Psicologia Geral Faustina

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 18

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Tema do Trabalho:
PAPEL DE CADA PROCESSO COGNITIVO NA CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO (PERCEPÇÃO, ATENÇÃO E MEMÓRIA)

Docente: Nome e Código do Estudante:


Eduardo Alberto Timóteo Faustina Lobo Rocha Segurar
708212820

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Psicologia Geral
Ano de Frequência: 1º Ano

MILANGE, MAIO DO ANO 2022


Folha de Feedback
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota do
Subtotal
máxima tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais
 Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos gerais Formatação paragrafo, 1.0
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência das
Referências
edição em citações citações/referências 4.0
Bibliográficas
e bibliografia bibliográficas

ii
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

iii
Índice

1.Introdução ................................................................................................................................ 1

1.1.Objectivos ......................................................................................................................... 2

1.1.1. Geral……………………………………………………………………………..2
1.1.2. Específicos………………………………………………………………………2

1.2.Metodologia ...................................................................................................................... 2

2.Papel de cada processo Cognitivo na construção do Conhecimento ....................................... 3

2.1.Construção do Conhecimento ........................................................................................... 3

2.2.Assimilação e Acomodação .............................................................................................. 4

2.3.Processo Cognitivo ........................................................................................................... 6

2.4.Papel do processo Cognitivo na construção do Conhecimento ........................................ 6

2.5.Papel de cada Processo Cognitivo na construção do Conhecimento ................................ 7

2.5.1. Atenção………………………………………………………………………….7
2.5.2. Percepção………………………………………………………………………..9
2.5.3. Memória………………………………………………………………………..11

3.Conclusão .............................................................................................................................. 13

4.Referências Bibliográficas..................................................................................................... 14
1. Introdução
A educação tem um papel importante na construção do conhecimento do indivíduo, pois o
conhecimento não é construído, ele é transmitido e depende do modo de como cada um
aprende, pois nem todos aprendem da mesma forma. De acordo com Piaget, a aprendizagem
vem em função da experiência que a criança vai obtendo de modo ordenado, o
desenvolvimento é o responsável pela formação dos conhecimentos. A afectividade e a
interacção social também contribuem para o aprendizado do estudante, por isso, é muito
importante a escola trabalhar para que essas duas características fundamentais contribuam
para o processo da construção do conhecimento.

Entretanto, o papel de cada processo Cognitivo na construção do conhecimento (Percepção,


Atenção e Memória) é o tema a abordar nesse trabalho. A cognação é o nome dado a essa
actividade cerebral que realizamos quotidianamente. Em outras palavras, toda a interpretação
das informações armazenadas pelo cérebro é de competência cognitiva. Esse processo é o que
nos permite entender as situações e nos posicionar em relação a elas de alguma forma; sem
ele, seríamos incapazes de assimilar, interpretar e imaginar coisas. O principal o objectivo
deste trabalho é explicar o papel de cada processo Cognitivo na construção do conhecimento
(Percepção, Atenção e Memória).

O presente trabalho está estruturado de forma a facilitar a fornecer bases sólidas para uma boa
percepção do tema em questão. Com o objectivo de alavancar o tema em questão, o trabalho
possui a seguinte estrutura: capa; Folha de Feedback; Folha para recomendações de melhoria:
A ser preenchida pelo tutor; índice; introdução; objectivos; metodologia; análise e discussão
(desenvolvimento); considerações finais (conclusão); e referencias bibliográficas.

1
1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
 Explicar o Papel de cada processo Cognitivo na construção do conhecimento
(Percepção, Atenção e Memória).

1.1.2. Específicos
 Definir o conceito de processo Cognitivo;
 Identificar as características da Percepção, Atenção e Memória;
 Descrever o Papel de cada processo Cognitivo na construção do conhecimento.

1.2.Metodologia
O presente trabalho realizou-se com base nas regras de publicação de trabalhos cinéticos da
UCM. Para o desenvolvimento do tema em questão, recorreu-se a leitura de varias obras
literárias, artigos e manuais que abordam assuntos relacionados com o tema. Como não basta-
se, recorreu-se também ao uso da internet.

2
2. Papel de cada processo Cognitivo na construção do Conhecimento
2.1.Construção do Conhecimento
De acordo com Martins; et al., (2018), quando se utiliza o termo construção pensa-se logo no
acto de construir algo, mas a construção do conhecimento pode ser entendida como
composição do saber por estudiosos, filósofos, que reflectem de modo sistemático e com isso,
leva a novos conhecimentos construindo assim conteúdos nas diversas áreas e esse processo
ocorre através do tempo. Conforme o autor acima citado, refere-se que:

A construção do conhecimento também depende da forma de como cada indivíduo


aprende, apesar de que o indivíduo não constrói o saber, ele recebe a informação
através do ensino com possibilidades de mudanças e cada um aprende de modo
semelhante, mas jamais igual. A chamada construção do conhecimento não é livre e
aleatória levando a incomunicabilidade. Ela deve corresponder a um pensamento, a
uma concordância, a um consenso universal. Não se pode imaginar que possa cada
um, construir o seu conhecimento de modo individual e sem vínculo com a
comunidade científica e com o saber universal (p. 412).

O conceito de conhecimento se dá quando o sujeito busca informações de modo empírico sem


entender a origem. Ele pode ser um ser supersticioso sem nenhuma consciência do conteúdo e
até mesmo aquele que estava adoentado e ingere um medicamento sem conhecer as
substâncias que contém no remédio (Werneck, 2008, cit. em Martins; et al., 2018).

Actualmente é considerado saber, conhecimentos repassados de modo metódico e organizado,


capazes de serem transmitidos, repassados por meio de um processo pedagógico. Esse
processo se dá através da transmissão e não da construção. Werneck, (2008, cit. em Martins;
et al., 2018) afirma que:

Segundo, Piaget menciona que o estudante através do construtivismo em contato com


os objectos constrói o conhecimento, já Vygotsky menciona que o conhecimento se dá
através da interacção social. Ambos compartilham do mesmo pensamento, que as
crianças no seu mundo social realizam acções de outros através da imitação, mas os
psicólogos apresentam também pensamentos diferentes. Piaget acredita que o
desenvolvimento vem antes da aprendizagem, já Vygotsky acredita de outra forma,
que primeiro vem à aprendizagem e depois o desenvolvimento. Para Piaget o
desenvolvimento intelectual vem dos actos biológicos que são adaptados ao meio
físico e organizados ao meio ambiente, mantendo um equilíbrio. Piaget afirma que o
desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento biológico
(p.412).

Para Piaget (1952, cit. em Martins; et al., 2018), do ponto de vista biológico, organização é
inseparável da adaptação. Eles são dois processos complementares de um único mecanismo,
sendo que o 1º é o aspecto interno do ciclo do qual a adaptação constitui o aspecto externo.
De acordo com o autor acima citado:

3
O funcionamento do intelecto e o funcionamento biológico são movidos pela
adaptação. A organização tem a destreza de juntar as estruturas físicas e psicológicas.
O processo de adaptação é dividido em: assimilação e acomodação. Antes de entrar
nas definições dessas vertentes, introduziremos outro termo denominado por Piaget
esquema. O autor define esquema como estruturas mentais ou cognitivas, pelos quais
os indivíduos através do seu intelecto se adaptam e organizam ao meio. Assim os
esquemas são processos que ocorrem dentro do sistema nervoso (p. 413).

Um exemplo claro é de um bebé, pois quando nasce este não apresenta muitos esquemas, só
são apresentados à medida que se desenvolvem. Esses esquemas são proveitos para processar
e identificar a entrada de estímulos, e graças a isto o organismo será capaz de diferenciar
estímulos, como também será capaz de generalizá-los.

2.2.Assimilação e Acomodação
Quando se fala em assimilação entende-se que a criança quando realiza novas descobertas e
experiências, ela tenta adaptar esses estímulos às estruturas cognitivas que ela já possui.
Piaget (1996, cit. em Martins; et al., 2018) define assimilação como:

Uma integração às estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais
ou menos modificadas por esta própria integração, umas sem descontinuidade com o
estado prudente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à
nova situação. Uma criança que está aprendendo a fazer o reconhecimento do que está
em sua volta, como por exemplo, animais. Ela conhece um animal de quatro patas, no
entanto esquematiza e organiza no seu intelecto aquele animal, mas quando observa
outro animal maior de quatro (p. 413).

O processo de construção do conhecimento e os desafios do ensino-aprendizagem patas, com


as mesmas características, neste momento ocorre o processo de assimilação, a criança
assimila o animal maior ao animal menor por apresentarem similaridades, isso se dá por causa
das proximidades dos estímulos e dá pouca variedade e qualidade dos esquemas acumulados
pela criança até o momento. De acordo com Piaget (1996, cit. em Martins; et al., 2018):

No decorrer do ocorrido um adulto corrige a criança dizendo que aquele animal maior
não é o mesmo que o animal menor, com certeza acontecerá o processo de
acomodação, pois a criança acomodará aquele estímulo a uma nova estrutura
cognitiva, esquematizando dois conceitos diferentes uma para cada animal. Segundo
Piaget, Chamaremos de acomodação por analogia com os acomodados biológicos toda
modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores
(medo) aos quais se aplicam (p. 414).

Martins; et al., (2018) afirma que, de acordo com Piaget a acomodação acontece quando a
criança não consegue através do seu cognitivo assimilar a nova informação em função das
particularidades desse novo estímulo. Piaget enfatiza a teoria da equilibração, na qual o
equilíbrio está entre a assimilação e a acomodação. Ele quando fala em aprendizagem faz a

4
separação entre aprendizagem e desenvolvimento. A aprendizagem vem em função da
experiência que a criança vai obtendo de modo sistemático, o desenvolvimento é o
responsável pela formação dos conhecimentos. Segundo Martins; et al., (2018):

O desenvolvimento da criança é descrito por Piaget em quatro fases: sensório-motor


(0-2 anos), pré-operatório (2 -7,8 anos), operatório-concreto (8-11 anos) e o
operatório-formal (8-14 anos). A fase sensório-motor, o bebé constrói esquemas
assimilando o meio. Essa fase é marcada pela construção prática das noções de
objecto, espaço, causalidade e tempo. Nessa fase o bebé automaticamente leva o
objecto até a boca. A fase pré-operatório conhecida como estágio da inteligência
simbólica, o indivíduo adquire a capacidade de trocar um objecto ou ocorrência por
uma representação. Nessa fase a criança explora melhor o ambiente, seus movimentos
e suas percepções apresentam mais sofisticação. A criança nesta fase faz muitas
perguntas, é egocêntrica. No estágio operatório-formal a criança atinge seu nível de
desenvolvimento mais alto. Nessa fase a criança consegue pensar em hipóteses e
buscar soluções aplicando o raciocínio lógico.

Segundo Piaget (1977, cit. em Martins; et al., 2018) a inteligência um sistema de operações
vivas e actuantes de natureza adaptativa” e afirma que o essencial do pensamento lógico é ser
operativo com o fim da constituição de sistemas, não rejeita a intervenção do afecto no
processo do conhecimento. Ele afirma que a vida afectiva e a vida intelectual são
complementos em todo comportamento humano. O autor afirma ainda que:

Os interesses de uma criança dependem, portanto, a cada momento, do conjunto de


noções adquiridas e de suas disposições afectivas já que tendem a completá-los em
sentido de melhor equilíbrio. Da mesma forma que algumas aprendizagens podem
contribuir para a transformação ou organização de outras áreas de pensamento, podem
também tanto seguir o processo de maturação como precedê-lo e mesmo acelerar seu
processo. É considerado que o desenvolvimento pode ter influência em relação ao
ambiente em que vive (p. 414).

De acordo com Martins; et al., (2018), Vygotsky enfatiza a interacção social. A idade mental
da criança é determinada pela sua capacidade de realizar sozinha alguma tarefa, no entanto é
denominada por Vygotsky de zona de desenvolvimento real. Ele ainda afirma que, mesmo
que a criança não consiga realizar alguma tarefa sozinha e necessite da ajuda de outro, isso
identifica sua zona de desenvolvimento potencial.

Assim como ele defende que o conhecimento se dá através da interacção social, é de suma
importância que a escola instigue a zona de desenvolvimento potencial. Com isso a criança
terá mais facilidade de aprender um com o outro de forma colaborativa. O aprendizado, a
construção do conhecimento, exige, portanto, um estado de actividade da parte do sujeito sem
que isso signifique ausência de ensino, de transmissão social.

5
2.3.Processo Cognitivo
Os processos podem ser externos como também internos ao ser humano. Isso é o que acontece
no caso das operações cognitivas. O processo de conhecimento mostra a assimilação de uma
ideia que promove a compreensão do mundo. De acordo com Oliveira (2010), refere-se que:

Através desta assimilação de ideias, exercitamos nossas faculdades mentais que são
vitais para nosso desenvolvimento humano. As faculdades mentais podem ser também
seriamente danificadas como consequência de certas doenças, tais como o Alzheimer
que mostra a perda da memória de maneira progressiva. Sem estas faculdades
cognitivas, os seres humanos estariam fechados em si mesmos.

Oliveira (2010) expressa que, no entanto, graças ao intelecto há uma abertura. Porém, deve-se
destacar que os processos cognitivos se referem a agentes externos, mas também os humanos
são seres conscientes que pensam sobre si mesmo e inclusive sobre questões abstractas, tais
como a busca pela felicidade. Existem diversos tipos de processos cognitivos. Um dos mais
importantes é a linguagem, nossa capacidade de comunicação.

A percepção, a assimilação de informação, a reflexão, o pensamento lógico, a concentração e


a memória são exemplos de pensamentos cognitivos. Através da percepção, um dos processos
cognitivos essenciais coloca em ordem a informação que recebemos dos estímulos externos.
Através da nossa capacidade de fixar a atenção sobre um ponto, temos o poder de conectar
com o agora e capturar a essência de qualquer coisa.

2.4.Papel do processo Cognitivo na construção do Conhecimento


Siegel (1988, cit. em Oliveira, 2010) refere que muitos investigadores concordarão que um ou
mais processos cognitivos são deficientes nos sujeitos com DAE. Os processos e habilidades
cognitivas vão ter a sua projecção e concretização no desenvolvimento do pensamento e na
aprendizagem escolar, e, consequentemente, nas dificuldades de leitura, escrita e cálculo,
entendidos como parcelas de conhecimento e aprendizagem formais. De acordo com o autor
acima citado:

Os processos cognitivos são os processos que caracterizam a aquisição, a organização


e a utilização do conhecimento. Neste sentido, são diversos os processos que permitam
ao indivíduo a apreensão do mundo, bem como a explicação do comportamento
humano, tais como a atenção, a percepção, a representação e memória, a linguagem, o
raciocínio e a tomada de decisão. A percepção consiste na função que permite ao
indivíduo identificar, organizar e atribuir significado aos estímulos que apreende
através dos órgãos sensoriais (p. 41).

Para tal é também necessária a atenção, ou seja, a manutenção do foco num determinado
estímulo que facilite a codificação, elaboração e recuperação da informação. Assim, o
6
indivíduo organiza a informação na memória, criando uma representação, isto é, imagem,
mental dos estímulos, essencial ao pensamento ou raciocínio. Assim, decorrente da
articulação dos processos anteriores, é o raciocínio que permite a interpretação de um
estímulo, a criação de soluções e a consequente tomada de decisão. Ainda segundo o autor:

O raciocínio pode ser dedutivo, caracterizado pela extracção de uma conclusão através
de premissas que a fundamentam, e indutivo, caracterizado pela generalização com
base em situações já conhecidas e que permitem predizer acontecimentos
desconhecidos. Subjacente às tomadas de decisão, estão os julgamentos que consistem
na estimação de probabilidade de determinados eventos, podendo estes ser calculados
através de heurísticas. As heurísticas são inferências auxiliares à tomada de decisão
em situações de incerteza que permitem ao indivíduo realizar escolhas de forma célere
e com poucos recursos cognitivos, já que se baseiam em regras empíricas (p. 42).

Por sua vez, a linguagem caracteriza-se pela associação de palavras a significados e conceitos
específicos, de forma organizada e combinada. Integra a comunicação, embora esta última
não se restrinja à primeira. É através da função cognitiva da linguagem que o ser humano
estabelece contacto com os outros, através de símbolos, sendo um importante mediador no
relacionamento social, sem o qual esta mesma função também ficaria comprometida. Por
outras palavras, o desenvolvimento da linguagem requer estimulação, sendo esta realizada no
contexto interpessoal.

2.5.Papel de cada Processo Cognitivo na construção do Conhecimento


2.5.1. Atenção
A atenção é considerada como um factor crucial para a aprendizagem, define-se como o
mecanismo/processo psicológico implicado directamente na activação e funcionamento dos
processos e/ou operações de selecção, distribuição e manutenção da actividade psicológica.
Para Das (1999, cit. em Oliveira, 2010), refere-se que:

A atenção é o processo cognitivo básico para o processamento da informação,


assistindo uma função de exploração do ambiente, no sentido da manutenção da
focalização dos recursos perceptivos e cognitivos no estímulo, ou uma função de
selecção, podendo corresponder a um conjunto de processos que determinam a eleição
dos estímulos relevantes de entre vários (p. 42).

A atenção está intimamente ligada com a percepção em todas as tarefas levadas a cabo pelas
pessoas, pois dadas as limitações da nossa capacidade de processamento, não somos capazes
de perceber tudo o que se passa à nossa volta, seleccionamos alguns estímulos disponíveis
para os processar e ignoramos outros. Encontra-se igualmente ligada intimamente com os
processos de memória. De acordo com Ramalho (2009, cit. em Oliveira, 2010):

7
A atenção corresponde a uma das funções básicas e essenciais da actividade cognitiva,
apresentando como características principais, determinada amplitude e intensidade. A
primeira diz respeito à quantidade de informação que o organismo pode assimilar em
simultâneo e a segunda à capacidade atencional manifestada no objecto ou tarefa. Este
autor acrescenta, ainda, duas características, a oscilação, relativa à capacidade de
mudar e oscilar a atenção, direccionando-a de uma tarefa para outra sempre que
necessário, e o controlo, quando a atenção é elaborada de um modo eficiente em
função das exigências do meio, exigindo esforço para que se possa manter (p. 43).

Levitt & Johnston (2001, cit. em Oliveira, 2010) decompõem a atenção em quatro processos:

a) O arousal, capacidade para responder ao ambiente, ou seja, um estado de alerta


direccionado para um campo de estimulação, em que se busca o aparecimento de
determinado estímulo alvo de interesse para o sujeito. A informação só pode ser
recebida e processada quando é atingido um estado de alerta adequado;
b) A atenção selectiva ou focalizada, definindo-se como a actividade que acciona e
controla os processos e mecanismos através do quais o organismo processa apenas
uma parte de toda a informação e responde apenas às exigências ambientais que são
realmente úteis para si.
c) A atenção dividida, a capacidade para prestar atenção a mais do que um estímulo em
simultâneo, mudar a atenção entre tarefas ou processar informação e conservar, em
simultâneo, outra informação consciente, ou seja, quando realizamos mais do que uma
tarefa em simultâneo, alocamos os nossos recursos de atenção em cada uma delas, de
acordo com as necessidades,
d) A atenção sustentada, capacidade para manter a atenção perante estímulos por
extensos períodos de tempo, definindo-se como a actividade que acciona os
mecanismos através dos quais o sujeito é capaz de manter o foco atencional e
permanecer alerta perante a presença de determinados estímulos durante períodos de
tempo relativamente longos.

Levitt & Johnston (2001, cit. em Oliveira, 2010) concebem a atenção selectiva como tendo
um extenso papel na cognição e sendo crucial na selecção da informação a processar, sendo
que as crianças com DA, parecem ter deficiências neste processo. Conforme os autores acima
citados:

8
Refere que os sujeitos com DAE apresentam, com frequência, dificuldades na
focalização e manutenção da atenção durante os períodos de tempo necessários, não
destrinçando os estímulos relevantes dos irrelevantes, e sendo, facilmente, atraídos por
sinais distractores. A desatenção pode ser motivada por carência (atenção insuficiente
ou desatenção) ou por excesso (superatenção). No primeiro caso, a distractibilidade, os
sujeitos não são capazes de se abstrair dos estímulos irrelevantes para a tarefa que se
encontram a realizar; no segundo caso, os sujeitos apresentam fixação anormal em
pormenores supérfluos, em detrimento das características e pormenores realmente
importantes (p. 44).

2.5.2. Percepção
A percepção é o processo que serve para reconhecer, organizar e entender o que nos rodeia
mediante a informação que chega através dos sentidos, isto é, o processo através do qual
extraímos significação do meio envolvente, sendo os problemas perceptivos entendidos como
a incapacidade de identificar, discriminar, interpretar e organizar as sensações e distinguidos
dos defeitos sensoriais, como as deficiências auditiva e visual periféricas. De acordo com
Fonseca (2008, cit. em Oliveira, 2010), são diversos os autores que assinalam, que em
determinados casos, os défices perceptivos podem dificultar as aquisições escolares.

Os sujeitos com DAE apresentam problemas motores em simultâneo com os


problemas perceptivos, uma vez que a percepção envolve necessariamente uma
componente motora, isto é, o processo de reconhecimento dos objectos (contorno,
forma, orientação, altura) implica a manipulação desses objectos. O seu sistema
nervoso recebe, organiza, armazena e transmite a informação visual, auditiva e
tactiloquinestésica, que chega através dos sentidos, de forma diferente das crianças
normais, apesar de, em termos intelectuais, serem crianças normais (p. 44).

Segundo Oliveira, (2010), a atenção selectiva desempenha um papel importante na percepção.


Desde a percepção visual de determinada cena, até ao ouvir apenas uma única voz num sítio
cheio de pessoas, a atenção permite que seja preferencialmente processada a informação mais
relevante. Não obstante a existência de diversos sistemas perceptivos, destacamos, aqui, o
visual e o auditivo, implicados no processo de reconhecimento de símbolos, que é essencial
para a aquisição e domínio das aprendizagens da leitura, escrita e do cálculo:

Percepção visual, a capacidade do cérebro para interpretar dados visuais e cujos


défices se traduzem não num problema de acuidade visual, mas antes num problema
no modo pelo qual os indivíduos usam os olhos para obter informação e como essa
informação é processada no cérebro. Refere que a percepção visual é um fenómeno
aprendido, desenvolvido e aperfeiçoado desde o nascimento até aos 6 anos, altura de
início da aprendizagem da leitura, havendo uma clara correlação entre as dificuldades
de leitura com as alterações da percepção visual (Fonseca, 2008, cit. em Oliveira,
2010).

9
De acordo com Fonseca (2008, cit. em Oliveira, 2010), a percepção visual é a função
cognitiva da visão e as disfunções cognitivas a este nível traduzem-se em diversos tipos de
dificuldades:

a) Descodificação visual, dificuldade na captação ou em retirar significação da


estimulação visual, ou seja, na compreensão do que se vê;
b) Discriminação visual, dificuldade no reconhecimento de semelhanças e diferenças de
cores, tamanhos, formas, objectos, figuras, letras ou números, ou em grupos de
objectos, de letras (palavras), de números;
c) Figura-fundo, dificuldade de atenção selectiva e de focalização, não ocorrendo a
identificação de figuras ou letras sobrepostas em fundos;
d) Constância da forma, dificuldade no reconhecimento de uma forma, sujeita a
variações em termos da sua posição, orientação, cor;
e) Rotação de forma no espaço, dificuldade na identificação das mesmas formas que
sofreram inversão ou rotação no espaço, como sejam, /b/ e /q/, /6/ e /9/, etc.;
f) Associação e integração visual, dificuldade na organização da informação visual,
como seja, na associação imagem-palavra;
g) Coordenação visuomotora, dificuldade na coordenação da visão com s movimentos
do corpo ou da mão, tanto na recepção e na propulsão de objectos, como bolas, como

Fonseca (2008, cit. em Oliveira, 2010), afirma que, percepção auditiva, cujos défices se
traduzem ao nível da interpretação do que se ouve, na forma de processamento da informação
auditiva, e não num problema de acuidade auditiva, pois os sujeitos ouvem normalmente,
apesar de apresentarem dificuldades na organização e estruturação do seu mundo auditivo,
não conseguindo discriminar com clareza os fonemas auditivos. Ainda segundo Fonseca
(2008, cit. em Oliveira, 2010):

As desordens no processamento da informação auditiva, apresentadas pelos sujeitos


com DAE, ocorrem no processo auditivo, que, tal como o visual, apresenta várias
funções de tratamento da informação, que se podem agrupar em três grupos, as
funções receptivas (input), as funções integrativas e as funções expressivas (output). O
autor sugere a existência de dificuldades de percepção de sugestões auditivas breves
nas crianças disléxicas, o que seria uma explicação bastante plausível para o seu
desempenho deficitário em diversas tarefas de processamento fonológico (p. 45).

10
A má percepção de sons não linguísticos rápidos indicaria um transtorno semelhante na
percepção de certos fonemas, originando grandes dificuldades na correspondência com os
grafemas e, consequentemente, dificuldades da leitura fonológica. Desta forma, o problema
residiria na capacidade limitada do processamento de sinais auditivos breves/curtos, como por
exemplo as consoantes, que se concretizaria na dificuldade de associar as letras aos seus sons
específicos correspondentes.

2.5.3. Memória
A memória é o processo através do qual mantemos e acedemos às nossas experiências
passadas para usar essa informação no, ou, o processo de reconhecimento e de rechamada do
que foi aprendido e retido, sendo uma função neuropsicológica indissociável da
aprendizagem. Fonseca (2008, cit. em Oliveira, 2010) afirma que:

Os estímulos a processar, para além de terem de ser identificados e discriminados,


também têm de ser armazenados, para estarem disponíveis e acessíveis para as funções
de expressão. Ao processo de expressão antecedem diversos processos de organização
interna, que têm por base a informação contida na memória. No modelo do
processamento da informação encontramos dois tipos de explicações relativas à
memória: a estrutural e a processual (p. 47).

Segundo o autor acima citado, refere-se que o modelo estrutural da memória, conceptualiza-a
em termos de estruturas formadas por três armazéns:

a) O armazém sensorial, de entrada da informação sensorial, que armazena a


informação por períodos de tempo muito breves e com capacidade limitada,
denominada actualmente pelos psicólogos cognitivistas como memória sensorial;
b) O armazém de curto prazo, que retém a informação por períodos um pouco mais
longos de tempo, mas também com capacidade limitada, actualmente denominada de
memória de trabalho.
c) O armazém de longo prazo, que armazena a informação por períodos de tempo
muito longos e com capacidade virtualmente ilimitada, também denominada de
memória a longo prazo.

De acordo com Oliveira, (2010), o modelo de explicação processual surge como alternativa ao
modelo estrutural e postula que a memória varia ao longo de uma dimensão contínua em
termos de profundidade de codificação, onde não é determinado um número fixo de níveis de
processamento em que a informação pode ser codificada, variando de níveis mais superficiais

11
a níveis mais profundos de processamento e aumentando-se as probabilidades de acesso à
informação. O autor acima citado expressa que:

A ênfase é dada ao processamento como peça-chave do armazenamento. Aqui, são


analisados os processos de codificação da informação, entendidos como a forma como
a informação fica registada na memória, sendo que esta informação é codificada de
forma superficial ou mais profunda em função dos estímulos a processar e do tempo
disponível para o processamento. A ideia geral desta proposta, conhecida por níveis de
processamento, reside no tipo de codificação que vai determinar a eficiência da
recuperação posterior da informação, usualmente da memória a longo prazo (p. 48).

Segundo o ponto de vista dos autores acima citados, podemos afirmar que a memória é
capacidade de lembrar o que foi de algum modo vivido. Ela corresponde as seguintes
operações ou processos: a aquisição, a fixação, a evocação, o reconhecimento e a localização
das informações resultantes de percepções e aprendizagem. A memória facilita a organização,
fixação e retenção do aprendido, assim como a sua evocação., quando essa informação for
necessária. Não haveria evolução dos nossos conhecimentos se na medida que os
adquiríssemos, os perdêssemos. A memória conserva o passado e permite incorporà-lo na
estrutura cognitiva do sujeito.

12
3. Conclusão
Conclui-se que, a construção do conhecimento também depende da forma de como cada
indivíduo aprende, apesar de que o indivíduo não constrói o saber, ele recebe a informação
através do ensino com possibilidades de mudanças e cada um aprende de modo semelhante,
mas jamais igual. O conceito de conhecimento se dá quando o sujeito busca informações de
modo empírico sem entender a origem. Ele pode ser um ser supersticioso sem nenhuma
consciência do conteúdo e até mesmo aquele que estava adoentado e ingere um medicamento
sem conhecer as substâncias que contém no remédio.

Os processos podem ser externos como também internos ao ser humano. Isso é o que acontece
no caso das operações cognitivas. O processo de conhecimento mostra a assimilação de uma
ideia que promove a compreensão do mundo. Através desta assimilação de ideias,
exercitamos nossas faculdades mentais que são vitais para nosso desenvolvimento humano.
As faculdades mentais podem ser também seriamente danificadas como consequência de
certas doenças, tais como o Alzheimer que mostra a perda da memória de maneira
progressiva. Sem estas faculdades cognitivas, os seres humanos estariam fechados em si
mesmos.

No entanto, graças ao intelecto há uma abertura. Porém, deve-se destacar que os processos
cognitivos se referem a agentes externos, mas também os humanos são seres conscientes que
pensam sobre si mesmo e inclusive sobre questões abstractas, tais como a busca pela
felicidade. Existem diversos tipos de processos cognitivos. Um dos mais importantes é a
linguagem, nossa capacidade de comunicação. A percepção, a assimilação de informação, a
reflexão, o pensamento lógico, a concentração e a memória são exemplos de pensamentos
cognitivos. Através da percepção, um dos processos cognitivos essenciais coloca em ordem a
informação que recebemos dos estímulos externos. Através da nossa capacidade de fixar a
atenção sobre um ponto, temos o poder de conectar com o agora e capturar a essência de
qualquer coisa.

13
4. Referências Bibliográficas
Chicote, L. L.; Abacar, M. & Huó, S. S. (2007). Psicologia Geral. Módulos para Cursos de
Bacharelato Semi-Presencial. Autores e UPNampula, Depto. Ciências Pedagógicas.
Nampula, Universidade Pedagógica

Eysenck, M. W., & Keane, M.T. (2007). Manual de Psicologia Cognitiva. Porto Alegre:
Artmed.

Martins, E. D.; Moura, A. A. de, & Bernardo, A. de A. (2018). O processo de construção do


conhecimento e os desafios do ensino-aprendizagem. Revista on Line de Política e
Gestão Educacional,22 (1), 410–423. https://doi.org/10.22633/rpge.v22.n.1.2018.1073

Matta, Isabel. (2001). Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. Lisboa:


Universidade Aberta.

Oliveira, M. (2010). Processos Cognitivos Básicos Implicados nas Dificuldades de


Aprendizagem Específicas.1-91. https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/1939/1/DM_970.
pdf

Richard, Michel. (2001). As correntes da psicologia. Lisboa: Instituto Piaget,.

Weiten, Wayne. (2002). Introdução à psicologia. São Paulo: Pioneira-Thomsom Learning.

14

Você também pode gostar