sexta-feira, 17 de julho de 2009



Tome-se
Um poeta não cansado,
Uma nuvem de sonho e uma flor ,
Três gotas de tristeza , um tom dourado,
Uma veia sangrando , de pavor.

Quando a massa já ferve e se retorce ... Deita-se a luz dum corpo de mulher.
De uma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta ... assim requer !

José Saramago

'Foi um processo longo e difícil,
como sempre o são as aproximações
entre duas pessoas habituadas a estarem sozinhas.
Primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça,
a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos.
Mas depois é a cabeça que trava o coração,
as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes,
um sufoco inexplicável que parece instalar-se
onde dantes estava a intimidade.
É preciso saber passar tudo isso
e conseguir chegar mais além, onde a cumplicidade
- de tudo, o mais díficil de atingir -
os torna verdadeiramente amantes'


[Miguel Sousa Tavares]


A oração põe música

no meu silêncio.


Rubem Alves

Boa noite!



Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.


Manuel António Pina

Sobre Luares...



Que é feito do luar de outrora
A que eu sonhava?
O mesmo luar cai agora
No mesmo lugar onde eu 'stava .
Mas era outro quem o luar encontrava.

(Fernando Pessoa)