Dissertacão Gisele Aparecida Felix

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

COMPORTAMENTO ALIMENTAR E QUALIDADE DE


CARNE DE CAPIVARA (Hydrochoerus hydrochaeris Linnaeus,
1766) DE VIDA LIVRE, EM ÁREAS AGRÍCOLAS

GISELE APARECIDA FELIX

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Zootecnia da
UFGD, Área de Concentração em
Produção Animal, como parte das
exigências para obtenção do título de
Mestre em Zootecnia.

Dourados - MS
Fevereiro 2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

COMPORTAMENTO ALIMENTAR E QUALIDADE DE


CARNE DE CAPIVARA (Hydrochoerus hydrochaeris Linnaeus,
1766) DE VIDA LIVRE, EM ÁREAS AGRÍCOLAS

GISELE APARECIDA FELIX


Zootecnista

Orientadora: Profª. Drª. Ibiara Correia de Lima Almeida Paz


Co-orientadores: Prof. Dr. Rodrigo Garófallo Garcia
Prof. Dr. Leonardo de Oliveira Seno

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Zootecnia da
UFGD, Área de Concentração em
Produção Animal, como parte das
exigências para obtenção do título de
Mestre em Zootecnia.

Dourados - MS
Fevereiro 2012
i

BIOGRAFIA DO AUTOR

Gisele Aparecida Felix - filha de Gildo Salvador Felix e Maria das Dôres de Aquino Felix nasceu
em 16 de março de 1979 na cidade de São Sebastião da Grama, estado de São Paulo. Graduou-se no
ano de 2004 no curso de Zootecnia pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Campus de
Aquidauana, estado de Mato Grosso do Sul. No mesmo ano, iniciou sua carreira profissional
atuando como Extensionista Rural até o ano de 2008. No ano de 2009 foi aprovada no processo de
Seleção do Programa de Pós - Graduação em Zootecnia da Universidade Federal da Grande
Dourados, área de concentração Produção Animal, com início em março de 2010, sendo bolsista da
CAPES desde o ingresso até a data de defesa de sua dissertação.
ii

Sem sonhos, as perdas tornam-se insuportáveis,


as pedras do caminho tornam-se montanhas,
os fracassos transformam-se em golpes fatais.
Mas, se você tiver grandes sonhos…
seus erros produzirão crescimento,
seus desafios produziram oportunidades,
seus medos produzirão coragem.
Por isso: nunca desista dos seus sonhos!
(Augusto Cury)
iii

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Gildo e Maria, pelo amor e confiança que sempre depositaram em
mim. Agradeço, pois mesmo em meio às dificuldades, vocês nunca mediram
esforços para me ajudar e sempre caminharam junto comigo, acreditando nos
meus sonhos e me apoiando. Não existem palavras que expressem o quanto sou
grata por tudo que vocês fizeram e fazem por mim. Posso apenas dizer:

Amo muito vocês!


iv

AGRADECIMENTOS

"Não há no mundo excesso mais belo que o da gratidão"


La Brayére
Por esta razão, depois de dois anos de lutas, alegrias e conquistas,
chegou o momento de agradecer:

À Deus:

Obrigada pelo milagre maravilhoso que é a vida. Obrigada Senhor


por mais uma etapa concluída. Obrigada pela vida dos meus pais, irmão,
sobrinho, professores, amigos e colegas que fizeram e fazem parte da
minha história.

Aos meus pais, por todo o apoio, compreensão e amor que foram a
mim dedicados.

Em especial a minha orientadora Profª. Drª. Ibiara Correia de Lima


Almeida Paz por permitir a concretização deste sonho, mesmo não sendo
sua linha pesquisa, aceitou o desafio me dando todo apoio, incentivo e
orientação. Muito obrigada por me ajudar a crescer como pessoa e como
profissional.

Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade


Federal de Dourados, ao Coordenador Prof. Dr. Fernando Miranda de
Vargas Junior, ao secretário Ronaldo Pasquim e a todos os professores
pela oportunidade.

Ao meu co-orientador Prof. Dr. Rodrigo Garófallo Garcia pela


companhia nas missas de domingo, pelo carinho, pelas palavras de
incentivo e por todo atenção dedicada.

Ao Pesquisador da EMBRAPA Pantanal Dr. Ubiratan Piovezan, por


toda atenção, apoio, orientação, paciência, e acima de tudo pela
confiança e por acreditar na minha capacidade.

Aos professores Drª. Irenilza de Alencar Nääs, Drª. Fabiana Ribeiro


Caldara e Dr. Alexandre Rodrigo Mendes Fernandes por me ajudarem
nas pesquisas e por todo o conhecimento repassado durante este período
de mestrado que viabilizaram a execução deste trabalho.

Ao pesquisador da EMBRAPA Clima Temperado MSc. Max Silva


Pinheiro, que mesmo não me conhecendo pessoalmente me deu todo o
apoio, esclarecendo minhas dúvidas, dando sugestões e acima de tudo
disponibilizando material bibliográfico que me foram de grande valia.

Aos companheiros Francielen M. Santi, Marcelo Rezende, Rômulo


Costa Junior, Mariana Belloni, Márcio Pilecco, Ana Flávia Royer e Martha
Moi por toda ajuda na execução deste trabalho, pois mesmo com chuva
v

ou sol, noite e dia, barro, matas, pernilongos, distância e mau cheiro,


estavam sempre dispostos a me ajudar. Agradeço por me proporcionarem
altas risadas e acima de tudo porque tornaram esta trajetória mais alegre
e especial.

As amigas conquistadas Drª. Karla Andrea O. de Lima e Msc.


Natália Sunada por todo incentivo, paciência, convivência e pelos
conhecimentos e experiências compartilhados.

À amiga Msc. Sara Leticia N. Cerilo e Ariadne Patrícia Leonardo,


por todo auxílio, dedicação e amizade ao longo destes 13 anos que
passaram a fazer parte da minha vida.

Ao Prof. Dr. Hamilton Hisano, ao Supervisor do Laboratório de


Solos, Plantas e Corretivos da EMBRAPA Agropecuária Oeste Willian
Marra Silva e ao técnico de laboratório Mário Paes Kozima pelo auxílio na
condução das análises.

À Msc. Maria Gizelma M. Gressler responsável técnica do


Laboratório de Nutrição Animal da UFGD pela colaboração, apoio na
condução das análises e por todo gesto de incentivo.

A todos os integrantes do setor de transporte da UFGD, pois em


todos os momentos em que precisei, estavam dispostos a me ajudar além
do que lhes eram cabíveis.

A todos os funcionários do IBAMA - Escritório Regional de


Dourados através da pessoa de seu chefe Donizeti Neves de Matos pela
colaboração e suporte no desenvolvimento deste trabalho.

A todos os responsáveis das propriedades rurais utilizadas nesta


pesquisa, alguns com maior ou menor colaboração, mas todos foram de
extrema importância para a condução do experimento.

Aos alunos de Iniciação Científica Bruna Barreto, Guilherme de


Aragão Miranda, Luan Sousa e a todos os alunos do mestrado e
graduação em Zootecnia que contribuíram para a execução deste
trabalho.

A todos que direta ou indiretamente, contribuíram para a


realização deste estudo.

A todos o meu muito obrigada!


vi

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 1
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .........................................................................2
2. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................3
2.1 Origem e classificação da espécie Hydrochoerus hydrochaeris ...........................3
2.2 Morfologia da espécie ......................................................................................6
2.3 Comportamento social .....................................................................................7
2.4 Alimentação ....................................................................................................8
2.5 População de capivaras e danos causados pela espécie ................................... 10
2.6 Domesticação animal ..................................................................................... 12
2.7 Tipos de manejo............................................................................................. 13
2.8 Potencial da espécie ....................................................................................... 13
2.9 Consumo da carne e mercado ......................................................................... 14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 15
CAPÍTULO 2 .............................................................................................................. 24
Comportamento alimentar e danos causados por capivaras (Hydrochoerus
hydrochaeris) livres em áreas agrícolas ................................................................... 25
RESUMO .................................................................................................................. 25
ABSTRACT .............................................................................................................. 26
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 27
METODOLOGIA ..................................................................................................... 28
RESULTADOS ......................................................................................................... 32
DISCUSSÃO ............................................................................................................ 36
IMPLICAÇÕES ........................................................................................................ 40
LITERATURA CITADA .......................................................................................... 41
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 44
Características da carne e carcaça de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris L.
1766) de vida livre em áreas .................................................................................... 45
RESUMO .................................................................................................................. 45
ABSTRACT .............................................................................................................. 46
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 47
MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 48
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 52
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 66
CAPÍTULO 4 .............................................................................................................. 73
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 74
APÊNDICE ................................................................................................................. 75
vii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1
Figura 1. Distribuição geográfica das capivaras pela América do Sul. ................. 4

CAPÍTULO 2
Figura 1. Esquema de critério de escolha para o objetivo de avaliar a preferência
das capivaras pelas culturas agrícolas e horário de pastejo. ................................. 31
Figura 2. Associação de componentes principais apresentando variáveis
relacionadas com o aumento no número de capivaras e danos produtivos causados
pela espécie. ....................................................................................................... 33
Figura 3. Porcentagem de predação das culturas pelas capivaras em relação à área
plantada. ............................................................................................................ 34
Figura 4. Seleção entre a cultura do arroz e o aguapé pelas capivaras durante os
períodos do dia................................................................................................... 35
Figura 5. Comparação entre as culturas mais consumidas pelas capivaras
evidenciando a alteração no ritmo diário da espécie. .......................................... 35

CAPÍTULO 3
Figura 1. Cortes comerciais realizados na meia carcaça direita das capivaras. ... 49

APÊNDICE
Figura 1. A - Grupo de capivaras descansando ao redor do açude em uma das
propriedades agrícolas utilizadas no estudo. B - Cultura de milho predada por
grupo de capivaras. ............................................................................................ 76
Figura 2. A - Trieiro formado por capivaras em meio à plantação de arroz. B -
Caixa utilizada no transporte das capivaras. ....................................................... 76
Figura 3. A - Mensuração do comprimento interno da carcaça. B - Músculo L.
dorsi utilizados para análise de CRA, coloração e maciez. ................................. 76
viii

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 3
Tabela 1. Análise quantitativa da carcaça de capivaras de vida livre em áreas
agrícolas da Região da Grande Dourados (valores médios, máximos, mínimos e
coeficiente de variação)...................................................................................... 53
Tabela 2. Rendimento dos cortes comercial (RCC), desvio padrão e coeficiente
de variação em capivaras de vida livre. .............................................................. 55
Tabela 3. Avaliação e simulação do valor relativo dos cortes comerciais da carne
de capivara em relação a seus respectivos percentuais na carcaça. ...................... 57
Tabela 4. Médias e desvios padrão da composição química centesimal da carne
de capivara expressos na matéria natural (MN). ................................................. 57
Tabela 5. Composição química centesimal e desvio padrão dos cortes comerciais
de carne de capivaras provenientes de áreas agrícolas. ....................................... 58
Tabela 6. Composição mineral (macro e micro-elementos) dos principais cortes
de capivaras adultas oriundas de ambientes naturais (mg/100 g de porção
comestível). ....................................................................................................... 60
Tabela 7. Valores médios de pH, capacidade de retenção de água (CRA), perda
de peso por cozimento (PCOZ) e força de cisalhamento (FC) do músculo
Longíssimus dorsi de capivaras. ......................................................................... 62
Tabela 8. Valores médios de luminosidade (L*), intensidade de vermelho (a*), e
intensidade de amarelo (b*) do músculo L. dorsi de capivaras de vida livre. ...... 64

LISTA DE QUADROS

APÊNDICE
Quadro 1. Questionário semi-estruturado utilizado como ferramenta de apoio
durante as entrevistas aos agricultores. ............................................................... 77
Quadro 2. Autorização para atividades com finalidade científica - SISBIO ....... 79
ix

RESUMO

FELIX, Gisele Aparecida, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD),


Dourados, Fevereiro de 2012, Comportamento alimentar e qualidade de carne
de capivara (Hydrochoerus hydrochaeris Linnaeus, 1766) de vida livre, em
áreas agrícolas. Orientadora: Profª. Drª Ibiara Correia de Lima Almeida Paz. Co-
orientadores: Prof. Dr. Rodrigo Garófallo Garcia e Prof. Dr. Leonardo de Oliveira
Seno.

A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), maior roedor herbívoro existente, é


considerada um animal seletivo que adapta-se facilmente às culturas agrícolas e
ambientes antropizados, sendo classificada em muito locais como espécie
problema por causar danos às culturas. Este estudo foi conduzido em duas fases,
sendo a primeira realizada em 24 propriedades agrícolas, nas quais buscou-se
evidenciar os padrões de seleção de alimentos pelas capivaras, bem como
mensurar os danos causados por elas em áreas agrícolas da região. Foram feitas
avaliações in situ por meio de entrevistas semi estruturadas, no período entre abril
de 2010 a agosto de 2011 e visitas exploratórias em diferentes horários do dia,
para observação da atividade da espécie. Os dados foram analisados com o auxílio
do Software Minitab (2007) e do pacote estatístico SigmaPlot 11.0 (2008) e pelo
método Analytic Hierarchy Process (AHP). As capivaras apresentam seletividade
alimentar, demonstrando preferência pela cultura do arroz, sendo o pico de
atividade alimentar nos períodos anoitecer e noturno. O número de animais foi
influenciado pela extensão de corpos d’água e os prejuízos causados foram mais
correlacionados ao número de animais que à presença dos mesmos. A segunda
fase foi realizada no intuito de se avaliar as características de carcaça e qualidade
de carne de capivaras provenientes das áreas agrícolas utilizadas na pesquisa de
campo. Foram utilizados cinco animais adultos, sendo dois machos e três fêmeas,
com peso corporal médio de 63,4±10,25 kg. Após a captura, os animais foram
transportados ao Laboratório de Tecnologia de Carnes da FCA/ UFGD, onde
foram abatidos para avaliação do rendimento da carcaça quente (RCQ),
rendimento da carcaça fria (RCF), Porcentagem de perdas por resfriamento (PPR)
e rendimento dos cortes comerciais (RCC). Foram avaliados os teores de
umidade, proteína bruta (PB), lipídios (EE) e matéria mineral (MM) da carne,
x

força de cisalhamento (FC), pH, perdas por cozimento (PCOZ), capacidade de


retenção de água (CRA) e cor (luminosidade - L*; intensidade da cor vermelha -
a* e intensidade da cor amarela - b*). O RCQ médio foi de 62,47 % e o RCF foi
de 57,89 % não havendo diferença entre sexo. O valor médio encontrado para
porcentagem de perda ao resfriamento (PPR) foi de 4,10 %. Para RCC os valores
encontrados para os cortes nobres, pernil paleta e lombo foram 27,29 %, 14,76 %
e 13,28 %, respectivamente. Não foram encontradas diferenças (P>0,05) entre os
cortes para os teores de umidade, proteína e matéria mineral. A carne de capivara
apresentou teores de EE variando entre 0,7 a 1,85 %. A carne de capivara
apresentou valores semelhantes aos descritos para outras espécies de produção. Os
valores de L*, a*e b*, CRA, PCOZ e FC apresentados foram semelhantes aos
descritos para a espécie em cativeiro, bem como, outras espécies de produção
podendo assim, ser considerada uma carne dentro dos padrões de comercialização.

Palavras-chave: culturas agrícolas, danos, manejo sustentável, rendimento de


carcaça, seletividade
xi

ABSTRACT

FELIX, Gisele Aparecida, University of the Great Dourados (UFGD), Dourados,


February 2012, Feeding behavior and meat quality of wildlife capybara
(Hydrochoerus hydrochaeris Linnaeus, 1766) in farming areas. Advisor: Profª.
Drª Ibiara Correia de Lima Almeida Paz. Co-advisors: Prof. Dr. Rodrigo
Garófallo Garcia and Prof. Dr. Leonardo de Oliveira Seno.

The capybara (Hydrochoerus hydrochaeris), the largest living herbivore rodent, is


considered a selective animal that adapting easily to agricultural crops and
anthropogenic environments. However, in some regions, it is considered as a
nuisance species because it causes crop damage. This study was conducted in two
phases, the first was performed on 24 farms in which, the patterns of food
selection by capybaras were investigated and the damage caused by them in
agricultural areas of the region was assessed. “In situ” evaluations were applied
through semi-structured interviews in the period between April 2010 and August
2011. Also, exploratory visits were conducted during different periods of day in
order to observe the activity of this species. Data were analyzed using the
statistical packages, Minitab Software (2007) and SigmaPlot 11.0 (2008) and also
the method, Analytic Hierarchy Process (AHP) was applied. Capybaras exhibited
food selectivity and preference for rice crop, with the peak of feeding activity on
the evening and at night. The number of animals was influenced by the extension
of water bodies and the damage was more correlated to the number of animals
than to the capybaras presence. The second phase was conducted in order to
evaluate the carcass characteristics and meat quality of capybara from agricultural
areas used in the field research. Five grownup animals, two males and three
females, mean weight 63.4 ± 10.25 kg were used. After capture, the animals were
transported to the Laboratory of Meat Technology, FCA / UFGD, where they
were slaughtered to determine hot carcass weight (HCW), cold carcass weight
(CCW), percentage of chilling losses (PCL) and yield of retail cuts (YRC). The
moisture, crude protein (CP), lipid content (LC), mineral matter (MM), shear
force (SF), pH, cook losses (CL), water holding capacity (WHC) and color
(lightness - L *; redness - a* and yellowness - b *) were evaluated as well. There
were no differences (P> 0.05) among the cuts for moisture, protein and mineral
matter. Capybara meat showed levels of LC ranging from 0.7 to 1.85%. The mean
xii

HCW was 62.47% and 57.89% for CCW and there was no difference between
sexes. The average value found for the percentage of chilling loss (PCL) was
4.10%. For YRC values found for the cuts, leg, shoulder and loin were 27.29%,
14.76% and 13.28% respectively. Capybara meat showed values similar to those
described for other farm species. The values of L *, a * and b *, WHC, CL and SF
were similar to those described for capybaras reared in captivity, as well as to
other farm species which therefore it may be considered as a meat that is suitable
to the commercial standards.

Keywords: farming crops, damage, sustainable management, carcass yield,


selectivity
1

CAPÍTULO 1
2

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) é um dos principais


representantes da ordem Rodentia. Pertencente à família Hydrochaeridae, a
espécie é considerada o maior roedor vivente. É um herbívoro generalista de
hábito semi-aquático cuja utilização do espaço no ambiente natural está
diretamente relacionada à disponibilidade alimentar. As alterações sazonais
influenciam a quantidade de alimento disponível afetando direta ou indiretamente
o padrão de distribuição desses animais (FERRAZ et al., 2003; HERRERA, 2011)
bem como o seu comportamento (MACDONALD, 1981; ALHO e RONDON,
1987).
As modificações antrópicas no ambiente, principalmente aquelas
relacionadas à introdução de culturas agrícolas, geram conflitos, pois, além de
diminuir a área útil aos animais, as culturas se tornam fontes acessíveis e estáveis
de alimento, permitindo assim a ocorrência de numerosos grupos de capivaras
(VERDADE e FERRAZ, 2006; FERRAZ et al., 2007; FERRAZ et al., 2009).
Devido a sua adaptação às regiões antropizadas, a ocorrência de grandes grupos
de capivaras geralmente coincide com a invasão de ambientes agrícolas (FERRAZ
et al., 2003) e urbanos, ocasionando danos às culturas bem como de risco para a
saúde humana (LABRUNA et al., 2001; FERRAZ et al., 2010).
O Mato Grosso do Sul está entre os estados brasileiros com maior
diversidade de fauna e flora. Entretanto, o estado também se destaca pelo
crescente desenvolvimento da pecuária e agricultura. A Região da Grande
Dourados (MS) apresenta intensiva produção agrícola que contribui para a
redução do habitat natural das capivaras, levando-as a ocupar e utilizar as culturas
como alimento.
Neste contexto, a ausência de conhecimento sobre a espécie na região é
hoje uma das barreiras para a avaliação dos danos por ela causados ao ecossistema
e aos sistemas produtivos. Segundo WYWIALOWSKI (1996) e FERRAZ et al.
(2003), quantificar os danos causados, especialmente quando há impacto
3

econômico significativo, é essencial para o estabelecimento de políticas


adequadas para o manejo e controle em áreas agrícolas.
A fauna silvestre tem sido utilizada há décadas como fonte de proteína
animal pelas populações indígenas e rurais do interior do Brasil. Apesar das
legislações proibitivas, a caça tem sido o meio utilizado para esta exploração, que
aliada à supressão dos habitats, vem causando perdas de recursos naturais muito
pouco conhecidos (FIGUEIRA et al., 2003).
No Brasil, a capivara passou a ser vista não apenas como alternativa
viável para criação em cativeiro, mas como um recurso natural a ser manejado de
forma extensiva (MOREIRA e MACDONALD, 1997). Em seu estudo, OJASTI
(1973) aponta alguns dados da importância econômica da capivara na Argentina,
Venezuela e Amazônia brasileira, mostrando que mesmo com sistemas produtivos
bastante rudimentares, a capivara é uma espécie com potencial para criação com
fins econômicos. Desta maneira, entender o comportamento das capivaras é de
suma importância para conservação da espécie, assim como para minimizar seus
efeitos sobre a agricultura e sobre a saúde humana.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Origem e classificação da espécie Hydrochoerus hydrochaeris

Os roedores são animais que apresentam uma extraordinária variedade de


adaptações ecológicas, suportando os mais diversos tipos de climas e altitudes,
podendo com isso apresentar grande diversidade funcional (CONCEIÇÃO et al.,
2008). As espécies da subordem Hystricomorpha ocupam quase todos os habitats
neotropicais e contribuem significativamente para a biomassa animal destes
(MOREIRA e MACDONALD, 1997). Seus principais representantes são a paca
(Agouti paca), a cutia (Dasyprocta leporina) e a capivara (Hydrochoerus
hydrochaeris).
4

Os animais da espécie vivem em grupos, podendo ser encontrados


também vivendo isoladamente fora dos grupos sociais (ALHO et al., 1987).
Ocorrem em diferentes habitats (Figura 1), podendo expressar diferentes
adaptações biológicas (CONCEIÇÃO et al., 2008). Sua distribuição vai desde o
Panamá, por toda a América do Sul a leste dos Andes (não ocorrendo no Chile)
até a bacia do rio Uruguai na Argentina (OJASTI, 1991; MOREIRA e
MACDONALD, 1997) não atingindo áreas de grandes altitudes (MACDONALD,
1981; GARCIAS e BAGER, 2009; JACOMASSA, 2010).

Fonte: González Jiménez (1995)


Figura 1. Distribuição geográfica das capivaras pela América do Sul.

As capivaras são encontradas geralmente em ambientes alagáveis como


savanas sazonalmente inundáveis, regiões de pântanos e matas ciliares
(MOREIRA e MACDONALD, 1997), inclusive em áreas com elevado grau de
interferência antrópica (VERDADE e FERRAZ, 2006; FERRAZ et al., 2007).
Segundo AZCARATE (1980) e MACDONALD (1981), cada porção do habitat é
utilizada para uma atividade específica pelos indivíduos da espécie. Os campos
5

são utilizados para o forrageio; as áreas de mata servem para o repouso, abrigo e
parição dos filhotes e, os corpos d’água são utilizados para atividades
reprodutivas, repouso e fuga de predadores.
O gênero Hydrochoerus possui quatro espécies: H. hydrochaeris, H.
isthmius, H. dabbnei e H. uruguayenses sendo que no Brasil predomina a espécie
H. hydrochaeris que ocorre em todos os estados brasileiros, enquanto que no
Panamá, Colômbia e Venezuela, predomina a espécie H. isthmius (GONZÁLEZ-
JIMÉNEZ, 1995; VELÁSQUEZ, 2001; OSHIO et al., 2004). A palavra
"hydrochaeris" é de origem grega e significa "porco d'água" (FUERBRINGER et
al., 1987), enquanto que a palavra capivara "Kapi-wara" é de origem tupi-guarani
e significa "comedor de mato" (RODRIGUES, 2006).
Muitos autores fazem o uso de dois diferentes nomes genéricos para a
capivara – Hydrochaeris e Hydrochoerus. Estes animais foram classificados
zoologicamente pela primeira vez em 1762 tendo recebido o nome genérico
Hydrochoerus conforme afirmaram (MOREIRA e MACDONALD, 1997), no
entanto, VARGAS (2005), relata que essa classificação uninominal não é aceita
nos dias de hoje, a qual atualmente está definida como Hydrochaeris
hydrochaeris. Entretanto, em 1995 a International Commission on Zoological
Nomenclature, após muita consulta e ampla participação de cientistas de todo o
mundo, decidiu pelo nome Hydrochoerus hydrochaeris (GENTRY, 1995).
Sendo assim, a classificação zoológica atual da capivara é:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Rodentia
Subordem: Hystricomorpha
Infraordem: Hystricognathi
Família: Caviidae
Subfamília: Hydrochoerinae
Gênero: Hydrochoerus
Espécie: hydrochaeris
6

2.2 Morfologia da espécie

A capivara, maior roedor conhecido, tem em média de um a um metro e


meio de comprimento por 0,5 a 0,65 metros de altura. Seu peso ao nascer é de
cerca de dois quilos, atingindo quando adulto peso corporal de 30 a 60 kg,
podendo alcançar até 100 kg (ALHO, 1986). Os membros são curtos em relação
ao volume corporal do animal, tendo pescoço curto e focinho obtuso, com os
lábios superiores fendidos (PINHEIRO et al., 2001).
Por serem animais de hábitos semi-aquáticos, possuem algumas
adaptações como a localização dos olhos, narinas e orelhas em um mesmo plano
da parte superior da cabeça, o que lhes permite nadar sem a privação destes
sentidos (NISHIDA, 1995; VARGAS, 2005). As patas anteriores possuem quatro
dedos, e as posteriores três dedos, apresentando membranas interdigitais como
adaptação à natação (PINHEIRO et al., 2001).
As orelhas são pequenas e arredondadas, possuindo audição aguçada,
podendo captar ruídos a uma grande distância (SILVA, 1986; VARGAS, 2005). A
fórmula dentária é composta por um par de incisivos desenvolvidos, ausência de
dentes caninos, um par de pré-molares e três pares de molares que permitem para
estes animais uma mastigação bastante eficiente para maceração de alimentos
fibrosos (OJASTI, 1973; PINHEIRO et al., 2001; REIS et al., 2006).
As capivaras não possuem caudas, apresentando uma prega de pelo sobre
o saco anal, orifício em que se encontram os órgãos genitais e o ânus (ALHO,
1986; NISHIDA, 1995; VARGAS 2005). As genitálias estão situadas na porção
ventral e o anus na parte dorsal do saco anal, o qual é revestido de tegumento
enrugado e provido de pelos.
O macho dominante do grupo familiar de capivaras possui uma glândula
localizada na superfície frontal do focinho, denominada glândula nasal. Esta
glândula, de forma elipsoide, apresenta secreção sebácea abundante que é deixada
em pontos específicos, quando o mesmo se esfrega em arbustos, árvores e outros
objetos, para delimitar o seu território (OLIVEIRA e BONVICINO, 2006;
COSTA et al., 2006; JACOMASSA, 2010).
7

Segundo CORRADINI (2003) esta glândula seria um caráter de


dimorfismo sexual secundário, já que os outros indivíduos adultos da espécie não
podem ser diferenciados quanto ao sexo sem que seja feita a apalpação da região
genital. Somente quando prenhes as fêmeas podem ser diferenciadas sexualmente
dos machos em função da proeminência de suas glândulas mamárias (seis pares) e
da região abdominal aumentada (VARGAS, 2005).

2.3 Comportamento social

São animais sociais e vivem em grupos, mas podem ser encontrados


vivendo isoladamente fora dos grupos sociais (ALHO et al., 1987). O tamanho do
grupo pode variar de seis a 16 membros sendo composto por machos e fêmeas
adultos e seus filhotes (HERRERA et al., 2011), com ninhada de um a oito
filhotes e média de quatro filhotes por parto.
Atingem maturidade sexual entre 15 e 24 meses de vida, quando o animal
pesa entre 30 e 40 kg, dependendo da época em que nasce e da qualidade de seu
habitat (DEUTSCH e PUGLIA, 1988; BRESSAN et al., 2005). O tempo de
gestação é de 150 dias com incidência média de 1,2 nascimentos por ano,
podendo em alguns casos reproduzir-se a cada seis meses (MOREIRA e
MACDONALD, 1997; VARGAS, 2007).
O ciclo estral varia de 9 a 11 dias e a cobertura fértil ocorre,
normalmente, 28 dias após a parição (SILVA NETO, 1989). A espécie apresenta
elevadas taxas de fecundidade, sendo o mais prolífero dos herbívoros, uma
importante característica para sua criação em cativeiro (GONZÁLES-JIMÉNEZ,
1995; MIGUEL, 2002).
O período de acasalamento pode ser influenciado pela sazonalidade da
produção vegetal (OJASTI, 1973; CORRADINI, 2003; VARGAS, 2005). A
estrutura etária, densidade, tamanho dos grupos e utilização do habitat variam em
função da sazonalidade dos recursos naturais (ALHO et al., 1987), acompanhando
8

a disponibilidade de água, pastos e terras secas (HERRERA e MACDONALD


1989).
As capivaras possuem hábitos diurnos com pico de atividades
concentrado nos períodos vespertino e crepuscular (PINTO, 2003). O ritmo diário
de suas atividades resume-se basicamente em forrageio nas primeiras horas da
manhã e ao anoitecer, repouso e atividades aquáticas nas horas mais quentes do
dia (MACDONALD, 1981; ALHO et al., 1989). No entanto, com a pressão de
caça assim como em áreas urbanizadas, ou quando sofrem forte pressão de
predação, podem tornar-se mais ativas à noite (FERRAZ et al., 2001).

2.4 Alimentação

A capivara é um roedor herbívoro de estômago simples que realiza


fermentação cecal (OJASTI, 1973; BORGES e COLARES 2007). Apresenta-se
altamente eficiente no aproveitamento dos alimentos, tendo capacidade digestiva
similar ou superior a de coelhos e ovinos, tanto com volumoso quanto com
concentrado (BRESSAN, 2005; RODRIGUES et al., 2006).
Nas capivaras, como em outros roedores, pode ocorrer o fenômeno da
cecotrofagia, ou seja, a ingestão de um tipo especial de fezes (cecotrofo) que são
eliminadas por contrações específicas do ceco (PINHEIRO et al., 2001). Estes
animais, assim como os coelhos, diferem o cecotrofe das fezes normais, e
excretam dois tipos de fezes, uma oval na forma de pellets individualizada de
coloração verde-oliva e outra de consistência pastosa e coloração mais clara. Esta
última contém em média 37% a mais de proteína do que as fezes normais
(MENDES et al., 2000). Esse mecanismo fisiológico permite uma nova
assimilação de nutrientes, especialmente aminoácidos, bem como o aporte extra
de proteínas e vitaminas (PINHEIRO et al., 2001).
São extremamente precoces com relação à alimentação (LÓPEZ-
BARBELA, 1987). De acordo com OJASTI (1973), capivaras recém-nascidas
podem se alimentar de gramíneas em poucos dias ou até mesmo horas após o
9

nascimento, podendo tornar-se independentes do leite materno com cinco semanas


de vida.
O aparelho digestório reflete sua alimentação natural, sendo bem
desenvolvido, particularmente o ceco, que representa 74 % de todo o trato
digestório, conferindo-lhe a maior capacidade para esse órgão entre os herbívoros
(MENDES et al., 2000). Sua eficiência digestiva é comparável à dos ruminantes
(PINHEIRO et al., 2001) podendo digerir mais da metade da matéria orgânica
ingerida, inclusive o material fibroso (DEUTSCH e PUGLIA, 1988;
RODRIGUES et al., 2006).
Em ambientes naturais, dependendo da estação climática, podem ser
vistas forrageando nos campos de pastagem, nos capões de mata, ou ainda na água
(ALHO et al., 1987), alimentando-se de plantas aquáticas como o aguapé
(Eichhornia crasspes) e outras encontradas em pequenas profundidades
(SALDANHA, 2000). As principais espécies consumidas por estes animais
pertencem às famílias Poaceae e Cyperaceae, encontradas em áreas secas e
alagadas, sendo as aquáticas (Pontederia, Salvinia e Typha), utilizadas em menor
proporção (QUINTANA et al., 1998; BERTELLI et al., 2000).
Em estudo realizado por MAURO e POTT (1996) no Pantanal de
Nhecolândia – MS foi verificado que as espécies mais consumidas pelas capivaras
são: Acroceras paucispicatum, Andropogon bicornis, Caperonia castaneifolia,
Digitaria decumbens, entre outras. Embora suas principais fontes de alimentação
natural sejam as gramíneas e plantas aquáticas (OJASTI, 1973; QUINTANA et
al., 1994), estes animais apresentam grande plasticidade alimentar, adaptando-se
facilmente a itens cultivados como: milho, cana-de-açúcar (FERRAZ et al., 2007)
e arroz (RECHENBERG, 2000), o que facilita a sua ocorrência em áreas
antropizadas.
O consumo diário de alimentos depende de seu peso, tamanho e estado
de saúde (SALDANHA, 2000), mas de acordo com BORGES e COLARES
(2007), animais adultos podem consumir cerca de 3 kg de forragem fresca por dia.
O ganho de peso diário de uma capivara em vida livre segundo OJASTI (1973) é
cerca de 67 g ao dia. Em cativeiro, as capivaras fêmeas obtiveram taxa de
10

crescimento superior apresentando valores médios de 79,42 g ao dia enquanto que


os machos podem atingir valores médios de ganho de 72,78 g ao dia (PINHEIRO
et al., 2007). Segundo estes mesmos autores, o sexo dos animais pode ser um fator
importante na obtenção do peso de abate devido à maior velocidade de
crescimento das fêmeas.

2.5 População de capivaras e danos causados pela espécie

O processo de alteração da paisagem original a partir da expansão das


atividades humanas, no uso intensivo da terra, nas atividades agrícolas e
desmatamentos, podem influenciar direta ou indiretamente no padrão de
distribuição e abundância das espécies silvestres (WIENS, 1996). Algumas
espécies tendem a encontrar condições favoráveis para sua sobrevivência em tais
cenários, aumentando suas populações e causando danos à agricultura e pastagens
(FERRAZ et al., 2003).
Sua capacidade intrínseca de se adaptar a habitats antrópicos e paisagens
agrícolas (FERRAZ et al., 2009) principalmente pela grande disponibilidade de
alimentos, viabiliza em tais áreas o aumento aparente em grupos sociais e
tamanho da população de capivaras (FERRAZ, et al., 2009; FERRAZ et al.,
2010), permitindo que a espécie seja mencionada como espécie-praga em várias
regiões do Brasil.
Os riscos para a saúde humana estão associados às altas densidades de
capivaras (FERRAZ et al., 2003), uma vez que juntamente com os equinos e as
antas, são os principais hospedeiros do carrapato estrela (Amblyomma
cajennense), vetor da febre maculosa (cujo agente etiológico é a bactéria
Rickettsia rickettsii) no Brasil (LABRUNA et al., 2004; PEREZ, et al., 2008;
PACHECO et al., 2009). A quantidade de alimentos oferecidos por culturas
agrícolas pode aumentar a disponibilidade de recursos para a espécie, ocasionando
assim, o aumento da sua densidade populacional e, consequentemente, o aumento
dos conflitos envolvendo esta espécie e os seres humanos (FERRAZ et al., 2003).
11

O controle da fauna é uma forma eficaz de minimizar tais conflitos


(CAUGHLEY e SINCLAIR 1994; FERRAZ et al., 2010). Na província de
Corrientes, Argentina, o Serviço de Fauna permite a caça controlada de
populações de capivaras associadas a danos à agricultura e pastagens (OJASTI,
1991). Entretanto, restrições legais impedem o desenvolvimento de sistemas de
manejo das populações de capivaras livres no Brasil.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, atualmente como forma de minimizar este problema, faz a
remoção de parte da população e transferência para um criadouro doméstico
(MOREIRA e PIOVEZAN, 2005). Para estes autores, esta medida é apenas
paliativa, pois a remoção de uma parcela da população silvestre reduz a
competição por recursos ambientais (por exemplo, água, alimento, abrigo,
parceiro sexual) entre os indivíduos remanescentes e consequentemente aumenta a
taxa de crescimento da mesma.
Ainda que permita o controle de populações pragas e até mesmo a caça
não comercial em alguns casos, a Lei nº 5.197 não permite que o produto de
controle seja comercializado (MOREIRA e PIOVEZAN, 2005). No Brasil,
existem propriedades rurais realizando o manejo de populações problema de
capivaras, de forma comercial, embasados na portaria número 118 (15 de outubro
de 1997), que normatiza o funcionamento de criadouros de animais da fauna
silvestre brasileira com fins econômicos e industriais. A Portaria IBAMA n°
118/97, de 15 de outubro de 1997, é uma portaria geral que trata da implantação
de criadouros comerciais de fauna silvestre para as espécies que não possuam um
plano de manejo específico (ROCHA, 2003).
A permissão da comercialização bem como a extração do produto para os
proprietários de áreas onde as capivaras são problema seria uma alternativa viável
não só para a conservação das populações remanescentes da espécie, mas também
das áreas por elas utilizadas (MOREIRA e PIOVEZAN, 2005). Além de
contribuir com a proteção e preservação da fauna, em termos econômicos este tipo
de atividade, utilizando animais de vida livre, significa nova alternativa para o
12

produtor rural, gerando divisas e proteína a baixo custo para a população humana
(SALDANHA, 2000; ALVAREZ e KRAVETZ, 2006).
A implementação de manejo sustentável da vida silvestre com
comunidades requer, a integração de informações sobre a biologia das espécies de
caça e a economia do uso sustentável com as aspirações das comunidades locais.
Para isto, fortes vínculos devem ser criados entre cientistas, extensionistas e
representantes das comunidades para implantar um verdadeiro sistema de uso
sustentável (BODMER e PENN-JUNIOR, 1997).

2.6 Domesticação animal

A domesticação animal foi um processo gradual extremamente complexo


e que ainda não está completamente esclarecido (ZEDER, 2008). Iniciou-se há
12.000 anos e um grande conjunto de subpopulações evoluiu a partir da adaptação
às diferentes condições ambientais a que foram submetidas devido à migração do
homem durante os séculos. Estas subpopulações são normalmente denominadas
de raças, ou seja, grupos de indivíduos que possuem aparência e características
similares (MARIANTE e EGITO, 2002).
A maioria das espécies domesticadas que são utilizadas atualmente na
agricultura de todo o mundo, tem origem Euro-Asiática. De acordo HEMMER
(1990), o primeiro animal domesticado teria sido o cão, cuja domesticação
provavelmente precedeu a de todos os outros animais, tendo a função tanto de
alimento, como de auxílio na caça. A segunda fase da domesticação incluiu a
presença dos suínos, dos caprinos e ovinos.
A domesticação de animais na América do Sul limita-se às terras altas
andinas, incidindo sobre três espécies: a alpaca (Vicugna pacos), a lhama (Lama
glama) e o porquinho-da-índia (Cavia porcellus). Assim, há entre o Velho Mundo
e a América do Sul uma diferença significativa quanto ao grau de domesticação de
animais (CORMIER, 2005). A capivara é a espécie com melhor adaptação ao
processo de domesticação dentre os animais silvestres brasileiros (NOGUEIRA et
13

al., 1999; GIRARDI et al., 2005; MOREIRA et al., 2009), devido ao seu potencial
zootécnico, crescimento rápido, bom aproveitamento econômico, elevado preço
de venda da carne, ótimo sabor, prolificidade e plasticidade alimentar (HOSKEN
e SILVEIRA, 2002).
.

2.7 Tipos de manejo

Existem pelo menos duas maneiras diferentes para o aproveitamento


sustentável das capivaras sendo elas a caça comercial e a produção em cativeiro
(OJASTI, 1991). No entanto, ALVAREZ (2011) aponta no mínimo três
estratégias: a caça de subsistência, a caça comercial e a criação em cativeiro. A
caça de subsistência tem por objetivo a obtenção de carne para consumo e
geralmente é desenvolvida por populações tradicionais, rurais ou marginalizadas
economicamente, independentemente das normas legais de proteção à fauna
silvestre vigentes em cada país (ALVAREZ, 2011).
A caça comercial das capivaras, bastante praticada na Argentina e
Uruguai, tem como principal objetivo a comercialização do couro (BOLKOVIC et
al., 2006). Outros países latino-americanos que exploram comercialmente a
capivara, como Venezuela, Colômbia e Brasil, utilizam como fonte principal a
carne (GONZÁLEZ JIMÉNEZ, 1995; NOGUEIRA-FILHO, 1996; ALVAREZ,
2011). A criação de capivaras em cativeiro é uma prática zootécnica na qual as
condições do habitat são, em maior ou menor grau, controladas pelo produtor. Os
sistemas de criação em cativeiro classificam-se como sistemas semi-intensivo e
intensivo (ALVAREZ, 2011).

2.8 Potencial da espécie

Por se tratar de um animal rústico, resistente a doenças (OJASTI 1991;


GONZÁLEZ JIMÉNEZ 1995), a capivara adapta-se bem ao meio rural, o que
torna sua criação uma excelente alternativa agropecuária, podendo se transformar
14

em produtos de grande rentabilidade, contribuindo para a produção de alimentos


(ODA et al., 2004). A eficiência de reprodução das capivaras supera em seis vezes
a do bovino em condições adversas como nas savanas inundáveis da Venezuela, e
a produção de carne é 2,6 vezes superior nessas (OJASTI, 1991; SALDANHA,
2000). Este atributo, juntamente com a alta taxa de crescimento, sociabilidade e
adaptação a dietas de baixo custo garantem o sucesso da produção e a
sustentabilidade da criação.
A carne de capivara é considerada saudável pelo baixo teor de gordura
(PAIVA, 1992). Seu couro é bastante apreciado, principalmente no mercado
internacional sendo utilizado para a confecção de sapatos, roupas, estofados e
luvas (JARDIM, 2001; MIGUEL, 2002).
Outro produto comercial obtido da capivara é o óleo, extraído da gordura
subcutânea. Este produto é utilizado para fins medicinais, no tratamento de asma,
bronquite, reumatismo e alergias (MOREIRA e MACDONALD, 1997; MIGUEL,
2002).

2.9 Consumo da carne e mercado

Na Venezuela, e em menor escala na Colômbia, há longa tradição no


consumo da carne (charque) de capivaras, principalmente durante a Semana Santa
(OJASTI, 1973; GONZÁLEZ JIMÉNEZ, 1995). Desde 1968, é praticada na
Venezuela a exploração sustentável das populações silvestres desse roedor, por
meio da captura controlada (ALVAREZ, 2011).
Neste país, quando as populações atingem densidades iguais ou
superiores a 0,6 indivíduos por hectare, autoriza-se a captura anual de até 30% da
população (OJASTI, 1973). Estima-se que, entre 30 e 50 mil animais são abatidos
legalmente a cada ano. Na Argentina, são exportados em torno de 10.000 couros
por ano (98 % dos couros vão para o mercado interno), provenientes de caça ilegal
e legalizada (PINHEIRO, 2010).
15

No Brasil, o mercado apresenta-se promissor, pois a procura pela carne e


pele é incomparavelmente superior à oferta. O couro dos animais silvestres
(catetos, emas, queixada) inclusive as capivaras, é muito procurado pelas
indústrias para a confecção de calçados, cintos, bolsas, luvas, bolas de baseball,
dentre outros (ROCHA, 2003).
A carne de capivara é consumida em todo o país, especialmente na
Amazônia, onde é uma das mais apreciadas pelos povos indígenas (JARDIM,
2001). Hoje em dia, nos grandes centros consumidores, observa-se a formação de
um mercado de carnes exóticas, no qual a carne de capivara tem se mostrado uma
promissora alternativa. As partes nobres, como pernil e lombo, já são
comercializadas regularmente em alguns pontos específicos de venda,
principalmente nas grandes cidades, porém apresentando preços bastante elevados
(PINTO et al., 2007).
A capivara é cotada em até R$ 6,00/kg de peso corporal (PINHEIRO,
2010) e o preço da carne pode variar em relação às carnes convencionais de
acordo com os países ou regiões onde estão sendo avaliados. O quilo da carne
(cortes nobres como, por exemplo, o pernil) pode atingir valores de 78 reais
(CALSAVARA, 2011). De acordo com os grandes produtores e comerciantes do
produto, o consumo mensal no país ultrapassou 35 toneladas (cerca de mil
animais), sendo São Paulo o maior centro consumidor (CALSAVARA, 2011).

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CAPÍTULO 2
(Redigido de acordo com as normas da Revista Rangeland Ecology &
Management)
25

Comportamento alimentar e danos causados por capivaras (Hydrochoerus


hydrochaeris) livres em áreas agrícolas

RESUMO
O estudo foi conduzido com os objetivos de avaliar os danos causados por
capivaras em áreas agrícolas na região da Grande Dourados (MS) e conhecer os
períodos de maior atividade da espécie na região. Aplicou-se avaliações “in situ”
por meio de entrevistas semi estruturadas em 24 propriedades distintas, no período
entre abril de 2010 a agosto de 2011. Também realizou-se visitas exploratórias em
diferentes horários do dia, para observação dos períodos de atividade e
comportamento alimentar da espécie. Contagem direta dos indivíduos nos grupos
observados foi realizada a fim de se estimar a sua abundância nas propriedades, e
considerou-se a porcentagem de predação da cultura por capivaras a partir do total
de área plantada (ha). Com o auxílio do Software Minitab (2007) foram
verificadas as variáveis relacionadas com o aumento no número de capivaras nas
propriedades e as variáveis relacionadas aos danos produtivos. Para determinar a
preferência de culturas pelas capivaras e horário de maior atividade alimentar, os
dados obtidos foram submetidos ao método de avaliação multicriterial Analytic
hierarchy Process – AHPProject (2011). As capivaras apresentam seletividade
alimentar, demonstrando preferência pela cultura do arroz. Entretanto, a cultura
predada que mais reflete-se em prejuízos aos agricultores é a do milho. O pico das
atividades alimentar concentrou-se ao anoitecer e no período noturno,
evidenciando que a alteração nas atividades de pastejo foi influenciada pela ação
antrópica na região. O número de animais foi bastante influenciado pela extensão
de corpos d’água. Os resultados encontrados neste estudo reforçam evidências de
que a presença de capivaras está associada a perdas produtivas e que maiores
áreas de corpos d’água atraem maior número desses animais.

Palavras-chave: Analytic Hierarchy Process, áreas antropizadas, culturas


agrícolas, predação, seletividade
26

Feeding behavior and crop damage caused by wildlife capybaras


(Hydrochoerus hydrochaeris) in farming areas

ABSTRACT
The research was carried out aiming to assess the damages caused by capybaras in
crop areas at the region of Grande Dourados, MS, Brazil and to identify the
periods with higher activity of this specie in this region as well. “In situ”
evaluations were performed through semi-structured interviews that were applied
in 24 different farm properties during the period of April 2010 to August 2011.
Also, exploratory visits were conducted during different periods of the day in
order to observe the periods of activity and feeding behavior of capybaras. The
direct counting of individuals within the observed groups was taken in order to
assess the animals’ abundance in the farm properties. In addition, the percentage
of damaged crop by the capybaras was taken into account, including the total
preyed area (ha). The variables related to the productive damage were evaluated
through the statistical software Minitab (2007). In order to determine the crop
preference of the capybaras and the peak of feeding activity, the data were
analyzed through the method named multicriterial Analytic hierarchy Process –
AHPProject (2011). The capybaras presented a selective feeding pattern and
demonstrated the preference for rice crop. However, the preyed crop which most
caused losses to the producers was the corn crop. The peak of feeding activity was
during the evening and at night, which leads to conclude that changes on the
grazing activities were influenced by the anthropic activity on the region. The
number of animals was quite influenced by the extension of the water bodies. The
results of this study support the evidences that the presence of capybaras is
associated to productive losses and the largest water bodies attract greater number
of animals.

Keywords: Analytic Hierarchy Process, anthropic areas, farming crops, crop


damage, selectivity
27

INTRODUÇÃO
A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) é o maior roedor conhecido.
Com hábitos semi-aquáticos, a espécie distribui-se desde o Panamá até a bacia do
rio Uruguai, no norte da Argentina (Ojasti 1991; Moreira e Macdonald 1997). É
um animal herbívoro que apresenta preferência por determinadas espécies de
plantas, tais como gramíneas e plantas aquáticas (Ojasti 1973). No entanto,
apresenta grande plasticidade alimentar, adaptando-se facilmente às espécies
agrícolas cultivadas como milho, cana de açúcar e arroz (Ferraz et al. 2007).
Os herbívoros silvestres desenvolveram diferentes estratégias de seleção
alimentar, em função da sua morfologia e fisiologia, da qualidade e abundância de
alimentos e do tipo de habitat. Além disto, as características dos alimentos, como
a sua composição química, também podem influenciar a dieta e a preferência
desses animais (Galende e Grigera 1998; Borges e Colares 2007).
Em diversas regiões do país, é comum o conflito entre espécies silvestres
e o homem. O processo de alteração da paisagem original pode ter influência
direta ou indireta sobre o padrão de distribuição e abundância das espécies
silvestres (Wiens 1996; Ferraz et al. 2003). Essas modificações antrópicas no
ambiente, principalmente aquelas relacionadas à introdução de culturas agrícolas,
geram problemas, pois além de diminuir a área útil aos animais, as culturas
tornam-se fontes acessíveis e estáveis de alimento, o que permite o aumento de
grupos sociais e o tamanho da população como um todo (Ferraz et al. 2009,
2010).
Relatos de danos causados por animais silvestres em áreas agrícolas têm
aumentando significativamente (Mello Filho et al. 1981; Ferraz et al. 2003),
contudo, os prejuízos são difíceis de serem mensurados. Assim, a utilização de
áreas para a agricultura e a necessidade de se manter a vida silvestre, utilizando as
mesmas terras, muitas vezes resultam em conflitos e os animais passam a ser
vistos como praga por produtores em várias regiões do país (Macgowan et al.
2006).
A região de Dourados (MS) situa-se em uma das principais áreas de
produção agrícola do Brasil, o que contribuiu para a redução do habitat natural das
28

capivaras. Quantificar os danos causados, especialmente quando se tem um


impacto econômico significativo, é essencial para o estabelecimento de uma
política adequada para o manejo e controle de animais silvestres em áreas
agrícolas Wywialowski (1996) e Ferraz et al. (2003).
A ausência de conhecimento sobre a demografia na região é hoje uma
das barreiras para a avaliação dos prejuízos causados ao ecossistema e aos
sistemas produtivos. Este estudo foi conduzido com os objetivos de avaliar os
danos causados por capivaras em áreas agrícolas na região da Grande Dourados
(MS), conhecer os períodos de maior atividade alimentar da espécie na região e as
características das propriedades que influenciem na ocorrência desses animais.

METODOLOGIA
O estudo foi realizado em áreas agrícolas da região da Grande Dourados
(MS), Brasil, no período entre abril de 2010 a setembro de 2011. Na ocasião
foram estudadas 24 propriedades distintas localizadas entre cinco e 90 km da
cidade de Dourados que esta localizada ao sul do estado de Mato Grosso do Sul
(22°13'18"L.S. e 54° 48' 23" L.W.) com altitude média de 430 m.
A área estudada pertence à bacia hidrográfica do Rio Paraná sendo seus
principais rios o Dourado, Santa Maria, Brilhante e Peroba. O clima da região é
do tipo mesotérmico de inverno seco e moderadamente frio, e verão quente e
chuvoso (Cwa de Köppen), caracterizado por apresentar temperatura média anual
de 22º C. A precipitação pluviométrica média anual é de 1400 mm e a
evapotranspiração anual é de 1100 a 1200 mm (Alves Sobrinho et al. 1998; Alves
et al. 2008).
A região possuía como principais formações vegetais a Floresta
Estacional Semidecidual, o Cerrado e Campos, além da Floresta Aluvial e a
Floresta Submontana. Entretanto, a vegetação original encontra-se
descaracterizada pela ação antrópica ocasionada pela implantação das áreas
agrícolas.
Entrevistas semi estruturadas foram realizadas com os proprietários das
fazendas, para obtenção de dados referentes ao tamanho das áreas cultivadas, tipo
29

de cultura predada, tamanho da área predada, tamanho de grupos e quantidade de


grupos. Os dados descritos pelos agricultores estão relacionados às safras
2009/2010 e primeiro semestre de 2011. A área total das propriedades nas quais as
entrevistas foram aplicadas variou de 17 a 12.951 hectares.
Concomitantemente foram realizadas visitas em diferentes horários do
dia e da noite, para observação do período de atividade da espécie e do
comportamento alimentar dos animais. Para tanto utilizaram-se os métodos animal
focal e “ad libitum” descritos inicialmente por Altmann (1974).
Essas amostragens foram realizadas para as avaliações de
comportamento alimentar das capivaras. Cada sessão de observação (animal
focal) teve a duração de 10 minutos sempre que fosse verificada atividade de
pastejo, assim, foram registradas as atividades de pastejo, horário de pastejo e os
principais itens consumidos. O tempo de pastejo representava o período em que o
animal estava ativamente apreendendo ou selecionando as forragens.
O número de animais observados em cada sessão variou de cinco a 10
animais, dependendo do tamanho do grupo e quantidade de animais encontrados
nos dias das avaliações. O método “ad libitum” foi utilizado para avaliar o
comportamento do grupo, no momento em que os animais não estavam
pastejando. Estão aqui incluídas as atividades sociais, reprodutivas, entre outras.
Esses registros tiveram inicio às 5:00 h e término às 00:00 h divididos em turnos
de cinco horas ao longo dos 17 meses de estudo.
A contagem direta dos indivíduos nos grupos observados foi efetuada a
fim de se estimar a abundância das capivaras nas propriedades, considerando-se
também as informações descritas pelos entrevistados para a estimativa do número
de grupos nas propriedades. Para quantificar os danos causados pelas capivaras,
além das informações descritas pelos produtores, considerou-se a porcentagem de
predação da cultura por capivaras a partir do total de área plantada (ha).

Análise Estatística
Por meio da Análise de Componentes Principais (ACP) foram verificadas
as variáveis relacionadas diretamente com o aumento no número de capivaras e as
30

variáveis relacionadas aos danos produtivos (quantidade de área predada,


prejuízos da cultura em toneladas e em reais).
Utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson (ao nível de 5% de
significância) para determinar possíveis características existentes nas propriedades
que pudessem servir de atrativo para a presença de capivaras, como por exemplo,
aguada, matas, entre outras. O mesmo cálculo foi utilizado para quantificar a
relação entre o número de animais e o prejuízo causado ao produtor através da
predação das culturas pelas capivaras. As análises estatísticas foram realizadas
com o auxílio do Software Minitab (2007).

Processo Analítico Hierárquico (AHP)


Para determinar a preferência das capivaras pelas culturas e horário de
maior atividade alimentar os dados obtidos foram submetidos ao método de
avaliação multicriterial Analytic Hierarchy Process – AHPProject (2011). O
processo analítico hierárquico - AHP (Saaty 1980) - é caracterizado pela
possibilidade de analisar e propor uma decisão para um problema multicriterial
com base nos resultados encontrados (Almeida Paz et al. 2010). Mais que
determinar qual a decisão mais adequada, o método AHP permite justificar esta
decisão (Garcia et al. 2011).
Os usuários do AHP, primeiramente, devem decompor seu problema em
uma hierarquia de subproblemas mais facilmente compreendidos (Saaty 1980;
1998), com base em características qualitativas e quantitativas de importância para
a decisão. Uma vez que a hierarquia é construída os responsáveis pelas decisões,
ou seja, os pesquisadores avaliam sistematicamente seus elementos, comparando-
os aos pares de acordo com as suas possibilidades de alcançar o objetivo proposto
(Garcia et al. 2011).
Ao fazer as comparações o usuário pode inserir dados concretos sobre os
elementos, ou usar seus julgamentos sobre o significado relativo ou a importância
dos elementos (Garcia et al. 2011). Um peso numérico, ou prioridade, é adotado
para cada elemento da hierarquia, permitindo que elementos distintos e
frequentemente incomensuráveis sejam comparados entre si de maneira racional e
31

consistente. Na etapa final, as prioridades numéricas são derivadas para cada uma
das alternativas da decisão (Costa, 2006; Garcia et al. 2011).
A comparação entre culturas predadas e horários de pastejo foi realizada
respeitando os resultados levantados em campo e seguiu o procedimento
matemático, na construção de uma matriz, onde: aij denota a comparação de
elemento i ao elemento j na matriz A de comparação de pares, com n alternativas
(Figura 1).

NÍVEL 1 - Objetivos NÍVEL 2 NÍVEL 3

Arroz
Alvorada Milho
Soja
Cana de açúcar
Aguapé
Brachiarias sp.
capivaras pelas culturas agrícolas

Arroz
e principais horários de pastejo
Determinar a preferência das

Milho
Dia Soja
Cana de açúcar
Aguapé
Brachiarias sp.

Arroz
Milho
Anoitecer Soja
Cana de açúcar
Aguapé
Brachiarias sp.

Arroz
Noite Milho
Soja
Cana de açúcar
Aguapé
Brachiarias sp.

Figura 1. Esquema de critério de escolha para o objetivo de avaliar a preferência


das capivaras pelas culturas agrícolas e horário de pastejo.
32

Na primeira abordagem, requer-se que os responsáveis pelas decisões


cheguem a um consenso sobre cada entrada aij em A. aij k denota a comparação de
elemento i para elemento j para o tomador de decisão k (k = 1, 2,..., n) em
comparação aos pares da matriz A (Bolloju 2001; Almeida Paz et al. 2010). Os
elementos, previamente selecionados, foram organizados em hierarquia
descendente e os objetivos finais constam no topo seguidos de seus subobjetivos
que têm a capacidade de combinar diferentes tipos de critérios de decisão em uma
estrutura multinível, para obtenção de escore de cada alternativa com a finalidade
de classificá-las.

RESULTADOS
Em apenas três das 24 fazendas avaliadas, não foram encontradas
capivaras durante a pesquisa exploratória. A ausência foi também confirmada por
meio das entrevistas semi estruturadas. O número de grupos variou de um a três
por propriedade, com quantidade de indivíduos por grupo variando de 10 a 50
animais.
O número médio de animais por grupo foi influenciado pela presença de
corpos d’água nas propriedades, sendo possível estabelecer correlação entre os
componentes principais e secundários, permitindo a divisão dos componentes
principais em dois grupos. No grupo 1 está a associação entre as variáveis
altamente correlacionadas com o aumento no número de capivaras e no grupo 2
encontram-se as variáveis correlacionadas aos danos produtivos (Figura 2). Com
base no coeficiente de correlação de Pearson (0,48) constatou-se que maiores
áreas de corpos d’água favorecem o aumento da presença de capivaras nas
propriedades (P < 0,05).
Tanto as variáveis do grupo 1 quanto as do grupo 2 possuem correlação
direta entre si. Entretanto, verificou-se que algumas variáveis do grupo 1 possuem
relação moderada direta com as do grupo 2 como, por exemplo, o número de
animais e o prejuízo (t). Por meio do cálculo do coeficiente de correlação de
Pearson, pode-se testar a associação direta entre o número de animais e o prejuízo
(t) sendo o coeficiente obtido de 0,57 e altamente significativo (P < 0,05).
33

Grupo 1

Grupo 2

Figura 2. Associação de componentes principais apresentando variáveis


relacionadas com o aumento no número de capivaras e danos produtivos causados
pela espécie.

O total de área cultivada pelos produtores rurais entrevistados foi de


19.876,44 hectares, sendo que a porcentagem de cada cultura variou entre 0,49%
para a cultura do feijão a 35,50% para pastagem. As pastagens de Brachiarias sp.
foram as gramíneas mais cultivadas e estiveram presentes em todas as
propriedades de modo exclusivo ou em consorciação com outras culturas. O
cultivo da soja e do milho também foi bastante expressivo, sendo que na região da
Grande Dourados também é cultivado o milho safrinha.
A cana de açúcar, cultura anual que ultimamente vem ocupando espaços
significativos nas áreas agrícolas da região, foi encontrada somente em algumas
propriedades de maior dimensão ou em consórcio com outras culturas em
fazendas com menores extensões de terra. O plantio de arroz só foi observado nas
propriedades de tamanho médio e nas de maior dimensão (a partir de 250 ha).
Outras culturas, também foram encontradas em menor escala nas fazendas
visitadas, como por exemplo, feijão, trigo, aveia, sorgo.
34

Apesar do plantio da soja, milho e cana serem bastante significativos na região, a


cultura do arroz, foi relativamente a mais consumida pelos animais durante o
período experimental se comparado proporcionalmente ao tamanho da área
cultivada (Figura 3). Com relação às pastagens, cobertura vegetal mais comum na
região, o seu consumo não foi expressivo.

Figura 3. Porcentagem de predação das culturas pelas capivaras em relação à área


plantada.

Em algumas fazendas, mesmo havendo a presença dos animais estes não


a consumiam devido à disponibilidade de outras plantas. Alguns entrevistados
citaram que a predação das braquiárias pela espécie era benéfica, pois ajudava na
poda quando não havia a presença de bovinos nas pastagens.
Os resultados apontam para maior atividade noturna, já que o pastejo de
culturas exóticas à sua alimentação ocorreu preferencialmente à noite (Figura 4),
sendo o aguapé mais consumido somente no período da manhã (Figuras 5). Isto
evidencia que, as atividades de pastejo foram influenciadas pela ação antrópica na
região.
35

Figura 4. Seleção entre a cultura do arroz e o aguapé pelas capivaras durante os


períodos do dia.

Figura 5. Comparação entre as culturas mais consumidas pelas capivaras


evidenciando a alteração no ritmo diário da espécie.
36

DISCUSSÃO
O habitat das capivaras é caracterizado pela presença de corpos d'água
cercados por cobertura florestal seguido por pequenas áreas abertas associadas aos
campos agrícolas, com predomínio de áreas antrópicas e presença de plantas do
ciclo fotossintético C4 como cana de açúcar ou pastagem (Ferraz et al. 2007,
2009). Neste estudo, houve correlação entre o tamanho da lâmina d’água e
presença de animais na área, sendo encontrada maior quantidade de animais nas
áreas onde havia maior extensão de recursos hídricos por hectare. Portanto, a
quantidade de animais presentes na propriedade está diretamente associada à
presença de corpos d’água.
Este tipo de interação esta relacionado à ecologia da espécie,
reconhecidamente encontrada em ambientes aquáticos (Ojasti 1973; Nishida
1995), pois os utilizam como refúgio contra predadores, como auxilio na
termorregulação e para a alimentação, já que em áreas não antropizadas estes
animais se alimentam principalmente de gramíneas semi aquáticas (Ojasti 1973;
Herrera et al. 2011). Para a espécie, a competição por recursos de água, bem como
a alimentação, é um dos principais causadores de dispersão dos indivíduos (Ferraz
et al. 2009).
Em sua pesquisa, Ferraz et al. (2007) relataram que o tipo de cobertura
do solo como fonte de alimento para a espécie está entre os atributos mais
importantes para a presença de capivaras, corroborando o observado neste estudo.
Somada a existencia do recurso hídrico associado ao tipo de cultura cultivada
houve variação no número de animais. Além da existência da espécie em áreas
cultivadas com cana de açúcar ou pastagem, conforme já descrito por Ferraz et al.
(2007, 2009), as capivaras também foram observadas em áreas cultivadas com
culturas de milho, soja e o arroz, no presente estudo.
Segundo Ferraz et al. 2003, as capivaras são predadores preferenciais de
milho. A maioria dos entrevistados no presente estudo relatou que em suas
lavouras a maior predação ocorria nessa cultura. No entanto, observamos que o
arroz foi a cultura mais predada relativamente, quando considerada a área
cultivada em relação à área consumida.
37

Na safra verão de 2007, a soja foi cultivada em 1.718.031 ha e o milho


em 99.497 ha na região da Grande Dourados. As culturas cultivadas no outono-
inverno (aveia, feijão, arroz, sorgo, entre outras) ocuparam 49,7 % da área
cultivada com soja e milho no verão e, considerando a área cultivada no outono-
inverno, o milho safrinha ocupou 86,0 % da área plantada (Ceccon e Ximenes
2008). Por esta razão, para os agricultores o consumo do milho pelas capivaras
(em hectares plantados) é mais significativo do que as demais culturas.
Através da pesquisa in locus e relatos de alguns produtores, verificou-se
que nas propriedades onde havia o plantio do arroz inundado, os animais
deixavam de consumir o milho para se alimentar de arroz. Esta informação
confirma a hipótese levantada por Arteaga e Jorgenson (2007) de que as
capivaras, havendo a disponibilidade de plantas, são seletivas sobre o que comem.
Quando comparado o consumo entre milho e arroz, cultivados na mesma
propriedade, estando à mesma distância da área usada como abrigo pelos animais
(apenas em lados opostos), a ingestão do milho foi maior somente no início de sua
brotação, o que coincidiu com a colheita de arroz.
Segundo Arteaga e Jorgenson (2007), a preferência do arroz pelas
capivaras é devido à sua qualidade e teor de proteína, alto valor calórico, baixo
teor de fibra e tamanho reduzido em comparação com outras espécies de plantas.
Assim, suas folhas e espigas podem ser facilmente alcançadas e consumidas pelos
animais. Outro fator muito importante para sua escolha é o fato desta ser uma
cultura normalmente localizada em áreas inundadas, próximas à região de matas e
de recursos hídricos (Áreas de Preservação Permanente - APP), locais utilizados
como refúgio.
As capivaras preferem acessar as áreas de alimentos pela água (Ferraz et
al. 2007). Sendo assim, a questão de abrigo parece importante, como evidenciado
neste estudo e no trabalho realizado por Quintana e Rabinovich (1993), que
constataram densidade populacional de capivaras mais alta em lagoas com
vegetação enraizada e flutuante do que em lagoas sem vegetação, considerando
que este tipo de ambiente oferece um refúgio seguro para a espécie.
38

Neste estudo, as capivaras preferiram alimentar-se em regiões próximas à


mata nativa. Outro dado importante é que estes animais acessaram,
principalmente, as áreas próximas a regiões alagadas, evidenciando sua
preferência por locais que facilitem sua fuga. Em pesquisa realizada por Ferraz et
al. (2003), os danos em áreas próximas as mata foram significativamente maiores
do que no restante da área pesquisada, corroborando o observado neste estudo.
Segundo esses autores, evitar o plantio em áreas adjacentes a fragmentos florestais
utilizados por capivaras e, quando possível, adotar práticas de controle
populacional pode significar a redução da ocorrência de danos causados por
capivaras aos agroecossistemas.
Dados encontrados por Ferraz et al. (2007) demonstram que a cana de
açúcar, está entre as culturas mais consumidas pelas capivaras, sendo sua
predação, equivalente ao tamanho de área plantada na região de estudo. Áreas de
cana-de-açúcar representam alimento e também proteção, pelo menos durante
parte do ano, especialmente perto de corpos d'água sem vegetação flutuante. Estes
dados foram confirmados no presente estudo, uma vez que as fazendas com
plantio de cana eram cortadas por rios ou lagoas que eram utilizadas para o
consumo de água por bovinos, sem haver nenhum tipo de vegetação.
O consumo da soja não foi tão expressivo quando considerado o tamanho
de área cultivada. Poucos produtores descreveram que a predação da soja pelos
animais era similar a cultura do milho safrinha. Todavia, alguns proprietários
relataram que entre a soja e o milho os maiores danos foram observados na cultura
da soja. Um dos motivos que pode ter levado os animais a esta opção pode ser à
distância desta cultura em relação à mata, uma vez que a soja encontrava-se mais
próxima da APP do que a cultura do milho, reafirmando os achados de Quintana e
Rabinovich (1993) e Ferraz et al. (2003).
É válido ressaltar que, em uma das propriedades, nas quais as capivaras
já se encontram acostumadas à presença humana e que dispunha de todos os
alimentos descritos no estudo, exceto o arroz, estes animais afastaram-se por mais
de 500 m do local de abrigo para pastar nas áreas de plantio do milho,
39

principalmente quando este se encontrava na fase de formação de espigas, mesmo


tendo como opção culturas mais próximas de seu local de refúgio.
As pastagens foram pouco consumidas pelas capivaras. Segundo Ferraz
et al. (2007), quando estas são cultivadas isoladamente ou associadas a pequenos
fragmentos de floresta, como ocorrido neste estudo, representam apenas alimentos
para capivaras e mal podem servir de cobertura para a espécie. Isto pode explicar
porque, mesmo havendo grande oferta deste alimento, houve pouca predação da
cultura pelas capivaras.
De acordo com Ferraz e Verdade (2001), em condições naturais com
pouca interferência humana, pode-se dizer que as capivaras são animais de hábitos
diurnos, com pico de atividade concentrado nos períodos vespertino e anoitecer.
Entretanto, em áreas antrópicas ou em áreas de elevada pressão de caça, estes
animais tendem a tornar-se noturnos e escondidos (Moreira e Macdonald 1997;
Ferraz et al. 2007), concordando com o observado no presente estudo.
As capivaras são mais ativas no período da tarde, a partir das 16 horas até
o início da noite, mas podem realizar suas atividades a qualquer hora do dia,
principalmente nas épocas de chuvas (Ojasti 1973). Os resultados deste trabalho
sugerem que os animais foram mais ativos ao entardecer e durante a noite,
provavelmente pelo fato das áreas serem antropizadas.
Com relação ao horário de pastejo, foi verificado que as plantas
aquáticas, uma das principais fontes de alimentação em áreas naturais (Quintana
et al. 1994), somente foram consumidas ao amanhecer e durante as horas mais
quentes do dia, quando a espécie encontrava-se próxima a área de descanso e
abrigo. O maior número de registros de capivaras nas lavouras foi a partir das
20:00 h na maioria das fazendas estudadas.
Os dados encontrados contradizem o padrão de atividade e uso do
ambiente para a espécie, descrito por Jacomassa (2010), em seu trabalho realizado
no pantanal na cidade de Miranda (MS), quando os resultados sugeriram que as
capivaras são mais ativas no amanhecer e no meio do dia, forrageando com maior
frequência no meio do dia (66 %).
40

Neste estudo os prejuízos causados ao produtor rural pela espécie


possuem forte relação entre si, assim como com relação à área danificada. Isto
implica que as diversas formas de quantificar os danos, são associadas. Entretanto,
o prejuízo financeiro possui maior relação com a área danificada (ha) do que com
a perda de produção (t).
Além disto, conforme evidenciou-se, o número de animais possui
correlação moderada direta com os danos causados nas lavouras, principalmente
quando avalia-se o prejuízo em toneladas de grãos. Tais resultados reforçam
evidências de que a presença de capivaras está associada a perdas produtivas,
confirmando o descrito por Motta (1996) e Ferraz et al. (2003) que afirmam que
as altas densidades de ungulados são geralmente relacionadas com a intensidade
de danos causados, mas não com a sua incidência. Com isto, quanto maior for a
densidade animal na área agrícola, maior será a procura por alimentos,
ocasionando aumento nos danos às culturas (Ferraz et al. 2003).

IMPLICAÇÕES
As capivaras que vivem em áreas antropizadas acessam
preferencialmente os alimentos mais próximos à mata em que se abrigam e
próximas das fontes hídricas. A cultura de arroz em áreas alagadas foi a preferida
pelos animais, devido possivelmente às características nutricionais e morfológicas
das plantas e pelo fato dos indivíduos sentirem-se seguros próximos às suas áreas
de refúgio. Entretanto, a cultura predada que mais refletiu prejuízos aos
agricultores foi o milho, uma vez que esta é cultivada durante quase todo ano
(safra e safrinha).
O pico de atividade alimentar das capivaras concentrou-se nos períodos
anoitecer e noturno, provavelmente como adaptação à ação antrópica na região. O
número de animais foi bastante influenciado pela extensão de corpos d’água
sendo os prejuízos relacionados ao número de animais presente na área agrícola.
Os resultados reforçam evidências de que a presença de capivaras está associada a
perdas produtivas e que maiores áreas de corpos d’água atraem maior número
desses animais.
41

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44

CAPÍTULO 3
(Redigido de acordo com as normas da Revista Ciência e Agrotecnologia)
45

Características da carne e carcaça de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris L.


1766) de vida livre

RESUMO
O estudo foi realizado com o objetivo de avaliar as características da carne e
carcaça de capivaras de vida livre. Foram utilizadas cinco capivaras (2 machos e 3
fêmeas), com peso corporal médio de 63,4±10,25 kg, provenientes de áreas
agrícolas da Região da Grande Dourados (MS). Após o abate foram determinados o
peso e o rendimento das carcaças, suas mensurações e o peso dos cortes comerciais.
Foram avaliados na carne dos diferentes cortes os teores de umidade, proteína,
lipídios, matéria mineral, Ca, P e Fe; capacidade de retenção de água (CRA), perdas
por cozimento (PCOZ), força de cisalhamento (FC), e coloração (luminosidade
(L*), intensidade de vermelho (a*) e intensidade de amarelo (b*). O Rendimento de
Carcaça Quente (RCC) médio foi de 62,47 % e o Rendimento de Carcaça Fria
(RCF) foi de 57,89% não havendo diferença entre os sexos. O valor médio
encontrado para porcentagem de perda ao resfriamento (PPR) foi inferior a outros
trabalhos realizados com a espécie (4,10 %). Para rendimento de cortes não foi
encontrada diferença (P>0,05), entre costela (24,98 %) e pernil (27,29 %). Não
foram encontradas diferenças (P>0,05) entre os cortes para os teores de umidade,
proteína e matéria mineral. A carne apresentou teores lipídicos variando entre 0,7 a
1,85 %. A carne de capivara apresentou valores semelhantes aos descritos para
outras espécies de produção quanto à luminosidade, teores de vermelho e amarelo,
CRA, PCOZ e FC. Os valores encontrados demonstram a viabilidade de se
desenvolver projetos que propendem o manejo sustentável destes animais, uma vez
que a carne apresenta-se dentro dos padrões de comercialização.

Palavras-chave: áreas agrícolas; características tecnológicas; cortes comerciais;


manejo sustentável; valor relativo do corte
46

Meat and carcass traits of wildlife capybaras (Hydrochoerus hydrochaeris L.


1766)

ABSTRACT
The study was carried out to evaluate the characteristics of meat and carcass of
free-living capybaras. Five capybaras (2 males and 3 females) come from
agricultural areas on the Dourados region (MS) with weight about 63.4 ± 10.25 kg
were used on this research. After the animals’ slaughter, the weight and carcass
yield and weight of commercial cuts were assessed. Then, some traits were
measured, such as different levels of moisture, protein, fat, ash, Ca, P, Fe, water
holding capacity (WHC), cook losses (CL), shear force (SF), and meat color
(lightness (L *), redness (a *) and yellowness (b *). The average value of Hot
Carcass Weight (HCW) was 62.47% and the Cold Carcass Weight (CCW) was 57,
89% without difference between sexes. The average value found for the percentage
of chilling losses (PCL) was lower than other studies conducted with this species
(4.10%). There was no difference for yield of retail cuts (P> 0.05) between rib
(24.98%) and leg (27.29%). There was no difference (P> 0.05) among the cuts for
moisture, protein and mineral matter. The meat lipid content varied from 0.7 to
1.85%. The capybara meat showed similar values to those described for other
species on the meat lightness, redness and yellowness, WHC, SF and CL. These
results demonstrate the feasibility of developing projects that support the
sustainable management of these animals, since the meat quality is suitable to the
commercial standards.

Keywords: farming areas, technical traits, retail cuts, sustainable management,


relative cut’s price
47

INTRODUÇÃO
A carne de animais silvestres, em diversos países em desenvolvimento,
tem sido uma das principais fontes proteicas (Gaspar & Silva, 2009) para algumas
populações rurais e indígenas. O mercado consumidor tem se mostrado receptivo ao
consumo de carne silvestre e com isto, observa-se principalmente um mercado
potencialmente promissor, pois estes animais podem se transformar em fontes
viáveis de produtos de grande rentabilidade, contribuindo para a produção de
alimentos (Oda et al., 2004a).
A capivara é um roedor silvestre de interesse econômico que vem se
destacando no mercado de carnes exóticas em função de suas características
biológicas e produtivas, sendo indicada como recurso potencial para implementação
de sistemas de desenvolvimento sustentável (Ingrand & Hostache, 1993; Kyle,
1994; Alvarez, 2011). Este tipo de atividade significa nova alternativa para o
produtor rural gerando proteína para a população humana, além de contribuir com a
proteção e preservação da fauna (Alvarez & Kravetz, 2006).
Na Venezuela, é praticada a exploração sustentável das populações
silvestres de capivaras, por meio da coleta controlada. Quando a população de
capivaras atinge densidades iguais ou superiores a 0,6 indivíduos por hectare,
autoriza-se a captura anual de até 30 % da população (Ojasti, 1973; Herrera, 1992).
Estima-se que, entre 30 e 50 mil animais são abatidos legalmente a cada ano na
Venezuela (Alvarez, 2011).
No Brasil, embora estas práticas sejam proibidas pela Lei de Proteção à
Fauna Nativa (Lei Nº 5.197/1967 e posteriores normatizações), a permissão da
comercialização, bem como, a extração do produto pelos proprietários de áreas
onde as capivaras são descritas como animais problema seria uma alternativa
viável, para a conservação das populações de outras espécies mais raras, e também
dos ambientes por elas utilizadas (Moreira & Piovezan, 2005).
Pouco se sabe sobre a qualidade nutricional, mercado e consumo da carne
de capivara, e os trabalhos que caracterizam os fatores que interferem nas
características físicas e químicas da sua carne são escassos, bem como, estudos
destinados à avaliação do rendimento de carcaça da espécie. Desta forma, o
48

presente estudo foi conduzido com o objetivo de determinar as características de


carcaça e qualidade da carne de capivaras de vida livre.

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Faculdade de Ciências Agrárias, da
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), localizada no município de
Dourados (MS). Foram utilizados na pesquisa cinco animais adultos sendo dois
machos e três fêmeas, com peso corporal médio de 63,4±10,25 kg, provenientes de
áreas agrícolas da Região da Grande Dourados (MS). A classificação se deu
segundo seu tamanho, sendo considerados animais adultos com peso acima de 30
kg, conforme proposto por Verdade & Ferraz (2006).
Os animais, por serem de vida livre encontravam-se em ambientes naturais
sem nenhum tipo de manejo e alimentavam-se principalmente de culturas
implantadas nas propriedades (soja, cana, milho, arroz, entre outras). Todos os
procedimentos relativos à captura, manipulação, transporte e abate dos animais
foram conduzidos sobre aprovação e consentimento legal da autoridade federal
brasileira responsável (MMA/ICMBio/SISBIO) número do processo 23469-1
expedido com base na Instrução Normativa nº 154/2007, através do código de
autenticação nº 52397954 e contou com a aprovação da Comissão de ética no uso
de animais da UFGD protocolo nº001/2011.
Após a captura, os animais foram transportados ao Laboratório de
Tecnologia de Carnes da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD), onde foram abatidos para avaliação dos
pesos e rendimento de carcaça quente, ou seja, relação entre o peso de carcaça
quente (carcaça eviscerada sem patas, cabeça e couro) e o peso de abate, expresso
em porcentagem. Após resfriamento por 24 horas em câmara frigorífica a 4°C, as
carcaças foram novamente pesadas para a obtenção do peso e rendimento de
carcaça fria. Foram realizadas leituras de pH final (24 horas post mortem) com o
auxílio de um medidor de pH portátil com sonda de penetração (Testo®). Foram
realizadas três medidas de pH em cada carcaça (pernil, paleta e lombo), e sua média
foi utilizada na análise.
49

As carcaças foram divididas longitudinalmente, sendo a metade direita


seccionada em cortes comerciais, os quais foram posteriormente pesados e medidos
para estimar o rendimento em relação à carcaça fria. A divisão dos cortes foi
baseada no trabalho de Santos et al. (2001) para ovinos, sendo adaptada pelo
Laboratório de Tecnologia de Carnes (UFGD), em seis regiões anatômicas: pernil
(músculos Quadríceps femoral, semimembranoso e tendinoso), paleta (Bíceps
braquial e Tríceps braquial), fraldinha (diafragma), costela, lombo (músculo
Quadratus lumborum), e pescoço formando os cortes comerciais (Figura 1):

Fonte: adaptado de Santos et al. (2001).

Figura 1. Cortes comerciais realizados na meia carcaça direita das capivaras.

Na meia carcaça esquerda, entre a 10ª e 12a costela, realizou-se a retirada


do músculo Longissimus dorsi, que junto com os demais cortes, foram
acondicionados em sacos de polietileno e mantidos em freezer a -18ºC para análise
posterior. As capivaras e as carcaças foram pesadas em balança mecânica para 100
50

kg e os cortes em balanças eletrônicas digitais para 15 kg/0,1 g e 30 kg/0,1 g. Os


parâmetros utilizados para avaliação das carcaças foram determinados como segue:
1. Rendimento da carcaça quente (RCQ) = peso da carcaça quente (PCQ) /peso
corporal ao abate (PCA) x 100;
2. Rendimento da carcaça fria (RCF) = peso da carcaça fria (PCF) /peso
corporal ao abate (PCA) x 100;
3. Porcentagem de perdas por resfriamento (PPR) = PR (%) = PCQ – PCF x
100/PCQ;
4. Rendimento dos cortes comerciais (RCC) = peso individual dos cortes/peso
da carcaça fria x 100
5. Comprimento interno da carcaça (CC) mensurado com fita métrica segundo
metodologia descrita por Osório & Osório (2005) na região entre a borda
anterior da sínfese ísquio-pubiana e o bordo anterior da primeira costela em
seu ponto médio, e
6. Profundidade do tórax (PT). Distância reta máxima entre o dorso e o osso
esterno, ou seja, região da cruzes e a crista esternal em sua distância
máxima (Palsson, 1939 citado por Osório & Osório, 2005). Estas medidas
foram tomadas com fita métrica.
Amostras de 100 gramas de cada corte foram separadas, homogeneizadas,
identificadas e congeladas a -18 ºC para avaliação da composição química da carne,
realizada nos Laboratórios de Nutrição Animal da UFGD e Laboratório de Solos,
Planta e Corretivos da Embrapa Agropecuária Oeste. Os teores de umidade,
proteína bruta (obtida pelo cálculo do nitrogênio Kjeldahl versus o fator de correção
6,25), lipídios e matéria mineral foram determinados segundo metodologia descrita
por Silva & Queiroz (2002).
Os minerais fósforo (P), cálcio (Ca), e ferro (Fe) foram determinados de
acordo com metodologia proposta pelos mesmos autores para preparo de soluções
minerais via úmida, com adaptações realizadas pelo Laboratório de Solos, Planta e
Corretivos da Embrapa. A leitura dos minerais (Ca e Fe) foi realizada em
espectrofotômetro de absorção atômica e o P, através de leitura em
51

espectrofotômetro de absorção molecular com comprimento de onda 420nm pelo


método do Amarelo de Metavanadato.
Para avaliação das características qualitativas da carne foi separado o
músculo L. dorsi de cada animal. A capacidade de retenção de água (CRA) foi
obtida por diferença entre os pesos de uma amostra de carne, de aproximadamente
2 g, antes e depois de ser submetida à pressão de 10 kg, durante 5 minutos
conforme metodologia descrita por (Hamm, 1986).
A avaliação objetiva da cor foi realizada por meio de colorímetro portátil
modelo Minolta CR 410, utilizando-se a escala L* (luminosidade), a* (teor de
vermelho) e b* (teor de amarelo) do sistema CIELab, com fonte de luz de D65 e
ângulo de 10o. As medidas foram realizadas na superfície da amostra, conforme
metodologia descrita por Houben et al. (2000).
As perdas de peso por cozimento foram realizadas conforme descrito por
Abularach et al. (1998). As amostras foram previamente descongeladas durante 24
horas sob refrigeração (4° C), cortadas em bifes de 2,5 cm de espessura, e assadas
em forno elétrico pré-aquecido à temperatura de 300ºC, até atingir 70° C no centro
geométrico.
Após o cozimento os bifes foram resfriados à temperatura ambiente por
uma hora e a umidade superficial retirada com papel absorvente, sendo novamente
pesadas. A porcentagem de perda de peso por cozimento (PCOZ) foi determinada
pela diferença entre o peso final e peso inicial da amostra, conforme a Equação: %
PCOZ = (Pi - Pf) / Pi × 100, em que: PCOZ = perda de peso por cozimento; Pf =
peso da amostra após cozimento; Pi = peso inicial da amostra.
A determinação da força de cisalhamento (FC) foi realizada de acordo com
metodologia descrita por Wheeler et al. (2005). Para tanto, utilizaram-se as
amostras assadas como descrito no item anterior, das quais foram retirados seis
cilindros de 13 mm de diâmetro, no sentido paralelo às fibras musculares, com
auxílio de um vazador. Para mensuração da FC, utilizou Texturômetro (TA.XT2i,
Stable 27 Micro Systems), com lâmina Warner-Bratzler, deslocando-se com
velocidade de descida de 500mm/min (AMSA, 1995).
52

Para a análise de RCC foi utilizado o delineamento inteiramente


casualizado (DIC) considerando os cortes como tratamentos, os animais como
repetição e a variável resposta o RCC. Para avaliar as diferenças da composição
centesimal da carne entre machos e fêmeas, foi realizado teste de comparação de
média (teste t de Student). Para isto o sexo foi considerado tratamentos, sendo as
repetições os cortes comerciais de cada animal.
Nas análises dos parâmetros nutricionais como não houve diferença entre
os tratamentos e, levando em conta que todas as unidades experimentais eram
bastante semelhantes, seguiu-se a tendência de outros trabalhos realizados com
capivaras de cativeiro (Bressan et al. 2002; Oda et al. 2004a). Portanto, usou-se um
delineamento inteiramente casualizado (DIC), considerando os cortes como
tratamentos, os animais como repetição e os parâmetros nutricionais como as
variáveis respostas.
Para determinação das características qualitativas da carne foi realizada
análise descritiva para avaliar a CRA bem como cor e FC, para a carne de capivara
de vida livre independente do sexo. Os dados médios descritos para as variáveis
foram discutidos e comparados com trabalhos realizados com carne de capivara em
cativeiro e com outras espécies de produção.
As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do pacote
SigmaPlot 11.0 (2008), seguido pelo modelo estatístico descrito abaixo:
Yij = µ + ti + e ij, em que:
Yij é variável observada; µ, constante geral; ti, efeito do tratamento e o eij, erro
aleatório associado a cada observação.
Quando a análise de variância identificou diferença significativa entre os
cortes para cada variável analisada, as médias foram submetidas ao teste de Tukey
ao nível de 5 % de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores para pesos e rendimentos de carcaça quente e fria, índice de
quebra ao resfriamento e comprimento de carcaça e profundidade do tórax são
apresentados na Tabela 1.
53

Tabela 1. Análise quantitativa da carcaça de capivaras de vida livre em áreas


agrícolas da Região da Grande Dourados (valores médios, máximos, mínimos e
coeficiente de variação).
Parâmetros Média CV (%)
PCA (kg) 63,40 16,18
PAV (kg) 45,64 26,08
PCQ (kg) 40,30 27,08
PCF (kg) 37,21 26,46
RCQ (%) 62,47 15,44
RCF (%) 57,89 15,85
PPR (%) 4,13 40,43
CC (cm) 63,00 15,02
PT (cm) 22,00 3,21
PCA = peso corporal ao abate, PAV = peso do animal vazio, eviscerado sem patas e com cabeças, PCQ = peso
da carcaça quente (carcaça eviscerada sem patas, cabeça e couro), PCF = peso da carcaça fria, PPR =
porcentagem de perdas por resfriamento (PCQ – PCF x 100/PCQ), RCQ = rendimento da carcaça quente
(PCQ/PCA) x 100, RCF = rendimento da carcaça fria (PCF / PCA) x 100; CC = comprimento de carcaça, PT =
profundidade do tórax.

O rendimento de carcaça quente (RCQ) médio foi de 62,47 %. Estudando


capivaras oriundas de condições naturais, Assaf et al. (1976ab) citados por Pinheiro
et al. (2007) encontraram rendimento de carcaça quente de 49,89 a 64,7 %. Em
pesquisa realizada com capivaras confinadas e semiconfinadas e alimentadas com
diferentes dietas, Andrade et al. (1998) encontram valor médio de 63,96 % de
RCQ. No experimento realizado por Bressan et al. (2002), o RCQ médio foi de
51,33 %.
Quando comparado com outras espécies de produção, o RCQ das
capivaras foi superior ao encontrado por Menezes et al. (2008), para carcaças de
cordeiros da raça Santa Inês, terminados em pasto com três tipos de gramíneas
(47,3 %). Também houve superioridade para os valores de RCQ apresentados por
bovinos Nelores selecionados e Nelores não selecionados (57,83% e 56,82 %),
respectivamente (Vittori et al., 2006).
O rendimento está diretamente relacionado à qualidade da carne
comercializável (boa distribuição das gorduras de cobertura, intermuscular e
intramuscular, tecido muscular desenvolvido e compacto, carne de consistência
tenra, coloração, entre outras) e, pode ser influenciado pela idade, sexo, raça e tipo
de manejo (Gomide et al., 2006). Entretanto, o peso ideal ao sacrifício, de acordo
54

com Osório (2002), torna-se um dos principais determinantes na qualidade, pois é


aquele em que a proporção de músculos na carcaça é máxima e a gordura,
suficiente para conceder à carne, propriedades sensoriais adequadas à preferência
do mercado consumidor.
Maiores rendimentos de carcaça estão, na maioria das vezes, associados a
animais mais gordos, cujas carcaças irão produzir ou apresentar uma menor
porcentagem de porção comestível (Oliveira, 2005). No presente trabalho, o peso
dos animais ao abate (PCA), encontrava-se na média de 63,40 kg. O peso de abate
ideal para capivaras de acordo com Pinheiro (2008) é de 40 kg. Após esse peso, o
animal atinge quase que por completo o desenvolvimento do tecido muscular,
passando a depositar mais gordura, o que causa piora na conversão alimentar
(Pinheiro, 2008).
O rendimento da carcaça aumenta com a elevação do peso corporal, idade
e grau de acabamento (quantidade de gordura) do animal (Fernandes & Barros,
2009). Entretanto, o excesso de gordura na carcaça, além de afetar a qualidade do
produto final, repercute na viabilidade econômica do sistema de produção, tendo
em vista a transformação de boa parte dos nutrientes em tecido indesejável, sob o
ponto de vista do consumidor (Fernandes & Barros, 2009). Apesar da carne de
capivara apresentar menor teor de gordura saturada, seu maior grau de insaturação
em relação às carnes vermelhas tradicionais pode levar a mais rápida rancificação
do produto se disposto “in natura” nas prateleiras.
O rendimento de carcaça fria (RCF) obtido (57,89 %) condiz com o
descrito por Pinheiro et al. (2007), que encontraram valores semelhantes, incluindo-
se dados de machos e fêmeas (58,26 %). Conforme citam os mesmos autores, estes
valores são considerados excelentes se comparados aos de outros experimentos com
capivaras e superiores aos de bovinos (49,69 %), caprinos (45-52 %) e ovinos (até
50 %).
A porcentagem de perda no resfriamento indica a porcentagem de peso
que é perdido durante o resfriamento da carcaça, em função de alguns fatores, como
perda de umidade e reações químicas que ocorrem no músculo (Martins, 1997;
Brochier & Carvalho, 2009). Assim, quanto menor esse valor, maior é a
55

probabilidade da carcaça ter sido manejada e armazenada de modo adequado. Neste


experimento, a porcentagem de perdas por resfriamento (PPR) foi inferior, quando
comparado ao trabalho de Andrade et al. (1998) que verificaram valores médios de
perdas por resfriamento de 5,36 e 4,50 %, para capivaras confinadas e em piquetes,
respectivamente.
As medidas de carcaça, como por exemplo, comprimento interno (CC) e
profundidade torácica (PT) servem para caracterizar o produto, pois apresentam alta
correlação com seu peso e podem ser utilizadas como indicadoras de características
de carcaça (Wood et al., 1980; Bueno et al., 2000). Neste estudo, para as medidas
comprimento interno (CC) e profundidade torácica (PT) os valores encontrados
foram 63 e 22 %, respectivamente. O valor médio de CC foi superior ao descritos
por Pinheiro et al. (2007) que descreveram médias de 57.63 % para fêmeas e 55.41
% para machos. Já a média de PT foi semelhante à descrita por estes autores (23.62
% para fêmeas e 22.68 para machos).
A análise de variância não revelou diferenças estatísticas (P<0,05) para os
cortes costela e pernil (24,98 e 27,29 %), respectivamente (Tabela 2).

Tabela 2. Rendimento dos cortes comercial (RCC), desvio padrão e coeficiente de


variação em capivaras de vida livre.
Cortes RCC (%)
comerciais Média DP CV (%)
Lombo 13,28b ±2,33 17,55
Costela 24,98a ±4,62 18,49
Paleta 14,76b ±2,25 15,24
Pernil 27,29a ±2,62 9,60
Fraldinha 9,55b ±2,23 23,35
Pescoço 7,64bc ±1,58 20,68
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, são estatisticamente iguais pelo teste de Tukey ao nível de 5
% de probabilidade.

Conforme citam Andrade et al. (2008), animais criados em áreas maiores,


apresentam maior rendimento de pernil que animais criados confinados, que
tendem a apresentar maior rendimento em paleta e em lombo e têm maior
rendimento de costela. Os valores médios para o corte costela neste estudo são
superiores aos descritos por Andrade et al. (2008); Pinheiro et al. (2007); Bressan et
56

al. (2002) que encontraram valores médios de 14,60 %, 12,86 % e 9,94 %


(respectivamente) para capivaras de cativeiro. Esses resultados contradizem as
afirmações de Andrade et al. (2008).
O valor médio geral para machos e fêmeas de rendimento de lombo foi de
13,28 % sendo este valor superior ao encontrado por Pinheiro et al. (2007) e
Andrade et al. (2008), para machos e fêmeas (8,47 % e 10,83 %), respectivamente.
Com relação à paleta (14,76 %), verificou-se que as médias foram semelhantes à
descrita por Andrade et al. (2008), para capivaras semiconfinadas alimentadas com
ração farelada + capim (16,66 %). As capivaras tendem a apresentar maior
desenvolvimento, quando possui maiores condições para movimentação e outras
atividades, devido à redução do estresse e maior atividade física (Andrade et al.,
2008), o que foi corroborado pelo presente estudo.
Os cortes comerciais, além de variarem em qualidade de acordo com a sua
natureza, possuem estreita relação com o seu valor de comercialização, pois cada
um dos cortes comerciais possui um valor relativo em relação ao valor total da
carcaça (Gomide et al., 2006), assim como, o peso de cada corte é um fator
determinante no preço final de venda da carcaça (Alves, 2008).
Sendo assim, foi realizada uma avaliação econômica dos cortes comerciais
das capivaras, baseada na porcentagem média do rendimento dos cortes na carcaça
e também, simulação utilizando-se os mesmo valores descritos anteriormente para
pernil, paleta e costela, visando avaliar se existe influencia dos demais cortes (%)
no preço total da carcaça (Tabela 3). A metodologia para esta avaliação foi descrita
por Alves (2008).
Os dados apontam como sendo o pernil o corte mais valorizado na carcaça,
uma vez que, não houve diferença significativa (P>0,05) entre os cortes pernil e
costela para rendimento na carcaça. Observa-se que após a simulação, o pernil
continua sendo o corte mais valorizado, entretanto, o lombo que também é
considerado como corte nobre passou a representar 13,63 % do preço total da
carcaça valor aproximado ao descrito para paleta.
57

Tabela 3. Avaliação e simulação do valor relativo dos cortes comerciais da carne


de capivara em relação a seus respectivos percentuais na carcaça.
Peso da Valor Valor
% dos porção relativo relativo
cortes na comestível Preço do corte Preço do corte
Cortes carcaça (%) (kg)** (kg)***
Pernil 27,29 27,99 R$ 78,00 40,72 R$ 78,00 27,99
Paleta 14,75 15,12 R$ 78,00 22,00 R$ 78,00 15,12
Costela 24,98 25,62 R$ 78,00 37,28 R$ 78,00 25,62
Pescoço 7,64 7,84 - - R$ 78,00 7,84
Lombo 13,28 13,63 - - R$ 78,00 13,63
Fraldinha 9,55 9,79 - - R$ 78,00 9,79
Total 97,49 100 100 100
* Os 97,49 % de cortes comercializáveis para consumo, são os 100 % considerados para a avaliação (peso
venda comestível).
** Cotação realizada no mês de outubro de 2011, em um dos maiores fornecedores de carnes exóticas do país
para os principais cortes comercializados.
*** simulação realizada em cima do preço para cortes nobres (cotação realizada no mês de outubro de 2011,
em um dos maiores fornecedores de carnes exóticas do país).

Estes dados demonstram que os cortes nobres (pernil, paleta e lombo)


influenciam consideravelmente no preço total da carcaça. Neste contexto, Alves
(2008), descreve que a partir do potencial econômico dos cortes pode-se traçar
estratégias de venda, otimizando o valor da carcaça e obtendo, assim, maior
lucratividade.
Com relação à composição química centesimal da carne de capivara de
vida livre, para todos os parâmetros avaliados neste estudo, não foram apresentadas
diferenças (P>0,05) entre os sexos (Tabela 4).

Tabela 4. Médias e desvios padrão da composição química centesimal da carne de


capivara expressos na matéria natural (MN).
Sexo Umidade Lipídeos Proteína Matéria Ca P Fe
(g/100g) (g/100g) (g/100g) mineral (mg/100g) (mg/100g) (mg/100g)
(g/100g)
Média Média Média Média Média Média Média
Machos 74,23±4,92 1,53±0,69 20,98±1,99 1,26±0,20 28,69±10,54 202,90±23,79 0,39±0,38
Fêmeas 75,28±3,36 1,44±0,46 20,33±2,31 1,15±0,20 32,92±13,03 205,48±22,47 0,60±0,14
Médias 74,75 1,48 20,65 1,20 30,80 204,19 0,49
58

Para os cortes comerciais, não foram encontradas diferenças significativas


nos percentuais de umidade, proteína e matéria mineral (Tabela 5). Entretanto,
houve diferença (P<0,05) entre os cortes os teores de lipídeos.
Comparando os mesmo cortes em capivaras de cativeiro, Oda et al.
(2004a) encontraram valores médios de 75,80 % de umidade. O teor de umidade
descrito por Saldanha (2000) para pernil e paleta de machos e fêmeas de capivaras
variou de 76,41 a 77,37 % dependendo do corte e sexo. Já em estudo realizado com
o objetivo de avaliar o efeito do manejo com capivaras jovens em confinamento
Girardi et al. (2004) encontraram valores médios de umidade de 74,47 e 74,42 %
para lombo, para capivaras com ou sem acesso à lagoa, respectivamente.
Quando comparados os teores de umidade e lipídios com outras espécies,
os valores encontrados confirmam as afirmações feitas por Sales (1995); Kadim et
al. (2008), que descrevem que o teor de água difere apenas ligeiramente entre as
espécies, sendo as diferenças no teor de gordura mais acentuadas.

Tabela 5. Composição química centesimal e desvio padrão dos cortes comerciais


de carne de capivaras provenientes de áreas agrícolas.
Cortes Comerciais Umidade Lipídeos Proteína Matéria
(g/100g) (g/100g) (g/100g) mineral
(g/100g)
Média Média Média Média
Lombo 74,90±1,67 a 0,70±0,42b 21,50±1,22 a 1,16±0,09 a
Costela 78,05±1,67 a 1,51±0,42ª 19,46±1,22 a 1,18±0,09 a
Longissimus dorsi 73,33±1,67 a 1,48±0,42ª 20,67±1,22 a 1,29±0,09 a
Paleta 73,94±1,67 a 1,43±0,42ªb 22,25±1,22 a 1,31±0,09 a
Pernil 74,35±1,67 a 1,83±0,42ª 20,66±1,22 a 1,26±0,09 a
Fraldinha 74,60±1,67 a 1,85±0,42ª 18,98±1,22 a 1,05±0,09 a
Média Geral 74,86 1,46 20,58 1,21
CV (%) 2,23 28,77 5,93 7,44
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, são estatisticamente iguais entre si pelo teste de Tukey ao nível
de 5% de probabilidade.
59

O teor de lipídios totais apresentou-se baixo, variando entre 0,7 a 1,85


g/100g, assemelhando-se aos teores observados em capivaras por Saldanha et al.
(2002), para os cortes pernil e paleta (média de 1,60 g/100 g). Os dados
encontrados, também foram semelhantes aos descritos por Oda et al. (2004a) para
os mesmos cortes, que em seu estudo não tiveram diferenças significativas entre si,
apesar de haver uma grande variação no teor deste nutriente (0,36 a 1,25 g/100 g).
No presente estudo, a variação do teor lipídico foi menor entre os cortes,
entretanto, o lombo apresentou um teor de lipídeos (0,70 g/100 g) inferior a todos
os cortes analisados, mesmo não revelando diferença (P>0,05) quando comparado
com a paleta. Assemelha-se também, aos resultados encontrados por Oda et al.
(2004a) e Jardim et al. (2003) para o mesmo corte (0,83 g/100 g e 0,76 g/100 g),
respectivamente. Este acontecimento contradiz as afirmações descritas por
Madruga et al. (2005) que justificam que os músculos do lombo apresentam mais
gordura pelo fato de serem menos solicitados na vida do animal principalmente
quando comparado aos músculos de sustentação como é o caso do pernil.
As capivaras possuem semelhanças com os suínos em relação à deposição
de gordura, principalmente por não apresentarem gordura de marmoreio no
músculo L. dorsi como ocorre com os bovinos e ovinos. Neste contexto,
comparando os resultados deste estudo com a pesquisa realizada por Bragagnolo &
Rodriguez-Amaya (2002) com suínos, verificou-se que o teor de lipídios do lombo
também foi inferior aos cortes pernil e paleta (3 g/100 g), apesar do mesmo não
apresentar diferença significativa quando comparado ao pernil (5 g/100 g).
A média para proteína foi de 20,58 g/100 g não havendo diferença
(P>0,05) entre os cortes. Este dado foi inferior à média descrita em capivaras por
Oda et al. (2004a), para os mesmos cortes (21,98 g/100 g), entretanto foi similar a
média (20,80 g/100 g) descrita por Girardi et al. (2005) para pernil e lombo de
capivaras jovens. Portanto, o teor de proteína na carne de capivaras assemelha-se às
médias verificadas para demais espécies (16 a 22 %) conforme citam Ordóñez et al.
(2005).
O teor de matéria mineral variou de 1,05 a 1,29 mg/100 g, não
apresentando diferença (P>0,05) entre os cortes, estando dentro do intervalo de
60

valores relatados para outros animais de produção (Ramos et al., 2009; Juárez et al.,
2009; Leão et al., 2011; Faria et al., 2009). Em relação ao micro-elemento ferro
(Fe), a concentração média determinada foi de 0,51 mg/100 g. O teor deste mineral
apresentou diferenças (P<0,05) em relação aos distintos cortes, sendo a costela o
corte mais rico, apesar de não apresentar diferença (P>0,05) quando comparado a
paleta, lombo e fraldinha (Tabela 6).
São escassas as informações, na literatura, sobre a composição mineral da
carne de capivara, entretanto, o valor médio para o teor de Fe, apresenta-se inferior
ao descrito por Gaona (1987), que encontrou valores de 2,7 mg deste mineral.
Quando comparado com os valores descritos por Saldanha (2000) esta diferença
torna-se mais significativa, uma vez que em seu trabalho o valor apresentado foi de
64,20 mg/100 g de carne independe do sexo.

Tabela 6. Composição mineral (macro e micro-elementos) dos principais cortes de


capivaras adultas oriundas de ambientes naturais (mg/100 g de porção comestível).
Fe Ca P
Pernil 0,44±0,10b 29,01±7,09 a 215,29±10,78 a
Paleta 0,64±0,10abc 28,11±7,09 a 212,34±10,78 a
Costela 0,65±0,10a 39,65±7,09 a 190,68±10,78 a
Longíssimus dorsi 0,40±0,10bc 37,22±7,09 a 213,38±10,78 a
Lombo 0,49±0,10ab 33,37±7,09 a 201,70±10,78 a
Fraldinha 0,47±0,10ab 20,02±7,09 a 193,29±10,78 a
Média Geral 0,51 31,23 204,44
CV (%) 19,60 22,70 5,27
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, são estatisticamente iguais entre si pelo teste de Tukey ao nível de
5% de probabilidade.

Em comparação a outras animais de produção, a carne de capivara


analisada neste estudo apresentou de teor Fe inferior aos descritos por Camargo et
al. (2008) para carne bovina (2,06 e 1,99 mg/100 g) nelore e F1 Sindi x Nelore
(respectivamente) e a média descrita por Balog et al. (2008) dos principais
músculos de avestruzes (12,25 mg/100 g). Entretanto, apresentou teor semelhante à
carne de frango (0,9 mg/100 g) e truta (0,4 mg/100 g) conforme citam Gaspar &
Silva (2009).
61

Não foram observadas diferenças (P>0,05) entre os cortes para o teor de


cálcio (Ca) Contudo, o valor deste macro-mineral nos cortes da meia carcaça foi
inferior ao citado por Saldanha (2000), em seu estudo (110,00 mg/100 g) com
capivaras de cativeiros, porém superior ao descrito por Frasson & Salgado (1990)
que encontraram teores de Ca entre 1,0 e 4,0 mg/100g para diferentes cortes da
carne de capivara.
O fósforo (P) não apresentou diferença (P>0,05) com relação ao seu teor
para os diferentes cortes. O valor médio deste mineral (204,44 mg/100 g) apresenta-
se inferior ao descrito por Saldanha (2000) para capivaras (240,00 mg/g). Por outro
lado, os valores indicam que o teor de P médio em capivaras é superior aos valores
observados por Madruga et al. (2002) para caprinos castrados e inteiros (175,78 e
175,51 mg/100 g) respectivamente.
Entre os principais parâmetros avaliados para determinar a qualidade e
aceitabilidade da carne, independente da espécie, estão as características
tecnológicas como pH e capacidade de retenção de água, bem como as
características sensoriais: cor ou aparência, textura, suculência e sabor (Rosenvold
et al., 2001; Gaya & Ferraz, 2006). As características sensoriais e tecnológicas
podem variar com a espécie, raça, idade, sexo, alimentação e manejo pós-mortem
(Osório et al., 2009).
O valor médio de pH final (24 horas post mortem) encontrado neste estudo
foi de 5,60 (Tabela 7). Para que uma carne seja macia de acordo com Luchiari Filho
(2006), este deverá ser abaixo de 5,8, valor considerado ótimo para exportação
Luchiari Filho (2000).
Em estudos realizados por Bressan et al. (2004) com capivaras adultas em
cativeiro os valores de pH final médio foram de 6,01 no músculo L. dorsi. No
trabalho realizado por Oda et al., (2004b) o pH final médio foi de 5,96. Este valor é
considerado acima do intervalo adequado de acidificação em carnes vermelhas,
revelando segundo os autores que, certamente, houve um gasto das reservas de
glicogênio muscular no pré-abate, desencadeando carnes menos ácidas às 24 horas
post mortem.
62

Tabela 7. Valores médios de pH, capacidade de retenção de água (CRA), perda de


peso por cozimento (PCOZ) e força de cisalhamento (FC) do músculo Longíssimus
dorsi de capivaras.
Parâmetros avaliados Média DP CV (%)
pH (final) 5,60 0,02 0,36
CRA (%) 67,21 3,02 4,49
PCOZ (%) 27,86 9,92 35,61
FC (kgf/cm-2) 2,84 0,79 27,82

Em alguns países, como na Austrália são inaceitáveis valores de pH


superiores a 5,7 (McIntyre, 2000 citado por Delgado & Soria, 2006). Valores de pH
entre 5,40 e 5,60 são considerados normais para carne bovina, sendo pH 6,0
considerado como um divisor entre o corte normal e o dark-cutting (Fernandes et
al., 2008).
O controle do pH final carne é de fundamental importância, pois é a partir
deste que se avalia a qualidade da mesma, uma vez que este pode influenciar em
vários aspectos, com, por exemplo, sua capacidade de retenção de água (CRA) e
propriedades sensoriais como suculência, maciez, sabor e cor (Lawrie, 2005).
De acordo com Abularach et al. (1998), valores de pH acima de 5,8 podem
causar maior CRA acarretando menor vida de prateleira da carne. A CRA é um
termo originalmente usado para descrever a capacidade do músculo e dos produtos
cárneos em manter a água ligada a si (Gaya & Ferraz, 2006), podendo ser definida
como o maior ou menor nível de fixação de água de composição do músculo nas
cadeias de actino-miosina. No momento da mastigação a CRA se traduz em
sensação de maior ou menor suculência, sendo avaliada de maneira positiva ou
negativa pelo consumidor (Osório et al., 2009).
Quando os tecidos têm pouca CRA, as perdas de umidade e
consequentemente, de peso, durante seu armazenamento e processamento, podem
ser significativas (Ordóñez et al., 2005). Neste contexto, quanto maior o teor de
água ligada, maior a CRA do tecido muscular (Pardi et al., 2001) sendo que a
63

menor CRA da carne implica em perdas do valor nutritivo pelo exudato liberado,
resultando em carne mais seca e com menor maciez.
Neste estudo, a carne de capivara apresentou CRA de 67,21 %. Dados
descritos por Bressan et al. (2004), demonstraram CRA de aproximadamente 76,50
% para a carne de capivara. Este dado condiz com as afirmações de Abularach et al.
(1998), citados anteriormente, uma vez que os valores de pH apresentados por
Bressan et al. (2004), foram superiores a 5,8.
Para perdas de água por cozimento ou cocção (PCOZ), os valores médios
encontrados foram de 27,86 %, inferiores ao descrito por Bressan et al. (2004) para
a mesma espécie (31,28 a 33,60 %) e semelhante ao descrito por Oda et al. (2004b),
que encontraram valores variando de 24,93 a 33,84 %. A água liberada durante a
aplicação de qualquer tipo de força externa ou ao longo de um determinado
processo arrasta proteínas solúveis, vitaminas e minerais com consequente redução
do valor nutritivo (Ordóñes et al., 2005). Entretanto, durante a cocção ocorrem além
destas perdas algumas manifestações de desnaturação proteica, pois o aquecimento
incrementa as associações entre as moléculas proteicas.
A força de cisalhamento (FC) no presente estudo foi de 2,84 kgf/cm-2. Para
capivaras de cativeiro, Bressan et al. (2004) encontraram valores médios de 5,2
kgf/cm-2. Já Saldanha (2000), encontrou valores de 4,55 e 4,68 kgf nos cortes paleta
e pernil. Comparados com estes valores, a carne de capivara de vida livre mostrou-
se extremamente macia. Para que uma carne seja considerada macia, o limite
máximo de força física tem que estar em torno de 5,0 kg (Judge et al., 1988),
entretanto, cada espécie e tipo de músculo analisado possui a sua particularidade.
A cor é um dos fatores de vital importância na percepção do consumidor
quanto à qualidade da carne, pois é uma característica que influencia tanto na
escolha inicial do produto pelo consumidor como na aceitação no momento do
consumo (Fletcher, 1999; Gaya & Ferraz, 2006; Tapp III et al., 2011). A cor é dada
pelos pigmentos de mioglobina existentes nos músculos e esta varia de acordo com
a espécie, sexo, idade, localização anatômica do músculo e atividade física exercida
pelo animal (Luchiari Filho, 2000). Além disto, a coloração da carne também é um
dos parâmetros essenciais para estimar a sua maciez uma vez que pode ser afetada
64

diretamente pelo pH (Delgado & Soria, 2006). Ainda segundo os autores, carnes
com pH elevado geralmente tem maior capacidade de retenção de água,
apresentando uma maior absorbância da luz e consequentemente coloração mais
escura.
O valor de luminosidade - L* (Tabela 8) foi superior ao descrito por
Bressan et al. (2004) para a mesma espécie (34,28). Avaliando dois métodos de
abate de capivaras, o método humanitário (MH) e o método a tiro (MT), Oda et al.
(2004b) observaram carnes mais escuras (29,58) no primeiro método do que
aquelas verificadas no MT (32,40).

Tabela 8. Valores médios de luminosidade (L*), intensidade de vermelho (a*), e


intensidade de amarelo (b*) do músculo L. dorsi de capivaras de vida livre.
Parâmetros avaliados Média DP CV (%)
L* 39,94 3,65 9,14
a* 22,10 3,01 13,62
b* 11,12 1,85 16,64

O valor de L* descrito neste trabalho assemelha-se ao encontrado por


Fernandes et al. (2008) para bovinos (37,69) e inferior o da carne suína, que
segundo a “Meat and Livestock Comission”, órgão ligado a American Meat
Science Association (AMSA) apresenta valores de L* entre 49 a 60, dentro dos
padrões adequados de qualidade da carne suína (Warris & Brown, 1995). Neste
contexto, a luminosidade da carne de capivara, assemelha-se a verificada em carnes
vermelhas.
A intensidade de vermelho (a*) encontrada neste trabalho, esta de acordo
com o proposto por Pereira (2002), que cita que este valor deve situar-se entre 18 e
22 para carnes vermelhas. O valor de a* encontrado neste presente estudo é
superior aos valores apresentados por Bressan et al. (2004) e Oda et al. (2004b),
para carne de capivaras (10,74) e (13,43 a 14,74), respectivamente.
Os valores apresentados por Bressan et al. (2004) para a espécie foram de
10,74 e 1,74 para a* e b*, respectivamente e Oda et al. (2004b), que descrevem
teores de vermelho (a*) variando de 13,43 a 14,74 e teores de amarelo (b*) entre
0,65 a 0,73.
65

Com relação à intensidade do croma b*, os valores foram superiores aos


descritos por Bressan et al. (2004) e Oda et al. (2004b) que descrevem valores de
1,74 e variando entre 0,65 a 0,73, respectivamente. Segundo os autores acima
citados, a carne de animais silvestres apresenta baixos valores de gordura e com
isto, reduzidos teores de b*.
Para bovinos, Tullio (2004) relatou que os animais terminados no pasto
apresentaram intensidade do croma b* da gordura maior que os animais em
confinamento. A coloração amarelada da gordura normalmente está associada a um
animal produzido no pasto, portanto com maior idade de abate, enquanto a gordura
menos pigmentada (branca) está relacionada a animais acabados em confinamento,
em que normalmente a fração volumosa da dieta é pobre em pigmentos
carotenoides (Fernandes et al., 2008). Tal informação pode ser reportada para a
carne do presente estudo, uma vez que estes animais eram adultos com peso acima
do descrito em literatura para abate da espécie (Pinheiro, 2008).

CONCLUSÕES
A carne de capivara de vida livre apresenta características de carne e
carcaça semelhantes aos descritos para capivaras de cativeiro e para outras espécies
de produção quanto à composição nutricional, luminosidade, teores de vermelho e
amarelo, CRA, PCOZ e FC. Os valores encontrados demonstram a viabilidade de
se desenvolver projetos que propendem o manejo sustentável destes animais, uma
vez que a carne apresenta-se dentro dos padrões de comercialização.
66

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Animal Production, Bletchley, v.30, p: 135-152. 1980.
73

CAPÍTULO 4
74

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mensurar os danos causados por animais silvestres em áreas agrícolas
não é um trabalho fácil, entretanto torna-se importante quando se tem impacto
econômico significativo. Trabalhos como este podem contribuir para a
minimização do conflito homem versus natureza, uma vez que na Região de
Dourados (MS), polo agrícola, as capivaras são consideradas “espécie problema”,
por serem animais herbívoros que utilizam estas áreas como fonte de alimento.
Este trabalho permitiu conhecer um pouco mais sobre o comportamento
desta espécie através dos seus hábitos alimentares e a sua seleção por culturas nas
áreas agrícolas estudadas e assim, foi possível quantificar os prejuízos causados
por elas, por meio das informações levantadas junto aos produtores rurais. Estas
informações são necessárias ao planejamento de ações de gestão mais adequadas
para que os agricultores reduzam suas perdas.
Os resultados obtidos nesta pesquisa comprovam o potencial para
utilização da carne de capivara de vida livre para consumo, apresentando padrões
de qualidade que viabilizam sua atividade em manejos sustentáveis de criação,
mesmo não havendo melhoramento genético da espécie. Acredita-se que sistemas
extensivos de manejo sustentável de populações selvagens seriam uma alternativa
para a exploração adequada da espécie, pois estes têm a vantagem de proporcionar
a conservação do ecossistema, através de sua valorização, resultante da geração de
renda a partir de m recurso até então não utilizado racionalmente.
Porém, restrições legais impedem o desenvolvimento de sistemas de
manejo das populações silvestres livres no Brasil, incluindo pragas como as
capivaras e até mesmo de espécies exóticas como o javali. Uma opção seria o
exemplo da Venezuela, onde é praticada a exploração sustentável das populações
silvestres de capivaras, por meio da coleta controlada. Entretanto, são necessárias
pesquisas mais abrangentes relacionadas ao status sanitário da carne de capivaras
e sensorial, bem como, à composição centesimal da carne, uma vez que são
poucos os estudos existentes e estas questões devem ser avaliadas em programas
de aproveitamento de fauna.
75

APÊNDICE
76

Figura 1. A - Grupo de capivaras descansando ao redor do açude em uma das


propriedades agrícolas utilizadas no estudo. B - Cultura de milho predada por grupo
de capivaras.

Figura 2. A - Trieiro formado por capivaras em meio à plantação de arroz. B -


Caixa utilizada no transporte das capivaras.

Figura 3. A - Mensuração do comprimento interno da carcaça. B - Músculo L.


dorsi utilizados para análise de CRA, coloração e maciez.
77

Quadro 1. Questionário semi-estruturado utilizado como ferramenta de apoio


durante as entrevistas aos agricultores.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS


FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

Questionário Participativo

Nome da Propriedade:
Nome o Proprietário (a):
Endereço:
Coordenadas geográficas:
Área da propriedade:
Distância da idade:
Quanto tempo mora na propriedade:
O que mudou na paisagem nos últimos anos:
Dados Gerais da Propriedade:
( ) Agricultura ( ) Pecuária
Tipos de culturas e tamanho da área destinada à cultura:
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Recursos hídricos:

( ) Nascentes Quantidade: Área:


( ) Rios Quantidade: Área:
( ) Lagos Quantidade: Área:
( ) Represas Quantidade: Área:
( ) Outros: Quantidade: Área:
Área de reserva: ( ) inexistente ( ) existente ( ) um fragmento
78

Tamanho da área de reserva:


Animais silvestres:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Presença de capivaras na propriedade: ( ) sim ( ) não


Tamanho do grupo:
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Antigamente havia a presença destes animais na propriedade: (Aumentou ou
diminuiu o tamanho do grupo)
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Danos causados pelos animais na propriedade: ( ) sim ( ) não
Tipos de danos:
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Principais culturas danificadas:
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Área danificada em hectares:
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Quantificação dos danos:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
79

Quadro 2. Autorização para atividades com finalidade científica - SISBIO


80
81

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