Dissertacão Gisele Aparecida Felix
Dissertacão Gisele Aparecida Felix
Dissertacão Gisele Aparecida Felix
Dourados - MS
Fevereiro 2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
Dourados - MS
Fevereiro 2012
i
BIOGRAFIA DO AUTOR
Gisele Aparecida Felix - filha de Gildo Salvador Felix e Maria das Dôres de Aquino Felix nasceu
em 16 de março de 1979 na cidade de São Sebastião da Grama, estado de São Paulo. Graduou-se no
ano de 2004 no curso de Zootecnia pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Campus de
Aquidauana, estado de Mato Grosso do Sul. No mesmo ano, iniciou sua carreira profissional
atuando como Extensionista Rural até o ano de 2008. No ano de 2009 foi aprovada no processo de
Seleção do Programa de Pós - Graduação em Zootecnia da Universidade Federal da Grande
Dourados, área de concentração Produção Animal, com início em março de 2010, sendo bolsista da
CAPES desde o ingresso até a data de defesa de sua dissertação.
ii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Gildo e Maria, pelo amor e confiança que sempre depositaram em
mim. Agradeço, pois mesmo em meio às dificuldades, vocês nunca mediram
esforços para me ajudar e sempre caminharam junto comigo, acreditando nos
meus sonhos e me apoiando. Não existem palavras que expressem o quanto sou
grata por tudo que vocês fizeram e fazem por mim. Posso apenas dizer:
AGRADECIMENTOS
À Deus:
Aos meus pais, por todo o apoio, compreensão e amor que foram a
mim dedicados.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 1
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .........................................................................2
2. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................3
2.1 Origem e classificação da espécie Hydrochoerus hydrochaeris ...........................3
2.2 Morfologia da espécie ......................................................................................6
2.3 Comportamento social .....................................................................................7
2.4 Alimentação ....................................................................................................8
2.5 População de capivaras e danos causados pela espécie ................................... 10
2.6 Domesticação animal ..................................................................................... 12
2.7 Tipos de manejo............................................................................................. 13
2.8 Potencial da espécie ....................................................................................... 13
2.9 Consumo da carne e mercado ......................................................................... 14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 15
CAPÍTULO 2 .............................................................................................................. 24
Comportamento alimentar e danos causados por capivaras (Hydrochoerus
hydrochaeris) livres em áreas agrícolas ................................................................... 25
RESUMO .................................................................................................................. 25
ABSTRACT .............................................................................................................. 26
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 27
METODOLOGIA ..................................................................................................... 28
RESULTADOS ......................................................................................................... 32
DISCUSSÃO ............................................................................................................ 36
IMPLICAÇÕES ........................................................................................................ 40
LITERATURA CITADA .......................................................................................... 41
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 44
Características da carne e carcaça de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris L.
1766) de vida livre em áreas .................................................................................... 45
RESUMO .................................................................................................................. 45
ABSTRACT .............................................................................................................. 46
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 47
MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 48
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 52
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 66
CAPÍTULO 4 .............................................................................................................. 73
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 74
APÊNDICE ................................................................................................................. 75
vii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Figura 1. Distribuição geográfica das capivaras pela América do Sul. ................. 4
CAPÍTULO 2
Figura 1. Esquema de critério de escolha para o objetivo de avaliar a preferência
das capivaras pelas culturas agrícolas e horário de pastejo. ................................. 31
Figura 2. Associação de componentes principais apresentando variáveis
relacionadas com o aumento no número de capivaras e danos produtivos causados
pela espécie. ....................................................................................................... 33
Figura 3. Porcentagem de predação das culturas pelas capivaras em relação à área
plantada. ............................................................................................................ 34
Figura 4. Seleção entre a cultura do arroz e o aguapé pelas capivaras durante os
períodos do dia................................................................................................... 35
Figura 5. Comparação entre as culturas mais consumidas pelas capivaras
evidenciando a alteração no ritmo diário da espécie. .......................................... 35
CAPÍTULO 3
Figura 1. Cortes comerciais realizados na meia carcaça direita das capivaras. ... 49
APÊNDICE
Figura 1. A - Grupo de capivaras descansando ao redor do açude em uma das
propriedades agrícolas utilizadas no estudo. B - Cultura de milho predada por
grupo de capivaras. ............................................................................................ 76
Figura 2. A - Trieiro formado por capivaras em meio à plantação de arroz. B -
Caixa utilizada no transporte das capivaras. ....................................................... 76
Figura 3. A - Mensuração do comprimento interno da carcaça. B - Músculo L.
dorsi utilizados para análise de CRA, coloração e maciez. ................................. 76
viii
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 3
Tabela 1. Análise quantitativa da carcaça de capivaras de vida livre em áreas
agrícolas da Região da Grande Dourados (valores médios, máximos, mínimos e
coeficiente de variação)...................................................................................... 53
Tabela 2. Rendimento dos cortes comercial (RCC), desvio padrão e coeficiente
de variação em capivaras de vida livre. .............................................................. 55
Tabela 3. Avaliação e simulação do valor relativo dos cortes comerciais da carne
de capivara em relação a seus respectivos percentuais na carcaça. ...................... 57
Tabela 4. Médias e desvios padrão da composição química centesimal da carne
de capivara expressos na matéria natural (MN). ................................................. 57
Tabela 5. Composição química centesimal e desvio padrão dos cortes comerciais
de carne de capivaras provenientes de áreas agrícolas. ....................................... 58
Tabela 6. Composição mineral (macro e micro-elementos) dos principais cortes
de capivaras adultas oriundas de ambientes naturais (mg/100 g de porção
comestível). ....................................................................................................... 60
Tabela 7. Valores médios de pH, capacidade de retenção de água (CRA), perda
de peso por cozimento (PCOZ) e força de cisalhamento (FC) do músculo
Longíssimus dorsi de capivaras. ......................................................................... 62
Tabela 8. Valores médios de luminosidade (L*), intensidade de vermelho (a*), e
intensidade de amarelo (b*) do músculo L. dorsi de capivaras de vida livre. ...... 64
LISTA DE QUADROS
APÊNDICE
Quadro 1. Questionário semi-estruturado utilizado como ferramenta de apoio
durante as entrevistas aos agricultores. ............................................................... 77
Quadro 2. Autorização para atividades com finalidade científica - SISBIO ....... 79
ix
RESUMO
ABSTRACT
HCW was 62.47% and 57.89% for CCW and there was no difference between
sexes. The average value found for the percentage of chilling loss (PCL) was
4.10%. For YRC values found for the cuts, leg, shoulder and loin were 27.29%,
14.76% and 13.28% respectively. Capybara meat showed values similar to those
described for other farm species. The values of L *, a * and b *, WHC, CL and SF
were similar to those described for capybaras reared in captivity, as well as to
other farm species which therefore it may be considered as a meat that is suitable
to the commercial standards.
CAPÍTULO 1
2
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. REVISÃO DE LITERATURA
são utilizados para o forrageio; as áreas de mata servem para o repouso, abrigo e
parição dos filhotes e, os corpos d’água são utilizados para atividades
reprodutivas, repouso e fuga de predadores.
O gênero Hydrochoerus possui quatro espécies: H. hydrochaeris, H.
isthmius, H. dabbnei e H. uruguayenses sendo que no Brasil predomina a espécie
H. hydrochaeris que ocorre em todos os estados brasileiros, enquanto que no
Panamá, Colômbia e Venezuela, predomina a espécie H. isthmius (GONZÁLEZ-
JIMÉNEZ, 1995; VELÁSQUEZ, 2001; OSHIO et al., 2004). A palavra
"hydrochaeris" é de origem grega e significa "porco d'água" (FUERBRINGER et
al., 1987), enquanto que a palavra capivara "Kapi-wara" é de origem tupi-guarani
e significa "comedor de mato" (RODRIGUES, 2006).
Muitos autores fazem o uso de dois diferentes nomes genéricos para a
capivara – Hydrochaeris e Hydrochoerus. Estes animais foram classificados
zoologicamente pela primeira vez em 1762 tendo recebido o nome genérico
Hydrochoerus conforme afirmaram (MOREIRA e MACDONALD, 1997), no
entanto, VARGAS (2005), relata que essa classificação uninominal não é aceita
nos dias de hoje, a qual atualmente está definida como Hydrochaeris
hydrochaeris. Entretanto, em 1995 a International Commission on Zoological
Nomenclature, após muita consulta e ampla participação de cientistas de todo o
mundo, decidiu pelo nome Hydrochoerus hydrochaeris (GENTRY, 1995).
Sendo assim, a classificação zoológica atual da capivara é:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Rodentia
Subordem: Hystricomorpha
Infraordem: Hystricognathi
Família: Caviidae
Subfamília: Hydrochoerinae
Gênero: Hydrochoerus
Espécie: hydrochaeris
6
2.4 Alimentação
produtor rural, gerando divisas e proteína a baixo custo para a população humana
(SALDANHA, 2000; ALVAREZ e KRAVETZ, 2006).
A implementação de manejo sustentável da vida silvestre com
comunidades requer, a integração de informações sobre a biologia das espécies de
caça e a economia do uso sustentável com as aspirações das comunidades locais.
Para isto, fortes vínculos devem ser criados entre cientistas, extensionistas e
representantes das comunidades para implantar um verdadeiro sistema de uso
sustentável (BODMER e PENN-JUNIOR, 1997).
al., 1999; GIRARDI et al., 2005; MOREIRA et al., 2009), devido ao seu potencial
zootécnico, crescimento rápido, bom aproveitamento econômico, elevado preço
de venda da carne, ótimo sabor, prolificidade e plasticidade alimentar (HOSKEN
e SILVEIRA, 2002).
.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALHO, C. Criação e manejo de capivaras em pequenas propriedades rurais.
Brasília: EMBRAPA - DDT, 1986. 48p.
PAIVA, R. Capivara: bicho novo no pasto. Revista Globo Rural, n.80, p.42-47,
1992.
CAPÍTULO 2
(Redigido de acordo com as normas da Revista Rangeland Ecology &
Management)
25
RESUMO
O estudo foi conduzido com os objetivos de avaliar os danos causados por
capivaras em áreas agrícolas na região da Grande Dourados (MS) e conhecer os
períodos de maior atividade da espécie na região. Aplicou-se avaliações “in situ”
por meio de entrevistas semi estruturadas em 24 propriedades distintas, no período
entre abril de 2010 a agosto de 2011. Também realizou-se visitas exploratórias em
diferentes horários do dia, para observação dos períodos de atividade e
comportamento alimentar da espécie. Contagem direta dos indivíduos nos grupos
observados foi realizada a fim de se estimar a sua abundância nas propriedades, e
considerou-se a porcentagem de predação da cultura por capivaras a partir do total
de área plantada (ha). Com o auxílio do Software Minitab (2007) foram
verificadas as variáveis relacionadas com o aumento no número de capivaras nas
propriedades e as variáveis relacionadas aos danos produtivos. Para determinar a
preferência de culturas pelas capivaras e horário de maior atividade alimentar, os
dados obtidos foram submetidos ao método de avaliação multicriterial Analytic
hierarchy Process – AHPProject (2011). As capivaras apresentam seletividade
alimentar, demonstrando preferência pela cultura do arroz. Entretanto, a cultura
predada que mais reflete-se em prejuízos aos agricultores é a do milho. O pico das
atividades alimentar concentrou-se ao anoitecer e no período noturno,
evidenciando que a alteração nas atividades de pastejo foi influenciada pela ação
antrópica na região. O número de animais foi bastante influenciado pela extensão
de corpos d’água. Os resultados encontrados neste estudo reforçam evidências de
que a presença de capivaras está associada a perdas produtivas e que maiores
áreas de corpos d’água atraem maior número desses animais.
ABSTRACT
The research was carried out aiming to assess the damages caused by capybaras in
crop areas at the region of Grande Dourados, MS, Brazil and to identify the
periods with higher activity of this specie in this region as well. “In situ”
evaluations were performed through semi-structured interviews that were applied
in 24 different farm properties during the period of April 2010 to August 2011.
Also, exploratory visits were conducted during different periods of the day in
order to observe the periods of activity and feeding behavior of capybaras. The
direct counting of individuals within the observed groups was taken in order to
assess the animals’ abundance in the farm properties. In addition, the percentage
of damaged crop by the capybaras was taken into account, including the total
preyed area (ha). The variables related to the productive damage were evaluated
through the statistical software Minitab (2007). In order to determine the crop
preference of the capybaras and the peak of feeding activity, the data were
analyzed through the method named multicriterial Analytic hierarchy Process –
AHPProject (2011). The capybaras presented a selective feeding pattern and
demonstrated the preference for rice crop. However, the preyed crop which most
caused losses to the producers was the corn crop. The peak of feeding activity was
during the evening and at night, which leads to conclude that changes on the
grazing activities were influenced by the anthropic activity on the region. The
number of animals was quite influenced by the extension of the water bodies. The
results of this study support the evidences that the presence of capybaras is
associated to productive losses and the largest water bodies attract greater number
of animals.
INTRODUÇÃO
A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) é o maior roedor conhecido.
Com hábitos semi-aquáticos, a espécie distribui-se desde o Panamá até a bacia do
rio Uruguai, no norte da Argentina (Ojasti 1991; Moreira e Macdonald 1997). É
um animal herbívoro que apresenta preferência por determinadas espécies de
plantas, tais como gramíneas e plantas aquáticas (Ojasti 1973). No entanto,
apresenta grande plasticidade alimentar, adaptando-se facilmente às espécies
agrícolas cultivadas como milho, cana de açúcar e arroz (Ferraz et al. 2007).
Os herbívoros silvestres desenvolveram diferentes estratégias de seleção
alimentar, em função da sua morfologia e fisiologia, da qualidade e abundância de
alimentos e do tipo de habitat. Além disto, as características dos alimentos, como
a sua composição química, também podem influenciar a dieta e a preferência
desses animais (Galende e Grigera 1998; Borges e Colares 2007).
Em diversas regiões do país, é comum o conflito entre espécies silvestres
e o homem. O processo de alteração da paisagem original pode ter influência
direta ou indireta sobre o padrão de distribuição e abundância das espécies
silvestres (Wiens 1996; Ferraz et al. 2003). Essas modificações antrópicas no
ambiente, principalmente aquelas relacionadas à introdução de culturas agrícolas,
geram problemas, pois além de diminuir a área útil aos animais, as culturas
tornam-se fontes acessíveis e estáveis de alimento, o que permite o aumento de
grupos sociais e o tamanho da população como um todo (Ferraz et al. 2009,
2010).
Relatos de danos causados por animais silvestres em áreas agrícolas têm
aumentando significativamente (Mello Filho et al. 1981; Ferraz et al. 2003),
contudo, os prejuízos são difíceis de serem mensurados. Assim, a utilização de
áreas para a agricultura e a necessidade de se manter a vida silvestre, utilizando as
mesmas terras, muitas vezes resultam em conflitos e os animais passam a ser
vistos como praga por produtores em várias regiões do país (Macgowan et al.
2006).
A região de Dourados (MS) situa-se em uma das principais áreas de
produção agrícola do Brasil, o que contribuiu para a redução do habitat natural das
28
METODOLOGIA
O estudo foi realizado em áreas agrícolas da região da Grande Dourados
(MS), Brasil, no período entre abril de 2010 a setembro de 2011. Na ocasião
foram estudadas 24 propriedades distintas localizadas entre cinco e 90 km da
cidade de Dourados que esta localizada ao sul do estado de Mato Grosso do Sul
(22°13'18"L.S. e 54° 48' 23" L.W.) com altitude média de 430 m.
A área estudada pertence à bacia hidrográfica do Rio Paraná sendo seus
principais rios o Dourado, Santa Maria, Brilhante e Peroba. O clima da região é
do tipo mesotérmico de inverno seco e moderadamente frio, e verão quente e
chuvoso (Cwa de Köppen), caracterizado por apresentar temperatura média anual
de 22º C. A precipitação pluviométrica média anual é de 1400 mm e a
evapotranspiração anual é de 1100 a 1200 mm (Alves Sobrinho et al. 1998; Alves
et al. 2008).
A região possuía como principais formações vegetais a Floresta
Estacional Semidecidual, o Cerrado e Campos, além da Floresta Aluvial e a
Floresta Submontana. Entretanto, a vegetação original encontra-se
descaracterizada pela ação antrópica ocasionada pela implantação das áreas
agrícolas.
Entrevistas semi estruturadas foram realizadas com os proprietários das
fazendas, para obtenção de dados referentes ao tamanho das áreas cultivadas, tipo
29
Análise Estatística
Por meio da Análise de Componentes Principais (ACP) foram verificadas
as variáveis relacionadas diretamente com o aumento no número de capivaras e as
30
consistente. Na etapa final, as prioridades numéricas são derivadas para cada uma
das alternativas da decisão (Costa, 2006; Garcia et al. 2011).
A comparação entre culturas predadas e horários de pastejo foi realizada
respeitando os resultados levantados em campo e seguiu o procedimento
matemático, na construção de uma matriz, onde: aij denota a comparação de
elemento i ao elemento j na matriz A de comparação de pares, com n alternativas
(Figura 1).
Arroz
Alvorada Milho
Soja
Cana de açúcar
Aguapé
Brachiarias sp.
capivaras pelas culturas agrícolas
Arroz
e principais horários de pastejo
Determinar a preferência das
Milho
Dia Soja
Cana de açúcar
Aguapé
Brachiarias sp.
Arroz
Milho
Anoitecer Soja
Cana de açúcar
Aguapé
Brachiarias sp.
Arroz
Noite Milho
Soja
Cana de açúcar
Aguapé
Brachiarias sp.
RESULTADOS
Em apenas três das 24 fazendas avaliadas, não foram encontradas
capivaras durante a pesquisa exploratória. A ausência foi também confirmada por
meio das entrevistas semi estruturadas. O número de grupos variou de um a três
por propriedade, com quantidade de indivíduos por grupo variando de 10 a 50
animais.
O número médio de animais por grupo foi influenciado pela presença de
corpos d’água nas propriedades, sendo possível estabelecer correlação entre os
componentes principais e secundários, permitindo a divisão dos componentes
principais em dois grupos. No grupo 1 está a associação entre as variáveis
altamente correlacionadas com o aumento no número de capivaras e no grupo 2
encontram-se as variáveis correlacionadas aos danos produtivos (Figura 2). Com
base no coeficiente de correlação de Pearson (0,48) constatou-se que maiores
áreas de corpos d’água favorecem o aumento da presença de capivaras nas
propriedades (P < 0,05).
Tanto as variáveis do grupo 1 quanto as do grupo 2 possuem correlação
direta entre si. Entretanto, verificou-se que algumas variáveis do grupo 1 possuem
relação moderada direta com as do grupo 2 como, por exemplo, o número de
animais e o prejuízo (t). Por meio do cálculo do coeficiente de correlação de
Pearson, pode-se testar a associação direta entre o número de animais e o prejuízo
(t) sendo o coeficiente obtido de 0,57 e altamente significativo (P < 0,05).
33
Grupo 1
Grupo 2
DISCUSSÃO
O habitat das capivaras é caracterizado pela presença de corpos d'água
cercados por cobertura florestal seguido por pequenas áreas abertas associadas aos
campos agrícolas, com predomínio de áreas antrópicas e presença de plantas do
ciclo fotossintético C4 como cana de açúcar ou pastagem (Ferraz et al. 2007,
2009). Neste estudo, houve correlação entre o tamanho da lâmina d’água e
presença de animais na área, sendo encontrada maior quantidade de animais nas
áreas onde havia maior extensão de recursos hídricos por hectare. Portanto, a
quantidade de animais presentes na propriedade está diretamente associada à
presença de corpos d’água.
Este tipo de interação esta relacionado à ecologia da espécie,
reconhecidamente encontrada em ambientes aquáticos (Ojasti 1973; Nishida
1995), pois os utilizam como refúgio contra predadores, como auxilio na
termorregulação e para a alimentação, já que em áreas não antropizadas estes
animais se alimentam principalmente de gramíneas semi aquáticas (Ojasti 1973;
Herrera et al. 2011). Para a espécie, a competição por recursos de água, bem como
a alimentação, é um dos principais causadores de dispersão dos indivíduos (Ferraz
et al. 2009).
Em sua pesquisa, Ferraz et al. (2007) relataram que o tipo de cobertura
do solo como fonte de alimento para a espécie está entre os atributos mais
importantes para a presença de capivaras, corroborando o observado neste estudo.
Somada a existencia do recurso hídrico associado ao tipo de cultura cultivada
houve variação no número de animais. Além da existência da espécie em áreas
cultivadas com cana de açúcar ou pastagem, conforme já descrito por Ferraz et al.
(2007, 2009), as capivaras também foram observadas em áreas cultivadas com
culturas de milho, soja e o arroz, no presente estudo.
Segundo Ferraz et al. 2003, as capivaras são predadores preferenciais de
milho. A maioria dos entrevistados no presente estudo relatou que em suas
lavouras a maior predação ocorria nessa cultura. No entanto, observamos que o
arroz foi a cultura mais predada relativamente, quando considerada a área
cultivada em relação à área consumida.
37
IMPLICAÇÕES
As capivaras que vivem em áreas antropizadas acessam
preferencialmente os alimentos mais próximos à mata em que se abrigam e
próximas das fontes hídricas. A cultura de arroz em áreas alagadas foi a preferida
pelos animais, devido possivelmente às características nutricionais e morfológicas
das plantas e pelo fato dos indivíduos sentirem-se seguros próximos às suas áreas
de refúgio. Entretanto, a cultura predada que mais refletiu prejuízos aos
agricultores foi o milho, uma vez que esta é cultivada durante quase todo ano
(safra e safrinha).
O pico de atividade alimentar das capivaras concentrou-se nos períodos
anoitecer e noturno, provavelmente como adaptação à ação antrópica na região. O
número de animais foi bastante influenciado pela extensão de corpos d’água
sendo os prejuízos relacionados ao número de animais presente na área agrícola.
Os resultados reforçam evidências de que a presença de capivaras está associada a
perdas produtivas e que maiores áreas de corpos d’água atraem maior número
desses animais.
41
LITERATURA CITADA
AHP Project 2011. Available at: http//:www.ahpproject.com. Accessed 15
October 2011.
Mello Filho, J. A de., G. W. D., Stoehr., J. Faber. 1981. Determinação dos danos
causados pela fauna a sementes e mudas de "Araucaria angustifolia" (Bert) O.
Ktze. nos processos de regeneração natural e artificial. Revista Floresta 12 (1):
26-43.
43
Saaty T. L. and L.G Vargas. 1998. Diagnosis with dependent symptoms: Bayes
Theorem and the analytic hierarchy process. Operations Research 46:491-502.
CAPÍTULO 3
(Redigido de acordo com as normas da Revista Ciência e Agrotecnologia)
45
RESUMO
O estudo foi realizado com o objetivo de avaliar as características da carne e
carcaça de capivaras de vida livre. Foram utilizadas cinco capivaras (2 machos e 3
fêmeas), com peso corporal médio de 63,4±10,25 kg, provenientes de áreas
agrícolas da Região da Grande Dourados (MS). Após o abate foram determinados o
peso e o rendimento das carcaças, suas mensurações e o peso dos cortes comerciais.
Foram avaliados na carne dos diferentes cortes os teores de umidade, proteína,
lipídios, matéria mineral, Ca, P e Fe; capacidade de retenção de água (CRA), perdas
por cozimento (PCOZ), força de cisalhamento (FC), e coloração (luminosidade
(L*), intensidade de vermelho (a*) e intensidade de amarelo (b*). O Rendimento de
Carcaça Quente (RCC) médio foi de 62,47 % e o Rendimento de Carcaça Fria
(RCF) foi de 57,89% não havendo diferença entre os sexos. O valor médio
encontrado para porcentagem de perda ao resfriamento (PPR) foi inferior a outros
trabalhos realizados com a espécie (4,10 %). Para rendimento de cortes não foi
encontrada diferença (P>0,05), entre costela (24,98 %) e pernil (27,29 %). Não
foram encontradas diferenças (P>0,05) entre os cortes para os teores de umidade,
proteína e matéria mineral. A carne apresentou teores lipídicos variando entre 0,7 a
1,85 %. A carne de capivara apresentou valores semelhantes aos descritos para
outras espécies de produção quanto à luminosidade, teores de vermelho e amarelo,
CRA, PCOZ e FC. Os valores encontrados demonstram a viabilidade de se
desenvolver projetos que propendem o manejo sustentável destes animais, uma vez
que a carne apresenta-se dentro dos padrões de comercialização.
ABSTRACT
The study was carried out to evaluate the characteristics of meat and carcass of
free-living capybaras. Five capybaras (2 males and 3 females) come from
agricultural areas on the Dourados region (MS) with weight about 63.4 ± 10.25 kg
were used on this research. After the animals’ slaughter, the weight and carcass
yield and weight of commercial cuts were assessed. Then, some traits were
measured, such as different levels of moisture, protein, fat, ash, Ca, P, Fe, water
holding capacity (WHC), cook losses (CL), shear force (SF), and meat color
(lightness (L *), redness (a *) and yellowness (b *). The average value of Hot
Carcass Weight (HCW) was 62.47% and the Cold Carcass Weight (CCW) was 57,
89% without difference between sexes. The average value found for the percentage
of chilling losses (PCL) was lower than other studies conducted with this species
(4.10%). There was no difference for yield of retail cuts (P> 0.05) between rib
(24.98%) and leg (27.29%). There was no difference (P> 0.05) among the cuts for
moisture, protein and mineral matter. The meat lipid content varied from 0.7 to
1.85%. The capybara meat showed similar values to those described for other
species on the meat lightness, redness and yellowness, WHC, SF and CL. These
results demonstrate the feasibility of developing projects that support the
sustainable management of these animals, since the meat quality is suitable to the
commercial standards.
INTRODUÇÃO
A carne de animais silvestres, em diversos países em desenvolvimento,
tem sido uma das principais fontes proteicas (Gaspar & Silva, 2009) para algumas
populações rurais e indígenas. O mercado consumidor tem se mostrado receptivo ao
consumo de carne silvestre e com isto, observa-se principalmente um mercado
potencialmente promissor, pois estes animais podem se transformar em fontes
viáveis de produtos de grande rentabilidade, contribuindo para a produção de
alimentos (Oda et al., 2004a).
A capivara é um roedor silvestre de interesse econômico que vem se
destacando no mercado de carnes exóticas em função de suas características
biológicas e produtivas, sendo indicada como recurso potencial para implementação
de sistemas de desenvolvimento sustentável (Ingrand & Hostache, 1993; Kyle,
1994; Alvarez, 2011). Este tipo de atividade significa nova alternativa para o
produtor rural gerando proteína para a população humana, além de contribuir com a
proteção e preservação da fauna (Alvarez & Kravetz, 2006).
Na Venezuela, é praticada a exploração sustentável das populações
silvestres de capivaras, por meio da coleta controlada. Quando a população de
capivaras atinge densidades iguais ou superiores a 0,6 indivíduos por hectare,
autoriza-se a captura anual de até 30 % da população (Ojasti, 1973; Herrera, 1992).
Estima-se que, entre 30 e 50 mil animais são abatidos legalmente a cada ano na
Venezuela (Alvarez, 2011).
No Brasil, embora estas práticas sejam proibidas pela Lei de Proteção à
Fauna Nativa (Lei Nº 5.197/1967 e posteriores normatizações), a permissão da
comercialização, bem como, a extração do produto pelos proprietários de áreas
onde as capivaras são descritas como animais problema seria uma alternativa
viável, para a conservação das populações de outras espécies mais raras, e também
dos ambientes por elas utilizadas (Moreira & Piovezan, 2005).
Pouco se sabe sobre a qualidade nutricional, mercado e consumo da carne
de capivara, e os trabalhos que caracterizam os fatores que interferem nas
características físicas e químicas da sua carne são escassos, bem como, estudos
destinados à avaliação do rendimento de carcaça da espécie. Desta forma, o
48
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Faculdade de Ciências Agrárias, da
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), localizada no município de
Dourados (MS). Foram utilizados na pesquisa cinco animais adultos sendo dois
machos e três fêmeas, com peso corporal médio de 63,4±10,25 kg, provenientes de
áreas agrícolas da Região da Grande Dourados (MS). A classificação se deu
segundo seu tamanho, sendo considerados animais adultos com peso acima de 30
kg, conforme proposto por Verdade & Ferraz (2006).
Os animais, por serem de vida livre encontravam-se em ambientes naturais
sem nenhum tipo de manejo e alimentavam-se principalmente de culturas
implantadas nas propriedades (soja, cana, milho, arroz, entre outras). Todos os
procedimentos relativos à captura, manipulação, transporte e abate dos animais
foram conduzidos sobre aprovação e consentimento legal da autoridade federal
brasileira responsável (MMA/ICMBio/SISBIO) número do processo 23469-1
expedido com base na Instrução Normativa nº 154/2007, através do código de
autenticação nº 52397954 e contou com a aprovação da Comissão de ética no uso
de animais da UFGD protocolo nº001/2011.
Após a captura, os animais foram transportados ao Laboratório de
Tecnologia de Carnes da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD), onde foram abatidos para avaliação dos
pesos e rendimento de carcaça quente, ou seja, relação entre o peso de carcaça
quente (carcaça eviscerada sem patas, cabeça e couro) e o peso de abate, expresso
em porcentagem. Após resfriamento por 24 horas em câmara frigorífica a 4°C, as
carcaças foram novamente pesadas para a obtenção do peso e rendimento de
carcaça fria. Foram realizadas leituras de pH final (24 horas post mortem) com o
auxílio de um medidor de pH portátil com sonda de penetração (Testo®). Foram
realizadas três medidas de pH em cada carcaça (pernil, paleta e lombo), e sua média
foi utilizada na análise.
49
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores para pesos e rendimentos de carcaça quente e fria, índice de
quebra ao resfriamento e comprimento de carcaça e profundidade do tórax são
apresentados na Tabela 1.
53
valores relatados para outros animais de produção (Ramos et al., 2009; Juárez et al.,
2009; Leão et al., 2011; Faria et al., 2009). Em relação ao micro-elemento ferro
(Fe), a concentração média determinada foi de 0,51 mg/100 g. O teor deste mineral
apresentou diferenças (P<0,05) em relação aos distintos cortes, sendo a costela o
corte mais rico, apesar de não apresentar diferença (P>0,05) quando comparado a
paleta, lombo e fraldinha (Tabela 6).
São escassas as informações, na literatura, sobre a composição mineral da
carne de capivara, entretanto, o valor médio para o teor de Fe, apresenta-se inferior
ao descrito por Gaona (1987), que encontrou valores de 2,7 mg deste mineral.
Quando comparado com os valores descritos por Saldanha (2000) esta diferença
torna-se mais significativa, uma vez que em seu trabalho o valor apresentado foi de
64,20 mg/100 g de carne independe do sexo.
menor CRA da carne implica em perdas do valor nutritivo pelo exudato liberado,
resultando em carne mais seca e com menor maciez.
Neste estudo, a carne de capivara apresentou CRA de 67,21 %. Dados
descritos por Bressan et al. (2004), demonstraram CRA de aproximadamente 76,50
% para a carne de capivara. Este dado condiz com as afirmações de Abularach et al.
(1998), citados anteriormente, uma vez que os valores de pH apresentados por
Bressan et al. (2004), foram superiores a 5,8.
Para perdas de água por cozimento ou cocção (PCOZ), os valores médios
encontrados foram de 27,86 %, inferiores ao descrito por Bressan et al. (2004) para
a mesma espécie (31,28 a 33,60 %) e semelhante ao descrito por Oda et al. (2004b),
que encontraram valores variando de 24,93 a 33,84 %. A água liberada durante a
aplicação de qualquer tipo de força externa ou ao longo de um determinado
processo arrasta proteínas solúveis, vitaminas e minerais com consequente redução
do valor nutritivo (Ordóñes et al., 2005). Entretanto, durante a cocção ocorrem além
destas perdas algumas manifestações de desnaturação proteica, pois o aquecimento
incrementa as associações entre as moléculas proteicas.
A força de cisalhamento (FC) no presente estudo foi de 2,84 kgf/cm-2. Para
capivaras de cativeiro, Bressan et al. (2004) encontraram valores médios de 5,2
kgf/cm-2. Já Saldanha (2000), encontrou valores de 4,55 e 4,68 kgf nos cortes paleta
e pernil. Comparados com estes valores, a carne de capivara de vida livre mostrou-
se extremamente macia. Para que uma carne seja considerada macia, o limite
máximo de força física tem que estar em torno de 5,0 kg (Judge et al., 1988),
entretanto, cada espécie e tipo de músculo analisado possui a sua particularidade.
A cor é um dos fatores de vital importância na percepção do consumidor
quanto à qualidade da carne, pois é uma característica que influencia tanto na
escolha inicial do produto pelo consumidor como na aceitação no momento do
consumo (Fletcher, 1999; Gaya & Ferraz, 2006; Tapp III et al., 2011). A cor é dada
pelos pigmentos de mioglobina existentes nos músculos e esta varia de acordo com
a espécie, sexo, idade, localização anatômica do músculo e atividade física exercida
pelo animal (Luchiari Filho, 2000). Além disto, a coloração da carne também é um
dos parâmetros essenciais para estimar a sua maciez uma vez que pode ser afetada
64
diretamente pelo pH (Delgado & Soria, 2006). Ainda segundo os autores, carnes
com pH elevado geralmente tem maior capacidade de retenção de água,
apresentando uma maior absorbância da luz e consequentemente coloração mais
escura.
O valor de luminosidade - L* (Tabela 8) foi superior ao descrito por
Bressan et al. (2004) para a mesma espécie (34,28). Avaliando dois métodos de
abate de capivaras, o método humanitário (MH) e o método a tiro (MT), Oda et al.
(2004b) observaram carnes mais escuras (29,58) no primeiro método do que
aquelas verificadas no MT (32,40).
CONCLUSÕES
A carne de capivara de vida livre apresenta características de carne e
carcaça semelhantes aos descritos para capivaras de cativeiro e para outras espécies
de produção quanto à composição nutricional, luminosidade, teores de vermelho e
amarelo, CRA, PCOZ e FC. Os valores encontrados demonstram a viabilidade de
se desenvolver projetos que propendem o manejo sustentável destes animais, uma
vez que a carne apresenta-se dentro dos padrões de comercialização.
66
REFERÊNCIAS
ABULARACH, M. L. S.; ROCHA, C. E.; FELÍCIO, P.E. Características de
qualidade do contrafilé (m.L.dorsi) de touros jovens da raça Nelore. Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.18, p.205-210, 1998.
HERRERA, E. A. The effect of harvesting on the age structure and body size of a
capybara population. Ecotropicos, Caracas, v.5, n.1, p.20-25, 1992.
JUÁREZ, M.; HORCADA, A.; ALCALDE, M. J.; VALERA, M.; POLVILLO, O.;
MOLINA, A. Meat and fat quality of unweaned lambs as affected by slaughter
weight and breed. Meat Science, Barking v. 83, p.308–313, 2009.
LUCHIARI FILHO, A. Pecuária da carne bovina. 1.ed. São Paulo: LinBife, 2000.
134p.
MENEZES, L. F. de. O.; LOUVANDINI, H.; MARTHA Jr. G. B.; McMANUS, C.;
GARCIA, J. A. S.; MURATA, L. S. Características de carcaça, componentes não
carcaça e composição tecidual e química da 12ª costela de cordeiros Santa Inês
terminados em pasto com três gramíneas no período seco. Revista Brasileira de
Zootecnia, Viçosa, v. 37, n. 07, p. 1286-1292, 2008.
ODA, S. H. I.; BRESSAN, M. C.; MIGUEL, G. Z.; VIEIRA, J. O.; FARIA, P. B.;
SAVIAN, T. V.; KABEYA, D. M. Efeito do método de abate e do sexo sobre a
qualidade da carne de capivara (Hydrochaeris hydrochaeris). Ciência e
Agrotecnologia, Lavras, v. 24, p.3: 341-346, 2004b.
70
TAPP III, W. N.; YANCEY, J. W. S.; APPLE, J. K. How is the instrumental color
of meat measured? Meat Science, Barking, v. 89, p.1-5, 2011.
CAPÍTULO 4
74
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mensurar os danos causados por animais silvestres em áreas agrícolas
não é um trabalho fácil, entretanto torna-se importante quando se tem impacto
econômico significativo. Trabalhos como este podem contribuir para a
minimização do conflito homem versus natureza, uma vez que na Região de
Dourados (MS), polo agrícola, as capivaras são consideradas “espécie problema”,
por serem animais herbívoros que utilizam estas áreas como fonte de alimento.
Este trabalho permitiu conhecer um pouco mais sobre o comportamento
desta espécie através dos seus hábitos alimentares e a sua seleção por culturas nas
áreas agrícolas estudadas e assim, foi possível quantificar os prejuízos causados
por elas, por meio das informações levantadas junto aos produtores rurais. Estas
informações são necessárias ao planejamento de ações de gestão mais adequadas
para que os agricultores reduzam suas perdas.
Os resultados obtidos nesta pesquisa comprovam o potencial para
utilização da carne de capivara de vida livre para consumo, apresentando padrões
de qualidade que viabilizam sua atividade em manejos sustentáveis de criação,
mesmo não havendo melhoramento genético da espécie. Acredita-se que sistemas
extensivos de manejo sustentável de populações selvagens seriam uma alternativa
para a exploração adequada da espécie, pois estes têm a vantagem de proporcionar
a conservação do ecossistema, através de sua valorização, resultante da geração de
renda a partir de m recurso até então não utilizado racionalmente.
Porém, restrições legais impedem o desenvolvimento de sistemas de
manejo das populações silvestres livres no Brasil, incluindo pragas como as
capivaras e até mesmo de espécies exóticas como o javali. Uma opção seria o
exemplo da Venezuela, onde é praticada a exploração sustentável das populações
silvestres de capivaras, por meio da coleta controlada. Entretanto, são necessárias
pesquisas mais abrangentes relacionadas ao status sanitário da carne de capivaras
e sensorial, bem como, à composição centesimal da carne, uma vez que são
poucos os estudos existentes e estas questões devem ser avaliadas em programas
de aproveitamento de fauna.
75
APÊNDICE
76
Questionário Participativo
Nome da Propriedade:
Nome o Proprietário (a):
Endereço:
Coordenadas geográficas:
Área da propriedade:
Distância da idade:
Quanto tempo mora na propriedade:
O que mudou na paisagem nos últimos anos:
Dados Gerais da Propriedade:
( ) Agricultura ( ) Pecuária
Tipos de culturas e tamanho da área destinada à cultura:
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Recursos hídricos: