Tipos de Esforços e Qualidades Física Do Handebol
Tipos de Esforços e Qualidades Física Do Handebol
Tipos de Esforços e Qualidades Física Do Handebol
FSICAS DO HANDEBOL
THAS G. ELENO
Bacharel em Educao Fsica Instituto de Biocincias Unesp/RC
E-mail: [email protected]
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi identificar e discutir as vias metablicas de produo de energia
e as qualidades fsicas mais utilizadas na movimentao durante uma partida de handebol.
Tal objetivo se justifica pelos escassos estudos relacionados a esse assunto e pelo fato de que
o conhecimento sobre o tipo de esforo que predomina durante uma partida de handebol e
como ele se relaciona com as vias energticas so imprescindveis para o planejamento e
implementao adequados de treinamentos. No decorrer deste trabalho, veremos que h
trs vias metablicas de produo de energia que so utilizadas pelos atletas durante uma
partida de handebol: a anaerbia altica, a anaerbia ltica e a aerbia. A anaerbia altica
e a aerbia so as predominantes, pois do suporte energtico ao trabalho intermitente que
constitui o tipo de esforo predominante no handebol. Logo, o trabalho intermitente e as trs
vias energticas devem ser treinada previamente, para garantir aos jogadores as adaptaes
necessrias s exigncias da partida competitiva. Alm disso, veremos que a movimentao
do handebol envolve inmeras qualidades fsicas que tambm devem ser treinadas, para um
melhor desempenho dos jogadores durante as partidas.
PALAVRAS-CHAVE: Handebol; vias metablicas; exerccio intermitente; qualidades fsicas.
83
INTRODUO
84
Alm das caractersticas citadas anteriormente, merecem ateno o comprimento dos membros inferiores e o dimetro palmar tambm. Ambos participam
do grau de rendimento tcnico do jogador no decorrer da partida: o primeiro por
favorecer a velocidade do atleta em quadra e o segundo por promover melhor
preenso da bola, resultando em maior preciso de passes e arremessos (Glaner,
Pires Neto, 1997).
Assim como as caractersticas morfolgicas podem interferir no desenvolvimento das diferentes qualidades fsicas do handebol, as vias de produo energtica
tambm esto associadas s repeties dessas qualidades fsicas durante uma partida. Infelizmente, so escassos os estudos que procuram analisar as relaes existentes entre caractersticas morfolgicas, tcnica e fisiologia. Portanto, o presente texto
pretende apontar qual o tipo predominante de esforo, as vias metablicas de produo de energia que suportam esse esforo e as qualidades fsicas indispensveis a
essa modalidade esportiva.
TRABALHO INTERMITENTE NO HANDEBOL
85
86
87
Intensidade
Total
Ataque
Mxima
639 153
360 94
279 96
Defesa
Mdia
2170 223
934 225
1235 185
Baixa
931 107
575 166
357 60
88
namento intermitente deve fazer parte da rotina de preparao fsica, pois, atravs
das adaptaes produzidas por ele, os jogadores estariam melhor preparados quanto
ao combate fadiga, podendo-se, assim, prolongar o esforo fsico durante todo o
perodo de jogo (Santos, 1989).
DEMANDA ENERGTICA DURANTE O JOGO
N de deslocamentos
Frontal
Lateral
Diagonal
Ataque
117
59
Defesa
102
67
75
81
Trans. ataque-defesa
51
13
Trans. defesa-ataque
52
Costas
67
89
Deslocamentos totais
4.152 m
4.114 m
37 m
383 m
11 m
Mdios
3.127 m
26 m
Lentos
604 m
0m
Sprints
Ainda sobre as movimentaes realizadas pelos jogadores, o quadro 4 mostra outras situaes que requerem energia acima daquela necessria para a corrida.
Mais uma vez vale apontar que a quantificao dessa demanda de difcil identificao e, pelo que parece, ainda no foi possvel realiz-la de forma precisa.
Pelas informaes contidas no quadro 4, as atividades mais freqentes numa
partida de handebol so as mudanas de direo e de ritmo da corrida, as quais
aumentam consideravelmente a demanda energtica, como comprovado por Eleno
90
Atividade
N de repeties
190
Mudanas de direo
279
Saltos
16
Recepes
90
Interceptaes da bola
19
Arremessos ao gol
8.8
91
Sujeitos
FCmx. (bpm)
192
9.3
25
208
7.6
25
192
8.3
26
195
6.4
18
188
6.1
10
188
4.0
185
5.4
Eder e Haralambie (1986) mostram tambm que, depois de 8 ou 10 minutos aps o trmino da partida, os valores do lactato j parecem estar restabelecidos
em cerca de 2mM. Isso mostra que os jogadores de handebol bem treinados contam tambm com alta capacidade de recuperao aerbia (remoo e oxidao do
cido ltico), apresentando VO2mx. de aproximadamente 59ml/Kg/min.
A utilizao da mensurao do consumo mximo de oxignio, a qual normalmente utilizada para inferir o gasto energtico, complicada no caso dos atletas de
handebol. Delamarche et al. (1987) verificaram, atravs de testes laboratoriais e de
campo, que o desempenho (performance) do atleta e seu consumo mximo de
oxignio no se correlacionam positivamente. Por exemplo, um jogador que possui
maior capacidade aerbia no , necessariamente, o mais ativo durante o jogo.
Dessa forma, a informao fornecida pelo consumo mximo de oxignio pode ser
pouco til para elucidar o gasto energtico decorrente da movimentao dos jogadores em uma partida de handebol. Isso ocorre em funo da falta de especificidade
do teste em relao ao jogo. O esforo no cicloergmetro muito diferente daquele realizado numa partida de handebol. Alm disso, um protocolo contnuo,
longo e progressivo tambm no simula as caractersticas intermitentes existentes
no jogo. necessrio utilizar testes especficos para se obter resultados confiveis.
Voltando anlise das vias metablicas e do tipo de esforo presentes numa
partida de handebol, convm tambm analisar o tempo de atividade durante o
jogo. A durao oficial do jogo de handebol de 60 minutos, porm, efetivamente,
92
Variao
Adaptao
FORA
Mxima
Potncia
Resistncia
93
(continuao)
Qualidade Fsica
Variao
Adaptao
VELOCIDADE
de Reao
Agilidade
de Fora
Mxima*
Aerbia
de Velocidade
Muscular Localizada
RESISTNCIA
FLEXIBILIDADE
COORDENAO
Condiciona a capacidade funcional das articulaes a movimentarem-se nos limites ideais de determinadas aes
- Maior amplitude de movimentos
- Melhor relaxamento muscular
- Aperfeioamento tcnico
- Preveno de leses
Habilidade
Destreza
94
(continuao)
Qualidade Fsica
EQUILBRIO
Variao
Adaptao
Esttico
Dinmico
* Esse tipo de velocidade em esportes coletivos no chega a ser atingido, devido s limitaes das
quadras. A velocidade mxima s pode ser alcanada por volta dos 30 metros.
95
vrios autores apresentaram opinies prximas sobre as qualidades fsicas mais importantes para essa modalidades esportiva. De forma geral, pode-se constatar que
fora, resistncia, velocidade, coordenao e equilbrio com suas respectivas variaes e, ainda, a flexibilidade so qualidades imprescindveis para a realizao da
movimentao necessria durante uma partida de handebol.
96
REFERNCIAS
ANNE, R. M. B. Curva de lactato em corrida intervalada de alta intensidade. Monografia
(Trabalho de concluso do curso de Educao Fsica) Instituto de Biocincias, Universidade
Estadual Paulista, Rio Claro, 1997.
BANGSBO, J. The physiology of soccer with special reference to intense intermittent exercise.
Acta Physiologica Scandinavica, Copenhagen, v. 151, suppl. 619, p. 1-155, 1994.
BARBANTI, V. J. Teoria e prtica do treinamento desportivo. So Paulo: Edgard Blcher, 1979,
240p.
. Treinamento fsico: bases cientficas. 2. ed. So Paulo: CLR Balieiro, 1986,
107p.
DELAMARCHE, P. et al. Extent of lactic anaerobic metabolism in handballers. International
Journal Sports Medicine, Stuttgart, v. 8, p. 55-59, 1987.
EDER, K.; HARALAMBIE, G. Limites fisiolgicos de rendimento e seu significado prtico para
o jogador de andebol. Setemetros, Lisboa, n. 21, p. 9-13, nov/dez, 1986.
ELENO, T. G. Sobrecarga fisiolgica do drible no handball: um estudo pelo lactato sangneo e
freqncia cardaca em sujeitos treinados e no treinados. 1998. 27p. Monografia (Trabalho
de concluso do curso de Educao Fsica) Instituto de Biocincias, Universidade Estadual
Paulista, Rio Claro, 1998.
GLANER, M. F.; PIRES NETO, C. S. Morfologia em atletas pan-americanos e brasileiros de
handebol adulto masculino. Kinesis, Santa Maria, n. 16, p. 35-56, 1997.
GES, O. T. Preparao fsica no basquetebol. 1991. 92p. Monografia (Trabalho de concluso do curso de Educao Fsica) Instituto de Biocincias, Universidade Estadual Paulista,
Rio Claro, 1991.
JORDI, A. A. Preparacion fsica. In: Ballonmano 8. Federao Espanhola de Ballonmano,
Comit Olmpico Espaol, 199-, cap. 4, p. 292-344.
KOKUBUN, E.; DANIEL, J. F. Relaes entre a intensidade e durao das atividades em
partida de basquetebol com as capacidades aerbica e anaerbica: estudo pelo lactato
sangneo. Revista Paulista de Educao Fsica, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 37-46, 1992.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Transferncia de energia no exerccio. In:
Fisiologia do exerccio: energia, nutrio e desempenho humano. 3. ed. Guanabara Koogan, Rio
de Janeiro: cap. 7, p. 80-93, 1992.
MAIS, J. A. R. Caracterizao do esforo do andebolista lateral direito jnior. Setemetros,
Lisboa, n. 21, p. 155-159, set/out, 1989.
97
98