A magia no cinema, a magia do cinemaQuem viu o filme o Ilusionista e gostou como foi o meu caso sentirá (eu senti) curioidade de ver o filme sobre ilusionismo que ontem se estreou-O terceiro Passo(The Prestige).E quem vir o Terceiro Passo perceberá que está a ver um filme dez vezes superior ao Ilusionista, melhor argumento com uma fabulosa história e se não tem melhores actores tem pelo menos melhores interpretações.O filme começa com a sua frase mais elucidativa: "olhem com atenção" e de facto olhem porque por muitas voltas que o filme dê ( e dá muitas) bsta ter atenção e no fim todos exclamamos: Claro!A acção gira em torno da rivalidade entre dois ilusionistas e a invenção de truques cada vez mais espectaculares para ser o melhor. E o espectador não percebe (só no fim) que não há só ilusão, há também a magia da ciência.Referência interesante a Thomas Edison a ver e a ir ler depois para perceber. Eu tive boas aulas de cinema não preciso, portanto apanhei a referência a Edison.Nos actores a magia impera. Piper Perabo e a mais sexy e das melhores actrizes da actualidade Scarlett ( é preciso escrever o sobrenome?).Nos homens seguro e charmoso reina Michael Cane(73 anos e que fez o seu 1º filme há 50anos em Portugal), os dois mágicos Cris Bale( o Hulk) e Hugh Jackman ( Wolverine em X-Men) estão à altura da magia do cinema e, depois vindo do nada no meio do filme a classe e porte de um rei: David Bowie himself a ter uma interpretação electrica.Um filme sobre magia? Sobre ilusionismo? Sobre rivalidade? Não esquecendo que o cinema é arte de mostrar uma coisa e o espectdor perceber outra a minha aposta é de que este filme é sobre a natureza humana e um do seus defeitos: a ambição desmedida.Francisco Reis
Vou contar-vos do princípio uma história de desencontros na qual só entrei no fim.
Desde muito cedo, percebi a importância que aquelas pessoas tinham umas para as outras. Não era o simples grupo de amigos que se juntava para umas saídas à noite, ou às sextas-feiras para beber um copo. Era o grupo de amigos, a quadrilha, que se juntava à sexta-feira e aos outros dias todos à volta dos copos. À volta das tempestades em copos de água, à volta das tempestades que traziam água aos olhos. Olhos que muito riram, olhos que muito viram, que olhos eram estes? Eram os olhos azuis do João, azul como o mar que lhe batia à porta todas as férias. Os olhos verdes da Teresa, verde como o pequeno jardim de sua casa onde brincavam. Os olhos castanhos do Raimundo, castanho como o tronco de árvore onde marcavam os seus nomes a cada final de férias como contrato de volta. A árvore era o notário, a testemunha, o compromisso, a promessa. Os olhos amarelados da Maria, amarelo como cada grão de areia, cada castelo construído, em tempos em que o drama era a força do mar ou a intensidade do vento que o destruí-a. Os olhos pretos do Joaquim, preto como o escuro das noites que lhes faziam companhia nas longas conversas. Os olhos alaranjados da Lili, laranja como o nascer e o pôr-do-sol, conforme o estado de espírito.
Encontravam-se todos os anos, todos os Verões e sempre na Costa, no Bairro do Sol. Nenhum lá nasceu, nenhum lá cresceu, nenhum lá viveu, mas um lá morreu. Nenhum lá viveu por mais de dois meses por ano, no entanto era lá que todos se sentiam em casa. Conheceram-se há aproximadamente quinze anos. Tinham eles seis, sete, ou oito anos.
Passada a fase dos castelos, surgiu a dos príncipes e das princesas. Começaram a apaixonar-se, cresceram. O primeiro foi o João que viu em Teresa o despertar da paixão. Esta só tinha olhos para o Raimundo, que por sua vez, morria de amores pela Maria, que via em Joaquim o que Lili não via.
Do grupo do Bairro do Sol, só Lili não se apaixonou qualificando-se como o muro de lamentações dos amigos. Depois daquele verão em que os sentimentos ultrapassaram o limite da amizade, nada voltou a ser o que era. Naquele fim de Verão, quando voltaram a escrever na árvore, não sabiam se podiam cumprir a promessa de voltar. Tinham agora dezoito anos e a sua infância ficou em frente ao Bairro do sol, enterrada na praia.
Os seus caminhos separaram-se. O João foi para os Estados Unidos estudar gestão, sempre teve jeito para números, era sempre ele que ficava que dividir as contas dos jantares. A Teresa percebeu que amava mais Deus que Raimundo e foi para o convento, para grande espanto de todos. O pobre Raimundo, o mais radical de todos, entrou para desporto. Morreu num acidente de moto dois anos depois daquele Verão, este acidente ficou-lhes marcado. A Maria que sempre foi a mais bonita, foi para design. Pode-se dizer que tem uma carreira de sucesso, mas com tantos pretendentes, não soube escolher e ficou para tia. O caminho mais inesperado foi o do Joaquim. Perdeu-se e só se encontrou de novo no Bairro do Sol, sozinho, encostado à árvore, com uma caixa de comprimidos ao lado, depois de riscar o seu nome, ele não voltaria.Depois daquele Verão no Bairro do Sol em que o amor os baralhou, só se voltaram a encontrar três vezes. A primeira no funeral do Raimundo, no qual choraram e fizeram promessas de se ver mais vezes, por eles, pelo Raimundo. Nada fizeram. A segunda no funeral do Joaquim, redobraram as promessas entre lágrimas. Estas secaram e com elas as promessas, só mais uma vez se viram. Por fim a terceira, no súbito casamento da Lili no qual perceberam que se tinham perdido e fizeram votos de nunca mais se separarem
Sim, no meu casamento com Lili. Lili casou-se comigo, J. Pinto Fernandes. Até ontem, não havia dia em que não ouvia falar no Bairro do Sol, na árvore onde escreviam os seus nomes ano após ano, e das “paixonetas” que foram bem mais do que isso. Tudo na Natureza nasce da chuva e do sol, sei que também Lili nasceu e cresceu graças ao sol que os amigos daquele Bairro lhe proporcionaram e que fizeram com que eu não pude deixar de me apaixonar por ela. Apesar das suas últimas férias no Bairro do Sol terem sido há muito tempo e das recordações já terem pó, agradeço aquele Bairro e os amigos por tudo o que fizeram pela minha Lili. Este bairro fez correr muita chuva nos seus olhos. Chuva de saudade e chuva de tristeza ou de alegria, conforme. Chuva de saudade a cada dia que passava e não os via, chuva de tristeza na morte de Raimundo e de Joaquim, chuva de alegria cada vez que se lembrava de mais um Verão.
Conto esta historia por amor a Lili que foi ontem ter com Raimundo e Joaquim a um Bairro, que espero melhor que este. Aquelas férias foram os melhores da minha vida sem sequer as ter vivido. Quanto aos amigos do Bairro do Sol, nenhum deles se esqueceu daqueles Verões, mas nenhum deles teve coragem para dar Sol aos seus Bairros. Hoje encontro-me com eles todas as sextas-feiras. Por amor a Lili. É assim que a mantenho viva.
Olá eu sou o João, tenho quatro anos, a minha cor preferida é o laranja e vivo na rua. A minha mãe diz que sou uma cabeça no ar e nunca tenho os pés assentes na terra. Ás vezes sinto-me preso e prestes a rebentar, não sei se é por estar a atravessar uma crise existencial, dizem que a adolescência é uma fase é que nos sentimos incompreendidos. Mas esperem, não pensem que sou precoce, eu sei que para vocês que me estão a ler, a adolescência começa aos catorze anos. Já agora, talvez seja relevante eu dizer que sou um balão.
Toda a minha vida, vivi com os meus pais. A minha mãe chama-se Mariana, é vermelha e tem a forma de um coração. Já o meu pai, chamado Simão, é amarelo e em forma de Sol. Dessa mistura nasci eu, João balão, cor de laranja e ainda ando à procura da minha forma. Tive uma infância feliz até me aperceber da difícil vida que tinham os balões. Para quê estar vivo se um dia me vão encher até rebentar? Para quê estar vivo se um dia me vão largar?
Na semana passada, o meu pai foi comprado por um turista italiano. Desde então nunca mais o vi e só recebo notícias dele, pelos balões modelo da loja Gucci aqui ao lado que vão a Roma todas as semanas. Dizem-me que está bem e a viver em casa de um menino simpático. Desde que o pai for embora, a mãe Mariana anda com falta de ar. Está tão magrinha. Diz que se me portar bem, no Verão podemos apanhar o vento das cinco e meia para o ir ver o pai, isto é, se o senhor António nos der férias.
O senhor António é o nosso patrão, já vivemos com ele há dois anos e gosta tanto de nós que não nos quer vender. Só vendeu o pai porque estava com problemas de dinheiro e sabia que eu precisava da mãe. Nós vivemos na rua, mais precisamente no Chiado, junto à Brasileira. Estamos sempre lá quer faça chuva, quer faça sol. No Verão sabe bem dormir na rua, e ver todas aquelas animações de fogo e as pessoas grandes e pequenas bem dispostas nas esplanadas a beber bebidas frescas e a comer gelados. No Inverno, com chuva, custa um bocadinho, mas o senhor António preocupa-se connosco e arranjou-nos um abrigo. Gosta tanto de mim, que quando fiz três anos ofereceu-me um fio às cores para me prender à sua mão.
Aquele dia que começou com chuva, era o prenúncio que algo não ia correr bem. Assim que vi o Adolfo, aquele miúdo gordinho vestido de preto, fiquei com arrepios. Viu-me na rua e fez uma birra tão grande que fez com que a mãe oferecesse vinte euros por mim. O senhor António cuja única riqueza era a bondade, ficou reticente e ainda tentou vender o Gaspar, o balão florescente que lhe fazia mal à vista. No entanto, Adolfo não desistia e continuava com aquele choradeira ensurdecedora. A muito custo, lá me despedi da minha mãe e fui agarrado à mão gorda daquela criança irritante. O quarto de Adolfo era uma sala de tortura para balões, tudo ali representava um perigo para mim. Desde o princípio que via pontas afiadas prestes a rebentar-me. Confesso que cheguei a preferir isso. Passado três dias, eu já fazia parte do passado e fiquei arrumado a um canto do quarto, o Adolfo tinha arranjado outro entretenimento.
Um dia Gertrudes, a empregada de Adolfo, veio limpar a confusão do seu quarto e pendurou-me na janela. Com a força do vento, fui cuspido lá para fora e voei para a liberdade que pensei já não recuperar. Andei por aí perdido e consegui ir parar de novo às mãos do senhor António, que me disse que o turista italiano que comprara o meu pai, tinha voltado para comprar a minha mãe. Fiquei sozinho com o senhor António por mais uns dias, até chegaram no final de mais uma semana, os balões da Gucci com novidades para mim de que os meus pais estavam bem mas preocupados comigo. Fiquei assustado e pedi-lhes que me levassem com eles para a semana. Para minha grande tristeza, nada podiam fazer porque o rigor da Gucci só aceitava balões brancos e pretos. Foi então que me disseram que a Benetton estava à procura de representantes balões para ir até Itália. Assim foi, no meu intervalo de almoço, fui até à Benetton que fica ali pouco abaixo da Brasileira e inscrevi-me. Eles aceitaram-me logo porque como eu ainda não tinha formas, podia-me transformar em quase tudo. Viajei até Roma, no vento das sete que é o mais rápido e procurei pela casa que os modelos da Gucci me indicaram. Cheguei a uma casa enorme, com imensos andares, com um pátio cheio de flores e com umas crianças a brincarem que nada tinham a ver com o Adolfo. Lá estavam eles á janela, o meu pai grande e redondo e a minha mãe enternecedora com um coração nas mãos como se soubesse que eu vinha. Agora estou feliz. Continuei a trabalhar para a Benetton, mas passei a ter mais cuidado com as minhas formas, o que é difícil com todas estas tentações de Roma. Porta sim porta sim há uma gelataria e a todas as esquinas uma pizzaria, um balão também não é de ferro. Em Roma cresci e encontrei as minhas formas e agora sim faz sentido voar até chegar o dia de rebentar.
Morreu o Padrinho da Soul
James Brown nascido em 1933 faleceu ontem em Atlanta no dia de Natal na sequência de um ataque cardíaco.
Brown é um mito da história da música ao nível de Elvis Presley e é sem dúvida nome maior e raiz dos estilos de música soul e funk que hoje em dia inspiram o Hip Hop.
Brown era conhecido para além dos seus grandes exitos pela sua postura em palco. Loucos passos de dança, rodopios e muitos gritos a dar show durantes dezenas de anos.
Ainda este ano Mr Dinamyte fez um tour mundial mostrando já em adiantada idade uma força pouco comum e uma garra que o deixará nos anais da história.
E nós até irmos ter com Brown podemos sorrir e dançar com músicas como I got you ( i feel gooooooooooooooooooooooooooooooood).