Entre Fadas e Borboletas circulamos. Neste movimento transitório, inalterável, percorremos. Entre mistérios e paraísos lilases equilibramos. Entre matizes rosas e azuis voamos. E nos canteiros perfumados cultivamos. As flores mais lindas colhemos. Rosas vermelhas ou brancas exalamos. E nas manhãs de verão, nos amamos. (Paty Padilha)
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Chorona
Ás vezes choro de alegria
Outras, choro de ansiedade,
Choro porque também queria
Contigo matar esta saudade.
Dizem que choro sem razão
Por simples prazer de chorar!
Choro porque tenho o coração
Triste e só, querendo amar.
Choro porque não te vejo
Não te sinto, não te toco,
Com a falta do teu beijo
Meu amor quase sufoco.
As lágrimas trazem um desejo
E vão molhando o meu bloco.
(Biazocas)
Outras, choro de ansiedade,
Choro porque também queria
Contigo matar esta saudade.
Dizem que choro sem razão
Por simples prazer de chorar!
Choro porque tenho o coração
Triste e só, querendo amar.
Choro porque não te vejo
Não te sinto, não te toco,
Com a falta do teu beijo
Meu amor quase sufoco.
As lágrimas trazem um desejo
E vão molhando o meu bloco.
(Biazocas)
Faxina
Hoje eu quero limpar a minha casa,
Lavar os vidros, todas as janelas,
Olhar o sol, depois olhar estrelas
Quando descer da noite a escura asa.
Hoje eu quero ver meu quarto iluminado
Por cintilantes cores do arco íris
E não notar a hora em que partires,
Deixando o leito limpo e alvejado.
Hoje ao deitar sozinha espreguiçando,
Largando soltos estes meus cansaços,
No adormecer encontrarei sonhando
O meu resgate por meus próprios laços,
E acordarei, por certo, não chorando,
Leve e abraçada por meus próprios braços.
(Silvia Schmidt)
Que coisas são essas que me dizes sem dizer, escondidas atrás do que, realmente, queres dizer. Tenho me confundido na tentativa de te decifrar, todos os dias. Mas confuso, perdido, sozinho, minha única certeza é que, cada vez, aumenta ainda mais minha necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente. Eu já não sei o que faço. Não sinto nenhuma outra alegria além de ti. Torna-se desesperada, urgente. Eu já não sei o que faço. Não sinto nenhuma outra alegria além de ti. Como pude cair, assim, nesse fundo poço? Quando foi que me desequilibrei? Não quero me afogar: Quero beber tua água. Não te negues, minha sede é clara."
(Caio Fernando Abreu)
A Alma da Mulher
Há um brilho de faca onde o amor vier
E ninguém tem o mapa da alma da mulher
Ninguém sai com o coração sem sangrar
Ao tentar revê-la um ser maravilhoso
Entre a serpente e a estrela um grande amor do passado
Se transforma em aversão e os dois lado a lado
Corroem o coração não existe saudade
Mais cortante que a de um grande amor ausente
Dura feito diamante corta a ilusão da gente
Toco a vida pra frente fingindo não sofrer
Mas o peito dormente espera um bem querer
E sei que não será surpresa se o futuro me trouxer
O passado de volta num semblante de mulher
O passado de volta num semblante de mulher...
(Zé Ramalho)
Instruções para se apaixonar
Encha o peito com mais de trezentos suspiros,
quando estiver bem levinho,
solte as amarras
e flutue.
Segredos
Meu vestido é cheio de segredos.
A cada botão que você abre,
sinto uma rosa desabrochar.
Sobre os poetas
O mágico nunca conta os seus segredos.
O poeta nunca explica uma entrelinha.
(Rita Apoena)
Versos Alados
"Há dor na vida, assim como prazer, mas podemos aceitar a dor desde que não estejamos presos a ela. Podemos aceitar a perda, se soubermos que não estamos condenados a um luto contínuo. Podemos aceitar a noite porque sabemos que o dia nascerá, e podemos aceitar a tristeza quando sabemos que alegria brotará novamente".(Alexander Lowen)
“Seja como o bambu:
é resistente por fora,
macio por dentro.
Suas raízes prendem-se
com firmeza ao solo e se
misturam livremente umas
com as outras para adquirir
força e apoio mútuo. O caule
balança ao sabor do vento e
se curva sem oferecer resistência.
O que é flexível e se curva é bem
mais difícil de se quebrar.“
(pensamento budista)
O refúgio, meu lar virtual
"...a casa abriga o devaneio, a casa abriga o sonhador, a casa nos permite sonhar em paz..." (Gaston Bachelard).
Segundo o dicionário Aurélio: asilo, abrigo, apoio, amparo...
O refúgio: meu lugar seguro, meu canto, meu sótão.
O refúgio: meu ninho, minha casa, minha concha.
O refúgio: meu lugar do sonho, do pensamento.
O refúgio: meu lugar da alegria, da poesia, da melancolia.
O refúgio: meu lugar das paixões, minhas aventuras.
O refúgio: minha "imensidão íntima", dimensão salvadora.
(Sandra Camurça)
Eu aqui...
Dançamos sob o mesmo som,
eu aqui e ele lá.
solidão e glória,
como se fosse minha
a história de algum poeta maldito
e só depois do esquecimento,
finalmente
ele me enlaçaria em pleno bailar
eu, branca e bela.
ele, arrebatador.
Do meu naufrágio na dor,
restaria apenas
uma leve frialdade
porém, breve
apagada com seus beijos
e a tenaz carícia
queimando-me em doce fadiga
nesta noite de primavera.
(Saramar)
...Aquele que possui uma alma evoluída mostra a fragrância de sua alma na atmosfera que o rodeia, na expressão de sua fisionomia, na doçura da sua personalidade... Como a flor, espalha perfume à sua volta, e como a fruta, madura, adquire outra cor e torna-se doce...
(Inayat Khan)
Assim é você minha querida amiga Benadette.
Dia de nascer
Um poeta disse que se morre todo dia.
Eu, entretanto, diria,
que há nascimentos tantos,
em inesperado dia,
ainda que idêntico aos outros,
mas feito azul por um gesto
quando um vento suave faz do sorriso,
um beijo
e das palavras, arquejo.
quando a paixão, há tanto guardada,
quebra o espelho, desfaz a guarda,
irrompe feito mar
e seus arroubos de se altear
ora pégaso, ora plácido
e esse desejo de se deitar
em ondas, em ondas...
É dia de nascer
e amar.
(Saramar)
Alma de Mulher
Minh'alma chora ou ri, com sentimento,
Repleta de quimeras e ansiedades,
E sonha ser maior que o Pensamento,
Gritando ao Mundo, insólitas verdades!
Meu corpo se estremece, em forte alento,
É sôfrego no culto das vontades,
Eu sou mulher que vive em encantamento,
Isenta de pretensas veleidades.
Alguns conselhos dados, sem carinho,
Intentam de eu seguir outro caminho,
Mas eu, decido estar onde eu quiser...
Sou firme, de altivez determinada,
E sigo resoluta, pela Estrada,
Traçada por minh'alma de Mulher!
(Anna D'Castro)
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
(Sophia de Mello Breyner)
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