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Antologia Todos os Poemas de Valdeck Almeida de Jesus - parte 03

2024, Antologia de poemas de Valdeck Almeida - parte 03

O escritor Valdeck Almeida de Jesus escreve desde os doze anos de idade, e desde então já publicou mais de 150 antologias e cinco livros solos, além de editar, organizar, prefaciar e lançar obras de outros/as autores/as no Brasil e no exterior.

Antologia Todos os Poemas Valdeck Almeida de Jesus Parte 03 Versões atualizadas e outras nem tanto 1 AMOR PROJETO 30 ANOS DE POESIA O nascimento do amor (ano de 1982). (Publicada no livro “Antologia literária: O Amor na Literatura”) O amor quando nasce no peito da gente É igual a uma rosa desabrochando Em meio a um jardim florido Florido e muito colorido. É tão lindo sentir o amor É tão lindo mesmo sem o ver Ele não se mostra para a gente Mas quando ele chega, quem é que não sente? Quando se descobre o amor Temos mais alegria de viver Se quisermos alguma morrer Tentaremos esta idéia esquecer. Se ainda não descobristes o amor Não sabes o que é felicidade Ele é a melhor coisa do mundo Uma coisa que vem lá do fundo. Quando o amor aparecer para você Tome cuidado, meu amigo e irmão Porque queremos até morrer 2 Quando perdemos o dono do nosso coração. 3 4 HOMENAGEM Aos professores Aos meus professores, dedico esta canção Aceitem por favor, saiu do meu coração. A estes que engrandecem, a nossa Nação O 15 de outubro, em comemoração. Todos precisam, de um professor Desde o mendigo, até o doutor. Esta classe unida, que muito nos ajuda Merece também, a dele, a minha e a tua ajuda. A todos os professores, de mudo e do Brasil Desejo muita saúde e felicidades mil. Que nunca me falte, um professor Porque quem leciona, tem muito valor. Os nossos professores, são nossos pés e nossas mãos São melhores que muitos pais, amigos e até irmãos. Quem não gosta de professor, não tem amor à vida Porque é esta criatura, que nos prepara para a lida. (30 de abril de 1983). 5 HOMENAGEM Minha Bahia (Concurso Oca das Letras) Tu és linda ó Bahia No Brasil não há igual Nem no norte nem no sul Só tu no litoral. Nem no Brasil nem no mundo Melhor que tu não há Por ti sinto um amor profundo Que nunca irá acabar. Ó Bahia, Ó Bahia Bahia do meu coração Eu nasci neste solo E cada um aqui nascer É teu filho e meu irmão. Por isso ó Bahia Se eu morrer fora daqui Quero que me tragam Para pertinho de ti. (ano de 1982). 6 HOMENAGEM Bahia (30 de abril de 1983). A Bahia é um Estado Pedacinho do Brasil Gosto muito desta terra Do céu da cor de anil. Amo muito este terreno Parte de um grande país Foi aqui que eu nasci Aqui tenho minha raiz. Falar bem da minha terra É o meu objetivo Engrandecerei-te Bahia Enquanto eu estiver vivo. Lutarei por ti Bahia Direta ou indiretamente Defenderei-te sempre Só assim ficarei contente. Incentivo aos conterrâneos A te amar muito mais Que morram por ti Bahia Que te amem muito mais. 7 8 HOMENAGEM Jequié (Concurso Oca das Letras) Jequié minha cidade Cidade onde eu nasci Jequié minha cidade Cidade onde eu cresci. Cidade não muito grande No interior da Bahia Cidade de grandes encantos Cheia de amor, paz e harmonia. Jequié cidade linda A mais linda do Brasil Quem fala mal da cidade É porque nunca a viu. Jequié "Cidade Sol" Mais quente talvez não há Por ti sinto um amor tão quente Acho que vai me queimar. Jequié minha cidade Pedacinho da Bahia Quando eu morrer para cá eu venho Completar minha alegria. 9 Jequié minha cidade Cidade onde cresci Após morrer será escrito Que foi aqui que vivi. (20 de dezembro de 1982). 10 HOMENAGEM Brasil (Concurso Oca das Letras) A vinte e dois de abril De mil e quinhentos o ano O Brasil foi descoberto Esta terra que tanto amo. Foi Pedro Álvares Cabral Português quem descobriu A Ilha de Vera Cruz Que depois se chamou Brasil. A primeira parte avistada Foi o nosso Monte Pascoal Pela esquadra portuguesa De Pedro Álvares Cabral. Meu Brasil tu és mui grande Mas cabe no meu coração Quando eu morrer, por favor, Quero ficar neste chão. (01 de maio de 1983). 11 AMOR Amor (Publicada no livro “Antologia literária: O Amor na Literatura”) Quando olho o céu e vejo as estrelas Dá-me vontade de um dia voar Pegar uma delas e por no teu peito Para com ela teu coração se abrasar. Teu amor nasceria então Com o calor da estrela a queimar E eu correria e em teus braços Iria ligeiro me aconchegar. Mas como isto não posso fazer Não posso te obrigar a me amar Curto calado a minha paixão Esperando o amor eu teu peito chegar. Penso às vezes que és insensível Que nunca teve nem nunca terás Um sentimento tão bom e gostoso Que é o sentimento que serve pra amar. (12 de maio de 1983). 12 AMOR Amor à primeira vista Conheci-te no ginásio e logo gostei Quando te vi, logo te amei. Não me aproximei, com medo de ser recusado. Mas agora vou pertinho, sei que também sou amado. Neste mundo maldito, coisa boa não há. Só há uma menina, que amo e irei amar. Jesônia meu amor, vem logo aqui. Não fuja de mim, eu quero somente a ti. Meu amor e meu bem, razão de viver. Não morra e me deixe, amar-te até morrer. (27 de março de 1983). 13 AMOR Poesia para Maria Helena (15 de fevereiro de 1983). Maria Helena é tão linda, parece um jasmim. Espero algum dia, dizer ao padre: sim! Os olhos são lindos, encantou a mim. Quero enxergá-los, até o meu fim. Os lábios rosados me cativam sim. Quero beijá-los, num beijo sem fim. As mãos delicadas são bem feitinhas. Quero apertá-las, junto às minhas. Seus pezinhos lindos são tão delicados. São lindos e belos, com ou sem calçados. Seu rosto moreno, eu quero beijar. Seu corpo suado quero afagar. Maria Helena quero te namorar. Quero te noivar, depois me casar. Viver não aguento, nem mais um segundo. Quero ir embora, deste feio mundo. 14 Amo uma menina, que é Maria Helena. Vou embora e vou deixá-la, oh, que pena. Quando penso nela, meu peito vai doer. Não quero ir embora, não quero morrer. 15 HOMENAGEM - MÃE PROJETO 30 ANOS DE POESIA Minha Mãe Minha mãe criatura divina Corpo de mulher, coração de menina Mulher que ama, brinca e ensina Menina que ri, chora e ilumina. Ilumina o filho amado Não o deixa sofrer Tem sempre cuidado Não o deixa morrer. Sofre muito, se tortura Para ao filho proteger Se tem doença, ela cura Se não tem, não deixa ter. Dá a vida pelos filhos Entrega-se para morrer Se souber que este gesto Fará o filho viver. (fevereiro de 1983). 16 HOMENAGEM Papai Papai hoje é teu dia Em meu coração se irradia Muito amor e alegria. A ti ó meu papai Dôo o meu coração Tu mereces muito mais Muito mais que esta canção. Tu mereces muito amor Um amor maior que o mundo Tu vais morar e meu peito No coração, bem no fundo. Papai, tu és a razão do meu viver Sou teu filho querido Tu és meu amigo predileto Quero viver a ti unido. (30 de abril de 1983). 17 HOMENAGEM Papai (02 de maio de 1983). Papaizinho, meu queridinho Meu amor, meu coração Hoje é teu dia papai E festejo com muita emoção. Eu não tenho você aqui Para neste dia te abraçar Porque você está no céu E não pode vir mais pra cá. No dia oito de agosto Eu não posso ter você aqui Bem juntinho ao meu peito E eu abraçado a ti. Como eu, que não tem pai Tem milhares de crianças Que no dia do papai Só tem um na sua lembrança. Meu querido, meu papai Meu amor do coração Mesmo sem ter você aqui Te amo, meu grande amigão. 18 19 Minha vida Minha vida é tão feia, tão triste e ruim Eu não aguento mais viver assim Quero morrer, a morte foge de mim Clamo por ela, nunca chega o meu fim. Já tentei me matar, mas não morri Bebi veneno, e não sucumbi Quando estou doente, dou graças a Deus Para sair deste mundo, que não é meu. Tenho medo é da dor, que sei, sentirei Na hora da morte, mas cantarei No quero saber, o que vou sentir Na hora da morte, eu vou é sorrir. Não quero viver, viver eu não quero Quero ir morar, em um cemitério Debaixo da terra, eu quero ficar Sete palmos em cima, para me sufocar. (15 de fevereiro de 1983). 20 HOMENAGEM CEMS (30 de abril de 1983). O objetivo do colégio É o estudo levar A todos que com amor Ali quiser estudar O diretor deste centro Quer a todo estudante falar "estude meu caro jovem você só tem a ganhar". A nossa coordenadora Quer muito nos incentivar Para que não percamos a vontade De muito e muito estudar. Se tu queres estudar Para na vida vencer Venha ao colégio meu amigo E estude para valer. Se tu queres ir ao colégio A não ser para estudar Desista antes que chegue Porque lá não pode entrar. 21 22 Árvore À árvore que um dia foi semente E hoje me serve de leito, dedico este poema. Árvore, oh grande árvore Que tua sombra nos dá Não quero que te derrubem Só quero te ajudar. Um dia era uma semente Em árvore se transformou Cresceu e se encheu de galhos E mais sementes gerou. Você deu frutos e deu flores Deu sombra a muitos amores Em tuas folhas se viu cores Muito verde, lindas cores. Você que dá oxigênio Para todos respirar Dá também tua madeira E fruta para alimentar. Sofre muito e é cortada Para em cama se transformar Para agasalhar o homem 23 Que só quer te torturar. (30 de abril de 1983). 24 HOMENAGEM São João Oh quão alegre que fico Quando chega o São João Festa de milho e canjica E também do bom quentão. Muitas fogueiras nas ruas E também muito balão E o grito da moçada "Viva, viva São João". Tem quadrilha e tem festança Milho verde e licor Tem muita dança na rua E também tem muito amor. Tem pamonha, tira-gosto Bomba e muito foguetão E todo mundo gritando "Viva, viva São João". Tem forró, tem milho verde Brincadeira, animação Oh quão alegre que fico Quando chega o São João. 25 Quando acaba fico triste Ai que dor no coração Tenho que esperar um ano Pra ver de novo o São João. (02 de maio de 1983). 26 HOMENAGEM Índio Brasileiro (30 de abril de 1983). Ao nosso índio querido Vamos homenagear Dezenove de abril Sem dia vamos festejar. Primitivo dono da terra Dono deste grande país Mas que agora não tem nada Este grande infeliz. Seus costumes nós herdamos Sua cultura também O Brasil é só do índio Do índio e de mais ninguém. Devemos muito ao índio Este pobre injustiçado Que só em dezenove de abril Este coitado é lembrado. Devemos agradecê-lo Por não lutar contra nós Pois o Brasil lhe foi tomado E não lhe deram nem uma noz. 27 28 HOMENAGEM Ao Negro (02 de maio de 1983). Ao nosso irmão africano Que já foi escravizado um dia Até que ganhou por si sua própria alforria Aqui vai esta canção Completar sua alegria. 29 HOMENAGEM Soldado (02 de maio de 1983). Demos viva a este homem A este grande defensor Que luta pela sua pátria Com muita garra e amor. Demos viva a este homem Que luta pela nação Que dá a vida à sorte Pra defender seu irmão. Este homem é o soldado Que nasceu para lutar Pra defender sua pátria E em muitas guerras lutar. O objetivo deste homem É defender seu país É lutar pela ordem e paz De um imenso país. Por isso viva o soldado O tenente o general... Que nos defendem na guerra E que nos livram do mal. 30 31 HOMENAGEM Santos Dummont (02 de maio de 1983). Depois de várias experiências O "Pai da Aviação" Conseguiu com um aeroplano Elevar-se do chão. Brasileiro nascido em Minas Sempre sonhou em voar Como os pássaros que no céu Ele via a planar. Com balões aerostáticos Muito mais leves que o ar Conseguiu muitas ascensões Mas não parou de sonhar. Foi no seu "14 BIS" Que sessenta metros voou Para glória do Brasil Este êxito ele alcançou. De desgosto ele morreu Ao ver sua grande invenção Sendo usada em guerra Pra fazer destruição. 32 33 HOMENAGEM Tiradentes (02 de maio de 1983). Foi em 1746 Na Fazenda do Pombal Que nasceu Joaquim José Nosso mártir sem igual. Lutou pela independência Este grande mineiro Lutou sem cobrar de ninguém Um centavo em dinheiro. Na bandeira inconfidente Triângulo vermelho sobre fundo branco "Libertas Quae Sera Tamem" (Liberdade ainda que tardia) foi como uma profecia 30 anos logo após a morte de nosso herói Nos separamos da monarquia. Em 1792 ele morreu Oh nosso herói Tiradentes Mas continuas no coração Deste povo, desta gente. 34 HOMENAGEM Jequié (Acaipirada) Eu moro em Jequié A cidade da quentura Nunca vi eu outro canto Este calor de fervura Só aqui em Jequié Acha-se calor de fartura. O sol aqui é tão quente Que dá até empolação Só mora nesta cidade Quem tem um bom coração Prefere morrer queimado Que separar-se do torrão. A quentura na cidade Sempre foi exagerada Quando chega a 30 graus Alegra-se a rapaziada Pra se queimar pelas praias Dessa cidade assolada. Trinta graus se acham bom Tá normal e tem frescura Ventos sopram pelas ruas Amaina mais a quentura 35 Que dá até para cozinhar No asfalto a verdura. Com essa falta de chuva Não sei se vamos aguentar Esse sol que não tem pena Da nossa pela queimar Esse sol que assa tudo Como nós vamos aguentar? Se ao menos tivesse água Mesmo morna meu irmão Nós ainda aguentávamos Mesmo contra o coração Esse sol que quer queimar Essa gente sem proteção. Só Deus para proteger Todo mundo do calor Só mesmo o nosso Pai Com o Seu divino amor Pode acalmar esse sol Esse sol de muito ardor. Se não tivermos fé em Deus Se não fizermos oração Para que Deus nos proteja Com Sua poderosa mão 36 Vamos é morrer queimados E não teremos salvação. Vamos todos pedir a Deus Para que o calor diminua Para que chova mais um pouco Nesta ou na outra lua Senão estamos perdidos Estamos no meio da rua. Vamos rogar ao Senhor Agora mesmo irmão Logo, logo cai a chuva Depois da seca no sertão E as novas plantações Com água e adubação Quando se plantar, darão. (24 de fevereiro de 1984). 37 ERÓTICO Mulher (Publicada no livro “Antologia literária: O Amor na Literatura”) Quando você anda e mexe com as nádegas Meu coração começa a bater Algo em mim cresce e levanta É o meu coração que quer aparecer. Teu corpo bem feito visto por mim Faz-me saltitar e até enlouquecer Eu fico atrapalhado e também Não sei, não sei, não sei o que fazer. As tuas curvas que são mui suaves Enchem meus olhos, eu as quero ver Até tuas curvas oh! Linda mulher Fez meu coração disparar e crescer. Não sei o que faço e o que faria Se neste mundo mulher acabasse Acho que morto eu já estaria Antes que o fim deste mundo chegasse. (12 de maio de 1983). 38 REFLEXÃO Ontem, Hoje, Amanhã “Ontem” foi o dia que passou, que já foi “amanhã” e também já foi “hoje”. “Hoje” já foi “amanhã” e, “amanha”, será “ontem”. “Ontem” foi “hoje”, ontem. E “amanha” será anteontem. “Hoje” foi “amanhã” ontem e será “ontem”, amanhã. “Amanhã” é “amanhã”, hoje. E será “ontem”, depois de amanhã. (ano de 1984). 39 REFLEXÃO Jardim dos “Descasados” Casei-me aos vinte anos Com a mulher que sempre amei Esperava ficar uns dez anos Mas no quinto me separei Fui passear com uma amiga No jardim dos namorados E não namorei ninguém E fiquei foi descasado. Ela pediu o desquite Mas eu não queria dar Ela foi lá à justiça Para o doutor nos separar. Foi por causa de um passeio Com uma amiga no jardim Que agora estou desquitado E num soluço sem fim. (ano de 1982). 40 REFLEXÃO Morada perto de um rio Eu morava perto de um rio Numa pequena casa De palha e de pau-a-pique Que pertencia ao meu tio. Um dia choveu forte E o rio começou a jogar Água dentro de casa E eu comecei a gritar. Gritei por socorro Mas de nada valeu Porque ninguém me ouvia Só quem ouvia era eu. Logo chegou o meu tio Com a roupa toda molhada Roupa ou pedaços Porque estava rasgada. Entramos na casa Para pegar a bagana E saímos sem rumo E nunca mais voltamos Para aquela cabana. (ano de 1982). 41 IRÔNICA Amor de louco Numa linda manhã de sol Quando a lua despontava seus raios Sobre a terra abrasada e triste Eu cheguei para você e disse: te amo! Mas não obtive resposta de tua boca Tua boca que tem sabor de... mel. Que adoça, me roça, me coça e que Amarga em meu peito igual fel. Espero muito que tua boca diga Pelo menos uma sílaba só Por favor, de mim tenha dó E diz que me ama, meu amor. Amar é tão fácil e feliz E quem ama uma loucura e que É louco pela louca do amor Que nos faz enlouquecer e esquecer. Pra amar a loucura e doidice Só teremos que ser loucos também Pois os loucos se amam à louca Mas não amam nem querem ninguém. 42 Se você está lendo este amor E ainda não desistiu Ou é louco varrido ou então Está louco pelo amor que não viu. A loucura atinge a mim A você e a ele também Se não fosse assim eu diria Quero amar o amor de meu bem. Pra ser louco só basta uma coisa É amar a quem não nos quer Ou querer a quem não nos ama É não crer no amor, não ter fé. (12 de março de 1984). 43 IRÔNICA O Pingueiro O homem que bebe muito Não tem vergonha na cara Ou é doido ou sem moral Quando bebe e nunca pára. Chega ao bar e pede "uma" Bebe sem fazer careta Não tem grana para pagar E apanha na cara igual besta. Chega à venda, "enche a cara" Fica bêbado até cair Gasta o dinheiro que tem Fica duro até falir. Enche a cara de cachaça Fica fraco e cai no chão Não levanta nunca mais A não ser para o caixão. O homem que se embriaga Duas coisas podem ser Não tem vergonha na cara Ou está querendo morrer. 44 Na vida de uma pessoa Duas desgraças podem existir Não ter dinheiro no bolso Ou beber até cair. Quando começa a inchar Já está perto de morrer E para a cova do defunto Já está perto de descer. A cachaça leva gente Ao cemitério irmão meu Cuidado, não se exceda. Pois quem assim fez, morreu. Não beba nunca a cachaça Porque ela não presta não Só quem bebe é vagabundo Sem-vergonha ou ladrão. (29 de dezembro de 1983). 45 AMOR Minha flor Minha amiga e colega Irmã, mãe e amor Você é mais linda que uma rosa Mais linda que a mais linda flor. Só em olhar para você Sinto um grande calor Invadindo o meu corpo Acho que é o amor. Penso em você noites e dias Eu jamais te esquecerei Acho até minha querida Que será a única que amei. Amei e ainda amo Minha querida, meu amor Quero você e desejo muito Ter você, pra sempre, minha flor. (16 de janeiro de 1984). 46 HOMENAGEM Minha escolha (06 de dezembro de 1983) Antes muita indecisão Acerca do meu futuro Passava por minha cabeça No claro ou no escuro. Eu dizia serei médico Já escolhi minha profissão Mas logo depois meu amigo Dominava-me a indecisão. Ficava indeciso em tudo Mas tinha preocupação Sempre, sempre em escolher Uma boa profissão. Eu queria ser advogado Para as causas defender Mas ficava indeciso E não mais queria ser. Muitas vezes eu pensei Sobre uma profissão Mas na hora da escolha Me assaltava a indecisão. 47 Mas agora eu já escolhi Minha futura profissão Jornalista ou escritor Acabou-se a indecisão. Só agora descobri Que gosto muito de ler Fazer poesia e declamar E também de escrever. Gosto muito de estudar Lidar com livros e jornais Quero sempre estar com eles E quero sempre ler mais. Eu gosto de criticar Dar opiniões em jornais Pois as críticas construtivas Elevam-nos muito mais. Aqui findo esta poesia Disse o que queria dizer Agradeço a atenção Muito obrigado por ler. 48 HOMENAGEM O pai O pai é a figura forte e marcante da família. É ele quem defende, alimenta, ama, ajuda, ampara, protege e segura a família que constituiu. É ele que quando chega cansado do trabalho, exausto, deprimido, acabado, preocupado, ainda tem ânimo e amor para dedicar e carinho para dar à família que o aguarda ansiosa. É ele quem faz falta quando se ausenta do seio familiar, por motivo de trabalho ou outro motivo qualquer. É ele o chefe, o guia, o cabeça, o maior, o Rei da família. Por isto, aqui escrevo umas pequenas estrofes em homenagem a este Herói do Lar. 49 HOMENAGEM Pai Somente você que chamo quando estou na angústia Por favor, me ajude. Preciso de você. Pai, fique ao meu lado, venha Eu te amo, ame a mim também. Eu sei que você já não tem pai Eu sei que teu pai há muito viajou Eu sei que você sofre por isto Ma sei também que você é alegre Sim, alegre por ter um filho para dedicar Para dedicar a você o amor Que talvez você não tenha recebido Do teu próprio pai. Sei também que você louva a Deus por ser Amado por um filho Pois você sabe o que é amor, Pois você também ama. (30 de abril de 1983). 50 DIA A DIA Meu emprego como balconista Dia dezenove de dezembro Eu comecei a trabalhar Em um barzinho de esquina Para o dinheiro ganhar. Eu estava sem emprego Mas consegui me empregar Eu vendia confecções Mas deixei isto pra lá. Ganho seis mil por semana E vinte e quatro por mês E com quarenta e quatro dias Eu já terei trinta e seis. Eu trabalho de balconista No acima citado bar Despacho um, despacho outro Não sai ninguém sem comprar. Lavo copo e prato sujo Varro a sujeira do chão Fervo leite, coo café Passo manteiga no pão. 51 Sirvo pinga, cafezinho Tira-gosto e requeijão Bolo, bala e ovo cozido Arroz a quilo e feijão. Vendo sandália, ovo, açúcar Queijo, água sanitária, sabão Cachaça em litro ou garrafa Cinto, esponja e garrafão. Pilha, veneno, óleo de soja, Cominho, corante e sal Leite em pó, comprimidos Vela de cera e nescau. Vendo caneta, linha, lâmpada, Jurubeba e sonrisal, Anador, bolacha, pão, Maisena, chupeta, melhoral. Não vou mais falar o que vendo Porque senão meu irmão Eu vou escrever demais E vou cansar minha mão. Agora vou te falar A raiva que eu passo aqui Quando chega vagabundos 52 E não mais querem sair. Pede "uma" e pede "outra" Enchem a cara até cair Abusa e enche o saco Antes mesmo de sair. Quando pagam, ainda aguento Mas quando não, meu irmão Dá vontade de bater neles E jogá-los pelo chão. Quando bebem e logo saem Posso até agradecer Mas quando ficham enchendo Dá vontade de morrer. Fiado, não vendo nunca Só com ordem do patrão Que por sinal, meu amigo É meu legítimo irmão. (30 de dezembro de 1983). 53 DIA A DIA Meus colegas Meus colegas deste ano Não estão com nada não Fazem bagunça e barulho Que louca chateação Que abuso e que zoada Que classe sem educação. Quando começa uma aula Eles querem conversar Deixam tudo que é caso Para na sala contar Pra deixar a professora Sem jeito de ensinar. Não estudam e fazem bagunça Mesmo assim querem passar Só pensam em ganhar pontos E também em bagunçar Mas quando é hora da prova Pescam até se cansar. Alguns ainda estudam Mas gostam de bagunçar E quando começa a aula Querem mesmo é conversar 54 Não querem nada com aula Não querem mesmo estudar. Alguns que ficam em silêncio Na hora de bagunçar Logo vão se acostumando E também vão perturbar As aulas que outros querem Ou mesmo eu quero escutar. Tem uma turma de abusados Que não querem estudar Só querem fazer bagunça Querem mesmo é bagunçar E mesmo assim ainda querem No fim do ano passar. (20 de março de 1984). 55 IRÔNICA Amando Amando fica o dia todo Na sua barraquinha azul Coitado, não vende nada Nem para comprar o angu Se continuar assim, Amando Não sei que será de tu. Fica a filha de Amando Pra vender pinga e pastel Até meio dia fica a filha À tarde, Amando Pinel Pra vender não sei o que Ninguém compra, nem com mel. Liga o rádio e ouve música Conversa e joga no "bicho" Mas nunca ganhou uma nada Joga a pule dentro do lixo Bate papo com amigos E fica dentro do nicho. Mas o azar deixou Amando O seu Amando Novais Que vende mais do que todos Igual a ele não tem mais 56 Depois que largou a família Pra morar com Satanás. Agora ele é tão rico Não sabe o que vai fazer Pra guardar tanto dinheiro No banco não vai caber Vai jogar metade fora Para tudo não perder. Vai agora todo dia Para a toca de Satã Vai hoje fica uma semana Ou volta pela manhã Ninguém sabe o que ele faz Acho que ficou tantã. Um dia Amando morreu E o corpo dele sumiu Ninguém sabe pra onde foi Ninguém sabe, ninguém viu Acho que Satã levou Para assar no seu covil. Você está lascado Amando Você vai morrer assado Pra pagar o que comeu Pra deixar de ser amado 57 Pelo povo que te viu Antigamente lascado. (05 de março de 1984). 58 ENGRAÇADA - LOUCA Poesia sem pé nem cabeça - I Eu tenho um gato Que parece um rato Que pegou o pago Que ficou no mato Que morde o fato Do meu carrapato Que não tem relato De como este fato Se deu lá no mato Que é insensato Com o aparato De algo de fato Sem força no ato Que matou meu gato No avião a jato Seu felino tato Feriu meu regato Tirou meu sapato Fiquei no retrato Que nunca me mato Até que sou grato Pelo seu maltrato Como alguém libera Nesta nossa era Como alguém que ama 59 Esta minha cama E que não me engana Mas que me esgana E mata minha mana Que foi uma tirana Que agora é Vistosa mulher Que ninguém me quer Nem mesmo a granel Alguém não tem fé No bicho de pé No velho mané No irmão José Que diz que até Não diz o que é Pois quando disser Tudo vai de ré Não chega na Sé Só se você quiser Casar com Zezé Que tinha em Nazaré Morrendo sem mé. (ano de 1984). 60 SOCIAL Nesta casa Nesta casa meu amigo Não repare em nada não Pois aqui só tem pobreza Fome, peste e maldição Só tem uma coisa boa Deus no nosso coração. Sempre e quando nós não temos Comida pra alimentar Vamos é dormir com fome E assim vamos deitar Pra sonhar com a comida Para acabar de matar Esta fome que não deixa Quase ninguém levantar. Estamos procurando emprego Para a todos empregar Mesmo a troco de comida Para mais nada ganhar Pelo menos a fome acaba E deixa a gente levantar. Nossa comida é escassa Para tantas pessoas comerem 61 E não sei o que faremos Nem o que vamos fazer Para alimentar tanta gente Que está perto de perecer. Queremos emprego e comida Nós queremos é trabalhar Não podemos ficar assim Queremos é faturar Pra comprar o que queremos Pra não pedir sem achar. Se você tem um emprego E quer a alguém empregar Vamos muito agradecer Por tudo que vão nos dar Ajudando a uma família Que não tem como pagar. (21 de março de 1984). 62 ENGRAÇADA Poesia do ABC A é para arara B para benzer C para cocada D para dendê E para elefante F para fazer G para gangorra H para escrever, a palavra masculina homem, hora e haver I é para índio J para jogar K para Kubistcheck La para lazer M para madeira N para nenê O para ossada P para porque Q para queijo R para roer S para sapo T para trazer U para uva V para você W para Wilson X para escrever, a palavra que é xadrez, que é cadeia para prender, vagabundo descarado, que não tem o que fazer. 63 Y para yen Z para zabelê. (ano de 1984). 64 ENGRAÇADA Poesia sem pé nem cabeça - II Eu acho que vou fazer Ou preparar para comer Um quitute com dendê E dançar no retetê Do João Caxinguelê Mandingueiro Canjerê Tio do Saci Pererê Irmão do senhor Zé Telê Onde eu danço sem saber Sem ter água para beber De sede não vou morrer Algo há de aparecer Para se fazer lazer Mas só depois que correr E antes de se bater No tambor do fuzuê Onde tudo vai nascer E antes de se crescer Vem algo para reter Acho que não sei o que Coisa lá do ABC Fruta do amanhecer Trem que eu não posso ver Só depois de se ver, crê Agora não sei dizer 65 Nem mesmo ainda sei ler Quanto mais para escrever Tudo vai aparecer E se vai esclarecer Mas só depois de viver Para depois eu reler Para lutar karatê No canto do Zabelê Na causa do sariguê Quando você derreter E o amor se desfazer Quando a calça eu coser E tu vier me trazer Para depois remeter Antes de eu devolver Tudo que tem pra tecer Tudo que há pra roer Hoje quando anoitecer E a noite aqui descer Sobre tudo que morder Eu vou morrer por você. (ano de 1984). 66 AMOR Amor (Publicada no livro “Antologia literária: O Amor na Literatura”) Mesmo que a lua suma E o sol se derreter Eu só morro neste mundo Se você não me quiser. Mesmo que acabe tudo E só fique o amor Mesmo assim eu ficarei Pra te amar com muito ardor. Mesmo que a água se acabe E os rios deste mundão Ficarei vivo assim mesmo Pra te dar meu coração. Mesmo que a lua escureça Nesta terra meu amor Ainda assim ficarei vivo Pra te dar o meu calor. Mesmo que o sol se esquente Para a tudo queimar Mesmo assim eu viverei 67 Somente para te amar. Mesmo que tudo se acabe Não me acabarei não Porque quero viver sempre Dentro do teu coração. Mesmo que a hora pare No relógio universal Te amarei de verdade Eu te livrarei do mal. E se tu não me quiser Mesmo assim te amarei Perco a lembrança de tudo Mas jamais te esquecerei. Mesmo que a lua suma E o sol se derreter Eu só morro neste mundo Se você não me querer. (ano de 1984). 68 HOMENAGEM Regiões brasileiras As regiões do Brasil São norte e nordeste E tem também meus amigos Sul, sudeste e centro-oeste. A região norte é a maior Mas somente em extensão Em águas, rios e matas Mas não em população. O grande rio Amazonas No Estado de mesmo nome Quem mora perto do mesmo Nunca e jamais sente fome. Suas matas e florestas Com seu verde colossal Está sendo devastada Por este homem do mal. Compõem essa região Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e os Estados De Tocantins, Roraima e Amapá. 69 O nordeste sofredor É a mais pobre região A mais seca, a mais quente É a terra do sertão. Nove Estados que formam Esta pobre região Sergipe, Bahia, Alagoas Pernambuco, Ceará, Maranhão Piauí, Rio Grande do Norte E o Estado da Paraíba Território de Fernando de Noronha Formam esta terra sofrida. Nosso rio é o São Francisco Que nos dá muita energia Nossa baía é a de Todos os Santos No Estado da Bahia. Nossa população se concentra Nas cidades litorâneas Onde há praias bonitas Como as belas praias baianas. O sul menor região Formada somente por três Estados Rio Grande do Sul, Paraná 70 E Santa Catarina são os Estados. Ao contrário do Nordeste Onde o calor é de matar A região sul é tão fria Aonde chega até a nevar. Sua economia é o vinho Que da uva é fabricado Mas a maior parte dele Para fora é enviado. A população que ali habita É de imigrantes italianos E também de outros países Frios, quentes e medianos. O sudeste é o mais rico Em ouro e população Desenvolvimento e progresso E também em população. Rios quase que não existem De tanta poluição Verde há muito não se vê De tanta devastação. Minas Gerais e São Paulo 71 Fazem parte da região E também o Rio de Janeiro E Espírito Santo, amigão. O centro-oeste é a região Mais rica em águas e rios Muitos bichos no Pantanal E também tem um bom frio. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul Goiânia, terra natal Da nossa grande Brasília Do Brasil a capital. (06 de maio de 1983). 72 REFLEXÃO Triste hoje, feliz amanhã Descasei-me a vinte anos Mas não foi por eu querer Minha mulher insistiu E agora estou eu num mundo vazio Ela agora está com outro Mas sozinho eu não estou Com ela não tive filhos Mas agora sou vovô. Depois que ela quebrou a cara Veio correndo me procurar Mas agora estou casado E não quero me separar Agora eu não desfaço Do meu casamento feliz Naquele tempo foi ela Agora fui eu que não quis. (ano de 1982). 73