Dissertação - Aleane Francisca COrdeiro Barbosa - 2015
Dissertação - Aleane Francisca COrdeiro Barbosa - 2015
Dissertação - Aleane Francisca COrdeiro Barbosa - 2015
GOIÂNIA
2015
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Área de Concentração:
Produção Animal
Orientadora:
Profª. Drª. Nadja Susana Mogyca Leandro – EVZ/UFG
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Marcos Barcellos Café – EVZ/UFG
Profª. Drª. Maria Auxiliadora Andrade – EVZ/UFG
GOIÂNIA
2015
iii
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado as forças que precisava para dar
continuidade a essa jornada.
A minha família, meus irmãos Alexandro e Arthur, em especial ao meu tio
Raimundo Cordeiro e minha tia Socorro, obrigada pelo apoio, incentivo e carinho. Jamais
esquecerei o que vocês fizeram por mim.
Aos meus queridos amigos Mariana Parente e Iberê Parente, sem vocês com
certeza eu não estaria aqui. Obrigada meus amores, por sempre acreditarem em mim.
Ao meu namorado Jorge pela compreensão e paciência.
A minha orientadora Profª. Drª. Nadja Susana Mogyca Leandro, pela
disponibilidade, lições profissionais e pessoais, paciência, incentivo e por se fazer presente em
todos os momentos da realização deste trabalho. Muito obrigada por me tornar uma
profissional melhor.
Aos meus co-orientadores Profª. Drª. Maria Auxiliadora Andrade e Prof. Dr.
Marcos Barcellos Café pela disponibilidade, apoio, dedicação e paciência.
Ao Prof. Dr. José Henrique Stringhini pelo incentivo, ensinamentos, carinho,
disponibilidade e por contribuído na minha formação profissional.
Aos amigos da Pós-Graduação, Januária, Maria Juliana, Bruno Moreira, Janaina,
Eduardo, Robson, Marta, Fabíola, Rayanne, Ana Flávia, Mariana, Leonardo, Maryelle, Bruno
Borges pela ajuda no experimento e pelos momentos bons e ruins que vivemos juntos, mas
que nos serviram de aprendizado. Em especial, a Raiana Noleto e Cristielle Nunes pelo apoio,
dedicação e amizade.
A equipe do Laboratório de bacteriologia da Escola de Veterinária e Zootecnia,
Samantha, Ana Maria, Dunya, Gisele, Edileuza pela ajuda, momentos de descontração e
amizade.
Aos Alunos da Graduação Mayra, Leandro, Thaiane e Nicaele pela ajuda com os
experimentos e pelas boas gargalhadas que demos juntos.
Aos funcionários da UFG que sempre se dispuseram a me ajudar, em especial ao
Sr. Expedito, Reginaldo, Helio, Gerson, Sr. Germano, Felipe, Rose e Cícera.
Ao prof°. Dr. Edemilson Cardoso da Conceição e a Mythai Lima do Laboratório
de Pesquisa em Produtos Naturais da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de
Goiás pela ajuda na obtenção dos produtos utilizados neste estudo.
A CAPES pelo apoio financeiro para realização da pesquisa e pela bolsa.
v
SUMÁRIO
RESUMO............................... .................................................................................................. 52
ABSTRACT.................... ......................................................................................................... 53
3.1 Introdução ........................................................................................................................... 54
3.2 Material e métodos ............................................................................................................. 55
3.2.1 Local de realização do experimento ................................................................................ 55
LISTA DE TABELAS
CAPITULO 2
CAPITULO 3
RESUMO
A realização do presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da suplementação de óleo-
resina de copaíba ou extrato de Barbatimão na ração de poedeiras comerciais desafiadas com
Escherichia coli. Foram utilizadas 200 poedeiras comerciais da linhagem Isa Brow (64 a 76
semanas de idade) sendo todas as aves inoculadas via intravaginal (0,5 mL de solução salina
esterilizada a 0,85% contendo 8,8 x 109UFC/mL de Escherichia coli), alojadas em gaiolas e
distribuídas em delineamento em blocos ao acaso (sendo o peso das aves blocado), com
quatro tratamentos e cinco repetições de 10 aves. Os tratamentos foram: aves desafiadas
recebendo: A – ração basal sem aditivos; B – ração basal + 30 mg/kg de antibiótico
(halquinol); C – ração basal + 30 mg/kg de óleo-resina de copaíba; D – ração basal + 40
mg/kg de barbatimão. O experimento teve duração de três períodos de 28 dias. Ao final de
cada período foi avaliado desempenho, qualidade externa e interna de ovos e pesquisa de
Escherichia coli em ovos, e ao final do último período foi realizado pesquisa de Escherichia
coli em folículos ovarianos e oviduto, e biometria de ovário e oviduto. Os dados de
desempenho, qualidade externa e interna de ovos e biometria, foram submetidos a análise de
variância e as médias, quando necessário, comparadas pelo teste de Tukey (5%). Para a
pesquisa de Escherichia coli em ovos, folículos e oviduto foi aplicada análise descritiva
(frequência absoluta e relativa). A inclusão de 40 mg/kg de ração, do extrato de barbatimão
proporcionou pior conversão alimentar em relação ao tratamento controle e prejudicou a
produção de ovos em relação ao tratamento com antibiótico. A adição de 30 mg/kg de ração,
do óleo-resina de copaíba não influenciou no desempenho produtivo. A utilização do extrato
de barbatimão proporcionou ovos mais pesados e pior espessura de casca e qualidade interna
(UH) em relação ao tratamento com antibiótico. O peso do ovo, a porcentagem de albúmen e
o índice de gema do tratamento com óleo-resina de copaíba se apresentaram melhores que o
tratamento com antibiótico. No entanto a inclusão do óleo-resina de copaíba resultou em
porcentagem de gema inferior em relação ao tratamento com antibiótico. Houve menor
frequência de isolamento de Escherichia coli em amostras de suabes intravaginal do
tratamento com copaíba. A inclusão do barbatimão ou da copaíba proporcionou menor
frequência de isolamento de E. coli nos folículos ovarianos em relação ao tratamento com
antibiótico. Houve menor frequência de isolamento de E. coli no oviduto com a adição do
extrato de barbatimão em relação ao tratamento com antibiótico. Já o tratamento com óleo-
resina de copaíba apresentou maior frequência de isolamento de E. coli no oviduto que os
demais tratamentos. A utilização do óleo-resina de copaíba ou extrato de barbatimão resultou
em menor frequência de isolamento de Escherichia coli nas amostras de casca, albúmen e
gema que o tratamento com antibiótico. Rações contendo óleo-resina de copaíba ou
barbatimão promoveram peso de ovário semelhante ao tratamento com antibiótico. O peso do
oviduto do tratamento com copaíba foi superior ao tratamento com antibiótico. A inclusão de
óleo-resina de copaíba ou extrato de -barbatimão pode ser alternativa ao uso de antibióticos
melhoradores de desempenho em dietas de poedeiras comercias.
ABSTRACT
Oil resin of copaíba and extract barbatimão in the diet of laying hens infected with
Escherichia coli
The present study was performed to evaluate the supplementation of copaiba oleo resin or
barbatimão extract in the diet of laying hens challenged with Escherichia coli. A total of 200
Isa Brown laying hens (64-76 weeks old) were used, and all the birds were intravaginally
inoculated with 0.5 mL of 0.85% sterile saline solution containing 8.8 x 109 CFU / mL of
Escherichia coli. It was adopted the randomized complete block design (birds weight used as
block criteria), with four treatments and five replicates of 10 birds. The treatments consisted
of: basal diet without additives (control); basal diet + 30 mg / kg of antibiotic (halquinol);
basal diet + 30 mg / kg of copaiba oleo resin and basal diet + 40 mg / kg barbatimão extract.
The experiment lasted three periods of 28 days. At the end of each period, the performance
and the external and internal egg quality were evaluated as the search for the presence of
Escherichia coli in eggs; and at the end of the total period, the search for Escherichia coli in
ovarian follicles and oviduct. Data were subjected to analysis of variance and means, when
necessary, were compared by Tukey test (5%). For the Escherichia coli searching in eggs,
follicles and oviduct, it was applied descriptive analysis (absolute and relative frequency).
The inclusion of 40 mg / kg diet of barbatimão extract lead to worse feed conversion than the
control treatment and decreased egg production compared to antibiotic treatment. The
addition of 30 mg / kg diet of copaiba oleo resin did not influence the hens performance. The
use of barbatimão extract lead to production of heavier eggs, and worse shell thickness and
internal quality (UH) when compared to antibiotic treatment. Egg weight, the albumen
percentage and the yolk index in the treatment with copaiba oleo resin were better than those
of antibiotic treatment. However, the inclusion of copaiba oleo resin resulted in a lower yolk
percentage when compared to antibiotic treatment. There was a lower frequency of isolation
of Escherichia coli in intra-vaginal swabs samples from treatment with copaiba. The inclusion
of barbatimão or copaiba provided lower frequency of isolation of E. coli in ovarian follicles
in relation to antibiotic treatment. There was a lower frequency of isolation of E. coli in the
oviduct with the addition of barbatimão extract when compared to antibiotic treatment. The
treatment with copaiba oleo resin showed higher frequency of isolation of E. coli in the
oviduct than the other treatments. The use of copaiba oleo resin or barbatimão extract resulted
in lower frequency of isolation of Escherichia coli in the shell, albumen and yolk samples, in
relation to antibiotic treatment. The inclusion of copaiba oleo resin may be an alternative to
antibiotics in laying hens commercial diets.
outras espécies possuem elementos químicos como taninos, glucanos e outros compostos cuja
utilidade em saúde publica é bastante apreciada quando em sistemas de produção orgânica e
sustentável, e, como tal, deve ser sempre incentivada9-13. Carneiro14 faz referência a plantas
encontradas na região dos Cerrados e que apresentam efeito terapêutico comprovado, como o
Barbatimão (Stryphnodendron adstringens), a Pacari (Lafoensia pacari), o Alecrim
(Rosmarinus officinalis), a Alfavacão (Ocimum gratissimum), a Sucupira Branca
(Pterodonemarginatus), e a Copaíba (Copaifera spp.). Dentre esses, podemos destacar o
Barbatimão e a Copaíba.
O Barbatimão, popularmente chamado de casca da virgindade, é uma árvore típica
do Cerrado. O uso da casca tem efeito considerado antimicrobiano15, anti-inflamatório, anti-
hemorrágico, ajuda no combate a diarréias, cicatrizante, antisséptico, e pode ser utilizado
ainda no tratamento de problemas circulatórios, dor de garganta e gastrointestinais.
A copaíba também apresenta propriedade anti-inflamatória16,17 comprovada, além
de possuir atividade antimicrobiana18, 19, e ser um excelente cicatrizante20.
Na produção de ovos, assim como na produção de frangos de corte, os
antimicrobianos sintéticos são utilizados com finalidade terapêutica e também como aditivo
zootécnico. Porém, o uso indiscriminado desses antibióticos, tem contribuído para o
aparecimento de linhagens resistentes de bactérias, ocasionando sérios problemas para a
avicultura industrial e para a saúde pública21.
Diante do exposto, e a partir das pesquisas in vitro22,18, as quais comprovam a
atividade antimicrobiana de produtos extraídos de plantas, como a copaíba e o barbatimão,
com esta pesquisa, objetivou-se estudar o potencial desses bioprodutos como substitutos aos
antibióticos.
Para Toledo et al.31, além da função antibacteriana conferida aos extratos vegetais,
a melhoria no desempenho animal ocorre devido ao aumento da palatabilidade da ração,
estímulo das secreções digestivas, estímulo da produção de enzimas digestivas e pancreáticas,
aumentando a digestibilidade e a absorção de nutrientes, além de ajudar na redução de
infecções subclínicas.
Estudando os efeitos dos extratos vegetais em dieta de poedeiras, Bonato et al.32,
incluíram diferentes níveis de acidificante e extrato vegetal (mistura inespecífica de óleos
essenciais e extratos de plantas contendo saponina) na ração de poedeiras, isolados ou em
combinação, e observaram que a associação de 400 g/ton da mistura de ácidos orgânicos e
150 g/ton de extrato vegetal melhorou o desempenho das aves. Resultados insatisfatórios
sobre o desempenho e na qualidade de ovos foi observado por Pinheiro et al.33, que avaliando
a inclusão de , 0, 5, 10, 15 e 20% de torta de nabo forrageiro (Raphanus sativus) em rações de
poedeiras comerciais, verificaram a influência negativa de todos os níveis de inclusão sobre o
desempenho produtivo e as qualidades sensoriais dos ovos.
Em estudo com frango de corte, Toledo et al.31 incluiram na ração antibiótico e/ou
fitoterápico à base de orégano (carvacrol), canela (cinamaldeído), eucalipto (cineol), artemísia
(artemisinina) e trevo (trifolina) na ração e, não observaram nenhum efeito da inclusão de
antibiótico ou de fitoterápico sobre o desempenho.
Com relação à qualidade de carne, estudo comprova que a adição de aditivos
fitogênicos em dietas de frangos de corte contribui na estabilidade oxidativa da carne,
observando-se que os fitogênicos inibem a oxidação lipídica de ácidos graxos insaturados.
Avaliando a inclusão de alecrim e sálvia em 500 ppm em dietas de frangos de corte, Lopez-
bote et al.34 observaram que os extratos melhoraram a estabilidade oxidativa da carne de peito
e de coxa.
Em estudos com a utilização de extratos vegetais na digestibilidade dos nutrientes
em frangos de corte, verificou-se melhora da metabolizabilidade dos nutrientes, e que pode
ser influenciada pelos princípios ativos dos extratos vegetais, podendo ocorrer por meio de
dois mecanismos: estimulando o fígado a aumentar a secreção da bílis; estimulação para
maior produção e atividade das enzimas pancreáticas e do intestino delgado35. Com isso o
processo digestivo é acelerado e pode diminui no tempo de trânsito intestinal.
Hernández et al.36 avaliaram a metabolizabilidade de nutrientes da dieta de
frangos de corte alimentados com rações contendo mistura de óleos essenciais (capsaicina,
cinamaldeído e carvacrol) ou de extratos vegetais (sálvia, tomilho e alecrim) e observaram
melhora na metabolizabilidade aparente da matéria seca (MS) e do extrato etéreo (EE) e na
16
1.2 Copaíba
Popularmente conhecida como copaibeiras, pertencem a família das Leguminosae
e ao gênero Copaífera. São amplamente encontradas nas regiões amazônica e Centro-Oeste
do Brasil41. As Copaífera sp. em geral são árvores de grande porte, chegando a medir até 36
17
metros de altura, são conhecidas mais de 25 espécies sendo a maioria encontrada na América
do Sul42.
A copaíba é adaptada a uma grande variedade de ambientes. Ocorre em florestas
de terras firmes, terras alagadas, margens de lagos e igarapés da Bacia Amazônia e nas matas
do Cerrado do Brasil Central43.
Os índios chamavam as Copaífera sp. de copaíba do tupi “cupa-yba”: a árvore de
depósito, ou que tem jazida, em alusão clara ao óleo que guarda em seu interior41,44. Quando
os portugueses chegaram ao Brasil, os índios usavam bastante o óleo da copaíba para a
cicatrização e no umbigo de recém-nascidos para evitar o “mal-dos-sete-dias”. Há indícios de
que a utilização do óleo de copaíba começou após a observação do comportamento de
animais, que quando apresentavam alguma ferida, esfregavam-se nos troncos das árvores de
copaíba42, 45.
Para Veiga Junior & Pinto47, o termo adequado a ser designado ao óleo de copaíba
é óleo-resina, visto que ele é composto por uma fração de ácidos resinosos e de compostos
voláteis. O óleo-resina de copaíba é extraído do caule das copaibeiras adultas41, 46 tem aspecto
transparente de viscosidade variável, cheiro forte e coloração variando do amarelo ao
marrom41. Existem vários métodos de extração, no entanto o método mais utilizado é o uso do
trado como ferramenta de perfuração do tronco.
No Brasil o óleo-resina de copaíba é muito utilizado na medicina popular,
administrado oralmente, no uso tópico do óleo in natura, ou como pomadas47. O óleo-resina
de copaíba possui propriedades farmacológicas com atividades confirmadas, dentre elas
podemos citar, ação anti-inflamatória, cicatrizante e antibacteriana48-50, cicatrizante46, 51
,
analgésico50, etc. Sendo as propriedades anti-inflamatória conhecidas desde a colonização do
Brasil.
A constituição do óleo-resina de copaíba é majoritariamente de hidrocarbonetos
sesquiterpênicos47,52, sendo observado também a presença de diterpenos, em menor
proporção. Os sesquiterpenos representam mais de 90% da composição do óleo de copaíba e,
sendo atribuído a este composto as propriedades terapêuticas do óleo, ou seja, os
sesquiterpenos são os princípios ativos do óleo.
Os sesquiterpenos frequentemente encontrados no óleo-resina de copaíba são, β –
cariofileno, óxido de cariofileno, α – humuleno, δ – cadineno, α - cadinol, α - cubebene,α e β -
selineno, β - elemeno, α - copaeno,trans - α - bergamoteno e β –bisaboleno52, já os diterpenos
são, os caurano, labdano e cleorodano53.
18
Apesar de o óleo-resina ser o mais estudado, existe estudos também com o óleo
essencial, muito utilizado na indústria de perfumes como excelente fixador de odores46. O
óleo-resina é a parte bruta do óleo, aquela coletada diretamente do tronco das copaibeiras, e o
óleo essencial é a parte pura, obtida por meio de processos físicos (destilação a vapor d’água,
extração por solventes, CO2 supercrítico, prensagem, turbodestilação e hidrodestilação)31.
O efeito antimicrobiano é uma das características mais explorada dos óleos de
copaíba, apresentando bom potencial inibitório52. Mendonça e Onofre (2009) avaliaram o
efeito antimicrobiano in vitro do óleo-resina de copaíba (Copaifera multijuga) sobre bactérias
como Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Os autores
observaram que o óleo-resina de copaíba aprecentou capacidade inibitória sobre o
crescimento dos três tipos de microorganismos estudados.
Pieri et al.54 avaliando a capacidade inibitória do óleo de copaíba (Copaifera
officinalis) no crescimento dos microorganismos Streptococcus mutans in vitro ,observaram
que a atividade antimicrobiana do óleo interferiu no crescimento dos microorganismos em
todas as concentrações testadas até 0,78 mL / mL de solução a 10% de óleo de copaíba.
Investigando in vitro o potencial antimicrobiano do óleo-resina da Copaifera
reticulata sobre isolados de Staphylococcus coagulase positiva, oriundos de casos de otite
externa em cães, Ziech et al.18 observaram que óleo-resina teve efeito bacteriostático e
bactericida até mesmo em cepas resistentes de Staphylococus. A atividade antimicrobiana e
inibitória do óleo de copaíba também foi observada por Pieri et al.55, em estudo in vitro, no
qual o óleo de copaíba foi capaz de inibir a aderência de bactérias (Streptococcus mutans)
formadoras de placa dental em cães.
Avaliando a inclusão do óleo-resina de copaíba na alimentação de poedeiras sobre
a qualidade física, composição e colesterol total de ovos frescos oriundos de poedeiras
alimentadas com rações contendo 0,03 e 0,06% de óleo-resina de copaíba, Ribeiro56 não
observou efeito dos níveis estudados sobre as variáveis estudadas.
Ao incluir 0,2, 0,4 e 0,6% de óleo-resina de copaíba, em dietas de frangos de corte
desafiados ou não por Escherichia coli, Guidotti57 verificou que os diferentes níveis não
apresentaram efeito sobre o desempenho das aves até os 28 dias de idade, no entanto o nível
de 0,2% apresentou efeito aditivo sobre a resposta imune humoral das aves. Alguns estudos
relataram os efeitos do óleo essencial de copaíba sobre o desempenho de frangos de corte.
Souza58, estudando a inclusão de 0,15; 0,30; 0,45 e 0.60% de óleo essencial de copaíba na
dieta de frangos de corte, verificou que a inclusão de 0,15% do óleo resultou em aves com
desempenho semelhante às aves submetidas ao tratamento contendo antibiótico, aos 21 dias
19
de idade. Aguilar et al.59, ao incluírem 0,15, 0,30, 0,45 e 0,60 mL/kg de óleo essencial de
copaíba em dietas de frangos de corte, observaram que quando incluído em baixas
concentrações (0,15mL/kg), o óleo essencial de copaíba demonstrou ser um promissor
melhorador de desempenho.
1.3 Barbatimão
O Barbatimão (Stryphnodendron adstringens) é uma árvore típica do Cerrado, que
tem ampla distribuição geográfica, podendo ocorrer em vários Estados, desde o Pará,
atravessando o Planalto Central, até o Norte do Paraná60. É bastante utilizado na medicina
popular. O uso da casca tem efeito considerado anti-inflamatório, anti-hemorrágico, ajuda no
combate a diarréias, cicatrizante, antisséptico61, antimicrobiano62 e ainda no tratamento de
problemas circulatórios, dor de garganta e gastrointestinais.
As cascas da Stryphnodendron adstringens são espessas, e apresentam
propriedades adstrigentes20 (taninos) permitindo que proteínas se precipitem, formando um
revestimento protetor contra a multiplicação bacteriana, promovendo uma ação anti-séptica61.
O barbatimão possui como metabólitos secundários alcalóides, flavonóides,
terpenos, estilbenos, esteróides, inibidores de proteases e taninos63-64, sendo os taninos os
componentes majoritários.
Estudos relataram a grande variação nos teores de taninos presentes na casca,
Texeira et al.64 encontrou de 10-37%; Lima et al.65 encontraram teores até 50% de taninos. De
acordo com Texeira et al.64, a variação dos teores depende diretamente do local de coleta do
material, bem como a parte da planta estudada. Santos et al.66, avaliando três espécies de
barbatimão (Stryphnodendron adstringens, Stryphnodendron polyphyllum e Dimorphandra
mollis), observaram diferença significativa na composição química entre os gêneros
Stryphnodendron e Dimorphandra.
Os taninos vegetais são distribuídos em dois grupos: hidrolisáveis e
condensados67, 68. Os taninos hidrolisáveis estão presentes em menor quantidade e dividem-se
em galotaninos e elagitaninos, que produzem respectivamente ácido gálico e ácido elágico
após hidrólise, com ação anti-inflamatória e antioxidante69.
Os taninos condensados ou proantocianidinas compõe a classe mais importante de
70
taninos , são estruturalmente complexos e resistentes à hidrólise, porém, dependendo da
estrutura do tanino, pode ser possível sua solubilidade em solventes orgânicos aquosos69. As
propriedades farmacológicas do barbatimão estão relacionadas com os teores de taninos
condensados presente na planta56, 71.
20
Existem três propriedades inerentes dos taninos que são responsáveis pela maior
parte das suas atividades farmacológica: complexação com íons metálicos (ferro, alumínio,
cálcio, cobre, etc), necessários ao metabolismo microbiano72, 73
; atividade antioxidante e
seqüestradora de radicais livres e habilidade de formar complexo com outras moléculas, como
por exemplo, proteínas e polissacarídeos73.
Soares et al.74, em estudos com camundongos, verificaram a ação do extrato
etanólico de Stryphnodendron adstringens e Caryocar brasiliensis (pequi) sobre a parasitemia
do Trypanosoma cruzi, e observou uma redução no número de parasitos no sangue. Em
estudo da atividade antimicrobiana do extrato de barbatimão in vitro, Pinho et al.75
observaram que as folhas de barbatimão tiveram efeitos inibitórios sobre o crescimento de
Staphylococcus aureus.
Em pesquisa com o objetivo de verificar o efeito do extrato de barbatimão como
substituto aos antibióticos, Santana76 testou a inclusão de 200, 400 e 600mg/kg de extrato de
barbatimão na ração de frangos, e observou que a inclusão da dose de 600 mg/kg resultou em
um peso médio das aves semelhante ao das alimentadas com rações contendo antibiótico, até
os 21 dias de idade. A conversão alimentar das aves suplementadas com 400 mg/kg foi
melhor que os demais tratamentos testados (controle, MOS, Avilamicina, 200 e 600 mg/kg de
barbatimão), até os 21 dias de idades.
Nogueira77 utilizou 1,5 e 3,0 ppm de extrato de barbatimão em dietas de frangos
de corte infectados por Eimeria maxima, e não observou efeitos significativos no desempenho
das aves. No entanto, a inclusão do extrato demonstrou ser efetivo no controle da coccidiose
aviária, pois a suplementação de 1,5 ppm promoveu a redução de eliminação de oocistos nas
fezes, e a inclusão de 3,0 ppm promoveu a redução de escore de lesão.
O extrato de barbatimão, também foi estudado em dietas de poedeiras por
56
Ribeiro , que avaliou a inclusão de 0,01 e 0,03% de extrato barbatimão em dietas de
poedeiras comerciais, na qualidade física e química de ovos frescos, e observou que a
inclusão do extrato não influenciou as características físicas do ovo. No entanto, as
características químicas foram influenciadas, sendo que o teor de colesterol total das aves
alimentadas com dietas contendo extrato de barbatimão foram superiores aos das aves dos
demais tratamentos (controle e pacari).
21
REFERÊNCIAS
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ABSTRACT: It was aimed to evaluate the addition of copaiba oleo resin or barbatimão
extract as antimicrobial in the diet of laying hens infected with Escherichia coli. A total of
200 Isa Brown commercial laying hens (64-76 weeks old) were intravaginally inoculated with
0.5 ml of 0.85% sterile saline solution containing 8.8 x 109 CFU / mL of Escherichia coli. It
was adopted a randomized block design (birds weight used as block criteria), with four
treatments and five replicates of 10 birds. The treatments consisted of: basal diet without
additives (control); basal diet + 30 mg / kg of antibiotic (halquinol); basal diet + 30 mg / kg of
copaiba oleo resin and basal diet + 40 mg / kg barbatimão extract. The experiment lasted three
periods of 28 days, in order to evaluate performance and external and internal egg quality.
Data were subjected to analysis of variance and means, when necessary, were compared by
Tukey test (5%). Feed conversion decreased with the addition of 40 mg / kg of barbatimão
extract compared to the control treatment, although it was similar to antibiotic treatment. The
addition of barbatimão extract in the diet decreased egg production, when compared to
antibiotic treatment. The addition of 30 mg / kg diet of copaiba oleo resin had no effect on
growth performance. The use of barbatimão extract lead to production of heavier eggs, in
relation to antibiotic treatment, however, they presented lower shell thickness and a worse
internal quality (UH) than the control diet. The addition of copaiba oleo resin resulted in
improved egg weight, albumen percentage and yolk index, in relation to antibiotic treatment.
However, the inclusion of copaiba oil resin resulted in a lower yolk percentage, when
compared to antibiotic treatment. The inclusion of copaiba oleo resin in the diet of laying
hens, in order to replace performance enhancing additives, is recommended.
2.1 Introdução
O uso de aditivos melhoradores de desempenho na produção animal é realizado
desde a década de 50 com objetivo de alcançar melhores índices zootécnicos, acelerar o
crescimento e com finalidade terapêutica no tratamento de infecções1.
No entanto, as restrições ao uso de antimicrobianos melhoradores de desempenho
(AMD) vêm ocorrendo de maneira crescente, visto que o uso contínuo ou dosagens
subterapêuticas pode ocasionar resistência de cepas bacterianas. Assim, impulsionados por
essa problemática, pesquisadores se empenharam em encontrar substitutos ao uso dos
antibióticos melhoradores de desempenho. De acordo com Huyghebaert et al.2, os substitutos
devem proporcionar o mesmo efeito benéfico dos aditivos melhoradores de desempenho.
Produtos extraídos de plantas (extratos vegetais e óleos) têm sido estudados e
demonstram serem promissores substitutos aos aditivos sintéticos. O uso dos extratos resulta
em melhora da digestibilidade e absorção de nutrientes, na propriedade antisséptica, na
atividade antioxidante, e na melhora da resposta imunológica3.
O Cerrado brasileiro é rico em variedades de plantas com propriedades
farmacológicas, e isso se deve a presença de compostos químicos, taninos, terpenos, glucanos
e outros compostos, que agem como antimicrobianos. Dentre essas plantas podemos destacar
a copaíba e o barbatimão.
A copaíba (Copaífera sp ) possui propriedades farmacológicas, com ação anti-
inflamatória, cicatrizante e antibacteriana4, 5, 6, analgésico6, entre outras.
O óleo-resina de copaíba é constituído majoritariamente de hidrocarbonetos
sesquiterpênicos, sendo observada também a presença de diterpenos. No entanto, os
sesquiterpenos representam 90% da composição do óleo e a eles são atribuídos as
propriedades terapêuticas do óleo. Os sesquiterpenos frequentemente encontrados no óleo-
resina de copaíba são, β –cariofileno, óxido de cariofileno, α – humuleno, δ – cadineno, α -
cadinol, α - cubebene,α e β - selineno, β - elemeno, α - copaeno,trans - α - bergamoteno e β –
bisaboleno7.
Avaliando a atividade antimicrobiana in vitro do óleo-resina de copaíba
(Copaifera multijuga) sobre bactérias como Escherichia coli, Staphylococcus aureus e
Pseudomonas aeruginosa, Mendonça & Onofre8 observaram que o óleo-resina de copaíba
teve capacidade inibitória sobre o crescimento dos três tipos de microorganismos estudados.
O barbatimão (Stryphnodendron adstringens) possui propriedades adstrigentes e
medicamentosas, sendo considerado como anti-inflamatório, anti-hemorrágico, ajuda no
combate a diarréias, cicatrizante, antisséptico9, e ainda no tratamento de problemas
34
As análises de qualidade interna e externa dos ovos foram realizadas nos três
últimos dias de cada ciclo, sendo utilizados três ovos por unidade experimental, coletados no
dia da análise. As variáveis analisadas foram:
- Gravidade específica: foi realizada pelo método de imersão do ovo em solução salina com
densidades variando de 1,065 a 1,110 e intervalos de 0,005.
- Porcentagem de gema, albúmen e casca (%): foram determinados os pesos de cada uma
das partes em balança digital, sendo esses valores divididos pelo peso do ovo e multiplicados
por 100. O peso da casca foi obtido após secagem.
- Altura e diâmetro de gema e albúmen (mm): os ovos de cada unidade experimental foram
pesados e quebrados em superfície plana para serem realizadas as medidas de altura e
diâmetro de albúmen e gema, realizadas com auxílio de um micrometro tripé e de um
paquímetro.
- Índice de gema: foi obtido pela divisão da altura da gema e do seu respectivo diâmetro.
- Índice do albúmen: foi obtido pela divisão da altura da gema e do seu respectivo diâmetro.
- Espessura de casca(mm): Após secagem em temperatura ambiente por 72 horas, as
medidas de espessura de casca foi coletada com o auxílio de um paquímetro.
- Unidade Haugh (UH): para determinar a qualidade interna dos ovos, expressos em
unidades Haugh (UH), levou-se em consideração a relação logarítmica entre altura do
albúmen denso (mm) e o peso dos ovos (g). Os valores foram aplicados na fórmula (BARNT
et al., 1951):
UH= 100 log. (H + 7,57 - 1,7 W0,37)
Em que:
H= altura do albúmen (mm)
W= peso do ovo (g).
2.3.1. Desempenho
Os dados de desempenho de poedeiras comerciais semi-pesadas alimentadas com
rações contendo copaíba ou barbatimão (Tabelas 2, 3, e 4) mostraram que, no primeiro e no
segundo período de produção houve efeito (p<0,05) dos tratamentos sobre a conversão
alimentar (kg/dz) e produção de ovos. Rações contendo extrato de barbatimão
proporcionaram pior conversão alimentar em relação ao tratamento controle (p<0,05). No
entanto, Moreira20, estudando a inclusão do extrato de barbatimão em três concentrações,
1000, 2000 e 3000 mg/kg, em dietas de poedeiras comerciais, não observou efeito da
inclusão do extrato para nenhuma das variáveis de desempenho estudadas no período de 24 a
40 semanas. As aves utilizadas neste estudo tinham idade superior (64 a 76 semanas) as das
aves estudadas por Moreira20 (24 a 40 semanas), e foram submetidas ao desafio com
Escherichia coli, o que pode ter influenciado os resultados.
absorção de outros nutrientes através da parede celular. Assuena et al.22 não encontraram
efeito prejudicial do tanino quando substituiu milho pelo sorgo baixo tanino em diversos
níveis (0%, 25%, 50%, 75% e 100%) em dietas de poedeiras.
Com relação ao tratamento com óleo-resina de copaíba (Tabela 2), pode-se
observar que a conversão alimentar (kg/dz) das aves foi semelhante aos tratamentos controle
(sem aditivos) e com antibiótico. A conversão alimentar das aves alimentadas com rações
contendo óleo-resina de copaíba foi semelhante aos relatos de Noleto23, em estudo com frango
de corte. O autor avaliou a inclusão de 2g/kg de óleo-resina de copaíba na dieta de frangos de
corte, na fase inicial, e verificou que a conversão alimentar das aves alimentadas com rações
contendo óleo-resina de copaíba também foi igual ao das aves do tratamento com antibiótico
(avilamicina) e controle (sem aditivos).
Do mesmo modo, Castejon24, estudando a inclusão do óleo de copaíba, nos níveis
de 100, 500, 900 e 1300 mg/kg, em dietas de frangos de corte na fase inicial, pré-inicial e de
crescimento, não observou diferença na conversão alimentar das aves dos tratamentos com
copaíba em relação as dos tratamentos controle e com avilamicina. Os dados de conversão
alimentar deste estudo mostraram que o grupo com antibiótico apresentou pior conversão
alimentar (kg/dz) (p<0,05) em relação ao grupo controle. Os resultados sugerem que nas
condições do experimento, com poedeiras desafiadas com Escherichia coli, o antibiótico
apresentou pior conversão alimentar em relação ao grupo controle e o mesmo não foi
observado para a copaíba.
Considerando o segundo período de produção (Tabela 3), pode-se observar que a
produção de ovos foi influenciada (p<0,05) pelos tratamentos.
Embora a espessura da casca tenha sido inferior para o tratamento com óleo-resina
de copaíba, a gravidade especifica dos ovos não diferiu dos outros tratamentos (p>0,05). Este
resultado não era esperado, visto que a gravidade específica está relacionada com a espessura
da casca29, quanto maior a gravidade específica, maior a espessura da casca30.
Considerando os resultados do extrato de barbatimão sobre a qualidade de casa,
pode-se concluir que embora os taninos, presentes no extrato, tenham a capacidade de se
complexar com íons metálicos16, 21, não influenciaram na deposição de cálcio na casca.
A porcentagem de gema dos ovos do tratamento com copaíba foi inferior (p<0,05)
ao dos tratamentos com antibiótico ou controle (sem aditivo). Entretanto, a porcentagem de
albúmen dos ovos do tratamento contendo copaíba foi melhor em relação aos tratamentos com
antibiótico e controle. A utilização do extrato de barbatimão resultou em ovos com
porcentagem de gema e albúmen semelhante aos demais tratamentos (p>0,05). Moreira20,
avaliando a qualidade interna e externa de ovos de poedeiras comerciais alimentadas com
rações contendo diferentes níveis de extrato de barbatimão (1.000, 2.000 e 3.000 mg/kg).
Resultado parcialmente semelhante a este estudo fora observado por Ribeiro13,
quando estudou a inclusão de óleo de copaíba em dois níveis, 0,03 e 0,06%, na dieta de
poedeiras comerciais, e não observou efeito da inclusão do óleo para nenhuma das variáveis
de qualidade interna.
Em relação ao segundo período de produção, as variáveis de peso do ovo,
espessura da casca e índice de gema foram influenciadas (p<0,05) pelos tratamentos (Tabela
7).
O tratamento com copaíba resultou em ovos com peso semelhante (p>0,05) aos
ovos do ao grupo com antibiótico ou controle. A utilização do antibiótico resultou em ovos de
peso semelhante aos do tratamento controle. Com relação ao extrato de barbatimão, o peso do
ovo foi superior ao dos tratamentos com antibiótico ou controle (sem aditivo).
A inclusão do óleo-resina de copaíba resultou em ovos com espessura de casca
semelhante (p>0,05) ao tratamento com antibiótico e superior ao tratamento controle. Os ovos
do tratamento com barbatimão apresentaram espessura de casca inferior ao tratamento com
antibiótico e semelhante ao grupo controle. A menor espessura de casca do tratamento com
barbatimão em relação ao tratamento com antibiótico pode está relacionada a complexação
dos íons Ca pelos taninos15, no entanto quando comparado ao tratamento controle esse efeito
não foi observado. Oliveira31, avaliando os efeitos da inclusão de extrato de barbatimão em
dois níveis, 0,1 e 0,3%, sobre a qualidade física de ovos, não observou efeito negativo com a
utilização do extrato de barbatimão sobre a qualidade de casca de poedeiras comerciais leves
de 24 a 40 semanas.
O índice de gema do tratamento com copaíba foi semelhante ao tratamento com
antibiótico (p>0,05) e superior ao tratamento controle. Com relação ao tratamento com
barbatimão, o índice de gema não diferiu dos demais tratamentos (p>0,05).
No terceiro período de produção, houve efeito dos tratamentos sobre o índice de
gema e a unidade Haugh (p<0,05) (Tabela 8). O índice de gema dos tratamentos com copaíba
ou com barbatimão foi semelhante ao grupo com antibiótico. Entretanto, o índice de gema dos
ovos do tratamento com copaíba foi superior ao do tratamento controle, enquanto o
tratamento com barbatimão apresentou-se semelhante ao grupo controle.
(p<0,05). Esse resultado está relacionado com o aumento da porcentagem de gema dos
tratamentos. Esse resultado pode mostrar um efeito negativo dos extratos sobre a gema.
Embora a utilização do óleo-resina de copaíba melhorou o índice de gema. Os
valores médios de índice de gema para ovos frescos estão entre 0,40 e 0,4232. Compostos,
ainda não elucidados, presente na copaíba pode ter contribuído com essa melhoria, uma vez
que as propriedades terapêuticas do óleo ainda são as mais exploradas. Oliveira31, estudando a
inclusão de óleo de copaíba em três níveis, 0,03, 0,06 e 0,09%, na dieta de poedeiras
comerciais e sem efeitos na qualidade física de ovos, não observou efeito da adição do óleo
sobre o índice de gema de ovos frescos em relação aos demais tratamentos.
48
2.4 Conclusões
REFERÊNCIAS
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52
RESUMO: A realização deste estudo teve como objetivo avaliar a inclusão do óleo-resina de
copaíba ou extrato de Barbatimão na ração de poedeiras comerciais desafiadas com
Escherichia coli sobre a frequência de isolados de Escherichia coli em ovos, folículos
ovarianos e oviduto. Foram utilizadas 200 poedeiras comerciais da linhagem Isa Brow (64 a
76 semanas de idade) sendo todas as aves inoculadas via intravaginal com 0,5 mL de solução
salina esterilizada a 0,85% contendo 8,8 x 109 UFC/mL de Escherichia coli. O delineamento
foi em blocos ao acaso (sendo o peso das aves blocado), com quatro tratamentos e cinco
repetições de 10 aves. Os tratamentos foram: ração basal sem aditivos (controle); ração basal
+ 30 mg/kg de antibiótico (halquinol); ração basal + 30 mg/kg de óleo-resina de copaíba e
ração basal + 40 mg/kg de barbatimão. O experimento teve duração de três períodos de 28
dias e em cada período foi realizado pesquisa de Escherichia coli em ovos e ao final do
experimento pesquisa de Escherichia coli em folículos ovarianos e oviduto. Houve menor
frequência de isolamento de Escherichia coli em amostras de suabes intravaginal do
tratamento com copaíba. A inclusão do barbatimão ou da copaíba proporcionou menor
frequência de isolamento de E. coli nos folículos ovarianos em relação ao tratamento com
antibiótico. O barbatimão proporcionou menor ocorrência de Escherichia coli no oviduto em
relação ao tratamento com antibiótico. Já o tratamento com óleo-resina de copaíba apresentou
maior frequência de isolamento de E. coli no oviduto que os demais tratamentos. A utilização
do óleo-resina de copaíba ou extrato de barbatimão resultou em menor frequência de
isolamento de Escherichia coli nas amostras de casca, albúmen e gema que o tratamento com
antibiótico. A inclusão de óleo-resina de copaíba foi satisfatória na substituição ao antibiótico
em dietas de poedeiras comercias.
ABSTRACT: This study was performed aiming the evaluation of the inclusion of copaiba
oleo resin or barbatimão extract in the diet of laying hens challenged with Escherichia coli on
the frequency of isolates of Escherichia coli in eggs, ovarian follicles and oviduct. A total of
200 Isa Brown commercial laying hens (64-76 weeks old) were intravaginallyinoculated with
0.5 ml of 0.85% sterile saline solution containing 8.8 x 109 CFU / mL of Escherichia coli. It
was adopted a randomized block design (birds weight used as block criteria), with four
treatments and five replicates of 10 birds. The treatments consisted of: basal diet without
additives (control); basal diet + 30 mg / kg of antibiotic (halquinol); basal diet + 30 mg / kg of
copaiba oleo resin and basal diet + 40 mg / kg barbatimão extract. The experiment lasted three
periods of 28 days, and in each period it was performed the search for Escherichia coli in
eggs; and at the end of the total period, the search for Escherichia coli in ovarian follicles and
oviduct.There was a lower frequency of isolation of Escherichia coli in intra-vaginal swabs
samples from treatment with copaiba oilresin. The inclusion of barbatimão or copaiba
provided lower frequency of E. coli isolation in ovarian follicles, when compared to antibiotic
treatment.Barbatimão provided lower occurrence of Escherichia coli in the oviduct, in relation
to antibiotic treatment. The treatment with oleo resin copaiba showed higher frequency of
isolation of E. coli in the oviduct than the other treatments. The use of copaiba oleo resin or
barbatimão extract resulted in lower frequency of isolation of Escherichia coliin the shell,
albumen and yolk samples, in relation to antibiotic treatment. The inclusion of copaiba oleo
resin was satisfactory in substitution to the antibiotic in laying hens commercial diets.
3.1 Introdução
A utilização dos antimicrobianos na avicultura vem sendo realizado com o intuito
de alcançar melhores índices zootécnicos, prevenir doenças e também como terapêuticos1.
Porém, o uso indiscriminado desses aditivos tem contribuído para o aparecimento de bactérias
multiresistentes, ocasionando sérios problemas para a avicultura industrial e para a saúde
pública2.
A preocupação com o aparecimento de bactérias resistentes ocasionou a restrição
do uso dos aditivos melhoradores de desempenho (AMD) na produção animal, impulsionando
assim o desenvolvimento de pesquisas em busca de possíveis substitutos dos AMD’s.
Estudos realizados com extratos e óleos vegetais têm revelado o grande potencial
desses produtos como antimicrobianos, além de melhorar a absorção dos nutrientes e
apresentar atividade antioxidante3,4. Plantas do Cerrado brasileiro estão sendo alvo de estudos
e suas propriedades medicinais têm sido comprovadas, sendo os seus efeitos benéficos
associados aos seus diferentes princípios ativos5. A copaíba (Copaífera sp) e o barbatimão
(Stryphnodendron adstringens) são exemplos de plantas do Cerrado com propriedades
comprovadas.
A copaíba possui ação analgésica, anti-inflamatória, cicatrizante e
antibacteriana6,7. Suas propriedades medicinais são associadas aos sesquiterpenos,
componente majoritário do óleo. Os principais sesquiterpenos encontrados no óleo são β –
cariofileno, óxido de cariofileno, α – humuleno, δ – cadineno, α - cadinol, α - cubebene,α e β -
selineno, β - elemeno, α - copaeno,trans - α - bergamoteno e β –bisaboleno8.
Assim como a copaíba, o barbatimão possui propriedades medicinais, dentre as
quais estão seus efeitos anti-inflamatório, cicatrizante9, antimicrobiano10, além de apresentar
propriedades adstringente11 e antioxidante12. Os efeitos farmacológicos do barbatimão estão
relacionados aos teores de taninos condensados presente na planta, sendo atribuído a esse
composto a capacidade de se complexar com proteínas e íons metálicos, prejudicando a
digestão de nutrientes e a absorção de íons de cálcio, ferro e cobre13.
Na avicultura, a ocorrência de infecções ocasionadas por Escherichia coli é
comum e são denominadas colibacilose. As colibaciloses são responsáveis por quadros como
septicemia, peritonite, pneumonia, aerossaculite, pericardite, onfalite e salpingite14. Na
avicultura de postura, a Escherichia coli é responsável principalmente por desencadear
inflamação do oviduto das aves (salpingite), e por afetar a qualidade dos ovos comerciais15.
A copaíba e o barbatimão possuem atividade antimicrobiana e, portanto podem
ser uma alternativa em rações de aves. No entanto, ainda é necessário determinar a dosagem
55
horas. Após esse período, 1 mL de cada amostra foi transferido para meio de enriquecimento
Tryptic soy Broth (TSB ) e incubados a 37° C por 24 horas.
Posteriormente, a solução foi estriada em placas contendo ágar MacConkey e
incubada a 37°C por 24 horas. Após esse período, quatro colônias com características
sugestivas de Escherichia coli foram transferidas para tubos contendo ágar Tríplice açúcar e
ferro (TSI) e incubados a 37°C por 24 horas. Os tubos com TSI foram selecionados de acordo
com as características de crescimento e submetidos às provas bioquímicas: uréia, indol,
vermelho-metila e citrato. Foram consideradas amostras positivas aquelas que apresentaram
perfil bioquímico de Escherichia coli.
Na pesquisa de E. coli em ovos, as amostras de ovos foram coletadas no final de
cada período de produção, totalizando três coletas. Após as coletas dos ovos, realizadas de
maneira asséptica, os ovos foram identificados, encaminhados diretamente ao laboratório e
processados.
No laboratório separou-se quatro ovos, de cada repetição, que após assepsia com
álcool iodado a 2% na extremidade de menor diâmetro, foram quebrados e aquelas porções da
casca, que foram sanitizadas com álcool iodado a 2%, foram descartadas e o restante das
cascas, albumens e gemas foram separados. As frações separadas das amostras foram
colocadas em recipiente esterilizado.
Cada repetição originou três amostras: pool de 4 cascas, pool de 4 albumens e
pool de 4 gemas. As amostras foram homogeneizadas e 25g da casca, 25mL do albúmen e
25mL da gema foram colocados em bolsas de coleta esterilizadas (stomacher) contendo
225mL de solução salina peptonada a 1% e incubadas a 37oC/18-20h. Após esse período,
foram homogeneizadas e 1mL foi transferido para 9mL de caldo Trypticase Soy Broth (TSB)
seguindo-se a incubação a 37ºC/24h.
Após esse período, com auxílio de uma alça de níquel-cromo, alíquotas foram
plaqueadas por esgotamento em superfície para o ágar McConkey e novamente incubado a
37ºC/24h. Unidades Formadoras de Colônias (UFC) com características morfológicas de
Escherichia coli foram selecionadas e quatro UFC por placa foram transferidas para tubos
contendo tríplice açúcar ferro (TSI) e incubados a 37ºC/24h. As culturas em TSI com
crescimento sugestivo de Escherichia coli foram submetidos ao teste de urease, produção de
indol, vermelho metila, motilidade e teste do citrato de Simnons. Quando as provas
bioquímicas eram compatíveis com Escherichia coli as amostras foram consideradas
positivas.
59
de isolados de Escherichia coli foi semelhante ao tratamento controle (sem aditivos) com
6,7% (1/15). Esses dados sugerem que o óleo-resina de copaíba não reduziu a contaminação
dessa bactéria nos folículos, embora tenha reduzido nos suabes intravaginal.
Nas aves do grupo alimentadas com rações contendo antibiótico foi verificada
a maior frequência da Escherichia coli, 13,3% (2/15) nos folículos ovarianos. No entanto,
para as aves do tratamento com extrato de barbatimão não houve, em nenhuma das amostras,
presença da Escherichia coli (0%).
Com relação ao estudo da presença de Escherichia coli no oviduto, todos os
tratamentos apresentaram amostras positivas. O tratamento com óleo-resina de copaíba
apresentou maior número de amostras positivas 26,7% (4/15) em relação ao tratamento
controle 6,7% (1/15) ou com antibiótico 20,0% (3/15).
Com relação ao tratamento com barbatimão, foi observada menor quantidade de
amostras positivas para Escherichia coli em relação ao tratamento com antibiótico, em que os
tratamentos com barbatimão e com antibiótico, 13,33%(2/15) e 20%(3/15), respectivamente,
das amostras de oviduto foram positivas para Escherichia coli. Assim, o tratamento com
barbatimão demonstrou-se mais eficiente, quanto a sua ação antimicrobiana, em relação ao
tratamento com antibiótico.
Nas condições experimentais proposta, aves velhas (64-76 semanas de idade) e
desafiadas com Escherichia coli, a ocorrência da bactéria foi relativamente baixa quando se
considera a quantidade de amostras analisadas. Porém, vale ressaltar que aves mais velhas são
menos susceptíveis a contaminações, visto que possuem uma microbiota mais madura e um
sistema imunológico mais eficiente19.
Em relação à frequência de isolamento de Escherichia coli nas diferentes
estruturas dos ovos (Tabela 4), pode-se observar que a frequência de contaminação da
62
bactéria na casca foi maior, seguida da contaminação da gema, a qual foi maior do que do
albúmen.
Esse resultado já era esperado, visto que ocorre maior incidência de contaminação
na casca do ovo. A contaminação da casca do ovo pela bactéria pode ocorrer por via
horizontal, com o contato do ovo com as fezes no momento da passagem do ovo pela cloaca 20
ou logo após a ovoposição, pois nos primeiros minutos a cutícula ainda é imatura e permite a
penetração da Escherichia coli. No entanto, para que o agente permaneça na casca e migre
para o conteúdo, ele deve vencer as barreiras intrínsecas, como a cutícula, membranas da
casca e uma camada formada de material denso que delimita a membrana da casca e o
albúmen. A bactéria também pode se alojar nas membranas e ser impedida de penetrar no
conteúdo, pois as membranas da casca servem como filtros e retêm os microrganismos 21.
Provavelmente, estas barreiras intrínsecas contribuiram para menores índices de
contaminação no conteudo dos ovos quando comparado à frequencia de detecção de
Escherichia coli nas cascas.
Foi constatada a presença de E.coli na casca nos tratamentos controle, nos dois
primeiros períodos, 20% (1/5), sendo que no terceiro período não foi encontrado a presença
da bactéria. As cascas dos ovos das aves alimentadas com rações contendo antibiótico
apresentaram maior frequência da bactéria no primeiro período, 40% (2/5), havendo redução
63
foram semelhantes aos demais tratamentos, em que não foi observada a ocorrência de
Escherichia coli.
Com esses resultados é possível sugerir que a contaminação observada em
folículos pode não resultar em ovos com gemas contaminadas por Escherichia coli, visto que
a frequência de isolamento da bactéria foi baixa nas amostras analisadas de gema. A gema
constitui-se em um substrato adequado para a multiplicação bacteriana e, diferente das outras
estruturas do ovo, não contem mecanismos que impeçam o desenvolvimento de bactérias24.
Isso permite inferir que a contaminação pode ser oriunda do folículo ovariano infectado de
aves portadoras inaparentes.
A contaminação do albúmen e da gema pode não estar relacionada à
contaminação da casca, visto que a penetração de microorganismos via casca ocorre em maior
frequência com o maior período de armazenamento. Os ovos utilizados para realização deste
estudo foram coletados após a postura e mantidos em temperatura de aproximadamente 28ºC
por aproximadamente 24 horas. Assim, provavelmente, não houve tempo para que ocorressem
alterações na membrana vitelínica, devido a liquefação do albúmen, que facilitaria a perda de
íons de ferro e de nutrientes da gema para o albúmen, e com isso, atrair microrganismos25. Por
outro lado, a contaminação da gema e do albúmen do ovo pode ter ocorrido no momento da
formação do ovo. De acordo com Oliveira19, o contato das estruturas do ovo com patógenos
pode ocorrer ainda no ovário ou no oviduto da ave (via transovariana/contaminação vertical),
ou por relação direta com contaminantes fecais (via contaminação da casca/ contaminação
horizontal).
65
3.4 Conclusões
A inclusão de 0,03 g/kg de ração de óleo-resina de copaíba em rações de
poedeiras comerciais é recomendada, uma vez que a adição desse produto contribuiu para
diminuir a frequência de isolados dessa bactéria nos folículos ovarianos e nos ovos.
É recomendada a inclusão de 0,04 g/kg de extrato de barbatimão em rações de
poedeiras comerciais, para reduzir a contaminação de Escherichia coli nos folículos
ovarianos, oviduto e ovos.
O uso do óleo-resina de copaíba ou do extrato de barbatimão reduziu a ocorrência
de Escherichia coli, podendo substituir o antibiótico.
66
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