Trovadorismo

Il n'y a qu'un remède à l'amour : aimer davantage. Henry David Thoreau "Enquanto o homem for homem, ele continuará a investir numa realidade transcendente e a imaginar significados além das aparências." (Boia, 1998, p. 31). Será, então, que o amor não é, ele também, uma invenção? E, se for, quem inventou o amor? E por quê? E o amor, também, não seria uma criação de um discurso sobre amor? Quanto há de amor sem as palavras para defini-lo? E quem veio primeiro, o amor ou as palavras que nos ensinam o que ele é? Como se trata de um sentimentoque também pode ser uma invençãotalvez a pergunta mais correta não seria quem inventou o amor, mas sim quem inventou a maneira, ou as maneiras, de demonstrarmos o amor. Aqui, mais uma vez, cabe a pergunta 'quem veio primeiro'. Primeiro alguns homens amavam suas senhor tal qual vassalos 'amam' seus senhores ou primeiro houve a idéia de um amor, uma ficção do amor, que foi, à medida que era espalhada, tornando-se a regra de como amar? É evidente que não pretendo responder essas perguntas aqui até porque talvez sequer haja uma resposta para elas, mas há, sim, lugar para pensar e questionar. Há lugar, também, 1 Licenciada em Letras com habilitação em língua portuguesa e respectivas literaturas e em língua inglesa e respectivas literaturas, cursa agora mestrado acadêmico em Análises Textuais e Discursivas na UFRGS.

O escritor Valdeck Almeida de Jesus escreve desde os doze anos de idade, e desde então já publicou mais de 150 antologias e cinco livros solos, além de editar, organizar, prefaciar e lançar obras de outros/as autores/as no Brasil e no exterior.

Arthur de Salles: o homem e o poeta S oteropolitano, Arthur de Salles, que viveu entre 1879 e 1952, escreveu tanto em prosa quanto em verso, transitou entre o Parnasianismo e o Simbolismo e pode ser considerado um dos representantes da fase de transição pré-modernista. Membro da Academia de Letras da Bahia, Arthur de Salles ocupava a cadeira de n° 3.

Inicialmente proferido para comemorar o quinto centenario do Cancioneiro geral de Garcia de Resende, na Jornada 500 anos do CGGR/USP, em 2016, o presente artigo pretende refutar o juizo de que haja um divorcio entre a letra e a musica na maioria qualificada das trovas ai compiladas.

Um dos muitos desafios impostos à crítica pela miscelânea poética que constitui o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende (1516) é o estudo e delimitação dos diversos gêneros literários a que recorreram os poetas do Cancioneiro Geral. Dentre os gêneros de presença mais polêmica está o dramático, reconhecido por muitos, negado por alguns. Neste estudo, proponho-me discutir a existência de textos dramáticos no Cancioneiro Geral, observando de perto os de Anrique da Mota. Atentarei também para as implicações políticas da escolha do poeta em criar seus diálogos dramáticos.

Após um breve testemunho do meu convívio profissional e pessoal com Maria do Amparo Tavares Maleval, destaco aqui a sua importante contribuição ao estudo do ressurgimento da tradição lírica medieval em movimentos literários galegos, portugueses e brasileiros, a partir do século XIX: o Neotrovadorismo galego, com especial atenção aos poemas galegos do poeta catalão Carles Riba; os poetas portugueses; e o caráter dessa "atualização", como a denomina, no Brasil, onde adquire características próprias, desde os participantes do Movimento Modernista de 1922 até os nossos dias. Palavras-chave: Atualizações da lírica medieval. Neotrovadorismo galego. Atualizações portuguesas e brasileiras.

Dentre o conjunto de poemas do tipo muachaha legados de Alandalus, um único texto é atribuído a uma mulher da Granada do século XII, Nazhún Bint al-Qilá c í. A muachaha de Nazhún foi estudada e traduzida para o inglês pela primeira vez em 2007 pela estudiosa feminista Marlé Hammond, num artigo que enfrentou a dificuldade de encontrar no discurso do poema uma identidade feminina de fato diferencial com relação ao discurso de outros poemas atribuídos a autores homens. Nosso artigo segue a senda trilhada por aquele estudo, destacando alguns aspectos que podem ser complementares, e analisa o poema aplicando os princípios da "composição circular". Acompanha o artigo uma tradução do poema ao português, segundo nossa interpretação do texto árabe.

Causou impacto imediato o ingresso de Maria do Amparo Tavares Maleval no ambiente acadêmico daquele fervilhante 11º andar do Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1996. Se, na grande maioria dos casos, são as bancas de concurso que selecionam os aprovados nas disputadas etapas probatórias a que são submetidos, percebemos rapidamente que tiráramos nós, os da Casa, a "sorte grande", ao termos sido os escolhidos pela discreta, porém

No presente artigo objetivamos apresentar um contraponto às ideias insistentemente reduplicadas do Medievo pela mídia e parte da comunidade acadêmica mostrando, através de três cantigas de escárnio e de maldizer de Afonso X, que o riso, a alegria e a irreverência eram realidades no período. Almejamos explicitar, por intermédio de três cantigas do rei-trovador, pretensões de fazer rir de maneira considerada inconveniente e indecorosa, o que contraria o senso comum sobre a Idade Média, retratada como tenebrosa e melancólica por seguimentos expressivos da produção cultural e acadêmica atual. Palavras-chave: Afonso X, cantigas de escárnio e maldizer, risos na Idade Média.

O presente artigo se propõe a analisar um conjunto de poemas medievais galego-portugueses pertencente à vertente das cantigas de amor. Nosso recorte contemplará poemas que contêm a palavra “Deus”. A partir das formulações teóricas de Mongelli (2009), Spina (2009), Lemos (2007), Achcar (1994), entre outros, nos propomos a compreender quais os diferentes significados que a referência a Deus assume nos poemas escolhidos.

Capítulo 5º (páginas 1521-1774) da minha tese de doutoramento em Filologia ("As rimas da poesia trovadoresca galego-portuguesa: catálogo e análise", Universidade da Corunha, 2000, 3 volumes, 1796 pp.): “As palavras rimantes: lista alfabética”.

La seconda parte di questo contributo affronterà tali immagini nel dettaglio, individuando specifici gruppi, distinguibili a livello tematico. Si intende fornire cosí anche un repertorio degli usi siciliani rispetto al campo semantico della violenza, che possa favorire studi ulteriori. Considerato il numero molto considerevole di testi L brought to you by CORE View metadata, citation and similar papers at core.ac.uk provided by AIR Universita degli studi di Milano

Minha professora e eu não narra ou declama a minha história enquanto aluna, ou mesmo faz referências a alguma educadora que passou por minha vida escolar em meu primeiro setênio e início do segundo setênio.
Tudo começou despretensiosamente, ao chegar na Escola Acalento. Escola essa fundamentada na antroposofia e embasada pelas ideias de Rudolf Steiner, que me deu de presente a turma do 2º ano do Fundamental I no ano de 2019 - turma que, para minha surpresa, eu levaria até o 5º ano. Junto a ela, todas as riquíssimas descobertas que a pedagogia de Waldorf me proporcionou.
Na turma, um Jeremias, uma fada, muitas histórias e, é claro, a magia da criação literária desabrochando, inspirando e nos seguindo ano a ano.
Esta coletânea de prosas e poesias fez de mim a professora com quem eu gostaria de ter conhecido e vivenciado as melhores e mais desafiadoras fases da minha vida.
É com orgulho que lhes apresento Minha professora e eu. Seja você aluno(a) ou professor(a), desejo de corpo, alma e espírito que essa produção possa inspirá-lo(a)!

Se no meu primeiro livro de poesias eu escrevi que ele simbolizava a infância da minha escrita, nesse aqui já posso falar de um certo amadurecimento?
E o que caracterizaria esse amadurecer? Uma refinação do estilo? Um jeito mais interessante de encaixar as palavras? Os assuntos? Como chegar ao ponto de dizer “isso que eu escrevi está melhor do que aquilo”?
Como sempre fui muito crítico e meticuloso com aquilo que escrevo, eu posso dizer que sim, aqui há coisas mais “maduras” do que no Poesias (2015-2016). Aqui não há mais tão forte aquele sentimento de vergonha de dizer “sim, isso que tu tá lendo saiu de mim...”.
O ano de 2017 me trouxe muitas vivências que acabaram me permitindo escrever o que está posto aqui. E quando eu falo “muitas”, não é exagero. Tanto que separei meus escritos desse ano em três pequenos livros. Foi o momento mais intenso de criação que senti até hoje – e o mais catártico também.
Com o que vivi e com tudo o que escrevi, esse ano acabou me proporcionando um crescimento. Aqui começaria, portanto, um certo tipo de adolescência, se eu for seguir essa analogia com as fases da vida humana.

O objetivo deste artigo é proporcionar ao leitor um encontro com uma situação ficcional composta em forma de intermezzo, ou seja, de intervalo improvisado entre dois atos de uma peça musical. Por meio de um corte-devir num desdobramento do chamado paradoxo de Russell, a intenção é levar o leitor a desmontar-se junto às entrelinhas dessa peça musical torta e dissonante, de forma a compor junto a ela suas próprias interpretações acerca da formação do professor de matemática, bem como de todas as ramificações que desse tema podem desabrochar. Um encontro com dedos, tentando capturar notas na velocidade infinita de uma obra sempre inacabada. Um mergulho em linhas emaranhadas, notas vibráteis, agenciadoras de desejos, sempre à espreita de linhas de fuga. 

Dos vazios ninguém se livra. Porém, a capacidade de produzir presença a partir da ausência é o convite inadiável da literatura dos afetos, a exemplo do Caderno de um ausente, de João Anzanello Carrascoza, livro que serviu de mote inicial para os textos das escritoras e dos escritores presentes na antologia Morada dos vazios. Esta obra é o resultado do trabalho de conclusão da turma de 2022.2 na Imersão em Escrita dos Afetos, ensinada pelo Prof. PhD Francisco Silva Cavalcante Junior e promovida pelo Álacre-Laboratório de Literatura dos Afetos, projeto de extensão universitária do Instituto de Cultura e Arte (ICA) da Universidade Federal do Ceará. Os onze textos aqui reunidos apresentam a voz autoral de quem faz da palavra a travessia para o bem-querer e o bem viver, preenchendo ausências com palavras lapidadas em prosa e versos, um belo mostruário de literatura dos afetos.

Ana de Santana, poeta nascida em Caicó, Rio Grande do Norte, publicou quatro livros de poemas: Danaides: inventário de signos, de 2005;
Em nome da pele, de 2008; À unha, de 2016; e o recém-lançado Bicicletas
para descer ladeiras à noite, obras que, em conjunto, apresentam uma
trajetória poética marcada por signos reveladores de uma aguda consciência estética, filosófica e social, que ora nos levam ao universo metalinguístico e intertextual que caracteriza sua poética, ora a conteúdos
finamente sustentados nos apelos temáticos da contemporaneidade,
com destaque para questões de gênero e reflexões filosóficas. Esta
abordagem pretende, à luz de Affonso Ávila, Giorgio Agamben e Yanetsy Pino Reina, e de um diálogo direto com a poeta, discorrer sobre
o modo como as obras articulam, individualmente, os polos metalinguagem, intertextualidade, questões de gênero e reflexões filosóficas,
de forma a reconhecermos o percurso estético e conceitual da poesia
de Santana, flagrando permanências e inovações, de modo a compor
um retrato que, costurando flashes, revele o impacto dessa presença
norte-rio-grandense no cenário da poesia contemporânea brasileira.
Fórum Lit. Bras. Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 13, nº 26, pp. 16-49, dez. 2021.

Investigamos, neste artigo, as representacoes da velhice na poesia de Manoel de Barros. Para tanto, partimos da leitura comparativa dos poemas “O Provedor”, presente nos Ensaios fotograficos , de 2000, e “Meu avo”, publicado em O fazedor de amanhecer , de 2001. Tomamos como pressupostos teoricos os escritos de Beauvoir (1990), Bosi (1987) e Bachelard (1988).

RESUMO: “O riso parece precisar de eco”. Assim Bergson resume em O riso a intenção de acordo ou cumplicidade fundamental a todo ato de galhofa. Se assim é, necessariamente devemos levar em conta a recepção dos jovens leitores aos textos satíricos, jocosos por definição, lidos na escola. No entanto, mantendo uma prática comum no ensino de literatura, a escola brasileira tem raras vezes levado em consideração as reações dos estudantes à leitura de títulos satíricos ou recorrido às práticas leitoras dos alunos para aprofundar as abordagens da sátira. Com efeito, o estudo da sátira nas instituições de ensino brasileiras frequentemente restringe-se ao cânone e, mais gravemente, a textos ilustrativos de alguns estilos literários, como o Trovadorismo português ou o Barroco brasileiro. Na contramão de tal tendência a privilegiar informações secundárias sobre épocas ou escolas literárias, vão as OCNEM. Contra a desconsideração da subjetividade leitora têm se insurgido importantes pesquisador...

O nome de João Cabral de Melo Neto retive-o por leitura avulsa de 3 ou 4 poemas pelos meus 15 anos, em 1955, quando ele era ainda muito pouco conhecido não só em Portugal mas também no Brasil, onde nesse ano aguardava o retorno à actividade diplomática, de que fora suspenso depois de ter sido denunciado por um colega como comunista. Mas só me dei conta de que se tratava de um poeta de excepção quando, em 1960, caloiro na Faculdade de Letras de Lisboa, pude ler Quaderna, que acabara de sair em primeira edição na capital portuguesa. Anos mais tarde, em 1965, assisti à primeira das duas representações de Morte e Vida Severina que o TUCA (Teatro da Universidade Católica de S. Paulo) fez no Rio de Janeiro; e o texto, a música do então muito jovem Chico Buarque de Hollanda, que conheci nessa ocasião, e que por sinal me ofereceu o single com trechos dessa música, a encenação e a representação proporcionaram-me uma das mais altas emoções da minha vida, do que dei conta numa crónica do lisbo...

Pedimos aos integrantes do INTERESPE que expressassem por meio da linguagem simbolica, visual e/ou escrita as suas impressoes ou repercussoes que a poesia: O absurdo e a graca do prof. Ruy repercutia em seu ser. Segue abaixo o resultado deste trabalho. Pode-se perceber que a tematica que os integrantes relacionaram diz respeito a transformacao, renovacao, renascimento da consciencia.

O presente artigo se propõe a analisar um conjunto de poemas medievais galego-portugueses pertencente à vertente das cantigas de amor. Nosso recorte contemplará poemas que contêm a palavra “Deus”. A partir das formulações teóricas de Mongelli (2009), Spina (2009), Lemos (2007), Achcar (1994), entre outros, nos propomos a compreender quais os diferentes significados que a referência a Deus assume nos poemas escolhidos.

Analisa o poema “D’Amor”, de Haroldo de Campos, e observa como o poeta ora segue, ora transgride os passos da tradicao trovadoresca dos seculos XII-XIV (sobretudo em relacao as cantigas de amor galegoportuguesas, no estilo de D. Dinis), para construir sua cancao amorosa “a moderna”. Para tanto, compara, em linhas gerais, os constituintes da cancao “D’amor” com os topoi e formas da lirica galego-portuguesa, em especial os da cantiga de amor. Verifica que Haroldo de Campos nao limita a recepcao dos textos medievais ao deleite e a apreciacao, mas atualiza essa tradicao em suas (trans)criacoes poeticas, efetuando uma especie de critica em forma de criacao ou critica pela reimaginacao. Palavras-chave: Literatura brasileira contemporânea (Haroldo de Campos); Trovadorismo (cantiga de amor); Haroldo de Campos (“D’Amor”).

Escrito em 2015 por Mo Maiê, o cordel "As 7 Cores do Universo" foi selecionado para o Mapa da Palavra da Bahia 2016, mas somente agora terá seu lançamento oficial, na "Feira de Impressos do Paraguassu".

Escrito dentro da tradição da literatura de cordel brasileira, o livreto é uma homenagem ao pintor Oswaldo Roberto Griot, um dos maiores expoentes no mundo da arte negra na Bahia. Em suas telas e esculturas, o saudoso pintor trazia combinação de símbolos religiosos afrobrasileiros com a cultura oriental, buscando relacionar os orixás, os mistérios da numerologia, da astrologia e do tao com o dia a dia do povo baiano.

A capa é uma reprodução em preto e branco de um quadro original de Griot.

Identificando os três autores mencionados como os mais antigos compositores de «cantares de amigo» registados nos cancioneiros, sobressai na obra que deixaram algumas características fortemente distintivas, nomeadamente a flagrante oposição do monopólio feminino da palavra a uma evidente atitude de supremacia da parte masculina na sua relação com a jovem mulher que se assume como enunciadora exclusiva. A total ausência da linguagem do serviço de amor, corrente nos contemporâneos cantares de amor, torna claro o propósito programático do género que se impõe nos finais de 1220 e vem mais tarde a ser designado «cantar de amigo».