Revistasaude n6 2019-78-86 240417 174913

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Revista Mineira de Ciências da Saúde, n. 6, dez.

2019: 77-85 (ISSN 2176-2244)


© Centro Universitário de Patos de Minas
https://revistas.unipam.edu.br/index.php/revistasaude

Fisioterapia respiratória em uma unidade de pronto


atendimento
Respiratory physiotherapy in an emergency room

Edulaine Cristina dos Santos Vaz (1)


Juliana Ribeiro Gouveia Reis (2)

(1) Graduanda do curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM).


E-mail: [email protected]
(2) Fisioterapeuta; Doutora em Promoção de Saúde; Especialista em Fisioterapia
Cardiorrespiratória; Docente do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM).
E-mail: [email protected]
______________________________________________________________________

Resumo: O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos da fisioterapia respiratória em


pacientes internados em uma unidade de pronto atendimento. Trata-se de um estudo
descritivo transversal, quantitativo. Os pacientes foram selecionados pela fisioterapeuta
conforme a indicação de realização da manobra. Os dados como frequência respiratória (FR),
frequência cardíaca (FC), saturação de oxigênio, ausculta pulmonar e uso de oxigênio foram
registrados no instrumento de coleta de dados, antes e após a realização da manobra. Não
foram registradas alterações estatisticamente significativas na FC e FR dos pacientes
atendidos. Na avaliação da ausculta pulmonar, foi observada uma diminuição dos ruídos
adventícios, melhor ventilação pulmonar nas áreas com sons diminuídos e diminuição do uso
de oxigênio. As técnicas mencionadas e os recursos de fisioterapia respiratória na unidade de
pronto atendimento são seguros e não interferiram na estabilidade clínica dos pacientes
avaliados.
Palavras-chave: Fisioterapia. Pronto atendimento. Oxigênio.

Abstract: The aim of this study was to analyze the effects of respiratory physiotherapy on
patients admitted in an emergency unit. It is a cross-sectional, quantitative, descriptive study.
The patients were selected by the physiotherapist according to the indication of the maneuver.
Data such as respiratory rate, heart rate, oxygen saturation, pulmonary auscultation and
oxygen use were recorded on the data collection instrument, before and after the maneuver.
There were no statistically significant changes in HR, and RR of patients attended. In the
evaluation of pulmonary auscultation, a decrease in adventitious sounds, better pulmonary
ventilation in areas with diminished sounds and a decrease in oxygen use were observed. The
mentioned techniques and respiratory physiotherapy resources in the emergency room are
safe and did not interfere with the clinical stability of the patients evaluated.
Keywords: Physiotherapy. Emergency unit. Oxygen.
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1 Introdução

O Sistema de Saúde no Brasil encontra-se estruturado em três níveis


hier{rquicos complementares de atenção | saúde − atenção b{sica, de média e alta

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complexidade. O nível secundário ou médio compreende o atendimento de média


complexidade como as unidades de pronto atendimento, onde são realizados
procedimentos de intervenção, além de tratamento de situações agudas. Estas surgiram
como uma das estratégias da Política Nacional de Atenção às Urgências para a melhor
organização da assistência, articulação dos serviços e definição de fluxos e referências
resolutivas. Essa estratégia aparece como uma das iniciativas resolutivas para o
problema da superlotação em emergências hospitalares (OLIVEIRA et al., 2015)
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) se constituem no principal
componente fixo de urgência pré-hospitalar e têm se estabelecido como importante
ponto de acesso ao sistema, instituindo-se enquanto unidades intermediárias entre a
atenção básica e as emergências hospitalares (KONDER; DWYER, 2015).
As UPAs desempenham papel importante no atendimento secundário à saúde,
contribuindo também para a diminuição da procura pelo atendimento nos hospitais de
grande porte. Essas unidades constituem porta de entrada aos serviços de saúde de
emergência, podendo resolver o caso ou, dependendo da necessidade, encaminhar
para internação hospitalar ou redirecionar para a atenção básica. Com a intenção de
desafogar as grandes emergências dos hospitais públicos, possuem como
características principais o encaminhamento de pacientes em estado grave para
hospitais, o funcionamento em horário integral (SILVA et al. 2012).
A inserção do fisioterapeuta nas unidades de urgência e emergência é recente, e
ainda restrita à grande maioria dos hospitais de alta complexidade. Sua necessidade é
devido ao fato de o grande número de pacientes possuir diagnóstico com alteração no
sistema cardiopulmonar, necessitando muitas vezes de oxigenoterapia e ou ventilação
mecânica (PICCOLI et al., 2013).
A presença do fisioterapeuta no setor de pronto atendimento, apesar de rara, é
indispensável, pois sua atuação junto à equipe assistencial de urgência e emergência
pode favorecer o atendimento e tratamento dos pacientes que chegam até este tipo de
serviço, contribuindo para a melhora do quadro clínico, menores índices e tempo de
intubação orotraqueal e ventilação mecânica invasiva, menor número de infecções e
complicações além de diminuição do tempo de permanência deles na emergência
(TAQUARY et al., 2013).
O objetivo principal do atendimento fisioterapêutico nessas unidades é dar
suporte rápido e eficiente nas disfunções cardiorrespiratórias, principalmente nas
primeiras horas, evitando, assim, um possível agravamento no quadro clínico, como a
necessidade de intubação orotraqueal, utilização de ventilação mecânica invasiva e
evolução para a Unidade de Terapia Intensiva (PICCOLI et al. 2013).
A atuação da Fisioterapia no setor de pronto atendimento visa a amenizar os
sinais e sintomas clínicos, incluindo os respiratórios, realizando procedimentos como
controle de ventilação mecânica, aspiração traqueal, montagem de ventilação
mecânica, transporte intra-hospitalar, técnicas de fisioterapia respiratória, devido à
grande quantidade de pacientes secretivos no local, entre outras condutas, a fim de
contribuir para a estabilização dos pacientes e otimizar o tratamento clínico
(ALMEIDA et al., 2017).
A fisioterapia respiratória tem o intuito de manter a permeabilidade das vias
aéreas, procurando prevenir as complicações e melhorar a função respiratória nas

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doenças pulmonares que cursam com hipersecreção de forma geral. As manobras


fisioterápicas têm como objetivo otimizar o mecanismo de depuração mucociliar
prevenindo o acúmulo de secreção (SÁ et al. 2012).
A escassez de leitos de terapia intensiva propicia que muitos pacientes evoluam
com piora do quadro ainda no serviço de emergência, portanto a presença do
fisioterapeuta nesta unidade pode proporcionar uma otimização do quadro clínico do
paciente: na descompensação respiratória, cardiovascular e musculoesquelética,
diminuindo assim a necessidade de internação, reduzindo custos hospitalares e
reinserindo precocemente o paciente na sociedade, além da diminuição da necessidade
de readmissão hospitalar (CORDEIRO; LIMA, 2017).
Diante disso, o objetivo deste estudo foi analisar os efeitos da fisioterapia
respiratória em pacientes internados em uma unidade de pronto atendimento, além de
verificar estabilidade hemodinâmica, uso de oxigênio e ausculta pulmonar antes e após
o atendimento fisioterapêutico.

2 Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, quantitativo. A pesquisa foi


realizada em uma Unidade de Pronto Atendimento de porte VIII de um município do
interior de Minas Gerais, onde todos os atendimentos são realizados integralmente
pelo SUS.
A amostra dessa pesquisa foi composta por usuários de ambos os sexos com
idade igual ou superior a dezoito anos, que deram entrada na unidade apresentando
queixas respiratórias devido ao acúmulo de secreção. Os participantes foram
esclarecidos previamente quanto à natureza e aos objetivos do estudo. Aqueles que
concordaram em participar foram convidados a assinar o termo de
CONSENTIMENTO LIVRE e ESCLARECIDO (TCLE). Foram excluídos da pesquisa
pacientes não colaborativos. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) do Centro Universitário de Patos de Minas, Minas Gerais, sendo autorizado pelo
Parecer nº 2.846.893.
A coleta de dados foi realizada na unidade de pronto atendimento por um
período de trinta dias, pela fisioterapeuta da unidade e acompanhado pela
pesquisadora. Os pacientes foram selecionados pela fisioterapeuta conforme a
indicação de realização fisioterapia e avaliação fisioterapêutica após ausculta
pulmonar. Nas situações em que o paciente apresentou alterações na ausculta
pulmonar, ele recebeu atendimento fisioterapêutico através da realização de técnicas
de higiene brônquica.
Os dados como frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC), saturação
de oxigênio, ausculta pulmonar e uso de oxigênio foram registrados no instrumento de
coleta de dados, antes e após a realização da manobra.
A análise dos dados foi apresentada através de tabelas e gráficos e de estatística
descritiva. O objetivo foi verificar a existência ou não de diferenças, estatisticamente
significantes, entre os resultados obtidos antes e depois da manobra de higiene
brônquica, com relação às variáveis: frequência cardíaca, frequência respiratória e Sat

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O2. Foi aplicado o teste de Wilcoxon aos dados em questão. O nível de significância foi
estabelecido em 0,05, em um teste bilateral (SIEGEL, 1975).

3 Resultados

Participaram da pesquisa 13 pacientes: oito (61,54%) do gênero masculino e


cinco (38,46%) do gênero feminino. Os dados encontram-se descritos na Tabela 1.

Tabela 1 – Valores mínimos, valores máximos, médias e desvios padrão, relativos à


variável: idade
Variáveis V. Mínimos V. Máximos Médias D. Padrão
Idade
Masculino 64 anos 86 anos 76 a 8 m 6a7m
Feminino 66 anos 84 anos 75 a 5 m 8a5m
Total 64 anos 86 anos 76 a 2 m 7 anos

Durante o estudo prevaleceram alguns diagnósticos clínicos, como acidente


vascular encefálico (AVE), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e pneumonias.
Esses dados estão registrados na Tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição de frequências e porcentagens de pacientes, de acordo com os


diagnósticos, de acordo com o gênero e resultados totais
Diagnósticos Total Total
Frq %
AVE 01 7,69
DPOC exacerbado 01 7,69
DPOC infectado 01 7,69
PAC 01 7,69
Pneumonia 06 46,16
Pneu. Aspirativa 01 7,69
Pneu/Der. Pleural 02 15,39
Total 13 100,00

As variáveis FC, FR e SatO2 foram registradas e comparadas antes e após o


atendimento fisioterapêutico. Em relação à FC, observaram-se os valores de 80,31
(+17,11) antes do atendimento e de 94,02 (+ 14,87) após, com valor de p = 0,05. A FR
apresentou valor de 24,31 (+4,31) antes do atendimento fisioterapêutico, diminuindo
para 22, 77 (+4,57) com valor de p = 0,05 após o atendimento. O valor da saturação de
oxigênio variou de 91,69 (+4,52) para 93,23 (+2,71), p = 0,15. De acordo com os
resultados demonstrados na tabela abaixo, não foram encontradas diferenças,
estatisticamente significantes, entre os valores das variáveis analisadas.

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Tabela 3 – Média e Desvio padrão antes e após o atendimento fisioterapêutico


Média e Desvio Média e Desvio P
padrão (antes) padrão (após)
FC (bpm) 80,31+17,11 94,02 + 14,87 0,05
FR (irpm) 24,31 +4,31 22,77 +4,57 0,13
SAT O² % 91,69 +4,52 93,23 +2,71 0,15

Para expressar as alterações da ausculta pulmonar, esta foi representada pelo


símbolo “+” e atribuiu-se um valor numérico, onde “+” (1) seria pouco ruído; “++” (2)
seria ruído moderado e “+++” (3) seria ruído intenso, para descrição de sua
intensidade. Observou-se que a ausculta pulmonar realizada em pacientes submetidos
à fisioterapia respiratória sofreu uma diminuição de ruídos adventícios e obteve-se
uma melhora da saturação de oxigênio.

Tabela 4 – Distribuição de pacientes, de acordo com a ausculta pulmonar e saturação


de oxigênio, considerando-se a situação anterior e após o atendimento fisioterapêutico
Paciente AP antes AP após SpO2 antes SpO2 após

01 SR diminuídos em ápices e bases SR diminuídos em bases 93% 97%


02 Crepitação em ápices ++ crepitação em ápice + 82% 90%
03 SR diminuídos em ápices e bases SR diminuídos em base E 90% 93%
E
04 Sibilos ápice D e base E e Crepitação + 89% 92%
crepitação ++
05 Crepitação em base E ++ crepitação em base E + 97% 98%
06 Crepitação em ápices + e bases Crepitação em ápices + 94% 93%
07 Roncos ++ Roncos + 94% 93%
08 Crepitação em ápices e bases ++ Crepitação em ápices e bases + 90% 92%
09 Crepitações difusas Crepitações em ápices 97% 95%
10 Roncos e crepitações ++ Roncos e crepitações + 90% 98%
11 Roncos e crepitações em base E crepitações em base E 92% 91%
12 Crepitação em base E ++ Crepitação em base E+ 87% 97%
13 Sons respiratórios sem alterações Sons respiratórios sem 89% 91%
alterações

Em relação à quantidade de oxigênio em litros por minutos (l/min), utilizada


pelos pacientes pré e pós-atendimento fisioterapêutico, observou-se uma diminuição
do uso dele após o atendimento fisioterapêutico na maioria dos pacientes atendidos.

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Tabela 5 – Uso de oxigênio antes e após o atendimento em l/min


Paciente Uso de oxigênio antes Uso de oxigênio depois
01 Não não
02 Não 2l
03 8l 6I
04 Não não
05 Não não
06 Não não
07 Não não
08 3l 2l
09 Não não
10 4l 1l
11 5l 2l
12 10 l 3l
13 8l 8l

4 Discussão

Esta pesquisa foi realizada com 13 pacientes internados em uma unidade de


pronto atendimento, sendo oito (61,54%) do gênero masculino e cinco (38,46%) do
gênero feminino, dos quais 01 foi acometido com AVE, 01 DPOC infectado, 01 DPOC
exarcebado, 08 pneumonias e 01 pneumonia associado a derrame pleural. Os pacientes
encontravam-se conscientes e em respiração espontânea.
Os principais motivos de procura por atendimento médico, nas UPAs,
excluindo os exames gerais e investigação, foram: nasofaringite, amigdalite, infecção
aguda das vias aéreas superiores, aconselhamento, diarreia e gastroenterite, tosse,
cefaleia, dor lombar, náuseas e vômito (CASSETARI; MELLO, 2017).
Rosa et al. (2007) verificaram que, em quatro pacientes, a doença mais comum
foi a pneumonia, seguida de acidente vascular encefálico em dois pacientes e edema
agudo pulmonar cardiogênico, também em dois pacientes. Apenas três pacientes não
apresentaram nenhuma doença associada. Das comorbidades encontradas, a doença
pulmonar obstrutiva crônica foi presente em cinco pacientes. As variáveis cardíacas e
respiratórias quando analisadas entre os grupos não apresentaram diferença estatística
significativa em nenhum dos momentos avaliados
Foram realizados durante o atendimento manobras e exercícios de fisioterapia
respiratória de acordo com cada patologia paciente e individualmente. As técnicas
mais utilizadas pela fisioterapeuta da unidade consistiram foram aceleração do fluxo
expiratório (AFE), expiração lenta prolongada (ELPR), Eltigol,
compressão/descompressão, vibrocompressão, drenagem autógena, estímulo de tosse,
tosse assistida com huff, exercícios diafragmáticos, exercícios de 03 tempos e ventilação
não invasiva.
No que diz respeito à atuação do fisioterapeuta no pronto atendimento,
verifica-se que os procedimentos mais descritos são controle de ventilação mecânica,
aspiração endotraqueal, montagem de ventilação mecânica, transporte intra-hospitalar
e técnicas de fisioterapia respiratória (ALMEIDA et al. 2017).

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A fisioterapia respiratória é um recurso auxiliar efetivo na prevenção e


tratamento de diversas doenças broncopulmonares, especialmente para a remoção da
secreção brônquica. Como resultado, há melhora da ventilação, hematose, eficiência
muscular, menor gasto energético, melhor mobilidade da caixa torácica e efetividade
da tosse (SÁ et al. 2012).
As técnicas de fisioterapia respiratória AFE, ELPR, vibrocompressão, expansão
pulmonar, entre outras, são aplicadas rotineiramente com objetivo de higienizar as vias
aéreas, melhorar trocas gasosas, aumentar o fluxo aéreo e prevenir possíveis patologias
respiratórias (ALMEIDA et al., 2017). Tais efeitos promovem benefícios imediatos ao
paciente conforme apresentado em nosso estudo.
Nossa proposta foi avaliar os efeitos imediatos da fisioterapia na FC, FR na
SatO2, na ausculta pulmonar e no uso de oxigênio em pacientes adultos que tivessem
indicação de atendimento fisioterapêutico, na unidade de pronto atendimento. Em
relação à FC e à FR, não encontramos diferenças estatisticamente significativas,
demostrando que as manobras realizadas não levaram o paciente a alterações
hemodinâmicas. Houve aumento da saturação de oxigênio devido à melhor ventilação
pulmonar, em decorrência da manobra fisioterapêutica realizada.
No estudo de Rosa et al. (2007), as variáveis cardíacas e respiratórias quando
analisadas entre os grupos não apresentaram diferença estatística significativa em
nenhum dos momentos avaliados. A FR aumentou significativamente no momento
imediatamente após a sua aplicação, comparada com o momento anterior à aplicação
do protocolo (de 21 ± 7 rpm para 24 ± 7 rpm; p = 0,02), porém, após os 30 min, a
variável retornou ao seu valor de base. Entretanto, a SpO2 aumentou de forma
significativa após o protocolo (de 97 ± 2% para 99 ± 2%; p = 0,01), mantendo-se acima
do valor de base até os 120 minutos.
Um estudo semelhante demonstrou que a técnica AFE se iniciou com valores
menores de saturação de oxigênio do que a técnica ELPr e, imediatamente após a sua
aplicação, conseguiu alcançar valores estatisticamente significantes, mostrando-se
eficaz para aumentar a SatO2 em pacientes adultos traqueostomizados. Com a
utilização da técnica ELPr, encontramos também aumento no valor médio de SatO2,
no entanto não foi considerado significativamente estatístico. Uma das possíveis
explicações foi o número reduzido de participantes no grupo ELPr em comparação ao
grupo AFE e/ou o período de reavaliação pode ter sido insuficiente. Ao analisar a FC
nos momentos pré, imediatamente ao término e 10 minutos após a aplicação das duas
técnicas, não encontramos diferenças estatisticamente significantes (SILVA et al., 2012).
No presente estudo, na avaliação da ausculta pulmonar foi observada uma
diminuição dos ruídos adventícios, roncos e crepitações devido ao deslocamento de
secreções pulmonares, melhor ventilação pulmonar nas áreas com sons diminuídos.
Segundo De Castro et al. (2011), nas comparações em relação aos sinais e sintomas
observados em 97 atendimentos, houve melhora significativa da ausculta pulmonar e
redução dos ruídos adventícios. Na avaliação da ausculta pulmonar, nos 92
atendimentos em que foram observados ruídos adventícios, 13 passaram a não
apresentar tais ruídos após a fisioterapia e, dos cinco que não tinham ruídos, dois
evoluíram com piora.

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Em nosso estudo dos 13 pacientes avaliados, 06 faziam uso de oxigênio antes do


atendimento fisioterapêutico, destes em 05 pacientes foi possível diminuir o uso de O 2
em l/min, um paciente necessitou de O2 após o atendimento, e um paciente manteve-se
a mesma quantidade de litros de oxigênio após atendimento.
Em relação à oxigenoterapia, dos 21 pacientes que a utilizavam, sete passaram a
não utilizar e, dos 76 que não utilizavam, três evoluíram com necessidade de O 2. Dos
nove atendimentos nos quais foi observada oxigenação desfavorável (considerando-se
ideal SpO2 ≥93%), seis evoluíram com melhora, entretanto, dos 88 que apresentavam
SpO2 ideal, nove evoluíram com piora. Apesar das mudanças observadas, não houve
diferença estatisticamente significante em relação à oxigenoterapia e SpO 2 antes e após
os atendimentos (DE CASTRO et al., 2011).

5 Conclusão

Os resultados obtidos nesse estudo nos mostram que as manobras AFE, ELPR,
Eltigol, compressão/descompressão, vibrocompressão, drenagem autógena, estímulo
de tosse, tosse assistida com huff, exercícios diafragmáticos, exercícios de 03 tempos
formam as técnicas mais utilizadas pelo fisioterapeuta na unidade de pronto
atendimento. Destacamos que tais técnicas são seguras, pois contribuíram com a
estabilidade clínica dos pacientes atendidos.
A fisioterapia conseguiu promover melhora na ausculta pulmonar. Os pacientes
que antes do atendimento fisioterapêutico apresentavam roncos ou crepitações
moderadas tiverem melhora dos ruídos adventícios; sons respiratórios diminuídos
puderam ser mais bem auscultados devido à melhor ventilação pulmonar. A saturação
de oxigênio aumentou consideravelmente na maioria dos pacientes.
Consequentemente após a melhora da função respiratória, foi possível registrar
a redução do uso de oxigênio suplementar, o que reduz o consumo de gases
hospitalares gerando menos gastos para a unidade.
Diante disso, sugerimos a contração de fisioterapeutas para as unidades de
pronto atendimento 24h, pois esses profissionais podem atuar nas enfermarias e nas
salas de emergência com pacientes mais críticos, proporcionando um atendimento
rápido e eficaz diminuindo o risco de complicações.

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