Oi geeente!!
Cheguei em casa do trabalho tarde e cansada. Naqueles dias.
Tomei um banho, fiz um sanduíche e sentei no sofá, com um copo gigantesco de coca-cola gelada, pensando que gostaria de largar metade dos compromissos fixos, me matricular na academia, fazer yoga, pilates, musculação, meditação. Aí cruzei as pernas e uma celulite linda sorriu pra mim. Deprimi de imediato, e desejei ter tempo e dinheiro para fazer uma mini-lipo, wella shape, drenagem todos os dias, e de quebra, fazer uma mega dieta das sopas e emagrecer sem sofrer, em 10 dias, 10 quilos.
Resolvi comer chocolate.
Depois de devorar meia caixa de bombons, liguei pro namorado pedindo onde ele estava (sabia que ele estava em um jantar com os amigos, mas precisava brigar com alguém). Depois de ouvir a resposta: “Estou no churrasco do Edi”, aproveitei pra brigar, xingar e choramingar. Fui pro quarto, liguei a televisão e deitei na cama amaldiçoando o universo, o tempo, o trabalho, as pessoas e as criaturas, minha conta bancária e o técnico do Grêmio.
E foi aí que aconteceu.
O repórter da Globo, o Kovalic (é assim que escreve?), entrevistava um senhor, de uns 60 anos, que trabalhava como voluntário nos escombros deixados pelo Tsunami, que varreu o litoral do Japão. Ele acabara de encontrar o corpo da netinha de 10 anos. No meio da pilha de tijolos e argamassa, a filha, o genro e o cachorro da família.
Ao redor, onde havia uma cidade, um monte de entulho cor cinza, ferros retorcidos e milhares de japoneses incrédulos com a força da natureza. O homem perdeu a família, a casa, o trabalho, amigos e a cidade.
O repórter perguntou pra ele: - E agora?
E ele respondeu: - Agora é seguir em frente.
É verdade. Precisamos seguir.
Naquele momento, pensei nas perdas, nas tragédias, nas catástrofes e em tanta coisa inacreditável que tem acontecido ultimamente, e me perguntei: De onde essas pessoas tiram forças e recomeçam? E nós? Que nos abatemos pelo desânimo, nos contaminamos pelo mau-humor e pela raiva, deitamos na cama e choramos porque a unha quebrou. Nem saímos de casa porque o cabelo está péssimo. Ou porque nosso “ficante” trapaceou e nos machucou.
Futilidades. A grande maioria de nós possui problemas fúteis, e ao invés de agradecer pelas bênçãos, fazem como eu, reclamam da vida. Até que ela resolva mostrar o que é ter problemas de verdade.
Força
Só descobrimos nossa verdadeira força diante de verdadeiros problemas. Não precisamos ir longe. Aqui mesmo, temos mães que perderam seus filhos, doentes terminais que se agarram a só mais um dia de vida, pessoas que tiveram perdas terríveis, mas precisaram seguir em frente. E conseguiram voltar a sorrir.
Que eu não aprenda na marra!
Que nada de ruim precise acontecer para que possamos mudar de atitude. Não queremos aprender da pior maneira possível. Que sejamos autoditadas e que possamos nos reeducar para o que é a verdadeira felicidade.
E quanto a humanidade...
Que a gente destrua menos, preserve mais. Que façamos a nossa parte. Que o Japão (e tantos outros países devastados), consiga seguir em frente. E que a radiação, em virtude dos problemas nas usinas nucleares, não tenha o tenebroso efeito da bomba atômica, deixando rastros de deformações, doenças e dor.
Estava pensando nisso, quando começou a tocar aquela música do Ney Matogrosso:
“Pensem nas crianças, mudas telepáticas. Pensem nas meninas, cegas inexatas.
Pensem nas mulheres, rotas alteradas. Pensem nas feridas, como rosas cálidas.
Mas não se esqueçam, da rosa da rosa. Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária.
A rosa radioativa, estúpida e inválida.”
E eu, cá com meus botões, conclui, depois da minha reflexão: Seja de forma individual ou coletiva, que deixemos de lado de uma vez por todas... as coisas estúpidas e inválidas.
Beijos meus amores, até a semana que vem.