Oi geeeente!
Eu tenho uma bermuda jeans, da Coca Cola, que eu amo. Há três
verões ela me acompanha e tem sido meu xodó. Aquela peça que sempre cai bem e
que parece ter sido feita sob medida para seu corpo. Também tenho um vestido,
que comprei em Madrid, lindo, que encontrei em uma promoção imperdível e que
sei que nunca mais encontrarei um igual. Lembro de tê-lo visto na vitrine e ter
me encantado. Como toda turista que compra pacotes econômicos pela internet,
obviamente não tinha Euros sobrando (pelo contrário), mas tirei as últimas
moedinhas do bolso para comprá-lo. Guardei-o para ocasiões especiais, e acabei
perdendo as oportunidades de usá-lo.
Minha alegria era abrir meu guarda roupa e ver dezenas de
peças que comprei ao longo do tempo e que me serviram desde sempre. Apesar de
comprar feito uma psicopata, uma compulsiva, meu roupeiro me deixava genuinamente
feliz. Produzia serotonina em mim!
Até o dia em que nenhuma daquelas peças serviu mais.
Percebi que deixei acumular no armário muito dinheiro que
serviria para tantas outras coisas, e que estava alí, completamente
inutilizado. Vestidos, blusinhas, bermudas, casacos, camisas e até os sapatos
estavam pequenos.
Tudo que acumulei em roupas não tinha mais serventia nenhuma.
Tinha ficado para trás, porque meu corpo (que espera a chegada da minha filha)
já era outro.
Percebi que aquele guarda roupas pode ser comparado à nossa
vida.
Dentro dele, dobradinhas, bem guardadas, pequenas peças que
usei em grandes momentos, mas que já não se encaixavam no presente.
Coisas que eu amava e que ficaram para trás. Outras que
caíram de moda. E aquelas que simplesmente não serviam.
Acumular roupas que não usamos dentro dos armários é como
acumular tristezas e mágoas dentro do coração. Roubam espaço e não têm
serventia.
Saudades, e roupas que já não usamos mais, devem ser
memórias, que quando vêm à tona, nos trazem sorrisos e não lágrimas. As que
nunca mais usaremos, devem ser despachadas de vez.
Por isso, ao abrir meu armário e ao perceber que minha
bermuda preferida e meu vestido espanhol tinham ficado para trás, me dei conta
de que precisamos usar muito tudo que amamos. Usar, abusar, vestir, até
desgastar. Até o limite, enquanto durar, enquanto servir, enquanto couber em
nossa vida.
Deixar a melhor parte guardada, para ocasiões especiais é um
erro. Roupas e pessoas especiais devem andar coladas a nosso corpo sempre que
possível. Porque um dia, inevitavelmente, engordamos, emagrecemos, mudamos, nos
transformamos... Tudo se modifica. Pessoas chegam, pessoas partem.
De todas as roupas lindas que estavam lá, de frente para mim
e que me apertavam por todos os lados, me aconcheguei numa camiseta larga, numa
calça folgada de pijama, que traziam sensação de conforto, de bem-estar.
Concluí que muita coisa muda. Mas há outras, que simples,
despretenciosas e singelas, permanecem. Se adaptam ao nosso novo corpo e à
nossa nova alma, e nos acompanham, por todos os dias na nossa existência.
Não chore pelo que ficou para trás. Agradeça e se esforce
para manter em sua vida apenas o que é essencial!
E não se culpe por mudar. Tudo e todos que realmente amam
você, se adaptarão às suas mudanças. Quanto ao que já não serve mais, transforme em boas lembranças!
Beijos, meus amores!