Análise Crítica Do Artigo

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In-Cheol Jeon

Prof. Eder Lima


ativação e tempo de início do glúteo máximo 1

Análise Crítica do Artigo


ATIVAÇÃO E TEMPO DE INÍCIO DO MÚSCULO GLÚTEO MÁXIMO DURANTE TRÊS
DIFERENTES EXERCÍCIOS DE EXTENSÃO DE QUADRIL EM DECÚBITO VENTRAL
SOBRE A MESA
Prof. Eder Lima

Artigo “Activation and Onset Time of the Gluteus Maximus Muscle during Three Different
Prone Table Hip Extension Exercises (2020), de autoria de In-Cheol Jeon, publicado no
Journal of Korean Physical Therapy.

QUALIDADE DO ARTIGO
1. Metodologia: A metodologia é bem descrita, utilizando 20 indivíduos saudáveis, com
critérios de inclusão e exclusão claros. A utilização de eletromiografia (EMG) para medir a
atividade muscular e o tempo de início da ativação muscular fornece dados objetivos e
confiáveis. Além disso, o estudo compara três variações de extensão de quadril, o que
fortalece a validade externa dos resultados. Entretanto, o estudo limita-se a uma amostra
de homens, o que reduz a generalização dos resultados para mulheres. Um ponto, bastante
interessante foi o fato de usarem como critério de exclusão os indivíduos com encurtamento
do músculo Iliopsoas, pois em estudos anteriores, a realização do PHE resultou em
compensações lombopélvicas, as quais foram reduzidas após o alongamento do Iliopsoas
e a realização da manobra de sucção abdominal. Portanto, garantir um comprimento
adequado do Iliopsoas é essencial para minimizar compensações lombopélvicas durante a
extensão do quadril.

2. Resultados Estatísticos: A análise estatística foi feita de forma adequada, utilizando


medidas repetidas e testes post hoc de Bonferroni. As diferenças significativas encontradas
entre as condições testadas (PTHEA, PTHEAF e PTHEAFA) reforçam a robustez dos
achados.

3. Limitações: O estudo reconhece suas limitações, como a falta de medição dos


movimentos do fêmur e a ausência de dados sobre a ativação dos músculos abdominais
durante as manobras. Essas limitações podem influenciar a precisão da interpretação dos
resultados.

Classificação: B
O artigo tem uma boa fundamentação teórica e metodológica, mas apresenta limitações
que poderiam ser abordadas para aumentar sua aplicabilidade clínica.

RESUMO
O estudo comparou a ativação do Glúteo Máximo (GM) e do isquiotibial (HAM) durante três
variações de exercícios de extensão do quadril em decúbito ventral:
- PTHEA: Extensão do quadril com manobra de tração abdominal.
- PTHEAF: Extensão com flexão do joelho.
- PTHEAFA: Extensão com flexão do joelho e abdução de 30°.

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Os resultados mostraram que o exercício PTHEAFA aumentou significativamente a ativação


do GM e reduziu a ativação do HAM em comparação com as outras duas variações. O
tempo de ativação do GM também foi reduzido, enquanto o tempo de ativação do HAM foi
retardado, sugerindo menor dominância do isquiotibial. Esses achados indicam que a
variação PTHEAFA é mais eficaz para ativar seletivamente o GM, sem compensações
excessivas do HAM.
Nota do Tradutor:
1) Os exercícios foram realizados com um dos joelhos apoiados sobre um banco enquanto o
tronco e abdômen sobre o bordo inferior de uma maca de avaliação (mesa – vide fotos no
artigo original).
2) A manobra de sucção abdominal (abdominal drawing-in maneuver) foi utilizada nas 3
variações, a fim de minimizar as compensações lombopélvicas e garantir a estabilização do
tronco durante a execução dos exercícios e assim manter a consistência entre os testes.

RELEVÂNCIA CLÍNICA
A variação PTHEAFA pode ser recomendada em programas de reabilitação para pacientes
com dor lombar ou lesões no quadril, visando a ativação eficiente do Glúteo Máximo com
menor ativação dos Isquiosurais, o que é importante para evitar compensações musculares
inadequadas.

AVALIAÇÃO DAS CONCLUSÕES


As conclusões do estudo estão de acordo com os dados apresentados. A recomendação
de utilizar o exercício PTHEAFA para melhorar a ativação do Glúteo Máximo sem a
dominância dos Isquiosurais é suportada pelas evidências encontradas. No entanto, as
limitações relacionadas à generalização dos resultados para mulheres e à falta de dados
sobre a ativação muscular abdominal merecem consideração ao aplicar esses achados em
um contexto clínico mais amplo.

TRADUÇÃO COMPLETA
ATIVAÇÃO E TEMPO DE INÍCIO DO MÚSCULO GLÚTEO MÁXIMO DURANTE TRÊS DIFERENTES
EXERCÍCIOS DE EXTENSÃO DE QUADRIL EM DECÚBITO VENTRAL SOBRE A MESA

RESUMO
Objetivo: O objetivo deste estudo foi comparar a atividade eletromiográfica e o tempo de
início da ativação do músculo Glúteo Máximo (GM) e dos Isquiosurais (HAM), assim como
a cinemática lombopélvica, durante três diferentes exercícios de extensão do quadril em
decúbito ventral sobre a mesa, em indivíduos saudáveis.
Métodos: Participaram 20 indivíduos. Um dispositivo de eletromiografia foi utilizado para
medir a atividade muscular e o tempo de início da contração dos músculos GM e HAM. Um
dispositivo de rastreamento por movimento eletromagnético foi utilizado para medir as
compensações lombopélvicas. Os participantes foram solicitados a realizar três diferentes
exercícios de extensão do quadril em decúbito ventral: extensão do quadril com a manobra
de sucção abdominal sobre uma cadeira (PTHEA), PTHEA com flexão ipsilateral do joelho
(PTHEAF), e PTHEAF com abdução do quadril a 30° (PTHEAFA). A análise de variância
com medidas repetidas e o teste post hoc de Bonferroni foram utilizados.
Resultados: A atividade eletromiográfica e o tempo de início da contração foram
significativamente diferentes entre as três condições (PTHEA vs. PTHEAF vs. PTHEAFA) (p
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< 0,01). A atividade muscular do GM e o tempo de início da contração foram


significativamente maiores e mais rápidos durante o PTHEAFA em comparação ao PTHEA
e PTHEAF (p < 0,01). No entanto, a atividade muscular do HAM e o tempo de início da
contração foram significativamente menores e mais lentos durante o PTHEAFA em
comparação ao PTHEA e PTHEAF (p < 0,01).
Conclusão: O exercício PTHEAFA pode ser recomendado para facilitar a ativação muscular
e melhorar o tempo de contração eficiente do GM sem a dominância dos Isquiosurais
(HAM).

INTRODUÇÃO
O músculo Glúteo Máximo (GM) é o maior músculo ao redor da articulação do
quadril e está localizado superficialmente (1). O grupo de músculos do glúteo é composto
por três músculos: o Glúteo Máximo, o glúteo médio e o glúteo mínimo (1). O Glúteo Máximo
é um músculo largo, grosso e de formato quadrado, e as fibras musculares desse músculo
estão orientadas diagonalmente para baixo e para fora (2). Além disso, esse músculo atua
principalmente como um potente extensor e rotador lateral da articulação do quadril (3). As
fibras musculares do Glúteo Máximo se estendem do sacro até o trocânter maior do fêmur,
formando um ângulo de aproximadamente 30 graus para baixo e para fora. Além disso,
essas fibras atravessam verticalmente a articulação sacroilíaca, aumentando sua
estabilidade quando contraídas (4,5). Esses fatores contribuem para o mecanismo de
transmissão de força entre os membros inferiores e a pelve durante atividades funcionais,
como caminhar ou correr (6).

A contração inadequada do Glúteo Máximo em termos de tempo pode ser uma das causas
da dor lombar (4,5). Estudos sugerem que, em pacientes com dor lombar, o tempo de
ativação dos músculos Isquiosurais (HAM) ocorre antes do tempo de ativação do Glúteo
Máximo (7,8). Além disso, o enfraquecimento do Glúteo Máximo pode resultar em
compensações de músculos sinérgicos, como os Isquiosurais (4,5). Portanto, fortalecer
seletivamente e de forma eficiente o Glúteo Máximo é clinicamente essencial para a
reabilitação de dores lombares e lesões nos membros inferiores. Diversos estudos
anteriores investigaram maneiras de reduzir o tempo de ativação retardada do Glúteo
Máximo (9,10). Alguns estudos demonstraram que, durante exercícios de extensão do
quadril em decúbito ventral, o uso de biofeedback de pressão e a realização da manobra
de tração abdominal podem reduzir o atraso na ativação do Glúteo Máximo em comparação
com os Isquiosurais (9,10). Além disso, quando a ativação do Glúteo Máximo está
diminuída durante a extensão do quadril, o tempo de contração muscular é retardado. No
entanto, o uso de biofeedback pode fazer com que o tempo de ativação dos Isquiosurais e
do Glúteo Máximo ocorra quase simultaneamente (11).

Wilson et al. (12) recomendaram o agachamento completo como o exercício mais eficaz
para fortalecer o Glúteo Máximo, enquanto Distefano et al. (13) relataram que o
agachamento unipodal induz a ativação máxima do Glúteo Máximo. Contudo, esses tipos
de exercícios são normalmente realizados por pessoas saudáveis em academias e são
exercícios de alta intensidade, o que pode dificultar a sua aplicação para pacientes com
problemas articulares ou de estabilidade dos membros inferiores (12,14). O exercício de
extensão do quadril em decúbito ventral (PHE) tem sido amplamente utilizado para a
reabilitação e fortalecimento do Glúteo Máximo (12,14). A combinação da flexão do joelho
a 90 graus durante o exercício PHE pode induzir a insuficiência ativa nos Isquiosurais,
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possibilitando o fortalecimento seletivo do Glúteo Máximo (4,5). Essa postura é amplamente


utilizada clinicamente para fortalecer seletivamente o Glúteo Máximo durante o exercício
PHE.

Comerford e Mottram (15) sugeriram o exercício de extensão do quadril em decúbito ventral


sobre uma mesa (prone table hip extension,PTHE) como um método para ativar os
músculos do Glúteo Máximo e do abdômen, a fim de controlar a lombar e a pelve. Esse
exercício é realizado com o tronco apoiado sobre a mesa e os pés no chão, com a lombar
em uma posição neutra. No entanto, se a região lombopélvica não estiver estabilizada
adequadamente, tanto o PTHE quanto o PHE podem resultar em hiperextensão e rotação
compensatória da lombar, bem como inclinação anterior e rotação da pelve (15, 17).
Diversos estudos relataram que a realização da manobra de sucção abdominal com o uso
de uma unidade de biofeedback de pressão durante o PHE pode minimizar essas
compensações (10,16).

No exercício PTHE, o tronco é apoiado sobre a mesa enquanto ambos os pés permanecem
no chão, o que faz com que a pelve tenda a se inclinar posteriormente em relação à posição
neutra (15,17). Comerford e Mottram (15) relataram que o PTHE é classificado como um
exercício difícil em termos de percepção de esforço (RPE), atingindo um nível de 17,2 ± 2,3,
muito acima da média. No entanto, este estudo visa investigar uma variação modificada do
PTHE, a fim de realizar o fortalecimento do Glúteo Máximo de forma mais eficaz, com menos
esforço e compensações mínimas. Enquanto o PTHE tradicional exige um esforço
considerável em comparação com o PHE, neste estudo, o PTHE é modificado, utilizando
uma cadeira como suporte para a perna contralateral. Essa variação do PTHE é semelhante
à proposta de Comerford e Mottram (15), mas com modificações para otimizar o
fortalecimento do Glúteo Máximo.

Estudos anteriores têm se concentrado em variações do PHE, enquanto pesquisas


comparando as três diferentes variações do PTHE [PTHE com a manobra de sucção
abdominal (PTHEA), PTHEA com flexão ipsilateral do joelho (PTHEAF), e PTHEAF com
abdução do quadril a 30° (PTHEAFA)] em termos de atividade muscular do Glúteo Máximo
e dos Isquiosurais, tempo de início da contração e compensações lombopélvicas em
indivíduos saudáveis ainda não foram conduzidas. O objetivo deste estudo é comparar a
atividade muscular, o tempo de início da contração e as compensações lombopélvicas
durante as três variações do PTHE em indivíduos saudáveis. A hipótese do estudo é que a
atividade muscular do Glúteo Máximo aumente significativamente e a dos Isquiosurais
diminua significativamente durante o exercício PTHEAFA, em comparação com as outras
variações.

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