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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Poema: ORATÓRIO...

Foto minha da encosta,na SERRAdaESTRELA



ORATÓRIO…



Do alto do promontório,
batido por vento cortante,
vejo o mar em sobressalto;
e, num instante,
o vento sibilante,
premonitório,
avisa o meu eu sofrido,
de que as aragens distantes
saíram já do mar alto
e vogam, como eu, errantes…

Antevejo a tempestade, que há-de afectar-me…
Anseio pel’o momento em que devo abrigar-me!

Mas o meu porto seguro não está perto.
Estou perdida e só neste meu deserto.
Que deus posso invocar
para me poder salvar?

Então, desço, lesta, o promontório
que me serviu de oratório.
Já não me oferece abrigo.
Pelo contrário, sinto-me em perigo
se dele não me afastar.
A descida é penosa;
Abrigo-me dos elementos em fúria,
encostada às arestas das rochas…
e aí me apoio…
Escorre-me sangue das mãos, tal o esforço que faço
para me aguentar, frente aos ventos fortes do mar…
“Sangue é vida!”-segreda uma voz mágica-
Não temas nenhuma ferida…porque, nesta tua vida,
muitas vezes irás sangrar…e chorar…e praguejar!
Esse sangue correrá ao sabor das dores da vida…
…que te é querida, aliás!



AGOSTO/07-Cad.1A-54