Em 1997 o compositor e cantor Ivan Lins lançou o CD triplo "Viva Noel". Do disco 1 faz parte o samba "Cor de Cinza", composto por Noel em 1933. É úma música que se pode dizer que aparece como um corpo estranho na obra do compositor, por causa do feitio da letra, em que os versos contêm impressões e imagens que aparentam não ter uma relação entre si, tendo como resultado um "texto" hermético, mas dotado de grande beleza. Por sinal que, segundo escreve o crítico João Máximo (autor, junto com Carlos Didier, do livro "Noel Rosa, Uma Biografia) no encarte do disco, o poeta e cronista Paulo Mendes Campos considerava esse samba "o mais belo e hermético poema impressionista do nosso cancioneiro popular".
João Máximo toca na obscuridade dos versos do compositor, "cujo mistério não há como desvendar: a história morreu com ele". E informa que a música só foi gravada em 1955, por Aracy de Almeida, portanto, 18 anos depois da morte de Noel.
Assim, com apenas duas gravações (contando a de Ivan Lins), "Cor de Cinza" é também uma música muito pouco conhecida de Noel (cujo centenário de nascimento ocorre este ano), entre as mais de 250 que ele compôs.
A seguir a letra.
Com seu aparecimento
Todo o céu ficou cinzento
E São Pedro zangado
Depois um carro de praça
Partiu e fez fumaça
Com destino ignorado
Não durou muito a chuva
E eu achei uma luva
Depois que ela desceu
A luva é um documento
Com que provo o esquecimento
Daquela que me esqueceu
Ao ver um carro cinzento
Com a cruz do sofrimento
Bem vermelha na porta
Fugi impressionado
Sem ter perguntado
Se ela estava viva ou morta
A poeira cinzenta
Da dúvida me atormenta
Nem sei se ela morreu
A luva é um documento
De pelica e bem cinzento
Que lembra quem me esqueceu.
João Máximo toca na obscuridade dos versos do compositor, "cujo mistério não há como desvendar: a história morreu com ele". E informa que a música só foi gravada em 1955, por Aracy de Almeida, portanto, 18 anos depois da morte de Noel.
Assim, com apenas duas gravações (contando a de Ivan Lins), "Cor de Cinza" é também uma música muito pouco conhecida de Noel (cujo centenário de nascimento ocorre este ano), entre as mais de 250 que ele compôs.
A seguir a letra.
Com seu aparecimento
Todo o céu ficou cinzento
E São Pedro zangado
Depois um carro de praça
Partiu e fez fumaça
Com destino ignorado
Não durou muito a chuva
E eu achei uma luva
Depois que ela desceu
A luva é um documento
Com que provo o esquecimento
Daquela que me esqueceu
Ao ver um carro cinzento
Com a cruz do sofrimento
Bem vermelha na porta
Fugi impressionado
Sem ter perguntado
Se ela estava viva ou morta
A poeira cinzenta
Da dúvida me atormenta
Nem sei se ela morreu
A luva é um documento
De pelica e bem cinzento
Que lembra quem me esqueceu.