Mesmo que isto seja um texto de merda.
É preciso insistir, dizia-me um passarinho hoje. É preciso, mesmo em dias cinzentos, insistir. Abraçar a frustração de não conseguir escrever. Sentarmo-nos com ela a fumar um cigarro, encará-la, deixar que nos dissolva a paciência, e vai daí escrever alguma coisa; qualquer coisa. Pode ser que daí surja zanga, mais zanga ainda, porque ao reler percebemos: "isto está mesmo uma merda!". E pega-se nessa zanga avolumada, nessa trouxa sem jeito, nesse molho de brócolos mal enjeitado, e escreve-se outra vez. Zangados e tudo; a fumegar, se for preciso. "Tal como andar de bicicleta", dizia-me o passarinho, "se não praticas durante muito tempo, a atrapalhação não quer dizer que tenhas deixado de saber andar. Mas não convém atirares-te por uma rampa abaixo, depois de teres passado muito tempo sem andar. Começa devagarinho." Aceita o ziguezaguear da bicicleta como teu. Como natural, e como temporário. Irrita-te com isso, se isso te fizer mexer para mudar. Mas nã...