Vou a caminhar pelas ruas lisboetas. O frio arrebita as bochechas, e faz andar mais rápido. Encontro uma colega. Quer conversar um bocadinho e então caminhamos juntas. Quer contar-me as últimas novas sobre o seu amor, que tem dias que é desamor, e noutros nem uma coisa nem outra. Eu vou-a ouvindo como sempre, sentindo-me sempre sintonizada com esta pessoa que, apenas partilhando a minha vida há escassos anos, me faz sempre sentir em casa, desmaquilhando qualquer desconforto com o seu sorriso rasgado. E de repente ela sai-se com uma frase que me desarma: "Sim, já sei, vais-me matar!!". Fico a olhar para ela surpreendida, porque tal nem me passaria pela cabeça: adoro ouvi-la, e naquele momento só pensava como ela devia estar magoada com a situação. Mas ao contrário de me ofender ou de me ser indiferente, esta frase acordou-me. E voltaria a acontecer nesse mesmo dia, mais tarde, quando em conversa com uma outra colega, esta me diz logo que me vê, "Pronto, e agora é a parte ...