24 de março de 2010

AMIGAS, AMIGAS... (parte 2)

No dia seguinte, combinei de ir à boate com minha amiga. Do esperado trio, a garota da véspera não apareceu. Minha amiga e a amiga dela já estavam lá quando eu cheguei e logo desfizemos a impressão ruim da noite anterior. Ela não era a patricinha que aparentava e comecei a prestar mais atenção. Alta, seios fartos, o que se chama de "muita mulher".
Comecei logo a beber vodca para calibrar. Dose dupla é um perigo, ainda mais quando subimos de nível e trocamos a Smirnoff pela Absolut. Adotei uma tática interessante: impressionar a ex-patricinha de seios fartos ignorando-a, mas ao mesmo tempo tratando-a muito bem. Ela acabou por deixar sua comanda e seus documentos comigo, o que significava que eu não poderia ir embora sem falar com ela antes.

Mais uma vez acabei ficando com uma garota mais ou menos (mas que, pelo menos, revelou-se boa de cama), alvo fácil, pois a amiga que estava com ela já tinha se arranjado. Aliás, eu já tinha ficado com a amiga dela uns anos antes, mas essa é outra história. Depois de decidirmos se seria "na minha casa ou na sua", procurei a dona dos documentos por toda a boate para devolvê-los.

"Já vai?", perguntou. Respondi que ia embora acompanhado. "Achei que ia embora com minha comanda. Ganhou muitos pontos comigo hoje". Entendi a mensagem.

Mais um dia, mais uma festa. Dessa vez um aniversário. O trio estava completo, mas a irmã da minha amiga mal trocou duas palavras comigo. Passei quase todo o tempo conversando com o meu novo alvo e, no final, não queríamos deixar a noite terminar. Fomos para a minha casa – eu, minha amiga e ela – e arrumamos uns jogos para passar o resto do domingo.

A certa altura, estávamos sentados no chão, acariciando um a perna do outro. Nada iria acontecer naquela noite. Apenas uma troca de endereços de email, MSN e de intenções. No final, quando elas entraram no táxi, fiquei com a sensação de algo inacabado. E eu não poderia deixar assim – nem ela.

Não tardou para que retomássemos o contato. Um dia, dois, ela em São Paulo, eu no Rio. Entre emails bonitinhos e mensagens no MSN, tomei coragem e comprei uma passagem para passar o feriado com ela. Ela precisou de mais coragem do que eu.

Nada havia acontecido ainda, mas era fácil fazer as contas: três dias em sua casa. O que isso poderia significar?

21 de março de 2010

AMIGAS, AMIGAS... (parte 1)

Dar uma festa é sempre uma maneira de aparecer positivamente. E eu sabia do trabalho que teria para acolher aquela gente toda, mas com cada um fazendo a sua parte, a mão-de-obra ficaria para o dia seguinte.

O mais importante quando se faz uma festa americana é entender que suas convidadas não fazem parte de seu alvo, mas sim suas amigas. Com cada um levando comida e bebida, as agregadas se tornam a parte mais interessante para o anfitrião, que passa a conhecê-las todas, e para os convidados, que se deparam com interessantes novidades.

Assim foi. Minha convidada chegou com a irmã e uma amiga. A amiga parecia meio patricinha, não tinha ido muito com a minha cara, o que acabou definindo o meu objetivo da noite. Mas os sinais ambíguos me confundiam – logo a mim, tão acostumado com esse jogo.

Festa de Réveillon, interlúdio: depois de muita comida e bebida, todos foram para a areia ver os fogos. No caminho, um amigo me chamou a atenção para a oportunidade: a investida parecia ter retorno certo.

Não foi bem assim: o máximo que consegui foi um beijo de virada de ano, bem sem graça, e outro quase que arrancado quando dei um jeito de ficar sozinho com ela no elevador na volta para casa.

Uma pena, mas aquele fim de semana prolongado prometia mais. Muito mais.

6 de março de 2010

BEIJO

Uma das coisas interessantes nessa vida de solteiro convicto que eu levo é a possibilidade de se conhecer diferentes mulheres. Não estou aqui falando sobre quantidade, esse tipo de contabilidade a gente faz quando acha que ainda tem algo a provar. Cada mulher é única, assim como seu beijo, mas existe um algo que costuma se repetir.

Nos últimos meses, beijei garotas de várias idades diferentes. As mais novas tinham em torno dos vinte anos. Outras eram mais da minha faixa etária, ou até um pouco mais velhas. E notei um padrão relacionado com a idade, algo que até hoje eu não tinha percebido.

As mais novas são mais ávidas, como se quisessem esgotar tudo naquele beijo. Usam dentes, lábios, língua de uma maneira que tira o fôlego. Literalmente. Querem viver tudo de uma vez: se for só um beijo, que seja o beijo. Se for só uma noite, que seja a noite. E depois a gente vê se surge algo a partir dali.


As balzaquianas são diferentes. Seu beijo é mais carinhoso e usam as mãos para sentir o rosto, os braços, e não apenas espremer um corpo contra o outro. Como se aquele momento pudesse durar para sempre, sem pressa. Mas ele acaba, sem promessas para o dia seguinte.

Não tenho, de fato, uma preferência em relação a isso. Há dias ávidos e dias de carinho. Há dias que devem durar vários dias e há dias que podem durar poucas horas. Mas, para mim, o mais importante é o momento.