Devaneios tolos... a me torturar.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O que vai, e o que fica


Oi geeeente!

Eu tenho uma bermuda jeans, da Coca Cola, que eu amo. Há três verões ela me acompanha e tem sido meu xodó. Aquela peça que sempre cai bem e que parece ter sido feita sob medida para seu corpo. Também tenho um vestido, que comprei em Madrid, lindo, que encontrei em uma promoção imperdível e que sei que nunca mais encontrarei um igual. Lembro de tê-lo visto na vitrine e ter me encantado. Como toda turista que compra pacotes econômicos pela internet, obviamente não tinha Euros sobrando (pelo contrário), mas tirei as últimas moedinhas do bolso para comprá-lo. Guardei-o para ocasiões especiais, e acabei perdendo as oportunidades de usá-lo.
Minha alegria era abrir meu guarda roupa e ver dezenas de peças que comprei ao longo do tempo e que me serviram desde sempre. Apesar de comprar feito uma psicopata, uma compulsiva, meu roupeiro me deixava genuinamente feliz. Produzia serotonina em mim!
Até o dia em que nenhuma daquelas peças serviu mais.
Percebi que deixei acumular no armário muito dinheiro que serviria para tantas outras coisas, e que estava alí, completamente inutilizado. Vestidos, blusinhas, bermudas, casacos, camisas e até os sapatos estavam pequenos.
Tudo que acumulei em roupas não tinha mais serventia nenhuma. Tinha ficado para trás, porque meu corpo (que espera a chegada da minha filha) já era outro.
Percebi que aquele guarda roupas pode ser comparado à nossa vida.
Dentro dele, dobradinhas, bem guardadas, pequenas peças que usei em grandes momentos, mas que já não se encaixavam no presente.
Coisas que eu amava e que ficaram para trás. Outras que caíram de moda. E aquelas que simplesmente não serviam.
Acumular roupas que não usamos dentro dos armários é como acumular tristezas e mágoas dentro do coração. Roubam espaço e não têm serventia.
Saudades, e roupas que já não usamos mais, devem ser memórias, que quando vêm à tona, nos trazem sorrisos e não lágrimas. As que nunca mais usaremos, devem ser despachadas de vez.
Por isso, ao abrir meu armário e ao perceber que minha bermuda preferida e meu vestido espanhol tinham ficado para trás, me dei conta de que precisamos usar muito tudo que amamos. Usar, abusar, vestir, até desgastar. Até o limite, enquanto durar, enquanto servir, enquanto couber em nossa vida.
Deixar a melhor parte guardada, para ocasiões especiais é um erro. Roupas e pessoas especiais devem andar coladas a nosso corpo sempre que possível. Porque um dia, inevitavelmente, engordamos, emagrecemos, mudamos, nos transformamos... Tudo se modifica. Pessoas chegam, pessoas partem.
De todas as roupas lindas que estavam lá, de frente para mim e que me apertavam por todos os lados, me aconcheguei numa camiseta larga, numa calça folgada de pijama, que traziam sensação de conforto, de bem-estar.
Concluí que muita coisa muda. Mas há outras, que simples, despretenciosas e singelas, permanecem. Se adaptam ao nosso novo corpo e à nossa nova alma, e nos acompanham, por todos os dias na nossa existência.
Não chore pelo que ficou para trás. Agradeça e se esforce para manter em sua vida apenas o que é essencial!
E não se culpe por mudar. Tudo e todos que realmente amam você, se adaptarão às suas mudanças. Quanto ao que já não serve mais, transforme em boas lembranças!

Beijos, meus amores!


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Os bem-resolvidos


Oi geeeente!!!!


Cheguei a uma conclusão: a pessoa mais feliz do mundo é a bem-resolvida. Aquela que nos afronta com sua segurança e que exibe seus defeitos sem nenhum pudor.
Denomino “defeitos” aqui, aqueles que são determinados pela era do perfeccionismo em que vivemos. Já não basta ser magra e linda. É necessário ser magra, linda, loura, jovem, rica, ter um homem tão belo quanto ao lado, sorrir, e até mesmo enfrentar alguns probleminhas com álcool e depressão. Porque DIVA sofre, sem perder o charme.
Querendo ou não, são esses os ícones idolatrados pelos adolescentes e criados como padrões a serem seguidos. Basta apertar o botão ON da sua televisão para visualizar mulheres que aos 70 anos não possuem rugas (muito menos expressão facial), exibem longos cabelos exuberantes e brilhantes, roupas e acessórios dignos de passarelas internacionais, e que namoram um bonitão de plantão.
As gordinhas que admirávamos agora estão no “Medida Certa”. E até aquela atriz que tinha se comprometido a envelhecer com dignidade, agora parece uma boneca de silicone.
Não é uma crítica à beleza, aos recursos atuais da medicina estética, ou ao fato de nós, mulheres, termos essa necessidade de nos mantermos belas, jovens e amadas. É um temor de que o padrão inalcançável, exigido atualmente, nos torne pessoas lindas, porém infelizes, eternamente em busca de algo inatingível, e com complexos que surgem a cada novo pé de galinha. É nesse ponto que nos afrontam os bem-resolvidos.
Os felizes consigo mesmos. Aqueles que não se importam com o melhor ângulo para a foto, e que, só para nos afrontar, saem com o cabelo molhado de casa, sem maquiagem e sem salto. Que estão acima do peso e não negam um happy hour no final da tarde, regado a guloseimas e conversas divertidas. Que batem foto de biquíni na praia, e que estão se lixando para as celulites. Que saem com a roupa que era moda na estação passada e sequer sabem o que significa Top Cropped.
Aquela pessoa que jamais fez cirurgia plástica para diminuir o nariz, e que usa cabelo preso, mesmo com orelhas mais avantajadas.
Entendem o que eu quero dizer?
Os únicos que conseguem fugir da ditadura da perfeição são os bem-resolvidos. Palmas pra eles, eles são o máximo!
Devem rir, ou ter pena de nós, pobres mortais que passamos horas na frente do espelho, ou que evitamos sair de casa porque o cabelo está armado.
São as “Perséfones” que na vida, invariavelmente, apesar das críticas, do deboche e do olhar preconceituoso dos outros, conseguem enfrentar de cabeça erguida essas terríveis regras sociais, e mantém a capacidade de sonhar.
Aquele tipo de gente agradável, parceira e generosa, que enfrenta os problemas existentes com coragem, e não perde tempo criando problemas onde eles não existem.
Que inveja da imperfeição alegre e despreocupada! Que inveja desse povo que independe da opinião alheia para ser feliz!
Parabéns pra quem tem alma leve, independente da balança! Quem ri, sem ter medo de enrugar!
Que essa gente se multiplique! Que invada as telas de cinema, os comerciais de creme dental, que entrem em nossas casas.
Que nos ajudem a nos despir de tanta auto-confiança fingida e de tanta maquiagem. Que venha a revolução dos “caras lavadas”.
Gente de cara limpa e de peito aberto!
Que comece a era de gente bem-resolvida e de bem com a vida!
Amém!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A dose certa e o exagero


Oi geeente!


Prepara, que agora é hora do show das poderosas, que descem, rebolam, afrontam as fogosas...
Mini-shortinho jeans e barriguinha de fora. Provavelmente botas e uma blusinha curta, com decote generoso.
Música a todo volume, bebida liberada, dando show de dança em cima da carroceria do “caminhão-palco-acampamento”. E viva a Fórmula Truck!
É assim em rave, festa de rodeio, competição automobilística, show sertanejo.
Muitas, muitas mulheres encaram estes eventos como uma forma de chamar mais atenção que a atração principal.
No final de semana, em Guaporé, não será diferente.
A verdade é que estamos vivendo um tempo em que aparecer e chamar a atenção torna-se tão importante quanto respirar. Parece que estamos na tela da tevê, em horário nobre, e que alguém está nos filmando.
Não há espaço para figurantes, apenas para protagonistas.
E para o bem ou para o mal, nos esforçamos ao máximo para sermos o centro das atenções.
Sei que o tempo nos traz essa nova visão, e que somente após alguns porres e alguns fiascos públicos, nos damos conta de que ao invés de um bom papel, acabamos desempenhando um papelão, na frente de uma plateia que mais está aí pra rir do que pra aplaudir.
Precisamos descer ao nível deprimente, para nos darmos conta de que os papeis principais só serão designados a nós, por outras características, que não as armas poderosas: bumbum e peitões.
Ser a atração do acampamento, da festa, da turma, não confere a ninguém o título de Fernanda Montenegro. Para ser indicada ao Oscar, é necessário muito mais que um corpinho bonito.
Com a maturidade, nos damos conta de que a discrição e o bom gosto, são armas bem mais potentes no quesito sedução, do que tecidos minúsculos cobrindo nosso corpo.
Que cinco horas rebolando, não chegam nem perto de cinco minutos de uma conversa produtiva com o cara pelo qual estamos apaixonadas.
Que se ser desejada por toda a turma, não significa ser admirada e respeitada por toda a turma.
São conceitos muito diferentes, os que separam uma mulher que chama a atenção, de uma mulher que prende a atenção de um homem.
Porque cinco minutos de fama, todos podem conquistar. Uma vida de admiração é bem mais difícil.
Qual a imagem que queremos passar?
O modo como agimos, realmente expressa quem somos, e como nos sentimos?
Precisamos apelar, para nos sentirmos belas, desejadas?
Precisamos ser cobiçadas por todos os homens e invejadas por todas as mulheres?
Claro que atrair olhares faz bem para o ego e para a alma.
Mas precisamos atrair olhares pelos motivos certos.
Um pouquinho de classe e compostura não tira o charme de ninguém. Seja no acampamento da Fórmula Truck, na balada, em qualquer aparição pública, a mulher deve saber dosar seu poder de sedução, para não descambar para a vulgaridade.
Afinal, mulher de pilequinho é um charme. Mulher vomitando de bêbada, é um porre!

Beijo, meus amores!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Sobre a cegueira

                                    Cegueira é olhar para as pessoas através dos olhos dos outros.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Esperando Olívia


Oi geeente!


Sinto que vou me transformar em uma cadeira. Parece que minhas pernas estão se afastando uma da outra, estou prestes a virar o “cadeirudo” (lembram do personagem da novela?). Entalar no sofá virou rotina. Minha calça legging estourou na bunda. Sim, parece coisa de comédia de terceira linha, mas quando me agachei, só escutei o barulho do rasgo. Sem falar no meu equilíbrio, que anda péssimo. Torci o pé caminhando em uma superfície plana, e quase fazendo xixi nas calças, precisei ser levada na Jurema, pra colocar o pé no lugar. Acredito em cegonha. Devo estar carregando minha filha no papo. Ele não para de crescer!
Me disseram que ia ser bom, não disseram que ia ser fácil. A médica recomenda caminhadas leves, então, sempre que o tempo permite, subo até o jornal à pé. Quando chego no morrinho perto do hospital, alguma força gravitacional começa a me puxar para trás. Outro dia reparei que os pedreiros da obra na esquina do Forum estavam prestes a me ajudar: Iam pedir pro motorista da patrola me carregar até o trabalho.
No começo, os enjoos. Agora cansaço, dores nas costas, nas cadeiras, nas pernas. O umbigo saltando pra fora da barriga. E a fome que me devora. Pareço um pinto em aviário. Só paro de comer quando desligam a luz!
Às vezes, converso com amigas grávidas, que estão na mesma fase que eu, e que não sentiram enjoos, desconfortos, nem ganharam 10 quilos. Fico feliz por elas, mas no íntimo, desejo que elas tenham hemorróidas. (Sim, sou uma criatura maléfica haha).
E o mais estranho é que enquanto passo por essa transformação, tudo que sei fazer é sorrir feito uma boba e sonhar.
Horas a fio olhando para uma barriga que tem vida própria, se mexe, e se entorta conforme os movimentos que minha bebê faz. Nada importa, enquanto ela está ali, aquecida, brincando, chutando, parece que dando cambalhotas.
Enquanto eu me sinto a pessoa mais estranha do mundo, mesmo quando não me reconheço no espelho, ou quando começo a chorar emocionada, por causa de um comercial de margarina, ainda assim, agradeço cada segundo que ela cresce saudável na minha barriga.
Na verdade, queria que ela permanecesse aqui. Mesmo quando da boca pra fora falo que não aguento mais meu peso, meus pés inchados e meu desconforto, ainda assim, meu coração teima em não aceitar que ela saia do lugar onde está tão protegida.
Dá tanto medo de colocar alguém no mundo. Tenho medo das maldades, da violência, das crueldades daqui de fora. Medo de não conseguir protegê-la.
Enquanto ela cresce tão inocente, eu faço planos para que ela seja feliz. Sacrificaria não só meu corpo, mas minha vida para que isso acontecesse. O que me encoraja a tê-la, é que eu vejo as coisas belas. Identifico beleza nas pessoas, nas paisagens, na vida.
Tive a oportunidade de sentir a presença de Deus na natureza, o privilégio de estar no topo de uma cordilheira coberta de neve em uma tarde gelada, e observar as nuances sem fim de um mar cristalino. O Velho Mundo, as culturas antigas. As diferentes formas de ser, de muitos povos. Sou uma viajante e uma observadora. Quero que minha filha também tenha esse privilégio. Quero que ela tenha asas.
Que saiba ir longe, mas que saiba observar com olhar mais atento ainda o que está perto: as pessoas. Que saiba amar a família e os amigos. Que se alegre com a chegada da primavera, e com os ipês em flor. Que ame os animais, busque a sabedoria dos idosos. Que saiba respeitar opiniões e diferentes formas de viver.
Que conheça a beleza de um amor correspondido, e que aprenda a ser forte, com os não correspondidos também. Que tenha um trabalho que ame, e que este, lhe proporcione não uma vida com luxo, mas com oportunidades. Que use os anos a seu favor, e que amadureça na aparência e rejuvenesça na essência.
Que saiba identificar, em algum momento, que existe amor incondicional. E que somente esse amor torna uma vida digna de ser vivida!
Beijos, meus amores!