Comecei logo a beber vodca para calibrar. Dose dupla é um perigo, ainda mais quando subimos de nível e trocamos a Smirnoff pela Absolut. Adotei uma tática interessante: impressionar a ex-patricinha de seios fartos ignorando-a, mas ao mesmo tempo tratando-a muito bem. Ela acabou por deixar sua comanda e seus documentos comigo, o que significava que eu não poderia ir embora sem falar com ela antes.
Mais uma vez acabei ficando com uma garota mais ou menos (mas que, pelo menos, revelou-se boa de cama), alvo fácil, pois a amiga que estava com ela já tinha se arranjado. Aliás, eu já tinha ficado com a amiga dela uns anos antes, mas essa é outra história. Depois de decidirmos se seria "na minha casa ou na sua", procurei a dona dos documentos por toda a boate para devolvê-los.
"Já vai?", perguntou. Respondi que ia embora acompanhado. "Achei que ia embora com minha comanda. Ganhou muitos pontos comigo hoje". Entendi a mensagem.
Mais um dia, mais uma festa. Dessa vez um aniversário. O trio estava completo, mas a irmã da minha amiga mal trocou duas palavras comigo. Passei quase todo o tempo conversando com o meu novo alvo e, no final, não queríamos deixar a noite terminar. Fomos para a minha casa – eu, minha amiga e ela – e arrumamos uns jogos para passar o resto do domingo.
A certa altura, estávamos sentados no chão, acariciando um a perna do outro. Nada iria acontecer naquela noite. Apenas uma troca de endereços de email, MSN e de intenções. No final, quando elas entraram no táxi, fiquei com a sensação de algo inacabado. E eu não poderia deixar assim – nem ela.
Não tardou para que retomássemos o contato. Um dia, dois, ela em São Paulo, eu no Rio. Entre emails bonitinhos e mensagens no MSN, tomei coragem e comprei uma passagem para passar o feriado com ela. Ela precisou de mais coragem do que eu.
Nada havia acontecido ainda, mas era fácil fazer as contas: três dias em sua casa. O que isso poderia significar?