Dissertacao Amostragem Carajas
Dissertacao Amostragem Carajas
Dissertacao Amostragem Carajas
Porto Alegre
2014
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais
(PPGE3M)
Porto Alegre
2014
Essa dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de Mestre em
Engenharia, Modalidade Profissional, Especialidade Produção Mineral e aprovada
em sua forma final, pelo Orientador e pela Banca Examinadora do Curso de Pós-
Graduação.
Banca Examinadora:
___________________________________
Profa. Carla Schwengber ten Caten – Eng. Produção/UFRGS
___________________________________
Geól. Eunírio Fernandes Zanetti – ITV/VALE
___________________________________
Prof. Rodrigo de Lemos Peroni – PPGE3M/UFRGS
AGRADECIMENTOS
A Leonardo Queiroz e Herbert Viana por lutarem pela concretização desse curso em
parceria com a Vale S/A.
A Prof. Dr. Jair Carlos Koppe pela orientação na elaboração desse trabalho.
A meu querido esposo, Alex Sandro, meus pais e irmãos, pelo incentivo, apoio e
amor.
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ÍNDICE
LISTA DE TABELAS....................................................................................................8
RESUMO.....................................................................................................................9
ABSTRACT................................................................................................................10
Capítulo 1...................................................................................................................11
Introdução...................................................................................................................11
Capítulo 2..............................................................................................,....................14
Capítulo 3...................................................................................................................26
Capítulo 4...............................................................................................,,,.................34
Capítulo 5...................................................................................................................42
Capítulo 6...................................................................................................................46
Conclusões e recomendações...................................................................................46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................48
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.3 – (a) resultados precisos e exatos, (b) precisos e não exatos, (c) exatos e
não preciso e (d) não exatos e não precisos.............................................................17
Figura 4.1 – Produtos de minério de ferro de Carajás: Granulado, sinter feed e pellet
feed............................................................................................................................34
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
Capítulo 1
Introdução
estão distribuídos no espaço de acordo com suas características físicas, como, por
exemplo, tamanho, densidade e forma. Há meios de minimizar, porém não eliminar,
a heterogeneidade de distribuição através da mistura do minério a ser amostrado.
Para obter um resultado analítico confiável é importante que a amostra seja
representativa, ou seja, 1g utilizado na análise química deverá ser capaz de
representar milhões de toneladas de um corpo de minério, de uma pilha, vagão,
navio, etc. Entende-se por amostra representativa, aquela que tem resultados com
grau de precisão dentro da tolerância aceitável pelo processo. A forma de se ter
amostra representativa é por meio da amostragem aleatória, proporcionando a
mesma oportunidade para qualquer partícula pertencer à amostra. O parâmetro que
melhor traduz a heterogeneidade ou variabilidade do minério é a precisão que
impacta nos procedimentos de amostragem (Minnitt,2007)
Entende-se por precisão, o grau de concordância entre os resultados de medições
sucessivas de um mesmo parâmetro mensurado. Quando as medições são
realizadas sob as mesmas condições, é denominado de repetitividade. Quando as
medições ocorrem em condições variadas, é chamada de reprodutibilidade (VIM,
2007).
Para obter amostras representativas é importante não apenas utilizar equipamentos
de amostragem adequados para cada material como também operá-los de forma
correta respeitando o tamanho das partículas a serem coletadas, a frequência de
coleta dos incrementos e fechamento das amostras. O investimento para aquisição e
manutenção de equipamentos de amostragem pode ser alto e muitas vezes não são
contabilizados durante as fases de projeto e implantação de um negócio, induzindo a
que se recorra à amostragem manual que não é tida como um método adequado.
Em 1950 Gy propôs uma forma de estimar quantitativamente os erros envolvidos
durante o processo de amostragem na preparação de minérios fragmentados para
análise. A fórmula engloba os erros devido à massa do lote, massa da amostra, fator
de forma das partículas, fator granulométrico, fator mineralógico, grau de liberação
das partículas e tamanho máximo da partícula.
Para minério de ferro existe norma internacional regulamentadora de amostragem e
preparação de amostras, mas não leva em consideração o trabalho desenvolvido
por Gy, ou seja, não considera a heterogeneidade do material que é responsável
pelo erro existente nas etapas de amostragem e preparação de amostra.
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Capítulo 2
Lote:
O lote representa todo o material que se deseja conhecer as características
específicas por meio de ensaios e análises realizados em uma amostra.
Incremento:
Incremento é a quantidade de material coletada em uma única operação com o
auxílio de um dispositivo de amostragem (pá de amostragem ou amostrador/cortador
automático).
Amostra:
Amostra é um conjunto de incrementos suficiente para representar o lote. A amostra
é considerada representativa quando as características químicas, físicas e
mineralógicas do lote são preservadas.
Amostragem:
Amostragem representa operação destinada à coleta da amostra de um lote. A
amostragem pode ser probabilística ou não probabilística. O primeiro caso ocorre
quando as operações são realizadas de modo que todos os componentes do lote
tenham a mesma probabilidade de pertencer à amostra. Este é o modo mais
provável de se obter uma amostra representativa.
A amostragem não probabilística acontece de modo intencional ou pode ser
enviesada ou tendenciosa dependendo da forma que é executada e tem grande
chance de não representar o lote.
Considerando-se um lote de minério transportado por meio de um caminhão que
deverá ser amostrado para determinação das características química e física, pode-
se ter uma melhor representação das diferenças entre amostragem probabilística e
não probabilística na figura 2.2. Na figura 2.2.a observa-se um exemplo de
amostragem não probabilística, pois as partículas que compõem o lote não têm a
mesma probabilidade de pertencer à amostra. Durante o movimento no transporte o
material segrega na báscula do caminhão e as partículas mais grosseiras são
acomodadas no fundo. Esta amostra estará representando apenas a parte
superficial do material constituída de partículas mais finas.
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Figura 2.2 – Ilustração de amostragem não probabilística (a) e amostragem probabilística (b)
Tamanho da amostra:
Tamanho da amostra está diretamente relacionado com a precisão e grau de
representatividade do lote amostrado. O ideal seria poder analisar todo o lote, porém
isto não é viável, então quanto maior o tamanho da amostra mais representativo
serão os resultados dos ensaios e análises desse material.
Precisão:
Precisão é o grau de concordância entre os resultados de sucessivas medições de
um mesmo mensurando. Quando as medições são realizadas sob as mesmas
condições, é denominado de repetitividade. Quando as medições ocorrem em
condições variadas, é chamada de reprodutibilidade (VIM, 2007).
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Exatidão:
Exatidão é o grau de concordância entre um resultado de uma medição e um valor
verdadeiro mensurado - valor esperado (VIM, 2007).
Figura 2.3 – (a) resultados precisos e exatos, (b) precisos e não exatos, (c) exatos e não precisos e
(d) não exatos e não precisos
Material homogêneo:
O material é dito homogêneo quando todas as partículas são iguais em termos de
composição, tamanho, densidade e forma.
Material heterogêneo:
Material heterogêneo é aquele que as partículas constituintes apresentam
composição, tamanho, densidade e/ou forma diferentes.
(a) (b)
Figura 2.4 – (a) material homogêneo (b) material heterogêneo
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Tipos de amostragens:
Existem várias formas de executar o processo de amostragem, aqui serão
apresentadas as formas mais praticadas pelas indústrias de mineração e os
equipamentos comumente utilizados.
Amostragem em fluxo de minério:
Esse tipo de amostragem pode acontecer ao longo da correia ou no ponto onde
ocorre a queda do fluxo de material. Esse método pode ser considerado como
probabilístico ou não probabilístico dependendo como são coletados os incrementos.
Essa amostragem será probabilística se os incrementos forem coletados com auxílio
de um amostrador automático que corte toda seção transversal do fluxo,
proporcionando a mesma chance de qualquer tipo de partícula pertencer à amostra.
Caso a amostragem seja manual, realizada com auxílio de uma pá, a amostragem
será considerada como não probabilística, pois nem todas as partículas terão
chance de pertencer à amostra.
Os modelos de amostradores automáticos mais aplicados para esse tipo de
amostragem são o linear, posicionados na queda do material e cross-belt,
posicionado ao longo da correia onde passa o fluxo. No caso de material na forma
de polpa é amplamente aplicado o amostrador do tipo vezin.
Top size:
Top size, também chamado de tamanho máximo de partícula componente de um
lote. Para as normas ISO esse tamanho corresponde à abertura da peneira cujo
percentual retido acumulado, em uma distribuição granulométrica, é menor ou igual
a 5%. No exemplo apresentado na tabela 2.1 o top size do material corresponde a
12,5 mm.
Preparação de amostras:
A preparação de amostras consiste em uma sequência de etapas de
homogeneização, quarteamento e cominuição com o objetivo de adequar o tamanho
das partículas e garantir que os componentes estejam liberados entre si para
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realização das análises. Na figura 2.4 está representada a sequência de etapas para
preparação e análise de uma amostra.
Figura 2.4 – Etapas da preparação de amostras para ensaios físicos e análises químicas
Assim o erro total de amostragem pode ser escrito conforme apresentado a seguir:
Para um lote zero-dimesional o erro total de amostragem TSE pode ser escrito da
seguinte forma:
TSE = (FSE + GSE) + (IDE + IEE + IPE) (equação 07)
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Segundo Gy (2004) o PSE (erro de seleção pontual) ainda é sub dividido em dois
componentes: erro de flutuação não periódico (TFE) e erro de flutuação cíclico
(CFE).
TSE = (TFE + CFE) + (FSE + GSE) + (IDE + IEE + IPE) (equação 11)
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Um bom protocolo amostral é aquele em que o erro total da amostragem (TSE) está
dentro do limite aceitável pelas partes interessadas.
Em ordem de grandeza dos erros na amostragem, preparação e análise de um
material, é bem representado conforme ilustrado na figura 2.5 com dados de
precisão global de amostragem, preparação e medida de amostras de granulado de
minério de ferro das minas de Carajás. Cerca de 64% do erro total é de
responsabilidade da amostragem devido ao quarteamento que acontece fora do
laboratório, 26% são referentes ao quarteamento que acontecem dentro do
laboratório durante a preparação até que se tenha o material nas condições
adequadas para análise e os 10% restante são devidos às variações do resultado de
medida, ou seja, é erro embutido na análise química.
As mudanças sugeridas neste trabalho para o protocolo de preparação de amostras
de minério de ferro reduzirá a parcela de erro devido à preparação.
Figura 2.5 Contribuições dos Erros na Amostragem, Preparação e Medida (Análise química) de
amostras de granulado de minério de ferro das minas de Carajás na precisão global
Capítulo 3
Neste capítulo será feita uma comparação dos princípios para amostragem e
preparação de amostra de minério de ferro descritos na norma NBR ISO 3082 e os
conceitos envolvidos na teoria de amostragem de materiais particulados.
Conforme descrito no capítulo anterior, a definição do erro total da amostragem,
proposto por Gy (2004) para um lote unidimensional, é representado pela fórmula
abaixo.
TSE = (TFE + CFE) + (FSE + GSE) + (IDE + IEE + IPE) (equação 11)
Onde:
TSE é o erro total da amostragem
TFE é o erro de flutuação não periódico
CFE é o erro de flutuação cíclico
FSE é o erro fundamental
GSE é o erro de segregação e grupamento
IDE é o erro de delimitação incorreta
IEE é o erro de extração incorreta
IPE é o erro de preparação incorreta
De acordo com a norma NBR ISO 3082, a massa do incremento para amostragem
de fluxo em queda é dada por:
m= equação (12)
onde:
Para que se atenda o requisito acima a norma recomenda as condições abaixo para
os projetos e operações dos sistemas de amostragem:
equação (13)
onde:
aL é o teor do componente A no lote L
ρM é a densidade real do minério (g/cm3)
ρG é a densidade da ganga (g/cm3)
onde:
dl é tamanho de liberação do mineral de valor econômico (cm)
dN é o top size do material amostrado (cm)
se dN for menor que dl, não há aplicação da fórmula acima e considera-se l igual a
um.
Tabela 3.1 – Fator de distribuição granulométrica de acordo com o tipo de sólido particulado, definido
por Gy (Fonte: SOUZA, 2011)
dN: é o tamanho máximo das partícula, top size, e é definido como a abertura
da tela da peneira que retém 5% da massa do lote.
O erro fundamental é o erro que ocorre nas etapas de redução de massa. Para Gy
este erro é o único que não consegue eliminá-lo. A forma de cálculo da variância do
erro fundamental está apresentada na fórmula abaixo:
2
S = ( ).( ).HIL equação (16)
EF
onde:
S2EF é a variância do erro fundamental
MS é a massa da amostra
ML é a massa do lote
Capítulo 4
Figura 4.1 – Produtos de minério de ferro de Carajás: Granulado, sinter feed e pellet feed
Figura 4.3 – Sequência das etapas do processo de preparação das amostras no laboratório físico de
Carajás
Tabela 4.2 – Estimativa de variância em cada etapa da preparação de amostra de sinter feed de
minério de ferro, conforme modelo de Gy
Considerando minério com teor de 62% de ferro, cuja densidade é de 4,73 g/cm3,
densidade da ganga de 0,053 g/cm3, diâmetro de liberação das partículas de
0,045 mm, fator mineralógico de 280,6 g/cm3, fator de forma 0,5 e fator
granulométrico 0,25, a variância estimada para cada etapa da preparação de
amostra de pellet feed, conforme modelo de Gy, é a seguinte expressa na tabela
4.3.
Tabela 4.3 – Estimativa de variância em cada etapa da preparação de amostra de pellet feed de
minério de ferro, conforme modelo de Gy
Capítulo 5
Granulado:
Figura 5.1 – Fluxograma proposto para preparação de amostra de granulado de minério de ferro.
Na cor laranja, ponto onde ocorre quarteamento do material
Na tabela 5.1 está a variância estimada para cada etapa da preparação de amostra
de granulado, conforme modelo de Gy, considerando as mesmas condições de teor
de ferro, densidades, diâmetro de liberação das partículas, fator mineralógico, de
forma e granulométrico, apresentadas na simulação feita no capítulo anterior.
Sinter feed:
Figura 5.2 – Fluxograma proposto para preparação de amostra de sinter feed de minério de ferro. Na
cor laranja, ponto onde ocorre quarteamento do material
Na tabela 5.2 está a variância estimada para cada etapa da preparação de amostra
de sinter feed, conforme modelo de Gy, considerando as mesmas condições de teor
de ferro, densidade, diâmetro de liberação das partículas, fator mineralógico, de
forma e granulométrico, apresentadas na simulação feita no capítulo anterior.
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Tabela 5.2 – Estimativa de variância em cada etapa da preparação de amostra de sinter feed de
minério de ferro, conforme modelo de Gy
Capítulo 6
Conclusão e recomendações
Este trabalho teve como principal objetivo avaliar os protocolos de amostragem para
preparação dos produtos de minério de ferro nas minas de Carajás à luz da teoria de
amostragem proposta por Gy.
Nos capítulos 2 e 3 foi feita a introdução de conceitos e apresentada a comparação
da norma NBR ISO 3082 com a teoria de amostragem proposta por Gy,
respectivamente. No capítulo 4 foi feita a avaliação dos protocolos dos três produtos
de minério de ferro processados no laboratório de Carajás. Como nos
procedimentos para análise química das amostras faz-se necessária a realização de
sucessivas etapas de redução de massa e granulometria do material, até que esteja
adequado para análise, foi observado que a maior contribuição no cálculo de
variância do erro fundamental se deu nas etapas onde houve uma redução brusca
de massa em uma determinada granulometria. Para o produto mais fino, pellet feed,
a precisão do processo é muito boa graças às características físicas desse material.
A partir das observações feitas neste capítulo, foram propostas mudanças nos
protocolos de preparação de amostra de granulado e sinter feed, com objetivo de
reduzir em 50% o desvio total em cada protocolo. Essas mudanças foram
apresentadas no capítulo 5.
Os resultados obtidos na avaliação dos protocolos permitiram concluir que a
definição e avaliação do protocolo de preparação de amostra são muito importantes
para estimar o nível de precisão desejado e que a granulometria e a massa são
elementos decisivos no controle de precisão requerida pelas partes interessadas no
processo.
Assim, pode-se dizer que a meta desse trabalho foi alcançada, pois se avaliou todos
os protocolos de preparação de amostras de minério de ferro processados no
laboratório de Carajás, além de fazer comparação da norma de amostragem e
preparação de amostra de minério de ferro, a NBR ISO 3082.
Como trabalho futuro, recomenda-se a definição dos parâmetros necessários para
avaliação do protocolo das amostras produção de minério de manganês e amostras
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT, 2003, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NRB ISO 3082, Minério de
Ferro – Procedimentos de amostragem e preparação de amostras, Rio de Janeiro,
Brasil.
ABNT, 2003, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NRB ISO 3084, Minério de
Ferro – Métodos experimentais para avaliação da variação da qualidade, Rio de
Janeiro, Brasil.
ABNT, 2003, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NRB ISO 3085, Minério de
Ferro – Métodos experimentais para verificação da precisão de amostragem,
preparação de amostras e medida, Rio de Janeiro, Brasil.
MINNITT, A. Sampling: The Impact on Costs and Decision Making. 17f. Analytical
Challenges in Metallurgy. The Southern African Institute of Mining and Metallurgy.
PITARD, F.F. Pierre Gy’s sampling theory and sampling practice : heterogeneity,
sampling correctness, and statistical process control. CRC Press LLC. 2nd ed. 1993.