras imagens de MEV são apresentadas para evidenciar os mecanismos de dano no
UHPFRC. A Figura 4.28.a apresenta uma interconexão de trincas entre a interface de fibra
argamassa e um poro. As nano e microfissuras existentes em zonas fracas provavelmente
interconectam-se através da matriz de cimento a partir de poros, interface fibra-matriz e
também das microfissuras presentes na zona de transição entre a pasta e areia fina.
Como pode ser visto na Figura 4.28.a, o poro também se encontra degradado, e este
fenômeno provavelmente se deu devido ao arrancamento da fibra, evidenciado pelo grande
espaço entre a fibra e a matriz. O colapso dos espaços aéreos também é uma observação
característica quando é efetuada a microscopia do UHPFRC após o teste de compressão,
segundo a Figura 4.29.
O arrancamento de fibras (Fig.4.26) é governado pelos seguintes mecanismos a saber:
(i) adesão física (ii) adesão química, (iii) atrito, (iv) ancoragem mecânica e (v) efeito
pino. A Figura 4.26 apresenta a imagem típica de abertura deixada por uma fibra que foi
puxada na ruptura. Da imagem, pode-se concluir que para o caso de fibras de aço retas,
o deslizamento é o mecanismo que governa o arrancamento das fibras. Cabe salientar
que a capacidade de arrancamento das fibras influencia diretamente a forma com que
o dano evolui no material. Além disso, pode ser observado na Figura 4.26 que existe
algum material particulado nas paredes da abertura, provavelmente que se desagregou da
argamassa durante o deslizamento por fricção. Esse fenômeno é favorecido pelo aumento
da rugosidade da superfície da fibra.
77
Figura 4.26: Vazio gerado pelo arrancamento de fibra
78
Figura 4.28: Propagação de fissuras nas zonas de transição
79
4.4 Considerações sobre os resultados de caracterização
de corpos de prova de UHPFRC
A partir dos resultados de ensaios estáticos cíclicos e não destrutivos apresentados
nesta seção, pode-se destacar que:
• A coalescência das fissuras é controlada até o pico de tensão (3º ciclo) devido à
presença de fibras de aço, que inibem o aumento do atrito de Coulomb gerado
pelo atrito entre fissuras das amostras. Este fato é evidenciado pelo valor quase
constante de amortecimento interno do UHPFRC ao longo dos dois primeiros ciclos
de danificação (ou seja, ξ = 0,35 %);
• Depois que o pico de tensão foi atingido (3º ciclo), nota-se que o índice de dano atinge
valores de aproximadamente 0,40, com aumento da taxa de amortecimento interno
para 0,8%. A elevação do dano e a abertura de fissuras aumentam a parcela de
dissipação de Coulomb e o atrito interno do material. O valor elevado do coeficiente
de amortecimento gera atenuação do sinal acústico;
80
• Nota-se que o teor de fibras de 2% apresenta valores de resistência de pico e tensão
residual não muito menores que os teores de fibra superiores de 2,5 % e 3 %. Por-
tanto, visando a economia deste material e a melhor trabalhabilidade, este teor de
fibra será utilizado nos elementos em escala real estudados na sequência do trabalho;
81
82
Capítulo 5
83
Tabela 5.1: Casos estudados
84
Travamento
Cantoneiras
Região de protensão
50
100
250
150
50
Rea
ção
P 25
25 57 57
250
(c) Detalhe para o aparato de reação à pro- (d) Corte da seção transversal
tensão
3 250
85
força manualmente com torquímetro e também não gerar danificação para as vigas de
UHPC sem fibras na etapa de liberação da protensão.
O Fluxograma da Fig. 5.2 apresenta o procedimento para produção de uma viga:
Dia 1 Início
Limpeza e montagem da
fôrma
Cura dentro
Pesagem da fôrma
Dia 2 Dia 3
Mistura Moldagem
86
das vigas. O esquema utilizado para medir a força de protensão é apresentado segundo a
Fig.5.4. Inicia-se o processo de aplicação de 6 toneladas de protensão com auxílio de um
torquímetro. Para facilitar o processo, a viga foi fixada em “sargentos” em duas canaletas
do galpão de ensaios do LE-EESC.
(a)
Disposi
ti
de Anco vo
ragem
(b)
Figura 5.3: (a) Dywidagr (b) Extremidades das barras de protensão e aparato de anco-
ragem das barras
87
Célula de carga
Canal #2
Leitor digital 6 ton
Arruela de
Ancoragem
Célula de carga
Canal #1
Células de carga 6 ton
Após a preparação das formas, inicia-se o processo de pesagem do material a ser utili-
zado na concretagem. A Tabela 5.2 indica as quantidades de material utilizado para a con-
cretagem de uma viga. Para cada viga foram produzidos 135 litros de UHPFRC/UHPC,
com sobra de 10 %. A Fig. 5.5 apresenta os materiais secos, úmidos e fibras metálicas,
utilizados em uma concretagem.
88
(a) Materiais secos utilizados (b) Água e superplastificante
UHPFRC UHPC
Componente
Consumo Qtd. Consumo Qtd.
(kg/m³) (kg) (kg/m³) (kg)
Cimento CP V ARI (Holcim) 757,2 102,2 757,2 102,2
Areia 80/100 (Mineração Jundu) 833,0 112,4 833,0 112,4
Pó de quartzo/SM 200 (Mineração Jundu) 378,6 51,1 378,6 51,1
Sílica ativa (Elkem) 189,3 25,6 189,3 25,6
Superplastificante (ADVA 585) 68,2 9,2 68,2 9,2
Água 151,4 20,4 151,4 20,4
Fibra metálica (2% em volume total) 157,0 20,250 0 0
Água extra 7,6 1,022 7,6 1,022
89
Em um misturador de eixo vertical de alta potência, próprio para a produção do
UHPFRC (vide Fig. 5.6a) misturaram-se por 3 minutos todos os componentes secos da
mistura (exceto as fibras). Posteriormente, a água foi adicionada e misturou-se o UHPC
por mais 10 minutos, obtendo uma mistura aparentemente seca conforme a Fig. 5.6b. O
superplastificante é então adicionado na mistura, conforme apresentado pela Fig. 5.6c.
Após mais 10 minutos de mistura, obteve-se a homogeneidade necessária conforme a
Fig. 5.6d. Então, são adicionadas fibras metálicas e a água extra, e o concreto fresco
é misturado por mais 5 minutos. O espalhamento é determinado conforme a ABNT
NBR 15823-2:2017 (ABNT, 2010) e mostrado na Figura 5.6e, onde para todas as vigas
produzidas obteve-se valores de 65 cm ± 5 cm.
90
(a) Misturador utilizado
O lançamento sempre se deu à partir do meio do vão para os apoios, conforme a Fig.
5.7a. Um vibrador agulha foi utilizado para eliminar possíveis vazios dentro da peça,
conforme a Fig. 5.7b. Após o final da concretagem, a viga é coberta com uma lona para
evitar a perda de água para o ambiente e após 24 horas da moldagem, se dá o início do
processo de cura, com a aplicação de água na face superior da viga.
91
(a) Lançamento do UHPFRC na fôrma metálica auto (b) Vibração
portante
As tensões nas barras de protensão ao longo das 160 horas de cura (i.e., 6 dias e meio)
são monitoradas dentro da fôrma metálica. Neste sentido, as Figs. 5.8 apresentam os
valores de tensões nas armaduras ativas da viga UHPFRC-P, ao longo da cura dentro da
fôrma. Nota-se que as tensões nas barras permanecem constantes ao longo do processo
de cura, o que demonstra a baixa relaxação do aço de protensão.
92
4 0 0
3 5 0
3 0 0 D e sfô rm a
C o n c re ta g e m
2 5 0
T e n sã o (M P a )
2 0 0
1 5 0
P ro te n s ã o
1 0 0
5 0 B a rra 1
B a rra 2
0 M é d ia
0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0 1 2 0 1 4 0 1 6 0
T e m p o (h )
Figura 5.8: Tensões na armadura ativa durante a cura dentro da fôrma para a viga
UHPFRC-P
93
Figura 5.9: Desforma e içamento
2
fc (t) = fc,28 .e(s.(1−(28/t))) (5.1)
94
1 6 0
1 4 0
1 2 0
1 0 0
fc (M P a )
8 0
6 0
4 0
P o n to s e x p .
2 0 A ju s te e x p . ( R ² = 0 ,9 1 )
9 5 % d o in te rv a lo d e c o n fia n ç a
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0
D ia s
(a)
Além dos ensaios de compressão uniaxial já discutidos, foram realizados ensaios para
a determinação de resistência à tração, módulo de elasticidade estático tangente inicial
(i.e., fct e fc e Eci ), e comportamento de tensão-deformação aos 28 dias. O módulo de
elasticidade estático tangente inicial foi determinado a partir de clip gages, conforme
recomendado pela ASTM C469 (ASTM, 2014), considerando os pontos de 0 e 40% do pico
de tensão. A Figura 5.11 apresenta o boxplot do módulo de elasticidade tangente inicial,
com valores máximos, mínimos e médios de 44 GPa, 38 GPa e 42 GPa, respectivamente. A
Fig. 5.12 apresenta o comportamento característico de tensão-deformação de compressão
para amostras de UHPFRC das vigas. Em pontilhado no mesmo gráfico pode-se observar
o modelo analítico de Carreira e Chu (1985), utilizado para calibrar numericamente as
vigas.
A resistência à tração uniaxial foi obtida em amostras de “dog-bone” (Figura 5.13a). O
deslocamento foi medido com base nos LVDTs com comprimento de 100 mm (ver Figura
95
5.13b) e a máquina de teste usada é a mesma dos testes de compressão. A média da
resistência à tração é de 10,67 MPa, com valores máximos e mínimos de 11,57 MPa e
9,11 MPa, conforme Figura 5.13c. Além disso, a Figura 5.13d apresenta a tensão de
tração das amostras. Existe um comportamento claramente de hardening no pico, típico
do comportamento à tração do UHPFRC, com deformação de pico de 3,29 ‰. A linha
pontilhada é o diagrama de tensão-deformação calibrado para as vigas de UHPFRC do
trabalho, conforme o modelo constitutivo de Krahl (2018).
E c
4 6
4 4 1 ,5 B o x
7 5 %
5 0 %
(G P a )
4 2
c i
2 5 %
E
4 0
- 1 ,5 B o x
3 8
Figura 5.11: Módulo de elasticidade tangente inicial das amostras das vigas
1 6 0 A m o s tra s e x p .
M o d e lo n u m é ric o c a lib ra d o
1 4 0
T e n sã o d e c o m p re ssã o (M P a )
1 2 0
1 0 0
8 0
6 0
4 0
2 0
0
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5
D e fo rm a ç ã o u n ia x ia l
96
60 30
85
40
330
80
30
40
LVDT
85
Vista Vista
Frontal Lateral
(a) Geometria do dog-bone (b) Configuração de ensaio
de tração uniaxial
A m o s tra s e x p .
1 2
M o d e lo c a lib ra d o
1 3 ,0 1 0
T e n s ã o d e tra ç ã o (M P a )
f c t
1 2 ,5
8
1 2 ,0
6
1 1 ,5 1 ,5 B o x
7 5 %
4
(M P a )
1 1 ,0
5 0 %
1 0 ,5
c t
2
f
1 0 ,0
2 5 %
0
9 ,5
-1 ,5 B o x 0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5 0 ,0 6
9 ,0
D e fo rm a ç ã o u n ia x ia l
8 ,5
(c) Box plot com valores de fct (d) Diagrama de tensão-deformação característico na tração
Optou-se por não ensaiar as amostras de tração direta do UHPC, pois o simples ato
de retirá-las das formas de dog bone já causavam fissuras, devido ao seu comportamento
frágil. Assim, era perigoso danificar os aparelhos LVDTs nos ensaios de tração direta.
Alternativamente, utilizou-se a curva do CEB FIB (CEB-FIP, 2010) com resistência à
97
tração de 2,5 MPa, conduzindo a resultados satisfatórios.
5.3.2 Dywidagr
A Fig. 5.14 apresenta o comportamento constitutivo de tração das barras de Dywidagr ,
obtidos por ensaio de tração uniaxial de um vergalhão instrumentado de 15 mm de diâ-
metro por 1000 mm de comprimento, efetuado na máquina servo-hidráulica Instrom, de
capacidade de 1500 kN:
1 2 0 0
1 1 0 0
T e n sã o (M P a )
1 0 0 0
9 0 0
8 0 0
L e i c o n s titu tiv a (E s = 2 0 0 0 0 0 M P a )
7 0 0
0 ,0 0 0 ,0 1 0 ,0 2 0 ,0 3 0 ,0 4 0 ,0 5 0 ,0 6 0 ,0 7 0 ,0 8
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a
98
hidráulico com controle de deslocamento, marca MTS modelo 244.41, com capacidade
para 300 kN. A Fig. 5.16 também indicam a posição dos LVDTs utilizados para obter o
deslocamento e curvatura da seção. Foram aplicados ao menos 5 ciclos de carregamento
em cada viga, para se identificar a evolução da danificação e estádios de fissuração da
peça. Os 5 ciclos foram definidos à partir de simulação numérica prévia das peças.
Fflex-cis Fflex
50
100
250
150
50
P P 25
25 57 57
250
Extensômetros Extensômetros
LVDT
LVDT
99
(a) Apoio móvel (b) Apoio fixo
vp2
dus = 1 − 2
(5.2)
vp0
100
62.5 1 2 3 75
4 50
5 50
7 6 8 75
125 50 125
2 3
4
5
7 6 8
Ultrassom
2 3
4
5
7 6 8
A frequência dos transdutores foi de 250 kHz e foi utilizado gel para acoplamento à
estrutura. A Figura 5.20 apresenta um resultado típico da medição ultrassônica, onde o
equipamento determina o tempo t para a onda ultrassônica atravesse longitudinalmente
o elemento estrutural.
101
-1 0 0
S in a l d o p u ls o
-8 0
-6 0
-4 0
A m p litu d e
-2 0
2 0 t
4 0
6 0
8 0
1 0 0
0 2 0 0 4 0 0 6 0 0 8 0 0 1 0 0 0
T e m p o ( µs )
Figura 5.20: Sinal típico obtido via ultrassom para a viga intacta
102
Tabela 5.4: Posição dos acelerômetros
A4 A3 A2 A1
A6 A5
A7
O impacto foi feito por um martelo convencional, sempre no meio do vão da viga. Para
a viga vibrar livremente era retirado o travamento entre o pórtico e a viga, e mantidos os
LVDTs. O sinal no tempo dos acelerômetros com vários impactos aplicados (e.g., 5.22)
foi transformado para o domínio da frequência, por meio de uma rotina implementada
em MATLAB, onde se obtém o valor da Power Spectrum Density (PSD), conforme a
Fig. 5.23, com resolução de frequência de 0,6 Hz. Do gráfico característico de sinal na
frequência ao longo dos ciclos, observa-se que a frequência do primeiro modo de vibração
de flexão decai sistematicamente, a medida que os ciclos de carregamento são impostos
nas peças. Conforme a Fig. 5.22, foram impostos ao menos 10 impactos na peça para se
obter as propriedades dinâmicas.
103
0 ,5
0 ,4
0 ,3
0 ,2
A m p litu d e (m /s 2)
0 ,1
0 ,0
- 0 ,1
- 0 ,2
- 0 ,3
0 5 1 0 1 5 2 0
T e m p o (s)
Figura 5.22: Sinal no tempo do acelerômetro 4 (meio do vão), da viga de UHPFRC (V03)
0 ,0 0 0 5 0
In ta c to
0 ,0 0 0 4 5
C ic lo 1
0 ,0 0 0 4 0 C ic lo 2
C ic lo 3
0 ,0 0 0 3 5 C ic lo 4
0 ,0 0 0 3 0
0 ,0 0 0 2 5
P S D
0 ,0 0 0 2 0
0 ,0 0 0 1 5
0 ,0 0 0 1 0
0 ,0 0 0 0 5
0 ,0 0 0 0 0
0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0 1 2 0 1 4 0
F re q . (H z )
Com a disposição dos acelerômetros, foi possível se verificar a deformada modal (Fig.
5.24) para o primeiro pico de flexão, caracterizado pela Fig. 5.23. Todas as análises foram
104
feitas considerando os sinais captados pelos acelerômetros posicionados próximos ao meio
do vão (i.e. AC2 e AC3).
0 ,0
- 0 ,2
D e fo rm a d a m o d a l
- 0 ,4 R u p tu ra
C ic lo 4
- 0 ,6 C ic lo 3
- 0 ,8 C ic lo 2
C ic lo 1
- 1 ,0 In ta c to
M é d ia
- 1 ,2
0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0
P o s iç ã o d o s a c e le rô m e tro s
O valor de danificação global da viga foi então determinado pela equação 5.3, consi-
derando para esta análise a diminuição da frequência do primeiro modo de vibração:
2
f1,i
df req = 1 − (5.3)
f1,0
Em que: f1,i é a frequência do primeiro modo de vibração no i-ésimo ciclo; e f1,0 é a
frequência do primeiro modo de vibração na condição intacta;
O amortecimento foi obtido no domínio da frequência conforme o método de largura
de banda de meia potência (EWINS, 1994; MCCONNELL; VAROTO, 2008), onde se
calcula o decaimento do pico de frequência no intervalo de ω1 à ω2 , conforme a Fig. 5.25
e Eq. 5.4. Os valores de amortecimento apresentados no presente trabalho sempre foram
obtidos para o primeiro pico de frequência natural (i.e., modo fundamental de flexão),
uma vez que este modo de vibração demanda menos energia para excitação.
ω2 − ω1
ξ= (5.4)
2ωn
105
Amax
Amplitude
1/2
Amax/2
w1 wn w2
Frequência
106
Método Polar
O Desta
métodoforma, os cálculos
de medição sãoserealizados
polar comem
fundamenta seguintes equações:
sistemas polares e equações trigonomé-
tricas para determinar posições de pontos de interesse (MARTINS, 2013). Como mostra
a Figura 5.27, é possível calcular a coordenada espacial de um ponto Q (XQ , YQ , HQ ),
𝑋𝑋𝑄𝑄 = 𝑋𝑋𝑃𝑃 + 𝑑𝑑′𝑃𝑃𝑃𝑃 . 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐�𝛽𝛽𝑃𝑃𝑃𝑃 �. 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠�𝐴𝐴𝐴𝐴𝑃𝑃𝑃𝑃 � (1)
108
(a) RTS (b) Tripé (c) Prisma (d) QRcode utilizado
como alvos
109
espaciais do centro óptico eram inseridas, conforme estão indicadas na Tabela 5.5; (ii)
Para uma maior precisão dos resultados, foram inseridas as condições de pressão e tempe-
ratura obtidas para a cidade de São Carlos - SP, segundo os dados do Instituto Nacional
de Meteorologia (Inmet) - http://www.inmet.gov.br/; (iii) Como mostra a Figura 5.30,
a RTS era direcionada para o prisma de referência com valor zero na direção horizontal
(α=Az=0º); (iv) Com a RTS devidamente estacionada, eram realizadas medições dos pon-
tos monitorados nas vigas (RTs), sucessivamente em cada série de aplicação de carga para
determinação das coordenadas espaciais e consequentemente suas variações no espaço.
Após a orientação dos pontos de apoio de QRCode por meio da RTS, eram obtidas
fotos para cada passo de carga, que constituíam um mosaico fotogramétrico. Para esta
etapa, utilizou-se de uma câmera profissional Canonr EOS30D. A Fig. 5.32 demonstra a
obtenção típica de imagens para a fotogrametria na viga UHPFRC-P Flex-Cis. A Fig,
5.31 apresenta o problema da obtenção da coordenada X1 por meio da fotogrametria.
110
X4
X1 X3
X2
X5 X7
p1,1
X6
p1,3
Câmera 1 p1,2
R1,t1
Câmera 3
R3,t3
Câmera 2
R2,t2
Figura 5.31: Problema da Fotogrametria(AGARWAL et al., 2010)
111
Segundo Ozyesil et al. (2017), o problema da fotogrametria colocado na Fig.5.31 é
dado pela minimização de uma função espacial não linear g(X,R,T) chamada de estrutura
multivista do movimento (SfM). A função SfM dependente da posição das câmeras Rj , das
coordenadas espaciais conhecidas Xi (i.e., posições dos QRcodes monitorados) e do tempo
de captura T em que a cena ocorreu. Como as medidas eram feitas com a viga em repouso,
o tempo de captura T neste caso poderia ser negligenciado. Outra particularidade desta
técnica, é que foi estabelecido um sistema de coordenadas para os QR codes, e assim, a
câmera não necessitava ficar estática em um ponto conhecido, tendo o FotoScan Agisoft
a capacidade de reconhecer o QR Code e os associar ao sistema de coordenadas. Após os
ensaios, as fotos são carregadas no Agisoft Photoscan r (Fig. 5.33).
Como primeiro passo, o programa realiza o alinhamento das fotos, e posterior compa-
ração entre as mesmas, com o objetivo de se produzir um mosaico com mais precisão e
eliminar as fotos espúrias. Nesse estágio, o Agisoft Photoscan r também encontra a posi-
ção e a orientação da câmera para cada foto e constrói um modelo de nuvem de pontos.
Nesta etapa do trabalho os seguintes parâmetros foram adotados:
• A acurácia foi usada como “Highest” para tentar forçar um alinhamento mais preciso
do conjunto das fotos;
112
• A opção de Reset current alignment foi utilizada para sempre limpar o processo de
alinhamento e assim buscar o melhor alinhamento sem utilizar valores de alinha-
mentos anteriores;
113
Figura 5.34: Mosaico - para a viga UHPFRC-P-Flex-Cis
114
m m
0.7
m
8m
m m
1
1.
Figura 5.36: Medida da abertura de fissuras
A Fig. 5.37 apresenta os box plots que medem o erro absoluto cometido nas duas
direções X e Y do plano das vigas estudadas (em mm), sendo este valor obtido entre a
diferença absoluta entre os pontos de controle da ortofoto e da estação total. Nota-se, que
apesar da variabilidade, a distribuição apresenta média centrada em zero, o que demonstra
o potencial da técnica de fotogrametria para o monitoramento estrutural e identificação
do dano e caminhamento de fissuras. A ocorrência de valores extremos pode surgir devido
a uma fissura que rompe o marco do ponto de controle, como por exemplo nas Figs. 5.32
e 5.36, ou condições adversas de luminosidade. Já a Figura 5.38 apresenta o valor médio
de dimensão de um pixel, em mm. Da Figura, nota-se que a partir de 0,2 mm a técnica
apresenta capacidade de se obter o valor de estimativa para abertura de fissuras.
115
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
1 5 In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
M é d ia
P o n to s E x p .
1 0
∆y o u ∆x ( m m )
-5
-1 0
U
U
H
H
PF
PF
PC
PF
PC
R C
R C
R C
P
-P
-F
-P
-P
le
-F
x-
le
C i
x-
s
C is
Figura 5.37: Erro no plano da técnica de fotogrametria
M é d ia ± D e s v io p a d rã o
0 ,7 In te r v a lo d e n tr o 1 ,5 IQ R
M e d ia n a
M é d ia
0 ,6
P o n to s E x p .
0 ,5
E rro p ix e l (m m )
0 ,4
0 ,3
0 ,2
0 ,1
0 ,0
U
U
H
H
PF
PF
PC
PF
PC
R C
R C
R C
P
P-
F
-P
-P
le
-F
x-
C
le
is
x-
C i
s
116
Para cada tipo de viga, ainda obteve-se por meio das ortofotos o valor de comprimento
de danificação Ldan , conforme a Fig. 5.39, uma medida simples do comprimento linear de
onde houve fissuração das vigas ao longo do vão. Dividindo-se o comprimento linear de
todas as fissuras vetorizadas (LF iss ) por Ldan , obtém-se a densidade de fissuras ao longo
do eixo da viga (df issuras ), conforme a Eq. 5.8:
Lf iss
df issuras = (m/m) (5.8)
Ldan
0.4
1.70
117
118
Capítulo 6
119
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Mar 29 10:31:16 E. South America Standard Time 2020
(a)
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Mar 29 MalhaE.de
23:26:47 50 America
South mm Standard Time 2020
(b) Malha de 25 mm
120
Krahl (2018). Conforme a prescrição da AFGC (2013), o diagrama de tração analítico
que foi obtido pelo comportamento de corpos de prova (i.e., Fig. 5.13d) foi dividido pelo
fator de orientação global das fibras, i.e., Kglobal = 1, 23, que computa a diferença entre
as orientações de um corpo de prova e uma estrutura real (AFGC, 2013).
Além da correção do parâmetro Kglobal , foi necessário se considerar a influência da
abertura de fissuras para o CDP. Assim, como o resultado de tração foi obtido para um
LVDT com curso de 100 mm, se corrigiu a influência para as malhas de 25 mm e 50
mm, multiplicando-se as deformações calibradas pelo fator proporcional que considera o
√
tamanho da largura de banda das malhas Lc = 3 Vel , em que Vel é dado pelo volume do
elemento finito. Além disso, o parâmetro de dano de Birtel (i.e., bt ) também foi corrigido
para a malha de 25 mm para bt = 0, 5.
1
Valor calibrado
2
Valor calibrado para a viga UHPC-P-Flex
3
Valor calibrado para a viga UHPC-P-Flex-Cis
121
1 ,2 1 6 0
L e i d e d a n o ( b c = 0 ,7 )
1 ,0
L e i c o n s titu tiv a 1 4 0
1 2 0
0 ,8
T e n sã o (M P a )
Ín d ic e d e D a n o
1 0 0
0 ,6
8 0
0 ,4
6 0
0 ,2
4 0
0 ,0
2 0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 5 0 ,0 1 0 0 ,0 1 5 0 ,0 2 0 0 ,0 2 5 0 ,0 3 0 0 ,0 3 5 0 ,0 4 0 0 ,0 4 5
D e f. in e lá s tic a
9
1 ,0 L e i d e d a n o
M o d e lo c o n s titu tiv o 8
7
0 ,8
6
T e n sã o (M P a )
m m
Ín d ic e d e d a n o
= 5 0
M a
0 ,6
M a l
lh a 5
M a )
lh a
0 , 3
(b t=
h a =
m
= 2 5 m
= 2
M a lh a 4
0 ,4 0 ,5 )
5 m
(b t=
5 0 m
3
m
0 ,2
2
1
0 ,0
0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0 0 ,1 2 0 ,1 4 0 ,1 6 0 ,1 8 0 ,2 0
D e f. in e lá s tic a
Da mesma forma, a Tabela 6.1.b apresenta os valores utilizados nos modelos numéricos
de concreto de UHPC (i.e., vigas UHPCP-Flex e UHPCP-Flex-cis). Utilizou-se o com-
portamento linear elasto-plástico perfeito para a compressão, com deformação inelástica
122
de 0 para a tensão de pico de 120 MPa. Como não foram feitos ensaios de tração direta,
utilizou-se do comportamento bilinear do CEB FIP(CEB-FIP, 2010) com lei de dano de
tração simplificada (SINGH et al., 2017), conforme a Eq. 6.1.
σi
dt = 1 − (6.1)
fct
A Fig. 6.3. apresenta o comportamento de tração para as vigas protendidas consti-
tuídas de UHPC, com correção efetuada para a malha:
1 ,2
L e i d e d a n o 3 ,0
L e i c o n s titu tív a
1 ,0 m
5 0 m 2 ,5
lh a
M a a 2 5
m m
0 ,8
M a lh 2 ,0
T e n sã o (M P a )
Ín d ic e d e d a n o
0 ,6
1 ,5
0 ,4
M a lh 1 ,0
a 2 5
m m
0 ,2 M a 0 ,5
lh a
5 0
m m
0 ,0 0 ,0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 1 0 ,0 0 2 0 ,0 0 3 0 ,0 0 4 0 ,0 0 5 0 ,0 0 6
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a
Para a análise estática geral, foram utilizados incrementos mínimos de 1E-9 e máximos
de 0,05, com máximo número de incrementos de 1E9. Para cada ciclo de carregamento ou
descarregamento foi criado um step. Como critério de parada, a simulação foi realizada
até o atingimento de deslocamento máximo ou então incremento necessário menor que
1E-9. As análises das vigas I sob carregamento cíclico demoraram em média meia hora
para a malha de 50 mm e 4 horas para a malha de 25 mm.
123
6.2 Momento curvatura
Baseado nas equações de dimensionamento foi desenvolvido um código computa-
cional em MATLAB para obter a relação entre momento x curvatura (i.e., M x Φ). O
fluxograma da Fig. 6.4 apresenta o algorítimo para tal programa.
Inicialmente, considera-se o regime elástico linear para o aço e concreto, se obter os
valores de curvatura referentes à protensão, neutralização e momento de fissuração. Após
este ponto, aplica-se o método de Newton para se obter o equilíbrio da seção, respeitando
as leis constitutivas linear para o concreto e da Fig. para o aço. A análise é conduzida com
tolerância de 10−4 e critério de parada quando o aço ou concreto atingir a deformação
última estipulada (i.e., st = 10 ‰ e cud determinado pela Eq. 3.1). No ELU utiliza-
se a distribuição de tensões conforme o item 3.2. As Figs. 6.5a, 6.5b e 6.5c apresenta
respectivamente as leis constitutivas de concreto em tração e compressão, e dywidag.
Início
F = F + DF,
Não
Atualização
Sim eaço < eult xLN
FIM ? xLN = xLN- (Fint/∇Fint)
econc. < ecu
Mrd
econc → Fc, conc., et, conc → Ft, conc.,
Mult eaço → Ft, aço,
Mfiss
Resultante de Forças
Ffiss. Fult F
Equilíbrio de Sim Não Gradiente das
Momentos → MRd SF = 0 ? Forças → ∇Fint
Método de Newton
124
8 7 0
L e i c o n s titu tiv a tra ç ã o L e i c o n s titu tiv a c o n c re to
7 6 0
6
T e n s ã o d e tra ç ã o (M P a )
5 0
T e n sã o (M P a )
4 0
4
3 0
3
2 0
2
1 1 0
0 0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8 0 ,0 1 0 0 ,0 1 2 0 ,0 1 4 0 ,0 1 6 0 ,0 1 8 0 ,0 0 0 0 0 ,0 0 0 5 0 ,0 0 1 0 0 ,0 0 1 5 0 ,0 0 2 0 0 ,0 0 2 5
D e fo rm a ç ã o D e fo rm a ç ã o
(a) Lei constitutiva de tração do concreto (b) Lei constitutiva de compressão do concreto
1 2 5 0
L e i c o n s titu tiv a d y w id a g
1 0 0 0
T e n sã o (M P a )
7 5 0
5 0 0
2 5 0
0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8 0 ,0 1 0 0 ,0 1 2 0 ,0 1 4 0 ,0 1 6 0 ,0 1 8
D e fo rm a ç ã o
1 2y
=Φ= 2 (6.2)
R y + 0, 162 .L2
Em que: 1/R é a curvatura da viga; y é a diferença entre o deslocamento central e os
instalados no terço do vão (vide Fig. 5.15); L é o comprimento do vão da viga da Fig.
6.7.
125
O
R R
D' E'
M
y = Dmv - DL
D' E'
126
Capítulo 7
127
Tabela 7.1: Resultados das vigas ensaiadas
2 0 0
1 5 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 0 0
5 0 U H P F R C - P (V 0 1 )
U H P F R C - P (V 0 2 )
U H P F R C (V 0 3 )
U H P C - P (V 0 4 )
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )
2 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 5 0
1 0 0
5 0
U H P F R C -P (V 0 5 )
U H P C -P (V 0 6 )
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0
D e s l. te rç o d o v ã o (m m )
128
7.1.2 Comportamento cíclico das vigas submetidas à flexão e flexo-
cisalhamento
As Figuras 7.2 e 7.3 apresentam as respostas numérico experimental de força x
deslocamento cíclicas para os perfis protendidos de UHPFRC, submetidos à carregamento
flexional de três pontos no meio do vão (i.e., UHPFRC-P-Flex V01 e V02). Nota-se que
a força máxima experimental foi igual à 176 kN, enquanto que o modelo numérico com
malha de 50 mm apresentou força máxima de 185 kN, o que demonstra erro entre os
modelos numérico e experimental de 4,5 %.
Para a viga não protendida submetida à flexão (i.e., UHPFRC), a força resistente
experimental foi de 182 kN contra 183 kN do modelo numérico com malha de 50 mm,
o que demonstra uma diferença entre os modelos de 1 % (vide Fig. 7.4). Os modelos
com malha mais refinada (i.e., 25 mm), ficaram com erro na ordem de 10 - 11 %. Este
comportamento de aumento da força nos modelos com malha mais refinada pode ser
atribuído a concentração de dano nos elementos de pequena dimensão, causando grau de
singularidade que superestima a resposta numérica em relação à experimental.
2 0 0
1 5 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 0 0
5 0 U H P F R C -P (V 0 1 )
N u m é ric o
m a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )
Figura 7.2: Resposta em força deslocamento das vigas de UHPFRC: V01 protendida -
UHPFRC-P-Flex
129
2 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 5 0
1 0 0
U H P F R C - P (V 0 2 )
N u m é ric o
5 0
m a lh a d e 2 5 m m
m a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )
Figura 7.3: Resposta em força deslocamento das vigas de UHPFRC: V02 protendida -
UHPFRC-P-Flex
2 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 5 0
1 0 0
U H P F R C (V 0 3 )
5 0 N u m é ric o
M a lh a d e 2 5 m m
M a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )
Figura 7.4: Resposta em força deslocamento das vigas de UHPFRC: V03 sem protensão
- UHPFRC-Flex
A Fig. 7.5 apresenta uma foto convencional que destaca a ruptura característica por
flexão da viga de UHPFRC-P. Já a Fig 7.6 apresenta a foto da ruptura por flexão da viga
130
UHPFRC. As marcações efetuadas nas vigas associam o surgimento das fissuras ao valor
de força imposto na peça. Destas fotos convencionais, observa-se a região de arrancamento
de fibras, ocorrendo no plano de flexão (vide Fig. 7.7).
131
Figura 7.6: Ruptura da viga UHPFRC sem protensão (V03)
132
A Fig. 7.8.a e b apresenta o diagrama de força aplicada versus a deformação observada
nas armaduras no ponto do terço do vão, para modelo numérico e experimental, para as
vigas UHPFRC-P (V02) e UHPFRC (V03).
2 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 5 0
1 0 0
N u m é ric o
5 0 E x t. 1 e 2
E x t. 3 e 4
E x t 5 e 6
E x t 7 e 8
0
0 ,0 0 0 0 0 ,0 0 0 5 0 ,0 0 1 0 0 ,0 0 1 5 0 ,0 0 2 0 0 ,0 0 2 5 0 ,0 0 3 0 0 ,0 0 3 5 0 ,0 0 4 0
D e f. u n ia x ia l d a b a rra
2 0 0
1 5 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 0 0
5 0 N u m é ric o
E x t. 1 e 2
E x t. 3 e 4
E x t. 4 e 6
0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 1 0 ,0 0 2 0 ,0 0 3 0 ,0 0 4 0 ,0 0 5
D e fo rm a ç ã o u n ia x ia l d a b a rra
133
carregamento de flexão é apresentado conforme a Fig. 7.9. Nota-se um pico de força
experimental de 60 kN, i.e., aproximadamente 70% menor que o pico de força das vigas
que contém fibras metálicas. O deslocamento último é de 7 mm, valor 70 % menor que
as vigas de UHPFRC com 2% de fibras. Portanto, a ausência das fibras metálicas indica
a ruptura frágil e catastrófica, com força muito menor que os modelos com Vf = 2 %. Os
modelos de malha com 25 mm e 50 mm apresentaram Fmax de 71 e 62 kN, respectivamente.
A foto convencional da Fig. 7.10 apresenta como as fissuras do UHPC são espaçadas
na ruptura, fenômeno que ocorre devido à falta de fibras. Além disso, a mesma foto
demonstra que embora o carregamento seja aplicado no meio do vão, a fissura que gera
o colapso da peça é claramente diagonal, o que demonstra que a combinação da baixa
resistência à tração do concreto sem fibras, juntamente com a ausência de estribos e
características geométricas da seção transversal gera um modo de falha preponderante de
cisalhamento.
8 0
7 0
6 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
5 0
4 0
3 0
U H P C -P (V 0 4 )
2 0 N u m é ric o
m a lh a d e 2 5 m m
1 0 m a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 2 4 6 8 1 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )
134
Figura 7.10: Ruptura da viga UHPC protendida (V04)
135
2 5 0
2 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 5 0
1 0 0
U H P F R C - P (V 0 5 )
N u m é ric o
5 0
m a lh a d e 2 5 m m
m a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )
7 0
6 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
5 0
4 0
3 0
U H P C -P (V 0 6 )
2 0 N u m é ric o
m a lh a d e 2 5 m m
1 0 m a lh a d e 5 0 m m
E x p e rim e n ta l
0
0 1 2 3 4 5 6
D e s l. m e io d o v ã o (m m )
As fotos convencionais das Figs. 7.13 e 7.14 apresentam o modo de falha para as vigas
em flexo-cisalhamento, respectivamente para a viga de UHPFRC-P-Flex-cis e UHPC-P-
Flex-Cis. Nota-se que as fibras geram um modo de falha com fissuração muito mais difusa
136
para a viga UHPFRC-P-Flex-Cis, enquanto que a viga de UHPC apresentam poucas
fissuras que evoluem de forma catastrófica para uma ruptura frágil.
A Fig. 7.15 apresenta o diagrama de força aplicada versus a deformação observada nas
armaduras embaixo do ponto de aplicação de força, para modelo numérico e experimental,
respectivamente para as vigas UHPFRC-P-Flex-Cis (V05):
137
2 5 0
2 0 0
F o rç a A p lic a d a (k N )
1 5 0
1 0 0
5 0
N u m é ric o
E x t. 1 -2
E x t. 3 -4
0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8 0 ,0 1 0
D e f. u n ia x ia l d a b a rra
Figura 7.15: Relação força aplicada pela deformação uniaxial da barra (Viga UHPFRC-
P-Flex-Cis)
A Tabela 7.2 apresenta os valores resumidos de Força máxima (Fmax ) para cada modelo
experimental e numérico (i.e., com malha refinada de no máximo 30 mm e malha de 50
mm). Efetuando-se uma análise dos dados apresentados pela Tabela 7.3, nota-se que a
relação entre os modelos numérico e experimental apresenta média de 1,05, com valores
máximos e mínimos de 1,11 e 0,92, respectivamente.
138
7.2 Modelo analítico de flexão e cortante
A Fig. 7.16 apresenta a comparação de força máxima obtida pelos modelos numé-
rico, experimental e analítico (cortante máxima vs. momento fletor máximo). Observa-se
que para todos os casos de vigas de UHPFRC, os valores de forças máximas analíticas fo-
ram próximos aos valores numérico e experimentais, o que demonstra que para a condição
de carregamento, há modo de falha misto com fissuras de flexão e inclinadas de cisalha-
mento, mostrando a contribuição dos dois esforços na ruína das peças. Assim, mesmo nos
casos de carregamento predominantemente de flexão, as fissuras diagonais foram notáveis,
o que justifica os valores do modelo analítico de cortante próximo dos valores numérico
experimentais.
Devido à configuração de aplicação de força perto do apoio e distribuição de esforços
na viga, a menor resistência analítica para o cisalhamento das vigas de UHPFRC foi ob-
servada para a viga UHPFRC-P-Flex-Cis. Este fato comprova o modo de falha observado
experimentalmente, onde é observada uma grande fissura oriunda de tração diagonal que
leva a peça à ruína.
Quanto às vigas de UHPC-P, nota-se valores de resistência ao cisalhamento muito
menores que às forças máximas obtidas para o caso de flexão, o que induz o modo de
falha de cortante nestas peças, devido à baixa resistência a tração do concreto. Portanto,
o valor em roxo de momento fletor não representa a ruína das vigas de UHPC.
Cabe salientar que a angulação das bielas utilizada no cálculo analítico da força má-
xima de cisalhamento foi determinada conforme o valor da média de inclinação obtida
pelos resultados de fotogrametria, i.e.,: 40º para UHPFRC-P, 42º para UHPFRC e 32º
para UHPFRC-P-Flex-Cis, conforme as Figs. 7.17, 7.18 e 7.19.
139
2 1 1
2 0 0 1 9 1 1 9 1
1 9 0
1 8 5
1 7 8 1 8 2 1 8 6 1 8 1 1 8 3 1 8 1 1 8 8 1 7 9 1 8 5
1 7 5
1 6 8
1 5 0 1 4 4
F o rç a m á x im a (k N )
1 0 0 9 3 ,1
6 2 6 5 ,4
5 9 5 9 ,6 5 9
5 0 4 5
0
U H P C -P U H P F R C -P (V 0 1 ) U H P F R C -P (V 0 2 ) U H P F R C U H P F R C -P -F le x -C is U H P C -P -F le x -c is
F o rç a m á x im a o b tid a v ia m o d e lo :
N u m é ric o
E x p e rim e n ta l
M o m e n to fle to r a n a lític o
C o rta n te a n a lític o
Figura 7.16: Comparação das forças máximas obtidas pelos modelos numérico, experi-
mental e analítico
0.2-0.3
30º
50º 40º
34º 34º
52º
140
36º 25º
36º
30º
141
1 2 0
1 0 0
M o m e n to R e s is te n te ( k N .m )
8 0
6 0
4 0
U H P F R C (V 0 3 )
E x p e rim e n ta l (L V D T )
2 0
M o d e lo T e ó ric o
N u m é ric o (C D P )
0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0 0 ,1 2
C u r v a tu r a Φ−( m -1
)
(a) UHPFRC
0 ,1 2
0 ,1 0
M o m e n to R e s is te n te ( k N .m )
0 ,0 8
0 ,0 6
0 ,0 4
U H P F R C (V 0 2 )
E x p e rim e n ta l
0 ,0 2
M o d e lo te ó ric o
N u m é ric o (C D P )
0 ,0 0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0
C u r v a tu r a Φ−( m -1
)
(b) UHPFRC - P
7.3 Fotogrametria
Nesta seção serão apresentadas as ortofotos obtidas pelo monitoramento efetuado
nas vigas, bem como a comparação com os modelos numéricos de dano. O leitor mais
interessado é convidado a utilizar o recurso de zoom in para detectar as fissuras nas
peças. Além disso, cabe salientar que algumas ortofotos foram suprimidas desta seção,
sendo apresentadas na íntegra do anexo V.
142
(a)
flexão (i.e., UHPFRC-P e UHPFRC). As ortofotos foram obtidas na posição intacta e
posição residual entre ciclos. As Figs. 7.22 e 7.24 apresentam a resposta dos modelos
numéricos de dano para as vigas armada e protendida.
(a)
0.3-0.2
0.6 0.3
(a)
(b) 0.3-0.2
0.6 0.3
(a)
(a)(b)
Intacto 0.3-0.2
0.6 0.3
(a)
0.3-0.2
0.6 0.3
(b)
(c)o 1º ciclo
0.3-0.2
0.6 0.3
(b) após
0.3-0.2
0.6 0.3
(b)
(c)
0.5-1.1
0.3
(c) após
0.3
0.5 o 2º ciclo
0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
(c)
0.2
0.3-0.2 0.5-1.1
0.6 0.6 0.3
0.3-0.2
0.6 0.3
(d)
(c)
0.3
(c)
(d) após o 3º ciclo
(d)0.3
0.2
0.5
0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
0.5-1.1
0.6 0.5-1.1
0.5-1.1
0.3 0.3
0.2
0.5
0.6 (d) 0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
0.5-1.1
0.5-1.1
(d)
(e) 0.3
0.2
0.3
0.2-0.4
0.2
1.4
0.4
1.4
0.1
0.1
0.3
0.3
0.6
0.5
0.5
0.7
3
0.4-2
0.4
(d) 0.6
(e)
1-4.3
0.2-0.4 0.1
0.6
1-4.3
0.2-0.4 0.1
(e)
0.2-0.3 0.3 0.3
0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2
2.2
0.6
1-4.3
0.2-0.4 0.1
(e)
2.2
(e)
143
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:40:37 E. South America Standard Time 2020
(a) E.Intacto
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:41:11 South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:41:24 E. South America Standard Time 2020
(b) após o 1º ciclo
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:41:45 E. South America Standard Time 2020
(c) após o 2º ciclo
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:42:13 E. South America Standard Time 2020
(d) após o 3º ciclo
144
(a)
(a)
(a)
(a)
0.2 0.3
(a)
(a) Intacto
(b)
0.2
0.2
0.3
0.3
(b)
0.2 0.02
0.2
0.1 0.2
0.3
0.2
0.2
0.4-0.3
(b)o 1º ciclo 0.1 0.2-0.4
(b)
0.2
(b) após
0.4
0.2 0.02
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.2 0.2
0.3
0.4-0.3
0.4
(c)
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
0.2 0.2 0.02
0.4
0.2
0.1
0.2-0.3
0.2
0.2
0.3
0.3-0.5
0.2
0.2
0.2
0.4-0.3
0.2 0.4
0.2
0.2
0.2
(c)
0.3
0.3
0.02
0.3
0.1
0.3
0.4
0.2-0.4
0.2-0.3 0.3-0.4
0.2 0.3
(c)
0.2
(c)
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2 0.3
0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3
(c)
0.3-0.5
0.3
0.3 0.3
0.3
0.4
0.5 0.3
0.2-0.3
0.2-0.3
0.3-0.5
0.3-0.4
0.2 0.4
0.2
0.2
(d) 0.2
0.3
0.3
0.3
0.2 0.3
(d)
0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.4 0.3
0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2
0.5 0.3
0.3
(d)
0.3 0.3
0.4
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8 0.50.02 0.7-1.2 0.3
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
(d)
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1
0.7-1.2
0.6 0.6 0.7-1.2
(d)
0.3-0.2 0.3-0.2 0.6
0.1-0.2 0.3-0.2 0.9
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8 0.02 0.7-1.2
0.3 0.3 0.3
(e)
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.2-0.3 0.4-1.8 0.5 0.02 0.02 0.7-1.2
0.1-0.2 0.5 0.2 0.5
0.3
0.2-0.3
0.2-0.3
0.4-1.8
0.2-0.3 0.2-0.6 0.2 0.8-1.2 0.3
0.3-0.2 0.2 0.3 0.1-0.2 0.3 0.1 0.1
(e)
0.2-0.3 0.2-0.3 0.1-0.2
0.2-0.3 0.2-0.6 0.2 0.3-0.2
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.7-1.2
0.2
0.2-0.3
0.1-0.2
0.4
0.4
0.3
0.30.3-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.4
0.4-0.2 0.6 0.6 0.6
0.1-0.2
0.9
0.7-1.2 0.1 0.3-0.5
(e)
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1
0.7-1.2
0.1-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.3-0.2 0.6 0.6 0.6
0.9
0.7-1.2
(e)
(e)
145
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 21:45:13 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 21:46:45 E. South America Standard Time 2020
(a) Intacto
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 21:47:23 E. South America Standard Time 2020
(b) após o 1º ciclo
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 21:49:49 E. South America Standard Time 2020
(d) após o 3º ciclo
146
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
0.2 0.2
0.4
0.2 0.3
0.3-0.2
0.6 0.3
(c)
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2 0.40.3
0.3-0.5
0.3-0.4
0.3
0.2 0.4
0.2
0.2
(b) 0.2
0.3
0.3
0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3
0.3 0.3
0.3
0.4
0.5 0.3
(c)
(a) antes da ruptura/4º Ciclo
(e)
0.5-1.1
Figura 7.25: Comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga UHPFRC
(d)
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 01 22:42:13 E. South America Standard Time 2020
Figura 7.26: Comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga UHPFRC-P
Os valores das aberturas de fissuras residuais das ortofotos foram então estimados
em um software CAD. O valor da abertura de fissuras máximo observado na viga com
armaduras passivas (UHPFRC - V03) é apresentado nas Figs. 7.27, 7.28 e 7.29, para cada
ciclo de carregamento. Já as Figs. 7.30, 7.31 e 7.32 apresentam os valores de estimativa
abertura de fissuras máximas observados na viga protendida (UHPFRC-P). As ortofotos
do presente trabalho estão em resolução suficiente para que o leitor interessado possa
utilizar o recurso de zoom in para identificar as fissuras residuais. As fissuras residuais
147
vetorizadas e indicação do valor estimado de abertura de fissuras podem ser consultadas
no Anexo V.
Notam-se, para os dois casos, fissuras na região diagonal e central, demonstrando a
influência simultânea dos modos de falha de flexão e cisalhamento. A viga com armaduras
ativas apresenta fissuras maiores após o terceiro ciclo de carregamento (i.e., F/Fmax =
0, 8), e isto é gerado pelo fenômeno da localização de fissuração devido à força de protensão.
Outro fator interessante a ser destacado é a observação dos estádios de fissuração nas
ortofotos e modelo numérico. O primeiro carregamento ocorre com pequena danificação
sem ser observadas fissuras nas fotos, demonstrando o estádio I da ABNT NBR 6118:2014
(ABNT, 2014). Posteriormente, notam-se o crescimento de fissuração na região central
em direção à região comprimida (estádio II), até a iminência da ruptura (estádio III) e
colapso.
0,3mm
148
0,5mm
0,5 mm
0,6 mm
1,2 mm
0,3 mm
149
1,1 mm
0,6 mm
26 mm 3 mm
A Figura 7.33 apresenta as ortofotos com fissuras vetorizadas para a viga sem fibras
UHPC-P, após ciclos de carregamento. Já a Figura 7.34 apresenta a danificação de tração
para o modelo numérico descarregado. Nota-se o espaçamento maior de fissuração, devido
à falta das fibras metálicas na mistura, o que concentra o dano e gera o modo de falha de
cisalhamento.
150
(a)
(a)
(b)
(a) condição intacta
(a)
0.4
0.1 0.3
151
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:19:55 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:23:15 E. South America Standard Time 2020
(a) condição intacta
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:24:24 E. South America Standard Time 2020
(b) após o primeiro ciclo
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:25:50 E. South America Standard Time 2020
(c) após o 2º ciclo
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:26:14 E. South America Standard Time 2020
(d) após o 3º ciclo
152
A Fig. 7.35 apresenta a comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga de
UHPC-P:
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Apr 05 16:26:14 E. South America Standard Time 2020
Figura 7.35: Comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga UHPC-P
As Figs. 7.36 e 7.37 apresentam a evolução das maiores fissuras detectáveis para a
viga de UHPC protendida ao longo do último e penúltimo carregamento. As fissuras
do UHPC evoluem drasticamente devido à fragilidade do material, gerando uma ruptura
frágil e catastrófica. Devido à falta de fibras e estribos, o modo de falha crítico passa a
ser de cisalhamento, o que é demonstrado pela ruptura diagonal da peça. As ortofotos
referentes a condição intacta e ciclos 1 e 2 encontram-se no Anexo V, não sendo detectadas
fissuras nestes estágios.
Assim, após o primeiro ciclo de força (i.e., 60 % de Fmax ) o modelo numérico acusa
danificação de flexão, mas ainda não existem fissuras detectáveis na ortofoto. No terceiro
ciclo, aparecem fissuras diagonais detectáveis, na ordem média de 0,4 mm e 0,5 mm.
O crescimento de uma grande fissura de cisalhamento invade a região comprimida, pro-
vocando uma ruptura frágil quando comparada às vigas de UHPFRC. Esta danificação
também pode ser visualizada no modelo numérico, por meio do dano de tração nestas
regiões (Fig. 7.35).
153
0,5 mm 0,4 mm
0,9 mm
0,3 mm
Com o intuito de se obter o comportamento global das vigas de UHPFRC nas posições
residuais, os pontos obtidos pela técnica de fotogrametria e estação total são apresentados
pela Figs. 7.38.a e b, para as vigas de UHPFRC solicitadas à flexão (i.e., UHPFRC e
UHPFRC-P). Estes pontos foram ajustados por um polinômio de nono grau, conforme
a Eq. 7.1. Os coeficientes de tal polinômio são apresentados nas Tabelas 7.4 e 7.5 com
valores de R2 mínimos de 0,9.
δres = A + B1 x + B2 x2 + B3 x3 + B4 x4 + B6 x6 + B7 x7 + B8 x8 + B9 x9 (7.1)
154
0 ,0 0 2
0 ,0 0 1
0 ,0 0 0
- 0 ,0 0 1
F le c h a re s id u a l (m )
- 0 ,0 0 2
- 0 ,0 0 3
- 0 ,0 0 4
- 0 ,0 0 5
- 0 ,0 0 6 C ic lo
- 0 ,0 0 7 4
- 0 ,0 0 8 3
- 0 ,0 0 9 2
- 0 ,0 1 0
1
- 0 ,0 1 1
- 0 ,0 1 2 in ta c to
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0
E ix o lo n g itu d in a l (m )
(a) Deformada residual da viga de UHPFRC
0 ,0 0 2
0 ,0 0 1
0 ,0 0 0
- 0 ,0 0 1
- 0 ,0 0 2
F le c h a re s id u a l (m )
- 0 ,0 0 3
- 0 ,0 0 4
- 0 ,0 0 5
C ic lo
- 0 ,0 0 6 4
- 0 ,0 0 7 3
- 0 ,0 0 8 2
- 0 ,0 0 9 1
- 0 ,0 1 0 In ta c to
- 0 ,0 1 1
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0
E ix o lo n g itu d in a l (m )
155
Tabela 7.4: Coeficientes da equação de flecha residual (Viga de UHPFRC)
Obtendo a segunda derivada dos polinômios das Tabelas 7.4 e 7.5, pode-se determinar
uma expressão para a curvatura das vigas. Neste sentido, a Fig. 7.39.a e b apresenta
a comparação entre estes valores de curvatura residual obtida pelos LVDTs e a técnica
de fotogrametria. Da comparação entre as duas técnicas, notam-se valores próximos até
o terceiro ciclo de carregamento. À partir do quarto ciclo, as seções apresentam muita
danificação, o que prejudica as hipóteses de cálculo das curvaturas. Da comparação entre
as seções protendida e armada, nota-se que nos primeiros ciclos a protensão diminui o
giro da seção.
156
0 ,0 3 5 0 ,0 5
U H P F R C -P U H P F R C
0 ,0 3 1 3
0 ,0 3 0
F o to g ra m e tria F o to g ra m e tria 0 ,0 4 2
L V D T 0 ,0 4 L V D T
0 ,0 2 5 0 ,0 2 4 0 ,0 3 3 5
C u r v a t u r a - Φ (1 / m )
C u r v a t u r a - Φ (1 / m )
0 ,0 3
0 ,0 2 0
0 ,0 2 3
0 ,0 1 5 0 ,0 1 4 0 ,0 1 3 6 0 ,0 2
0 ,0 2
0 ,0 1 4 8
0 ,0 1 0 0 ,0 1 2
0 ,0 0 6 3 0 ,0 0 6 9 2 0 ,0 1
0 ,0 0 5
0 ,0 0 0 0 ,0 0
2 3 4 2 3 4
C ic lo C ic lo
A comparação entre as flechas residuais no meio do vão obtidas pela medição da téc-
nica de Fotogrametria + RTS, sensor LVDT e comparadas ao modelo numérico com malha
de 50 mm é apresentada na Fig. 7.40, para as vigas UHPC-P, UHPFRC e UHPFRC-P.
Observa-se a diminuição drástica do deslocamento último na peça de UHPC em compa-
ração às vigas que contém fibras, o que conduz a um deslocamento residual final cinco
vezes menor.
1 4
1 2
1 0 U H P C -P
F le c h a re s id u a l (m m )
M o d e lo n u m é ric o
8 L V D T
F o to g ra m e tria e R T S
6 U H P F R C
L V D T
4 F o to g ra m e tria e R T S
M o d e lo n u m é ric o
2 U H P F R C -P
L V D T
0 F o to g ra m e tria e R T S
M o d e lo n u m é ric o
0 1 2 3 4
C ic lo
Figura 7.40: Comparação das flechas rei duais do UHPC-P com UHPFRC e UHPFRC-P
157
7.3.2 Vigas sob flexo-cisalhamento
As Figs. 7.41 e 7.42 apresentam as comparações entre as ortofotos com fissuras
vetorizadas e o dano à tração obtido pelos modelos numéricos para as viga de UHPFRC-
P-Flex-Cis. A viga de UHPC-P (Figs. 7.43 e 7.44) apresenta o mesmo modo de falha,
porém não apresenta fissuras detectáveis até o terceiro ciclo, com formação de fissuras
rápida e catastrófica no penúltimo e último ciclos. Mais uma vez, a ausência de fibras na
viga de UHPC-P-Flex-Cis gera um modo de falha com pouca fissuração em relação à viga
UHPFRC-P-Flex-Cis.
158
(a) Intacto
(a)
0.3 0.4
0.3 0.2
0.2
(a)
0.3
0.2
0.3 0.4
0.3 0.2 0.3
0.2
0.2
0.3
0.3 0.4
0.2-0.4
0.2 0.3 0.3 0.2
0.5-0.1 0.2 0.3
0.2 0.2
(b)
0.3 0.3 0.2
0.2 0.2 0.2
0.2 0.2 0.3
0.3
0.2 0.2
(b)
0.2
(c) 0.3
0.2
0.3
0.2-0.4
0.5-0.1
0.2
0.3 0.2 0.2
0.2
0.3
0.2
0.2
0.2-0.4
0.2 0.3
0.5-0.1
0.2 0.2-0.4 0.2
0.3 0.3 0.3 0.2 0.2 0.2
0.2 0.5-0.1
0.2 0.3
0.2 0.3 0.2
0.3 0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.2
0.2 0.2 0.2 0.3
0.3-0.4
0.1 0.2 0.3
0.2 0.2 0.2
0.2
0.6 0.2 0.2
0.2
0.2 0.2
0.2 0.8 0.2 1.2 0.6
0.2
0.2 0.2
0.2 0.2
(c)
0.5 0.2 0.5 0.2 0.2
0.7
(d) Após o 3º ciclo
0.3
0.2
(c)
(c)
(c)
(d)
0.3-0.4
0.3 0.2
0.2
0.7
0.3
0.1 0.3 0.2
0.2 0.2
0.2
0.2 0.6 0.2
1.2 0.6 0.2 0.2
0.2 0.2
0.3-0.4 0.3 0.2 0.8 0.2
0.20.6
0.20.1 0.3 0.2 0.2
0.2
0.2 0.2 0.2
0.2 0.20.2
0.2 0.3-0.4 0.20.3
0.5
0.20.8 0.2
0.2 0.5
1.2 0.6 0.2 0.2
0.2 0.2
0.7
0.1
0.2 0.2 0.2 0.2 0.2 0.60.2 0.2
0.2 0.3
0.2 0.5
0.8 0.2
0.2
1.2 0.6 0.20.5 0.2 0.2 0.2 0.7
0.2 0.2 0.2 0.3 0.2 0.2
0.3 0.3-0.5 0.2 0.4 0.5 0.2 0.5 0.2 0.2
(d)
0.3 0.3-0.4 1.4
0.2-0.3 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3
3.5
0.7 0.3 0.2 0.2
0.6
1.4 2.7
0.3-0.7
(d)
(d)
0.2
(d)
(e) 0.3
0.4 0.4
0.3-0.5 0.2 0.4
0.2 2.0
0.3
0.2 0.5 0.2 0.1
0.2
0.2 0.3-0.4 0.4 - 0.5
0.4
1.8
0.2
0.3 0.3-0.4 0.2 0.2
1.4
0.2 0.2 0.7 0.9
0.2-0.3 0.3 0.3
0.3-0.5 0.20.2 0.4 3.5
(f) Antes da ruptura
0.2
0.3 0.4 0.4
0.3
0.7
0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 2.0 0.6
0.2
0.3-0.5 0.2 0.1
0.2 0.4
0.2
0.2 0.3-0.4
0.3 0.4 0.4 - 0.5
0.4 1.4
0.5
0.2 2.0 1.8 2.7
0.2
0.3
0.3-0.7 0.2 0.2
0.3 0.20.3-0.5
0.4
0.2 0.2 0.4 0.2 0.20.1 0.7 0.9
0.2
0.2
0.3-0.4 0.3-0.4
0.2-0.3 0.3 0.2 0.4 0.4
0.3
0.4 - 0.5 0.5
1.4
0.2
0.4
2.0 1.8 3.5
0.2 0.2 0.2 0.2 0.5
0.2 0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3
0.7
0.2 0.1 0.2 0.7 0.9 0.6
0.2 0.3 0.3-0.4 0.3-0.4 0.4 - 0.5 1.4 1.8 3.5
Figura 7.41: Modelo fotogramétrico UHPFRC-P-Flex-Cis (V05)
0.2 0.2-0.3 0.3 0.4
0.2 2.7 0.3 0.2 0.2
0.2
0.2 1.40.7
0.2 0.2 0.7
0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 0.9
0.3-0.7
0.3-0.4 1.4 0.6 3.5
(e)
0.2-0.3 0.3 0.2
2.7 1.4
0.2 0.3
0.7 0.2 0.2
0.2 0.3
0.6
0.3-0.7
1.4 2.7
0.3-0.7
(e)
(e)
(e)
159
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:46:45 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:46:45 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:49:27 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07(a) Intacto
01:49:27 E. South America Standard Time 2020
(a) Intacto
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:49:54 E. South America Standard Time 2020
(b)07Após
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr o 2º
01:49:54 cicloAmerica Standard Time 2020
E. South
(b) Após o 2º ciclo
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 01:50:35 E. South America Standard Time 2020
(c) Após
(c) Após oo 3º
3º ciclo
ciclo
Printed
Printed using
using Abaqus/CAE on: Tue
Abaqus/CAE on: Tue Apr
Apr 07
0701:51:28
01:51:28E.
E.South
SouthAmerica
AmericaStandard
StandardTime
Time2020
2020
(d) Após
(d) Após oo 4º
4º ciclo
ciclo
(e)
(e) Antes
Antes da
da ruptura
ruptura
Figura 7.42:
3.76: Modelo
Modelo numérico
numérico UHPFRC-P-Flex-Cis
UHPFRC-P-Flex-Cis(V05)
(V05)
181
160
(a) Intacto
161
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 13:02:02 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 13:03:47 E. South America Standard Time 2020
(a) Intacto
Printed using Abaqus/CAE on: Wed Apr 08 15:429 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 13:04:09 E. South America Standard Time 2020
(c) Após 4º ciclo
162
Printed using Abaqus/CAE on: Tue Apr 07 13:04:09 E. South America Standard Time 2020
A Fig. 7.45 apresenta a comparação entre o modelo numérico e ortofoto para a viga
UHPC-P-Flex-Cis. A Fig. 7.46 apresenta a mesma comparação para a viga UHPFRC-P-
Flex-Cis:
Figura 7.45: Comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga UHPC-P-Flex-Cis
0.2
Figura 7.46: Comparação entre a ortofoto e modelo de dano para a viga UHPFRC-P-
Flex-Cis
A Fig, 7.47 apresenta a ortofoto para o último ciclo da viga de UHPC-P-Flex-cis, bem
como o valor estimado de abertura de fissuras. Antes desta condição, a viga de UHPC
não apresentou fissuras detectáveis pela fotogrametria.
Já as Figs. 7.48, 7.49 e 7.50 apresentam as fissuras residuais detectáveis para a viga
UHPFRC-P-Flex-Cis. Dos resultados destas ortofotos, confirma-se que as vigas apresen-
tam modos de falha característicos de flexo cisalhamento, com fissuração vertical na região
163
central nos primeiros estágios e posteriormente pequenas fissuras diagonais que evoluem
para uma macro fissura de cisalhamento. No entanto, a viga de UHPFRC apresenta fissu-
ração mais difusa o que demonstra o papel das fibras como micro reforço ao cisalhamento,
distribuindo as tensões ao longo da peça, aumentando a resistência da diagonal tracio-
nada e funcionando como reforço de cisalhamento devido ao efeito pino (vide o detalhe na
ortofoto da Fig. 7.50). Portanto, a ausência de fibras gera notória fragilidade ao UHPC,
acarretando em baixa resistência da seção ao cisalhamento.
0,5 mm
0,2 mm
0,6 mm
0,5 mm
0,6 mm
0,2 mm
0,4 mm
0,2 mm
164
0,6 mm
0,9 mm
0,2 mm
0,3 mm
0,7 mm
1,8 mm
1 mm
0,4 mm
A Fig. 7.51 e Tabela 7.6 apresentam as equações de 9º grau utilizadas para se apro-
ximar as deformadas residuais medidas para a viga de UHPFRC-P-Flex-Cis, utilizando a
técnica de monitoramento por fotogrametria e RTS. Para esta deformada nota-se o valor
de R2 mínimo de 0,87.
165
0 ,0 0 2
0 ,0 0 0
F le c h a re s id u a l (m m )
- 0 ,0 0 2
- 0 ,0 0 4 C ic lo
6
5
- 0 ,0 0 6 4
3
2
- 0 ,0 0 8 1
In ta c ta
- 0 ,0 1 0
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0
E ix o lo n g itu d in a l (m )
166
modelo numérico, uma vez que há mesma tendência de deslocamentos residuais para as
três metodologias apresentadas na Fig.7.52.
1 2
1 0
8
F le c h a re s id u a l (m m )
6
U H P F R C -P -F le x -C is
4
L V D T
F o to g ra m e tria e R T S
M o d e lo n u m é ric o
2 U H P C -P -F le x -C is
L V D T
0 F o to g ra m e tria e R T S
M o d e lo n u m é ric o
0 1 2 3 4 5
C ic lo
167
1 2 3
4
5
7 6 8
1 2 3
4
5
7 6 8
1 2 3
4
5
7 6 8
1 2 3
4
5
7 6 8
1 2 3
4
5
7 6 8
168
0 ,5
C ic lo 3 C ic lo 4
0 ,4
D a n o lo c a liz a d o u ltra s s o m
C ic lo 2
0 ,3
Z o n a s
1
In ta c to /c ic lo 1 2
0 ,2
3
4
0 ,1 5
6
7
0 ,0 8
M é d ia p o n to s e x p .
0 2 4 6 8 1 0 1 2
F le c h a re s id u a l (m m )
0 ,8
C ic lo 3 C ic lo 4
C ic lo 2
0 ,7
0 ,6
D a n o lo c a liz a d o u ltra s s o m
0 ,5
In ta c to /c ic lo 1 Z o n a s
0 ,4 1
2
0 ,3 3
4
0 ,2 5
6
0 ,1 7
8
0 ,0 M é d ia p o n to s e x p .
0 2 4 6 8 1 0 1 2
F le c h a re s id u a l (m m )
(b) UHPFRCP (V02)
No primeiro ciclo e condição intacta (flecha residual igual à zero), observam-se peque-
nos índices de danos médios, iguais à 3% e 1%, respectivamente para as vigas de UHPFRC
e UHPFRC-P. Quando as peças sofrem o segundo ciclo, com F#2 /Fmax = 0, 75, a viga
protendida apresenta o início do processo de localização, com atraso no pulso ultrassô-
nico, aumento do dano médio para 35 % e dispersão dos resultados de velocidades. Para o
mesmo ciclo, a viga armada de UHPFRC apresenta atraso de pulso menor, com danos na
ordem de 3 %. No 3º ciclo, a viga protendida apresenta índice de dano médio de dus = 36
e deslocamento residual de 5, 23mm, enquanto que a viga armada apresenta valores de
dus = 14% e deslocamento residual de 7, 5mm. Após a passagem pelo pico de força (i.e.,
169
entre o 3º e 4º ciclo), o índice de dano médio da viga protendida é de dus = 41%, enquanto
que para a viga armada é de dus = 23%. O maior atraso da onda ultrassônica expressa
o maior valor de danificação e abertura de fissuras ao longo da seção transversal, sendo
observado para a viga protendida na borda inferior (zona 7) e para a viga armada na alma
(zona 5).
A evolução do dano ultrassônico da viga UHPC-P sem fibras é apresentado pela Fig.
7.55. Nota-se que devido ao modo de falha de cisalhamento, no final do ciclo, ocorre
maior danificação na borda superior (1, 2 e 3), seguido pela alma (4, 5 e 6), regiões onde a
mudança de espessura gerou concentração de tensões e fissuras diagonais de cisalhamento.
Além disso, ao final do ensaio é observada baixo valor de danificação nas regiões inferiores
(i.e., 7 e 8), demonstrando a pouca influência do modo de falha de flexão.
C ic lo 3
1 ,0
0 ,8 C ic lo 2
D a n o lo c a liz a d o u ltra s s o m
0 ,6
In ta c to /C ic lo 1 Z o n a
8
7
0 ,4
6
5
4
0 ,2
3
2
1
0 ,0
M é d ia d o s p o n to s e x p .
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5
F le c h a re s id u a l (m m )
170
dano zero para os primeiros ciclos, o que justifica o comportamento linear observado no
força x deslocamento da Fig. 7.12. No último ciclo observa-se o rápido acúmulo de dano
em 1, 4 e 7, demonstrando também a falha frágil de flexo cisalhamento.
0 ,8
C ic lo 3 C ic lo 4
C ic lo 2 C ic lo 5
0 ,6
In ta c to /C ic lo 1
D a n o lo c a liz a d o u ltra s s o m
0 ,4
Z o n a s
1
2
0 ,2
3
4
5
6
0 ,0 7
8
M é d ia p o n to s e x p .
0 1 2 3 4 5 6 7 8
F le c h a re s id u a l (m m )
0 ,3 5
C ic lo 4
0 ,3 0
D a n o lo c a liz a d o u ltra s s o m
0 ,2 5
0 ,2 0
Z o n a s
In ta c to /C ic lo 1 C ic lo 3 1
0 ,1 5
2
C ic lo 2 3
0 ,1 0
4
5
0 ,0 5
6
7
0 ,0 0
8
M é d ia d o s p o n to s e x p .
- 0 ,0 5
- 0 ,0 5 0 ,0 0 0 ,0 5 0 ,1 0 0 ,1 5 0 ,2 0 0 ,2 5 0 ,3 0 0 ,3 5 0 ,4 0
F le c h a re s id u a l (m m )
171
7.5 Ensaio dinâmico de impacto
As Figs. 7.58 e 7.59 apresentam a diminuição das frequências naturais, para cada
ciclo de carga das vigas ensaiadas. Sabe-se que a frequência natural está intimamente
ligada à massa e rigidez da peça (PAULTRE, 2011). Considerando a massa constante, a
medida que os ciclos de danificação ocorrem, as fissuras evoluem degradando a rigidez da
peça e diminuindo a frequência natural. Esta diminuição da frequência natural reflete no
aumento da danificação, conforme demonstrado na Fig. 7.60.
Para os casos de flexão (Fig. 7.58), a maior queda de frequência natural e dano foi
observada para as vigas de UHPFRC protendida, sendo o fenômeno ligado à localização
de fissuras no meio do vão nesta amostra. As vigas de UHPC sem fibras apresentaram
pouca queda de frequência natural e pouca danificação última, sendo a justificativa para
tal o comportamento linear e frágil do material sem fibras.
No flexo-cisalhamento (Fig. 7.59), a viga de UHPFRC protendida apresenta nova-
mente maior danificação quando comparada à UHPC, devido a melhor distribuição de
esforços efetuada pelas fibras metálicas nesta situação de carregamento.
6 2
U H P C -P
6 0 U H P F R C -P
U H P F R C
5 8
fn (H z )
5 6
5 4
5 2
5 0
0 1 2 3 4
C ic lo
Figura 7.58: Evolução das frequências naturais ao longo dos ciclos de carregamento - casos
de flexão
172
6 4
U H P C -P -F le x -C is
6 2 U H P F R C -P -F le x -C is
fn (H z ) 6 0
5 8
5 6
5 4
0 1 2 3 4 5
C ic lo
Figura 7.59: Evolução das frequências naturais ao longo dos ciclos de carregamento - casos
de flexão
0 ,3 5
0 ,3 0
0 ,2 5
Ín d ic e d e d a n o
0 ,2 0
0 ,1 5
0 ,1 0 U H P C -P -F le x -C is
0 ,0 5 U H P F R C -P -F le x -C is
U H P C -P
0 ,0 0 U H P F R C -P
U H P F R C
- 0 ,0 5
0 1 2 3 4 5
C ic lo
Figura 7.60: Danificação obtida pelos ensaios dinâmicos nas vigas solicitadas por flexão
173
de fissuração (ciclos 3, 4 e 5), observando-se o aumento de ξ, devido ao crescimento da
parcela de dissipação de energia dinâmica em fissuras, o que aumenta o atrito interno e
amortecimento de Coulomb. O aumento da dissipação de energia dinâmica é explicado
pelo arrancamento de fibras e coalescência dos poros, fenômenos similares aos observados
em corpos de prova (capítulo 4).
Considerando somente as vigas de UHPFRC em flexão, a viga protendida de UHPFRC-
P (Fig. 7.61c) apresenta o maior valor de coeficiente de amortecimento para o último está-
gio. De fato, o maior coeficiente de amortecimento reflete a maior abertura de fissuras, já
verificada pela estimativa da fotogrametria e ultrassom. A viga armada de UHPFRC (Fig.
7.61a) apresentou um coeficiente de amortecimento final menor em relação às protendidas,
devido ao seu menor valor de abertura de fissuras característico e fissuração mais difusa
ao longo dos ciclos. A viga de UHPC-P (Fig. 7.61b) apresentou um rápido aumento do
valor de amortecimento entre o segundo e terceiro ciclos, devido o surgimento abrupto
de fissuras nestes estágios de carregamento. Além disso, na condição intacta, o conjunto
de protensão e fibras diminui a dissipação de onda de impacto na viga de UHPFRC-P
em relação às outras amostras (i.e., UHPC-P e UHPFRC), sendo o fenômeno ligado ao
controle de fissuração e fechamento de fissuras prévias pela protensão.
Para as vigas em flexo-cisalhamento a análise do amortecimento é conforme a Fig.
7.62. Notam-se valores de amortecimento pouco variáveis para a viga UHPC-P-Flex-Cis,
devido a pouca fissuração apresentada até o 4º ciclo (Fig. 7.62a). A viga de UHPFRC-
P-Flex-Cis apresenta aumento de ξ entre o 3º e 5º ciclo, devido ao surgimento da macro
fissura diagonal de cisalhamento que evolui significativamente neste estágio (Fig. 7.62b).
Nota-se que à exceção de UHPFRC-P-Flex-cis, todos os outros valores de amorte-
cimento obtidos pelo ensaio denotam que o amortecimento para o UHPC e UHPFRC
apresenta valores menores que 2%, valor usual para estruturas de concretos convencionais
(BACHMANN et al., 1995). Também destaca-se que ao longo do ensaio os valores de
amortecimento variam pouco e de modo geral os índices são crescentes na iminência da
ruptura, devido a existência de atrito nas regiões danificadas.
174
2 ,2 2 ,2
2 ,0
V ig a 2 ,0
V ig a
U H P F R C U H P C -P
1 ,8 1 ,8
1 ,6 1 ,5 1 1 ,6 1 ,5 4
1 ,4 5 1 ,4 2
1 ,4 1 ,4 1 ,3
1 ,2
1 ,2 1 ,2
ξ(% )
ξ(% )
1 ,0 1 ,0
0 ,8 4 0 ,8 5
0 ,8 0 ,7 0 ,8
0 ,6 0 ,6
0 ,4 3 4
0 ,4 0 ,4
0 ,2 0 ,2
0 ,0 0 ,0
In ta c to 1 2 3 4 In ta c to 1 2 3 4
C ic lo C ic lo
2 ,2
2 ,0
V ig a
U H P F R C -P
1 ,8 1 ,7 5
1 ,6 5
1 ,6
1 ,4
1 ,4
1 ,2
ξ(% )
1 ,0 1 0 ,9 5 5 5
1 ,0
0 ,8
0 ,6
0 ,4
0 ,2
0 ,0
In ta c to 1 2 3 4
C ic lo
175
3 ,5
V ig a 3 ,5 V ig a
3 ,2 5
3 ,0 U H P C -P U H P F R C -P -F le x -C is
3 ,0
2 ,5
2 ,5 2 ,3 5
2 ,0
2 ,0
ξ(% )
ξ(% )
1 ,7 2
1 ,5
1 ,0
0 ,9 5 0 ,9
(a) 1 ,5
1 ,1 7
0 ,8 1 ,0 0 ,7 8 0 ,8 1
0 ,5 9 0 ,6 2
0 ,5 0 ,5
0 ,0 0 ,0
0.3-0.2
2 3 0.6 0.3 2 3
In ta c to 1 4 In ta c to 1 4 5
C ic lo C ic lo
0.3-0.2
0.6 0.3
176
Com o intuito de se avaliar qual é o comprimento longitudinal no qual ocorrem fissuras
ao longo da viga, obteve-se o valor de Ldan como nas Figs. 7.64 e 7.65. O valor de Ldan é
de 45% maior para a viga de UHPFRC em relação à viga UHPFRC-P, o que demonstra
que a fissuração é mais difusa no caso da viga armada. Por outro lado, o estado de tensões
imposto pela protensão concentra a fissuração no meio do vão e inibe a danificação do
elemento, para o mesmo valor de força máxima.
Em uma segunda análise, o comprimento total de fissuras vetorizadas é obtido em
CAD e dividido pelo valor de Ldan , e assim, obtém-se a densidade de fissuras ao longo
do vão, em m/m (vide Eq. 5.8), sendo o parâmetro apresentado no gráfico da Fig. 7.67.
Do gráfico, nota-se que a protensão inibe o surgimento de fissuração ao longo de Ldan ,
enquanto que a viga de armaduras passivas apresenta mais fissuras distribuídas por metro
de viga ao longo dos ciclos.
O fato de inibir as fissuras ao longo do histórico de carregamento faz com que, para
estágios mais avançados, ocorra localização das fissuras para a viga protendida. Este
fenômeno pode ser comprovado pelas ortofotos das Figs. 7.66.a e 7.66.b. Além disso, os
parâmetros obtidos pelos ensaios dinâmicos e ultrassônicos demonstram mais uma vez que
a viga protendida de UHPFRC apresentou, após os ciclos de carregamento, os maiores
valores de danificação últimas obtidas por estas metologias, além da maior atenuação da
onda de impacto, medido pelo coeficiente de amortecimento. O atraso da onda ultrassô-
nica e a diminuição da frequência natural refletem diretamente as condições de rigidez da
peça, enquanto que o amortecimento descreve o atrito da microestrutura, devido à fricção
entre fissuras, zona de transição danificada e coalescência dos poros.
0.4
1.70
1.17
177
26 mm 3 mm
0,6 mm
1,2 mm
178
5 0
4 5 U H P F R C
U H P F R C -P
D e n s id a d e d e fis s u ra s (fis s u ra s /m )
4 0
3 5
3 0
2 5
2 0
1 5
1 0
0 1 2 3 4 5
C ic lo
179
0.3-0.2
0.6 0.3
A Fig. 7.70 apresenta a obtenção de Ldan para a viga UHPC Protendida. Nota-se
uma densidade de fissuras de 3,6 fissuras/m para o penúltimo ciclo, que evolui para 7,6
fissuras/m de Ldan na ruptura. Este valor é muito menor do que a quantidade de fissuras
observadas nas vigas de UHPFRC armado e protendido, conforme o gráfico da Fig. 7.71,
demonstrando que a ruptura da viga UHPC-P apresenta pouca fissuração até o colapso
frágil da peça.
Mais uma vez, foi demonstrado pelas metodologias de ensaios não destrutivos que a
peça de UHPC apresenta pouca degradação da rigidez devido ao comportamento linear
do UHPC sem fibras, e este fenômeno é evidenciado pelas frequências naturais e pulso
ultrassônico. Já o amortecimento indica que embora a peça apresente ruptura com pouca
fissuração, estas são suficientes para se aumentar a dissipação do sinal de impacto ao longo
da peça, aumentando o atrito interno entre fissuras.
8.4
1,71
180
4 0
U H P C -P
3 5
U H P F R C
D e n s id a d e d e fis s u ra s (fis s u ra s /m )
U H P F R C -P
3 0
2 5
2 0
1 5
1 0
1 2 3 4
C ic lo
181
CAE on: Tue Apr 07 01:50:35 E. South America Standard Time 2020
(a) Comparação modelo numérico e ortofoto experimental - V05 - UHPC - P - Flex - Cis
(b) Comparação modelo numérico e ortofoto experimental - V04 - UHPFRC-P - Flex - Cis
0.2
1.25
0.3
0.2
0.2
1.54
182
7 0 U H P F R C -P -F le x -C is
U H P C -P -F le x -C is
6 0
D e n s id a d e d e fis s u ra s (m m )
5 0
4 0
3 0
2 0
1 0
1 2 3 4 5
C ic lo
183
0 ,3 0 0 ,6 5
U H P F R C 0 ,6 0 U H P F R C - P
Im p a c to 0 ,2 6 Im p a c to
0 ,2 5 0 ,5 5
U ltra s s o m U ltra sso m
0 ,2 3 0 ,2 3 0 ,5 0
D e g ra d a ç ã o F -d D e g r a d a ç ã o F -d
0 ,4 5
0 ,2 0 0 ,4 1 0 ,4 2
0 ,4 0
0 ,3 6 0 ,3 7 0 ,3 7
0 ,1 6 0 ,1 6 0 ,3 5
0 ,3 5 0 ,3 3
D a n o
D a n o
0 ,1 5 0 ,3 2
0 ,1 4
0 ,3 0 0 ,2 9
0 ,1 2
0 ,1 1 0 ,2 5
0 ,1 0
0 ,2 0
0 ,1 5
0 ,0 5 0 ,1 0
0 ,0 2 8
0 ,0 5
0 ,0 0 0 ,0 0
2 3 4 2 3 4
C ic lo C ic lo
Além disso, a mesma comparação pode ser efetuada entre danos globais obtidos para
a viga de flexo-cisalhamento de UHPFRC protendido, sendo apresentada pela Fig. 7.76.
U H P F R C -P -F le x -C is
0 ,3 0 0 ,2 9
Im p a c to
U ltr a s so m
D e g ra d a ç ã o F -d 0 ,2 5
0 ,2 5
0 ,2 3
0 ,2 1 4
0 ,2 0 4
0 ,2 0 0 ,1 8 6
D a n o
0 ,1 5
0 ,1 2 4 0 ,1 2 0 ,1 2 0 ,1 2 4
0 ,1 0
0 ,0 5
0 ,0 5
0 ,0 3 2 1
0 0 0
0 ,0 0
3 4 5
C ic lo
184
maiores que 11 %. Para níveis de dano mais baixos houve maior discrepância entre as me-
todologias, o que pode ser explicado em parte pela resolução dos instrumentos de medida
e condições de apoio.
185
2 0 0
1 8 0
U H P F R C ( µ= 3 ,4 8 )
1 6 0 2
m
.m
1 4 0
kN
F o rç a a p lic a d a (k N )
4
,8
1 2 0 10
=
ed
1 0 0 K m
8 0
E to t= 5 3 0 0 k N .m m
.m m
6 0
3 k N
4 0
= 7 9
2 0
e l
E
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to d o m e io d o v ã o (m m )
2 0 0
U H P F R C
1 8 0 N u m é ric o
E x p e rim e n ta l
1 6 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 4 0
1 2 0 µ= 3 ,6 5
1 0 0
8 0
µ= 3 ,4 8
6 0
4 0
2 0
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to n o m e io d o v ã o (m m )
186
2 0 0
1 8 0
U H P F R C P ( µ= 3 ,9 6 )
1 6 0
2
1 4 0 m m
N .
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 2 0 9 9 k
, 7
11
1 0 0 =
d
K m e
8 0 E to t= 5 2 8 0 k N .m m
6 0
m
k N .m
4 0
= 7 6 2
2 0
e l
E
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to d o m e io d o v ã o (m m )
U H P F R C -P
2 0 0
N u m é ric o
E x p e rim e n ta l
µ= 3 ,7 6
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 5 0
1 0 0 µ= 3 ,9 6
5 0
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0
D e s lo c a m e n to m e io d o v ã o (m m )
187
Nota-se o aumento gradual da resistência da peça em função da força de protensão,
e este fenômeno pode ser observado pela comparação entre as resistências das vigas com
força de protensão de P = 1000 MPa e P = 0 MPa. A viga sem protensão apresentou o
valor de Fmax = 178kN , e aumenta para Fmax = 188kN (i.e., 5,6 % de aumento) quando
a protensão é de P = 1000 MPa.
2 0 0 µ= 6 ,5 7
µ= 6 ,6
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 5 0
µ= 3 ,7 4
µ= 3 ,7 6
1 0 0
U H P F R C -P
µ= 3 ,5 6 P = 1 0 0 0 M P a
P = 7 0 0 M P a
5 0 µ= 3 ,6 5 P = 3 0 0 M P a
P = 2 8 0 M P a
P = 1 0 0 M P a
P = 0 M P a
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to d o m e io d o v ã o (m m )
188
Printed using Abaqus/CAE on: Thu Apr 09 19:36:23 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Thu Mar 05 14:46:04 E. South America Standard Time 2020
(b) para P = 400 MPa
189
2 0 0
1 8 0
U H P F R C -P
U H P C -P
1 6 0
1 4 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
1 2 0
µ= 3 ,9 6
1 0 0
8 0
6 0
4 0
µ= 1 ,7 1
2 0
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to (m m )
A Fig. 7.83 demonstra que a aplicação de força em regiões mais próximas do apoio (i.e.,
a/d = 3,92), aumenta ligeiramente a ductilidade para as vigas protendidas de UHPFRC
e UHPC (i.e., UHPFRC-P-Flex-Cis e UHPC-P-Flex-Cis).
2 0 0
µ= 3 ,9 6
1 5 0
F o rç a (k N )
µ= 4 ,1
1 0 0
5 0 U H P F R C -P (F le x ã o )
µ= 1 ,7 1 U H P C -P (F le x ã o )
µ= 2 ,0 9 U H P F R C -P (F le x o -c is a lh a m e n to )
U H P C -P (F le x o -c is a lh a m e n to )
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s lo c a m e n to d o p o n to d e a p lic a ç ã o (m m )
Figura 7.82
190
600 mm), obtendo-se os comportamentos de força x deslocamento da Fig. 7.84. Observa-
se que para estas configurações de vão e seção transversal, há tendência de diminuição de
µ, à medida que a altura da seção e relação a/d aumentam. O crescimento progressivo de
altura da seção eleva a resistência de Fmax = 184kN para Fmax = 650kN , mas também
gera regiões de danificação à compressão cada vez maiores caracterizando o esmagamento
do concreto (vide Fig. 7.85) e diminuindo a ductilidade da seção de H = 600 mm em
relação à H = 250 mm.
7 0 0
µ= 3 ,3 4
6 0 0
5 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
4 0 0
µ= 3 ,3 4
3 0 0
µ= 3 ,7 0 U H P F R C - P = 3 0 0 M P a
2 0 0
H 6 0 0 (a /d = 2 ,1 7 )
µ= 3 ,7 6 H 4 0 0 (a /d = 3 ,3 3 )
1 0 0 H 3 0 0 (a /d = 4 ,5 4 )
H 2 5 0 (a /d = 5 ,8 8 )
0
0 1 0 2 0 3 0 4 0
D e s l. m e io d o v ã o (m m )
191
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Mar 08 12:13:42 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Mar 08 12:14:00 E. South America Standard Time 2020
(a) Dano de compressão para H = 600 mm
Printed using Abaqus/CAE on: Sun Mar 08 12:47:32 E. South America Standard Time 2020
(c) Dano de compressão para H = 250 mm
192
momento curvatura teórico prevê com sucesso o comportamento de momento curvatura
dos modelos numérico e experimental. A abordagem de momento curvatura teórico pode
ser uma alternativa com baixo custo computacional para a obtenção da ductilidade de
peças de UHPFRC armadas e protendidas
Φu 1 Etot
= µΦ = +1 (7.2)
Φy 2 Eel
1 2 0
µ= 1 ,8 2 4
µ = 1 ,5 5 1
1 0 0
M o m e n to R e s is te n te ( k N .m )
µ= 1 ,7 7 2
8 0
6 0
4 0
U H P F R C (V 0 3 )
E x p e rim e n ta l (L V D T )
2 0
M o d e lo T e ó ric o
N u m é ric o (C D P )
0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0 0 ,1 2
C u r v a tu r a Φ−( m -1
)
1 2 0
µ= 1 ,9 7 0
m = 1 .6 8 4
1 0 0
M o m e n to R e s is te n te ( k N .m )
µ= 1 ,8 6 5
8 0
6 0
4 0
U H P F R C - P (V 0 2 )
E x p e rim e n ta l
2 0
M o d e lo te ó ric o
N u m é ric o (C D P )
0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0
C u r v a tu r a Φ−( m -1
)
Figura 7.86: Previsão do índice de ductilidade para as vigas de UHPFRC sob flexão
193
• Por meio da modelagem numérica desenvolvida no trabalho, foi possível se repre-
sentar os ciclos de carga e descarga de vigas protendidas e armadas de UHPFRC
com erro médio de força máxima igual à 7%, possibilitando a representação de de-
formações plásticas e degradação da rigidez ao longo da ciclagem mecânica. A lei
de dano proposta por Birtel e Mark (2006) demonstrou precisão para descrever o
comportamento das vigas de UHPFRC do presente trabalho;
• Para o caso das vigas solicitadas por carregamento no meio do vão, a incorpora-
ção de fibras aumentou em 62% a resistência da viga protendida. Em termos de
deslocamento último, a viga de UHPC-P apresentou 7,5 mm, enquanto que a viga
de UHPFRC-P apresentou deslocamento de pico de 24 mm. Portanto, a incor-
poração de 2% de fibras metálicas produz um grande aumento de capacidade de
deslocamento das peças.
• As vigas de UHPC apresentaram poucas e espaçadas fissuras, o que gerou uma den-
sidade de fissuração menor em relação as UHPFRC-P. Porém, as fissuras nas vigas
sem fibras evoluem rapidamente para uma ruptura extremamente frágil e catastró-
fica. Já as vigas de UHPFRC apresentam fissuração distribuída com crescimento
controlado de fissuras;
194
resposta experimental de resistência das peças protendidas e armadas foi aproxi-
madamente a mesma (i.e., resistência da viga armada é 3,4% maior). A influência
da protensão para a viga I estudada pode ser confirmada via modelos numéricos
desenvolvidos na seção 7.7, onde o valor de protensão de 1000 MPa, aumentou a
resistência da viga em 6 % em relação à viga não protendida. A utilização da pro-
tensão e fibras aumenta a ductilidade e diminui a densidade de fissuração ao longo
da viga;
• A danificação obtida pelos ensaios dinâmicos foi similar aos valores de degradação
do diagrama de força-deslocamento e média dos valores de dano ultrassônico, mos-
trando a aplicabilidade desta técnica na detecção de danificação. O crescimento do
amortecimento a partir do terceiro ciclo de carregamento das vigas é uma evidencia
do dano e revela a ocorrência de coalescência de poros e fricção na interface fibra -
matriz.
195
• O valor de Ldan observado para a viga protendida de UHPFRC (UHPFRC-P) foi
45 % menor em relação às vigas de UHPC-P e UHPFRC, o que demonstra que a
utilização conjunta de fibras e protensão diminui a região danificada na ruptura da
peça e inibe o surgimento de fissuras no eixo longitudinal da viga. No entanto, deve-
se alertar para o fenômeno da localização, sendo necessário o controle de abertura
de fissuras na peça;
196
Capítulo 8
lajes alveolares
914
267 190 190 267
381
14320
17 f 1/2"
2 0 0 0
L e i c o n s titu tiv a a ç o A S T M 2 7 0 k si
1 5 0 0
T e n sã o (k N )
1 0 0 0
5 0 0
0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 5 0 ,0 1 0 0 ,0 1 5 0 ,0 2 0 0 ,0 2 5 0 ,0 3 0
D e fo rm a ç ã o to ta l
198
o custo computacional da análise, conforme a Fig. 8.5. Neste sentido, um apoio que
restringe deslocamentos na direção Z (paralela ao eixo longitudinal da peça) é posicionado
no meio do vão, reproduzindo um engaste móvel. Além disso, foi arbitrado um apoio à
20 cm da face da viga, restringindo o deslocamento na direção Y.
A aplicação de força foi em regime monotônico, com linha de atuação que dista 91,45
cm do meio do vão, de acordo com a Fig. 8.4.
F/2 F/2
200
P P
F/2 F/2
6045 915
200
6045 915
P P
F/2 F/2
6045 915 915 6045
200
P P
Conforme apresentado na Figura 8.6, uma malha de elemento sólido C3D8 foi utili-
zada, com dimensão máxima de 40 mm. As armaduras ativas foram consideradas com-
pletamente embutidas no concreto, modeladas pelo elemento de treliça 3D T3D2, discre-
tizados de 100 mm em 100 mm. A protensão nas armaduras ativas foi aplicado como uma
tensão inicial no passo de protensão.
199
Printed using Abaqus/CAE on: Sat Apr 11 19:52:33 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Sat Apr 11 19:51:41 E. South America Standard Time 2020
Além da geometria usual da seção PCI, foram consideradas geometrias reduzidas mo-
dificadas, com espessuras de 75 mm e 50 mm com base e altura mantidas iguais à PCI
AASHTO SII. A Fig. 8.7.a e b apresenta a malha utilizada nestes casos. A Tabela 8.1
Printed using Abaqus/CAE on: Thu Apr 30 20:55:18 E. South America Standard Time 2020
apresenta resumidamente os Printed
casosusing
estudados no presente capítulo.
Abaqus/CAE on: Thu Apr 30 20:56:46 E. South America Standard Time 2020
200
Tabela 8.1: Casos estudados
A Fig. 8.8 apresenta a lei de dano (Fig. 8.8a) e a lei de tensão deformação (Fig. 8.8b)
para a compressão de concretos C70, C135 e UHPFRC. O comportamento de tração para
os concretos C70 à UHPFRC é dado pela Fig. 8.9, onde a lei de dano é dada pela Fig.
8.9a e constitutiva pela Fig. 8.9b. O comportamento constitutivo de compressão foi
determinado seguindo a formulação de Carreira e Chu (1985). Já para o comportamento
de tração dos concretos C70 e C135, considerou-se o modelo do CEB FIP (CEB-FIP,
2010). O mesmo modelo constitutivo proposto por Krahl (2018) e calibrado para as vigas
experimentais de UHPFRC (i.e., capítulo 6) foi utilizado. As leis de evolução de dano
utilizadas foram de acordo com o proposto por Birtel e Mark (2006), com valores de
bt = 0, 3 e bc = 0, 7.
201
C 1 3 5 C 7 0 U H P F R C
1 .0
Ín d ic e d e d a n o (d c) 0 .8
0 .6
0 .4
0 .2 U H P F R C
C 1 3 5
C 7 0
0 .0
0 .0 0 0 0 .0 0 5 0 .0 1 0 0 .0 1 5 0 .0 2 0 0 .0 2 5 0 .0 3 0
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a
1 4 0 U H P F R C
C 1 3 5
1 2 0 C 7 0
1 0 0
T e n sã o (M P a )
8 0
6 0
4 0
2 0
0
0 .0 0 0 .0 1 0 .0 2 0 .0 3 0 .0 4
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a
202
1 ,0
1 ,0
0 ,8 0 ,8
Í n d i c e d e d a n o ( d t)
0 ,6
0 ,6 0 ,4
0 ,2
0 ,0
0 ,4
0 ,0 0 0 0 0 ,0 0 0 5 0 ,0 0 1 0 0 ,0 0 1 5
0 ,2 C 7 0
C 1 3 5
U H P F R C
0 ,0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 5 0 ,0 1 0 0 ,0 1 5 0 ,0 2 0 0 ,0 2 5 0 ,0 3 0
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a
8
C 7 0
C 1 3 5
7 U H P F R C
6 5
T e n sã o (M P a )
5 4
3
4
2
3
1
2 0
0 ,0 0 2 0 ,0 0 4 0 ,0 0 6 0 ,0 0 8
0
0 ,0 0 0 ,0 2 0 ,0 4 0 ,0 6 0 ,0 8 0 ,1 0 0 ,1 2 0 ,1 4
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a
8.2 Resultados
A Tabela 8.2 apresenta os principais resultados de força máxima e deslocamento à
300 kN de força para as seções estudadas. Da tabela, nota-se que os perfis constituídos
de UHPFRC apresentam tanto maior resistência quanto menores deslocamentos aos 300
203
kN de força aplicada, quando comparados às referências de C135 e C70. Sobretudo, na
peça de C70 o valor de δ300kN = 466 mm é o deslocamento de pico da peça.
A força máxima obtida pelo modelo analítico de dimensionamento à flexão (i.e.,
Fmax,an ) foi próxima da resistência obtida via modelo numérico (i.e., Fmax,num ), com
erro máximo de 13 % para a peça de C70. É importante salientar que para esta etapa,
utilizou-se o dimensionamento de Fehling et al. (FEHLING et al., 2014; LEUTBECHER;
FEHLING, 2013) para o UHPFRC, e da ABNT NBR 6118:2014 (ABNT, 2014) para as
peças de C135 e C70, embora a NBR 6118 não apresente um modelo próprio para o
dimensionamento de peças C135, sendo feita uma extrapolação.
Fmax,an
Nome Fmax,an Fmax,num (kN) Fmax,num
δ300kN (mm)
(kN)
AASTHO SII/C70 347 306 1,13 466
AASTHO SII/C135 357 333 1,07 350
AASTHO SII/UHPFRC 453 462 0,98 138
AASTHO SII/UHPFRC/E75 423 448 0,94 142
AASTHO SII/UHPFRC/E50 395 431 0,92 175
AASTHO SII/UHPFRC/P1200 458 468 0,97 115
AASTHO SII/UHPFRC/P1400 461 468 0,98 104
AASTHO SII/UHPFRC/P1800 478 469 1,02 92
204
quantidade de aço de protensão (17 barras de 12,5mm) na parte inferior de todas as peças
analisadas.
5 0 0 µ= 2 ,8 4
µ= 3 ,1 1
µ= 3 ,1 3
4 0 0
µ= 2 ,7 0 4
F o rç a a p lic a d a (k N )
3 0 0
µ= 2 ,8 9
2 0 0
U H P F R C (e sp = 5 0 m m )
U H P F R C (e sp = 7 5 m m )
1 0 0 U H P F R C (P C I S II)
C 1 3 5 (P C I S II)
C 7 0 (P C I S I I)
0
0 2 0 0 4 0 0 6 0 0 8 0 0 1 0 0 0
D e s lo c a m e n to d o m e io d o v ã o (m m )
As Figs. 8.11, 8.12, 8.13, 8.14 e 8.15 apresentam o dano de tração para as vigas
constituídas de C70, C135 e UHPFRC com espessura variável. Do modelo numérico, pode-
se inferir que o modo de falha de todas as lajes foi de flexão, com deformação excessiva
das armaduras ativas. A utilização das fibras na mistura distribuí a danificação na região
central, enquanto que o concreto convencional e de alta resistência apresentam fissuras
mais concentradas e também mais espaçadas. Outra característica observada é que todos
os concretos sem fibras apresentam danificação de ancoragem devido a protensão, fato
que não ocorre com as seções com fibras, uma vez que as fibras funcionam como micro
reforço, sendo capazes de inibir as fissuras de ancoragem e distribuir o dano de flexão,
conforme demonstrado no capítulo 7.
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205
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206
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1 /V o l (1 /m ³)
0 .6
0 .5
0 .4
C 7 0
0 .3
C 1 3 5
2 .0 U H P F R C (5 0 m m )
3 0 0 2 .2
2 .4 U H P F R C (7 5 m m )
3 5 0 2 .6
4 0 0 2 .8
U H P F R C
4 5 0 3 .0
3 .2
5 0 0 3 .4
F m a x µ
Variando-se a tensão de protensão P = 875 MPa, 1200 MPa, 1400MPa e 1800 MPa
para a seção de PCI AASHTO SII 36 constituída de UHPFRC, obtém-se a relação força
x deslocamento da Fig. 8.17. Nota-se que o aumento de protensão gera acréscimo de
ductilidade, partindo do valor de µ = 2,84 (P = 875 MPa) para µ = 4,07 (P = 1800
MPa), diminuindo a dispersão de fissuras ao longo da peça mas provocando localização
de dano na região central da laje alveolar, conforme mostrado nas Figs. 8.18, 8.19, 8.20
207
e 8.21 que apresentam a danificação de tração na iminência da ruptura. O aumento de
protensão não gera aumento significativo da força máxima (apenas 1% comparando a laje
com P = 875MPa e 1800MPa), indicando que a localização e maior abertura das fissuras
no meio do vão limitam a resistência final das peças. As Figs. 8.18, 8.19, 8.20 e 8.21
também demonstram que ocorre maior danificação na região de ancoragem à medida que
a força de protensão aumenta.
5 0 0
µ= 4 ,0 3
µ= 3 ,7 1
4 0 0
F o rç a a p lic a d a (k N )
µ= 3 ,2 6
3 0 0
µ= 2 ,8 4
2 0 0
P ro te n s ã o a p lic a d a
1 8 0 0 M P a
1 0 0
1 4 0 0 M P a
1 2 0 0 M P a
8 7 5 M P a
0
0 1 0 0 2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0 6 0 0
D e s l. n o m e io d o v ã o (m m )
208
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Printed using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:24:45 E. South America Standard Time 2020
Figura 8.18: Dano de tração - PCI AASHTO SII 36, com protensão igual à 875 MPa
Printed using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:20:28 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:20:41 E. South America Standard Time 2020
Figura 8.19: Dano de tração - PCI AASHTO SII 36, com protensão igual à 1200 MPa
209
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inted using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:21:11 E. South America Standard Time 2020
Figura 8.20: Dano de tração - PCI AASHTO SII 36, com protensão igual à 1400 MPa
Printed using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:23:18 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Wed May 06 16:23:04 E. South America Standard Time 2020
Figura 8.21: Dano de tração - PCI AASHTO SII 36, com protensão igual à 1800 MPa
Uma vez obtido o momento resistente pela simulação numérica, pode-se calcular a
máxima sobrecarga em função do vão para as seções estudadas, conforme apresentado na
Fig. 8.22. O valor de sobrecarga máximo foi considerado distribuído de forma uniforme
por todo elemento, e o peso próprio foi descontado do valor total de sobrecarga. As lajes
210
foram tratadas como vigas bi apoiadas com modo de falha de flexão. Dos resultados, nota-
se que as lajes alveolares constituídas de UHPFRC apresentam comportamento muito
superior para a flexão, podendo vencer grandes vãos e suportando altas sobrecargas de
utilização. Portanto, para o modo de falha de flexão estudado, a utilização de seções
com espessura menor não gera perdas significativas de resistência, apresentando sempre
resistências maiores que as de referência de C135 e C70.
2 6 0
2 4 0 U H P F R C (P C I S II)
U H P F R C (e = 5 0 m m )
2 2 0
U H P F R C (e = 7 5 m m )
2 0 0 C 1 3 5 (P C I S II)
S o b re c a rg a (k N /m ²)
1 8 0 C 7 0 (P C I S I I)
1 6 0
1 4 0
1 2 0
1 0 0
8 0
6 0
4 0
2 0
0
6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 1 8 2 0 2 2
V ã o m á x im o (m )
211
• Todas as peças de UHPFRC obtiveram deslocamentos à 300 kN muito menores que
as referências de C70 e C135 (redução de 70,4% e 60,5% respectivamente, conside-
rando a laje PCI AASHTO SII - 36);
212
Capítulo 9
Conclusões
213
nuição da frequência fundamental e aumento de coeficiente de amortecimento, com
a evolução dos ciclos de carregamento. Os valores de amortecimento observados nas
vigas em escala real foram pequenos e inferiores à 2% (valores usuais para concretos
usuais), o que pode ser atribuído pelo pequeno valor de amortecimento interno do
UHPFRC observado nos ensaios em corpos de prova;
• A ausência de fibras nas vigas de UHPC provocou uma alteração do modo de falha,
em relação às peças de UHPFRC, tornando-as mais frágeis e com baixa resistên-
cia à tração no cisalhamento. Este fato é comprovado pelos valores de índice de
ductilidade observados (1,71 para UHPC-P e 3,96 para UHPFRC-P) e ruptura ca-
tastrófica durante os ensaios, o que demonstra que a utilização de fibras nas vigas
I sem estribos contribui decisivamente para a resistência ao cisalhamento da viga I.
Além disso, a utilização de fibras aumenta a deslocabilidade da peça (7,5 mm para
24 mm) e a resistência última (63 kN para 178 kN). Portanto, no caso das vigas es-
tudadas, as fibras foram mais decisivas para a deslocabilidade, índice de ductilidade
e resistência do que a protensão;
214
que propicia o aumento da ductilidade e resistência dos perfis. Este fato é observado
no modelo numérico experimental que confirma as hipóteses de melhoria de ductili-
dade. A protensão também diminuiu a ocorrência de fissuras dispersas ao longo do
elemento, segundo a fotogrametria. Em contrapartida, as peças protendidas apre-
sentaram maior localização de dano no meio do vão, provocando a ocorrência de
fissuras com maior abertura;
215
Como indicação para futuros estudos, poderiam ser avaliadas vigas protendidas de
UHPFRC com outros tipos de fibras, volumes de fibras e natureza variáveis, maiores
valores de protensão e estudo da orientação das fibras nas seções. Além disso, outras
tipologias de seções de UHPFRC que rompam em situação de esforço cortante devem ser
estudadas no futuro, a fim de se obter maiores contribuições neste assunto.
216
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233
234
Anexo I - Validação numérica de vigas
protendidas e armadas
Força Força
270
Armadura passiva
180
Ast = 380.1 mm2
100 1130
2900
LVDT
Figura 9.1: Ensaio desenvolvido por Yang et. al.(YANG; KIM, 2012; YANG; JOH; KIM,
2010)
235
L e i c o n s titu tiv a
L e i d e d a n o
2 2 5
2 0 0 1 ,0
1 7 5
T e n sã o d e c o m p re ssã o (M P a )
0 ,8
1 5 0
Ín d ic e d e d a n o
1 2 5 0 ,6
1 0 0
7 5 0 ,4
5 0
0 ,2
2 5
0 0 ,0
-2 5
0 ,0 0 0 0 0 ,0 0 2 5 0 ,0 0 5 0 0 ,0 0 7 5 0 ,0 1 0 0
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a
(a) Compressão
L e i c o n s titu tiv a
L e i d e d a n o
1 2 1 ,0
1 0
0 ,8
T e n s ã o d e tra ç ã o (M P a )
Ín d ic e d e d a n o
0 ,6
6
0 ,4
4
0 ,2
2
0 0 ,0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 4 0 ,0 0 8 0 ,0 1 2 0 ,0 1 6 0 ,0 2 0
D e fo rm a ç ã o in e lá s tic a
(b) Tração
236
Na Fig. 9.3 são apresentados os aspectos básicos sobre a modelagem numérica do
experimento de Yang et. al. (YANG; KIM, 2012; YANG; JOH; KIM, 2010). O concreto
foi modelado com elemento sólido C3D8R, este possui 8 nós e três graus de liberdade por
nó, translações nas direções principais x, y e z, e integração reduzida. Foram consideradas
duas malhas de discretização a saber: 50 mm e 25 mm. As barras de aço foram modeladas
com elemento de treliça 3D, T3D2, discretizadas à cada 150 mm. Na interface concreto-
armadura considerou-se embutimento perfeito, na qual a armadura é imersa no concreto,
havendo garantia de compatibilidade entre as partes.
O carregamento foi realizado por meio da aplicação de deslocamento vertical no ponto
de referência (vide o ponto amarelo mostrado pela Fig. 9.3.d). O deslocamento foi
transferido para a viga por meio de vigas rígidas (MPC Beam). Quanto as condições de
contorno, foi adotado como referência apoios fixos, conforme a Fig. 9.3.d.
237
Y Y
Z X Z X
RP−1 RP−1
Y Y
Z X Z X
Z X
RP−1
Z X
(c) Discretização de 50 mm
RP−1
Z X
Z X
Figura 9.3: Modelagem numérica do ensaio de Yang et. al.(YANG; KIM, 2012; YANG;
JOH; KIM, 2010)
238
A Fig. 9.4.a apresenta a resposta em força x deslocamento para os modelos numé-
ricos e experimentais. Estes dados revelam a precisão e acurácia do CDP para a re-
presentação do comportamento flexional de vigas de UHPFRC armadas, uma vez que
observam-se forças máximas de Fexp,max = 188, 2kN e Fnum,max = 201, 0kN , com razão
de Fexp,max /Fnum,max = 1, 069. Além disso, o deslocamento máximo foi de dexp,max =
19, 61mm and dexp,max = 18, 53mm, respectivamente para os modelos experimental e nu-
mérico. Já a Fig. 9.4.b apresenta a concentração de dano após o atingimento da força
máxima da viga. Nota-se a presença de fissuras verticais na parte central da viga, o que
caracteriza um modo de falha flexional
2 5 0
( 1 8 ,5 3 ; 2 0 1 ) ( 1 9 ,6 0 ; 1 8 8 )
2 0 0
1 5 0
F o rç a (k N )
1 0 0
5 0
M a lh a = 2 5 m m
M a lh a = 5 0 m m
E x p e rim e n ta l (Y a n g e t. a l)
0
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5
D e s lo c a m e n to d o m e io d o v ã o (m m )
DAMAGET
(Avg: 75%)
0.991071
0.908482
0.825893
0.743303
0.660714
0.578125
0.495535
0.412946
0.330357
0.247768
0.165178
0.082589
0.000000
239
A.2 Vigas protendidas de UHPFRC
Nesta seção objetiva-se a simulação numérica utilizando o CDP para representação
de um modelo experimental de viga I protendida constituída de UHPFRC proposto por
Graybeal (2008). Neste ensaio, Graybeal (2008) estudou experimentalmente o compor-
tamento flexional de uma viga protendida de seção I - PCI AASHTO II, com 26 cabos
de protensão (2 na parte superior e 24 na inferior com φ = 12,7 mm), constituído de
UHPFRC. Cabe salientar que esta seção transversal é amplamente utilizada em campo
como longarinas de pontes, geralmente constituídas de concreto convencional C70. Além
disso, a mesma viga foi modelada e simulada por Graybeal (2009). A Figura 9.5 apresenta
a a seção transversal e o esquema de ensaio. As principais características dos materiais
deste estudo são apresentadas pela Tabela 9.1. É necessário salientar que dois valores de
resistência de tração são apresentados. O primeiro é resultado de uma caracterização de
corpos de prova (9 MPa) e o segundo foi obtido por calibração numérica efetuada por
Benjamin a. Graybeal (2008) (15,9 MPa). Provavelmente esta discrepância se dá pela
variabilidade experimental apresentada entre os ensaios em corpos de prova de tração em
comparação com a estrutura real.
F/2 F/2
305 mm
457 mm
Sensor LVDT
23,90 m
240
0,57 não acarretava grande perda de precisão entre os modelos numérico e experimental,
sendo esta adoção aceitável para o caso do carregamentos monotônicos, como poderá
ser observado no capítulo 5. A tabela 9.1 apresenta os principais valores adotados na
reprodução do ensaio:
Parâmetro Valor
Resistência à compressão do concreto (MPa) - fc 193
1
Resistência à tração do concreto (MPa) 15,9 ou 9
Resistência do aço (MPa) – fp,u 1860
Tensão de protensão (MPa) – fp,i 850
Diâmetro das barras de protensão (mm) - φ 12,7
Área total do perfil (m²) 0,23
d’inf (mm)2 102
d’sup (mm) 51
Módulo de elasticidade do aço - Es (GPa) 198
Módulo de elasticidade do concreto – Eci (GPa) 55
Momento de inércia (m4 ) 0,02
Altura do perfil (mm) 914
1
O valor de 15,9 MPa é obtido via calibração numérica-experimental no trabalho de Graybeal (2008)
e difere de 9 MPa, obtido pelos corpos de prova do mesmo trabalho
2
d é a distância entre as faces e os centros de gravidades das armadurasd é a distância entre as faces
e os centros de gravidades das armaduras
241
0 .0 4
2 0 0
0 .0 3 1 8 0
T e n sã o (M P a )
1 6 0
D a n o
0 .0 2
1 4 0
1 2 0
0 .0 1
L e i d e d a n o ( b c = 0 ,7 ) 1 0 0
L e i c o n s titu tiv a
0 .0 0 8 0
0 .0 0 0 0 0 .0 0 0 2 0 .0 0 0 4
d e f. in e lá s tic a
1 .0
1 6
0 .8
0 .6 1 4 T e n sã o (M P a )
D a n o
0 .4
1 2
0 .2
L e i d e d a n o ( b t = 0 ,5 7 ) 1 0
0 .0
L e i c o n s titu tiv a
0 .0 0 0 0 .0 0 2 0 .0 0 4 0 .0 0 6 0 .0 0 8 0 .0 1 0
d e f. in e lá s tic a
O aço de protensão ASTM 270 ksi que foi utilizado tem lei constitutiva conforme a
Figura 9.7, baseada no estudo de Devalapura e Tadros (1992). A protensão foi aplicada
como um carregamento pré estabelecido como metade da tensão de escoamento das arma-
duras ativas (fptk /2,i.e., 850 MPa), conforme a condição apresentada por Graybeal (2008).
A interação entre as barras de protensão com o UHPFRC foi, por hipótese simplificadora,
adotada como perfeita, sendo as armaduras totalmente embutidas dentro do modelo de
concreto. O módulo de elasticidade adotado destas armaduras fora de 197 GPa.
242
A Tabela 9.2 apresenta os parâmetros de plasticidade e elasticidade utilizados no
modelo:
Parâmetro Valores
Módulo de elasticidade (GPa) 52,4
Ângulo de dilatação (º) 54
Excentricidade 0,1
K 0,6667
fb0 /fc0 1,07
Parâmetro de viscosidade 0,0
2 0 0 0
L e i c o n s titu tiv a a ç o A S T M 2 7 0 k si
1 5 0 0
T e n sã o (k N )
1 0 0 0
5 0 0
0
0 ,0 0 0 0 ,0 0 5 0 ,0 1 0 0 ,0 1 5 0 ,0 2 0 0 ,0 2 5 0 ,0 3 0
D e fo rm a ç ã o to ta l
243
19
Figura
Figura 6 – Discretização em 9.8:finitos
elementos Discretização da seção
da seção transversal transversal
1000
800 + 10 %
+ 10 % +5%
Força aplicada (kN)
600
-5% - 10 %
- 10 %
400
200
Numérico (Lei constitutiva simplificada e controle de deslocamento)
Numérico (Lei constitutiva calibrada e controle de força e deslocamento)
Experimental (Graybeal, 2008)
0
0 100 200 300 400 500 600
deslocamento do meio do vão (mm)
244
1 2 0 0
N u m é ric o c a lib ra d o
1 0 0 0 E x p e rim e n ta l (G ra y b e a l, 2 0 0 8 )
F o rç a a p lic a d a (k N )
8 0 0
6 0 0
4 0 0
2 0 0
0
0 1 0 0 2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0 6 0 0
d e s l. m e io d o v ã o (m m )
245
Printed using Abaqus/CAE on: Mon Mar 16 14:52:41 E. South America Standard Time 2020
Printed using Abaqus/CAE on: Mon Mar 16 14:52:19 E. South America Standard Time 2020
(a) dano de compressão
(b)15:11:51
Printed using Abaqus/CAE on: Mon Mar 16 dano de traçãoAmerica Standard Time 2020
E. South
246
Anexo II - Coeficientes de segurança
aplicados ao UHPFRC e
comportamento tensão-deformação
247
Tabela 9.3: Fatores de segurança para determinação do estado limite ultimo . Fonte:
Olivier Bonneau et al. (2000)
Situação de projeto
Estado de tensão
Permanente e transiente Acidental
UHPC na compressão
Altos padrões de qualidade γc = 1, 35 γc = 1, 15
Padrões de qualidade normal γc = 1, 5 γc = 1, 3
Se o critério de ductilidade não for atendido γc0 = 1, 2
UHPC na tração
Casos gerais γcf = 1, 5 γcf = 1, 3
Análises locais γcf = 2, 1 γcf = 1, 5
UHPC reforçado e/ou protendido γcf = 1, 15 γcf = 1, 0
248
de duração de carregamento sobre a resistência à compressão e conversão entre as forças
compressivas do cilindro e estrutura real, geralmente adotado como 0,85 para o caso de
carga de longa duração ou repetida e 0,95 para o carregamento de curto prazo; Ecd é o
módulo de elasticidade de projeto, calculado por Ecm /1, 3; Ecm é o módulo de elasticidade
médio tangente inicial das amostras cilíndricas;
Para o comportamento à tração do UHPFRC, é estabelecido a relação da Fig. 9.12
para a relação entre a tensão da fibra (σcf ) a abertura de fissura (w). No gráfico, o trecho
inicial ascendente está atrelada a fase de ativação da fibra (i.e. w < w0 ) determinado pela
Equação 9.4 e o trecho descendente pós pico (i.e. a w > w0 ) é tratado por um diagrama
bilinear contendo ao menos 2 pontos experimentais tais que w > w0 . Destaca-se ainda
que nenhum valor de abertura de fissuras w deverá superar a metade do comprimento da
fibra (Lf /2).
r
w w
σcf = σcf,0,d 2 − (9.4)
w0 w0
em que: w0 é a abertura da fissura ao solicitar a tensão de projeto da fibra, estimada pela
Equação 9.5; σcf,0d é a tensão de projeto da fibra, calculada pela Equação 9.6;
τf m lf2
w0 = (9.5)
Ef df
σcf,0,k
σcf,0,d = αct (9.6)
γcf
e ainda: τf m é a força média de ligação da fibra concreto, assumindo uma relação de
ligação rígida plástica, geralmente assumido como 1,3 fctm para fibras metálicas segundo
recomendações de Fehling et al. (2014) e resultados experimentais obtidos por Behloul
(1996) e Tue, Schenck e Schwarz (2005);lf é o tamanho da fibra;df é o diâmetro da
fibra; Ef é o módulo de elasticidade da fibra; σcf,0k é a resistência característica da
fibra, determinada pela avaliação estatística de resultados experimentais; γcf é o fator de
segurança parcial do UHPC sob tensão de tração, γcf = 1, 5 para ações permanentes e
γcf = 1, 3 para acidentais; αct é o fator que permite avaliação de efeitos a longo prazo
sobre a resistência à tração do UHPC;
249
é a resistência
𝑓 diagrama a compressão
de tensão característica
deformação mostradodepela
um corpo de 25
Figura prova
nãocilindrico
reflete de
comUHPC;
precisão o
é o fator de segurança
𝛾 comportamento do UHPC
do UHPFRC. na condição
Portanto, de de
para fins compressão, determinado
dimensionamento, pela Tabela
os autores 7; que
afirmam
𝛾′o éprocedimento
o fator de segurança adicional
usual é limitar se não satisfeita
a deformação últimaa condição de ductilidade
àquela observada mínima,
na tensão também
máxima (c2).
determinado pela Tabela 7 e sendo 𝛾′ = 1 para o caso do UHPFRC;
𝛼 é o fator que engloba
a soma das influências de duração de carregamento sobre a resistência
c
Comportamento característico
adotado como 0,85 para o caso de carga de longa duração ou repetida e 0,95 para o
carregamento de curto prazo);
Comportamento frágil
conforme o diagrama da Figura 26. Por
E meio deste diagrama pode-se
(Adequado para
cd
o UHPC)estabelecer uma relação
Ec
entre tensão-abertura da fissura (cf x w). Nota-se que o diagrama apresenta ramos ascendente
c 2 c 2 ,u= c 1
c
e descendente,
Figura sendo o trecho
25 –Diagrama ascendente
de tensão atrelado
deformação a fase(FEHLING
do UHPC de ativação da2014;
et al., fibraFIB,
(i.e.2011)
w < w0 )
Figura 9.11: Diagrama de tensão deformação simplificado na compressão. Fonte: Fehling
determinado pela Equação (10) e o trecho descendente (i.e. a w > w0) tratado por um diagrama
et al. (2014)
cd cc fck /( ctais
bilinear contendo ao menos 2 pontos fexperimentais 'c ) que w > w0. Destaca-se (7) ainda que
c2 superar
nenhum valor de abertura de fissuras w deverá fcd / Ecda metade do comprimento (8)
da fibra (Lf/2).
cf,0
cf,1
w0 w1 w2 w
Figura 26 –Tensão-fissuração para UHPFRC (fonte: Fehling et al. (2014))
Figura 9.12: Tensão versus abertura de fissuras para UHPFRC. Fonte: Fehling et al.
(2014)
w w
cf cf ,0d 2
w0 w0 (10)
250
Anexo III - Validação das equações de
dimensionamento
Uma vez detectado que o modo de falha preponderante para a viga de Graybeal
(2008) é o flexional, pode-se utilizar as equações de dimensionamento apresentadas no
item 3.2 para previsão do momento resistente da seção transversal.
Como parâmetro de entrada, pode-se considerar a Figura 9.13, onde se apresenta
uma lei geométrica que correlaciona a área comprimida à profundidade da linha neutra,
sendo este parâmetro um facilitador para os cálculos subsequentes. É necessário salientar
que o valor máximo de tração 15,9 MPa do diagrama de tensão-deformação calibrado é
utilizado para a simulação numérica da viga de Graybeal (2008), mas para esta etapa
de dimensionamento analítico será utilizado o valor de 9 MPa, obtido por meio de uma
série de ensaios de tração direta desenvolvido por Graybeal et. al. (GRAYBEAL, 2008;
GRAYBEAL; BABY, 2013). Não há justificativa clara no trabalho de Graybeal (2008)
para a diferença entre valores, mas os resultados analíticos demonstram maior precisão
para o valor de resistência de tração direta.
O primeiro passo para o dimensionamento é se calcular o valor de deformação última do
UHPFRC à compressão (cud ). Uma vez que a ABNT NBR 6118:2014 (ABNT, 2014) não
apresenta valores de cud para concretos com classe superior à C90, adota-se as prescrições
para o UHPFRC da Associação Francesa de Engenharia Civil (AFGC, 2013), conforme
as Equação 9.7:
Em que: fctm é a tensão média de tração direta em corpos de prova de UHPFRC, podendo
ser maior que a tensão de fissuração no caso de UHPFRC que apresente comportamento
de strain-hardening; fcm é a resistência de compressão média; c0d é a deformação de limite
elástico, dado por fcm /Eci e Eci é o módulo de elasticidade estático tangente inicial.
À partir do cálculo de cud , pode-se obter a situação na qual a linha neutra está no
limite entre os domínios 2 e 3 (i.e., partindo-se da hipótese onde o concreto apresenta
251
deformação igual à cud = 5, 8‰ e o aço st = 10‰), e consequentemente, obtém-se
(xlim ), conforme a Equação 9.8:
cc (h − d0inf )
xlim = = 0, 297m (9.8)
cc + st
Por meio da lei geométrica de comportamento x vs. Ac (Figura 9.13), obtém-se os
valores de área da região comprimida e tracionada para o limite entre os domínios 2 e
3 (xlim ), isto é: Ac,lim = 0, 076m2 e tracionada de At,lim = 0, 154m2 . Então, pode-se
escrever o equilíbrio de forças, resultantes nestas regiões e no centro de gravidade das
armaduras de protensão, conforme as Equações 9.9 à 9.12, para x = xlim :
Acc fc
Rcc = (9.9)
2
πφ2
Rsc = nb,sup . fp (prev + sc ) (9.10)
4
πφ2
Rst = nb,inf . fp (prev + 10‰) (9.11)
4
252
no concreto e nas armaduras superiores. Os valores finais de resultantes são apresentados
conforme a Tabela 9.4, bem como o valor de 4R < ±1kN . Cabe também salientar
que como a viga de Graybeal (2008) apresenta ruptura no domínio 2, o aço inferior
apresentará deformação sempre igual à st = pnd + 10‰ = 15, 02‰, conforme a hipótese
deste domínio. Caso a peça estivesse no domínio 3, seria necessário descer a linha neutra
com valor de deformação do concreto constante em cud , de acordo com a Eq. 9.7.
Resultante [kN]
Rcc,lim 14796
Rsc,lim 274
Rst,lim 4939
Rct,lim 1979
4Rinicial 9328
Rcc,f inal 5669
Rsc,f inal 411
Rst,f inal 4939
Rct,f inal 1141
4Rf inal 0,09
Uma vez atingida a a tolerância estabelecida para 4R, pode-se calcular o momento
resistente da seção transversal por meio do equilíbrio de forças em relação à na linha
neutra, conforme a Equação 9.13:
26
X πφ2
0
Mrd = Acc fcd .(2/3).x + Rcc .(x − d ) + Act .0, 9.η.fct .0, 9.(h − x) + .fp .Yi (9.13)
n=1
4
Vale salientar que: Yi são as distâncias dos centros de gravidade das armaduras de pro-
tensão até à linha neutra da peça;
Finalmente, obtém-se o momento resistente de 4527 kN.m para seção transversal.
Este valor é muito próximo daquele obtido experimentalmente por Graybeal (2008) e pela
simulação numérica no presente artigo (4318 kN.m). Nota-se que o erro entre as equações
de dimensionamento, modelo numérico e não é maior que 4,7 %.
253
21
FiguraFigura
8 – Lei que correlaciona
9.13: a área comprimida
Lei geométrica vs. Profundidade
do perfil da LN (viga AASHTO tipo II)
I de Graybeal
500
Fmax = 450 kN
400
Fmax = 346 kN
300
Fmax = 249 kN
F (kN)
200
100
(a)
254
Anexo IV - Cálculo das perdas de
protensão
Nesta seção, será apresentada a metodologia utilizada para a obtenção das perdas
de força de protensão. O cálculo é feito conforme a ABNT NBR 6188:2014, anexo A.
Cabe salientar que a norma brasileira não contempla este tipo de material, mas por outro
lado, não há estudos sobre a determinação destes valores. Portanto, utilizou-se a norma
nacional como estimativa dos valores de perda de protensão das vigas experimentais.
Nesta seção será apresentado o cálculo da perda de força de V02.
O primeiro passo, é a determinação da espessura fictícia, conforme a Eq. 9.14. Para
valores de Ac = 0, 0375m2 , u = 1, 31m, obtém-se hf ic = 28, 62cm.
γ.2.Ac
hf ic = (9.14)
u
Em que: γ é um coeficiente de condição climática, adotado igual à 5,0 (i.e., muito úmido);
u é o perímetro da seção transversal; e Ac é a área bruta de concreto;
Para a umidade relativa do ar arbitrada em U = 90 %, pode-se determinar 1,s e
2,s ,conforme as Eqs. 9.15 e 9.16, obtendo os valores de 1,s = −1, 05.10−4 e 2,s = 1, 07.
Posteriormente, é determinado o valor de cs,∞ , de acordo com a Eq. 9.17, sendo igual à
−1, 12.10−4 .
U2
U
1,s −4
= 10 . −6, 16 − + (9.15)
484 1530
0, 33 + 2hf ic
2,s = (9.16)
0, 21 + 3hf ic
Os coeficientes de fluência rápida e lenta, bem como a fluência final são calculados de
acordo com as Eqs. 9.18, 9.19, 9.20, apresentando valores respectivos de 0,35, 2,33, 1,67.
255
fc (t = t0 )
φa = 0, 8 1 − (9.18)
fc (t = t∞ )
Em que: t0 é a idade de desforma, neste caso dado por 7 dias; t∞ é dado pelo tempo de
maturidade total do concreto, neste caso estipulado em 90 dias; fc (t = t0 ) é a resistência
média do concreto na data da desforma, igual à 75 MPa (vide Fig. 5.10); fc (t = t∞ ) é
a resistência do concreto com maturidade avançada, arbitrado como 135 MPa; φ1,c é o
coeficiente que leva em conta a consistência do concreto, neste caso adotado como 1,6,
para ambiente úmido e slump de 10 - 15 cm; φ2,c é o coeficiente que leva em conta a
espessura fictícia da seção, dado pela Eq. 9.21 e igual à 1,45; β(t) e β(t0 ) são fatores
determinados pela Eq. 9.22, dados por β(7) = 0, 19 e β(90) = 0, 51.
42 + hf ic [m]
φ2,c = (9.21)
20 + hf ic [m]
t2 + A.t + B
β(t) = 2 (9.22)
t + C.t + D
E ainda, A, B, C e D são dados por:
Ast
ρ= (9.27)
Ac
256
Ac
η = 1 + e2p (9.28)
Ic
Mg .ep P0 P0 e2p
σc,p0g = + + (9.29)
Ix Ac Ix
Em que: Mg é o momento gerado pelo peso próprio; ep é a excentricidade da armadura
ativa em relação ao CG da seção transversal, igual à 10 cm; P0 é a força nas armaduras
ativas, medida pela célula de força, neste caso 122,496 kN; Ix é a inércia da seção, igual
à 0, 0003m4 .
Obtidos os valores de ρ, η e σc,p0g , respectivamente ρ = 9, 386.10−3 , η = 2,25 e σc,p0g =
0, 72kN/cm2 , obtém-se de forma simplificada o valor das perdas de força, conforme a Eq.
9.30:
257
Anexo V - Ortofotos
Neste anexo, são apresentadas as vetorizações das vigas, bem como o mapeamento
dos valores obtidos para as fissuras residuais detectáveis pela técnica de fotogrametria,
em cada passo de carga. As fissuras são apresentadas em mm:
(a)
(a) 0.3-0.2
0.6 0.3
(a)
(a)(b)
Intacto 0.3-0.2
0.6 0.3
(a)
(b)
0.3-0.2
0.6 0.3
(b) após o 1º ciclo
0.3-0.2
0.6 0.3
(b)
(c) 0.3-0.2
0.3 0.3
0.5-1.1
0.3-0.2
0.6 0.3
0.5 0.4 0.7
(c)
0.3 0.3
0.2
0.5
0.2
0.5
0.6 0.5-1.1
0.3
(c)
(d) após o 3º ciclo
(d)
0.3
0.2
0.5
0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
0.5-1.1
0.6 0.5-1.1
0.6
0.5-1.1
1-4.3
(d)
0.2-0.4 0.1
0.3 0.2-0.3
0.3
0.3 0.5 0.4 0.3
0.7
0.6
0.2 0.2
0.5 1.4
14
0.1 0.20.3 0.5
0.5
0.5 3 0.4
0.3 0.7
0.6 0.2
0.4
0.4-2
0.5-1.1
18 0.5-1.2
22
0.5-1.1
0.2
1.4
0.4
1.8 0.5-1.2
1.4
0.1
0.1 0.3
0.3
0.6
0.5
0.5
0.7
3
0.4-2
0.4
(d) 0.6
(e)
1-4.3
0.2-0.4 0.1
0.6
1-4.3
0.2-0.4 0.1
(e)
258
0.2-0.3 0.3 0.3
0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2
2.2
0.6
1-4.3
0.2-0.4 0.1
0.2
0.1 0.2
0.3
0.2
0.2
0.4-0.3
(b)o 1º ciclo 0.1 0.2-0.4
(b)
0.2
(b) após
0.4
0.2 0.02
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.2 0.2
0.3
0.4-0.3
0.4
(c)
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
0.2 0.2 0.2 0.02
0.1 0.2 0.1 0.4 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
(c)
0.2 0.2 0.2 0.2 0.02
0.3 0.4
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
0.2 0.2 0.2 0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.3
0.4
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2 0.3
(c)
0.2
(c)
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2 0.3
0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3
(c)
0.3-0.5
0.3
0.3 0.3
0.3
0.4
0.5 0.3
(d)
0.3-0.5 0.2 0.4 0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2 0.3
0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3 0.3-0.5 0.2 0.4 0.3 0.3 0.3
0.2-0.3
0.3-0.4 0.2
0.4 0.3
0.2-0.3 0.2 0.5 0.2 0.3
0.3 0.3
0.2
(d)
0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.4 0.3
0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2
0.5 0.3
0.3
(d)
0.3 0.3
0.4
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8 0.50.02 0.7-1.2 0.3
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
(d)
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1
0.7-1.2
0.7-1.2 0.6 0.6 0.7-1.2
(d)
0.6
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8
0.1-0.2 0.3-0.2
0.3
0.3-0.2 0.3-0.2
0.02 0.9
0.3
0.2 0.3
0.2-0.3
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8
0.8-1.2
0.3-0.2
0.02 0.7-1.2 0.1-0.2 0.1 0.1
0.3 0.3 0.3
0.7-1.2
(e)
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3
0.1-0.2
0.4
0.4
0.3-0.2
0.3
0.3
0.3-0.2 0.3-0.2
0.4
0.4-0.2
0.6 0.6 0.6
0.1-0.2 0.9
0.7-1.2 0.1 0.3-0.5
0.2-0.5 0.4
0.2-0.5 0.3 0.1-0.2 0.3
0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.2-0.3 0.4-1.8 0.5 0.02 0.02 0.1-0.2 0.7-1.2 0.5 0.2 0.5
0.3
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.2-0.6 0.2 0.8-1.2 0.3
0.3-0.2 0.2 0.3 0.1-0.2 0.3 0.1 0.1
(e)
0.2-0.3 0.2-0.3 0.1-0.2
0.2-0.3 0.2-0.6 0.2 0.3-0.2
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.2 0.7-1.2
0.2-0.3
0.1-0.2
0.4
0.4
0.3
0.30.3-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.4
0.4-0.2 0.6 0.6 0.6
0.1-0.2
0.9
0.7-1.2 0.1 0.3-0.5
(e)
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1
0.7-1.2
0.1-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.3-0.2 0.6 0.6 0.6
0.9
0.7-1.2
(e)
(e)
259
(a)
(a)
(b)
(a) condição intacta
(a)
0.4
(d)
(d)
(e) 0.3
1.1 8.4
0.3
0.1 0.3
0.3
0.4 0.4
1.1 0.7 0.3
8.4 0.4
0.3 5.2
0.3 0.3
0.1
0.5
0.3
0.4 0.4 0.7
0.3
0.4
6.9 0.3
0.3 0.3
0.3 5.2
0.3
0.3
0.5 1.1 0.3 0.3
8.4
6.9 0.3
0.1 0.3
0.3
260
(a) Intacto
(a)
(a)
(b) Após o 1º ciclo
(a)
(a) 0.3 0.4
0.3 0.2
0.2
0.3 0.4
0.3 0.2 0.3
0.2
0.2
0.3 0.4
0.3 0.2
0.2 0.3
0.3 0.4
0.2 0.3 0.2
0.2 0.3
(b)
0.2
0.3
0.2
0.2 0.2
0.2
0.2
(d)
(d)
(d) 0.3
0.3-0.5 0.2 0.4
2.0
(d)
0.3 0.4 0.4 0.2
0.2 0.5 0.2 0.1
0.2
0.2 0.3-0.4 0.4 - 0.5
0.4
1.8
0.2
0.3 0.3-0.4 0.2 0.2 0.2 0.7
1.4
0.2 0.9
0.2-0.3 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3
3.5
0.7 0.3 0.2 0.2
0.6
0.3 1.4
0.3-0.5 0.2 0.4 2.7
0.3-0.7 0.3 0.4 0.4 0.2 2.0
0.2 0.5 0.2 0.1
0.2
0.2 0.3-0.4 0.4 - 0.5
0.4
1.8
0.2
0.3 0.3-0.4 0.2 0.2 0.2 0.7 0.2 0.9
(f) Antes da ruptura
1.4
0.2-0.3 0.3 0.2
0.3
0.3-0.5 0.20.20.4 3.5
0.7 0.4 0.4
0.3
0.3
0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 2.0 0.6
0.2
0.3-0.5 0.2 0.1
0.2 0.4
0.2
0.2 1.4 0.3-0.4 0.4 0.4
0.3 0.4
- 0.5 0.5
0.2 2.0 1.8 2.7
0.3-0.7 0.3 0.40.2
0.7
1.8 0.9
0.2 0.2 0.2 0.2 0.5 0.4 0.2 0.2
0.20.3-0.5 0.1
0.3
0.2
0.2
0.3-0.4 0.3-0.4
0.2-0.3 0.3
0.3 0.2 0.4 0.4 0.4 - 0.5 0.2
1.4
0.4
2.0 3.5
0.2 0.2 0.5 0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3
0.7
0.2 0.1 0.7 0.9 0.6
Figura 9.17: Modelo fotogramétrico UHPFRC-P-Flex-Cis (V05)
0.2 0.2 0.2 0.2
0.2
0.2
0.3 0.3-0.4 0.3-0.4
0.2-0.3 0.3
0.4 - 0.5
0.4
1.4 1.8 3.5
0.2 2.7 0.3 0.2 0.2
0.2
0.2 1.40.7
0.2 0.2
0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 0.7 0.9
0.3-0.7
0.3-0.4 1.4 0.6 3.5
(e)
0.2-0.3 0.3 0.2
2.7 1.4
0.2 0.3
0.7 0.2 0.2
0.2 0.3
0.6
0.3-0.7
1.4 2.7
0.3-0.7
(e)
(e)
(e)
261
(a) Intacto
0.5
0.2
0.2
0.2
0.6 0.2 0.2
0.2
0.6
0.2 0.2
0.5 0.2
0.5 0.6
262
(a)
(a)
0.3-0.2
0.6 0.3
(a) 0.3-0.2
0.6 0.3
(b)
(a)
(a)(b)
Intacto 0.3-0.2
0.6 0.3
(a)
0.3-0.2
0.3-0.2
0.6 0.3
(b) após o 1º ciclo
0.3-0.2
(b)
(c)
0.5-1.1
0.3-0.2
0.6 0.3
(d)
(c)
0.3
(c)
(d) após o 3º ciclo
0.3
0.2
0.5
0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
0.5-1.1
0.6 0.5-1.1
0.5-1.1
0.3 0.3
0.2
0.5
0.6 (d) 0.5 0.4 0.2
0.7
0.5
0.5-1.1
0.5-1.1
1-4.3 0.5-1.1
0.2-0.3
(d) 0.3
0.2
2.2
0.2-0.4
0.2
1.4
0.4
1.8 0.5-1.2
1.4
0.1
0.1
0.3
0.3
0.6
0.5
0.5
0.7
3
0.4-2
0.4
(d) 0.6
(e)
1-4.3
0.2-0.4 0.1
0.6
1-4.3
0.2-0.4 0.1
(e)
0.2-0.3 0.3 0.3
0.6
0.2 1.4 0.1 0.3 0.5 3
0.5 0.4
0.3 1.4 0.7
0.4-2
0.2
0.4
1.8 0.5-1.2
2.2
0.6
1-4.3
0.2-0.4 0.1
(e)
2.2
(e)
263
(a)
(a)
(a)
(a)
0.2 0.3
(a)
(a) Intacto
(b)
0.2
0.2
0.3
0.3
(b)
0.2 0.02
0.2
0.1 0.2
0.3
0.2
0.2
0.4-0.3
(b)o 1º ciclo 0.1 0.2-0.4
(b)
0.2
(b) após
0.4
0.2 0.02
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.2 0.2
0.3
0.4-0.3
0.4
(c)
0.1 0.2 0.1 0.2-0.4
0.2 0.2
0.4-0.3
0.3
0.2 0.2
0.4
0.2
0.1
0.2-0.3
0.2
0.2
0.3
0.3-0.5
0.2
0.2
0.2
0.4-0.3
0.2 0.4
0.2
0.2
(c)
0.3 0.02
0.3
0.1
0.3
0.4
0.2-0.4
0.2-0.3 0.3-0.4
0.2 0.3
(c)
0.2
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2 0.3
0.2 0.3
0.2 0.40.3 0.3
0.3
(c)
0.3-0.5
0.3
0.3 0.3
0.3
0.4
0.5 0.3
0.2-0.3
0.2-0.3
0.3-0.5
0.3-0.4
0.2 0.4
0.2
0.2
(d) 0.2
0.3
0.3
0.3
0.2 0.3
(d)
0.40.3 0.3
0.3-0.5 0.3
0.3
0.3
0.3
0.3-0.5 0.2 0.4 0.4 0.3
0.3
0.2-0.3 0.3
0.2-0.3 0.3-0.4 0.2
0.2
0.5 0.3
0.3
(d)
0.3 0.3
0.4
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8 0.50.02 0.7-1.2 0.3
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
(d)
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.5 0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.5 0.02 0.1-0.2 0.5
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1
0.7-1.2
0.6 0.6 0.7-1.2
(d)
0.3-0.2 0.3-0.2 0.6
0.1-0.2 0.3-0.2 0.9
0.2-0.3
0.2-0.3
0.2-0.6 0.2 0.4-1.8 0.02 0.7-1.2
0.3 0.3 0.3
(e)
0.2-0.3 0.2
0.2-0.3 0.4 0.3 0.4-0.2
0.4 0.3 0.1-0.2 0.1 0.3-0.5
0.4
0.2-0.5 0.4 0.1-0.2
0.2-0.5 0.3 0.3
0.2 0.3-0.6 0.6-0.2
0.2-0.3 0.4-1.8 0.5 0.02 0.02 0.7-1.2
0.1-0.2 0.5 0.2 0.5
0.3
0.2-0.3
0.2-0.3
0.4-1.8
0.2-0.3 0.2-0.6 0.2 0.8-1.2 0.3
0.3-0.2 0.2 0.3 0.1-0.2 0.3 0.1 0.1
(e)
0.2-0.3 0.2-0.3 0.1-0.2
0.2-0.3 0.2-0.6 0.2 0.3-0.2
0.3 0.3 0.3
0.2-0.3 0.7-1.2
0.2
0.2-0.3
0.1-0.2
0.4
0.4
0.3
0.30.3-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.4
0.4-0.2 0.6 0.6 0.6
0.1-0.2
0.9
0.7-1.2 0.1 0.3-0.5
(e)
0.3
0.2-0.3 0.4-1.8 0.8-1.2
0.3-0.2
0.1-0.2 0.1 0.1
0.7-1.2
0.1-0.2 0.3-0.2
0.3-0.2 0.3-0.2 0.6 0.6 0.6
0.9
0.7-1.2
(e)
(e)
264
(a)
(a)
(a)
(a)
(b)
(a) condição intacta
(a)
0.4
(d)
(d) após o 3º ciclo
(d)
(d)
(e)
0.3
0.3
1.1 0.3
8.4
1.1 0.3
8.4
0.1 0.3
0.1 0.3
0.4 0.4 0.7 0.4
5.2
0.3
0.4 0.4 0.7 0.4 0.3
5.2
0.3
0.3 0.5 0.3
0.3 0.5 1.1 0.3 0.3
0.3 8.4 6.9 0.3
0.3
0.3
6.9 0.3
0.1 0.3
0.3
(e)
(e) (e) após a ruptura
265
(a) Intacto
(a)
(a)
(b) Após o 1º ciclo
(a)
(a) 0.3 0.4
0.3 0.2
0.2
0.3 0.4
0.3 0.2 0.3
0.2
0.2
0.3
0.3 0.4
0.2 0.3 0.2
0.2 0.3
(b)
(b)
0.2-0.4
0.3
0.5-0.1
0.2 0.2
0.3 0.3 0.2 0.2 0.2
0.2 0.2 0.3
0.2
0.2-0.4
0.2 0.3
0.5-0.1
0.2 0.2-0.4 0.2
0.3 0.3 0.3 0.2 0.2 0.2
0.2 0.5-0.1
0.2 0.3
0.2 0.2
0.3 0.3 0.2 0.2 0.2 0.2
0.2 0.2 0.3
0.2 0.2
0.2
0.2
(d)
(d)
(d) 0.3
0.4 0.4
0.3-0.5 0.2 0.4
0.2 2.0
0.3
0.2 0.5 0.2 0.1
0.2
0.2 0.3-0.4 0.4 - 0.5
0.4
1.8
0.2
0.3 0.3-0.4 0.2 0.2
1.4
0.2 0.2 0.7 0.9
0.2-0.3 0.3 0.3
0.3-0.5 0.20.20.4 3.5
(f) Antes da ruptura
0.2
0.7 0.3 0.4 0.4
0.3
0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 2.0 0.6
0.2
0.3-0.5 0.2 0.1
0.2 0.4
0.2
0.2 1.4 0.3-0.4
0.3 0.4 0.4
0.4
- 0.5 0.5
0.40.2
2.0 1.8 2.7
0.3-0.7 0.7 0.3
1.8 0.9
0.2
0.3 0.2 0.2 0.2 0.2
0.20.3-0.5 0.4 0.2 0.20.1
0.2
0.2
0.3-0.4 0.3-0.4
0.2-0.3 0.3 0.2 0.4 0.4
0.3
0.4 - 0.5 0.5
0.2
1.4
0.4
2.0 3.5
0.2 0.2 0.2 0.2 0.5
0.2 0.2 0.3 0.2 0.2 0.2 0.3
0.7
0.2 0.1 0.2 0.7 0.9 0.6
0.2 0.3 0.3-0.4 0.3-0.4 0.4 - 0.5 1.4 1.8 3.5
Figura 9.22: Modelo fotogramétrico UHPFRC-P-Flex-Cis (V05)
0.2 0.2-0.3 0.3 0.4
0.2 2.7 0.3 0.2 0.2
0.2
0.2 1.40.7
0.2 0.2 0.7
0.3 0.2 0.2 0.2 0.3 0.9
0.3-0.7
0.3-0.4 1.4 0.6 3.5
(e)
0.2-0.3 0.3 0.2
2.7 1.4
0.2 0.3
0.7 0.2 0.2
0.2 0.3
0.6
0.3-0.7
1.4 2.7
0.3-0.7
(e)
(e)
(e)
266
(a) Intacto
267