Devaneios tolos... a me torturar.

sábado, 3 de novembro de 2018

Atacama: Uma viagem inóspita, indescritível e apaixonante

Você pode ter estado em muitas partes do mundo. Mas certamente nada se compara ao Deserto do Atacama. O deserto mais árido do mundo é um pedaço de Marte, no norte do Chile. O recorde de estiagem do deserto do Atacama é de 1400 dias consecutivos sem chuva, segundo registros oficiais de companhias meteorológicas.
Não sei como seria descer um avião em outro planeta, mas deve ser uma experiência muito próxima a de pousar no Aeroporto de Calama.
A cidade é o ponto de partida para um verdadeiro “oásis” no deserto: San Pedro de Atacama. Lá estão os hotéis e pousadas, as agências de viagens, restaurantes e lojinhas, e o ponto de partida para todos os passeios no deserto. Uma cidade praticamente sem verde e sem cor. Terracota é o tom do deserto. Mas ele também nos reserva muitas outras tonalidades.
Do marrom ao branco da neve do topo dos vulcões, do branco ao azul e verde das lagoas de sal, os pontinhos de verde onde a água é doce, e o encantamento do dourado ao pôr do sol: o deserto é incrível!
É lindo, mas não é fácil. De um calor de 40 graus, você vai para seis graus negativos. Umidade do ar? Zero! E a altitude... saindo de San Pedro rumo aos passeios, você sobre até 3 mil metros em uma, duas horas, o que exige um treinamento simples de adaptação.
Se o oxigênio diminui, o encantamento só aumenta a cada paisagem! Vamos de vulcões ativos, como o Licancabur, aos salares, onde tudo é sal. Passamos pelo Vale da Morte, Vale da Lua, pelas lagoas escondidas entre os vulcões, montanhas e cordilheiras. Tomamos banho em uma lagoa onde a concentração de sal é tão grande, que ninguém afunda!
Chegamos bem pertinho dos flamingos, das llamas, dos guanacos e das vicunhas. Literalmente tomamos café da manhã e almoçamos diante da imensidão de areia, sal e deserto. Ninguém por perto, somente Deus.
Uma experiência para todos os sentidos, para mudar nossa vida e marcar para sempre nossa história.
A comida é maravilhosa, o povo é hospitaleiro e as estradas guardam grandes surpresas.
O Atacama vai deixar você literalmente SEM FÔLEGO!

































terça-feira, 3 de abril de 2018

O resto é MIMIMI

Eu sou mulher. E pra mim isso sempre foi uma grande vantagem. Um olhar mais fragilizado, um sorriso mais aberto ou um pedido mais manhoso, certamente me resolveram muitos problemas. Ainda hoje.
Embora o mundo esteja brutalizado, confesso que comigo ele sempre foi suave. Não tenho grandes traumas, não sofri violência física, nem sucumbi a relacionamentos ou chefes abusivos. Quando a coisa começava a se deteriorar, sempre consegui me afastar e recomeçar.
Então, não sou a pessoa mais indicada a entender esse grito das mulheres violadas.
Entrei na faculdade com facilidade, mesmo a base de muito sacrifício financeiro dos meus pais. Estudei em escola privada e também em escola pública, mas sempre tive apoio para meus estudos. E eles me trouxeram até aqui.
Por isso não seria a pessoa indicada a compreender aqueles que lutam por uma cota nas universidades.
Apesar de sofrer algum tipo de perseguição na escola (todos vivem algum episódio) nunca fui gorda, nem usei óculos fundo de garrafão.
Não sou a pessoa mais indicada a falar sobre buylling.
Nunca fui militante política, não conquistei a democracia, tampouco fui pro pau de arara na ditadura.
Certamente não tenho muito conhecimento prático para empunhar uma bandeira do lado direito ou esquerdo.
Nunca fui perseguida por causa da minha religião. Não sou homossexual. Minha pele não é negra.
Não estou apta a falar com propriedade sobre preconceito ou racismo.
Ou seja: não faço parte de nenhum grupo atual de “mimimi”.
Mas o que é mimimi?
É uma expressão que surgiu para definir gente chata, reclamona e que se queixa sem motivo. Mas está servindo para rotular quem tem muitos motivos para se queixar.
A verdade é que cada um só sente, a dor que dói em si mesmo.
E a falta de respeito com a dor do outro, nos trouxe até aqui.
Criou uma sociedade dividida em dois grupos extremistas, que se atacam mutuamente e disputam a razão a todo custo.
Estão tão certos de serem donos da verdade, que esquecem que não há uma única verdade.
Existe sim, a verdade de cada um. A luta de cada um. A dor de cada um. A injustiça e as feridas que a vida abre em cada um.
Rico, pobre, negro, branco, mulher, homem, esquerda, direita, religioso, pagão. Seres humanos.
Todos passamos por perdas e todos temos parâmetros de acordo com o meio em que nascemos e que vivemos.
Por isso mesmo, ninguém tem o direito de diminuir a dor do outro.
Então se você é daqueles que acha que todo grito é “mimimi”, pare um pouco e coloque-se no lugar de quem grita.
E faça como eu: se não conseguir sentir a dor alheia, pelo menos, respeite-a.
Você não precisa empunhar uma bandeira e lutar, mas por favor, não desmereça a luta dos outros!
O resto é mimimi. De verdade.