2013 - Dissertacao - Jacu

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THIAGO DO NASCIMENTO THEL

Penelope superciliaris e Penelope jacucaca (Aves: Cracidae): Conservação e


Etnoornitologia em uma Unidade de Conservação.

RECIFE-PE
2013
ii

THIAGO DO NASCIMENTO THEL

Penelope superciliaris e Penelope jacucaca (Aves: Cracidae): Conservação e


Etnoornitologia em uma Unidade de Conservação.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós


Graduação em Ecologia da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau
de mestre em Ecologia.

Orientador: Dr. Severino Mendes de Azevedo


Júnior

(Universidade Federal Rural de Pernambuco)

RECIFE-PE
2013
iii

Penelope superciliaris e Penelope jacucaca (Aves: Cracidae): Conservação e


Etnoornitologia em uma Unidade de Conservação.

Thiago do Nascimento Thel

Dissertação apresentada ao Programa de Pós


Graduação em Ecologia da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau
de Mestre em Ecologia.

Dissertação apresentada e _____________________em ______/______/_______

Orientador:

______________________________________________
Profº Dr. Severino Mendes de Azevedo Júnior

Examinadores:

________________________________________________
Profº. Dr. Joaquim Olinto Branco - UNIVALI

________________________________________________
Profª. Dra. Rachel Maria de Lyra Neves - UFRPE

________________________________________________
Profº. Dr. Wallace Rodrigues Telino Júnior - UFRPE

Suplente:

_______________________________________________
Profª. Dra. Maria Eduarda de Larrazábal - UFPE
iv

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, por todo o incentivo, apoio, amor e pelo incansável sonho de me ver
vencer por meio da educação,
dedico.
v

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por toda força que me deu durante essa longa
jornada, superando obstáculos e vencendo desafios. Aos meus pais, que foram
importantíssimos e vitais nessa caminhada. Exemplos de amor, carinho, fé, caráter, luta
e esforço para conseguir realizar os sonhos. Vocês são e sempre serão meus maiores
exemplos a seguir. Agradeço também aos meus irmãos Jacqueline, Wllisses e Moisés
que compartilharam os momentos felizes e me ajudaram e me apoiaram nas horas que
mais precisei. Obrigado.

Ao meu orientador Severino Mendes de Azevedo Júnior, pelo constante apoio e


incentivo, pela grande oportunidade de amadurecer profissionalmente e trabalhar em
uma região que considero a minha casa, o Cariri cearense. Obrigado. Aos
coordenadores de curso, Profª Ana Carla, Profº Geraldo Barbosa e Profª Paula Braga
pelo incentivo e apoio nessa trajetória do mestrado.
Um agradecimento especial a Profª Rachel Maria de Lyra Neves e ao Profº
Wallace Rodrigues Telino Júnior, por todo apoio, incentivo, pela imensurável ajuda
durante todo o mestrado. Meus sinceros agradecimentos.
A uma pessoa muito especial em minha vida, Gabriela Guedes, meu grande
amor, por todo apoio, incentivo, luta e dedicação. Por caminhar junto comigo, dividindo
momentos felizes e principalmente os momentos de grandes dificuldades, sempre se
fazendo presente em tudo. Sua ajuda em todos os aspectos foi vital. A você eu também
dedico esse trabalho. Obrigado.
Aos meus primos Joaquim Izidro e Paula, pela valiosa ajuda em Recife, por todo
apoio e incentivo. Obrigado pela acolhida e por tudo.
Aos meus colegas de mestrado, Leonardo, Jarcilene, Olga, Robson, Felipe, Neto
por todo apoio e ajuda. Por dividir momentos importantes dessa trajetória. Obrigado. Ao
colega Júllio Marques pelo companheirismo e ajuda durante as coletas lá na Malhada.
Ao colega Pedro Hudson, pelo constante incentivo, ajuda e companheirismo nas viagens
de moto a Chapada. Obrigado.
Ao biólogo Samuel Lopes Vieira, pela ajuda com as análises de dados. Foi de
fundamental importância sua contribuição. Muito obrigado!
À Rede de Investigação em Biodiversidade e Saberes Locais (REBISA), com o
apoio financeiro da FACEPE (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado
de Pernambuco) para o projeto Núcleo de Pesquisa em Ecologia, Conservação e
vi

Potencial de Uso de Recursos Biológicos do Semiárido do Nordeste do Brasil (APQ-


1264-2.05/10).
Ao ICMBio em nome de Willian Brito, gestor da FLONA, por toda ajuda, apoio
e incentivo. Ao grande Gilmário, por ter se disponibilizado a contribuir com a pesquisa
e por compartilhar seu conhecimento. Aos brigadistas de incêndio Damião, Bi,
Adailton, Geninha, Galego, Rafael, Zé Walter, Luciano e a todos os outros. Obrigado
pela fundamental ajuda, por compartilhar um valioso conhecimento popular. Obrigado
pela acolhida nas unidades do ICMBio, pelos almoços e longas conversas.
Aos moradores da Comunidade da Macaúba, em especial a pessoa de Welma
pela grande ajuda na pesquisa e a (Dâmis), Seu Damásio, por toda a disposição e
vontade de ajudar em nosso trabalho. A todos os entrevistados por nos ajudar com o seu
conhecimento na elaboração de parte dessa pesquisa.
vii

SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ............................................................................................... iv
AGRADECIMENTOS ..................................................................................... v
LISTA DE FIGURAS........................................................................................ viii
LISTA DE TABELAS ...................................................................................... x
RESUMO............................................................................................................ xi
ABSTRACT ...................................................................................................... xii
1. Introdução geral .......................................................................................... 12
2. Fundamentação Teórica ............................................................................. 13
2.1 Cracídeos ................................................................................................. 13
2.2 Ecologia alimentar ................................................................................... 15
2.3 Etnociências na conservação da biodiversidade ...................................... 16
2.4 Etnozoologia na conservação da biodiversidade em UC’s.................... 17
2.5 Etnoornitologia............................................................................... 18
3. Referencias bibliográficas ............................................................................ 19
Artigo: Penelope superciliaris e Penelope jacucaca (Aves: Cracidae):
Conservação e Etnoornitologia em uma Unidade de Conservação –
Ceará, Brasil ..................................................................................................... 26
Abstract.......... ..................................................................................................... 26
Resumo................................................................................................... 27
Introdução ........................................................................................................... 28
Material e métodos ............................................................................................. 29
Área de estudo .................................................................................................... 29
Levantamento populacional do jacu ................................................................... 31
Registros alimentares.......................................................................................... 32
Amostras fecais coletadas ................................................................................... 32
Coleta de dados etnoornitológicos ...................................................................... 33
Análise de dados ................................................................................................. 34
Resultados........................................................................................................... 36
Discussão ........................................................................................................... 45
Agradecimentos .................................................................................................. 55
Referencias Bibliográficas .................................................................................. 56
Anexo 1 .............................................................................................................. 66
Anexo 2 .............................................................................................................. 66
viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização da APA Araripe e da Floresta Nacional do Araripe. Seta 1 indica


a localização da área de levantamento das informações ecológicas de P. superciliaris e a
seta 2 indica a comunidade da Macaúba, Barbalha - Ceará. Linha vermelha indica o
transecto 1 e a linha amarela indica o transecto 2. Linhas brancas são projeções para o
cálculo aproximado da área de estudo..............................................................................30

Figura 2. Prancha utilizada nas entrevistas realizadas com os caçadores da Comunidade


da Macaúba – Barbalha, Ceará, Brasil......................................................................34

Figura 3. Curva de rarefação comparando o número de entrevistados (Sobs) e os


informantes citados (Jack1), geradas a partir de 1.000 aleatorizações. IC: intervalos de
confiança de 80%...................................................................................................35

Figura 4. Função da probabilidade de detecção da estimativa de densidade populacional


de Penelope superciliaris. O histograma representa os valores observados e a curva o
esperado................................................................................................................37

Figura 5. Registros de alimentação de Penelope superciliaris na FLONA-Araripe de


acordo com a altura de forrageamento. Os números acima das barras indicam a
quantidade de registros para cada estrato de forrageamento........................................39

Figura 6. Tamanho médio dos frutos consumidos por Penelope superciliaris na


FLONA-Araripe entre novembro de 2011 a outubro 2012. Linhas verticais acima das
barras representam os desvios-padrão. Espécies de plantas: 1. Anacardium
microcarpum; 2. Senna rugosa; 3. Ocotea pallida; 4. Bryrsonima sericea; 5. Miconia
albicans; 6. Tabernaemontana sp.; 7. Buchenavia capitata; 8. Eugenia punicifolia; 9.
Myrcia multiflora; 10. Psidium sp.; 11. Matayba guianensis; 12. Protium
heptaphyllum.........................................................................................................40

Figura 7. Proporção do número de espécies de plantas pelos diâmetros médios dos


frutos consumidos por P. superciliaris, entre novembro de 2011 e outubro de 2012 na
FLONA-Araripe, Ceará, Brasil................................................................................40

Figura 8. Coloração dos frutos consumidos por P. superciliaris na FLONA-Araripe,


Ceará, Brasil, entre novembro de 2011 a outubro de 2012.............................................41

Figura 9. Número de espécies vegetais de acordo com a morfologia dos frutos


consumidos por P. superciliaris, entre novembro de 2011 a outubro de 2012, na
FLONA-Araripe, Ceará, Brasil.......................................................................................41
ix

Figura 10 - Meses mais indicados para a caça de P superciliaris e P. jacucaca segundo


os entrevistados da comunidade da Macaúba, Barbalha – Ceará..................................43

Figura 11 – Número de citações dos instrumentos mais utilizados para a caça de


Penelope sp. segundo os entrevistados da comunidade da Macaúba, Barbalha –
Ceará.....................................................................................................................44

Figura 12 – Instrumentos citados pelos entrevistados para a prática de caça do jacu. A=


espingarda; B= baladeira; C= cachorro e D= armadilha.............................................44
x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estimativa de densidade populacional de Penelope superciliaris na Floresta


Nacional do Araripe-Apodi, Ceará, Brasil......................................................................36

Tabela 2. Espécies de plantas consumidas por Penelope superciliaris em áreas da


FLONA Araripe, entre novembro de 2011 a outubro de 2012 identificadas através de
registros visuais e/ou análises de amostras de fezes, forma de forrageamento e parte da
planta consumida. VIS= Visual; FEZ= Amostras de fezes. * = espécies mais
consumidas............................................................................................................38

Tabela 3 – Usos citados pelos caçadores de Penelope superciliaris e Penelope jacucaca


na Comunidade da Macaúba, Barbalha – Ceará. VU= valor de uso. * Espécie ameaçada
de extinção............................................................................................................42
xi

Thel, Thiago do Nascimento (MSc). Universidade Federal Rural do Pernambuco


(UFRPE). Julho, 2013. Penelope superciliaris e Penelope jacucaca (Aves: Cracidae):
Conservação e Etnoornitologia em uma Unidade de Conservação. Orientador: Prof. Dr.
Severino Mendes de Azevedo Júnior (UFRPE).

RESUMO – Esse trabalho foi realizado na Floresta Nacional do Araripe (FLONA) e


em comunidades que vivem no entorno dessa Unidade de Conservação. Teve como
objetivos estimar os parâmetros populacionais de densidade, abundância e tamanho da
população de Penelope superciliaris em áreas da FLONA, além de descrever os
principais itens alimentares que compõe a dieta dessa espécie, descrevendo
morfologicamente os frutos que fazem parte da sua dieta e investigar como se dá as
relações de caça e coleta de ovos de Penelope superciliaris (jacupemba) e Penelope
jacucaca (jacucaca) pelas comunidades humanas que habitam aquela região,
esclarecendo quais as técnicas, os instrumentos, o período e os locais utilizados nessas
práticas. O trabalho foi desenvolvido entre novembro de 2011 e maio de 2013. Foram
utilizados os métodos de transectos lineares, para estimar os parâmetros populacionais,
além de registros visuais e coleta de amostras de fezes para estudar a ecologia alimentar.
Entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com os informantes através de um
questionário e de uma prancha com fotos das espécies. Foi registrada uma densidade de
19.17 indivíduos/km2 com um C.V= 13.98% e uma abundância de 0.13 encontros/10
km. Foi registrado também o consumo de 14 espécies de plantas, 12 delas detectadas
por registros visuais e duas por amostras de fezes. O diâmetro dos frutos consumidos
variou entre 6.3 ± 1.35 mm (Miconia albicans) a 29.9 ± 1.7 mm (Psidium sp.). Espécies
com os frutos amarelos foram as mais consumidas (n= 5; 41.6%), seguidos por frutos
negros, verdes e vermelhos (n= 2; 16.6%) cada. Os frutos carnosos do tipo bacóide (n=
6; 50%) e drupóide (n= 4; 33.3%) foram os mais consumidos. P. superciliaris obteve o
maior valor de uso (VU= 0,89) em comparação a P. jacucaca (VU= 0,15). Foi
identificado dois principais usos para as espécies estudadas, a carne utilizada para
alimentação (57,9%) e a coleta de ovos para a criação de filhotes (47,36%). Os meses de
janeiro, junho, julho e novembro obtiveram quatro citações como os melhores períodos
para caçar jacu e dezembro foi o mais citado (6 citações). Todos os entrevistados
citaram os intervalos de horários (5h – 6h) e (17h – 18h) como os mais indicados para a
caça da jacucaca e da jacupemba. Foram identificados também quatro instrumentos para
a caça dessas espécies. A espingarda foi a mais citada (68,42%), seguido pela caça com
a utilização de cachorro (21%). Os dois outros instrumentos, armadilha e a baladeira,
obtiveram (5,26%) de citações cada. Os dados sobre os parâmetros populacionais, dieta
e as utilizações de P. superciliaris e P. jacucaca, associados às informações das técnicas
de caça, horários, período do ano e locais, fornecem possibilidades de criação de
estratégias de manejo e conservação, as quais poderão ser utilizadas pelos órgãos
ambientais a fim de desenvolver ações de conservação que envolvam estas duas
espécies.
xii

Thel, Thiago do Nascimento (MSc). Universidade Federal Rural do Pernambuco


(UFRPE). Julho, 2013. Penelope superciliaris e Penelope jacucaca (Aves: Cracidae):
Conservação e Etnoornitologia em uma Unidade de Conservação. Orientador: Prof. Dr.
Severino Mendes de Azevedo Júnior (UFRPE).

ABSTRACT - This study was conducted at Araripe National Forest (FLONA) and
communities that live around this Conservation Unit. Aimed to estimate the parameters
of population density, abundance and population size of Penelope superciliaris in areas
of the National Forest, and describe the main food items that make up the diet of this
species, morphologically describing the fruits that are part of their diet and to
investigate how it gives the relations of hunting and gathering eggs for Penelope
superciliaris and Penelope jacucaca by human communities that inhabit that region,
clarifying what techniques, tools, and places the period used in these practices. The
study was conducted between november 2011 and may 2013. We used line transect
methods to estimate population parameters, and visual records and collection of stool
samples to study the feeding ecology. Semi-structured interviews were conducted with
informants through a questionnaire and a board with pictures of the species. Was
recorded a density of 19.17 individuals/km2 with a CV = 13.98% and an abundance
0.13 encontros/10 km. It was also recorded the use of 14 species of plants, 12 were
detected by visual records and by two stool samples. The diameter of the fruits
consumed ranged from 6.3 ± 1.35 mm (Miconia albicans) to 29.9 ± 1.7 mm (Psidium
sp.). Species with yellow fruit were the most consumed (n = 5, 41.6%), followed by
black fruits, green and red (n = 2, 16.6%) each. The fleshy fruits like bacóide (n = 6,
50%) and drupóide (n = 4, 33.3%) were the most consumed. P. superciliaris had the
highest use value (VU = 0.89) compared to P. jacucaca (VU = .15). Was identified two
main uses for the species studied, the meat used for food (57.9%) and egg collection to
the creation of offspring (47.36%). The months of january, june, july and november 4
citations obtained as the best times to hunt guan and december was the most cited (6
catations). All respondents cited the intervals of time (5h – 6h) and (17h - 18h) as the
most suitable for hunting White-browed guan and Rusty-margined guan. We also
identified four instruments for hunting these species. The rifle “espingarda” was the
most cited (68.42%), followed by hunting with dogs (21%). The two other instruments,
trap and “baladeira”, obtained (5.26%) citations each. Data on population parameters,
diet and use of P. superciliaris and P. jacucaca, information associated with the hunting
techniques, schedules, time of year and locations, provide possibilities for creating
strategies for management and conservation, which can be used by environmental
agencies to develop conservation actions involving these two species.
12

1. INTRODUÇÃO GERAL

A Floresta Nacional do Araripe-Apodi é uma Unidade de Conservação que detém


uma rica biodiversidade de aves, cerca de 193 espécies, onde estão inseridas algumas
ameaçadas de extinção (NASCIMENTO et al., 2000). A necessidade de conservação na
FLONA do Araripe é evidente e segundo Nascimento et al. (2000), espécies de aves como a
jacucaca (Penelope jacucaca), a jacupemba (Penelope superciliaris) e o zabelê (Crypturellus
noctivagus) sofrem uma acentuada pressão de caça. Estudos com cracídeos que reúnam
informações biológicas básicas como levantamentos populacionais das espécies, dados sobre
alimentação, efeitos da caça, reprodução, distribuição espacial são necessários para gerar
informações detalhadas sobre a biologia e ecologia dessas espécies (BROOKS e FULLER,
2006).
Os jacus Penelope superciliaris e Penelope jacucaca são cracídeos que fazem
parte do grupo das grandes aves florestais frugívoras (BROOKS, 2002). Com a capacidade de
ingerir frutos maiores, essas aves tem a possibilidade de dispersar plantas com sementes
maiores, as quais são mais vulneráveis a extinção devido à baixa variedade de animais
frugívoros capazes de dispersar suas sementes (SILVA e TABARELLI, 2000; RODA, 2002).
Assim são fundamentais na manutenção das florestas tropicais (GUIX et al., 1997;
SEDAGHATKISH et al., 1999). Informações sobre a biologia dessas espécies e suas relações
com as comunidades humanas que habitam o entorno da FLONA do Araripe são de
fundamental importância para a conservação delas e de outras espécies da fauna e flora
regional (BROOKS e STRAHL, 2000; NASCIMENTO et al., 2000).
A conservação da biodiversidade em Unidades de Conservação (UCs) ainda é um
desafio para os países, pois as características de cada unidade são particulares, fazendo com
que esse processo seja dificultado. Outros fatores como as ações antrópicas na utilização dos
recursos naturais também devem ser levadas em consideração para a criação e
desenvolvimento de estratégias de conservação e manejo (NASCIMENTO et al., 2000;
DRUMOND et al., 2009; TORRES et al., 2009; ALVES et al., 2008). Ainda de acordo com
Torres et al. (2009), as etnociências são fundamentais na construção desses planos de manejo,
de modo que esse conhecimento possa ser utilizado na proteção e manutenção dos recursos
naturais.
É dessa forma que o desenvolvimento e o avanço de novas ciências surgem como
importantes ferramentas para o estudo das relações humanas com os outros seres vivos, um
exemplo é a Etnozoologia, ciência que estuda o conhecimento, significado e as relações
13

existentes entre o homem e os animais (OVERAL, 1990). Nessa relação, as aves despertam
grande interesse aos humanos, agregando importância ecológica e cultural. É nesse contexto
que surge a Etnoornitologia, que segundo Farias e Alves (2007a) pode ser definida como um
conjunto de estudos em que se busca compreender as relações cognitivas, comportamentais e
simbólicas entre a espécie humana e as aves.
Alguns estudos se tornaram referência para o desenvolvimento de outros trabalhos
etnoornitológicos, no Brasil, a exemplo de Jensen (1985) que estudou os sistemas de
classificação de aves praticados por indígenas na região Amazônica, onde pode observar
semelhanças de sistemas sociais e hierárquicos de classificação com os reconhecidos na
sistemática lineana. Outros trabalhos mostraram o importante conhecimento que muitas
comunidades humanas possuem a respeito da avifauna, seja fornecendo diversas
características ou criando nomes, baseados no canto, na forma e/ou nas cores dessas aves
(FIGUEIREDO, 2002; COSTA-NETO, 2007). Aspectos como taxonomia, ecologia e
comportamento das aves têm sido estudados ao longo do desenvolvimento e aprofundamento
da etnoornitologia no país, esses estudos se tornam cada vez mais importantes na preservação
da biodiversidade em áreas protegidas (DIAMOND, 1966; TEIXEIRA, 1992; MARQUES,
1998; DRUMOND et al., 2009).
Então, diante do exposto, essa pesquisa objetiva estudar aspectos da biologia de P.
superciliaris, de modo a esclarecer os itens alimentares que compõe a dieta dessas espécies,
os parâmetros populacionais de densidade, abundância e tamanho da população, além de
investigar como se dá as relações de caça e coleta de ovos de P. superciliaris e P. jacucaca
pelas comunidades humanas que vivem no entorno da FLONA, esclarecendo quais as
técnicas, os instrumentos, o período e os locais utilizados nessas relações e com isso poder
fornecer dados que possam ser utilizados para a criação de estratégias de manejo e
conservação desses animais.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Cracídeos
A família Cracidae é composta de 50 espécies, divididas em três grupos: aracuãs,
jacus e os mutuns. Os aracuãs (gênero Ortalis) compõem os menores indivíduos da família
cerca de 50 cm e 500 g. (BROOKS E FULLER, 2006). Os jacus possuem um porte médio
com 65 cm e 850 g aproximadamente, sendo também o grupo mais diverso, com 24 espécies
14

distribuídas seis gêneros (Penelope, Pipile, Chamaepetes, Oreophasis, Aburria e Penelopina)


(BROOKS, 2002). Os mutuns são os maiores representantes da família Cracidae com 80 cm e
3 kg (podendo variar) representados por 14 espécies e quatro gêneros (Crax, Mitu, Pauxi e
Nothocrax) (BROOKS e STRAHL, 2000). A distribuição dessa família abrange, sobretudo, as
regiões tropicais e subtropicais das Américas do Sul, Central e Norte até o México (BROOKS
e FULLER, 2006). O Brasil detém a segunda maior diversidade de espécies de Cracidae,
sendo registradas 22 das 50 espécies existentes (ICMBIO, 2008).
Os chamados jacus “verdadeiros” cracídeos pertencentes ao gênero Penelope,
apresentam maior diversidade com 15 espécies (BROOKS, 2002). São aves de grande porte,
que podem atingir 85 cm de comprimento, tem papo vermelho e saliente na zona da garganta,
a plumagem é uniforme e escura, em geral preta (SICK, 2001). A jacupemba (Penelope
superciliaris) é o menor representante desse gênero (cerca de 55 cm e 800 g), tem uma
barbela vermelha, mais proeminente no macho, apresenta um topete rudimentar, asas com
bordas ferrugíneas bem distintas, peito esbranquiçado e íris vermelha em ambos os sexos
(SICK, 2001). É uma ave primariamente arbórea e florestal, habitam florestas de baixa
altitude e outros ambientes como caatinga, capões de cerrado, capoeiras, matas, beira de rios e
lagos (SICK, 2001). Ocorre ao sul dos rios Amazonas e Madeira, Brasil Central, Nordeste,
Brasil merídio-oriental. (DELACOUR, 1973; SICK, 2001). Atualmente essa espécie exibe
provável declínio populacional devido à destruição de hábitat e aos insustentáveis níveis de
caça (CEMAVE, 2010).
Penelope jacucaca é a maior espécie de cracídeo desse bioma, medindo 73 cm e
pesando em média 1,5 kg (SICK, 2001). Tem uma cor canela escura, um topete negro com
faixas superciliaris brancas que se unem na fronte e uma garganta com barbela vermelha
(ICMBIO, 2008). É uma ave frugívora, tem predileção por frutos como o joazeiro e consome
flores de ipê. Ocorre no interior do Nordeste do Brasil (Ceará, Bahia e Paraíba) (MACHADO
et al. 2008). Ocupava outros estados como Maranhão, Pernambuco, Piauí, Alagoas e Minas
Gerais, sendo extinto na maioria deles. Com o contínuo desmatamento da caatinga arbórea em
todo o Nordeste do Brasil a jacucaca é uma espécie ameaçada de extinção e com um grave
declínio populacional com base na caça e perda de habitat (MACHADO et al., 2008;
CEMAVE, 2010; BIRDLIFE INTERNATIONAL, 2013).
Diversos estudos tem mostrado a importância dos cracídeos como fonte de
alimento para populações rurais e indígenas dos Neotrópicos, além de destacar que esse grupo
animal compõe a maior biomassa de aves atingidas pela caça (SILVA e STRAHL 1991;
BEGAZO, 1997). A destruição de habitats naturais dessas aves vem provocando um grave
15

declínio nas populações ao longo das últimas décadas. Muitas espécies florestais e endêmicas,
como jacus e mutuns, estão particularmente suscetíveis a essa ameaça (BROOKS e STRAHL,
2000; BROOKS e FULLER, 2006). Os estudos sobre os aspectos ecológicos, populacionais,
reprodutivos de diversas espécies de Cracídeos ainda são escassos, fazendo com que a
biologia dessas espécies seja pouco compreendida (STOTZ, 1996; ICMBIO, 2008).
Como resultado de serem fortemente impactados pelas atividades antrópicas
(BROOKS e STRAHL, 2000), os cracídeos podem ser utilizados (juntamente com outras aves
e mamíferos) como indicadores ambientais, bem como a utilização em atividades de manejo
em parques e áreas de proteção ambiental na região Neotropical. Com esse tipo de atividade
os administradores de parques podem obter dados que indicam se os recursos florestais de
uma determinada região podem ou não estarem sendo superexplorados (STRAHL e
GRAJAL, 1991).

2.2. Ecologia alimentar

Os cracídeos possuem uma alimentação bastante diversificada, entre os principais


itens consumidos estão frutos, sementes, flores, brotos e folhas (ICMBIO, 2008). Os jacus
(gênero Penelope) são essencialmente frugívoros e desempenham um papel fundamental na
regeneração de florestas tropicais através da dispersão de sementes, especialmente de plantas
com sementes maiores como os membros das famílias Lauraceae, Arecaceae, Sapotaceae
(GUIX et al., 1997; SEDAGHATKISH et al., 1999). Mikich (2002) registrou o consumo de
55 espécies de frutos em três fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual no Sul do país
por Penelope superciliaris. Essas aves defecam e regurgitam sementes intactas e em alguns
casos são os principais dispersores de espécies vegetais em escala local (BROOKS e
STRAHL, 2000).
A capacidade que essas aves possuem de se alimentarem de frutos com sementes
maiores que 11 mm, devido a uma maior abertura do bico, mostra sua importância como um
dos únicos grupos animais que podem atuar como potenciais dispersores de diversas famílias
de plantas (PIZO, 2004; RODA, 2004). Silva e Tabarelli (2000) baseados no tamanho
máximo das sementes que a avifauna remanescente consegue dispersar estimaram que
aproximadamente um terço das espécies arbóreas da floresta Atlântica ao norte do rio São
Francisco poderão se extinguir por falta de dispersores de suas sementes, o que vem reforçar a
importância dessas grandes aves frugívoras na dispersão de sementes de uma grande
variedade de famílias de angiospermas.
16

Alguns cracídeos podem predar sua espécie de flor preferida, impedindo a


formação de frutos. Como acontece com flores de Tabebuia spp. que é um alimento preferido
de jacus, jacutingas e aracuãs na estação seca no Pantanal, e as aves certamente produzem um
impacto na demografia destas árvores (BROOKS e FULLER, 2006).

2.3. Etnociências na conservação da biodiversidade

A etnobiologia é uma ciência que busca explicar e compreender como as


comunidades tradicionais (indígenas, pescadores e agricultores) percebem e interagem com o
ambiente natural (BEGOSSI, 1993; MARQUES, 1998). Ao mostrar os diferentes modos em
que o conhecimento sobre o mundo natural está organizado em todo grupo humano, a
etnobiologia oferece um tipo de relativismo pelo qual é possível reconhecer outros modelos
de apropriação da natureza não necessariamente baseados no racionalismo e pragmatismo da
ciência vigente (BANDEIRA, 2001). A etnobiologia também serve de mediadora entre as
diferentes culturas ao assumir seu papel como disciplina dedicada à compreensão e respeito
mútuo entre os povos (POSEY, 1987). Os seres humanos possuem uma conexão muito forte
com as demais espécies de seres vivos do planeta (caráter genético) e essa ligação emotiva
varia da atração à aversão, da admiração à indiferença (WILSON, 1989). A natureza para
essas pessoas representa um lugar permanente de observação, experimentação e aquisição de
saberes. Tentar entender esses conhecimentos e a percepção de uma comunidade sobre o
ambiente em que vive, com o objetivo de valorizá-los e melhorá-los através de ações que
visem à conservação ambiental, o manejo, observando a relação de mútua dependência entre
diversidade cultural e biodiversidade, é de estrema importância e necessita mais atenção por
parte de pesquisadores, educadores e da sociedade (SAIKI et al., 2009).
Ao longo da história surgiram diversas evidências da relação existente entre
homens e animais, sendo esta uma relação antiga e importante para as sociedades humanas
(FRAZIER, 2007; ALVES et al., 2009). A etnozoologia busca estudar o conhecimento,
significados e o uso dos animais pelas sociedades humanas e teve sua origem no Brasil com
os primeiros estudos da fauna pelos naturalistas europeus que estavam interessados pelas
riquezas naturais das novas regiões e seus possíveis usos pelos moradores nativos (OVERAL,
1990; PINTO, 2011). Diversos estudos etnozoológicos vêm demonstrando que as populações
humanas tradicionais detêm um conhecimento profundo sobre a fauna e sobre a importância
da manutenção dos recursos biológicos necessários a sua sobrevivência (MARQUES, 1998;
MOURÃO et al., 2006; HANAZAKI et al., 2009). Assim nota-se que esse conhecimento
17

tradicional é de extrema importância para propostas de manejo fundamentadas em princípios


de participação local e sustentabilidade (HUNTINGTON, 2000).

2.4. Etnozoologia na conservação da biodiversidade em Unidades de Conservação.

O desenvolvimento e o estabelecimento das comunidades biológicas nos


ambientes naturais foi um processo lento e gradativo que levou milhares de anos para
acontecer (CULLEN et al., 2004). Hoje, essas comunidades se encontram sobre forte ameaça
devido ao alto consumo e demanda por materiais e recursos biológicos (PRIMACK e
RODRIGUES, 2001).
Diversas iniciativas vêm sendo implementadas para conservar os recursos
naturais, como a criação de novas áreas de conservação da natureza que têm como objetivo
proteger a biodiversidade (DIEGUES, 2001). O Brasil, considerado um dos países
megadiversos, conta com um sistema de áreas naturais protegidas, denominadas de Unidades
de Conservação (UC), que têm sido implementadas com objetivos de manejo diferenciados,
em categorias diferentes, a fim de proteger ao máximo os ecossistemas (TERBORGH e
SCHAIK, 2002). Mas essas medidas por si só não têm correspondido aos resultados
esperados, já que elas não contemplam a relação homem-natureza levando em conta os
conflitos decorrentes do uso e ocupação da paisagem e a diversidade cultural (DIEGUES,
2001).
Reconhece-se que muitas políticas de conservação e gestão adotadas no Brasil e
no mundo se mostram ineficientes, em grande parte por ignorar as comunidades humanas que
vivem em áreas protegidas ou em seu entorno (DIEGUES et al., 1999). Pesquisas sobre as
necessidades locais e as atitudes dos moradores do entorno de parques e reservas fornecem
subsídios para o redirecionamento das ações e políticas adotadas (NAZARIO, 2003), o que
tem estimulado a realização de estudos sobre esse tema nos últimos anos (INFIELD, 1988;
MKANDA e MUNTHALI 1994; BADOLA 1998; GALLO-JÚNIOR, 2000). Dentre os
problemas, os conflitos e as pressões das populações humanas, que vivem no entorno ou no
interior das UCs, representam hoje um dos principais obstáculos para se garantir a integridade
da biodiversidade presente.
18

2.5. Etnoornitologia

A etnoornitologia aborda o conhecimento das comunidades humanas sobre as


aves e suas relações cognitivas, comportamentais e simbólicas, incluindo pesquisas que
abordam a nomenclatura e as classificações ornitológicas vigentes em diversas culturas
(FARIAS e ALVES, 2007a). O surgimento dos estudos etnoornitológicos no Brasil aconteceu
por meio de inventários de aves em que se coletaram e publicaram os nomes vernáculos locais
desses animais. O conhecimento local sobre as aves em nosso país foi apresentado
inicialmente como “curiosidades” em meio a outras pesquisas ornitológicas e só a partir da
década de 1980, as pesquisas nessa área começaram a emergir (FARIAS e ALVES, 2007b;
STRAUBE et al., 2007). A importância das aves silvestres para as comunidades em diferentes
regiões do país tem estimulado a realização de pesquisas etnoornitológicas, que vem
investigando as formas de interação das aves com as populações urbanas e rurais (BEZERRA
et al., 2011).
Uma grande variedade de aves silvestres é utilizada para diversos fins no Brasil e
no mundo, como por exemplo, no comércio ilegal, como animais de estimação, na medicina
popular e na alimentação. (BALDERAS et al., 2001; PEREIRA e BRITO 2005; GAMA e
SASSI, 2008; ALVES et al., 2008, 2009; LEO NETO et al., 2009). Cada vez mais percebe-se
a importância de se conhecer o uso da avifauna por populações humanas, especificamente no
Nordeste do Brasil, onde pessoas que vivem nessa região interagem com esses animais de
diversas maneiras, como a prática a caça de subsistência, que representa na maioria das vezes
uma atividade passada ao longo das gerações e de caráter cultural (ALVES et al., 2010). A
caça e o comércio ilegal de aves colocam em risco a conservação de espécies como o zabelê
(Crypturellus noctivagus zabelê), arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) e o jacu-
verdadeiro (Penelope jacucaca) no semiárido brasileiro (MACHADO et al., 2008)
19

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Manuscrito a ser submetido ao Periódico Biota Neotropica (B1)

Penelope superciliaris e Penelope jacucaca (Aves: Cracidae): Conservação e


Etnoornitologia em uma Unidade de Conservação.
26

Penelope superciliaris e Penelope jacucaca (Aves: Cracidae): Conservação e Etnoornitologia em


uma Unidade de Conservação.

Thiago do Nascimento Thel1*, Jullio Marques Ferreira1, Pedro Hudson Teixeira1, Leonardo Barbosa da
Silva1 e Severino Mendes de Azevedo Júnior1,2
1
Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE) Recife, Brasil. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, 52.171-900, Recife-PE,
Recife, Pernambuco, Brasil.
2
UFRPE – Departamento de Biologia. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, 52.171-900, Recife-PE,
Recife, Pernambuco, Brasil.
*
Autor para correspondência: E-mail: [email protected]

Abstract
This study was conducted at Araripe National Forest (FLONA) and communities that live around this
Conservation Unit. Aimed to estimate the parameters of population density, abundance and population
size of Penelope superciliaris in areas of the National Forest, and describe the main food items that
make up the diet of this species, morphologically describing the fruits that are part of their diet and to
investigate how it gives the relations of hunting and gathering eggs for Penelope superciliaris and
Penelope jacucaca by human communities that inhabit that region, clarifying what techniques, tools,
and places the period used in these practices. The study was conducted between november 2011 and
may 2013. We used line transect methods to estimate population parameters, and visual records and
collection of stool samples to study the feeding ecology. Semi-structured interviews were conducted
with informants through a questionnaire and a board with pictures of the species. Was recorded a
density of 19.17 individuals/km2 with a CV = 13.98% and an abundance 0.13 encontros/10 km. It was
also recorded the use of 14 species of plants, 12 were detected by visual records and by two stool
samples. The diameter of the fruits consumed ranged from 6.3 ± 1.35 mm (Miconia albicans) to 29.9 ±
1.7 mm (Psidium sp.). Species with yellow fruit were the most consumed (n = 5, 41.6%), followed by
black fruits, green and red (n = 2, 16.6%) each. The fleshy fruits like bacóide (n = 6, 50%) and
drupóide (n = 4, 33.3%) were the most consumed. P. superciliaris had the highest use value (VU =
0.89) compared to P. jacucaca (VU = .15). Was identified two main uses for the species studied, the
meat used for food (57.9%) and egg collection to the creation of offspring (47.36%). The months of
january, june, july and november 4 citations obtained as the best times to hunt guan and december was
the most cited (6 catations). All respondents cited the intervals of time (5h – 6h) and (17h - 18h) as the
most suitable for hunting White-browed guan and Rusty-margined guan. We also identified four
instruments for hunting these species. The rifle “espingarda” was the most cited (68.42%), followed
by hunting with dogs (21%). The two other instruments, trap and “baladeira”, obtained (5.26%)
citations each. Data on population parameters, diet and use of P. superciliaris and P. jacucaca,
information associated with the hunting techniques, schedules, time of year and locations, provide
possibilities for creating strategies for management and conservation, which can be used by
environmental agencies to develop environmental conservation actions.

Keywords: Araripe National Forest, White-browed Guan, Rusty-margined Guan, diet hunt,
conservation.
27

Resumo

Esse trabalho foi realizado na Floresta Nacional do Araripe (FLONA) e em comunidades que vivem
no entorno dessa Unidade de Conservação. Teve como objetivos estimar os parâmetros populacionais
de densidade, abundância e tamanho da população de Penelope superciliaris em áreas da FLONA,
além de descrever os principais itens alimentares que compõe a dieta dessa espécie, descrevendo
morfologicamente os frutos que fazem parte da sua dieta e investigar como se dá as relações de caça e
coleta de ovos de Penelope superciliaris (jacupemba) e Penelope jacucaca (jacucaca) pelas
comunidades humanas que habitam aquela região, esclarecendo quais as técnicas, os instrumentos, o
período e os locais utilizados nessas práticas. O trabalho foi desenvolvido entre novembro de 2011 e
maio de 2013. Foram utilizados os métodos de transectos lineares, para estimar os parâmetros
populacionais, além de registros visuais e coleta de amostras de fezes para estudar a ecologia
alimentar. Entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com os informantes através de um
questionário e de uma prancha com fotos das espécies. Foi registrada uma densidade de 19.17
indivíduos/km2 com um C.V= 13.98% e uma abundância de 0.13 encontros/10 km. Foi registrado
também o consumo de 14 espécies de plantas, 12 delas detectadas por registros visuais e duas por
amostras de fezes. O diâmetro dos frutos consumidos variou entre 6.3 ± 1.35 mm (Miconia albicans) a
29.9 ± 1.7 mm (Psidium sp.). Espécies com os frutos amarelos foram as mais consumidas (n= 5;
41.6%), seguidos por frutos negros, verdes e vermelhos (n= 2; 16.6%) cada. Os frutos carnosos do tipo
bacóide (n= 6; 50%) e drupóide (n= 4; 33.3%) foram os mais consumidos. P. superciliaris obteve o
maior valor de uso (VU= 0,89) em comparação a P. jacucaca (VU= 0,15). Foi identificado dois
principais usos para as espécies estudadas, a carne utilizada para alimentação (57,9%) e a coleta de
ovos para a criação de filhotes (47,36%). Os meses de janeiro, junho, julho e novembro obtiveram
quatro citações como os melhores períodos para caçar jacu e dezembro foi o mais citado (6 citações).
Todos os entrevistados citaram os intervalos de horários (5:00 – 6:00h) e (17:00 – 18:00h) como os
mais indicados para a caça da jacucaca e da jacupemba. Foram identificados também quatro
instrumentos para a caça dessas espécies. A espingarda foi a mais citada (68,42%), seguido pela caça
com a utilização de cachorro (21%). Os dois outros instrumentos, armadilha e a baladeira, obtiveram
(5,26%) de citações cada. Os dados sobre os parâmetros populacionais, dieta e as utilizações de P.
superciliaris e P. jacucaca, associados às informações das técnicas de caça, horários, período do ano e
locais, fornecem possibilidades de criação de estratégias de manejo e conservação, as quais poderão
ser utilizadas pelos órgãos ambientais a fim de desenvolver ações de conservação que envolvam estas
duas espécies.

Palavras-chave: Floresta do Nacional do Araripe, jacucaca, jacupemba, alimentação, caça,


conservação.
28

Introdução

Os jacus, pertencentes ao gênero Penelope, apresentam maior diversidade entre os outros


gêneros da família Cracidae com 15 espécies (Sick 2001). Penelope superciliaris é o menor
representante desse gênero e habita florestas de baixa altitude, outros ambientes como caatinga, capões
de cerrado, capoeiras, matas, beira de rios e lagos (Sick 2001). É um dos poucos representantes da
família Cracidae que ainda sobrevive em pequenos remanescentes florestais (Mikich 2002). Penelope
jacucaca, maior cracídeo do bioma Caatinga, habita as matas secas do nordeste do Brasil e é
considerado ameaçado de extinção segundo Machado et al. (2008), tendo como principais ameaças a
perda de hábitat e a caça predatória..
Na qualidade de grandes frugívoros florestais, essas aves desempenham um papel
fundamental na regeneração de florestas tropicais através da dispersão de sementes e também são
utilizadas como fonte de alimento para populações rurais e indígenas dos Neotrópicos (Guix et al.
1997, Sedaghatkish et al. 1999). Os estudos sobre os aspectos ecológicos, populacionais, cinegéticos,
reprodutivos das grandes aves frugívoras ainda são escassos, fazendo com que a biologia dessas
espécies seja pouco compreendida e a conservação se torne um desafio (Strahl & Grajal 1991, Stotz
1996 e ICMBIO 2008).
É nesse contexto que os estudos etnoornitológicos vêm somando como uma importante
ferramenta para conservação desses animais, pois integra o conhecimento científico sobre as aves com
o conhecimento, práticas e cultura das comunidades tradicionais (Farias & Alves 2007). Nessa relação,
as aves despertam grande interesse aos humanos, agregando importância ecológica e cultural (Farias &
Alves 2007). Aspectos como taxonomia, ecologia e comportamento das aves têm sido estudados ao
longo do desenvolvimento e aprofundamento da etnoornitologia no país, esses estudos se tornam cada
vez mais importantes na preservação dos ambientes naturais (Diamond 1966, Overal 1990, Teixeira
1992).
No Brasil esses estudos ainda são escassos e muitos deles possuem um caráter amador,
publicados por investigadores sem instrução formal em ornitologia (Farias & Alves 2007). Porém, nas
últimas décadas, os trabalhos etnoornitológicos no Brasil e no mundo tiveram um avanço e ganharam
um caráter científico, como pode ser visto em Begazo (1997), Marques (1998), Balderas et al. (2001),
Martinez (2006), Santos & Costa-Neto (2007), Alves et al. (2009), Barbosa et al. (2010), Houston
(2010), Barros et al. (2011), Ferreira-Fernandes et al. (2012).
Diante do que foi exposto é de fundamental importância conhecer mais sobre a biologia
dessas espécies, sua atual situação na natureza e suas relações com as populações humanas, para que
estratégias de conservação e manejo possam ser criadas visando à conservação das espécies. Os
objetivos do trabalho foram: estimar a densidade populacional, abundância e tamanho populacional de
Penelope superciliaris na Floresta Nacional do Araripe (FLONA) e coletar informações sobre a
ecologia alimentar dessa espécie de modo a: identificar através de observações visuais e análises de
29

amostras fecais quais os principais itens que copõem a sua alimentação, caracterizar morfologicamente
os frutos consumidos por P. superciliaris. Além disso, também teve como propósito, estudar as
relações de caça e coleta de ovos de Penelope superciliaris e Penelope jacucaca em uma comunidade
humana que vive no entorno da FLONA, esclarecendo quais as técnicas, os instrumentos, o período e
os locais utilizados nessas relações.

Material e métodos

Área de estudo

A Chapada do Araripe se estende pelos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, com mais
2
4,500 km acima dos 800 m de altitude em relação ao nível do mar (ICMBIO 2011). É nessa região
que se encontra a APA Araripe e a Floresta Nacional do Araripe-Apodi (Figura 1). A APA-Araripe,
criada segundo o Decreto Federal, de 04 de agosto de 1997 está localizada entre as latitudes 07º 00’ e
07º 50’ S e longitudes 38º 57’ e 40º 53’ W. Possui uma extensão de aproximadamente 10.000 km2. A
região está submetida a um clima semiárido e apresenta precipitação de aproximadamente 1000 mm
anuais e temperatura variando em torno de 18º C e 35º C, onde predominam feições de relevo planas e
litologia sedimentar. A altitude oscila entre 850 e 1000 metros (IBAMA 2004). Apresenta diferentes
tipos de vegetação como Cerrado, Cerradão, Carrasco, Caatinga e nos encraves e regiões serranas uma
Floresta Estacional, formando mosaicos vegetacionais de extrema importância biológica (IBAMA
2004). Dentro da APA localiza-se a FLONA ao sul do estado do Ceará entre as latitudes 07º 11’ 42” S
e 07º 28’ 38” S e longitudes 39º 13’ 28” W e 39º 36’ 33” W. Possui uma área de aproximadamente
38.626 ha e abrange os municípios de Barbalha, Crato, Nova Olinda, Jardim, Missão Velha e Santana
do Cariri, todos pertencentes ao estado do Ceará (MMA 2011). Quanto a sua fisionomia vegetal
identificam-se áreas de floresta ombrófila montana (mata úmida), de savana (cerrado), de savana
florestada (cerradão) e de carrasco (Filho et al. 2001). O clima da FLONA do Araripe é caracterizado
como tropical chuvoso, com precipitação anual por volta de 1368 mm, concentrados 80% nos meses
de dezembro a abril, com pico em março. Ocorrem cinco a sete meses secos, sendo o mais quente e
seco, setembro (Cavalcante & Lopes 1994). É uma área que tem uma importância relevante na
manutenção do equilíbrio hidrológico, climático, ecológico e do solo em todo o complexo sedimentar
do Araripe (IBAMA 2006). Constitui ainda um importante refúgio para a fauna regional, inclusive
para espécies ameaçadas de extinção e para diversas espécies da flora nativa (IBAMA 2006).
A área de estudo foi delimitada tomando por base a trajetória percorrida e suas
adjacências onde foram realizados os censos. Para o cálculo aproximado da área tomou-se por base as
figuras geométricas formadas a partir das trilhas percorridas (um triânulo equilátero e um triângulo
retângulo).
30

Figura 1. Localização da APA Araripe e da Floresta Nacional do Araripe. Seta 1 indica a localização
da área de levantamento das informações ecológicas de P. superciliaris e a seta 2 indica a comunidade
da Macaúba, Barbalha - Ceará. Linha vermelha indica o transecto 1 e a linha amarela indica o
transecto 2. Linhas brancas são projeções para o cálculo aproximado da área de estudo.

A pesquisa etnoornitológica foi desenvolvida no município de Barbalha (Ceará), onde


moram aproximadamente 55.323 pessoas, de forma que 38.022 estão distribuídas na zona urbana e
17.301 na zona rural (IBGE 2011). A localidade rural que foi selecionada para o estudo é conhecida
comunidade da Macaúba (Figura 1) que está localizada na APA-Araripe. Possui cerca de 250 famílias
residentes as quais são formadas na sua grande maioria por agricultores e extrativistas de espécies
vegetais que ocorrem na FLONA Araripe. A escolha dessa área se deu por esta ser uma área que
historicamente tem a caça como prática recorrente (IBAMA 2004). De acordo com o IBAMA (2004),
no plano de manejo da FLONA Araripe comprovam que 60% dos moradores das comunidades de
Barbalha residentes em zonas de amortecimento da FLONA, admitem que a caça seja praticada por
eles mesmos.
31

Levantamento populacional do jacu

A fim de realizar o levantamento quantitativo, foi utilizado o método de transectos


lineares, geralmente empregado para obtenção de estimativas populacionais na maioria dos estudos de
levantamento de fauna dos neotrópicos (Buckland et al. 1993, Strahl & Silva 1997, Peres 1999, 2000,
Cullen & Rudran 2003). Esse método está incluso na categoria de métodos amostrais à distância e que
utiliza a função de detecção, que representa a probabilidade de detecção do objeto (grupo ou
indivíduo) a uma distância x da linha de transecção (Buckland et al. 1993).
Essa técnica apresenta algumas premissas básicas como: (a) todos os animais na trilha
devem ser detectados; (b) as distâncias perpendiculares devem ser medidas ou estimadas o mais
precisamente possível; (c) todos os animais devem ser detectados em sua localização inicial; (d) as
observações dos animais devem ser eventos independentes e (e) o mesmo animal ou grupo não deve
ser contado mais de uma vez na mesma amostragem (Buckland et al. 1993, 2001, Peres 1999, Cullen
& Rudran 2003). Esse método consiste em percorrer trilhas previamente estabelecidas à velocidade
constante de no máximo 1 km/h (Burnahm et al. 1980, Buckland et al. 1993). No momento em que um
indivíduo ou grupo foi visualizado os seguintes dados foram registrados: espécie, número de
indivíduos, distância perpendicular entre animal ou grupo e a trilha (ao chegar ao ponto de
avistamento uma fita métrica foi utilizada para medir perpendicularmente a distância entre o animal ou
grupo a trilha), horário de visualização do animal (Cullen & Rudran 2003).
Dois transectos pré-existentes de 4 km cada (Figura 1) foram percorridos a pé em meio a
vegetação natural da FLONA na madrugada-manhã (5:00 – 9:00h) durante oito dias por mês (quatro
dias em cada transecto) no período de novembro de 2011 a outubro de 2012. Ao serem detectados os
animais foram observados com auxílio de um binóculo modelo (Nikon Monarch 8x42 DCF). Em dias
com chuva intensa as amostragens tiveram que ser interrompidas para não interferir na estimativa de
abundância.

Registros alimentares

A dieta alimentar foi estudada através de dois métodos complementares: registro de


alimentação: 1 - observação em trilhas e em pontos de alimentação e 2 - análise de amostras fecais. No
primeiro foram percorridas aleatoriamente trilhas pré-existentes para que possibilitasse um maior
número de contatos para eventos de frugivoria. As espécies vegetais não identificadas em campo
foram coletadas e posteriormente identificadas a partir de exsicatas herborizadas e depositadas no
Herbário Dárdano de Andrade Lima da Universidade Regional do Cariri. Os registros de alimentação
foram considerados a partir da observação em campo de um ou mais indivíduos consumindo frutos,
flores, folhas de uma determinada espécie vegetal. Caso as aves mudassem para outro recurso
alimentar, seguiu-se o proposto por Altmann (1974), sendo, portanto, feito um novo registro. Foram
coletados também frutos maduros para a realização das medidas do maior e menor diâmetro com o
32

auxílio de paquímetro. Características do fruto como morfologia e coloração foram anotados seguindo
Barroso et al. (1999).

Amostras fecais coletadas

As amostras de fezes foram coletadas nos transectos percorridos e pontos de observação e


facilmente reconhecidas devido ao seu grande volume, presença de uratos, que as diferenciam das
fezes de mamíferos, e a presença de sementes grandes, que geralmente não podem ser defecadas em
fezes de aves de menor porte (Mikich 2001). Outro fator que permite a coleta e identificação é o
hábito de forrageio desses animais, os quais geralmente foram vistos forrageando no chão ao longo
dos transectos e acabaram defecando no local de forrageio.
As fezes coletadas foram armazenadas em pequenos recipientes de plásticos com tampa
contento álcool a 70% e levadas para o Laboratório de Zoologia da Universidade Regional do Cariri
(URCA). A triagem desse material foi feita com auxílio de um microscópio estereoscópico. As fezes
coletadas foram removidas, lavadas em água corrente em uma peneira com malha de 1 mm e tiveram
seus itens alimentares separados (sementes, folhas, flores). As sementes colocadas pra secar
naturalmente em placas de petri ao sol. A identificação das sementes foi feita por meio de comparação
com material depositado em herbário e através de fotos apresentadas por Lorenzi (2008). As folhas e
flores foram registradas como itens alimentares e depois descartadas.

Coleta de dados etnoornitológicos

Foi feito o reconhecimento da área em que se encontra a comunidade da Macaúba por


meio de visitas ao local com o objetivo de avaliar o potencial dos informantes. Para isso procurou-se a
presidente da Associação dos Moradores da Macaúba e agentes de saúde comunitária, para explicar os
objetivos da pesquisa e solicitar a divulgação para toda a comunidade. Os caçadores e/ou criadores de
jacu (especialistas), foram identificados por meio da técnica “bola de neve” de acordo com
Albuquerque et al. (2010), uma forma de seleção intencional dos informantes que consiste em
identificar e entrevistar um especialista (caçador e/ou criador de jacu), que passa a indicar outro
especialista, até que os nomes passam a se repetir, o que indica a saturação da amostra.
Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas (Albuquerque et al. 2010) com
informantes indicados através de um questionário (anexo) e apresentação de material visual aos
mesmos (Figura 2). O material visual traz as duas espécies de jacus da região (Penelope superciliaris e
Penelope jacucaca). Antes de começar as entrevistas, os entrevistados foram convidados a assinar o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), dando cumprimento ao que é exigido pelo
Conselho Nacional de Saúde por meio do Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução Nº 292, de
08/07/1999).
33

Foi questionado nas entrevistas aspectos que tiveram como objetivo investigar as práticas
de caça e coleta de ovos de jacu, além de esclarecer quais as técnicas, os instrumentos, o período e os
locais utilizados nessas práticas. A pesquisa conta com a aprovação do Sistema de Autorização e
Informação em Biodiversidade (SISBIO), autorização nº 29970-3, bem como do Comitê de Ética em
Pesquisa (Conep) da Universidade de Pernambuco, sob autorização CAAE (09012113.5.0000.4208).

A - Penelope jacucaca (jacucaca) B - Penelope superciliaris (jacupemba)

Figura 2. Prancha utilizada nas entrevistas realizadas com os especialistas da Comunidade da


Macaúba – Barbalha, Ceará, Brasil. (Fotos: A - André Pacheco e B - Augusto Alves).

Análise de dados

A densidade populacional dos indivíduos foi estimada com o software Distance 6.0
(Thomas et al. 2010) Esse programa busca um modelo ou uma função de detecção que melhor
represente o comportamento das distâncias perpendiculares observadas. Depois, utiliza-se essa função
para estimar a proporção de indivíduos que não foram detectados durante os levantamentos, e com
isso, pode-se obter uma estimativa da densidade da população de interesse (Buckland et al. 1993,
2001, Cullen & Rudran 2003). O tamanho da população da espécie em estudo foi feito multiplicando-
se a densidade encontrada pela área de estudo. Os dados obtidos no levantamento foram transformados
em taxas de abundância, que foram estimadas para cada indivíduo visualizado (nº de visualizações/10
km) (Strahl & Silva 1997).
Em relação às entrevistas para comprovar a eficácia do método da “bola de neve” foi
elaborada uma curva de rarefação com o auxílio do programa EstimateS versão 8.2 (Colwell 2009), no
qual o eixo X corresponde ao número de entrevistados e o Y a estimativa do número de informantes
citados pelos entrevistados. Foram utilizados também dois estimadores de riqueza para verificar a
fidelidade da amostra, sendo o Jacknife 1 e o Bootstrap. Esses estimadores baseiam-se em incidência,
utilizando as variáveis Uniques e Duplicates (Dias 2004). Utilizamos esses testes adaptados para esta
pesquisa de forma a verificar a eficiências da bola de neve, assim a riqueza representa o número de
entrevistas realizadas para as estimativas.
34

Através da análise da curva de rarefação foi possível verificar a tendência do número de


informantes que poderiam ter sido registrados e quantos ainda poderiam fazer parte da amostra,
adaptado de Dias (2004), ou seja, quando a curva cumulativa do número de entrevistados atingiu uma
assíntota (estabilização da curva quando o eixo y não muda, tornando a curva paralela ao eixo x), é
virtualmente esperado que todos os informantes da área estudada tenham sido entrevistados, adaptado
de Colwell & Coddington (1994).
De acordo com os estimadores de riqueza, a curva se estabilizou, chegando a uma
assíntota indicando, portanto, que a bola-de-neve não traria mais nenhum informante para
complementar a amostra, atingindo o número máximo de entrevistados especialistas na Comunidade
da Macaúba (Figura 3). Os estimadores de riqueza também chegaram à mesma estimativa do número
de entrevistados, confirmando a eficiência do método aplicado na Comunidade da Macaúba.

Figura 3. Curva de rarefação comparando o número de entrevistados (Sobs) e os informantes citados


(Jack1), geradas a partir de 1.000 aleatorizações. IC: intervalos de confiança de 80%.

Para as duas espécies de aves foi calculado seu respectivo valor de uso (VU) (Pianca
2004) que possibilitou demonstrar a importância cinegética das espécies conhecidas e utilizadas
localmente. O valor de uso é o somatório dos usos de cada espécie citada pelos informantes (ΣU),
dividido pelo número total de informantes (n). Sendo a fórmula: VU = ΣU/n.

Resultados

Abundância, densidade e tamanho populacional

Durante o período de estudo foram percorridos 384 km de trilhas, sendo que 194 km em
cada trilha, com um total de 50 encontros com Penelope superciliaris. A densidade populacional por
35

grupos foi de 11.66 (grupos/ km2), com um IC= 9.19 – 14.80 e um CV= 12.02%. A densidade
populacional foi de 19.17 (indivíduo/ km2) (Tabela 1). A área de estudo foi 6.23 km2 (623 ha).
Para a metodologia utilizada, os modelos analisados no programa Distance que melhor se
ajustaram a função de detecção foram os que usaram a função Half-normal baseado no AIC mínimo
(Akaike Information Criterion) (Figura 4).

Tabela 3 - Estimativa de densidade populacional de Penelope superciliaris na Floresta Nacional do


Araripe-Apodi, Ceará, Brasil.

Espécie N Densidade CV(%) IC Tamanho Abundância


(indivíduo/km2) populacional (enc./10 km)
Penelope 14.55 -
superciliaris 50 19.17 13.98 25.48 119,42 0.13

N= número de encontros; CV= coeficiente de variação; IC= intervalo de confiança, com probabilidade de 95%;
abundância (encontros/10 km).

1,2

1,0
Probabilidade de detecção

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
0 5 10 15 20 25
Distância perpendicular (m)

Figura 4. Função da probabilidade de detecção da estimativa de densidade populacional de Penelope


superciliaris. O histograma representa os valores observados e a curva o esperado.

Ecologia alimentar

Foram contabilizados 29 registros de alimentação para Penelope superciliaris utilizando


até 12 espécies de plantas (Tabela 2) e a maior parte dos registros foi para uma altura de
forrageamento de até 5 metros do solo (Figura 5). Em relação às fezes foram contabilizadas 22
36

amostras, contendo 241 sementes. Desse total de amostras, 14 (63.6%) continham apenas sementes
zoocóricas, três (13.6%) folhas e sementes, uma (4.5%) somente flor e uma (4.5%) somente restos de
insetos.

Tabela 4. Espécies de plantas consumidas por Penelope superciliaris em áreas da FLONA Araripe, entre
novembro de 2011 a outubro de 2012 identificadas através de registros visuais e/ou análises de amostras de
fezes, forma de forrageamento e parte da planta consumida. VIS= Visual; FEZ= Amostras de fezes. * =
espécies mais consumidas
Espécie Nome popular Família Forrageamento Tipo de Partes
registro consumidas
Solo Planta VIS FEZ
Miconia albicans canela-de-velho Melastomataceae - - - x Fruto

Tabernaemontana sp*. cajazinha Apocynaceae x - x x Fruto

Buchenavia capitata* maçaramduba Combretaceae - x x x Fruto

Byrsonima sericea* murici Malpighiaceae - x x x Fruto

Matayba guianensis pitomba Sapindaceae - x x - Semente

Protium heptaphyllum. amescla Burseraceae x - x - Fruto

Senna rugosa besouro Fabaceae - - - x Fruto

Chrysophyllum arenarium grão-de-galo Sapotaceae - x x - Fruto

Anacardium microcarpum cajuí Anacardiaceae - x x - Fruto

Caryocar coriaceum pequi Caryocaraceae x - x - Flor

Eugenia punicifolia* aperta-cu Myrtaceae - x x x Fruto

Myrcia multiflora cambuí Myrtaceae - x x - Fruto

Psidium sp. goiabinha Myrtaceae - x x - Fruto

Ocotea pallida louro-urubu Lauraceae - x x - Fruto

Total: 14 espécies 12 famílias


37

Figura 5. Registros de alimentação de Penelope superciliaris na FLONA-Araripe de acordo com a


altura de forrageamento. Os números acima das barras indicam a quantidade de registros para
cada estrato de forrageamento.

Penelope superciliaris consumiu frutos de 14 espécies de plantas pertencentes a 12


famílias e 14 gêneros. A estação chuvosa (dezembro – abril) obteve 11 registros de alimentação,
enquanto que a estação seca (maio – novembro) obteve 15 registros de alimentação.
Das 22 amostras de fezes, 17 revelaram o consumo de seis espécies de plantas: Miconia
albicans, Tabernaemontana sp., Buchenavia capitata, Byrsonima sericea, Senna rugosa e Eugenia
puniciflora. A espécie mais frequente nas amostras fecais foi a Buchenavia capitata, com nove
amostras e 30 sementes. A família Myrtaceae foi a mais representativa nesse estudo, com três espécies
(Myrcia multiflora, Psidium sp. e Ocotea pallida) consumidas por Penelope superciliaris (Tabela 2).

Características dos frutos consumidos

Das 14 espécies de plantas consumidas por Penelope superciliaris, os frutos de 12


espécies foram coletados e medidos. O diâmetro dos frutos variou entre 6.3 ± 1.35 mm (Miconia
albicans) a 29.9 ± 1.7 mm (Psidium sp.) (Figura 6).
38

Figura 6. Tamanho médio dos frutos consumidos por Penelope superciliaris na FLONA-Araripe entre
novembro de 2011 a outubro 2012. Linhas verticais acima das barras representam os desvios-padrão.
Espécies de plantas: 1. Anacardium microcarpum; 2. Senna rugosa; 3. Ocotea pallida; 4. Bryrsonima
sericea; 5. Miconia albicans; 6. Tabernaemontana sp.; 7. Buchenavia capitata; 8. Eugenia punicifolia;
9. Myrcia multiflora; 10. Psidium sp.; 11. Matayba guianensis; 12. Protium heptaphyllum.

Das 12 espécies de plantas que tiveram seus frutos consumidos por P. superciliaris, oito
espécies (66.6%) apresentaram frutos com tamanhos entre 15 e 30 mm (Figura 7).

Figura 7. Proporção do número de espécies de plantas pelos diâmetros médios dos frutos consumidos
por P. superciliaris, entre novembro de 2011 e outubro de 2012 na FLONA-Araripe, Ceará, Brasil.
39

Quanto à coloração dos frutos, espécies com os frutos amarelos foram as mais consumidas (n=
5; 41.6%), seguidos por frutos negros, verdes e vermelhos (n= 2; 16.6%) cada (Figura 8).

Figura 8. Coloração dos frutos consumidos por P. superciliaris na FLONA-Araripe, Ceará, Brasil,
entre novembro de 2011 a outubro de 2012.

Em relação à morfologia dos frutos, espécies com frutos carnosos do tipo bacóide (n= 6; 50%)
e drupóide (n= 4; 33.3%) foram os mais consumidos por Penelope superciliaris (Figura 9).

Figura 9. Número de espécies vegetais de acordo com a morfologia dos frutos consumidos por P.
superciliaris, entre novembro de 2011 a outubro de 2012 na FLONA-Araripe, Ceará, Brasil.
Características e citações de usos de P. superciliaris e P. jacucaca
40

Foram entrevistados 19 moradores sendo todos eles caçadores e/ou criadores de jacu. Nas
entrevistas foram obtidos dois usos básicos para P. superciliaris e P. jacucaca, distribuídos por
espécie e categorias (Tabela 3).

Tabela 3 – Usos citados pelos caçadores de Penelope superciliaris e Penelope jacucaca na


Comunidade da Macaúba, Barbalha – Ceará. VU= valor de uso. * Espécie ameaçada de extinção.

Espécie Nome popular Categorias de Uso Total VU


Consumo Consumo e criação
Penelope superciliaris jacupemba 8 9 17 0,89

Penelope jacucaca* jacucaca 3 0 3 0,15

A carne utilizada para o consumo foi o uso que mais se destacou entre os entrevistados,
sendo citado por 11 informantes (57,9%). Em seguida o uso da carne juntamente com a captura de
ovos para a criação de filhotes foi citada por nove informantes (47,36%). Essa última categoria foi
registrada apenas para Penelope superciliaris. Não houve nenhuma citação quanto à captura de ovos e
criação de filhotes de Penelope jacucaca.

Época, horários e locais para a caça

Em relação a melhor época para caçar, janeiro, junho e novembro (quatro citações)
tiveram a maioria das citações e dezembro foi o mais citado (seis citações) (Figura 10). Além de
existir a melhor época para caçar, (52,7%) dos entrevistados relacionam a caça do jacu na floresta à
disponibilidade de alimento, (21%) relaciona a caça das espécies à reprodução e (26,3%) não
estabeleceram relação.
Dos entrevistados que relacionam a caça do jacu na floresta à disponibilidade de
alimento, 17,5% relacionou essa prática a maior disponibilidade dos frutos de (Buchenavia capitata)
que recebe o nome vernáculo na região de maçaranduba. Todos os entrevistados citaram o amanhecer
(5:00 – 6:00h) e o entardecer (17:00 – 18:00h) como os melhores horários para a caça do jacu.
Segundo os entrevistados são nesses horários que os jacus estão mais ativos, procurando comida ou se
deslocando.
41

Figura 10 - Meses mais indicados para a caça de P superciliaris e P. jacucaca segundo os


entrevistados da comunidade da Macaúba, Barbalha – Ceará.

Do total de entrevistados, 38,8% afirmaram que o melhor local para caçar é por toda a
“Serra do Araripe”, 26,3% disseram que o melhor local é em “seu mundô” que corresponde ao lugar
onde funciona uma das sedes do ICMBio, 21% afirmaram que é melhor caçar em áreas mais abertas e
secas da “serra” e 17,78% afirmaram os locais onde existe Buchenavia capitata (maçaranduba) é
melhor para caçar os jacus.

Técnicas utilizadas na caça

Foram identificados quatro instrumentos utilizados para a caça de P. superciliaris e P.


jacucaca: “espingarda”, “baladeira”, “cachorro” e “armadilha”. A espingarda (13 citações) foi o mais
reportado pelos entrevistados, seguido pela caça com cachorro e espingarda (quatro citações) (Figuras
11 e 12).
42

Figura 11 – Número de citações dos instrumentos mais utilizados para a caça de Penelope sp.
segundo os entrevistados da comunidade da Macaúba, Barbalha – Ceará.

A B

C D

Figura 12 – Instrumentos citados pelos entrevistados para a prática de caça do jacu. A= espingarda;
B= baladeira; C= cachorro e D= armadilha. (Fotos: A: http://casa.hsw.uol.com.br/5-melhores-caes-de-
caca.htm; B: http://www.titolivio.zip.net; C: http://casa.hsw.uol.com.br/5-melhores-caes-de-caca.htm e D:
Leonardo Barbosa).
43

Discussão

Abundância, densidade e tamanho populacional

Apesar de Penelope superciliaris não estar ameaçada de extinção, as estimativas de


densidade são necessárias em todo um conjunto de espécies, para monitorar as mudanças
populacionais ao longo do tempo e estimar os impactos provocados pelas populações humanas (Hoyo
1994). Estimativas confiáveis de parâmetros populacionais são necessárias para planejar, implementar
e avaliar estratégias de manejo assim como medidas de conservação (Sutherland 2000).
A densidade populacional de cracídeos do gênero Pelelope varia amplamente (Setina
2009). A literatura ainda é escassa ou inacessível em relação aos dados de densidade populacional de
Penelope sp. no Brasil. Existem alguns trabalhos nacionais com outras espécies de cracídeos. A
exemplo de Bernardo & Desbiez (2011) que estimaram a densidade populacional (4.66 indivíduos/
km2) de Crax fasciolata (mutum-de-penacho), espécie ameaçada na América do Sul pela caça e
destruição de habitat, no Pantanal brasileiro em áreas florestadas e de Bernardo et al. (2011) que
apresentaram estimativas populacionais de Pipile jacutinga (jacutinga) em 11 áreas protegidas da
Floresta Atlântica de São Paulo, Sudeste brasileiro. Essas áreas apresentaram variações entre 11.100 a
150.000 ha, enquanto nossa área de estudo foi de 623 ha. Esses autores estimaram uma densidade que
variou de 0.23 a 16.2 indivíduos/ km2, abundância relativa de 0.05 a 0.7 encontros/ 10 km e
densidades de 0.20 a 9.8 grupos/ km2 e nosso estudo obteve dados semelhantes: densidade de 19.17
indivíduos/ km2; 11.66 grupos/ km2 e uma abundância de 0.13 encontros/ 10 km.
Os trabalhos com o gênero Penelope podem ser observados em outros países da América
do Sul. As estimativas para a densidade de Penelope jacquacu em Manu, no Peru variou de 2 a 19.8
indivíduos/ km2 (Terborgh et al.1990, Torres 1997). Para Penelope barbata nos Andes, sul do Equador
a estimativa em três diferentes fitofisionomias foi de 2.3 a 17.1 indivíduos/ km2 em uma área de 400
ha (Jacobs & Walker 1999). Outro estudo com Penelope montagnii na Reserva Biológica de Guadera,
Equador informou densidades de 20 indivíduos/ km2 em fazendas e 40 indivíduos/ km2 em floresta
primária com 650 ha (Creswell et al. 1999). Kattan et al. (2006) estimou densidades de Penelope
perspicax em duas áreas ambientalmente protegidas, com 559 e 489 ha na Colômbia, obtendo para
umas delas 8.6 indivíduos/ km2 e para a outra 41.6 – 100 indivíduos/ km2. O estudo de Rios et al.
(2008) também na Colômbia, estimou a densidade Penelope perspicax em uma área protegida de 459
ha e obteve 31 indivíduos/ km2 em áreas de floresta e 88 indivíduos/ km2 em área de plantações de
roble andino e urupán.
Nossa pesquisa registrou uma densidade de 19.17 indivíduos/ km2 para uma área de 623
ha, um valor proporcional aos estudos citados acima, considerando a relação da densidade com a área
estudada. As variações nas estimativas dos parâmetros populacionais podem estar relacionadas com a
fragmentação de habitat, disponibilidade de recursos, migrações sazonais e pequenas variações nas
44

metodologias utilizadas (Strahl & Silva 1997, Bernardo & Desbiez 2011). A FLONA Araripe está
inserida em outra Unidade de Conservação (APA-Araripe) que abrange uma área bem mais extensa
(10.000 km2). É importante ressaltar que os valores obtidos permitem aos pesquisadores e gestores
terem apenas uma ideia da população natural remanescente nessa região. Como já foi dito os
parâmetros populacionais estão relacionados com a disponibilidade de recursos e tanto a FLONA-
Araripe quanto a APA-Araripe possuem uma diversificada fisionomia vegetal, fato que pode
possibilitar variações na disponibilidade de alimento e de outros recursos, podendo assim influenciar
no deslocamento dos grupos de Penelope superciliaris.
Esses grupos podem se deslocar facilmente para áreas fora da FLONA à procura de
alimentos, sítios de nidificação, áreas com menor impacto de caça e com isso influenciar a densidade
populacional. As práticas de caça presentes na unidade e no seu entorno (IBAMA 2004) podem
também impactar negativamente sobre os parâmetros populacionais. Esse é um ponto que requer
atenção, pois apesar das taxas populacionais poderem estar sendo influenciados pelos possíveis
deslocamentos das aves em busca de recursos, os valores de densidade, abundância e tamanho
populacional podem também estar traduzindo uma realidade atual que é um histórico de caça dentro e
fora da FLONA. Segundo o CEMAVE (2010) Penelope superciliaris apesar de ser considerada como
uma ave comum, atualmente está sendo impactada negativamente pela destruição de habitats e pelos
insustentáveis níveis de caça, principalmente no bioma Caatinga. A combinação da caça e destruição
de habitat têm contribuído muito para o rápido declínio dos cracídeos nas últimas décadas,
principalmente os jacus e mutuns por serem primariamente espécies florestais (Brooks & Strahl 2000).
Um ponto importante a ser discutido, apesar de não ser alvo do nosso censo, é a ausência
de Penelope jacucaca (jacucaca) nos censos realizados na FLONA-Araripe. Essa espécie é endêmica à
região da caatinga no Brasil, mas também é achada em zonas de transição entre a caatinga e o cerrado
(Fiuza 1999). As informações sobre a biologia dessa espécie ainda é pouco conhecida (Brooks &
Fuller 2000). É uma ave ameaçada de extinção segundo Machado et al. (2008) e que enfrenta sérios
problemas de conservação devido aos elevados índices de caça, destruição de hábitat e altamente
sensível a perturbações humanas (Silva et al. 2003, Machado et al. 2008). Segundo Brooks & Stralh
(2000) essa ave está entre as que possuem uma alta prioridade de conservação. Para a FLONA o
último registro dessa espécie foi realizado por Nascimento et al. (2000) em áreas de carrasco, cerrado
e de matas secas. Isso talvez explique a ausência dessa espécie nesse estudo, já que a área amostrada,
ou boa parte dela, não envolve essas fitofisionomias.
Estudando Anodorhynchus leari em Serra Branca na Bahia, Lima et al. (2003)
registraram com certa frequência P. jacucaca na caatinga daquela região. Para o Ceará essa espécie é
encontrada na mata úmida de Maranguape, na caatinga de Pentecostes e na Reserva Particular do
Patrimônio Natural Mãe-da-lua no município de Itapajé (Redies 2013). Segundo esse mesmo autor,
em 2012 havia grupos que somavam mais de 50 indivíduos na reserva.
45

Ecologia alimentar

A FLONA-Araripe é formada por uma fisionomia vegetacional diversificada (Filho et al.


2001), favorecendo a uma maior oferta de alimento a P. superciliaris assim como é mostrado em
nosso estudo os registros de alimentação em áreas de trilha aberta, na copa das árvores com alturas até
5 m, 5 – 10 m e > 10 m. As áreas de florestas com certo grau de cobertura são importantes para
diversas espécies de cracídeos, principalmente para jacus e mutuns, que são observados
preferencialmente se alimentando na copa das árvores (Mikich 1996, Guix & Ruiz 1997, Brooks &
Strahl 2000). Em um estudo no Sudeste brasileiro, Mikich (2002) comprovou a preferência de P.
superciliaris por frutos no estrato superior de árvores. Na FLONA-Araripe nos meses mais secos
(agosto-novembro) as jacupembas tendem a diminuir a proporção de indivíduos por grupo e
forrageiam em estratos mais baixos e no solo (obs. pess.).
Assim como em nosso estudo, alguns trabalhos evidenciam que boa parte da alimentação
de P. superciliaris é baseada no consumo de frutos ao longo do ano (Mikich 1996, 2001, Zaca 2003).
Apesar de esse estudo ter registrado um baixo número de consumo de folhas, flores e invertebrados na
alimentação dessa ave. A literatura descreve que esses itens fazem parte da sua dieta alimentar e que
podem ser alternativas de alimento durante a estação seca ou durante a transição da estação úmida para
a seca (Delacour & Amadon 1973, Silva & Strahl 1991). Sick (2001) mostra que alimentação dos
jacus é formada por frutas, folhas e brotos. Comenta também sobre o hábito de descer ao chão para
apanhar frutas caídas ou beber água a beira de rios, fazendo assim a ingestão de areia junto. Traz ainda
para outros cracídeos, como Crax blumenbachii, o hábito de ingerir moluscos, gafanhotos, pererecas e
aranhas.
Zaca (2003) analisou a dieta de P. superciliaris no Parque Municipal do Itapetinga,
município de Atibaia, São Paulo e mostrou que o consumo de folhas e flores diferiu estatisticamente
(χ2= 61.42; p < 0.001) nos vinte meses de estudo, apresentado dois picos na estação seca. Alguns
trabalhos descrevem a presença de itens alimentares de origem animal, como invertebrados, no
conteúdo estomacal dos jacus (Théry et al. 1992, Caziani & Protomastro 1994, Merler et al 2001).
Sick (1970) e Teixeira & Snow (1982) mostram algumas espécies de frutos consumidos
por Crax blumenbachii. Gonzáles-García (1994, 1995) verificou o consumo de 40 espécies vegetais
por Oreophalis derbianus no México, Caziane & Protomastro (1994) analisaram a dieta de Ortalis
canicolis na Argentina, Galetti et al. (1997) estudaram a dieta de Pipile jacutinga no Parque Estadual
Intervalis, São Paulo e verificou o consumo de 41 espécies de frutos.
Então nota-se que o gênero Penelope ainda carece de informações sobre sua ecologia
alimentar. Apesar disso ainda há trabalhos esparsos sobre sua dieta. Sick (1970) retalou o consumo de
algumas espécies vegetais: Virola bicuiba, Byrbicuiba sp., Lecythis pisonis, Geonoma sp. por Crax
blumenbachii e comentou que esses frutos também fazem parte da dieta de P. superciliaris. Mikich
(1996) verificou o consumo de Cabralea canjerana por P. superciliaris e Guiz & Ruiz (1997)
46

registraram visualmente por meio de amostras de fezes o consumo de Syagrus romanzoffiana por
espécies do gênero Penelope.
Mikich (2002) em um estudo sobre a dieta de P. superciliaris em três áreas do sudeste
brasileiro registrou o consumo de 55 espécies de frutos, 21 através de registros visuais e 34 pelas
amostras de fezes. Zaca (2003) também estudou a dieta de P. superciliaris no Parque Nacional do
Itapetinga, também no Sudeste brasileiro e registrou o consumo de 52 espécies de plantas, 12 através
de registros visuais e 40 por meio de amostras de fezes. Quando comparado, nosso estudo obteve um
baixo registro de espécies consumidas, principalmente em relação às amostras de fezes. Isso talvez
seja associado a algumas diferenças metodológicas, como o caso da coleta de amostras de fezes em
poleiros dormitórios, feito por ambos os estudos. Apesar da busca, nosso estudo não identificou e nem
realizou coleta de fezes em nenhuma dessas áreas. Nesses locais as chances de se encontrar fezes com
sementes são maiores, já que essas aves podem permanecer nestes locais durante todo o período de
frutificação (Zaca 2003).
Outro fator que pode estar associado aos baixos resultados de espécies consumidas é que
na FLONA-Araripe, com autorização do ICMBio, é permitido o extrativismo do pequi (Caryocar
coriaceum), fruto típico do Cerrado que corresponde a principal fonte de renda de muitas comunidades
humanas localizadas no entorno da FLONA. Durante a colheita do pequi inúmeras pessoas adentram a
Unidade e percorrem uma diversidade de trilhas a procura desse fruto e isso talvez possa interferir
tanto nos registros visuais de consumo quanto na coleta de amostras de fezes, já que o aumento do
número de pessoas circulando na área em período de frutificação das espécies vegetais pode fazer com
que os grupos P. superciliaris se desloquem para áreas com menor movimentação de pessoas e de
difícil acesso, o que provavelmente pode ter interferido nos resultados obtidos.
Outra questão a salientar é que durante o ano de 2012, o estado do Ceará enfrentou a
sexta pior seca desde o ano de 1950, segundo dados da Fundação Cearense de Metereologia e
Recursos Hídricos (O POVO 2012). De janeiro a maio, choveu no Estado 352.1 mm, 50, 4% a menos
do que o esperado para os quatro primeiros meses (FUNCEME 2012). As alterações climáticas e a
mudança de variáveis ambientais como pluviosidade, luminosidade, temperatura, ventos podem alterar
a fenologia reprodutiva das plantas e levar a alterações na frutificação (Laurence et al. 2003). Sendo
assim, existe também a possibilidade de que estas alterações ambientais tenham influenciado
diretamente na disponibilidade dos recursos florísticos, levando P. superciliaris a buscar recursos em
outras áreas, inclusive na APA-Araripe.
Zaca (2003) ao estudar a dieta frugívora de P. superciliaris no Sudeste brasileiro obteve
um maior número registros de alimentação de espécies da família Myrtaceae (11 espécies), assim
como apresentado em nosso estudo. Paccagnela et al. (1994) verificaram para outro cracídeo (Pipile
jacutinga) o consumo de espécies de Myrtaceae, assim como Mikich (2002) que registrou o consumo
de duas Myrtaceae (Campomanesia xanthocarpa e Eugenia florida) por P. superciliaris. A
47

importância dos frutos de Myrtaceae na dieta de cracídeos foi relatada também em outros trabalhos
(Théry et al. 1992 e Guix et al. 2001).
É importante destacar o registro de consumo de Buchenavia capitata (maçaramduba) em
nosso estudo. Essa espécie teve seu consumo registrado visualmente e foi a que obteve o maior
registro nas amostras de fezes nove amostras e 30 sementes. Não existe ou não foi possível localizar
trabalhos que tenham avaliado ou registrado o consumo dessa espécie vegetal por P. superciliaris. As
únicas referências encontradas na literatura são o consumo e a dispersão dos frutos dessa espécie feita
por aves e primatas (Roosmalen 1985, Weaver 1991 apud Tabarelli et al. 2004). Buchenavia capitata
(Combretaceae) é uma árvore caducifólia, com dossel emergente, distribuída naturalmente ao longo de
florestas neotropicais, com frutos amarelos do tipo drupa 2-3 cm, com mesocarpo suculento e
elipsoide (Roosmalen 1985, Weaver 1991 apud Tabarelli et al. 2004).
Na FLONA-Araripe essa espécie atrai grupos numerosos de jacupembas, que nos meses
de junho, julho e agosto têm um aumento considerável na proporção de indivíduos por grupo e nos
registros visuais de alimentação para essa espécie vegetal (obs. pess.). Nesse mesmo estudo nós
registramos que 38.8% dos entrevistados afirmaram que a melhor época para caçar jacupemba
corresponde ao período de frutificação de Buchenavia capitata, pois essas aves se deslocam em
numerosos grupos para se alimentarem desse fruto. Dessa forma, possivelmente a dinâmica
populacional de P. superciliaris esteja sendo influenciada pelos processos ecológicos que norteiam a
biologia de Buchenavia capitata, tornando-a uma espécie importante para a biologia de Penelope
superciliaris na FLONA.

Características dos frutos consumidos

Mikich (2002) verificou no estudo com a dieta de P. superciliaris, que o tamanho dos
frutos consumidos variou de 10 mm a mais de 100 m, mas os frutos com 20 mm foram os mais
consumidos. Tréry et al. (1992) verificaram, assim como em nossa pesquisa, que a maioria dos frutos
consumidos por Penelope morail tinha menos de 30 mm, igualmente a Galetti et al. (1997) com Pipile
jacutinga. Zaca (2003) verificou para P. superciliaris uma variação de 0.4 mm (Miconia
cinnamomifolia) a 22.3 mm (Diospyros inconstans) e a maioria das espécie apresentaram tamanhos de
entre 4 mm e 16 mm.
Na presente estudo foi observado que P. superciliaris possui certa plasticidade quanto aos
tamanhos dos frutos ingeridos. Assim como registrado por Zaca (2003) no Sudeste brasileiro. Essa ave
possui um bico que possibilita a inclusão de frutos pequenos e principalmente grandes em sua dieta.
Em algumas fisionomias vegetais, sementes de frutos grandes têm menos chance de serem dispersas
do que sementes de frutos pequenos, porque frutos maiores não são consumidos por aves com abertura
de bico pequenas (Snow 1971, Wheelwright 1985, Roda 2003). Silva e Tabarelli (2000) estimaram
que cerca de um terço das espécies vegetais arbóreas da Floresta Atlântica do Nordeste do Brasil
48

acima do rio São Francisco podem estar vulneráveis à extinção por terem sementes maiores do que o
tamanho que a avifauna dessa região é capaz de dispersar. Isso evidencia a importância dessa e de
outras espécies de cracídeos como fundamentais na manutenção da dinâmica populacional de várias
espécies vegetais.
Alguns estudos demonstram que frutos vermelhos e os pretos estão entre os mais
abundantes em áreas do Sudeste brasileiro, em outras áreas da região Neotropical e no Velho Mundo
(Knight & Siegfried 1983, Wheelwright & Janson 1985, Willson et al. 1990, Mikich 2002, Zaca
2003). Assim como em nossa pesquisa, Tréry et al. (1992) verificou que a maioria dos frutos
consumidos por Penelope morail eram amarelos ou pretos.
Segundo Mikich & Silva (2001) os frutos carnosos deiscentes, indescentes e frutos secos
deiscentes foram a maioria entre os zoocóricos. Tréry et al. (1992) e Zaca (2003) registraram um
maior consumo de frutos do tipo bagas e drupas.

Características e citações de usos de P. superciliaris e P. jacucaca

Uma grande variedade de estudos tem mostrado a importância dos cracídeos como uma
fonte de alimento para populações rurais e indígenas nos Neotrópicos (Brooks & Strahl 2000). Em
uma diversidade de estudos de caça em florestas Neotropicais, o grupo das aves compõe grande parte
da biomassa animal retirada por caçadores (Silva & Strahl 1991, Begazo 1997). Esses autores
recomendam o desenvolvimento de programas de conservação para essas aves, aliadas a estratégias de
uso sustentável pelas comunidades tradicionais.
Em um estudo acerca da utilização da fauna silvestre em Petenes, México, por uma
população rural, Martínez (2006) relaciona o uso de animais silvestres para a alimentação. Barros et al.
(2011) investigaram a importância da caça para a vida das comunidades ribeirinhas na bacia
amazônica, registrou que Pauxi tuberosa (mutu-cavalo) era o principal cracídeo utilizado como fonte
de alimento. Assim como o nosso estudo que também registrou a importância de Penelope sp. na
alimentação de uma comunidade rural.
Os estudos etnoornitológicos no Brasil e no mundo ainda são escassos (Farias & Alves
2007). No estado do Ceará e em outras regiões do nordeste poucos trabalhos etnoornitológicos foram
realizados, principalmente abordando aspectos cinegéticos das aves (Mendonça et al. 2009, Barbosa et
al. 2010, Bezerra et al. 2012) e também sobre as aves para fins medicinais (Ferreira et al. 2009a, b).
Ferreira-Fernandes et al. (2012) estudando a diversidade de aves do Ceará na Serra do Baturité, as
técnicas utilizadas para capturá-las bem como aspectos da caça e do comércio ilegal, registraram entre
outras espécies Penelope jacucaca, que de acordo com os entrevistados foram capturadas em áreas
secas e degradadas da paisagem úmida do local de estudo. Embora com status de ameaçada de
extinção (Machado et al. 2008), Ferreira-Fernandes et al. (2012) afirmaram que foi possível observar
grupos de 5 a 10 indivíduos de Penelope jacucaca nos sítios de floresta úmida. Ao contrário do nosso
49

estudo, que obteve um valor de uso de 0,89 para P. superciliaris e 0,13 para P. jacucaca, Ferreira-
Fernandes (2012) encontraram um valor de uso de 1,00 para P. jacucaca e 0,63 para P. superciliaris.
Talvez as populações locais de jacucaca da FLONA-Araripe tenham sofrido mais
intensamente com o impacto da caça na região do Cariri cearense do que na Serra da Ibiapaba, ao
contrário de P.superciliaris que ainda pode ser encontrada na FLONA. Alguns entrevistados na nossa
pesquisa reportaram que a carne de P.jacucaca era mais apreciada devido ao tamanho da ave, por ser
maior e por possuir a carne mais saborosa. A título de especulação, a preferência ao longo do tempo
pode ter levado ao desaparecimento local da jacucaca devido à pressão exercida pela caça, fazendo
com que a jacupemba permanecesse na FLONA. Ainda em nosso estudo estimamos a densidade,
abundância e tamanho populacional de P.superciliaris e não conseguimos registrar a presença de P.
jacucaca na área estudada. Esse dado pode reforçar a possibilidade do desaparecimento local de P.
jacucaca na FLONA.
Em relação à coleta de ovos para a alimentação e criação de filhotes, poucos trabalhos
reportam essa prática. Alves et al. (2009, 2010) mostra a utilização de ovos de aves na Caatinga
brasileira para a alimentação e juntamente com penas como peças ornamentais. Na FLONA cerca de
47,3% dos entrevistados citaram a coleta de ovos para a alimentação e criação como prática naquela
comunidade.

Época, horários e locais para a caça

Não foi possível encontrar na literatura nenhum trabalho que relacionasse os melhores
períodos do ano com a prática de caça de cracídeos. No entanto, Alves et al. (2009) afirmaram que
devido as características ecológicas de cada espécie, ocupando diversos ambientes apresentando
características sazonais ou não faz com que os caçadores adaptem suas técnicas e períodos para obter
melhor sucesso. Nós observamos um maior número de registros visuais de P. superciliaris entre os
meses de abril a julho, enquanto que o maior número de citações para caçar, por parte dos
entrevistados, foi em relação a janeiro, junho, julho, novembro e dezembro. Levantamos possibilidade
do aumento dos grupos de P. superciliaris, observados em campo, está relacionado à oferta de frutos
de Buchenavia capitata (maçaranduba). Esse fato foi reportado nas entrevistas, onde 17,78% dos
especialistas relacionaram o melhor período para a caça do jacu a disponibilidade de alimento,
principalmente os frutos de B. capitata.
Os meses de novembro e dezembro apresentaram as maiores citações quatro e seis,
respectivamente. Sick (2001) descreve que o período reprodutivo de Penelope sp. está associado ao
segundo semestre do ano, principalmente os últimos meses, que é quando finaliza a estação seca e
inicia-se o período chuvoso. Durante o período reprodutivo (novembro e dezembro) P. superciliaris
diminui os tamanhos dos bandos e se desloca aos casais, juntamente com os filhotes, o que pode
favorecer as atividades de caça (obs. pess.).
50

Técnicas utilizadas na caça

Diversas técnicas destinadas à captura de aves no semiárido nordestino são descritas por
muitos autores (Rocha et al. 2006, Santos & Costa-Neto 2007, Alves et al. 2009, 2010, Barbosa et al.
2010, Ferreira-Fernandes 2012). Assim como em nosso estudo Ferreira-Fernandes et al. 2012 registrou
no Ceará a utilização da armadilhas como arapuca e também espingarda e baladeira. Algumas dessas
técnicas puderam ser registradas no sertão paraibano e em outras partes do mundo (Alves et al. 2009,
Muiruri & Maundu 2010). A “espingarda”, como arma de fogo, constituem uma dos instrumentos
básicos para caça em diversas partes do país e do mundo (Barbosa et al. 2010). A utilização desse
instrumento é bem mais eficiente que outros métodos manuais, devido ao aumento nas possibilidades
de captura de um maior número de espécies, principalmente as mais visadas pelos caçadores (Alves et
al. 2009). Essa técnica foi a mais citada também em nosso estudo.
A caça com cachorro foi a segunda mais citada, pelos entrevistados da comunidade da
Macaúba. Barbosa et al. 2010 mostra que essa prática está associada ao período noturno e em áreas
com a vegetação preservada. O mesmo trabalho observou também a utilização dessa técnica no agreste
paraibano, tendo como a principal utilização, a captura de Crypturellus parvirostris (Lambu). Segundo
os moradores da Macaúba, os cães são utilizados para identificar os locais onde estão presentes os
jacus e depois assustá-los com latidos até que a ave fique acessível ao caçador que se utiliza da
espingarda para matá-lo.

Considerações Finais

Os resultados obtidos trazem dados inéditos de densidade populacional, abundância e


tamanho populacional de Penelope superciliaris, para uma área da Floresta Nacional do Araripe-
Apodi e para o Nordeste brasileiro, visto a carência de informações de ecológicas e biológicas dos
cracídeos em todo o mundo. Além disso, foi descrito os principais itens que compõem a dieta dessa
ave e as características morfológicas dos frutos consumidos. Outro dado de grande importância foi à
ausência de Penelope jacucaca para a área, o que pode indicar que a ocorrência natural da espécie na
natureza esteja comprometida ou que possíveis grupos estejam habitando fitofisionomias mais áridas
como o Carrasco e o Cerrado.
Percebe-se a importância da utilização de Penelope superciliaris e Penelope jacucaca
pela a comunidade da Macaúba. A utilização da carne dessas espécies e a coleta de ovos para a criação
de filhotes constitui-se uma prática dessa população rural. Verificou-se que P. superciliaris obteve um
maior valor de uso quando comparado a P. jacucaca, podendo estar relacionado à redução da
população de jacucaca na FLONA.
51

O período de caça é bastante diversificado, com uma ocorrência praticamente distribuída ao


longo de todo ano, com destaque para os meses de janeiro, junho, julho, novembro e dezembro que
foram os mais citados. Esse período parece sofrer influencia do local e da quantidade de recursos
disponíveis aos jacus. Com atenção especial para a maçaranduba (Buchenavia capitata), que aparenta
exibir uma importante relação ecológica com esses cracídeos, com possíveis influências sobre a
dinâmica populacional dos indivíduos. A técnica de caça mais utilizada pelos morados é a espingarda,
que acaba se sobrepondo as outras técnicas possivelmente devido a sua eficiência. De forma geral,
esses dados podem ser utilizados pelos órgãos ambientais e pela sociedade para a criação de
estratégias de conservação e manejo para essas aves a nível regional e nacional.

Agradecimentos

Ao apoio da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da Rede de Investigação

em Biodiversidade e Saberes Locais (REBISA), ao apoio financeiro da Fundação de Amparo à

Ciência e Tecnologia (FACEPE) para o projeto: Núcleo de pesquisa em ecologia, conservação e

potencial de recursos biológicos no semiárido do Nordeste do Brasil (APQ-1264-2.05/10).


52

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59

Anexo 1

Universidade Federal Rural de Pernambuco


Departamento de Biologia
Programa de Pós-Graduação em Ecologia
Guia de Entrevista

Nome: ________________________________________________________________
Idade: __________ Data: ______ / ______ / ______

1. O senhor (a) conhece o jacu?

2. Analise as fotografias e indique se já viu algumas dessas espécies. Se viu, qual ou quais?

 Fotografias: Figura 2

3. O Senhor (a) já utilizou algum desses animais? Qual deles? E qual foi a finalidade?

4. Como o Senhor (a) adquiriu o animal ou ovos dele? De qual espécie? Para que finalidade?

5. Alguém da sua casa pratica caça? Ou coleta de ovos de jacu? Qual espécie?

6. Com quem o Senhor (a) aprendeu a caçar?

7. Que quantidade desses animais é caçada ou de ovos coletados?

8. Existe um horário melhor para caçar? Qual ou quais? Por quê?

9. Existem diferenças entre as épocas do ano para caçar? Qual a melhor época? Por quê?

10. Quais os locais melhores para caçar?

11. O Senhor (a) utiliza algum recurso (armadilha, cachorro, espingarda, etc) para auxiliar na
caça? Quais?

12. Comparando com os dias de hoje, antigamente existiam mais jacus na floresta? A quanto
tempo atrás? Por quê?
60

Anexo 2
Biota Neotropica
Instruções aos Autores

A submissão de trabalhos para publicação na revista BIOTA NEOTROPICA é feita,


EXCLUSIVAMENTE, através do site de submissão eletrônica de
manuscritoshttp://mc04.manuscriptcentral.com/bn-scielo.

Desde 1º de março de 2007 a Comissão Editorial da Biota Neotropica instituiu a cobrança de uma taxa
que era cobrada por página impressa de cada trabalho publicado. A partir de 20 de Julho de 2013,
quando iniciamos a parceira com a SciELO, esta taxa passou a ser de R$ 750,00 (setecentos e
cinquenta reais) para autores brasileiros e US$ 500,00 (quinhentos dólares) para autores
estrangeiros independentemente do número de páginas do trabalho. Os detalhes para o pagamento
serão comunicados aos autores no estágio final de editoração do trabalho aceito para publicação.

A Biota Neotropica não aceita trabalhos que incluam a descrição de espécies de grupos taxonômicos
cujo Código Nomenclatural exige a publicação impressa. Cabe aos autores a verificação das
exigências do Código Nomenclatural de seu grupo taxonômico. Caso seu grupo taxonômico exija a
publicação impressa de novas espécies, você deve procurar outro periódico especializado para a
publicação de seu trabalho. A partir do volume 13 de 2013 a publicação dos volumes impressos da
Biota Neotropica será descontinuada.

A revista publica oito tipos de manuscritos. Apenas o Editorial é escrito pela Comissão Editorial ou
por um(a) pesquisador(a) convidado(a) tendo, portanto, regras distintas de submissão.

Trabalhos submetidos em qualquer categoria deverão ser escritos integralmente em inglês. Os


autores são responsáveis pelo uso correto do inglês, recomendando-se fortemente que a revisão do
manuscrito final seja feita por serviços especializados, American Journal Experts/AJE, Nature
Publishing Group Language Editing, Edanz e/ou dos serviços intermediados pelo SciELO. Caso a
Comissão Editorial considere que o inglês não atende os padrões da revista, este poderá ser recusado,
mesmo depois de ter sido aprovado pelo(a) Editor(a) de Área.

Tipos de Manuscrito

Segue uma breve descrição do que a Comissão Editorial entende por cada tipo de manuscrito

 Editorial

Para cada volume da BIOTA NEOTROPICA, o Editor-Chefe poderá convidar um(a)


pesquisador(a) para escrever um Editorial abordando tópicos relevantes, tanto do ponto de
vista científico quanto do ponto de vista de formulação de políticas de conservação e uso
sustentável da biodiversidade na região Neotropical. O Editorial tem no máximo 3000
palavras. As opiniões nele expressas são de inteira responsabilidade do(s) autor(es).

 Pontos de Vista

Esta seção servirá de fórum para a discussão acadêmica de um tema relevante para o escopo
da revista. Nesta seção o (a) pesquisador (a) escreverá um artigo curto, expressando de uma
forma provocativa o(s) seu(s) ponto(s) de vista sobre o tema em questão. Ao critério
da Comissão Editorial, a revista poderá publicar respostas ou considerações de outros
pesquisadores (as) estimulando a discussão sobre o tema. As opiniões expressas no Ponto de
Vista e na(s) respectiva(s) resposta(s) são de inteira responsabilidade do(s) autor(es).
61

 Artigos

Artigos são submetidos espontaneamente por seus autores no Sistema de Submissão da


Revista http://mc04.manuscriptcentral.com/bn-scielo. O manuscrito deve trazer dados
inéditos, que não tenham sido publicados e/ou submetidos à publicação, em parte ou no todo,
em outros periódicos ou livros, e sejam resultantes de pesquisa no âmbito da temática
caracterização, conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade Neotropical.
Espera-se que o manuscrito contemple um tema de interesse científico na área de abrangência
da revista, e que inclua uma revisão da literatura especializada no tema bem como uma
discussão com trabalhos recentes publicados na literatura internacional.

 Revisões Temáticas

Revisões Temáticas também são submetidas espontaneamente por seus autores no Sistema de
Submissão da Revista. Espera-se que o manuscrito consiga sistematizar o desenvolvimento de
conceito ou tema científico relacionado com o escopo da revista, embasado em referências
essenciais para a compreensão do tema da revisão e incluindo as publicações mais recentes
sobre o mesmo.

 Short Communications

São artigos curtos submetidos espontaneamente por seus autores. O manuscrito deve trazer
dados inéditos, que não tenham sido publicados e/ou submetidos à publicação, em parte ou no
todo, em outros periódicos ou livros, e sejam resultantes de pesquisa no âmbito da temática
caracterização, conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade Neotropical.
Espera-se que o manuscrito indique de maneira sucinta um componente novo dentro dos
temas de interesse científico relacionados com o escopo da BIOTA NEOTROPICA, embasado
na literatura recente.

Trabalhos que apenas registram a ocorrência de espécies em uma região onde sua presença
seria esperada, mas o registro ainda não havia sido feito, não são publicados pela BIOTA
NEOTROPICA.

 Chaves de Identificação

Chaves de identificação são submetidas espontaneamente por seus autores no Sistema de


Submissão da Revista. Espera-se que o manuscrito contemple da melhor maneira possível o
grupo taxonômico que está sendo caracterizado pela chave de identificação. Este deve estar
bem embasado na literatura taxonômica do grupo em questão.

 Inventários

Inventários são submetidos espontaneamente por seus autores no Sistema de Submissão da


Revista. O manuscrito deve trazer dados inéditos, que não tenham sido publicados e/ou
submetidos a publicação, em parte ou no todo, em outros periódicos ou livros, e sejam
resultantes de pesquisa no âmbito da temática caracterização, conservação, restauração e uso
sustentável da biodiversidade Neotropical. Além da lista das espécies inventariadas o
manuscrito precisa contemplar os critérios de escolha (taxocenose, guilda, localidade etc.) dos
autores, a metodologia utilizada e as coordenadas geográficas da área estudada. O trabalho
deve estar embasado na literatura taxonômica do grupo em questão, bem como informar a
instituição onde o material está depositado.

 Revisões Taxonômicas
62

Revisões Taxonômicas são submetidas espontaneamente por seus autores no Sistema de


Submissão da Revista. O manuscrito deve trazer dados inéditos, que não tenham sido
publicados e/ou submetidos a publicação, em parte ou no todo, em outros periódicos ou livros,
e sejam resultantes de pesquisa no âmbito da temática caracterização, conservação,
restauração e uso sustentável da biodiversidade Neotropical. Espera-se que o manuscrito
contemple exaustivamente as informações sobre o táxon revisado, elucide as principais
questões taxonômicas e esclareça a necessidade de revisão do mesmo. A revisão deve estar
embasado na literatura taxonômica, histórica e atual, do táxon em questão, bem como deve
informar a(s) instituição(ões) onde o material examinado está(ão) depositado(s).

Após a submissão do manuscrito para a revista, manuscritos que estejam de acordo com as normas
serão enviados para o Editor-chefe que por sua vez encaminhará o mesmo aos Editores de Área, que
selecionarão no mínimo dois revisores. Os Editores de Área são responsáveis por toda fase de
editoração do manuscrito, enviando pareceres aos autores e versões reformuladas dos trabalhos aos
revisores. Uma vez atendidas todas as exigências e recomendações feitas pelos revisores e pelo Editor
de Área o trabalho é, preliminarmente, aceito e encaminhado ao Editor-chefe. Cabe ao Editor-chefe,
em comum acordo com a Comissão Editorial, o aceite definitivo do trabalho. Essas normas valem para
trabalhos em todas as categorias.

Uma vez definitivamente aceitos os trabalhos entram na fila para terem o Resumo e o Abstract
publicados online no volume da BIOTA NEOTROPICA em curso. Antes da disponibilização online
os autores farão uma última revisão do Resumo/Abstract, Palavras-Chave, Filiações Institucionais e
autor(a) para correspondência. É importantíssimo que os autores insiram no Sistema de Submissão a
versão definitiva dos trabalhos (incluindo texto, tabelas e figuras), incorporando as últimas
alterações/correções solicitadas pelos revisores e/ou pelo Editor de Área, pois é esta versão que será
encaminhada pelo Editor-chefe para publicação. Portanto, os cuidados tomados nesta etapa reduzem
significativamente, a necessidade de correções/alterações nas provas do manuscrito.

Formatação dos arquivos

Os trabalhos deverão ser enviados em arquivos em formato DOC (MS-Word for Windows versão 6.0
ou superior). Em todos os textos devem ser utilizada, como fonte básica, Times New Roman, tamanho
10. Nos títulos das seções, deve-se usar fonte em tamanho doze (12). Podem ser utilizados negritos,
itálicos, sublinhados, subscritos e sobrescritos, quando pertinente. Evite, porém, o uso excessivo
desses recursos. Em casos especiais (ver fórmulas abaixo), podem ser utilizadas as seguintes fontes:
Courier New, Symbol e Wingdings. Os trabalhos poderão conter os links eletrônicos que o autor julgar
apropriados. A inclusão de links eletrônicos é encorajada pelos editores por tornar o trabalho mais
rico. Os links devem ser incluídos usando-se os recursos disponíveis no MS-Word para tal.

Ao serem submetidos, os trabalhos enviados à revista BIOTA NEOTROPICA devem ser divididos
em: um primeiro arquivo contendo todo o texto do manuscrito, incluindo o corpo principal do texto
(primeira página, resumo, introdução, material, métodos, resultados, discussão, agradecimentos e
referências); caso necessário um com as tabelas, Figuras serão inseridas isoladamente com
identificação dentro do sistema. É imprescindível que o autor abra os arquivos que preparou para
submissão e verifique, cuidadosamente, se as figuras, gráficos ou tabelas estão, efetivamente, no
formato desejado.

Documento principal

Um único arquivo chamado Principal.rtf ou Principal.doc com os títulos, resumos e palavras-chave,


texto integral do trabalho, referências bibliográficas e tabelas. Esse arquivo não deve conter figuras,
que deverão ser inseridas no sistema separadamente, conforme descrito a seguir. O manuscrito deverá
seguir o seguinte formato:
63

 Título conciso e informativo

Usar letra maiúscula apenas no início da primeira palavra e quando for pertinente, do ponto de
vista ortográfico ou de regras científicas pré-estabelecidas;

 Corpo do Trabalho
o 1. Seções – não devem ser numeradas

Introdução (Introduction)

Material e Métodos (Material and Methods)

Resultados (Results)

Discussão (Discussion)

Agradecimentos (Acknowledgments)

Referências bibliográficas (References)

o Tabelas

Tabelas podem ser inseridas diretamente do software MS Excel, mas devem ser salvas em formato
spreadsheet, não workbook (o sistema só irá ler a primeira tabela do arquivo);

o 2. Casos especiais

A critério do autor, no caso de Short Communications, os itens Resultados e Discussão podem ser
fundidos. Não use notas de rodapé, inclua a informação diretamente no texto, pois torna a
leitura mais fácil e reduz o número de links eletrônicos do manuscrito.

No caso da categoria "Inventários" a listagem de espécies, ambientes, descrições, fotos etc., devem
ser enviadas separadamente para que possam ser organizadas conforme formatações
específicas. Além disso, para viabilizar o uso de ferramentas eletrônicas de busca, como o
XML, a Comissão Editorial enviará aos autores dos trabalhos aceitos para publicação
instruções específicas para a formatação da lista de espécies citadas no trabalho.

Na categoria "Chaves de Identificação" a chave em si deve ser enviada separadamente para que
possa ser formatada adequadamente. No caso de referência de material coletado é obrigatória
citação das coordenadas geográficas do local de coleta. Sempre que possível, a citação deve
ser feita em graus, minutos e segundos (por exemplo, 24°32’75” S e 53°06'31" W). No caso
de referência a espécies ameaçadas especificar apenas graus e minutos.

o 3. Numeração dos subtítulos

O título de cada seção deve ser escrito sem numeração, em negrito, apenas com a inicial maiúscula
(Ex. Introdução, Material e Métodos etc.). Apenas dois níveis de subtítulos serão permitidos,
abaixo do título de cada seção. Os subtítulos deverão ser numerados em algarismos arábicos
seguidos de um ponto para auxiliar na identificação de sua hierarquia quando da formatação
final do trabalho. Ex. Material e Métodos; 1. Subtítulo; 1.1. Sub-subtítulo).

o 4. Nomes de espécies
64

No caso de citações de espécies, as mesmas devem obedecer aos respectivos Códigos


Nomenclaturais. Na área de Zoologia todas as espécies citadas no trabalho devem
obrigatoriamente estar seguidas do autor e a data da publicação original da descrição. No
caso da área de Botânica devem vir acompanhadas do autor e/ou revisor da espécie. Na área
de Microbiologia é necessário consultar fontes específicas como o International Journal of
Systematic and Evolutionary Microbiology.

o 5. Citações bibliográficas

Colocar as citações bibliográficas de acordo com o seguinte padrão:

Silva (1960) ou (Silva 1960)

Silva (1960, 1973)

Silva (1960a, b)

Silva & Pereira (1979) ou (Silva & Pereira 1979)

Silva et al. (1990) ou (Silva et al. 1990)

(Silva 1989, Pereira & Carvalho 1993, Araújo et al. 1996, Lima 1997)

Citar referências a resultados não publicados ou trabalhos submetidos da seguinte forma: (A.E.
Silva, dados não publicados). Em trabalhos taxonômicos, detalhar as citações do material
examinado, conforme as regras específicas para o tipo de organismo estudado.

o 6. Números e unidades

Citar números e unidades da seguinte forma:

 escrever números até nove por extenso, a menos que sejam seguidos de
unidades;
 utilizar ponto para número decimal (10.5 m);
 utilizar o Sistema Internacional de Unidades, separando as unidades dos
valores por um espaço (exceto para porcentagens, graus, minutos e segundos);
 utilizar abreviações das unidades sempre que possível. Não inserir espaços
para mudar de linha caso a unidade não caiba na mesma linha.
o 7. Fórmulas

Fórmulas que puderem ser escritas em uma única linha, mesmo que exijam a utilização de fontes
especiais (Symbol, Courier New e Wingdings), poderão fazer parte do texto. Ex. a = p.r2 ou
Na2HPO, etc. Qualquer outro tipo de fórmula ou equação deverá ser considerada uma figura
e, portanto, seguir as regras estabelecidas para figuras.

o 8. Citações de figuras e tabelas

Escrever as palavras por extenso (Ex. Figure 1, Table 1)

o 9. Referências bibliográficas

Adotar o formato apresentado nos seguintes exemplos, colocando todos os dados solicitados, na
sequencia e com a pontuação indicadas, não acrescentando itens não mencionados:
65

FERGUSON, I.B. & BOLLARD, E.G. 1976. The movement of calcium in woody stems. Ann. Bot.
40(6):1057-1065.

SMITH, P.M. 1976. The chemotaxonomy of plants. Edward Arnold, London.

SNEDECOR, G.W. & COCHRAN, W.G. 1980. Statistical methods. 7 ed. Iowa State University
Press, Ames.

SUNDERLAND, N. 1973. Pollen and anther culture. In Plant tissue and cell culture (H.F. Street,
ed.). Blackwell Scientific Publications, Oxford, p.205-239.

BENTHAM, G. 1862. Leguminosae. Dalbergiae. In Flora Brasiliensis (C.F.P. Martius & A.G.
Eichler, eds). F. Fleischer, Lipsiae, v.15, pars 1, p.1-349.

MANTOVANI, W., ROSSI, L., ROMANIUC NETO, S., ASSAD-LUDEWIGS, I.Y.,


WANDERLEY, M.G.L., MELO, M.M.R.F. & TOLEDO, C.B. 1989. Estudo
fitossociológico de áreas de mata ciliar em Mogi-Guaçu, SP, Brasil. In Simpósio sobre mata
ciliar (L.M. Barbosa, coord.). Fundação Cargil, Campinas, p.235-267.

STRUFFALDI-DE VUONO, Y. 1985. Fitossociologia do estrato arbóreo da floresta da Reserva


Biológica do Instituto de Botânica de São Paulo, SP. Tese de doutorado, Universidade de
São Paulo, São Paulo.

FISHBASE. http://www.fishbase.org/home.htm (último acesso em dd/mmm/aaaa)

Abreviar títulos dos periódicos de acordo com o "World List of Scientific Periodicals" ou conforme
o banco de dados do Catálogo Coletivo Nacional (CCN -IBICT).

Todos os trabalhos publicados na BIOTA NEOTROPICA têm um endereço eletrônico individual,


que aparece imediatamente abaixo do(s) nome(s) do(s) autor(es) no PDF do trabalho. Este
código individual é composto pelo número que o manuscrito recebe quando submetido (002
no exemplo que segue), o número do volume (10), o número do fascículo (04) e o ano
(2010). Portanto, para citação dos trabalhos publicados na BIOTA NEOTROPICA seguir o
seguinte exemplo:

Rocha-Mendes, F.; Mikich, S. B.; Quadros, J. and Pedro, W. A. 2010. Ecologia alimentar de
carnívoros (Mammalia, Carnivora) em fragmentos de Floresta Atlântica do sul do Brasil.
Biota Neotrop. 10(4): 21-
30 http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00210042010 (último
acesso em dd/mm/aaaa)

o 10. Tabelas

As tabelas devem ser numeradas sequencialmente com números arábicos.

Caso uma tabela tenha uma legenda, essa deve ser incluída nesse arquivo, contida em um único
parágrafo, sendo identificada iniciando-se o parágrafo por Tabela N, onde N é o número da
tabela.

o 11. Figuras

Mapas, fotos, gráficos são considerados figuras. As figuras devem ser numeradas seqüencialmente
com números arábicos.
66

No caso de pranchas os textos inseridos nas figuras devem utilizar fontes sans-serif, como Arial ou
Helvética, para maior legibilidade. Figuras compostas por várias outras devem ser
identificadas por letras (Ex. Figura 1a, Figura 1b). Utilize escala de barras para indicar
tamanho. As figuras não devem conter legendas, estas deverão ser especificadas em arquivo
próprio.

As legendas das figuras devem fazer parte do arquivo texto Principal.rtf ou Principal.doc inseridas
após as referências bibliográficas. Cada legenda deve estar contida em um único parágrafo e
deve ser identificada, iniciando-se o parágrafo por Figura N, onde N é o número da figura.
Figuras compostas podem ou não ter legendas independentes.

Esta publicação é financiada com recursos do Programa BIOTA/FAPESP da Fundação de


Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo/FAPESP.

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