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Disc. Scientia. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 7, n. 1, p. 29-39, 2006.

29
ISSN 1982-2111

ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA E MORBIDADE POR


PNEUMONIA: UM ESTUDO NO HOSPITAL CASA
DE SAÚDE, SANTA MARIA/RS1
PHYSIOTHERAPEUTIC ACTION AND MORBIDITY BY
PNEUMONIA: A STUDY AT CASA DE SAÚDE HOSPITAL,
SANTA MARIA/RS

Gerusa Sartori Farencena2, Sandra Nádia da Silveira2


e Juliana Saibt Martins Pasin3

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi traçar um perÞl da atuação Þsioterapêutica em usuários


idosos internados com pneumonia no Hospital Casa de Saúde de Santa Maria - RS,
nos anos de 2004 e 2005, além de analisar o comportamento dessa patologia através
de alguns indicadores de morbidade. VeriÞcou-se que 132 casos (11%) do total de
internações no hospital foram por pneumonia, sendo que 74 (56%) não receberam
Fisioterapia e 58 (44%) receberam. Do grupo que não recebeu Fisioterapia, 32
usuários foram a óbito e, do que recebeu, 13 foram a óbito. Além disso, observou-
se um alto índice de patologias associadas, o que, provavelmente, contribuiu para
o agravamento e óbito em alguns casos. Do grupo que praticou Fisioterapia, cada
paciente recebeu em média 9 sessões, nas quais as manobras de higiene brônquica
mais utilizadas foram vibrocompressão e vibração e as de reexpansão pulmonar foram
estímulo diafragmático, compressão/descompressão e padrão inspiratório em tempos.

Palavras-chave: pneumonia, idosos, Fisioterapia.

ABSTRACT

The aim of this research was to trace a profile of the physiotherapy performance in
elder patients hospitalized with pneumonia at the Health House Hospital in Santa
Maria - RS in the years of 2004 and 2005, and also to analyze the behavior of this
1
Trabalho Final de Graduação - UNIFRA.
2
Acadêmicas do Curso de Fisioterapia - UNIFRA.
3
Orientadora - UNIFRA.
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pathology through some indicatives of morbidity. It was observed that 132 cases
(11%) of the total of hospitalizations in this hospital were for pneumonia, and 74
of these (56%) did not receive physiotherapy but 58 (44%) did. In the group that
did not receive physiotherapy 32 patients died and in the one that received it, 13
died. Moreover, it was observed a high index of associated pathologies, which
probably contributed for the aggravation and death in some cases. In the group
that received physiotherapy, each patient received an average 9 sessions, in which
the techniques of bronchial hygiene more used was the vibration compression and
for pulmonary expansion it was used diaphragm stimulation, compression/ de-
compression and inspiratory standard from time to time.

Keywords: pneumonia, elderly, Physiotherapy.

INTRODUÇÃO

A pneumonia (PNM) é uma condição inßamatória do tecido pulmonar


que afeta todas as faixas etárias, acarretando elevada morbi/mortalidade. Pode ser
classiÞcada anatomicamente como lobular, lobar e segmentar. Na PNM lobular ou
broncopneumonia a inßamação é disseminada de maneira irregular nos pulmões,
enquanto que na lobar a inßamação também se dissemina, mas Þca contida dentro
de um lobo (THOMSON et al., 2002).
A infecção do trato respiratório pode ocorrer por uma grande variedade
de agentes patogênicos, como bactérias, vírus, fungos e protozoários. Além disso,
existe a PNM não infecciosa, que é de origem aspirativa e que resulta da aspira-
ção de secreções contaminadas da orofaringe (PESSOA, 2000). Dentre os fatores
predisponentes para a infecção destacam-se o ambiente, a higiene deÞcitária, as
aglomerações, os grupos socioeconômico inferiores, a desnutrição, o fumo e o
alcoolismo (THOMSON et al., 2002).
As características clínicas da PNM dependem do microrganismo causador,
da idade do paciente e da sua condição geral. No entanto, o mal-estar, a febre e a tosse,
dor pleurítica frequente, respiração superÞcial, taquipneia, taquicardia e cianose cons-
tituem sinais e sintomas clássicos da PNM. Além disso, comumente coexistem sinais
de consolidação pulmonar e a radiograÞa revela opacidade (WEST, 1996).
A PNM é bastante comum em idosos. A diminuição da mobilidade torácica
devido à calciÞcação das cartilagens esternocostais, a hipotonia dos músculos respira-
tórios, a redução do poder da tosse, a perda da elasticidade pulmonar pela redução do
número de Þbras elásticas, diminuição da ação mucociliar, bem como modiÞcações
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do sistema de defesa imunológico são alterações Þsiológicas do aparelho respiratório,
próprias do idoso, as quais predispõem às infecções (CARVALHO; PAPALÉO, 2001).
Além disso, os idosos são os indivíduos que adquirem as infecções mais graves, por-
que comumente já são portadores de outras condições patológicas que comprometem
a defesa do organismo e, em consequência, é alta a sua mortalidade (PESSOA, 2000).
No contexto do Rio Grande do Sul, a Fisioterapia respiratória exerce pa-
pel relevante no tratamento da PNM, tendo como objetivos principais promover
a melhora da ventilação pulmonar, aumentar a oxigenação, a remoção das secre-
ções, bem como maximizar a tolerância ao exercício e atividades de vida diária
(AVD´s) e reduzir a dor (IRWIN; TECKLIN, 2003). Além disso, a Fisioterapia
diÞculta a progressão da doença prevenindo, assim, complicações respiratórias,
ajudando na redução da mortalidade, abreviando o tempo de hospitalização, ace-
lerando a convalescença e facilitando a readaptação do usuário à sua vida ativa
(CARVALHO, 2001).
Tendo em vista que o idoso, por fatores tanto de ordem Þsiológica quanto
ambiental, está predisposto a PNM e levando em consideração que a Fisioterapia
tem atuação importante no seu prognóstico, justiÞca-se o interesse neste estudo.
O objetivo do presente trabalho foi traçar um perÞl da atuação Þsioterapêutica
em usuários idosos internados com PNM no Hospital Casa de Saúde (HCS), em
Santa Maria - RS, nos anos de 2004 e 2005, bem como identiÞcar quais técnicas
Þsioterapêuticas foram mais utilizadas, avaliar a inßuência da Fisioterapia no
período de internação, além de analisar o comportamento da PNM por meio de
alguns indicadores da morbidade.

MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa foi desenvolvida no Hospital Casa de Saúde, em Santa


Maria/RS, hospital que segue o modelo de atenção do Sistema Único de Saúde,
atendendo a demanda não só do município de Santa Maria.
A população do estudo compreendeu os indivíduos internados na unidade
400 da referida instituição, nos anos de 2004 e 2005. A amostra constitui-se de 132
indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos e de ambos os sexos, internados
por PNM, os quais poderiam apresentar outras patologias associadas. Dessa for-
ma, considerou-se como critério de exclusão a idade inferior a 60 anos.
Realizou-se a coleta de dados nos arquivos do Hospital Casa de Saúde
(HCS), por meio da revisão dos prontuários. Os dados foram registrados em protocolo
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especíÞco elaborado para este estudo. As variáveis estudadas foram a idade, as


patologias associadas, as técnicas de higiene brônquica, bem como as manobras
de reexpansão pulmonar utilizadas pelos estagiários do Curso de Fisioterapia do
Centro Universitário Franciscano - UNIFRA, o período de internação do paciente
e as ações de promoção de saúde promovidas pelos referidos acadêmicos.Após a
coleta, os dados foram organizados em tabelas e Þguras e analisados através de
tratamento estatístico por frequência simples.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta pesquisa objetivou traçar um perÞl da atenção Þsioterapêutica em


usuários acima de 60 anos internados por PNM, bem como analisar alguns indica-
dores de morbidade dessa doença no serviço de Clínica Médica do HCS, localiza-
do no município de Santa Maria, RS, entre os anos de 2004 e 2005. O município
conta, aproximadamente com 270.000 habitantes (IBGE, 2006).
Observou-se, neste estudo, que entre os anos de 2004 e 2005 ocorreram
1184 internações na unidade 400 (Clínica Médica) do Hospital Casa de Saúde
(HCS). Como evidenciado na Þgura 1, 11% (132) das internações de usuários com
mais de 60 anos de idade foram decorrentes de PNM.

Figura 1 – Porcentagem de internações decorrentes de PNM no Hospital Casa de Saúde,


nos anos de 2004 e 2005.

Esse achado é corroborado pelos dados do órgão da Secretaria Executiva do


Ministério da Saúde (DATASUS), nos quais a PNM é uma das principais causas de
internações no município de Santa Maria com 149 casos, nos anos de 2004 e 2005,
seguida por Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) com 96 casos. Do mesmo
modo, estudos de Toyoshima et al. (2005) revelam que a PNM representou a prin-
cipal causa de internações por doenças respiratórias no município de São Paulo
no período de 1995 a 2000, correspondendo a, aproximadamente, 47% do total
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de internações respiratórias. Por outro lado, em estudo realizado por Godoy et
al. (2001), a principal causa de internações hospitalares por doenças do aparelho
respiratório foi a DPOC, seguida por PNM em usuários internados entre 1995 e
2000 no Hospital de Santa Cruz.
O alto índice de internações decorrentes de PNM pode corresponder à
Þsiologia de envelhecimento já que, para Gorzoni e Russo (2002), a atroÞa do
epitélio ciliar e das glândulas da mucosa brônquica, juntamente com o mecanis-
mo de clearance reduzido nos idosos predispõem a um maior risco de infecções.
Conforme Rebelatto e Morelli (2004), as infecções respiratórias continuam sendo
preocupantes enfermidades entre a população idosa. Eles aÞrmam, também, que a
PNM continua sendo “o inimigo da velhice”.
Além do diagnóstico de PNM, os usuários apresentavam diversas patolo-
gias associadas (Tabela 1). Assim, 8 (11%) usuários apresentavam cardiopatias as-
sociadas, 24 (32%) acidente vascular cerebral (AVC), 17 (23%) eram hipertensos,
17 (23%) portavam diabetes mellitus (DM), 6 (8%) apresentavam doença pulmo-
nar obstrutiva crônica (DPOC), 6 (8%) estavam anêmicos e 3 (4%) apresentavam
insuÞciência respiratória aguda (IRA). Cerca de 35 (47%) usuários apresentavam
outras patologias associadas além dessas, como insuÞciência renal, desidratação,
desnutrição, câncer, HIV, entre outras. Segundo Francisco et al. (2006), há registros
de maior prevalência de doenças do aparelho respiratório entre os usuários que
referiram presença de uma ou mais comorbidades, bem como nos que relataram ter
anemia, doença renal e depressão. Nair et al. (1990) aÞrma que a PNM e a inßuenza
são infecções do trato respiratório que levam a signiÞcante morbidade e mortalida-
de, especialmente em idosos e pessoas portadoras de doenças cardiopulmonares.

Tabela 1 – Condições patológicas associadas com a PNM nos usuários internados no


Hospital Casa de Saúde, nos anos de 2004 e 2005.
Condições patológicas associadas
Número de usuários Frequência
com PNM
8 11% Cardiopatias
24 32% Acidente Vascular Encefálico (AVE)
17 23% Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
17 23% Diabetes Mellitus (DM)
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
6 8%
(DPOC)
6 8% Anemia
3 6% InsuÞciência Respiratória Aguda (IRA)
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Do total de usuários idosos internados em decorrência de PNM, 58 (44%)


receberam atenção Þsioterapêutica durante sua internação (Figura 2), sendo 37
(64%) do sexo feminino e 21 (36%) do sexo masculino. Cada idoso realizou, em
média, 9 sessões de Fisioterapia, as quais foram constituídas de manobras de hi-
giene brônquica e reexpansão pulmonar, além de ações de promoção em saúde
através de orientações aos usuários e cuidadores.

Figura 2 – Porcentagem de usuários que receberam atenção Þsioterapêutica durante o


período de internação hospitalar.

Em relação às técnicas de higiene brônquica, em 79% dos usuários


aplicou-se vibrocompressão, a vibração foi registrada em 77% dos atendimentos,
aceleração do ßuxo expiratório (AFE) em 60%, drenagem postural em 22,5%,
tapotagem em 19%, huffing em 10,5% e o flutter foi empregado no tratamento de
3,5% dos idosos (Figura 3). Acredita-se que esses recursos Þsioterapêuticos tenham
sido bastante utilizados devido aos seus reais benefícios. Segundo Sarmento
(2005) essas manobras objetivam promover o aumento do ßuxo expiratório,
auxiliando no deslocamento da secreção. Em estudo realizado por Martins et al.
(2005), observou-se aumento do volume expectorado após a realização de técnicas
de higiene brônquica como drenagem postural, tapotagem, aceleração do ßuxo
expiratório e o uso do aparelho flutter.
Quanto às manobras de reexpansão pulmonar utilizadas durante
o tratamento Þsioterapêutico, em 62% dos usuários utilizou-se estímulo
diafragmático, 38% compressão e descompressão, 14% padrão inspiratório
em tempos, 7% padrão inspiratório em soluços e 7% expiração abreviada
associada com exercícios de membros superiores (MMSS) (Figura 4). De acordo
com Irwin e Tecklin (2003), essas técnicas visam ao aumento da ventilação
pulmonar, melhorando, assim, a oxigenação alveolar. Conforme Carvalho
(2001), a inspiração realizada de uma vez pode não ser suÞciente para o paciente
desenvolver uma plenitude inspiratória com Þnalidade expansiva. Desse modo,
para Azeredo (2000), o uso de algumas inspirações em um mesmo ciclo pode
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desempenhar um papel importante no aumento do volume pulmonar, denominado
inspiração em tempos.

Figura 3 – Porcentagem de utilização das técnicas de higiene brônquica no tratamento


Þsioterapêutico dos usuários internados por PNM, nos anos de 2004 e 2005. (VBC: vibro-
compressão, VB: vibração, AFE: aceleração do ßuxo expiratório, DP: drenagem postural,
PC: percussão torácica, HUF: huffing, FLU: flutter).

Figura 4 – Porcentagem de utilização das técnicas de reexpansão pulmonar no tratamento


Þsioterapêutico dos usuários internados por PNM, nos anos de 2004 e 2005. (EST DIAF:
estímulo diafragmático, COM/DESC: compressão/descompressão, INS TEMPOS: inspira-
ção em tempos, SOL INSP: soluços inspiratórios, EXP ABREV:expiração abreviada asso-
ciada a exercícios de membros superiores).

Além disso, o estudo objetivou investigar o índice de mortalidade por


PNM nos idosos internados no Hospital Casa de Saúde. Desse modo, veriÞcou-se
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que, dos 58 usuários atendidos pela Fisioterapia, 13 (22%) foram a óbito e que, do
total de 74 usuários que não receberam atendimento Þsioterapêutico, 44% foram a
óbito. De acordo com Nierderman et al. (1993) e Farr (1997), são vários os fatores
que contribuem para a maior gravidade e mortalidade da PNM, entre eles a DPOC,
a DM e a insuÞciência cardíaca congestiva (ICC).
A análise dos prontuários dos usuários revelou um baixo registro (22,5%)
das ações de promoção da saúde realizadas durante a atenção Þsioterapêutica
(Figura 5). Essas orientações preconizavam o posicionamento do idoso no leito e
as trocas de decúbito para prevenção de escaras, além da realização de exercícios
metabólicos e cuidados posturais.

Figura 5 – Porcentagem de registro em prontuário das ações de promoção da saúde realizadas


durante o atendimento Þsioterapêutico.

No contexto da atenção Þsioterapêutica, Pessini e Bertachini (2004) res-


saltam que mais importante que apenas tratar a patologia é promover a saúde dos
indivíduos. De acordo com os autores, é preciso visar ao bem-estar integral do
usuário, o que requer o envolvimento e a dedicação de muitas pessoas, desde a
equipe interdisciplinar de proÞssionais, envolvendo os cuidadores e o próprio pa-
ciente, promovendo, assim, a sua autonomia. Desse modo, estima-se que o índice
de registro encontrado das ações de promoção da saúde não reßita a realidade
do atendimento Þsioterapêutico, visto que em todo processo de formação do es-
tagiário de Fisioterapia da Unifra o tema promoção de saúde é constantemente
abordado e a prática de tais ações está muito presente no seu cotidiano acadêmico.
O tempo médio de internação dos usuários com PNM variou de 10 dias
para os usuários que não receberam Fisioterapia a 20 dias para os usuários que
receberam atendimento Þsioterápico. Dos 74 usuários que não receberam Fisiote-
rapia, 17 (23%) já haviam internado mais de uma vez por PNM e, dos 58 usuários
que foram atendidos pela Fisioterapia, 8 (aproximadamente 14%) já haviam inter-
nado outras vezes. Pesquisas evidenciam que a Fisioterapia tem papel importante
na redução do tempo de internação hospitalar. De acordo com Godoy et al. (2001),
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no serviço de Clínica Médica do Hospital Geral de Caxias do Sul, RS, nos anos
de 1995 a 1998, o tempo de permanência no hospital reduz para uma média de 11
dias naqueles indivíduos que são assistidos pela Fisioterapia. Assim, os resultados
da pesquisa sugerem que, apesar da média do número de dias de internação ser
menor nos usuários que não receberam Fisioterapia, isso pode se relacionar à alta
mortalidade (44%) encontrada com relação aos mesmos neste estudo e à alta inci-
dência de patologias associadas ao grupo que recebeu Fisioterapia, contribuindo,
assim, para seu maior tempo de internação.

CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa permitiram concluir que as técnicas de


Fisioterapia Respiratória aplicadas pelos acadêmicos no tratamento de usuários
idosos internados com PNM foram aquelas preconizadas pela literatura, sendo
que as mais utilizadas para higiene brônquica foram vibrocompressão (79%) e
vibração (77%) e para reexpansão pulmonar foram estímulo diafragmático (62%)
e compressão-descompressão (38%).
A análise dos dados evidenciou um tempo médio de internação maior
para os usuários que receberam Fisioterapia, mas eles também apresentaram um
maior número de patologias associadas. Ao contrário, os usuários que não rece-
beram Fisioterapia tiveram um tempo médio de internação menor, mas a taxa de
mortalidade foi maior, permitindo concluir que o tempo de internação foi inter-
rompido pelo óbito de muitos desses usuários.
A análise dos prontuários dos usuários revelou um baixo registro das ações
de promoção da saúde realizadas durante a atenção Þsioterapêutica. No entanto,
estima-se que esse índice não reßita a realidade do atendimento Þsioterapêutico,
visto que em todo processo de formação do estagiário de Fisioterapia da Unifra o
tema promoção de saúde é constantemente abordado e a prática de tais ações está
muito presente em seu cotidiano acadêmico.
Este estudo, portanto, permitiu analisar o comportamento da PNM no
HCS, através de indicadores como prevalência, mortalidade, doenças associadas e
tempo de internação, além de esboçar o perÞl da atuação da Fisioterapia.

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