Ética Social 1

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Centro de Recurso de Chimoio

Tema: Conhecimento como valor ético

Nome: Teresinha Avelino Nchinja Código: 708203264

Curso: Administração Pública


Disciplina: Ética Social
Ano de frequência: 4º
Turma: C
1º Trabalho

Docente: Dra. Joana Nguiraze

Chimoio, Maio de 2022


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problema)
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Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
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 Articulação e
domínio do discurso
académico
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Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e  Revisão
discussão bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
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Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas
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Índice
1. Introdução...............................................................................................................................1

1.1. Objectivos.......................................................................................................................1

1.1.1. Objectivo geral......................................................................................................1

1.1.2. Objectivos específicos...........................................................................................1

1.2. Metodologia....................................................................................................................1

2. Conhecimento como valor ético.............................................................................................2

2.1. Essência do conhecimento..............................................................................................3

2.2. Tipos de conhecimento...................................................................................................4

2.2.1. Conhecimento sensorial/sensível..........................................................................4

2.2.2. Conhecimento intelectual......................................................................................4

2.2.3. Conhecimento vulgar/popular...............................................................................4

2.2.4. Conhecimento científico.......................................................................................4

2.2.5. Conhecimento filosófico.......................................................................................5

2.2.6. Conhecimento religioso/teológico........................................................................5

2.2.7. Conhecimento declarativo.....................................................................................5

2.3. Conhecimento e valores éticos........................................................................................5

2.4. A ética do conhecimento.................................................................................................8

2.5. Toda forma de conhecimento tem uma dimensão ética..................................................8

3. Conclusão..............................................................................................................................10

4. Referências bibliográficas.....................................................................................................11
1. Introdução

A ética social é um conjunto de regras ou directrizes, baseadas em torno de escolhas e valores


éticos, aos quais a sociedade adere. Muitas dessas regras geralmente não são ditas e, em vez
disso, devem ser seguidas. A ética social não deve ser uma lista detalhada de regras a serem
aplicadas em qualquer situação. Eles devem servir de guia, estabelecendo as regras básicas
para o que a sociedade julgar aceitável. O bem-estar da sociedade como um todo é colocado à
frente dos interesses de qualquer indivíduo, e isso ajuda a garantir que todos sejam
responsabilizados uns pelos outros. Porém, o presente trabalho tem como tema o
conhecimento como valor ético, onde no seu desenvolvimento estão presentes outros tópicos
que tem como finalidade facilitar a percepção do trabalho em estudo.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Compreender o conhecimento como valor ético.

1.1.2. Objectivos específicos


 Explicar a essência do conhecimento;
 Apresentar os tipos de conhecimento;
 Relacionar o conhecimento e valores éticos;
 Caracterizar a ética do conhecimento;
 Descrever a forma de conhecimento tendo uma dimensão ética.

1.2. Metodologia

Para fazer face a realização do trabalho foi necessário a consulta de fontes de modo a adquirir
informações que versam sobre o conteúdo em estudo. As tais fontes incluem manuais físicos
que se referem a livros e trabalhos realizados anteriormente e manuais electrónicos adquiridos
por via da internet e os seus respectivos indicadores estão presentes na última página do
trabalho, onde estão pontuados como referências.

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2. Conhecimento como valor ético

A ética faz parte da vida do ser humano, todos os homens têm comportamentos diferenciados
e únicos. A ética é um princípio que cada indivíduo traz consigo desde a infância. É um valor
adquirido na sua relação familiar, e cotidiano de sua existência. Segundo Arduini (2007, p.35)
O ser humano é chamado a estruturar, desde cedo, o sentido de sua personalidade. A pessoa
constrói-se através de fases, desde a fecundação genética até a ida ao túmulo.

Para Fromm (1968, p.30), o Homem não é uma folha de papel em branco em que a cultura
pode escrever seu texto: é uma entidade com sua carga própria de energia estruturada de
determinadas formas, que, ao ajustar-se, reage de maneira específica e verificável as
condições exteriores. Através dos valores, que são princípios morais, o homem adquire o
comportamento ético, que rege suas atitudes na sociedade em que vive. O comportamento
ético conduz o homem a fazer o que considerar importante em sua vida.

Bonder (2006) afirma que o tema "conhecimento" inclui, mas não está limitado a descrições,
hipóteses, conceitos, teorias, princípios e procedimentos que são úteis ou verdadeiros. O
estudo do conhecimento é a gnoseologia. Hoje existem vários conceitos para esta palavra e é
de ampla compreensão que conhecimento é aquilo que se sabe sobre algo ou alguém. Isso em
um conceito menos específico.

No entender de Arduine (2007), quando o individuo busca aprendizagem e conhecimentos,


procuram ambientes em que todos tenham o mesmo objectivo, como as escolas. Alguns
podem encontrar mais dificuldades para alcançar o que almejam. Outros possuem ou
encontram mais oportunidades de crescimento. As oportunidades variam de indivíduo para
indivíduo e também a forma que cada pessoa vê as oportunidades e ameaças no ambiente
externo.

Cada indivíduo de acordo com a sua convivência familiar cria a sua capacidade para melhorar
a sua realidade de vida. Alguns criam possibilidades e alimentam esperanças de mudanças e
descobrem melhores caminhos para um futuro promissor. Outros transformam as dificuldades
em possibilidades e mudam o rumo dos seus destinos.

Vásquez (1984, p.69) define a moral como sendo um sistema de normas, princípios e valores,
segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a
comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um carácter histórico e social, sejam
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acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira
mecânica, externa ou impessoal.

Cada pessoa possui valores individuais e intransferíveis. A consciência do certo ou errado e


suas próprias convicções, ideais, opiniões sobre as pessoas e bens materiais, que influenciam
e manifestam nos relacionamentos sociais.

2.1. Essência do conhecimento

O conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou como um produto. Quando
se refere a uma acumulação de teorias, ideias e conceitos, o conhecimento surge como um
produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um
processo, pode-se então olhar o conhecimento como uma actividade intelectual por meio da
qual é feita a apreensão de algo exterior à pessoa. A definição clássica de conhecimento,
originada em Platão, diz que este consiste numa crença verdadeira e justificada. Aristóteles
divide o conhecimento em três áreas: científica, prática e técnica (Hessen, 1980).

O conhecimento representa uma relação entre o sujeito e um objecto, onde o verdadeiro


problema centra-se na relação entre o sujeito e o objecto. No entanto, pode-se resolver o
problema do sujeito e do objecto remontando-se ao último princípio das coisas, ao absoluto, e
definindo a partir dele a relação do pensamento e do ser (Hessen, 1980).

Segundo a teoria do objectivismo, o objecto é o elemento decisivo entre os dois membros da


relação cognitiva, ou seja, o objecto determina o sujeito, onde o sujeito toma sobre si, de certo
modo, as propriedades do objecto, reproduzindo-as. Isto supõe que o objecto enfrenta como
algo já acabado, algo já definido, a consciência cognoscente, sendo algo dado, algo que
representa a uma estrutura totalmente definida, estrutura que e reconstituída pela consciência
cognoscente (Durant, 1960).

Contrariamente ao objectivismo, o subjectivismo procura fundamentar o conhecimento


humano no sujeito. Para isso, coloca o mundo das ideias, o conjunto dos princípios do
conhecimento, no sujeito. Este apresenta-se como ponto de que depende, por assim dizer, a
verdade do conhecimento humano, tendo em conta que com o sujeito não se pretende
significar o sujeito concreto, individual, do pensamento, mas sim um sujeito superior,
transcendente (Durant, 1960).

Já o realismo, defende que o problema do sujeito e do objecto ainda não existe para ele, ou
seja, não distingue em absoluto entre a percepção, que é um conteúdo da consciência e o
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objecto percebido, e não vê que as coisas não nos são dadas em si mesmas, imediatamente, na
sua corporeidade, mas somente como conteúdos da percepção (Durant, 1960).

2.2. Tipos de conhecimento

Hessen (1980) afirma que existem cerca de sete principais tipos de conhecimento,
nomeadamente:

 O conhecimento sensorial ou sensível;

 O conhecimento intelectual;

 O conhecimento vulgar/popular;

 O conhecimento científico;

 Filosófico;

 Religioso/teológico;

 Declarativo.

2.2.1. Conhecimento sensorial/sensível

É o conhecimento comum entre seres humanos e animais. Obtido a partir de nossas


experiências sensitivas e fisiológicas (tacto, visão, olfacto, audição e paladar) (Hessen, 1980).

2.2.2. Conhecimento intelectual

Trata-se de um raciocínio mais elaborado do que a mera comunicação entre corpo e ambiente.
Aqui já pressupõe-se um pensamento, uma lógica (Hessen, 1980).

2.2.3. Conhecimento vulgar/popular

É a forma de conhecimento do tradicional (hereditário), da cultura, do senso comum, sem


compromisso com uma apuração ou análise metodológica. Não pressupõe reflexão, é uma
forma de apreensão passiva, acrítica e que, além de subjectiva, é superficial (Hessen, 1980).

2.2.4. Conhecimento científico

O conhecimento científico preza pela apuração e constatação, busca por leis e sistemas, no
intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando. Não se contenta com
explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na metodologia e na racionalidade.

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Análises são fundamentais no processo de construção e síntese que o permeia, isso, aliado às
suas demais características, faz do conhecimento científico quase uma antítese do popular
(Hessen, 1980).

2.2.5. Conhecimento filosófico

Mais ligado à construção de ideias e conceitos. Busca as verdades do mundo por meio da
indagação e do debate; do filosofar. Portanto, de certo modo assemelha-se ao conhecimento
científico - por valer-se de uma metodologia experimental -, mas dele distancia-se por tratar
de questões imensuráveis, metafísicas. A partir da razão do homem, o conhecimento
filosófico prioriza seu olhar sobre a condição humana (Hessen, 1980).

2.2.6. Conhecimento religioso/teológico

Diz respeito ao conhecimento adquirido a partir da fé teológica, é fruto da revelação da


divindade. A finalidade do teólogo é provar a existência de Deus e que os textos bíblicos
foram escritos mediante inspiração Divina, devendo por isso ser realmente aceitos como
verdades absolutas e incontestáveis. A fé pode basear-se em experiências espirituais,
históricas, arqueológicas e colectivas que lhe dão sustentação (Hessen, 1980).

2.2.7. Conhecimento declarativo

Para Hessen (1980), o conhecimento declarativo seria o referente a coisas estáticas, paradas,
como por exemplo os conceitos de uma ciência, ou a descrição de um objecto. Um exemplo
típico de conhecimento estático é o significado dos termos de classificação de relevo. Ao
passo que o conhecimento procedural refere-se às coisas funcionando, como os processos, as
transformações das coisas, e também como que deve ser o comportamento de um profissional
em uma determinada situação.

Tendo sido demostrado os sete diferentes tipos de conhecimento, importa salientar o conjunto
de conhecimento existente em um individuo, dão a ele uma determinada consciência ou valor
ético, sendo estes que determinam o modo de agir, de proceder, observar e analisar as coisas
ao seu redor. Por exemplo, o conhecimento teológico de um pastor ou um padre, quando
combinado com todas as suas crenças, fazem com que ele tenha determinados valores e
princípios éticos (amor ao próximo, caridade, amor a Deus, etc.) (Hessen, 1980).

2.3. Conhecimento e valores éticos

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Durant (1965) afirma que todos os sistemas tradicionais colocavam ética e valores além do
alcance do homem. Os valores não lhe pertenciam; eles lhe foram impostos, e ele lhes
pertencia. Hoje ele sabe que eles são dele e somente dele, mas agora ele é o mestre deles, eles
parecem estar se dissolvendo no vazio indiferente do universo.

De acordo com Monod (1970), a ética e conhecimento estão inevitavelmente ligados na e


através da acção. A acção coloca conhecimento e valores simultaneamente em jogo ou em
questão. Toda acção significa uma ética, serve ou desrespeita certos valores; constitui uma
escolha de valores, ou finge. Por outro lado, o conhecimento está necessariamente implícito
em toda acção, enquanto reciprocamente, a acção é uma das duas fontes necessárias de
conhecimento.

Num sistema animista, a interpenetração da ética e do conhecimento não cria conflito, uma
vez que o animismo evita qualquer distinção básica entre essas duas categorias: as vê como
dois aspectos da mesma realidade. A ideia de uma ética social fundada nos chamados direitos
"naturais" do homem também reflecte essa perspectiva, exibida, mas muito mais sistemática e
enfaticamente, nas tentativas de delinear a ética implícita no marxismo (Monod, 1970).

A partir do momento em que a objectividade é feita, a condição sine qua non do


conhecimento verdadeiro é estabelecida entre os domínios da ética e do conhecimento, uma
distinção radical, indispensável à própria busca da verdade. O conhecimento em si é exclusivo
de todo julgamento de valor (excepto o do "valor epistemológico"), enquanto a ética, em
essência, não objectiva, é para sempre excluída da esfera do conhecimento (Monod, 1970).

Com efeito, é essa distinção radical, estabelecida como uma axioma, que criou a ciência. Essa
distinção não apenas permitiu que a ciência seguisse seu próprio caminho (desde que não
ultrapasse o domínio do sagrado), preparou a mente para uma distinção muito mais radical
colocada pelo princípio da objectividade. Os ocidentais costumam ter problemas para
entender que, para certas religiões, não existe e não pode haver distinção entre sagrado e
profano: para o hinduísmo, tudo fica dentro dos limites do sagrado; o próprio conceito de
profano (Monod, 1970).

O postulado da objectividade, denunciando a "antiga aliança", proíbe ao mesmo tempo


qualquer confusão de julgamentos de valor com julgamentos alcançados através do
conhecimento. No entanto, permanece o fato de que essas duas categorias inevitavelmente se
unem na forma de acção, incluindo o discurso (Vasquez , 1984).

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Para cumprir nosso princípio, deve-se, portanto, assumir que nenhum discurso ou acção deve
ser considerado significativo, autêntico, a menos que - ou apenas na medida em que - explique
e preserve a distinção entre as duas categorias que combina.

Assim definido, o conceito de autenticidade se torna a rodada comum em que ética e


conhecimento se reencontram; onde valores e verdade, associados mas não intercambiáveis,
revelam todo o seu significado para o homem atento, vivo, para sua ressonância. Em troca, o
discurso inautêntico , onde as duas categorias são confusas, pode levar apenas ao absurdo
mais pernicioso, ao mais criminoso, mesmo que inconsciente (Vasquez , 1984).

É no discurso "político" que essa amálgama perigosa é praticada de maneira mais consistente
e sistemática. E não apenas por políticos profissionais. Os próprios cientistas, fora de seu
campo, geralmente se mostram perigosamente incapazes de distinguir entre as categorias de
valores e de conhecimento (Vasquez , 1984).

Arduini (2007) afirma que em um sistema objectivo, qualquer confusão de conhecimento com
valores é ilegal, proibida. Mas - e este é o ponto crucial - o elo lógico que liga radicalmente o
conhecimento e os valores - essa proibição, esse 'primeiro mandamento' que garante a base do
conhecimento objectivo, ele próprio não é e não pode ser objectivo. É uma regra moral, uma
disciplina. O conhecimento verdadeiro desconhece os valores, mas deve ser fundamentado em
um julgamento de valor, ou melhor, em um valor axiomático.

É óbvio que a posição do princípio da objectividade como condição do verdadeiro


conhecimento constitui uma escolha ética e não um julgamento alcançado a partir do
conhecimento, uma vez que, segundo os próprios termos do postulado, não poderia ter havido
nenhum conhecimento 'verdadeiro' antes deste, escolha arbitral. Para estabelecer a norma para
o conhecimento, o princípio da objectividade define um valor: esse valor é o próprio
conhecimento objectivo.

Concordar com o princípio da objectividade é, portanto, declarar a proposição básica de um


sistema ético: a ética do conhecimento. Para Nietzsche, ao patrocinar o conhecimento do
mundo e a correcção dos erros humanos pela razão, Sócrates cria o protótipo do homem
teórico, ser extremamente infeliz por que se acha condenado a morrer aos poucos à medida
que bebe o veneno da racionalidade, cada vez mais presente nas diferentes esferas da vida.

O homem teórico, que expressa a comunhão total entre o conhecimento e a ética, é


visualizado por Platão, conforme foi discutido, como sendo o rei-filósofo. Este tinha por

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função educativa disciplinar as acções humanas a partir de ideais em tudo contrários ao ideal
agonístico. Em vista disso, o autor da República concebia a tragédia como fundamentalmente
mentirosa, devendo ser censurada para não comprometer o trabalho de formação dos futuros
governantes.

2.4. A ética do conhecimento

Na ética do conhecimento , é a escolha ética de um valor primário que é o fundamento. A


ética do conhecimento difere assim radicalmente da ética animista, que todos afirmam basear-
se no "conhecimento" de leis imanentes, religiosas ou "naturais" que deveriam se impor ao
homem. A ética do conhecimento não se impõe ao homem; pelo contrário, é ele quem o
impõe, tornando-o a condição axiomática da autenticidade para todo discurso e toda acção. O
Discurso sobre o método propõe uma epistemologia normativa, mas também deve ser lida
acima de tudo como uma meditação moral, um exercício espiritual (Monod, 1970).

Para Vasquez (1984), a ética do conhecimento também é, em certo sentido, "conhecimento da


ética", isto é, dos impulsos e paixões, das necessidades e limitações do ser biológico. É capaz
de confrontar o animal no homem, vê-lo não como absurdo, mas estranho, precioso em sua
própria estranheza: a criatura que, pertencente simultaneamente ao reino animal e ao reino das
ideias, é ao mesmo tempo rasgada e enriquecida por essa dualidade agonizante, expresso da
mesma forma na arte e na poesia e no amor humano. Por outro lado, os sistemas animistas
preferem, em um grau ou outro, ignorar, denegrir ou intimidar o homem biológico, e fazê-lo
temer ou abominar certas características inerentes à sua natureza animal.

A ética do conhecimento, por outro lado, o encoraja a honrar e assumir essa herança,
enquanto sabe como dominá-la quando necessário. Quanto às mais elevadas qualidades
humanas, coragem, altruísmo, generosidade, ambição criativa, a ética do conhecimento
reconhece sua origem sociobiológica e afirma seu valor transcendente a serviço do ideal que
define (Monod, 1970).

2.5. Toda forma de conhecimento tem uma dimensão ética

A produção do conhecimento está sempre a serviço da justiça e do bem-estar das pessoas e do


mundo. Seja em âmbito popular ou institucionalizado, conhecer é sempre uma prática que
visa tornar a realidade pessoal, social e ambiental melhor e mais justa, com pessoas e relações
mais justas. É a isso que se dá o nome de Dimensão ética do conhecimento.

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Esse princípio geral ético de justiça e bem-estar serve para qualquer área do conhecimento; da
Medicina às Engenharias, do Direito à Pedagogia, da Mecatrónica à Teologia, todos querem
conhecer o mundo para melhorá-lo. Esse princípio rege tanto o ponto de partida quanto o
ponto de chegada da linha de produção do conhecimento. (Boff, 2002)

Partimos impulsionados por esse anseio e, ao mesmo tempo, estamos constantemente


correndo atrás dele. Em algumas áreas do conhecimento esse princípio de justiça e bem-estar
aparece de forma explícita. É o caso da área da Saúde: quem se forma em Medicina, por
exemplo, chega inclusive a fazer juramento público de compromisso com o bem-estar físico
das pessoas. Assim também com as áreas de conhecimento denominadas Humanísticas e
Ciências Humanas, como Psicologia, Pedagogia, Filosofia, Teologia, Antropologia,
Sociologia e outras, pois dedicam seus estudos e pesquisas à compreensão das relações e
produções humanas em diferentes níveis.

Mas também as outras áreas do conhecimento têm uma dimensão ética, mesmo que isso não
esteja tão explícito. Toda área do conhecimento lida com pessoas e com o mundo, por mais
técnica que seja. Pensemos nas Engenharias, com o seu campo de estudo dos impactos
ambientais das obras urbanas, ou do uso de determinado material poluente. Ou pensemos na
Biologia, com seu campo de estudos da bioética e da manipulação genética da vida.

Como seriam essas áreas de estudo se não houvesse uma preocupação ética com o
conhecimento? Ética está no horizonte de todo o conhecimento. Finalmente, a dimensão ética
do conhecimento está evidente também quando tratamos do conhecimento comum, aquele da
vida cotidiana, seja a educação que recebemos do pai e da mãe, seja da experiência cognitiva
que acumulamos ao longo da vida em nossas relações pessoais e de trabalho. (Boff, 2002)

A forma como reconhecemos as pessoas, o valor que damos a elas e às suas atitudes, as
classificações e nossos conceitos e preconceitos sobre a vida, são exemplos evidentes nos
quais conhecimento e ética estão relacionados. Conhecimento tem a ver até com o
reconhecimento do lugar onde moramos. Sobre esse aspecto, leia atentamente o comentário
da pensadora Ivone Gebara, no livro Teologia Ecofeminista: “Nossa vida cotidiana está
repleta de exemplos de como nosso conhecimento tem implicações éticas. Basta perceber a
importância de conhecer melhor nosso bairro para actuar sobre ele. (Boff, 2002)

Não me refiro apenas ao espaço geográfico no qual as casas estão construídas, mas às pessoas
que nele moram, suas dificuldades, forma de sobrevivência, esperanças e sonhos. Na mesma

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dinâmica tento captar porque são ‘estas coisas’ e não outras que chamam mais minha atenção,
porque ‘estas’ e não outras habitam mais meu campo de interesses. Penso também na
vegetação pobre ou rica presente no bairro, na qualidade do ar, na cor do céus, na quantidade
de estrelas visíveis à noite. Dependendo da forma de meu conhecimento, minha acção ou
relação com as pessoas e as coisas se modifica. Portanto, a relação entre ética e epistemologia
não está num mundo abstracto, mas enraizada no concreto de nossa existência”. (Boff, 2002)

3. Conclusão

Com a realização deste trabalho, pude perceber que aas diferentes formas de relacionar
conhecimento e ética, está evidente a importância de considerar a experiência de vida como
ponto de partida do conhecimento. Conhecimento tem tudo a ver com a experiência de vida
de quem conhece. O modo de perceber as coisas está intimamente ligado à nossa experiência,
à nossa formação, àquilo que já vivemos no passado ou experimentamos no presente. Pois em
todo acto de conhecimento há uma visão e compreensão do mundo e do ser humano que
transparece na acção de conhecer e nas consequências do conhecimento. Conhecer é tomar
uma posição mesmo espontaneamente; é afirmar-se como ser humano em relação a um
mundo de valores; é tomar uma posição diante do seres vivos, dos humanos e de mim mesma.
Estar atento à forma como conhecemos é saber que outras pessoas, com experiências
diferentes, podem ter outra ideia da realidade ou do objecto do conhecimento.

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4. Referências bibliográficas
 Arduini, J. (2007). Ética responsável e criativa. São Paulo.
 Bizzo, N. M. (1998). O paradoxo social eugénico e os professores: ontem e Hoje.
Ciência e cultura na Educação. Unisinos.
 Boff, Leonardo (2002). Saber cuidar: ética do humano - compaixão pela terra. 8ª
Ed. Petrópolis: Vozes.
 Bonder, N. (2006). Ter ou não ter, eis a questão! A sabedoria do consumo. Rio de
Janeiro: Elsevier.
 Durant, W. (1965). Filosofia da Vida. São Paulo: 13 Edição. Tradução Monteiro
Lobato. Campanha editora nacional.
 Fromm, E. (1969). Análise do Homem. Tradução Octávio Alves Velho. Rio de
Janeiro: Zahar Editores.
 Hessen, J. (1980). Teoria do conhecimento. Colonia: Universidade da Colonia.
 Kanaane, R. (2008). Comportamento Humano nas Organizações: O Homem rumo
ao Século XXI. 2ª.Ed. São Paulo.
 Vasquez, A. S. (1984). Ética. Tradução João DellAnna. Rio de Janeiro: Editora
Civilização Brasileira .

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