Grata. devagarinho.
Devagarinho. Como o rumor de um tambor ao longe, numa cidade que se espera desprovida de tambores. Como o ronronar quase surdo de um gato, a um tempo apaixonado e terapêutico, vibrando subtilmente sob as nossas mãos. Um borbulhar indivisível no meio das ondas, das correntes. Quase, digo eu e sublinho, quase indistinguível. A um ritmo que enlouqueceria qualquer são; um passo de tartaruga doente, um sol amarelo e fraco que praticamente se confunde com um dia nublado. É assim que descrevo esta sensação lenta no peito, que saboreio quase sem respirar, com medo que me fuja. Paciente como em tempos fui a observar os animais a brincar, até me poder aproximar e fazer parte do seu mundo, observo e aguardo, grata desde já. Grata por este rumor no peito, cujos passos fazem lembrar o brilho de viver que em dias passados me encheu os olhos. Grata por poder sentir algo parecido, depois de ter mergulhado durante anos numa lama baça que me impedia de ver qualquer tipo de luz - sobretudo a luz qu...