Sebenta Periodontologia II
Sebenta Periodontologia II
Sebenta Periodontologia II
Lisboa
Mestrado Integrado em Medicina Dentária
3.º ano / 2.º Semestre
Periodontologia II
Sebenta
Conteúdo
Aula 1 – Patologia Periodontal – Lesões gengivais .................................................... 2
Lesões gengivais não induzidas por placa bacteriana........................................ 2
Lesões gengivais induzidas por placa bacteriana ................................................ 9
Aula 2 – Patologia Periodontal – Periodontite Crónica ............................................ 16
Aula 3 – Patologia Periodontal – Periodontite Agressiva........................................ 22
Aula 4.1 – Patologia Periodontal – Lesões Necrosantes e Patologia Periodontal
como Risco de Doenças Sistémicas ...................................................................... 30
Aula 4.2 – Periodontite como Risco para Doenças Sistémicas ............................. 39
Aula 5.1 – Lesões Endo-Periodontais ........................................................................... 43
Aula 5.2 – Abcesso Periodontal ..................................................................................... 49
Aula 6 – Doenças Periimplantares – Diagnóstico e Microbiologia ....................... 56
Aula 7 – Exame do Paciente Periodontal e Fase Sistémica da Terapia............... 61
Aula 8 – Controlo Mecânico da Placa Bacteriana pelo Clínico: Destartarização
e Alisamento Radicular .............................................................................................. 68
Aula 9 – Terapia: Terapia Periodontal Cirúrgica e Regeneração Periodontal ... 72
Aula 10 – Terapia: Terapia Periodontal de regeneração .......................................... 78
Aula 11 – Terapia: Terapia Periodontal de Manutenção .......................................... 83
Aula 12 – Terapia: Halitose e Hipersensibilidade Dentinária ................................. 86
Halitose ........................................................................................................................... 86
Hipersensibilidade como sequela da doença e tratamento periodontal ....... 91
Aula 13 – Relações interdisciplinares: Perio-orto e perio-restauração ............... 99
Relação Perio-Ortodontia .......................................................................................... 99
Relação Periodontologia e Reabilitação .............................................................. 104
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
2. Origem viral
Sabe-se que um elevado número de infeções virais é capaz de causar gengivite. Os
mais importantes são os do herpes, nomeadamente, herpes simplex tipo 1
(manifestações maioritariamente orais) e 2 (manifestações maioritariamente
urogenitais) e varicela-zóster. Normalmente, estes vírus entram no corpo humano
durante a infância e podem causar doença nas mucosas orais seguidas de períodos de
latência e reativação.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
O herpes simplex é um vírus de DNA com baixa infecciosidade, que após entrar
no epitélio da mucosa oral, penetra uma terminação nervosa e viaja até ao gânglio
trigémio, onde pode permanecer latente durante anos.
Por vezes, o vírus pode também estar relacionado com:
• Eritema multiforme recorrente
• Gengivite
• Gengivite necrosante aguda
• Periodontite
A primeira infeção herpética, na infância, é geralmente assintomática, no entanto,
maioritariamente antes do inicio da adolescência, pode dar aso a gengivoestomatite
severa, cuja manifestação inclui:
• Gengivite severa dolorosa com vermelhidão, ulcerações com exsudado
serofibrinoso e edema
• Formação de vesiculas, que rompem, coalescem e originam úlceras
cobertas por fibrina
• Febre e linfadenopatia
• Cicatrização ocorre espontaneamente, sem cicatriz, após 10-14 dias.
O vírus permanece latente nas células ganglionares, através da integração do seu
DNA com o DNA cromossómico, podendo ocorrer recidivas:
• 20-40% dos indivíduos com infeção primária, sob a forma de herpes labial
(maioria) ou herpes intraoral (frequentemente confundido com úlceras
aftosas – não afetam mucosa queratinizada!)
• potenciadas por: trauma, febre, luz UV, menstruação, ou seja, tudo o que
baixe a imunidade
• gengivite dolorosa com vesículas que rebentam (erosões e ↑ propagação de
queratina) → é muito doloroso quando as úlceras rebentam, dificulta a
alimentação, pois ocorre o descamar quase completo do epitélio
O tratamento da infeção inclui: remoção cuidadosa e controlo de placa
(polimento), para evitar sobreinfeções, que atrasam a cicatrização e em pacientes
imunocomprometidos, o uso de retrovirais é aconselhado.
b. Herpes Zóster
O vírus varicela zóster causa varicela como infeção primária nas crianças e a sua
reativação causa herpes zóster.
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
3. Origem Fúngica
Nem todas as infeções fúngicas na cavidade oral causam gengivite, o foco recai sobre
a candidíase e histoplasmose.
a. Candidíase
Várias espécies de Cândida podem ser encontradas na cavidade oral: C. albicans
(mais comum), C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis, C. guillermondi. É um
organismo comensal da cavidade oral que pode causar infeções oportunistas.
Causas da infeção por C. albicans:
• Diminuição das defesas do hospedeiro (ex: imunodeficiência)
• Diminuição da secreção salivar (aumento da idade: glândulas produzem
menos saliva e/ou ação medicamentosa)
• Corticosteroides e/ ou antibioterapia
• Tabagismo
Classificação da candidíase:
• Pseudomembranosa: é a mais comum; placas esbranquiçadas que podem
ser removidas deixando uma superfície ligeiramente sangrante
• Eritematosa: podem ser encontradas em qualquer local da mucosa oral,
sendo caracterizada por lesões intensamente vermelhas (devido à
desepitelização) associadas a dor
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
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4. Origem Genética
a. Fibromatose Gengival Hereditária
Presente como entidade única, ou associada a síndrome.
Aumento do volume gengival assintomático não associada a placa ou medicação
sistémica (ex: fenitoína, ciclosporina, nifedipina). A FGH pode aparecer isolada ou
estar associada a síndrome (hipertricose, atraso mental, epilepsia, perda de audição,
atraso no crescimento e anormalidade das extremidades – não necessariamente
todos os sintomas).
Genética: A maioria dos casos estão associados a hereditariedade autossómica
dominante, no entanto, foram registados casos de hereditariedade autossómica
recessiva. FGH já foi mapeada numa região do cromossoma 2, embora pelo menos
dois locci pareçam ser responsáveis por este tipo de FGH. Recentemente, um novo
locus relacionado com hereditariedade materna foi reportado no cromossoma 11p15.
Características clínicas:
• Apresenta grandes massas de tecido firme, denso e resiliente que cobre as
cristas alveolares e se estende sobre os dentes
• A cor pode ser normal ou eritematosa, se inflamado.
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5. Origem Sistémica
a. Desordens mucocutâneas
Várias doenças mucocutâneas têm manifestações gengivais, sob a forma de
lesões descamativas ou ulcerações da gengiva. As doenças mais importantes são:
• Líquen Plano (mais comum na gengiva)
• Penfigoide
• Pênfigo Vulgar
• Lúpus Eritematoso
i. Líquen Plano
Esta doença pode afetar pele (desaparece em semanas) e/ou mucosa oral
(permanecem durante anos) ou outras. Afetando 0,1-4% da população. Causa
desconforto severo e apresenta potencial para eventual malignização (controverso).
Sendo assim, é importante diagnosticar e tratar estes casos e realizar follow-up
regulares. Pode afetar pacientes de qualquer idade, sendo raramente observado
durante a infância.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Variação da aparência clínica (se bem que a presença simultânea de mais que
um tipo é comum):
• Papular
• Reticular Ao contrário das outras,
• Em placa – Não descola! relacionam-se com dor
• Atrófica (perda de epitélio – fica vermelho) moderada a severa,
• Ulcerativa (forma mais grave da atrófica) especialmente durante a
• Bolhosa higienização e alimentação
LPO normalmente permanece durante anos, mas as lesões, que podem afetar
qualquer área da cavidade oral, alteram o seu tipo e extensão durante este período.
(problemático quando surgem lesões em placa e os outros tipos desaparecem, pois
estas são indistinguíveis da leucoplasia oral).
Características histopatológicas:
• acumulação subepitelial, sob forma de banda, de linfócitos e macrófagos
(característico de uma reação de hipersensibilidade tipo IV)
• epitélio com hiperorto- ou hiperparaqueratinização e rompimento da camada
basal com transmigração de linfócitos para as camadas basal e parabasal
• os linfócitos infiltrados foram identificados como CD4+ e CD8+
• presença de corpos de Civatte (células disqueratóticas da camada basal)
• presença de fibrina na membrana basal é comum, mas também se podem
encontrar depósitos de IgM, C3, C4 e C5
A reação inflamatória subepitelial no LPO pode ser devida a um antigénio ainda
não identificado na zona de junção entre o epitélio e o tecido conjuntivo ou devido a
componentes das células da camada basal.
Diagnóstico:
• presença de lesões papulares ou reticulares
• achados histopatológicos de hiperqueratose, alterações degenerativas da
camada basal, inflamação subepitelial dominada por linfócitos e macrófagos
Tratamento:
• controlo meticuloso e atraumático da placa bacteriana + terapia antifúngica
(evitar sobreinfeção e em casos de leveduras nas infeções) + corticoides
tópicos, em casos severos que não respondem (3x/dia, durante várias
semanas. Usa-se uma moldeira de branqueamento que englobe as
gengivas de modo a manter o medicamento mais tempo em contacto com
as lesões).
As recidivas são bastante comuns pelo que podem ser necessários episódios
intermitentes de tratamento durante extensos períodos.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
b. Lesões Traumáticas
Quando ocorre um trauma físico, a gengiva dá início a uma resposta
hiperquerastótica, ou, em casos mais graves, observa-se desde lacerações
superficiais da gengiva, até recessões gengivais.
Causas:
• dentífricos abrasivos
• força de escovagem elevada
• movimento horizontal de escovagem
• cerdas duras
• fio dentário (principalmente lesões na zona da papila)
Características clínicas:
• boa higiene oral
• abrasão cervical
• extremidade da papila interdentária não afetada nos
locais da lesão
Diagnóstico: achados clínicos.
Diagnóstico diferencial: gengivite necrosante – margem gengival e papila
interdentária necrótica, enquanto que o trauma da escovagem leva a ulcerações a
alguns milímetros da margem gengival.
c. Queimaduras
Queimaduras extensas são muito raras, mas as pontuais são bastante frequentes,
em especial devido a bebidas quentes. Ocorrem maioritariamente na mucosa do
palato e labial, mas qualquer região pode estar envolvida (incluindo a gengiva).
Causas:
• café quente, pizza, queijo derretido
• manuseamento incorreto de hidrocolóide
(material de impressão), cera quente e
instrumentos de cauterização
Características clínicas:
• dor na área envolvida (lesão bolhosa), aspeto eritematoso e pode exibir
uma superfície coagulada
• vesículas podem ocorrer e por vezes podem-se apresentar sob a forma de
ulcerações, petéquias ou erosões
Diagnóstico: historial do paciente.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Cabe aos médicos dentistas batalhar com a ideia pré-concebida dos doentes de que
é normal as gengivas sangrarem e estarem “frágeis”. A placa provoca uma violação do
espaço biológico.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
• Fatores Locais
o Fatores anatómicos (ex: má posição dentária)
o Restaurações (ex: coroas com excessiva extensão apical)
o Aparelhos (causam retenção de placa)
o Fraturas radiculares
o Reabsorção cervical radicular
• Fatores sistémicos
o Sistema endócrino
o Doenças hematológicas
o Drogas
o Malnutrição
• Tem uma elevada prevalência em todas as faixas etárias (de população dentada)
• É a forma mais comum de doença periodontal (Page, 1985)
• Nas crianças a prevalência aumenta progressivamente, até atingir o auge na
puberdade
• As alterações iniciais podem não ser clinicamente detetáveis, mas com a progressão
os sinais e sintomas clínicos tornam-se mais evidentes
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Associação hormonal
O periodonto tem recetores hormonais, como tal, quanto maior for a dose, maior são
as alterações. O periodonto é modelado por andrógenos, estrógenos e progesteronas
(tecidos alvos para a ação de hormonas esteroides), pelo que durante a puberdade,
gravidez e menopausa as oscilações hormonais que ocorrem podem condicionar a
condição periodontal. A influência destas hormonas manifesta-se sob alterações na
qualidade da microflora da placa (ex: a Prevotella intermedia prolifera alimentando-se
das hormonas), assim como alterações imunitárias, vasculares e da função celular.
• Puberdade
Nesta fase verifica-se um abruto aumento hormonal que pode ocasionar aumento
da inflamação gengival, sem predileção de sexo, e que ocorre sem que se verifique
aumento dos níveis de placa bacteriana. Ou seja, a gengivite associada à puberdade
tem várias caraterísticas clínicas em comum com a gengivite induzida por placa, mas
desenvolve sinais expressivos de inflamação mesmo na presença de quantidades
relativamente baixas que placa.
Fatores coadjuvantes:
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
o Quantidade de placa
o Cáries dentárias – são mais frequentes nesta fase da vida e promovem mais
retenção de placa nas cavidades
o Respiração bucal
o Apinhamento e erupção dentária
• Ciclo Menstrual
As alterações verificadas nos tecidos gengivais ocorrem maioritariamente no final
do ciclo, entre o 25º-30º dia. A principal caraterística é o aumento da secreção do
exsudado gengival, verificado em cerca de 20% das mulheres (Hugoson, 1971).
As alterações clínicas são habitualmente ligeiras, pelo que geralmente não são
observáveis – forma muito ligeira de gengivite.
• Gravidez
Durante a gestação, dá-se um acentuado aumento nos níveis de hormonas que
podem originar gengivite associada à gravidez, que se manifesta pelo aumento da
prevalência e severidade da gengivite, durante o 2º e 3º trimestre. Há propensão para
desenvolver francos sinais de inflamação gengival, na presença de pequena
quantidade de placa.
Clinicamente ocorre:
o Alteração exuberante da anatomia gengival
o Aumento da profundidade de sondagem, sem perda de inserção →
pseudobolsas (devido ao edema)
o Maior tendência para hemorragia à sondagem e à escovagem
o Aumento do fluxo do fluido crevicular
➔ Granuloma piogénico ou “tumor da gravidez”
➔ Resposta inflamatória exagerada a fatores irritantes, que ocorre durante a
gravidez (requer fatores potenciadores para além dos níveis hormonais
elevados).
➔ Massa indolor, em forma de cogumelo, exofítica (sem
trauma).
Caraterísticas da lesão:
o Hemangioma capilar polipoide
o Pode sangrar com ligeira provocação
o Protuberância com forma de cogumelo, exofítica, indolor
o Aderida a uma base séssil ou pedunculada
o Com origem na margem gengival ou espaço interproximal
o É mais comum na maxila
o Ocorrência em 0,5-5% das mulheres grávidas
o Regride ou desaparece totalmente após o parto (se interferir com a função
normal mastigatória pode ser removido, através de uma gengivectomia, antes
do parto, preferencialmente no 2ºtrimestre ou se não desaparecer no final da
gravidez)
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
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Associação Medicamentosa
Drogas que causam aumento gengival
• Anticonvulsionantes (ex: fenitoína, valproato de sódio) –
Aumento gengival em 50% dos pacientes
• Imunossupressores (ex: ciclosporina A) – aumento gengival em 20%
• Bloqueadores dos canais de cálcio (ex: nifedipina, verapamil) – 25-30%
Caraterísticas clínicas dos aumentos gengivais induzidos por fármacos (Mariotti, 1999):
• Variação interpaciente e intrapaciente
• Predileção pela gengiva anterior
• Início cerca de 3 meses após o início da medicação
• Alteração de volume, cor e contornos gengivais – o aumento de volume é
primeiramente detetado nas papilas interdentárias
• Aumento do exsudado gengival e hemorragia à sondagem
• Sem associação com perda de inserção
• Reação gengival exuberante, em relação à quantidade de placa bacteriana
presente
• O controlo da placa pode limitar a severidade da lesão
• Histologicamente: ↑ colagénio, ↑ volume matriz extracelular
! Hipertrofia (↑ tamanho cél.) ≠ Hiperplasia (↑ nº cél.) ≠ Aumento de volume (terminologia
correta em clínica, termo anatómico, não histológico)!
• Diabetes Mellitus
Doença inflamatória crónica marcada por alterações na produção de insulina,
metabolismo dos carbohidratos, gordura e proteínas e por alterações na estrutura e
função dos vasos (essencialmente na camada íntima). Existem duas formas: o tipo 1
– dependente de insulina e o tipo 2 – não dependente de insulina.
A inflamação crónica cria substrato para que a inflamação noutros tecidos seja
mais óbvia.
A gengivite associada à DM apresenta-se clinicamente semelhante à gengivite
induzida por placa, mas neste caso o nível de controlo glicémico tem uma influência
major na severidade da inflamação gengival.
A sua relação com a doença periodontal é bidirecional.
• Leucemia
Patologia hematológica progressiva e maligna, que envolve a proliferação e
desenvolvimento anormal dos leucócitos e percursores dos leucócitos no sangue e
medula óssea.
Manifestações orais possíveis na leucemia aguda:
o Adenopatia cervical
o Úlceras nas mucosas
o Petéquias
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
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• Ter as gengivas inflamadas não é uma condição normal, nem uma variação do
estado saudável.
• A inflamação gengival pode ser um percursor de um estado de perda de inserção.
(!!Não quer necessariamente dizer que é!!)
• A suscetibilidade individual é um fator preponderante na propensão de um local
inflamado evoluir para formas destrutivas da doença periodontal, assim como na
resposta do indivíduo à gengivite.
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
• Alterações da cor, textura (esponjosa, menos stippling) e volume gengival (mais notório
na margem gengival)
• Hemorragia à sondagem
o Se for espontânea: é grave
o Índice gengival – para controlar higiene do paciente, depois da 1ª consulta
o Índice de Hemorragia à sondagem– info. fundo da bolsa/sulco, saber se doença está ativa
• ↓ da resistência dos tecidos moles marginais à sondagem (↑ da profundidade da
bolsa periodontal)
• ↑ da profundidade de sondagem e perda de inserção
• recessão gengival ou migração apical da margem gengival
• perda de osso alveolar horizontal ou vertical (avaliação da perda óssea:
radiograficamente. Une-se uma linha entre a UAC de 2 dentes adjacentes – o osso mais
coronal tem de ter no máximo a 1-1,5 mm da linha para não se considerar que há perda
óssea)
• envolvimento de furca (quando se verifica, significa que há periodontite, mas o contrário
não é necessariamente verdade)
• mobilidade e migração patológica (abertura em leque, mais na arcada superior)
• perda dentária
• Maior prevalência em adultos, mas também pode ocorrer em crianças, vai havendo
danos irreversíveis
• Quantidade de destruição periodontal num determinado paciente corresponde à
quantidade de fator etiológico (níveis de placa e higiene oral), fatores de
predisposição local, stress, tabagismo, e fatores de risco sistémicos (! Diagnóstico
diferencial com periodontite agressiva)
• Padrão microbiológico é variável entre pacientes e entre os vários locais da doença
no mesmo paciente
• Todos os locais de doença apresentam cálculo subgengival
• Embora a PC seja iniciada e mantida pela placa bacteriana, os fatores do hospedeiro
determinam a patogénese e progressão da doença
• Taxa de progressão é habitualmente lenta/moderada, com possíveis períodos de
progressão mais rápida
• Progressão é mais rápida em locais não tratados
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• Severidade da doença
o Leve/Inicial (PI≤ 2mm; PO <30%)
o Moderada (PI 3-4mm; PO 30-50%)
o Severa (PI ≥5mm; PO >50%)
o !! A Periodontite agressiva é sempre Severa!!
NOTA: Perda de inserção de 1-2mm em várias localizações pode ser encontrada em
quase todo os adultos, sendo que assim temos um diagnóstico por excesso.
A prevalência de indivíduos com uma ou mais localizações com PI≥3mm aumenta com
a idade. Ainda, o número de localizações com doença num indivíduo aumenta com a
idade, assim como a prevalência (extensão e severidade) da PC.
• Placa Bacteriana
Determinados microrganismos foram considerados potenciais patógenos
periodontais, mas embora a sua presença seja necessária, pode não ser suficiente
para a doença progressiva ocorrer.
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
• Idade
A prevalência de PC aumenta com a idade, mas não é o facto de ficarmos mais
velhos que nos dispõe para o aparecimento da doença. São os efeitos cumulativos
ao longo da vida:
o depósitos de placa bacteriana
o ↑bolsas periodontais
o reabsorção óssea
o perda de inserção
• Tabagismo
o ↑risco para o desenvolvimento da doença (2,5-7x)
o prejudica a terapia periodontal
o mascara os sinais e sintomas da gengivite e periodontite – vermelhidão
gengival e hemorragia à sondagem – pela atenuação da inflamação
• Patologias sistémicas
É bastante difícil associar o papel de uma doença sistémica na patogénese da PC:
o Estudos devem ter grupos de controlo e doença semelhantes em termos de
idade, género, HO e nível socioeconómico, o que nem sempre se verifica
o Devido à natureza da doença, os estudos longitudinais são mais indicados, no
entanto a maioria são transversais
o ↓ número ou função dos PMN resulta geralmente num aumento da velocidade
e gravidade da destruição periodontal
o Vários fármacos (fentoína, nifedipina e ciclosporina) predispõem para o
aumento gengival em resposta à placa, assim, podem modificar a PC pré-
existente
o Alterações nos níveis hormonais de circulação podem agravar a inflamação
gengival induzida por placa, mas, normalmente, não têm nenhum papel no
aumento da suscetibilidade à periodontite
O mesmo para um aumento da suscetibilidade à doença periodontal:
o Medicação imunossupressora ou qualquer estado de imunodepressão podem
expor o indivíduo a destruição periodontal aumentada
o Deficiências nutricionais têm efeito nos tecidos periodontais, mas não têm um
papel importante na PC. (Hemorragia gengival é a característica mais conhecida da
deficiência de vitamina C e escorbuto, mas também há alguma evidência científica que
prova que esta deficiência pode agravar uma PC estabelecida)
o As características periodontais da histocitose X podem surgir como periodontite
ulcerativa necrosante
o A prevalência da periodontite parece estar aumentada em pacientes diabéticos,
contrariamente a indivíduos não-diabéticos. Por outro lado, a periodontite
agrava estados diabéticos, ao diminuir o controlo glicémico
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▪ Células sanguíneas
Têm um papel vital no fornecimento de O2, homeostasia e proteção dos tecidos
periodontais. Desordens hematológicas sistémicas podem ter efeitos no periodonto,
por afetarem algumas das funções necessárias à integridade do mesmo.
▪ Leucócitos PMN
Desempenham funções de proteção por terem atividade ao nível da quimiotaxia,
fagocitose, morte ou neutralização de patógenos.
Indivíduos com deficiência quantitativa (neutropenia) ou qualitativa (quimiotática
ou fagocítica) de PMN exibem uma grave destruição dos tecidos periodontais:
o Deficiências quantitativas → destruição do periodonto de todos os dentes
o Defeitos qualitativos → destruição periodontal localizada
▪ Leucemias
As leucemias que geram um número ↑ de leucócitos no sangue e nos tecidos,
causam uma ↓ na função da medula óssea com concomitante anemia,
trombocitopenia, neutropenia e ↓ das células imunitárias específicas. As
características periodontais típicas são palidez, hemorragia e ulcerações gengivais.
Podem surgir complicações adicionais derivadas da proliferação dos leucócitos,
como a subsequente infiltração do tecido gengival que resulta no ↑ do volume
gengival.
No geral, as leucemias resultam em patologias gengivais, enquanto que a perda
óssea se relaciona com defeitos funcionais/deficiências numéricas dos neutrófilos e
outros defeitos funcionais graves (ex: alteração dos recetores de adesão dos
leucócitos)
▪ Diabetes Mellitus
Os diabéticos têm risco ↑ de doença periodontal. Embora a periodontite possa ser
tratada com sucesso, a suscetibilidade à doença e o resultado da terapia serão
influenciados pelo fraco controlo metabólico. Deste modo, deve ser conhecido pelo
dentista o nível de controlo da diabetes dado que, a longo prazo, o controlo
metabólico pode indicar o resultado provável da terapia periodontal. Por outro lado,
a própria terapia periodontal pode melhorar o controlo metabólico.
▪ Medicação
Fentoína, nifedipina e ciclosporina podem ↑ a predisposição para crescimento
gengival excessivo em pacientes com gengivite.
▪ Características genéticas
Podem resultar em patologias que modifiquem a estrutura periodontal ou que
alterem a resposta imunitária ou inflamatória. Isto conduz a uma grande destruição
periodontal que, embora semelhante, etiopatologicamente não é considerada PC.
• Stress
O stress e eventos causadores de ansiedade têm efeitos diretos em vários
sistemas fisiológicos – endócrino e imunológico – causando alterações nas respostas
imunitária e inflamatória.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
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• Genética
Existe uma predisposição genética para as doenças periodontais, sendo que o
risco de PC tem um elevado componente genético (comprovado por estudos em
gémeos), por oposição à gengivite que não tem qualquer ligação a genes
particulares.
Muita investigação tem sido feita para identificar os genes e polimorfismos
associados com todas as formas de periodontite. Provavelmente, a PC está
relacionada com vários genes, sendo que a sua composição pode variar entre
indivíduos e raças. No entanto, tem-se dado muita atenção a genes que envolvam
polimorfismos relacionados com a produção de citocinas.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
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• PA localizada
o Tem início perto da puberdade;
o Perda da junção interproximal, em pelo menos 2 dentes permanentes, sendo
que um deles tem de ser o 1.ºM; não envolve mais do que 2 dentes para além
do 1.ºM e I, por estarem há mais tempo na cavidade oral;
o Alta resposta imunológica para agentes infeciosos (↑ Ac séricos).
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
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• PA generalizada
o Natureza episódica (comum a todas as periodontites);
o Normalmente afeta indivíduos abaixo dos 30 anos, no entanto pode verificar-
se em indivíduos mais velhos;
o Perda generalizada das junções interproximais, afetando pelo menos 3 dentes
permanentes, além dos 1.ºM e I;
o Destruição pronunciada da inserção e do osso alveolar;
o Baixa resposta imunológica para agentes infeciosos (↓Ac séricos);
o Representa o grupo mais heterogéneo, e o que inclui as formas mais severas
de periodontite;
o Compreende formas de periodontite antes conhecidas como: periodontite
juvenil generalizada; periodontite severa; periodontite de progressão rápida.
NOTA: Um tipo de caso raro – Incidental attachment loss
Esta patologia menos frequente inclui recessão associada a trauma ou à posição dentária; perda
do espaço interproximal associado a terceiros molares impactados e à sua remoção. Os
pacientes com este tipo de patologia devem ser considerados de risco elevado para PA e para
periodontite crónica.
Para diagnosticar cada uma destas condições, é necessário que o indivíduo esteja
livre de qualquer doença sistémica que possa influenciar as defesas do hospedeiro e
conduzir a uma exfoliação prematura dos dentes.
Epidemiologia
Dentição Decídua
De acordo com vários estudos já realizados (Sweeney et al. 1987; Bimstein et al.
1994 ; Sjodin & Mattson 1994) ocorre perda de osso alveolar da margem, afetando a
dentição decídua verificou-se em crianças com idades entre 5 e 11 anos, com
frequências a variar entre 0,9-4,5%.
Existe pouca evidência sobre a prevalência de PA na dentição decídua.
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
A periodontite que afeta a dentição decídua não quer obrigatoriamente dizer que
estamos perante PA, mas pode indicar uma forma crónica da doença.
Dentição Permanente
Verificou-se que, em indivíduos com idades entre os 13 e 20 anos, a prevalência de
periodontite é inferior a 1%. O risco de desenvolver periodontite em idades tão precoces
não é igual em diferentes populações: em estudantes americanos, a prevalência de
periodontite varia entre os 0,2% (indivíduos brancos) e os 2,6% (indivíduos negros) –
Löe & Brown 1991. Para além disto, no intervalo de idades referido, a prevalência de
periodontite mostrou-se mais elevada em países em desenvolvimento.
“A progressão da doença tende a ser maior em pacientes de menor idade com sinais
de periodontite agressiva” e em pessoas com nível socio-económico mais baixo.”
Em suma, uma pequena mas ainda significativa parte das crianças e jovens é
afetada por alguma forma de periodontite. Destes, pensa-se que uma grande parte seja
afetada por PA.
Etiologia e Patogénese
Etiologia Bacteriana
A maior evidência de etiologia bacteriana advém de estudos relacionados com PA
localizada. Os microrganismos presentes nesta forma de periodontite são:
Aggregatibacter actinomycetemcomitan, Capnocytophaga sp., Eikenella corrodens,
Prevotella sp. e Campylobacter rectus.
Os critérios de Socransky têm de ser respeitados:
o Associação;
o Resposta do hospedeiro;
o Fatores de virulência;
o Resposta ao tratamento;
o Serotipo b de AA.
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Etiologia Viral
Os vírus são um fator etiológico coadjuvante. A menor resistência dos tecidos
periodontais e a alteração da função dos monócitos, macrófagos, linfócitos e leucócitos
PMN leva a uma maior suscetibilidade a citomegalovírus e vírus de Epstein-Barr.
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Aspetos Genéticos
Após a realização de vários estudos verificou-se uma elevada prevalência de casos
familiares de PA (40%-50% entre irmãos). Ora, tal sugere que os fatores genéticos
podem ser importantes no que respeita à suscetibilidade para o desenvolvimento de PA.
Estes estudos genéticos sugerem um padrão de transmissão da doença
correspondente ao xadrez mendeliano, ou seja, autossómico dominante. É ainda
importante salientar que a maioria destes estudos foi realizado em famílias afro-
americanas.
Encontraram-se já várias associações genéticas com a PA localizada:
• local de ligação da vitamina D (região q do cromossoma 4);
• gene da COX-2 (Cr1, q25);
• gene da IL-1 (Cr2, q13-14).
Estes dados apoiam a existência de uma heterogeneidade genética nas formas de
PA localizada. De ressalvar que é pouco provável que todas as formas de PA se devam
à mesma variação genética.
• Polimorfismos
Observaram-se várias associações significativas para IgG, alelos R e N (ainda que
os resultados sejam contraditórios) e ainda genes que codifiquem outras proteínas
associadas com:
o Função neutrofílica;
o Inflamação;
o Capacidade do hospedeiro para lidar com a exposição a componentes
bacterianos, como endotoxinas;
o Hemóstase do tecido conjuntivo.
Diagnóstico
É feito com base na história clínica e anamnese (devemos suspeitar sempre quando
os irmãos também têm).
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Esta não é uma pergunta trivial, pois, muitos casos de PA não são identificados por
no início haver uma falha da procura dos sinais de periodontite. Para sabermos com
certeza se estamos perante periodontite devemos avaliar os seguintes pontos:
▪ há perda de suporte periodontal?
▪ há perda de inserção acompanhada de formação de bolsa ou recessão?
▪ há alguma outra causa para a perda de inserção que não a periodontite?
(trauma, posição dentária, movimento ortodôntico dos dentes, cárie avançada,
margens e restaurações subgengivais, dentes impactados, ausência de
dentes...)
▪ há outra explicação para a formação de uma pseudo-bolsa?
• Diagnóstico Radiológico
Permite realizar a avaliação da taxa de progressão óssea.
• Diagnóstico Microbiológico
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Sucesso do Tratamento
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• Crateras Interproximais
A necrose gengival evolui rapidamente e num período de poucos dias, a papila
envolvida é separada numa porção vestibular e outra lingual/palatina com uma
depressão necrótica no meio. A necrose central causa uma elevada destruição, o que
leva à formação da cratera.
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• Adenopatias
Pode ocorrer inchaço dos nódulos linfáticos regionais nas DPN, no entanto é
particularmente evidente em casos avançados:
o nódulos submandibulares, mas também pode ocorrer nos cervicais;
o adenopatia e tendência hemorrágica acentuada são os achados clínicos mais
pronunciados nas crianças.
• Febre e mal-estar
Não são características comuns e o aumento de temperatura, quando presente é
moderado. Foi até descrito uma ligeira diminuição da temperatura em casos de GUN.
(Esta falta de consenso pode ser devida ao diagnóstico de gengivoestomatite herpética
em casos de GUN).
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Diagnóstico
O diagnóstico das lesões em causa baseia-se nas suas características clínicas.
Normalmente o paciente apercebe-se da dor e hemorragia gengival, sobretudo ao
toque. A histopatologia das DPN não é patognomónica e não há indicação para a
realização de biópsia das zonas afetadas.
(Em certas leucemias, como a leucemia aguda, podem ocorrer úlceras necróticas na
mucosa oral, e frequentemente associadas à margem gengival devido à exacerbação
de uma condição inflamatória crónica. A coloração da gengiva torna-se vermelho-
azulada. A gengiva encontra-se edemaciada, como diferentes graus de ulceração e
necrose. Normalmente, o paciente tem mais sintomas sistémicos do que quanto tem
DPN, mas pode sentir-se relativamente saudável durante um certo período de tempo.)
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Histopatologia
Histopatologiacamente, a GUN é caracterizada por uma ulceração com necrose do
epitélio e das camadas superficiais do tecido conjuntivo, bem como por uma reação
inflamatória aguda não-específica.
Um aspeto importante é o papel dos microrganismos nas lesões, dado que a sua
presença foi confirmada não só nas zonas necróticas, mas também no epitélio e
conjuntivo vital.
A lesão apresenta 4 zonas diferentes, de acordo com o que foi estabelecido por
Listgarten em 1965.
Zonas Características histopatológicas
- fibrina com células epiteliais mortas (é o que cobre
uma úlcera, em vez de uma “crosta”)
- leucócitos
1ª camada (+superficial)
- eritrócitos
- bactérias
- restos celulares
- partes vitais de epitélio, restos celulares e tecido
conjuntivo exposto
2ª camada (partes
- massas compactas de bactérias entre as células
epiteliais)
(espiroquetas – bactérias pigmentadas -,
bastonetes fusiformes)
- zona de tecido conjuntivo superficial com tecido
3ª camada (zona de tecido necrótico
conjuntivo necrosado) - infiltrado denso de bactérias – espiroquetas,
fusobactérias e outras
- zona de tecido conjuntivo subjacente com tecido
4ª camada (+ profunda)
viável, infiltrado de células inflamatórias (PMN),
Tecido vivo, mas muito
vasos sanguíneos dilatados e infiltrado de bactérias
inflamado
com espiroquetas
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Microbiologia
Estamos perante infeções de causa bacteriana. No entanto, também está
dependente da presença de fatores de suscetibilidade do hospedeiro.
Indiretamente Diretamente
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Fatores Predisponentes
O mecanismo básico das fatores predisponentes à DPN é a alteração da resposta
imunitária do hospedeiro. Um certo número de fatores predisponentes interage com o
sistema imunitário do hospedeiro e torna o paciente mais susceptível à DPN.
• Stress psicológico
o investigações epidemiológicas parecem indicar que existe uma ocorrência mais
frequente de DPN em períodos de stress: militares em missão, estudantes em
épocas de exame, pacientes com depressão;
o HO diminuída;
o alimentação desadequada;
o consumo de tabaco aumentado;
o função imunitária diminuída;
o aumento da produção de corticoesteróides – ativação do eixo hipotálamo-
hipofisário.
• Imunossupressão
Ocorre em patologias associadas à diminuição da resposta imunitária, mais
especificamente à diminuição da função dos PMNs:
o pacientes medicados com imunossupressores (ex: transplantados);
o SIDA ou HIV+;
o Leucemia;
o outros (sarampo, varicela, tuberculose, gengivoestomatite herpética).
• Subnutrição
A subnutrição origina uma diminuição da resistência a infeções.
Em resposta a patógenos periodontais, os fagócitos produzem oxidantes destrutivos,
protéases e outros fatores. O dano do periodonto pode ocorrer devido ao balanço entre
estes fatores (antioxidantes e antiproteinases derivadas do hospedeiro).
A subnutrição é caracterizada por uma falta de antioxidantes essenciais e deficiência
na fase agua da resposta imunitária. Causa ainda inversão do ratio
LThelper/LTsupressor, diminuição da histamina, desequilíbrio hormonal que causa
aumento de cortisol livre no sangue e saliva e deficiência na integridade da mucosa.
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• Origem caucasiana
Os estudos ainda apresentam resultados contraditórios.
• Pacientes jovens
Nos países industrializados, os jovens adultos parecem ser os mais predispostos às
DPN, com idade entre os 22-24 anos: estudantes em exames, população militar e
consumo de tabaco.
Tratamento
O tratamento é idêntico para todas as formas da doença (GUN, PUN, EUN), no
entanto é diferente das outras periodontites. Divide-se em duas fases: tratamento de
fase aguda e tratamento corretivo.
➢ 1ª consulta
o Destartarização ultrassónica com pressão mínima tão meticulosa quanto a
condição do paciente permitir;
o Controlo da dor: analgésico e bochechos com H2O2, a 10 volumes diluído em água
em partes iguais.
o Antibiótico: metronidazol 250mg 3x/dia é a primeira opção pela sua especificidade.
Pode-se conjugar com amoxicilina para aumentar espectro, se suspeitarmos de
sobreinfeção.
➢ Cuidados de HO:
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A clorohexidina:
- é indicada quando não é possível fazer a HO normal;
- não atua na lesão, mas sim no biofilme;
- permite reduzir a formação de PB, na ausência de escovagem;
- usada concomitantemente com destartarização e alisamento radicular, pois
não penetra subgengivalmente e é rapidamente inativada por: exsudados,
tecidos necróticos e massas bacterianas.
➢ Fase corretiva
o Correção dos defeitos interproximais mais profundos como cirurgia de retalho ou
gengivectomias para corrigir crateras e prevenir impactação alimentar, pois estes
podem levar à acumulação de placa bacteriana. Esta fase de tratamento só está
concluída quando os defeitos gengivais tenham sido eliminados e se tenha
garantido condições ótimas de eliminação de placa no futuro;
o Fase de suporte periodontal: consultas de manutenção com intervalos curtos (3
em 3 meses). Após sofrer uma lesão destas, o indivíduo será um paciente
periodontal para sempre;
o Eliminação, se possível, de fatores predisponentes.
! Para haver resultados, se for Infeção bacteriana leva 1 a 3 dias, mas se for viral,
demora 5 a 7 dias !
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Doenças cardiovasculares
A principal causa das doenças cardiovasculares e cerebrovasculares é a
aterosclerose: doença vascular progressiva em que ocorre espessamento da camada
subíntima das artérias musculares de médio calibre e grandes artérias elásticas.
A teoria que suscitou a investigação foi: “se a aterosclerose passar por um processo
inflamatório, os agentes infecciosos (ex: Chlamydea pneumoniae, Citomegalovírus e
Helicobacter pylori) podem influenciar ou modelar a aterogénese?”
Os resultados da investigação revelaram que: “as infecções desencadeiam várias
alterações na biologia das células endoteliais e do músculo liso que podem predispor a
formação de ateromas”.
Surgiu uma nova hipótese que relaciona a doença periodontal e a aterosclerose:
“SENDO A DOENÇA PERIODONTAL UMA DOENÇA INFECCIOSA, QUAL É O SEU
ENVOLVIMENTO NA ATEROGÉNESE?”
➢ Foram detetados patógenos periodontais em placas de ateroma – Porphyromonas
gengivalis, Prevotella intermedia, Tannerella forsythensis e A.A.
➢ A doença periodontal aumenta os níveis de mediadores pró-inflamatórios
(proteína C-reativa, IL-6, fibrinogénio). Estes mediadores constituem um fator de
risco para as DCV
Estudos que comprovam a relação:
• Mattila e col, 1989 – pior estado de saúde dentária no grupo de teste do que no
grupo controlo.
• DiStefano e col, 1993 – estudo prospetivo, 9760 pacientes, follow-up 13-16 anos.
Observou um aumento de 25% no risco de doença coronária em pacientes com
periodontite.
• Beck e col, 1996 – estudo prospetivo 1147 pacientes homens, com periodontite,
avaliada pela perda óssea alveolar interproximal e profundidade de sondagem.
Observou que, em média, um aumento de 20% de perda óssea aumentava a
incidência de doença coronária em 40%.
Os estudos atuais ainda não são satisfatórios para corroborar a existência de uma
relação causa-efeito entre a doença periodontal e as doenças cárdio e
cerebrovasculares. A associação estatística está bem documentada mas o mecanismo
fisiológico não.
! Existem 4 hipóteses que tentam encontrar esta relação:
1. Ação direta dos microorganismos, pela detecção de material genético de bactérias
periodontais em placas de ateroma
2. Resposta imunológica do organismo às endotoxinas bacterianas libertadas na
circulação: Infeção crónica na cavidade oral → libertação contínua para a
circulação de produtos bacterianos, como a endotoxina → estimulação do sistema
imune para libertar citoquinas inflamatórias → influência na formação de ateromas
3. Predisposição genética comum às duas patologias: A doença periodontal tem uma
componente genética, não depende só do fator etiológico bacteriano. Esta
componente pode manifestar-se por uma resposta aumentada às infeções.
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Diabetes
A relação entre a doença periodontal e a diabetes mellitus é a associação mais forte,
já demonstrada, entre o estado de saúde oral e as patologias sistémicas crónicas:
Infeções respiratórias
A pneumonia bacteriana e a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) têm vindo a
ser associadas à doença periodontal.
• Pneumonia bacteriana
O início da pneumonia bacteriana depende da colonização da cavidade oral e
orofaringe por potenciais patógenos periodontais, a sua aspiração pelas vias aéreas
inferiores e falência dos mecanismos de defesa do hospedeiro.
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2. Túbulos dentinários
• Podem ser expostos em consequência de alisamento radicular
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3. Foramen apical
• Constitui a via principal, e mais direta, de comunicação entre a polpa e os
tecidos do periodonto, uma vez que as bactérias e os seus produtos
conseguem atravessar o foramen apical e causar uma lesão periapical
• As bactérias e os seus produtos atravessam o forâmen e podem causar lesão
apical, forma-se um quisto/granuloma (para conter a inflamação), vai
aumentando até poder afetar outros dentes e comprometer a sua vitalidade.
Fatores Etiológicos
A etiologia bacteriana das lesões endodônticas é semelhante às periodontais, no
entanto, a fonte de infeção é distinta: a doença periodontal é mantida pelas acumulações
de bactérias na região dento-gengival e as lesões endodônticas são mantidas pelos
elementos infecciosos libertados da polpa.
Há a possibilidade de disseminação das bactérias e dos seus produtos do sistema
de canais radiculares para os tecidos periodontais, sob clusters ou agregados
bacterianos na superfície externa das raízes. No entanto, estas lesões raramente
envolvem o periodonto marginal, a não ser em caso de abcessos. (Stashenko, 1990)
Avaliações da microflora de uma infeção endodôntica primária apresenta algumas
semelhanças com a microflora que coloniza as bolsas periodontais profundas (Kerekes
& Olsen, 1990) e é geralmente dominada por anaeróbios e gram-. As espiroquetas (mais
comuns em perio) e os fungos também podem residir nos canais radiculares infetados.
• Bactérias
o a sua presença é necessária e obrigatória para que haja infeção endodôntica
o podem disseminar-se através dos locais de comunicação
o incluem AA, T. forsythia, P.gingivalis, T. denticola, Eikenella corrodens e
Fusobacterium (microflora semelhante nos dois tipos de lesões).
• Fungos
o podem estar presentes candida e outras espécies de fungos.
A presença de espécies fúngicas aumenta em imunocomprometidos, assim como
com a utilização de medicamentos no interior dos canais, antibioticoterapia sistémica ou
local e em casos de insucesso do tratamento endodôntico (em que ocorre
recontaminação).
• Agentes extrínsecos – corpos estranhos, ou seja, são fatores que podem contribuir
para a perpetuação de lesões apicais e coadjuvar a sua progressão, seja esta
sintomática ou assintomática. Há sempre infiltrado inflamatório com presença de
células gigantes multinucleares. Incluem: detritos, tatuagem por amálgama…
Corresponde de 18 a 44% das reações apicais. O tratamento deve passar por
remoção e excisão.
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• Hipersensibilidade Radicular
o Dor aguda e transitória, de instalação rápida e que cessa após a remoção do
estímulo, provocada pela exposição a estímulos térmicos, químicos, táteis ou
osmóticos. O corpo reage para diminuir a dor, ocorre uma deposição de cristais
de minerais que oclui os túbulos
o Prevalência em pacientes periodontais: 72,5-98%
o Teoria Hidrodinâmica
▪ Ocorre remoção de cemento com alisamento.
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Diagnóstico Diferencial
DIAGNÓSTICO
Envolvimento endodôntico Envolvimento periodontal
RADIOGRÁFICO
Perda óssea Localização mais apical Localização mais coronal
Padrão de perda Tunelizada Ampla
Restauração + -
Cáries + -
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DIAGNÓSTICO
Envolvimento endodôntico Envolvimento periodontal
HISTOLÓGICO
pH Ácido Básico
Migração epitelial - +
Gram + ou – (e
Qualidade microbiológica Gram negativas
espiroquetas)
Quantidade microbiológica - +
Cárie + -
Abordagem Terapêutica
! No tratamento das lesões mistas, começa-se sempre por endodontia, para
descontaminar o interior do dente e parar a purgação, só depois é que se desinfeta o
exterior!
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Introdução
Os abcessos periodontais são uma das principais razões pelas quais os pacientes
procuram cuidados dentários de emergência.
Caracterizam-se como uma infeção purulenta localizada, presente nos tecidos
periodontais, e que causam dor e inchaço. Dependendo da origem da infeção, podem
ser associados a diferentes sintomas. São criados por um largo grupo de infeções
agudas que podem originar tanto dos dentes, como do periodonto.
Abcesso Periodontal
Os abcessos periodontais são uma condição frequente, na qual os tecidos podem
ser rapidamente destruídos. É uma lesão com alargada rutura periodontal, decorrendo
durante um período de tempo e com sintomas clínicos facilmente identificáveis.
Caracteriza-se por situações agudas e de infeção, supuração e com sintomatologia
mais exacerbada, em que ocorre uma acumulação localizada de pus a nível da parede
gengival da bolsa periodontal, com localização mais ou menos óbvia. Está sempre
associado a paciente periodontal, o que irá ditar o prognóstico do dente
periodontalmente comprometido. Se os abcessos não forem drenados, poderá provocar
a disseminação da infeção.
Classificação e Etiologia
Este grupo de condições periodontais agudas tem sido classificado quanto à
evolução como agudo (mais recentes, com surgimento exacerbado, maior dor, maior
sensibilidade à percussão e supuração à compressão ou até espontânea) ou crónico
(geralmente assintomáticos ou com sintomatologia ligeira, associado a patologia
sistémica, sendo habitualmente múltiplos), ou, dependendo da localização como único
(relacionados com fatores locais que comprometem a drenagem da bolsa ou então algo
que se encontra a irritar o tecido) ou múltiplo (associados a patologias sistémicas não
controladas, pacientes medicamente comprometidos, pacientes periodontais não
tratados, mas submetidos a antibioterapia como bochechos e antibióticos - normalmente
abcessos crónicos e múltiplos), ou ainda como gengival, periodontal ou pericoronário,
se ocorrer nos tecidos periodontais de suporte.
Meng (1999), propôs a seguinte classificação:
• Abcesso gengival
Origem na margem gengival, mas sobretudo relacionados com a impactação de
um corpo estranho entre a gengiva e o dente (ex. cálculo) previamente saudáveis,
não sendo necessário existir doença periodontal para surgir um abcesso gengival;
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• Abcesso periodontal
Origem no periodonto com drenagem para uma zona do periodonto, sendo
relacionados com uma bolsa periodontal. Podem ser agudos ou crónicos;
• Abcesso pericoronal
Origem na margem gengival; dentes em erupção ou erupcionados, mas com
porções de gengiva a cobrirem-nos; sondagens periodontais mantidas; dentes
adjacentes vitais; apenas questão de posição dentária, sobretudo nos 3ºs molares
inferiores (devido ao ramo ascendente da mandíbula).
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Prevalência
A prevalência dos abcessos periodontais foi estudada em clínicas dentárias de
urgência, clínicas dentárias generalistas, em pacientes periodontais antes do tratamento
periodontal e em pacientes periodontais durante o tratamento periodontal de suporte.
Os abcessos periodontais correspondem a entre 8 a 14% das emergências médico-
dentárias.
- Estudo de Gray et al. (1994):
Patogénese e Histopatologia
A patogénese do abcesso periodontal é ainda desconhecida, mas sabe-se que há
penetração de bactérias nos tecidos moles, sempre associado a pus e à sua drenagem.
A lesão do abcesso periodontal contém bactérias, produtos bacterianos, células
inflamatórias, produtos de destruição tecidual e secreções serosas.
1. Hipótese para a etiopatogenia da lesão
Devido a trauma ou oclusão dos tecidos, vai ocorrer um encerramento do lúmen
da bolsa periodontal, o que vai impedir a drenagem local, e por sua vez causar a
extensão da infeção para os tecidos moles da parede da bolsa e formar o abcesso.
Apesar de se considerar a invasão de bactérias para os tecidos moles da parede
da bolsa como o evento iniciador, é sim a acumulação de leucócitos e formação de
um infiltrado inflamatório agudo que vai causar a destruição do tecido conjuntivo,
encapsulação da massa bacteriana e formação de pus.
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O epitélio da bolsa ulcerado acontece sempre, uma vez que para haver abcesso
periodontal, tem que haver penetração do que está na bolsa para os tecidos e isso
acontece pelo epitélio do sulco/bolsa. Se este estiver íntegro, não deixa passar bactérias
suficientes para se formar abcesso.
Microbiologia
Poucos estudos investigaram a microbiota específica do abcessos periodontais, mas
a literatura indica que as infeções são polimicrobianas , e causadas tanto por bactérias
endógenas, bem como por bactérias específicas das doenças periodontais.
Cerca de 60% das bactéria presentes no material do abcesso são anaeróbios
estritos, principalmente não móveis, bastonetes anaeróbios Gram-negativos e cocos
anaeróbios facultativos Gram-positivos, com predomínio de bastonetes sobre cocos e
bactérias semelhantes às da placa subgengival.
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Diagnóstico
O diagnóstico de um abcesso periodontal deve ser baseado na avaliação e
interpretação da sintomatologia, em conjunto com os sinais clínicos e radiológicos
encontrados no exame oral.
O sinal mais frequente de abcesso periodontal é a presença de uma elevação nos
tecidos no lado lateral da raíz do dente. Abcessos profundos podem ser mais difíceis de
identificar, uma vez que podem manifestar -se como uma inflamação difusa ou apenas
uma área avermelhada, em vez de inflamação pronunciada dos tecidos moles. É
também comum encontrar-se supuração por uma fístula ou através da abertura da
bolsa, seja ela espontânea ou ocorrendo quando é aplicada pressão na superfície
externa da lesão. Há ausência de lesão periapical, sendo que na presença desta lesão
poderá ser abcesso periapical de origem endodôntica.
A sintomatologia inclui dor de ligeira a severa, desconforto da gengiva, inchaço e
sensibilidade à percussão. Outros sintomas relacionados são a sensação de dente mais
alto e mobilidade, halitose (sobretudo em casos múltiplos), rápida destruição tecidual e
sensibilidade à percussão.
O abcesso é normalmente encontrado numa zona com bolsa periodontal profunda.
Sinais associados à periodontite são a hemorragia à sondagem, supuração e por vezes
mobilidade aumentada. O exame radiológico pode revelar uma aparência normal da
crista óssea ou perda evidente, que varia desde um alargamento do espaço do
ligamento periodontal a perda óssea profunda, envolve principalmente a raíz afetada.
Em alguns pacientes, pode também ocorrer elevação da temperatura corporal,
leucocitose, mal-estar e linfoadenopatia regional.
• Diagnóstico diferencial
No diagnóstico diferencial devem sempre ser considerados outros abcessos que
podem ocorrer na cavidade oral. Infeções agudas como abcessos periapicais
(radiografia com lesão periapical), quistos laterais periapicais, fraturas verticais de
raízes e lesões endoperiodontais podem ser semelhantes em sintomatologia, apesar de
a etiologia ser diferente e como tal, a terapêutica dependerá de um correto diagnóstico
diferencial, sendo que quando a localização é mais próxima da margem, é
provavelmente um abcesso gengival. Uma resposta negativa a testes de sensibilidade
indica abcesso periapical de origem endodôntica, e a sondagem periodontal mantida
indica-nos um problema gengival e não periodontal.
Exceção: casos de abcesso pulpar associado a resposta positiva a testes de
sensibilidade sugerem a existência de canais acessórios ou problemas endodônticos
em dentes multirradiculares (uma vez que estes não surgem com a mesma severidade
em todos os canais, daí haver abcessos periapicais numa raiz de um dente e a outra
estar vital, resultando numa resposta positiva ao teste de sensibilidade).
• Lesões de origem periodontal
Apresentam história de doença periodontal e tratamento periodontal com atenuar
dos sinais clínicos do abcesso. Houve antibioticoterapia prévia não associada à
terapia periodontal, e resposta pulpar positiva, com sondagem aumentada,
habitualmente com supurações locais de sondagem aumentada. Radiograficamente,
apresentam perda da crista óssea, defeitos ósseos angulares e envolvimento de
furca.
• Lesões de origem endodôntica
Apresentam cárie avançada, fratura, tratamento de grandes restaurações ou
tratamento endodôntico. Os dentes apresentam-se descolorados (o interior do dente
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
tem patologia e necrose do nervo), com ausência de resposta aos testes pulpares.
Radiograficamente, há evidência de radiolucidez periapical associada com um dente
cariado, restaurado ou com tratamento endodôntico. O tratamento com terapia
periodontal é ineficaz em casos de diagnóstico errado.
Tratamento
O tratamento dos abcessos periodontais divide-se normalmente em duas fases:
• Controlo da fase aguda:
o incisão e drenagem, destartarização e alisamento radicular (se possível, todos
na mesma sessão), cirurgia periodontal (abertura de um retalho para
descontaminar mais profundamente), antibióticos (apenas com envolvimento
sistémico ou na impossibilidade drenagem), extração se necessário e uma
semana depois faz-se o tratamento definitivo.
o Compressão e desbridamento do tecido mole da parede da bolsa (necessário
para tirar tecido necrosado e ferida cicatrizar mais rápido), irrigação com
solução salina para lavar o local, alisamento radicular e remoção do que está a
causar o abcesso para evitar recidivas. Em situações agudas, convém observar
o paciente novamente após 1 a 2 dias.
• Antibioticoterapia:
o Quando antibioterapia não é tratamento base, habitualmente regimes curtos de
3-4 dias são suficientes para acalmar o local - normalmente dá-se Amoxicilina
+ Ác. Clavulânico ou Amoxicilina + Metronidazol. Penicilinas apenas em casos
de envolvimento sistémico (ex:. fleimões e abcessos bastante evidentes).
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Complicações
• Perda dentária: periodontite avançada;
• Disseminação da infeção
Pouco frequente e quando abcesso não é tratado: celulites, infecções
subcutâneas, fleimões, bacteremias relacionadas com infeções crónicas e fasceíte
cervical necrosante quando drenagem ocorre através da pele, com necrose dos
tecidos envolventes. Existem 2 possíveis fontes de disseminação:
o Dentro dos tecidos durante a terapia: foram reportados casos de actinomicose
pulmonar, abcessos cerebrais, infeções após artroplastias totais do joelho após
a terapia periodontal.
o Devido a bactérias de abcessos não relacionados: celulite em pacientes com
cancro da mama que ocorreram após gengivite ou formação de abcesso
periodontal, devido a bacteriemia e defesas reduzidas. Abcessos periodontais
foram também associados ao desenvolvimento de fasceíte necrotizante e
cavernosite necrotizante.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Mucosa periimplantar
Após a colocação do implante, forma-se uma passagem transmucosa em volta do
implante, adaptando-se às novas necessidades funcionais.
Semelhanças entre mucosa/gengiva e mucosa peri-implantar:
• epitélio oral queratinizado
• em saúde, o epitélio oral é continuo com o epitélio juncional (fino, não
queratinizado) que esta em contacto com a superfície do dente/implante
• No tecido conjuntivo lateral ao revestimento epitelial estão presentes pequenos
infiltrados inflamatórios (neutrófilos, macrófagos, células B e T). Estas células
representam as defesas do hospedeiro contra produtos bacterianos, pelo que
pode ser considerado um componente importante da selagem biológica que
separa os tecidos de inserção periodontal/peri-implantar da cavidade oral
Mucosite periimplantar
Características clínicas
Em muitos aspetos são semelhantes às da gengivite, como os sintomas clássicos da
inflamação (inchaço e vermelhidão) . No entanto, as diferenças na morfologia da
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Evidência científica
Mucosite
Pontoriero et al (1994)
20 indivíduos parcialmente edêntulos que devido a periodontite avançada fizeram
reabilitação com implantes num ou mais segmentos dentários. Durante um período de
follow-up de 6 meses após a reabilitação protética, os pacientes entraram num programa
de controlo de placa e avaliação frequente (presença de placa, inflamação tecidual,
profundidade de sondagem, recessões de tecido e composição do biofilme).
Os pacientes abstiveram-se de cuidados de HO durante 3 semanas, observando-se
nesse tempo a acumulação de placa (quantidade e qualidade) e a resposta do tecido às
alterações microbianas (inflamação com infiltrado inflamatório como resultado das
alterações microbianas, e alteração da profundidade de sondagem). Concluiu-se que o
desenvolvimento é semelhante entre dentes e implantes.
Modelo experimental (foi também observado em implantes)
Berglundh et al (1992)
Comparou a reação da gengiva e da mucosa peri-implantar em cães à formação de
placa bacteriana de novo.
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Peri-implantite
Em animais
Características clínicas
Resumindo:
1. Ulceração do epitélio sulcular
2. Infiltrado inflamatório de leucócitos
3. Hiperemia vascular
4. Perda de fibras de colagénio
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Importância no Diagnóstico
Parâmetros de Avaliação
• Rx Periapical (paralelométrica)
Peri-implantite avançada é facilmente diagnosticada pela detecção de perda óssea
em redor do implante. Devem ser realizados Rx 1 a 1 após a colocação das coroas e
intervalados de ano a ano. Devem ser feitas radiografia adicionais se os parâmetros
clínicos evidenciarem doença.
A manutenção da altura do osso marginal é crucial para a manutenção do implante.
Perda óssea vertical <0,2 mm anualmente após o 1ºano (1mm durante o primeiro
ano)
• Profundidade de Sondagem
A força tem mais impacto na leitura em localizações com implantes do que em
condições com periodonto.
• Nivel de inserção
• Hemorragia (BOP)
A ausência de hemorragia corresponde a saúde no entanto a presença de
hemorragia pode não significar doença.
• Mobilidade
Se tiver osteointegrado na parte apical não há aumento da mobilidade (pode haver
perda óssea cervical). Por outro lado, a perda de estabilidade cínica como resultado da
perda de osteointegração vai haver um aumento repentino da mobilidade, não há
maneira de voltar a ficar firme. Mobilidade = falha.
• Supuração
Há um aumento de neutrófilos e leucócitos, com a inflamação gengival aumentada.
Diferenças da resposta podem resultar em diferentes susceptibilidades.
• Microbiologia
É igual a da periodontite avançada. Bactérias Gram negativas. Maior frequência.
O risco de desenvolver peri-implantite é maior em pacientes com periodontite prévia,
principalmente se estiver ativa.
Nos desdentados totais as mucosas são a principal fonte de patógenos.
Na peri-implantite há PGE2 e IL1b no fluido sulcular dos implantes com inflamação
potenciando a reabsorção óssea → propenso a abcessos.
O desenvolvimento de biofilme pode causar inflamação dos tecidos peri-implantares
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Conclusões
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
2. Expectativas
• Devemos avaliar as expectativas do paciente e considerá-las no plano de
tratamento, uma vez que bons resultados dependem do equilíbrio entre o que é
esperado pelo paciente, pela avaliação objetiva da doença e os resultados
previstos após a realização do tratamento;
• O paciente deve ser informado caso as suas expectativas não sejam realistas. Isto
porque nem sempre se consegue voltar ao ideal.
5. Hábitos de HO
O conhecimento dos hábitos do paciente permite a sua instrução para que melhore
a sua higiene oral.
• Frequência da escovagem dentária, técnica utilizada, tipo de escova e dentífricos
utilizados;
• Conhecimento de métodos de higienização interdentária (ex: fio dentário).
6. História tabágica
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• Osso alveolar
A sua altura, bem como o contorno da crista óssea avaliam-se graças a radiografias
(devendo estas ser obtidas pelo método paralelométrico). A observação radiográfica
permite:
▪ Determinação da perda óssea interproximal;
▪ Determinação dos padrões vertical e horizontal de perda óssea;
▪ Ver se o nível ósseo é paralelo à linha que une 2 JAC (e dista mais de 1,5mm
destas), se for, temos perda horizontal.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
• História Médica
Esta deve ser preenchida após o questionário do aluno ao paciente, tem de ser
assinada por este último e não deve ser preenchida pelo próprio paciente nem copiada
das histórias de outras clínicas presentes na ficha do paciente.
Caso o paciente se recuse a assinar o documento em questão não é tratado.
Devemos ter atenção a pacientes:
o Hipertensos – medir a tensão arterial em todas as consultas;
o Que estejam a tomar antiplaquetários/anti-agregantes – saber valor de INR;
o Oncológicos (quimio e radioterapia);
o Diabéticos – medir os valores de glicémia e hemoglobina glicosilada;
o Imunocomprometidos – com HIV, devemos pedir a contagem de CD4+;
o Transplantados.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
• Periodontograma
O registo dos valores de sondagem faz-se a azul ou preto se forem inferiores ou
iguais a 3mm e a vermelho se forem iguais ou superiores a 4mm.
O registo da margem gengival deve sempre fazer-se a azul ou preto. Caso esta
coincida com a UAC, não se regista.
O diagnóstico compreende a patologia periodontal, severidade e extensão.
A escala do prognóstico tem os seguintes níveis:
o Bom – dente sem patologia, ou com patologia ligeira;
o Favorável – dente com patologia facilmente controlável com terapia;
o Questionável – dente cuja resolução da patologia não é certa, mesmo com
terapia;
o Mau – dente com indicação para extração.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
• Anestesia
Pode ser infiltrativa ou troncular, consoante a situação. A troncular dá-se sempre com
vasoconstritor.
• Reavaliação
Deve ser feita 6 a 8 semanas após o fim da fase ativa e deve incluir o registo do IPP
(com revelador de placa), periodontograma e IPH.
Permite ajustar o plano de tratamento inicialmente proposto.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Atenção: não usar o termo curetagem!! Neste termo, a parede da bolsa é cortada, nós
apenas queremos remover a PB ao paciente, sem causar mais danos a nível das
mucosas….
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Alisamento Radicular
Eliminar cemento contaminado e criar superfícies lisas. É realizado onde existe fator
causal, através de curetas. É uma técnica que exige aprendizagem. Não se deve
eliminar cemento em excesso, pois causa mais sensibilidade e as endotoxinas das
bactérias colonizadoras estão-lhe fracamente aderidas.
Realizados em sessões (por sextante, maxilar, lados) ou full mouth. Depende do nº
de localizações afetadas, mas é mais cómodo e menos cansativo para ambos (clínico e
paciente) se houver muitas localizações a tratar e forem tratadas em várias consultas.
Os instrumentos utilizados podem ser manuais (curetas, foices, enxadas) ou
ultrassónicos. Geralmente, num alisamento radicular, ambas as categorias de
instrumentos são utilizados.
• Curetas
o Exigem maior destreza e tempo para a obtenção de resultados satisfatórios.
Fulcro estável, com os outros 3 dedos em triângulo e movimento apropriado:
devem ser feitos movimentos horizontais, verticais e oblíquos.
o Angulações superiores a 45º, mas inferiores a 90º (ideal: entre 60º e 80º). Isto
influencia a posição do bordo cortante.
o Maior sensibilidade tátil, pois não vibra. Vai-se sentindo onde está liso.
o Há sempre remoção incompleta do cálculo, apesar do tempo despendido. No
entanto, é mais importante remover a PB não calcificada do que o cálculo.
o Obtenção de superfícies mais lisas nas zonas cervicais e na linha de ângulo.
Os locais de difícil acesso dependem do operador, mas geralmente os
ultrassons são melhores nestas zonas.
o As curetas são mais eficazes no que toca às endotoxinas, pois estas estão
fracamente aderidas, como já foi referido.
o Constituídas por:
▪ Parte ativa: universais (2 bordos cortantes, adaptam-se a qualquer
superfície dentária) ou de Gracey (1 bordo cortante, específicas para os
locais: pares entre 1 e 20, a numeração aumenta no sentido posterior).
▪ Haste: nas anteriores, no mesmo plano que a parte ativa, nas posteriores,
encontra-se num plano diferente, de modo a dar a angulação correta para
chegar as partes mais posteriores.
▪ Cabo.
o Adversidades:
▪ Anatomia radicular
▪ Furcas
▪ Profundidade de sondagem
o Influências:
▪ Capacidade do operador
▪ Tempo
▪ Afiação
• Foices
o Têm 2 bordos cortantes na ponta ativa.
o Melhor acesso em interproximal.
o Podem ser retas (dentes anteriores e PM de fácil acesso) ou curvas
(interproximal de dentes posteriores).
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
• Enxadas
o 1 bordo cortante na parte ativa, fazendo angulo anterior aberto com a parte
não-ativa. Usadas quando há muito calculo subgengival. Já não se usam muito.
• Ultrassónicos
o Apresentam ponta vibratória com solução (água ou outra), que arrefece a ponta
e vai lavando.
o Ocorre cavitação, ou seja, uma vibração que é feita através de uma solução,
que rompe a parede celular bacteriana, causando morte bacteriana, aliado à
remoção mecânica.
o Podem ser:
▪ Magnetorestritivos: a sua ação é relacionada com alterações no campo
magnético, com frequência de rotação de 18000-45000. São constituídos
por uma ponta reta, ovoide ou arredondada
▪ Piezoelétricos: provoca alterações dimensionais dos cristais quando
eletricidade passa por eles, tendo uma frequência de 25000-50000. As
pontas são de menores dimensões, por serem mais recentes, pelo que se
usam estas ou sónicas (mais fáceis de colocar na turbina). Fazem-se
movimentos mais lineares (só destrói cálculo em 3 superfícies, o que resulta
em menos calor).
o Vantagens:
▪ Tamanho/forma das pontas
▪ Eficácia numa posição estática
▪ Eficaz em todos os tecidos
▪ Furcas de grau 2 e 3
▪ Forças ligeiras
▪ Redução tempo
▪ Dispensa afiações
▪ Menor cansaço
o Desvantagens
▪ Menor sentido tátil
▪ Requer evacuação da solução irrigada
▪ Nem todas as peças de mão são irrigáveis
▪ Contraindicado em pace-makers
▪ Pouco prático de transportar
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Importante reter:
Importância do controlo da placa bacteriana pelo doente
Importância do controlo da placa bacteriana pelo clínico
Instrumentos: manuais/ultrassónicos. O que fazem? Mecanismos de ação?
Vantagens?
Curetas: constituição; universais/Gracey
Objetivo do alisamento radicular
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Tudo o que se faz na fase ativa tem de ser controlado por tratamento de suporte, tem
de ser mantido, por controlo da HO.
Cirurgia periodontal: Qualquer procedimento cirúrgico com o objectivo de tratar a
doença periodontal ou modificar a morfologia do periodonto.
Objectivos:
• Bolsas com hemorragia após sondagem e/ou supuração
• Destartarização ou alisamento radicular das superfícies expostas (AR a céu
aberto)
• Criar anatomia que favoreça os procedimento de HO pelo paciente e pelo clínico
para uma manutenção do tratamento a longa prazo mais eficaz.
Após o alisamento radicular:
• Redução da inflamação. Maior facilidade em avaliar o contorno gengival
• Tecidos mais firmes que facilitam a sua manipulação cirúrgica e diminui a
hemorragia
• Maior controlo sobre a capacidade de HO do paciente
! Mesmo que saibamos que vai ser necessário fazer cirurgia de acesso, 1º fazemos
AR, pois diminui a inflamação!
Gengivectomia
• Bisel interno (lâmina entra em direcção ao longo eixo do dente de coronal para
apical)
• Bisel externo (de apical para coronal, retira um pouco de superfície). Faz sentido
quando a superfície está irregular
Cirurgia de Retalho
• Bisel interno
• Elevação de retalho mucoperiosteo
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Indicações
Gengivectomia
“excisão de tecido mole de uma bolsa patológica”
1746 – Importância da remoção de depósitos mesmo que se sacrifique a gengiva.
1862 – Incisões verticais (lineares de bisel externo) para remover os depósitos das
raízes
1918 – Incisão festoneada (mais estética) por Zentier
Indicações:
• Eliminação de bolsas supra-alveolares
• Criar contorno anatómico favorável
• Cirurgia mucogengival
Quando o tecido é irregular, “amora”, por vezes é melhor fazer bísel externo, assim, o
contorno fica favorável.
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
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Contra-indicações:
• Bolsas para além da linha mucogengival
• Lesões periodontais com defeitos infraósseos (pois tem tecido sobre a raiz e tem
de se fazer retalho para se poder ver o osso)
Acontece muitas vezes em casos de tratamento ortodônticos em que há mais
facilidade de acumulação de PB e mais gengivite, a gengiva fica fibrosada e irregular,
recorrer-se a gengivectomia.
Cirurgia de Retalho
Retalho de Widman (1918)
1. Duas incesões verticais de descarga que limitam os dentes que iram ser tratados
(zona intervencionada)
2. Incisão sulcular ao longo da margem gengival que iria conectar as duas incisões
de descarga
3. O colar de tecido que se encontra inflamado é removido após a remoção do retalho
4. Recontorno ósseo, (re)estabelecendo uma fisiologia óssea favorável
5. Reposicionamento dos retalhos ao nível da crista óssea alveolar
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Vantagens:
• Profundidade da bolsa pós-operatória mínima
• Reposição adequada do retalho, sem exposição do osso o que minimiza a
reabsorção óssea pós-operatória (não há reabsorção por 2ª intenção, pois osso
não fica exposto)
• Bom controlo da posição da margem gengival, todo o complexo dento-gengival
é mantido e descolado apicalmente
1. Incisão inicial 0,5 a 1mm da margem gengival e paralela ao longo eixo do dente
(ind. da profundidade da bolsa)
2. Após elevação do retalho, é realizada uma incisão intraculcular para separar o
colar de tecido da superfície radicular
3. É feita uma 3ª incisão perpendicular à superfície radicular para retirar a gengiva
4. Sutura praticamente na mesma posição
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Cirurgia Óssea
“A destruição de osso como consequência da periodontite”
O contorno da gengiva depende de:
1. Contorno ósseo
2. Proximidade radicular
3. Anatomia das superfícies
1918 a 1931 – Osso necrosado/infetado (achava-se que o osso estava doente)
1935 – Osso não necrosado (menos quantidade de osso mas o osso é normal)
1949, Schugler – Contorno gengival depende do contorno do osso subjacente
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Resultados
“A systematic review of the effect of surgical debridement versus non-surgical
debridement for the treatment of chronic periodontitis” – Heitz Mayfield
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• Redução da radiotransparência
• Preenchimento do osso
→ Imagem compatível com regeneração periodontal
Cirurgia de reentrada (de acesso)
• Preenchimento do defeito
• Redução do componente infra-ósseo do defeito
• Eticamente questionável
Apesar da ocorrência de regeneração óssea adjacente à raiz há situações de defeito
infra-ósseo, não havia formação de novo cimento de LP, existindo apenas um epitélio
juncional longo entre a raiz e a superfície do osso.
Resultados histológicos
Único método que permite verdadeiramente determinar se ocorreu de facto
regeneração periodontal. É feito em humanos em casos que se realiza tratamento
periodontal antes da extracção de pré molares em caso de tratamento ortodôntico.
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Conceitos biológicos
1. Regeneração Tecidular Guiada
Teoria da compartimentalização – O tipo tecidular que se forma está dependente do
tipo celular que preenche o local cirúrgico.
É guiada por uma barreira física, ou seja, neste caso uma membrana, que atua como
barreira permitindo a exclusão tecidular.
As células presentes no periodonto são:
• Células epiteliais – Epitélio longo de união sem capacidade de fazer npva inserção
conjutiva
• Células de tecido conjuntivo – Se chegarem a uma superfície radicular desprovida
de cimento pode haver reabsorção radicular. Pode haver anquilose. As
amelogeninas potenciam a formação de cimento.
• Células do osso – Pide existis reabsorção radicular e anquilose
• Células do Ligamento periodontal – Células pluripotenciais com capacidade de
regenerar os tecidos periodontais estão na zona do ligamento periodontal.
2. Proteínas derivadas da Matriz de Esmalte
O objectivo é mimetizar a cimentogenese. Não é utilizada nenhuma barreira logo não
é guiada.
Pressupõe a utilização de proteínas derivadas da matriz de esmalte (amelogeninas)
que promovem a regeneração periodontal para mimetizarem o desenvolvimento do
tecido periodontal.
3. Condicionamento da superfície radicular
Periodontite
Tecnicamente faz sentido mas na pratica não faz muita diferença. O que se faz na
terapia é suficiente porque o mais importante é eliminar o tártaro e desorganizar o
biofilme.
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4. Enxerto ósseo
Vai ocupar o espaço ocupado pelo osso, no entanto não garante a criação de
cimento, osso e LP, pode não haver regeneração.
o Xenoenxerto – De espécies diferentes
o Aloenxerto – Da mesma espécie das de indivíduos diferentes
o Materiais aloplásticos – sintéticos
o Osteogénicos – Células formadoras de osso (autologo)
o Osteocondutor – serve de matriz para a formação de novo osso (todos)
o Osteoindutor – contem substâncias que induzem a formação de novo osso.
Materiais osteocondutores mas que têm proteínas que induzem a formação óssea,
como as BMP.
5. Fatores de crescimento
b) Lesões de furca
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
NIC
c) Resultados histológicos
Demonstra a formação de novo cimento, LP e osso alveolar após RTG.
b) Lesões de furca
Em grau II mandibular com perda óssea interproximal mínima
c) Resultados histológicos
Demonstra a formação de novo cimento, LP e osso alveolar.
• Ácido cítrico
• HCl tetraciclina (ácido com antibiótico)
• EDTA (básico usado com amelogenina)
Efeitos adversos:
o Reabsorção radicular Por ficar sem cimento,
o Anquilose em AR excessivo
o Citotoxicidade
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4. Enxertos ósseos
• Autoenxerto
o 50% do defeito preenchido
o Melhores resultados que cirurgia de retalho
o Formação de osso alveolar
o Pouca ou nenhuma previsibilidade na regeneração periodontal
• Xenoenxerto: sem estudos
5. Fatores de crescimento
Conclusões
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Determinação do risco
Com base em observações feitas na fase higiénica, fase de tratamento corretivo,
após a perio estar tratada e na fase de suporte. Mesmo que a periodontite seja tratada,
há sempre o risco de recidiva da doença ao longo da vida.
Avaliação do risco realizada com base em 3 fatores:
• Paciente
• Dente
• Localização
1. Nível do Paciente
a. Compliance - Pacientes periodontalmente tratados que cooperam e
comparecem nas consultas de TPS têm um melhor prognóstico que aqueles
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
2. Nível do Dente
a. Posição: anterior/posterior; Diastemas; Apinhamento. Podem influenciar a acumulação de PB
em pacientes com HO irregular e a malposição dentária pode levar a ↑ risco perda inserção.
b. Envolvimento de furca: risco de perda de inserção
c. Fatores iatrogénicos: ex: restaurações mal adaptadas
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Halitose
Definição
A halitose caracteriza-se por: odor desagradável proveniente do hálito.
Repercussões no dia-a-dia:
• Insegurança
• ↓ Qualidade de vida
• Stress emocional
• Baixa autoestima
• Ansiedade
• Desconfiança
Classificação
Halitose Genuína
• Odor desagradável proveniente do hálito com intensidade variável, capaz de ser
identificado.
• Forma crónica:10-30% da população.
• Halitose Fisiológica
• Halitose Patológica
o Específicas
o Extra-oral
o Intra-oral
Pseudo Halitose
• Não apresentam realmente halitose, mas acreditam que a têm. Têm receio de ter.
• Devem ser aconselhados
• Explicação de resultados (que não têm mesmo a doença)
• Esperar que sejam receptivos ao aconselhamento
Halitofobia
• Halitose imaginária. Sentem e acreditam que têm.
• 40 a 80%
• Causas
o Experiências
o Familiar
o Anúncios
• Consequências
o Evitar situações sociais
o Escovar dentes frequentemente
o “Falar para os lados”
• Sintoma do Síndrome de Referência Olfactiva
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Etiologia
Halitose Fisiológica
Halitose Matinal
• Afeta mais ½ da população adulta
• Quando acordam
• Desaparece após comerem, beberem, lavarem os dentes, falarem…
Halitose provocada pela fome
• Omissão de refeições
• Período antes da refeição
• Etiologia: metabolização de gorduras e proteínas, cujos produtos metabólicos são
voláteis e, assim, passam na respiração e dão cheiro.
Halitose provocada por alterações hormonais
• Ovulação, menstruação, menopausa e gravidez
• Trimetilamina
• Bactérias, células epiteliais descamadas
Halitose Patológica
Causas Específicas
• Tabaco
• Bebidas alcoólicas
• Alimentação
• Medicação
o Ciclosporinas
o Anti-reumáticos
o Anti-hipertensivos
o Antipsicóticos
o Antidepressivos
o Anticolinérgicos
o Analgésicos
o Antimicrobianos
Causas Extra-orais
Halitose não proveniente do sangue Halitose proveniente do sangue
Sinusite
Carcinoma
Sistema Cirrose
Obstrução nasal Fígado
Respiratório hepática
Aspiração de corpos
estranhos
Refluxo gastroesofágico
Sistema Diverticulose de Zenker Doenças Diabetes
gastrointestinal Gastrite Metabólicas Trimetilaminuria
(Controvérsia)
Sistema Tumores CVS
Amigdalites
Linfático Sistema Urinário Insuficiência renal
Causas Intra-orais
• Cáries dentárias
• Glossíte
• Próteses Removíveis
• Xerostomia
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
• Impactação interdentária
• Restaurações desadaptadas
• Cancro Oral
• Candidíase
• Periodontite
o T. denticola, P. gengivalis, B. forsythus
o Bolsas periodontais e dorso da língua
o Células descamadas
o Hemorragia
Local preferencial de acumulação de microrganismos: região posterior do dorso da
língua – devemos de alertar os pacientes para fazer escovagem nesta área.
• Superfície exposta à cavidade oral
• Anatomia irregular e fissurada
• Revestimento amarelo-acastanhado
Microrganismos
• Interacções complexas
• Bactérias Gram negativas
o Porphyromonas gingivalis
o Aggregatibacter actinomycetemcomitans
o Tannerella forsyhtia
o Treponema denticola
o Solobacterium moorei
o Bacteroides melaninogenicus
o Porphyromonas endodontalis
o Atopobium parvulum
• Novos métodos
Compostos
• Compostos sulfurados voláteis
o Sulfeto de hidrogénio
o Metilmercaptano
o Dimetilsulfeto
• Mecanismo
Péptidos Bactérias Cisteína Bactérias Sulfeto de hidrogénio
Proteínas Metionina Metilmercaptano
• Outros compostos
o Ácidos gordos de cadeia curta
o Ácidos orgânicos
o Amónia
o Indol
o Cadaverina
o Putrescina
Saber todos estes mecanismos bacterianos é importante no diagnóstico, e também
falar com o paciente sobre outras patologias que possam ter, por forma a encaminhar
para outra especialidade, se for preocupante. “Na cavidade oral, existem bactérias, que
degradam coisas que precisam para se manterem vivas e essas coisas vão libertar uns
gases que têm cheiro. Há formas de evitar isso: HO, escovar a língua e evitar as
patologias. Isto serve de motivação nos pacientes de perio, pois há muitos pacientes
que têm halitose quando a periodontite está numa fase muito aguda, têm um cheiro
muito característico. Por vezes é mais fácil convencer os pacientes a escovar os dentes
com estas questões sociais negativas.”
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Diagnóstico
Pelo paciente – Auto perceção da halitose
• Lamber o pulso com a língua; esperar 5seg; verificar o odor à distância de 3cm.
• Colocar as mãos à frente da boca e do nariz; expirar pela boca; cheirar o hálito.
• Fio dentário; cheirar à distância de 3cm. (há pacientes que quando estão a passar
o fio se apercebem que há zonas que têm mais odor que outras)
• Raspar a parte dorsal posterior da língua; cheirar ao fim de 5seg a 3cm.
Na clínica
• História Clínica
• Exame intra-oral
• Medição da halitose
o Teste organolético
▪ Método de excelência na medição da halitose
▪ Subjetivo
▪ Capacidade olfativa
o Monitor de sulfetos
▪ Apenas regista os compostos sulfurados voláteis.
o Cromatografia gasosa
▪ Medição quantitativa e qualitativa de cada composto.
▪ Também se usa para medir a eficácia respiratória (mede O2, CO2...).
Diagnóstico Diferencial
Causas Intra-Orais Causas Extra-Orais
Mau odor no ar expirado pela boca e
Mau odor apenas no ar expirado pela boca
nariz ou apenas nariz
Falar -
Higiene Oral -
1 semana de bochechos com antimicrobiano -
Sulfeto de Hidrogénio Metilmercaptano Dimetilsulfeto
Tratamento
Métodos Mecânicos
• Escovagem dentária
• Utilização do fio dentário
• Escovagem da língua
o Escovas normais
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o Gaze dobrada
o Raspadores
• Higienização de próteses dentárias (próteses antigas – acrílico poroso)
• Pastilhas elásticas – estimulam secreção salivar
• Beber frequentemente água
• Estimulantes ou substitutos salivares
• Dieta equilibrada, que não seja demasiado restritiva de qualquer grupo alimentar.
Métodos Químicos
• Elixires
o Clorohexidina
▪ Melhores resultados
▪ Efeitos secundários
o Cloreto de Cetilpiridina
▪ ↓ Efeitos secundários
o Óleos Essenciais
▪ Efeito aromático de camuflagem
o Zinco
▪ Não tóxico
▪ S/ coloração dentária
o Fluoreto de amina
o Fluoreto estanhoso
o Peróxido de hidrogénio
o Dióxido de cloro
o Triclosan
• Combinações de Elixires
o 0,05% CHX, 0,05% cloreto de cetilpiridina. 0,12% de lactato de zinco
• Outras formas de apresentação
o Rebuçados
▪ Rebuçado com propriedades oxidantes
o Pastas dentífricas
▪ Bicarbonato de sódio, Triclosan, Fluoreto de sódio, Óleos essenciais, H2O2
o Pastilhas elásticas
▪ Fluoretos, Clorohexidina, extractos de chá
o Novos produtos
▪ Extractos de lavanda, equinácia, salva, chá verde
o Antibióticos (quando existe infeção)
▪ Metronidazol 200mg 3x/dia - 1 semana
Conclusão
A halitose atinge uma grande parte da população mundial.
A principal origem da halitose é a cavidade oral, mas não é a única.
Tem modos de atuação específicos.
A maioria dos profissionais de saúde oral não está suficientemente
consciencializada.
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
Definição
Hipersensibilidade dentinária é “dor aguda com origem na resposta da dentina
exposta aos estímulos (tipicamente térmicos, evaporativos, táteis, osmóticos ou
clínicos), que não pode ser atribuído a qualquer outro efeito ou doenças dentárias.” Não
é problema endodôntico, não é cárie, não é trauma oclusal.
Sensibilidade radicular está relacionada com HD, resultante da recessão gengival na
doença periodontal e após tratamento periodontal. Tem que ver com algo que está
exposto que não é suposto.
Este grupo de pacientes poderá apresentar microrganismos invadindo túbulos
dentinários radiculares de dentes periodontalmente comprometidos, com dor
geralmente interproximal coincidente com a recessão nessas áreas. Quando gengiva
começa a desaparecer entre os dentes, é mais frequente que haja HD.
Apesar de etiologia diferente, resulta em sintomas semelhantes e dolorosos.
Distinguir HD de outras situações direcionadas ao dente.
Teorias da Hipersensibilidade
1. Estimulação Direta Fibras Nervosas
• A HD é causada pela estimulação direta das terminações nervosas situadas na
porção superficial, externa dos túbulos dentinários. Tendo em conta que as
terminações nervosas não estão apenas na polpa, mas ramificam, se houver
estímulo direto nessas ramificações nervosas, haveria desconforto.
No entanto, estes axónios não são encontrados em todos os túbulos e, quando
estão presentes, estão restritos à sua porção inicial/junto da polpa, não
alcançando mais do que 1/3 da extensão dos túbulos.
A grande sensibilidade dolorosa na dentina superficial não seria, portanto,
compatível com essa teoria.
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Prevalência
• Prevalência de HD varia entre 4 e 57%, ou seja, cerca de metade da população
tem alguma localização com HD.
• Em pacientes periodontais, > prevalência: entre 60 e 98%, dependendo do estudo,
mas também da severidade da doença do paciente (mais severa, mais migração
apical, mais riscos de HD)
• Pode afetar qualquer paciente em qualquer idade.
Maioritariamente em pacientes entre 20 e 50 anos, com um pico entre 30 e 40
anos de idade, pois ainda não houve tempo para que se formasse dentina
reacional terciária, que protege de agressões externas.
• Mais de 90% das superfícies hipersensíveis estão na margem cervical no lado
vestibular dos dentes – consistente com trauma de escovagem.
• Mulheres + afetadas numa idade mais jovem (porque têm uma melhor HO desde
mais cedo que os homens).
• Distribuição: em zonas de maior recessão gengival, ambas mais comuns do lado
esquerdo das arcadas (pacientes são maioritariamente destros e escovam com >
eficácia/força as faces vestibulares contralaterais (esquerdas) do que direitas) e
são inversamente proporcionais ao índice de placa (menor índice de placa, maior
HD).
Etiologia
Erosão
• Expõe dentina e pode iniciar a lesão – principal fator etiológico HD:
o Ácidos exógenos provenientes da alimentação (frutos, sumos, vinhos), podem
desmineralizar o dente: remover a smear layer e abrir os túbulos dentinários.
o Ácidos endógenos resultantes de refluxo gástrico ou regurgitação podem
também levar a HD, nestes casos, para além de desgaste vestibular, também
há desgaste lingual/palatino muito evidente, até, por vezes, na porção oclusal.
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Abrasão
• Causada por fator externo – escovagem (2º fator agravante, 1º doença periodontal).
• Pode agir em sinergia com erosão, levando à abertura dos túbulos dentinários,
evolução muito mais rápida.
Recessão gengival
• Quer por doença, quer por trauma.
• Provavelmente responsável pela maior exposição da dentina na margem gengival,
mas o processo é fracamente compreendido.
Vários fatores etiológicos: trauma escovagem, erosão, periodontite, tratamentos
dentários, periodontais e restauradores e branqueamento dentário.
Desenvolvimento Lesão
• Localização da lesão
o Avaliação do local da lesão, nem sempre pacientes conseguem perceber ao
certo onde dói.
o Exposição da dentina, quer por perda de esmalte, ou por recessão gengival.
• Iniciação da lesão
o Nem toda a dentina exposta é sensível, a lesão tem de ser iniciada. Nem todas
as recessões resultam em HD, algo extra está a ser a causa desta:
▪ Remoção de cemento radicular, smear layer/ smear plugs abre as
extremidades externas dos túbulos dentinários.
o Abrasão, erosão e abfração e os seus co-efeitos podem estar envolvidos neste
passo, mas erosão ácida parece ser fator predominante.
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Diagnóstico
Análise cuidadosa de possíveis causas e fatores predisponentes. Condição
multifatorial: pode existir mais que um fator dos acima referidos, o que pode ter um efeito
aditivo.
Exclusão de outras causas possíveis de dor dentária transitória: exposição do
complexo dentina-polpa ao meio oral: fissuras, fraturas, cáries, restaurações
defeituosas…
Quantificação grau inicial de sensibilidade
• Quantificação da dor – escala descritiva (dor ligeira, moderada, severa) ou
quantificar de 0 a 10 (0 ausência total e 10 máximo de dor imaginável).
• Antes do tratamento: dados iniciais com os quais futuras alterações podem ser
comparadas.
• Serve para avaliar a eficácia dos tratamentos usados.
Tratamentos Disponíveis
1. Eliminação ou modificação de fatores predisponentes:
a. Ácidos exógenos provenientes da alimentação (frutos, sumos e vinhos) podem
remover a smear layer e abrir túbulos dentinários → aconselhamento dietético.
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
• Géis Dessensibilizantes
o Utilizado se HD for localizada,
o Nitrato de potássio, fluoreto de sódio, etc.
▪ KIN dentes sensíveis, SensiLACER – nitrato de potássio (5%)
▪ Bexident – nitrato de potássio, flúor, triclosan, dexpantenol, alantoína e
glicirrizato de potássio
• Sprays Dessensibilizantes (Já não se usam)
o Nitrato de potássio, fluoreto de sódio, etc
▪ SENSIKIN – nitrato de potássio (10%)
▪ Bexident dentes sensíveis – Nitrato de potássio (10%)
• Uso combinado para melhor eficácia
Reavaliação – 2-4 semanas
• Determinar eficácia do tratamento dessensibilizante de 1º nível.
• Se o tratamento falhou na diminuição da HD:
o Início do próximo nível de tratamento – tto consultório, onde pode ser utilizada
uma maior variedade de tratamentos dessensibilizantes mais complexos e
potentes.
Tratamentos efetuados em consultório – Tratamentos de 2ª linha
• Agentes dessensibilizantes tópicos
o Fluoretos
▪ Geralmente aplica-se após os tratamentos periodontais.
▪ Fluoreto de sódio e fluoreto de estanho ↓ permeabilidade dentina in vitro,
possivelmente por precipitação de fluoreto de cálcio insolúvel dentro dos
túbulos
▪ Exemplo: Duraphat (Colgate-Palmolive), Copal varnish (Henry Schein),
Nupro Gel
o Nitrato de Potássio
▪ Aplicação tópica de solução aquosa ou gel
▪ Não diminui a permeabilidade da dentina in vitro, mas ↓ excitabilidade em
modelos animais.
o Fosfatos de Cálcio
▪ ↓ sensibilidade dentinária
▪ Ocluem túbulos dentinários e reduzem a permeabilidade dentinária in vitro.
o Oxalato
▪ Oxalato de potássio (30%), ↓ permeabilidade dentinária
▪ Exemplo: Oxa-Gel
• Adesivos e resinas
o Agentes dessensibilizante tópicos não aderem à superfície da dentina →
efeitos temporários, por isso, em casa deve continuar-se com 1ª linha defesa.
o Agentes mais resistentes e com > capacidade de adesão → dessensibilização
mais duradoura.
o Constituem uma “barreira” para proteger a superfície de dentina hipersensível.
o Gluma
▪ 5% gluteraldeído, 35% HEMA (hidroxietil metacrilato)
▪ Precipitação de proteínas plasmáticas → ↓ permeabilidade dentinária e
oclusão dos túbulos periféricos → inibição do fluxo de fluido através dos
túbulos.
• Outros procedimentos
o Iontophoresis
▪ Usa eletricidade para aumentar a difusão de iões dentro dos tecidos
▪ Usado em conjunto com pastas de fluoretos ou soluções, com maior
penetração do que uma aplicação tópica, tendo sido sugerido possuir o
potencial de induzir dentina reparadora e reduzir a HD.
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Resultados
• Resultados clínicos efetivos inconsistentes.
• É muito difícil obter uma superfície completamente seca durante a aplicação no
consultório → libertação contínua de fluido gengivo-crevicular → aplicação
ineficiente do produto, baixa adesão e inativação.
• A maioria dos agentes é dissolvida ao longo do tempo → bloqueio temporário.
Logo, a continuidade e persistência são a chave para a resolução de HD.
• Aplicações tópicas não atuam no mecanismo da dor associada com a
sensibilização nociceptiva periférica ou central.
• Revisão de ensaios clínicos utilizando diferentes agentes dessensibilizantes com
diferentes formulações revelou resultados inconsistentes. Estudos controlados
demonstram efeito placebo significativo.
• Difícil ter estudos claros sobre qual o método mais eficaz:
o Difícil de estudar in vitro
o ↑ Efeito placebo
o Pode ↓ naturalmente com o tempo
o Fortemente relacionado com personalidade e estados emocionais do paciente.
Guidelines
1. Anamnese, Exame Clínico e Diagnóstico
2. Eliminação de Fatores Predisponentes + Tratamento de 1ª linha (pasta, gel ou
colutório)
3. Tratamento de 2ª linha (agente tópico) + Tratamento de 1ª linha + Prevenção
4. Tratamento de 2ª linha (desvitalização) ou Tratamento cirúrgico + Prevenção
Conclusões
A HD é diagnosticada após a eliminação de outras possíveis origens de dor e devem
ser sempre considerados fatores etiológicos predisponentes.
Condição desconfortável e de difícil tratamento com resultados variáveis.
Tratamento ativo envolve geralmente combinação de terapias em casa e no
consultório.
Terapia adotada depende da severidade da condição e do número de dentes
envolvidos.
Tratamento inicial: métodos domiciliários – pasta de dentes sensíveis; métodos mais
simples e custo-efetivo.
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Relação Perio-Ortodontia
Introdução
Objetivos do tratamento periodontal
• Restaurar e manter a saúde e integridade dos tecidos periodontais
• Recuperar a função e estética perdidas
Objetivos do tratamento ortodôntico
• Proporcionar uma oclusão funcional e estética aceitável com movimentos
dentários adequados.
• Esses movimentos estão fortemente relacionados com as interações entre os
dentes e os tecidos periodontais de suporte.
Relação Perio-Ortodontia
• complexa
• bidirecional
o Por um lado, um correto alinhamento dentário facilita a realização de uma
higiene oral adequada.
o Por outro lado, o tratamento ortodôntico pode ter efeitos nocivos sobre o
periodonto.
• Zona de compressão
o Estreitamento do LP
o Reabsorção osso alveolar
• Zona de tensão
o Aposição óssea
Movimento dentário gerado ortodonticamente
→ Ocorre como resultado direto da remodelação tecidular em redor da raiz dentária,
e que é induzida pela força.
Em condições normais, as forças resultantes da mastigação e fonética não resultam
em qualquer movimento dentário, uma vez que os dentes estão posicionados numa
zona designada neutra.
Zona neutra: zona de equilíbrio entre as forças da língua, que empurram os dentes
para fora, e as forças dos lábios e bochechas, que empurram os dentes para dentro.
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Este equilíbrio também é mantido por uma estabilização ativa, mediada pela
atividade metabólica do LP.
Para superar este equilíbrio e haver movimento dentário, é necessária uma força
mínima de 5 a 10 g/cm2.
Magnitude das forças
→ A alteração dos níveis de força está sempre associada a uma reação tecidular.
Forças pesadas:
• Compressão excessiva do LP
• Isquémia local e degeneração do LP (hialinização)
• Resultam em:
o Atraso no movimento dentário
o Dor e hiperemia gengival
Forças moderadas:
• Estrangulamento do LP
• Resulta em:
o Atraso na reabsorção óssea
Forças leves:
• Isquemia parcial do LP
• Reabsorção e aposição óssea em simultâneo
• Resulta em:
o Movimento dentário contínuo
Classificação do movimento dentário ortodôntico
Orto-Perio
Influência das forças ortodônticas no periodonto
Quando os dentes são movidos ortodonticamente, todo o aparelho de inserção
periodontal se move com o dente.
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• Verticalização de molares
o Mostrou ter efeitos benéficos no periodonto
o Acompanhada de alterações morfológicas previsíveis na crista óssea (mesmo
que o nível de inserção conjuntiva permaneça inalterado)
• Erupção forçada
o Movimento ortodôntico em direção coronal, mediante a aplicação de forças
ortodônticas suaves e contínuas que provocam alterações nos tecidos moles e
no osso.
o Na ausência de inflamação, a erupção forçada pode avançar cerca de 1 mm
em 1 ou 2 semanas.
o Indicações:
▪ Eliminação de bolsas periodontais e correção de defeitos ósseos angulares
▪ Restauração de dentes com fraturas, cáries ou reabsorções radiculares que
invadam o espaço biológico
▪ Nivelamento de margens gengivais e correção de recessões gengivais
localizadas
• Intrusão ortodôntica após tratamento periodontal
o Pode levar à ocorrência de reabsorção radicular.
o Melhoria das condições periodontais, desde que se mantenham bons níveis de
HO e exista saúde periodontal, com forças controladas.
• Proximidade radicular
o Fator que piora o prognóstico periodontal
o Afastamento ortodôntico dos dentes com formação de osso entre as raízes
▪ Proporciona suporte ósseo adicional
▪ Melhora o acesso para a HO interproximal
Efeitos secundários do tratamento ortodôntico no periodonto
• Efeitos a curto-prazo
o Gengivite
o Aumento de volume gengival
▪ Melhora rapidamente dentro de 48h após a remoção do aparelho
▪ Principal causa do aumento de PS durante o tratamento ortodôntico
(pseudo-bolsas)
▪ Pode estar também associado à irritação mecânica causada pelas bandas
ou cimento
• Efeitos a longo-prazo
o Pacientes sem DP e com bom controlo de placa → efeitos não significativos
o Pacientes com periodontite ativa (não-tratada) → acelera o processo de doença
Ortodontia em doentes periodontais
Nos últimos anos, o número de pacientes adultos que procuram tratamento
ortodôntico tem vindo a aumentar, o que obriga os ortodontistas a lidar com pacientes
com problemas periodontais.
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o Oclusão traumática
Essas mudanças na posição dos dentes podem ser o resultado da falta de equilíbrio
entre o suporte periodontal e as forças que atuam sobre os dentes, comprometendo a
estética e função da dentição.
O tratamento ortodôntico pode ser útil nestes casos.
Combinação adequada do tratamento ortodôntico e periodontal → sucesso a longo-
prazo.
Resultados melhores são obtidos quando os movimentos ortodônticos são realizados
com forças leves.
DP controlada e bom controlo de placa → não ocorrem lesões nos tecidos de suporte.
DP controlada e sem bom controlo de placa ou DP não-controlada → maior risco de
colapso periodontal.
Forças ortodônticas
Perio-orto
Fibrotomia circunferencial supracrestal
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• Frenectomia
o Remoção completa do freio, incluindo a sua inserção no osso subjacente.
• Frenotomia
o Incisão e reposicionamento apical da inserção do freio.
• Foi relatado um possível contributo do freio labial superior:
o na etiologia do diastema mediano persistente
o na reabertura de diastemas após encerramento ortodôntico
Considerações muco-gengivais
• A posição de erupção dos dentes, no que se refere à relação da sua posição com
a dimensão vestíbulo-lingual do processo alveolar influencia a quantidade de
gengiva que vai ser estabelecida em redor dos dentes.
• No passado, pensava-se que um mínimo de 2 mm de gengiva, correspondendo a
1 mm de gengiva aderida, seria necessário para a manutenção da saúde gengival.
• Mais tarde, outros estudos vieram demonstrar que bandas mínimas de gengiva
poderiam ser mantidas, sem recessão progressiva, desde que o trauma de
escovagem e a inflamação fossem controladas.
• Uma banda estreita de gengiva é capaz de suportar o stress causado pelas forças
ortodônticas.
• Desde que o movimento do dente se faça dentro do envelope alveolar, o risco de
efeitos adversos nos tecidos moles é mínimo.
• O aumento da banda de gengiva queratinizada deve ser considerado apenas
quando se pretendem movimentos vestibulares, dos quais possam resultar
deiscências ósseas, quando estamos na presença de bandas estreitas de
gengiva.
Aumento da crista óssea
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Conclusões
É sempre recomendado que o tratamento ortodôntico seja precedido pelo tratamento
periodontal, com base no facto de que a ortodontia na presença de inflamação poderá
levar à destruição rápida e irreversível do periodonto.
É imprescindível que durante e após a fase ativa do tratamento ortodôntico se faça
uma monitorização do estado periodontal, bem como um apropriado tratamento de
suporte periodontal.
Nenhum paciente com doença ac/va deve iniciar tratamento ortodôntico.
Um doente periodontal, mesmo que tratado, deve ser monitorizado em intervalos
mais curtos, de forma a prevenir uma possível recidiva da doença, reduzindo o risco de
futura perda de inserção.
Periodontologia e reabilitação
A atuação conjunta entre a prostodontia e a periodontologia é muitas vezes
necessária para se conseguirem resultados:
• Estéticos
• Funcionais
• Estáveis
Importância da periodontologia na reabilitação
Existem diferentes situações em que a reabilitação dentária pode comprometer a
saúde periodontal:
• Cáries sub-gengivais
• Coroas clínicas pequenas
Importância da reabilitação na periodontologia
Existem diferentes situações que as sequelas da doença periodontal têm de ser
corrigidas pela reabilitação protética/restauradora/ortodôntica.
• Perda de papila interdentária
• Diastemas
• Dentes perdidos
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Ana Cláudia Mendes Apolónio, Mariana Barrela Rosário – MD 3.º ano
Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
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Periodontologia II – Ano Letivo 2017/2018
o 4 a 6 semanas
o No entanto, a remodelação dos tecidos pode chegar até 6 meses, sendo mais
crítico em pacientes com biótipo espesso.
o Zonas estéticas → aguardar aproximadamente 6 meses
Conclusões
Respeitar o espaço livre biológico
• Coroas e restaurações devem ter limites supra-gengivais, se necessário sub-
gengivais entre 0,5-1mm.
• Sempre que necessárias restaurações sub-gengivais mais profundas é necessário
realizar alongamento coronário (respeitar uma distância mínima de 3mm entre
crista óssea e limite da restauração).
• Forma das coroas – contorno adequado e pontos de contato entre os dentes
mantidos de forma a preservar a saúde periodontal.
Espaços negros / Ausências dentárias / Hipermobilidade
• Correção dos espaços negros entre os dentes com coroas – apicalizando o
ponto de contato.
• Ferulização dos dentes com prótese fixa ou splints – de forma a reduzir
desconforto do paciente
• Reabilitação com implantes dentários/prótese fixa sobre dentes/ próteses
removíveis - dos espaços desdentados
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