Resolvi revelar aqui um trecho de uma conversa que tive com ela pelo WhatsApp, somente a minha parte. Pode parecer meio incoerente, tendo em vista o que contei aqui, mas na época, era verdade, era o que eu sentia. Embora eu pareça o maior cafajeste do mundo, eu não sou – muito menos canalha. Algumas coisas precisam entrar por um ouvido e sair pelo outro. Outras merecem ser ditas, ouvidas e consideradas. Essa foi uma delas:
A única coisa que eu ofereço pro mundo é o meu amor.
O resto não tem valor, só serve pra suportar isso, é periférico.
Acho que você nunca me conheceu de verdade.
...
Eu tava ali.
Não tô chateado com você, não tô com raiva...
Tô triste.
E machucado.
Mas não sei mais o quanto ser feliz é prioridade pra você. Ser feliz inclui se machucar muito, muitas vezes.
E o bonito disso é que nunca se desiste. Porque o amor não é por alguém ou por algo.
Amar não é transitivo. Nem transitório. O amor tá dentro da gente e o que acontece é que ele arruma uma forma de se expressar.
Ou por alguém, ou por todos, ou pelos mais próximos. E é um sentimento incrível, justamente porque não acaba. Não importa o quanto a gente se feche, ele arruma uma brecha.
Mas acho que já falei demais e que nesses últimos minutos talvez você tenha começado a me conhecer, depois de um ano e meio.
E vou ficar bem. Eu sempre fico. Espero que você encontre esse amor dentro de você e possa ser feliz. Sozinha ou não.
1 de janeiro de 2015
22 de dezembro de 2014
TAKING FOR GRANTED
Aquilo nunca deveria ter acontecido. Mesmo que não trabalhássemos mais juntos, aquilo parecia errado. Mas a distância nos aproximou e todos os dias tínhamos uma desculpa para nos vermos. Depois, pôr do sol em Ipanema, filme lá em casa...
Não teve jeito. Seu relacionamento estava no fim, o meu havia acabado menos de dois meses antes, estávamos carentes até o osso e ficamos muito próximos no período em que trabalhamos juntos. Trocávamos figurinhas de nossas vidas amorosas falidas, cada um com seu drama particular.
Mas aconteceu. E era para ser só uma vez, segundo acordamos. Acordos são para serem quebrados, mas isso levaria mais algum tempo.
Ela se enrolou: se envolveu com um cara do trabalho, amigo meu, que ela não sabia que tinha uma namorada – e morava com ela havia anos. Não sei como ele disfarçou, não foram poucas as vezes que ela foi a sua casa. Continuamos amigos, eu até torci para que desse certo, apesar dele ser o oposto dela. Até que ela lhe deu um flagrante, num bar, enquanto ele terminava seu relacionamento oficial.
Sagaz como a maioria das mulheres, que percebem a verdade na sutileza do tom da voz, percebeu que eu sabia mais do que havia dito e me colocou contra a parede. Quando ela decidiu terminar com ele, acabou revelando o meu nome e faltou pouco para a coisa escalar entre mim e ele. Mas ela interveio e voltamos a ser amigos, tanto quanto era possível. Ele nunca soube da gente.
O problema estava só começando: não tardou e voltamos a trabalhar juntos. E o estado de carência voltou. Tinha sido tão bom da primeira vez... por que não... e eu telefonei. Foi pouco depois do meu aniversário, a última vez em que eles ficaram, na minha frente. Eu não perdi o bonde e também voltei acompanhado para casa. Afinal, não ia sair no prejuízo na minha festa.
Mandei uma mensagem dizendo que tava meio para baixo. Ela foi direta: "Vem pra cá". E fui. E foi ainda melhor. E ficou claro que não seria a última.
Mas nem eu, nem ela, investimos. Nos encontrávamos, a química era absurda, mas os projetos paralelos seguiam. Ela perguntava pelos meus, eu não me interessava pelos dela. Ainda assim, volta e meia, me contava algo. E algo azedou no caminho.
No mesmo instante em que ela percebeu que estava se envolvendo e se afastou, eu decidi que aquilo poderia dar certo. Amor? Paixão? Acho que não. Talvez eu só tenha percebido a sua distância e aquilo que antes estava tão garantido parecia se esvair por entre meus dedos.
Seu discurso era dúbio: falávamos sobre viajar juntos, mas não me convidava para sua casa. Queria minha companhia, mas não me queria ao seu lado no voo que fizemos pelo trabalho, preferiu a companhia dele. E, de mãos dadas, aterrissaram.
E lá, discutimos. Ela foi para o meu quarto e eu falei demais. E sua crueldade aflorou: estávamos os três para sair juntos, ela me pediu para não ir. Eu tinha certeza do que havia acontecido, mas só vi no voo de volta quando, na poltrona à minha frente, passaram todo o tempo se beijando.
Quando cheguei em casa, colocamos os pingos nos ii, com direito a ela dizer que não teria nada com ele; nem comigo. Fiquei mal, muito mal, foi difícil encará-la no dia seguinte, mas, em pouco tempo, fechei a porta e fiquei bem. Não era fácil vê-la chegando tarde do almoço, acompanhada por ele, cheirando a sabonete; mas isso me anestesiou.
Nos reaproximamos e entendi que era uma questão de tempo para voltarmos a sair. Quando vi, estava de volta à sua casa. No mesmo dia, ela se desculpou comigo, disse que havia sido "rude". Rude? Tudo bem, isso já estava superado. E respondi: "Foi importante para estabelecer os limites". É verdade, mas houve um tempo em que faria qualquer coisa por ela.
Não teve jeito. Seu relacionamento estava no fim, o meu havia acabado menos de dois meses antes, estávamos carentes até o osso e ficamos muito próximos no período em que trabalhamos juntos. Trocávamos figurinhas de nossas vidas amorosas falidas, cada um com seu drama particular.
Mas aconteceu. E era para ser só uma vez, segundo acordamos. Acordos são para serem quebrados, mas isso levaria mais algum tempo.
Ela se enrolou: se envolveu com um cara do trabalho, amigo meu, que ela não sabia que tinha uma namorada – e morava com ela havia anos. Não sei como ele disfarçou, não foram poucas as vezes que ela foi a sua casa. Continuamos amigos, eu até torci para que desse certo, apesar dele ser o oposto dela. Até que ela lhe deu um flagrante, num bar, enquanto ele terminava seu relacionamento oficial.
Sagaz como a maioria das mulheres, que percebem a verdade na sutileza do tom da voz, percebeu que eu sabia mais do que havia dito e me colocou contra a parede. Quando ela decidiu terminar com ele, acabou revelando o meu nome e faltou pouco para a coisa escalar entre mim e ele. Mas ela interveio e voltamos a ser amigos, tanto quanto era possível. Ele nunca soube da gente.
O problema estava só começando: não tardou e voltamos a trabalhar juntos. E o estado de carência voltou. Tinha sido tão bom da primeira vez... por que não... e eu telefonei. Foi pouco depois do meu aniversário, a última vez em que eles ficaram, na minha frente. Eu não perdi o bonde e também voltei acompanhado para casa. Afinal, não ia sair no prejuízo na minha festa.
Mandei uma mensagem dizendo que tava meio para baixo. Ela foi direta: "Vem pra cá". E fui. E foi ainda melhor. E ficou claro que não seria a última.
Mas nem eu, nem ela, investimos. Nos encontrávamos, a química era absurda, mas os projetos paralelos seguiam. Ela perguntava pelos meus, eu não me interessava pelos dela. Ainda assim, volta e meia, me contava algo. E algo azedou no caminho.
No mesmo instante em que ela percebeu que estava se envolvendo e se afastou, eu decidi que aquilo poderia dar certo. Amor? Paixão? Acho que não. Talvez eu só tenha percebido a sua distância e aquilo que antes estava tão garantido parecia se esvair por entre meus dedos.
Seu discurso era dúbio: falávamos sobre viajar juntos, mas não me convidava para sua casa. Queria minha companhia, mas não me queria ao seu lado no voo que fizemos pelo trabalho, preferiu a companhia dele. E, de mãos dadas, aterrissaram.
E lá, discutimos. Ela foi para o meu quarto e eu falei demais. E sua crueldade aflorou: estávamos os três para sair juntos, ela me pediu para não ir. Eu tinha certeza do que havia acontecido, mas só vi no voo de volta quando, na poltrona à minha frente, passaram todo o tempo se beijando.
Quando cheguei em casa, colocamos os pingos nos ii, com direito a ela dizer que não teria nada com ele; nem comigo. Fiquei mal, muito mal, foi difícil encará-la no dia seguinte, mas, em pouco tempo, fechei a porta e fiquei bem. Não era fácil vê-la chegando tarde do almoço, acompanhada por ele, cheirando a sabonete; mas isso me anestesiou.
Nos reaproximamos e entendi que era uma questão de tempo para voltarmos a sair. Quando vi, estava de volta à sua casa. No mesmo dia, ela se desculpou comigo, disse que havia sido "rude". Rude? Tudo bem, isso já estava superado. E respondi: "Foi importante para estabelecer os limites". É verdade, mas houve um tempo em que faria qualquer coisa por ela.
4 de dezembro de 2014
SURPRESA (parte 2)
A verdade é que eu estava interessado por ela, apesar daquele papo brabo de ex, o pior assunto para um primeiro encontro. Entramos no táxi, eu a deixaria em casa e iria para a minha, mas percebi que ela estava louca por um convite.
O convite não veio e ela acabou, de uma forma pouco usual, pedindo para ir para a minha casa. "Mas não vai rolar nada, viu?". Tudo bem, eu estava acostumado com esse papo e não me lembrava da última vez em que, de fato, nada acontecera. Mas, dessa vez, eu estava disposto.
Já lá em casa, fomos diretamente para o meu quarto. "Você quer uma roupa confortável para dormir?", perguntei. "Não, não durmo fora de casa, não vou dormir", ela me respondeu, um tanto quanto ríspida. Eu estava morrendo de sono e precisava estar bem no dia seguinte. Mas ela não deixou.
Montou em mim e começou a me beijar. Ela não era somente linda, era daquelas meninas-padrão, loira, magra, curvas, gaúcha... o pacote completo. A verdade é que isso conta mais para a fantasia do que para o ato, mas ela beijava muito bem e rapidamente mudei de ideia quanto a descansar. Logo, nossas mãos alcançaram lugares antes não permitidos entre a gente e faltava muito pouco para que aquelas preliminares virassem o oposto do que ela dissera no táxi. Resolveu me testar: "Qual é o meu nome?". Não respondi só o nome, dei a ficha completa. Ela pareceu satisfeita.
Daí veio o balde de água fria. Ela olhou para um rolo de papel que estava do lado da minha cama e disparou: "Você é igual àquele rolo de papel ali!". Sequer entendi o que ela quis dizer. "Como?", retruquei. "É, você é igual aos outros. Você só quer me comer. Queria que você me surpreendesse, mas você é igual aos outros!". Ainda estava atônito, fiquei sem resposta, tentando concatenar suas palavras. "Eu podia estar com um cara muito mais bonito, muito mais musculoso, mas estou aqui com você, deve ter algum motivo...". Aí que não entendi nada mesmo.
"Não vai fazer nada? Eu falo isso e você não fala nada?". Caí em mim. "Escuta, você está na minha casa, me ofendendo e não entendi direito por quê. Mas deixa só eu te falar uma coisa: não te convidei, você pediu para vir. Não tentei te comer: te ofereci uma roupa para dormir e estava numa boa com isso. Você veio me provocar e eu, evidentemente, fiquei excitado", retruquei. Ela parecia ter levado um soco.
Continuei: "Então acho que você quebrou a cara aqui, porque estava tentando provar uma teoria e não conseguiu. O fato de você ser bonita e gostosa não é, de longe, a coisa mais importante pra mim. Você parecia legal, mas eu estava enganado. Agora me faz um favor e vai embora". Sem resposta, ela se limitou a dizer que não iria porque não estava a fim. "Então me deixa dormir", retruquei.
Deitamos e ela mudou o tom. "Você está com raiva de mim", disse. "Não estou, precisa fazer mais que isso para ter raiva. Estou um pouco decepcionado, só isso". Não demorou e ela estava em cima de mim de novo. Dessa vez, virei o rosto. "Cara, pra quê você faz isso? Deita aqui do lado e dorme um pouco", falei. "Eu provoco, é o que sei fazer...", respondeu.
Ela deitou e jurou que não iria dormir. Mas dormiu. Muito cansado e sem conseguir pregar o olho, esperei um pouco até que acordasse. "Preciso te pedir uma coisa... preciso que você vá embora", eu disse, muito educadamente. "Como assim?", respondeu. "Preciso que você saia da minha casa, quero dormir e não estou conseguindo", já menos cordial. Ela me olhou incrédula: "Ninguém nunca me pediu para ir embora antes!".
Já na porta, ela ainda estava inconformada. Foi quando fechei a conversa com chave de ouro: "Não queria que eu te surpreendesse? Acho que agora você está bastante surpresa". E fechei a porta.
O convite não veio e ela acabou, de uma forma pouco usual, pedindo para ir para a minha casa. "Mas não vai rolar nada, viu?". Tudo bem, eu estava acostumado com esse papo e não me lembrava da última vez em que, de fato, nada acontecera. Mas, dessa vez, eu estava disposto.
Já lá em casa, fomos diretamente para o meu quarto. "Você quer uma roupa confortável para dormir?", perguntei. "Não, não durmo fora de casa, não vou dormir", ela me respondeu, um tanto quanto ríspida. Eu estava morrendo de sono e precisava estar bem no dia seguinte. Mas ela não deixou.
Montou em mim e começou a me beijar. Ela não era somente linda, era daquelas meninas-padrão, loira, magra, curvas, gaúcha... o pacote completo. A verdade é que isso conta mais para a fantasia do que para o ato, mas ela beijava muito bem e rapidamente mudei de ideia quanto a descansar. Logo, nossas mãos alcançaram lugares antes não permitidos entre a gente e faltava muito pouco para que aquelas preliminares virassem o oposto do que ela dissera no táxi. Resolveu me testar: "Qual é o meu nome?". Não respondi só o nome, dei a ficha completa. Ela pareceu satisfeita.
Daí veio o balde de água fria. Ela olhou para um rolo de papel que estava do lado da minha cama e disparou: "Você é igual àquele rolo de papel ali!". Sequer entendi o que ela quis dizer. "Como?", retruquei. "É, você é igual aos outros. Você só quer me comer. Queria que você me surpreendesse, mas você é igual aos outros!". Ainda estava atônito, fiquei sem resposta, tentando concatenar suas palavras. "Eu podia estar com um cara muito mais bonito, muito mais musculoso, mas estou aqui com você, deve ter algum motivo...". Aí que não entendi nada mesmo.
"Não vai fazer nada? Eu falo isso e você não fala nada?". Caí em mim. "Escuta, você está na minha casa, me ofendendo e não entendi direito por quê. Mas deixa só eu te falar uma coisa: não te convidei, você pediu para vir. Não tentei te comer: te ofereci uma roupa para dormir e estava numa boa com isso. Você veio me provocar e eu, evidentemente, fiquei excitado", retruquei. Ela parecia ter levado um soco.
Continuei: "Então acho que você quebrou a cara aqui, porque estava tentando provar uma teoria e não conseguiu. O fato de você ser bonita e gostosa não é, de longe, a coisa mais importante pra mim. Você parecia legal, mas eu estava enganado. Agora me faz um favor e vai embora". Sem resposta, ela se limitou a dizer que não iria porque não estava a fim. "Então me deixa dormir", retruquei.
Deitamos e ela mudou o tom. "Você está com raiva de mim", disse. "Não estou, precisa fazer mais que isso para ter raiva. Estou um pouco decepcionado, só isso". Não demorou e ela estava em cima de mim de novo. Dessa vez, virei o rosto. "Cara, pra quê você faz isso? Deita aqui do lado e dorme um pouco", falei. "Eu provoco, é o que sei fazer...", respondeu.
Ela deitou e jurou que não iria dormir. Mas dormiu. Muito cansado e sem conseguir pregar o olho, esperei um pouco até que acordasse. "Preciso te pedir uma coisa... preciso que você vá embora", eu disse, muito educadamente. "Como assim?", respondeu. "Preciso que você saia da minha casa, quero dormir e não estou conseguindo", já menos cordial. Ela me olhou incrédula: "Ninguém nunca me pediu para ir embora antes!".
Já na porta, ela ainda estava inconformada. Foi quando fechei a conversa com chave de ouro: "Não queria que eu te surpreendesse? Acho que agora você está bastante surpresa". E fechei a porta.
1 de abril de 2014
SURPRESA (parte 1)
– Por que você não está lá com o resto da banda? (Era uma dupla)
– Porque não faço parte da "banda", só estou ajudando com uma percussão.
– Ah, é que eu estranhei você do outro lado da pista tocando.
Ela era loira e linda. Uma típica gaúcha, com forte sotaque, mas queimada de sol, adaptada ao Rio de Janeiro. Foi eu perguntar seu nome que ficou na defensiva.
– Olha, eu não estou...
Interrompi. "Nem eu, só perguntei seu nome". De fato, eu não estava. Apenas me apresentei e quis deixar que a conversa fluísse, mesmo sabendo que, de alguma forma, no nosso código social perguntar o nome pode ser, por si só, uma forma de chegar.
Ainda assim o papo fluiu. Ela estava com as amigas, perguntei o que iam fazer depois e sugeri que fôssemos ao meu lugar de sempre, onde toca um belo rock and roll. Ela topou, mas imediatamente se virou para as amigas e se esqueceu de mim. A noite seguiu e não voltamos a nos falar até o fim do show, quando, sem perceber nenhuma demonstração de interesse dela ao me ver sair, apenas comentei: "Estou indo pra casa, foi um prazer". Ela reagiu: "Espera, vamos lá naquele lugar com você".
Eu já tinha sacado a dela, uma provocadora, então realmente não esperava nada da noite. Chegando lá, passei a primeira hora dançando com ela, ao mesmo tempo absurdamente próximo fisicamente e mas sem lhe dar nenhuma atenção: eu não deixava nossos olhos se encontrarem, sabia que ela queria uma desculpa para virar o rosto e mostrar seu poder.
Ficamos na pista de dança, assim que chegamos perto de uma parede. Ah, a parede! Quando ela abriu os olhos, estávamos próximos demais para não nos beijarmos. Um beijo que parecia especial, mas que mudaria a natureza do encontro.
No bar, conversamos sobre a nossa vida, ela disse que queria ser amiga do ex, mas não conseguia, ele não deixava. Quem é que deixa, afinal? Tomamos uma cerveja, eu tinha um compromisso no dia seguinte que não me permitia beber muito. Liguei do telefone dela para o meu, prevendo um follow up, já que não tinha maiores intenções naquela noite.
Voltamos para a pista e lá o clima começou a mudar. Quando eu era mais incisivo, ela rolava os olhos para trás com uma expressão de impaciência. Quando eu a ignorava, ela virava de costas e se esfregava em mim de uma forma que não deveria deixar dúvidas quanto às suas intenções.
Estava ficando tarde para mim. Disse-lhe que precisava ir e ela foi categórica: "Vai se quiser, eu vou ficar aqui". Eu fui.
No meu terceiro passo, ela me puxou: "Só mais uma música!". E assim foi, mais uma música e nos encaminhamos para o táxi. Lá, perguntei seu endereço e avisei ao taxista que a deixaríamos em casa e eu seguiria para a minha.
Mas não foi bem assim que aconteceu.
– Porque não faço parte da "banda", só estou ajudando com uma percussão.
– Ah, é que eu estranhei você do outro lado da pista tocando.
Ela era loira e linda. Uma típica gaúcha, com forte sotaque, mas queimada de sol, adaptada ao Rio de Janeiro. Foi eu perguntar seu nome que ficou na defensiva.
– Olha, eu não estou...
Interrompi. "Nem eu, só perguntei seu nome". De fato, eu não estava. Apenas me apresentei e quis deixar que a conversa fluísse, mesmo sabendo que, de alguma forma, no nosso código social perguntar o nome pode ser, por si só, uma forma de chegar.
Ainda assim o papo fluiu. Ela estava com as amigas, perguntei o que iam fazer depois e sugeri que fôssemos ao meu lugar de sempre, onde toca um belo rock and roll. Ela topou, mas imediatamente se virou para as amigas e se esqueceu de mim. A noite seguiu e não voltamos a nos falar até o fim do show, quando, sem perceber nenhuma demonstração de interesse dela ao me ver sair, apenas comentei: "Estou indo pra casa, foi um prazer". Ela reagiu: "Espera, vamos lá naquele lugar com você".
Eu já tinha sacado a dela, uma provocadora, então realmente não esperava nada da noite. Chegando lá, passei a primeira hora dançando com ela, ao mesmo tempo absurdamente próximo fisicamente e mas sem lhe dar nenhuma atenção: eu não deixava nossos olhos se encontrarem, sabia que ela queria uma desculpa para virar o rosto e mostrar seu poder.
Ficamos na pista de dança, assim que chegamos perto de uma parede. Ah, a parede! Quando ela abriu os olhos, estávamos próximos demais para não nos beijarmos. Um beijo que parecia especial, mas que mudaria a natureza do encontro.
No bar, conversamos sobre a nossa vida, ela disse que queria ser amiga do ex, mas não conseguia, ele não deixava. Quem é que deixa, afinal? Tomamos uma cerveja, eu tinha um compromisso no dia seguinte que não me permitia beber muito. Liguei do telefone dela para o meu, prevendo um follow up, já que não tinha maiores intenções naquela noite.
Voltamos para a pista e lá o clima começou a mudar. Quando eu era mais incisivo, ela rolava os olhos para trás com uma expressão de impaciência. Quando eu a ignorava, ela virava de costas e se esfregava em mim de uma forma que não deveria deixar dúvidas quanto às suas intenções.
Estava ficando tarde para mim. Disse-lhe que precisava ir e ela foi categórica: "Vai se quiser, eu vou ficar aqui". Eu fui.
No meu terceiro passo, ela me puxou: "Só mais uma música!". E assim foi, mais uma música e nos encaminhamos para o táxi. Lá, perguntei seu endereço e avisei ao taxista que a deixaríamos em casa e eu seguiria para a minha.
Mas não foi bem assim que aconteceu.
25 de fevereiro de 2014
TUDO O QUE TERMINA RECOMEÇA, OU O FIM DO FIM
Um ano e meio de psicoterapia, que eram mais sessões de conversa pouco pretensiosa. Um ano e meio de namoro turbulento. O grande problema de terminar e voltar, achando que ela é a mulher da sua vida, é o in between, o que aconteceu enquanto se estava separado. E a sentença de que as pessoas não mudam.
Não sou um cara ciumento. Não mesmo. Mas reajo a provocação. E saber que ela tinha transado com outro cara por raiva de mim acabou comigo. Já eu passara seis meses de pura putaria despretensiosa, correndo riscos que outrora costumava evitar, mas sem nenhum envolvimento emocional, sem nada que buscasse substituí-la ou ocupar o lugar que fora seu.
A aventura dela não durou muito; as minhas foram até o limite. Mas voltamos e achávamos que éramos felizes sem ter nenhuma pista do que isso significava. Brigas constantes, cobranças absurdas e desejo de mudar o passado: Mr. Brightsite de volta à ativa. O relacionamento assentou e, evidentemente, os mesmos problemas de antes ressurgiram.
Posso dizer que durante muito pouco tempo fui realmente feliz. A maior parte do tempo era um casulo, um esforço enorme para agradar uma pessoa egoísta como poucas. Eu havia mudado, ela não. O final era uma questão de tempo.
E veio. E com o fim, renasceu o Sujeito Oculto. Espero vê-los por aqui em breve.
Não sou um cara ciumento. Não mesmo. Mas reajo a provocação. E saber que ela tinha transado com outro cara por raiva de mim acabou comigo. Já eu passara seis meses de pura putaria despretensiosa, correndo riscos que outrora costumava evitar, mas sem nenhum envolvimento emocional, sem nada que buscasse substituí-la ou ocupar o lugar que fora seu.
A aventura dela não durou muito; as minhas foram até o limite. Mas voltamos e achávamos que éramos felizes sem ter nenhuma pista do que isso significava. Brigas constantes, cobranças absurdas e desejo de mudar o passado: Mr. Brightsite de volta à ativa. O relacionamento assentou e, evidentemente, os mesmos problemas de antes ressurgiram.
Posso dizer que durante muito pouco tempo fui realmente feliz. A maior parte do tempo era um casulo, um esforço enorme para agradar uma pessoa egoísta como poucas. Eu havia mudado, ela não. O final era uma questão de tempo.
E veio. E com o fim, renasceu o Sujeito Oculto. Espero vê-los por aqui em breve.
9 de setembro de 2012
FINALMENTE O FIM
Era uma vez um cara que escrevia um blog. Era uma vez um blog. Vou relatar aqui a experiência pela qual acabei de passar e aproveito para dizer que estou encerrando minhas atividades neste blog. Aos poucos que puderam me conhecer, sabem como manter contato. Para os demais, é hora do caixão descer e a terra cair por cima. Minha história tem um final feliz.
Sempre fui um cara precavido no que diz respeito ao sexo. Usava camisinha, apesar de me tirar muito do prazer, em todas as relações. Um dia isso mudou: num papo com amigos no bar, descobri que eles raramente usavam, mesmo para sexo causal e, um dia, bêbado, arrastei uma mulher para a minha casa e a camisinha ficou de figurante. Esse é o problema do álcool, a grande piada de mau gosto: aumenta a libido e diminui a potência.
Fizemos de tudo, por todos os lados. Era a minha face suicida aparecendo. Evidentemente fiquei paranoico, mas nunca tive coragem para fazer o exame do HIV. Na verdade, a minha geração cresceu com a sombra da Aids. HIV era uma sentença de morte e ouvir falar na doença me dava calafrios. Mesmo sem nunca ter transado sem camisinha (levei seis anos de atividade sexual para isso), tinha pavor em ouvir falar de fazer exame.
Comecei a namorar e logo abandonamos a camisinha. Ela estava limpa, eu sabia. Eu não sabia de mim. Namoramos um ano e meio, mas terminamos após a morte do meu pai, quando tudo ficou bagunçado na minha cabeça. Dois meses depois eu já estava enchendo a cara na night, sem saber se queria estar vivo. Nessa brincadeira, acabei ficando com uma amiga minha de longa data e, novamente, acabei transando sem camisinha. Por trás.
Dia seguinte, noiei. Cheguei a falar com ela sobre isso, mas ela me garantiu que estava limpa. Exatamente seis semanas depois, tive uma febre de 40 graus que durou o dia inteiro. Pirei de vez: comecei a acreditar que era a infecção aguda que inicia o processo de instalação do vírus nos órgãos. Vivi semanas como se estivesse infectado, procurando na internet como seria viver soropositivo. Na minha cabeça, já era.
Meses depois, um amigo dessa minha amiga morreu de Aids. Quem morre de Aids hoje? Entrei em pânico novamente. Novamente falei com ela, já enchendo o saco e novamente ela me acalmou. Um tempo depois, retomei meu namoro e, exatamente quatro semanas depois de transarmos, minha namorada teve uma gripe de um dia. Novamente sintomas? Teria eu passado algo para ela?
Não consegui mais viver em paz. Torturei minha amiga com essa história a ponto de eu pedir perdão para ela todos os dias depois. Ela se dispôs a fazer o exame comigo. O exame era a única coisa na minha vida da qual eu tinha mais medo do que do vírus em si. Combinamos uma data. Não aguentei: peguei um pedido do meu médico e fui ao laboratório ontem de manhã. Amostras foram coletadas para HIV, duas hepatites e sífilis.
Passei o dia dando refresh no site do laboratório. Antes de sair, já tinha dado negativo para as hepatites e confirmado minha imunização contra hepatite B. Cheguei agora de uma festa a que fui com minha namorada e liguei novamente o computador para ver isso:
Sempre fui um cara precavido no que diz respeito ao sexo. Usava camisinha, apesar de me tirar muito do prazer, em todas as relações. Um dia isso mudou: num papo com amigos no bar, descobri que eles raramente usavam, mesmo para sexo causal e, um dia, bêbado, arrastei uma mulher para a minha casa e a camisinha ficou de figurante. Esse é o problema do álcool, a grande piada de mau gosto: aumenta a libido e diminui a potência.
Fizemos de tudo, por todos os lados. Era a minha face suicida aparecendo. Evidentemente fiquei paranoico, mas nunca tive coragem para fazer o exame do HIV. Na verdade, a minha geração cresceu com a sombra da Aids. HIV era uma sentença de morte e ouvir falar na doença me dava calafrios. Mesmo sem nunca ter transado sem camisinha (levei seis anos de atividade sexual para isso), tinha pavor em ouvir falar de fazer exame.
Comecei a namorar e logo abandonamos a camisinha. Ela estava limpa, eu sabia. Eu não sabia de mim. Namoramos um ano e meio, mas terminamos após a morte do meu pai, quando tudo ficou bagunçado na minha cabeça. Dois meses depois eu já estava enchendo a cara na night, sem saber se queria estar vivo. Nessa brincadeira, acabei ficando com uma amiga minha de longa data e, novamente, acabei transando sem camisinha. Por trás.
Dia seguinte, noiei. Cheguei a falar com ela sobre isso, mas ela me garantiu que estava limpa. Exatamente seis semanas depois, tive uma febre de 40 graus que durou o dia inteiro. Pirei de vez: comecei a acreditar que era a infecção aguda que inicia o processo de instalação do vírus nos órgãos. Vivi semanas como se estivesse infectado, procurando na internet como seria viver soropositivo. Na minha cabeça, já era.
Meses depois, um amigo dessa minha amiga morreu de Aids. Quem morre de Aids hoje? Entrei em pânico novamente. Novamente falei com ela, já enchendo o saco e novamente ela me acalmou. Um tempo depois, retomei meu namoro e, exatamente quatro semanas depois de transarmos, minha namorada teve uma gripe de um dia. Novamente sintomas? Teria eu passado algo para ela?
Não consegui mais viver em paz. Torturei minha amiga com essa história a ponto de eu pedir perdão para ela todos os dias depois. Ela se dispôs a fazer o exame comigo. O exame era a única coisa na minha vida da qual eu tinha mais medo do que do vírus em si. Combinamos uma data. Não aguentei: peguei um pedido do meu médico e fui ao laboratório ontem de manhã. Amostras foram coletadas para HIV, duas hepatites e sífilis.
Passei o dia dando refresh no site do laboratório. Antes de sair, já tinha dado negativo para as hepatites e confirmado minha imunização contra hepatite B. Cheguei agora de uma festa a que fui com minha namorada e liguei novamente o computador para ver isso:
Aos que escorregaram umas poucas vezes como eu, façam o exame. É como tirar um piano das costas. Nada vale a agonia de se acreditar doente. Durante semanas, ou meses, vivi como um condenado.
Não sei como a minha vida vai mudar daqui para frente, mas o maior fantasma que me assombrava, aquele que cresceu com meus medos, que me aterrorizou dos 8 aos 34 anos de idade se acabou. Talvez eu seja uma pessoa menos perturbada daqui para frente. Certamente mais cuidadosa. Mas acho que é um bom momento para o Sujeito Oculto ir de vez para o túmulo.
20 de julho de 2012
FESTA ESTRANHA, GENTE ESQUISITA
A festa corporativa dizia muito pouco respeito a mim. Embora tenha sido bastante divertida, eu estava quase de penetra, pois era de um trabalho paralelo que eu faço com pouca ou nenhuma interação com outras pessoas. Na hora de ir embora, a pergunta era "Daqui pra onde?". Segunda-feira, não o melhor dia para uma night, mas eu já estava na pista, acabei convencido por dois amigos a esticar a madrugada.
Procurei qual era a festa do dia e me parecia bem rock and roll. Eu estava a seco, de carro, e assim teria de permanecer para evitar ir trabalhar bêbado, como costuma acontecer nessas saídas de meio de semana. Chegamos, tudo ainda vazio. Em julho, há uns dez anos, quando eu era um estudante vagabundo, segunda bombava. Entramos e não havia nada de rock and roll, apenas músicas dos anos 10, uma época à qual ainda não cheguei.
O fato dos clientes serem quase todos homens não me intimidou. Basta uma meia dúzia de mulheres interessantes para a noite ser boa. Mas nem isso eu achei. A noite avançou e eu, terrivelmente sóbrio, resolvi abraçar o Capeta e entrar no clima da música. Pelos cantos, dois casais gays se agarravam, até normal para a casa. Até que eu comecei a realmente reparar no pessoal.
As poucas mulheres que estavam na casa sumiram, até que um dos meus amigos soltou a pérola da noite: "Só tem homem nessa porra! E eles estão todos se pegando!". Era verdade! Estávamos no meio de uma festa gay, que provavelmente qualquer pessoa nascida na década de 90 sabia que estava acontecendo ali!
Mas a música não era de todo ruim e permanecemos na pista. Até que meu outro amigo resolveu, sabe-se lá por quê, andar até o meio da pista. Deu de cara com um carinha loiro de cabelo encaracolado com os braços para cima, dedos estalantes, olhando fixamente para seus olhos num clima "Você é meu!". Meu amigo apenas abaixou a cabeça, deu uma guinada para a direita e voltou para o nosso canto.
Definitivamente era hora de ir embora.
Procurei qual era a festa do dia e me parecia bem rock and roll. Eu estava a seco, de carro, e assim teria de permanecer para evitar ir trabalhar bêbado, como costuma acontecer nessas saídas de meio de semana. Chegamos, tudo ainda vazio. Em julho, há uns dez anos, quando eu era um estudante vagabundo, segunda bombava. Entramos e não havia nada de rock and roll, apenas músicas dos anos 10, uma época à qual ainda não cheguei.
O fato dos clientes serem quase todos homens não me intimidou. Basta uma meia dúzia de mulheres interessantes para a noite ser boa. Mas nem isso eu achei. A noite avançou e eu, terrivelmente sóbrio, resolvi abraçar o Capeta e entrar no clima da música. Pelos cantos, dois casais gays se agarravam, até normal para a casa. Até que eu comecei a realmente reparar no pessoal.
As poucas mulheres que estavam na casa sumiram, até que um dos meus amigos soltou a pérola da noite: "Só tem homem nessa porra! E eles estão todos se pegando!". Era verdade! Estávamos no meio de uma festa gay, que provavelmente qualquer pessoa nascida na década de 90 sabia que estava acontecendo ali!
Mas a música não era de todo ruim e permanecemos na pista. Até que meu outro amigo resolveu, sabe-se lá por quê, andar até o meio da pista. Deu de cara com um carinha loiro de cabelo encaracolado com os braços para cima, dedos estalantes, olhando fixamente para seus olhos num clima "Você é meu!". Meu amigo apenas abaixou a cabeça, deu uma guinada para a direita e voltou para o nosso canto.
Definitivamente era hora de ir embora.
11 de julho de 2012
VIOLA
Ela chamava a atenção, não sei se pelas tatuagens ou pela roupa, mas de uma maneira positiva. Devia ser quente, um vulcão. Era amiga de uma amiga minha, com quem apareci na festa. De início, nem cogitei a possibilidade, mas conforme a noite andou...
Mas havia um problema: as duas irmãs que organizaram a festa já tinham ficado comigo (em momentos diferentes, infelizmente) e estavam extremamente agressivas com a minha amiga.
A festa seguiu e eu fiz o primeiro movimento. Ela respondeu negativamente: "Não quero apanhar das suas amigas!". Recebi de forma positiva: se era esse o problema, era fácil resolver.
Conforme o álcool subia, ela relaxou e acabamos ficando. Umas duas vezes, tivemos de resgatar a minha amiga de algum bêbado insistente fingindo ser, digamos assim, um trio moderno. De lá fomos para a minha casa, apenas eu e ela.
Eu esperava uma noite espetacular, mas, em vez disso, foi apenas morna. Começou a esfriar quando ela começou a depreciar seu próprio corpo: "Você aí todo atleta e eu toda mãe". Eu não ligava para isso, mas as ideias entram na cabeça. Ela tinha uma tatuagem de viola, apenas com os efes tatuados nas costas, mas era muito magra, definitivamente não tinha corpo para isso.
O sexo foi burocrático e eu cheguei ao ponto de torcer para gozar logo e acabar com aquilo. Às vezes é coisa de momento, nem chega a ser uma incompatibilidade, mas o papo dela tirou meu tesão. Dormimos, acordamos e, a essa altura, eu já queria que ela fosse embora.
Mas ela não ia. E queria mais. Começou a se tocar e a conversar ao mesmo tempo e aquilo foi me deixando cada vez mais tenso. Até que eu avisei: "Acho que agora não vou conseguir fazer nada...". Mas ela fez por onde, não exigiu demais e se contentou em me chupar.
Não posso negar, foi melhor do que a primeira vez. Mas a minha fome beirava o desespero depois de tantas horas e, finalmente, ela se ligou e se despediu de mim.
No outro fim de semana, chegou a me chamar para sair, mas preferi ficar na minha. "Pena, você ia enfeitar a festa", respondeu.
Algumas mulheres têm essa mania de se desvalorizar, se preparando para o caso do cara se decepcionar com o que vir. Isso é um erro: a gente não se importa com detalhes, a gente se importa com o momento e, se não rolar tesão, não tem nada que se possa dizer para justificar ou consertar isso, mas se rolar, é muito fácil estragar tudo. Na dúvida, é melhor ficar quieta.
Mas havia um problema: as duas irmãs que organizaram a festa já tinham ficado comigo (em momentos diferentes, infelizmente) e estavam extremamente agressivas com a minha amiga.
A festa seguiu e eu fiz o primeiro movimento. Ela respondeu negativamente: "Não quero apanhar das suas amigas!". Recebi de forma positiva: se era esse o problema, era fácil resolver.
Conforme o álcool subia, ela relaxou e acabamos ficando. Umas duas vezes, tivemos de resgatar a minha amiga de algum bêbado insistente fingindo ser, digamos assim, um trio moderno. De lá fomos para a minha casa, apenas eu e ela.
Eu esperava uma noite espetacular, mas, em vez disso, foi apenas morna. Começou a esfriar quando ela começou a depreciar seu próprio corpo: "Você aí todo atleta e eu toda mãe". Eu não ligava para isso, mas as ideias entram na cabeça. Ela tinha uma tatuagem de viola, apenas com os efes tatuados nas costas, mas era muito magra, definitivamente não tinha corpo para isso.
O sexo foi burocrático e eu cheguei ao ponto de torcer para gozar logo e acabar com aquilo. Às vezes é coisa de momento, nem chega a ser uma incompatibilidade, mas o papo dela tirou meu tesão. Dormimos, acordamos e, a essa altura, eu já queria que ela fosse embora.
Mas ela não ia. E queria mais. Começou a se tocar e a conversar ao mesmo tempo e aquilo foi me deixando cada vez mais tenso. Até que eu avisei: "Acho que agora não vou conseguir fazer nada...". Mas ela fez por onde, não exigiu demais e se contentou em me chupar.
Não posso negar, foi melhor do que a primeira vez. Mas a minha fome beirava o desespero depois de tantas horas e, finalmente, ela se ligou e se despediu de mim.
No outro fim de semana, chegou a me chamar para sair, mas preferi ficar na minha. "Pena, você ia enfeitar a festa", respondeu.
Algumas mulheres têm essa mania de se desvalorizar, se preparando para o caso do cara se decepcionar com o que vir. Isso é um erro: a gente não se importa com detalhes, a gente se importa com o momento e, se não rolar tesão, não tem nada que se possa dizer para justificar ou consertar isso, mas se rolar, é muito fácil estragar tudo. Na dúvida, é melhor ficar quieta.
23 de maio de 2012
AFINAL, O QUE VOCÊ QUER?
Da primeira vez que eu a vi, tive o panorama completo! Nada como conhecer alguém na praia, não há nada físico para esconder. Era linda, seios na medida, tudo no lugar! E como era inteligente! Ela estava com uma grande amiga minha e nos encontramos para tomar um coco. Chamei-a para dar um mergulho e ela topou.
A partir daí nossos contatos foram se estreitando. Me aproximei de seu grupo de amigos, pessoas muito interessantes, um novo nicho se abriu. Inventamos de fazer aula de teatro e os contatos começaram a ficar mais físicos.
Convidei-a para assistir Avatar, ela esnobou e me mandou ver o novo filme do Almodóvar. Respondi que me convidasse e ela o fez.
Cinema costuma ser barbada: é só olhar para o lado, se ela estiver olhando, não há nada mais a ser dito. Só que, dessa vez, não foi bem assim. Nos encontramos no shopping, ela estava linda como sempre, deliciosa de branco. O filme passava, eu olhava para ela e ela olhava para frente. Mais um tempo, eu olhava para ela e ela, para frente. O filme terminou... e nada.
Continuou me chamando para sair, tomar chope, às vezes com os amigos, às vezes sozinhos. Eu pegava na mão, ela correspondia. Eu me aproximava, ela se afastava. Eu deixei bem claro o que queria e ela disse "não me olha assim", entre o deleite e o constrangimento. Quantas vezes tirei sua roupa com os olhos e ela sabia que, mesmo vestida, eu a via nua!
Mas paciência tem limite e a minha acabou. Fomos nos afastando, perdendo contato... encontrei-a mais de um ano depois numa livraria, lugar óbvio para nós dois. Um papo tenso de menos de um minuto. Depois soube que voltou a morar com o ex, para ser tão feliz ou infeliz quanto antes.
Acho que, no fundo, ela teve medo. Havia pouco tempo que tinha se separado e sentira que, comigo, a coisa seria séria. Mas talvez isso seja uma fantasia para satisfazer meu narcisismo. O fato é que nunca perguntei, afinal, o que ela queria.
A partir daí nossos contatos foram se estreitando. Me aproximei de seu grupo de amigos, pessoas muito interessantes, um novo nicho se abriu. Inventamos de fazer aula de teatro e os contatos começaram a ficar mais físicos.
Convidei-a para assistir Avatar, ela esnobou e me mandou ver o novo filme do Almodóvar. Respondi que me convidasse e ela o fez.
Cinema costuma ser barbada: é só olhar para o lado, se ela estiver olhando, não há nada mais a ser dito. Só que, dessa vez, não foi bem assim. Nos encontramos no shopping, ela estava linda como sempre, deliciosa de branco. O filme passava, eu olhava para ela e ela olhava para frente. Mais um tempo, eu olhava para ela e ela, para frente. O filme terminou... e nada.
Continuou me chamando para sair, tomar chope, às vezes com os amigos, às vezes sozinhos. Eu pegava na mão, ela correspondia. Eu me aproximava, ela se afastava. Eu deixei bem claro o que queria e ela disse "não me olha assim", entre o deleite e o constrangimento. Quantas vezes tirei sua roupa com os olhos e ela sabia que, mesmo vestida, eu a via nua!
Mas paciência tem limite e a minha acabou. Fomos nos afastando, perdendo contato... encontrei-a mais de um ano depois numa livraria, lugar óbvio para nós dois. Um papo tenso de menos de um minuto. Depois soube que voltou a morar com o ex, para ser tão feliz ou infeliz quanto antes.
Acho que, no fundo, ela teve medo. Havia pouco tempo que tinha se separado e sentira que, comigo, a coisa seria séria. Mas talvez isso seja uma fantasia para satisfazer meu narcisismo. O fato é que nunca perguntei, afinal, o que ela queria.
2 de maio de 2012
BABY SITTING
Talvez uma das minhas maiores qualidades seja também a que mais me dá trabalho: eu me sinto responsável pelas pessoas. De uma forma muito estranha, isso não envolve culpa, mas eu não consigo deixar de fazer algo por alguém que vai se ferrar muito caso não conte com a minha ajuda. Foi o que aconteceu nesse dia.
Já no fim da night, o sol começando a evaporar as poças da chuva, lá estava eu sendo expulso da boate porque a galera precisava ir dormir. Me deparei com uma menina que, com certeza, não tinha idade para estar lá.
– O que você tá fazendo aí?
– Esperando a namorada do meu irmão acordar.
– Onde ela está?
– No carro.
Logo pensei que devia fazer alguma coisa, pois se a moça estava dormindo no carro, certamente não tinha condições de dirigir para casa. Fui lá ver e, de fato, não havia como deixá-las à própria sorte. Conversei com os seguranças da boate, que já me conheciam, que me autorizaram a pegar o carro para exercer a atividade não remunerada de motorista.
A primeira coisa que vi: o carro estava entulhado de coisas. Coisas de casa, roupas... Assim que entrei, a bela adormecida me deixou rolar de sua mão uma maçaneta – daí comecei a pedir explicações. A mais nova, que descobri ter catorze anos, me explicou que sua cunhada havia sido despejada e a fechadura, trocada e, subsequentemente, arrombada. Logo pensei: "O que é que eu fui arrumar!".
A pequena me guiou direito e ajudei a subir a moça, que por sinal era muito bonita, devia ter mais ou menos a minha idade, talvez um pouco mais nova. Inocentemente, a menina me pediu ajuda para botá-la na cama, mas eu recusei. Depois descemos para comprar café da manhã no McDonald's. Conversamos, trocamos contato, e levamos um café da manhã para sua casa.
Eu entendo que as pessoas estejam mal, se acabem de beber e tal. Mas jamais conseguiria ser tão irresponsável com uma menina dessa idade.
Mantivemos contato por um tempo, depois nos afastamos, e retomamos, eu e as duas. Uns dois anos depois, a ex-bêbada me chamou para sair e eu aceitei. Fomos para a mesma boate, onde ela me deixou esperando por uma hora na porta.
É claro que acabamos ficando, mesmo com ela jurando que não me chamou para isso. Conversamos um pouco mais e comecei a ficar incomodado com a falta de conteúdo. Não cheguei a me arrepender de ficarmos, quase sempre prefiro ter uma história para contar, mas ela não era tão inteligente quanto achava ser e, sinceramente, era mais interessante bêbada e apagada no banco do carro.
Já no fim da night, o sol começando a evaporar as poças da chuva, lá estava eu sendo expulso da boate porque a galera precisava ir dormir. Me deparei com uma menina que, com certeza, não tinha idade para estar lá.
– O que você tá fazendo aí?
– Esperando a namorada do meu irmão acordar.
– Onde ela está?
– No carro.
Logo pensei que devia fazer alguma coisa, pois se a moça estava dormindo no carro, certamente não tinha condições de dirigir para casa. Fui lá ver e, de fato, não havia como deixá-las à própria sorte. Conversei com os seguranças da boate, que já me conheciam, que me autorizaram a pegar o carro para exercer a atividade não remunerada de motorista.
A primeira coisa que vi: o carro estava entulhado de coisas. Coisas de casa, roupas... Assim que entrei, a bela adormecida me deixou rolar de sua mão uma maçaneta – daí comecei a pedir explicações. A mais nova, que descobri ter catorze anos, me explicou que sua cunhada havia sido despejada e a fechadura, trocada e, subsequentemente, arrombada. Logo pensei: "O que é que eu fui arrumar!".
A pequena me guiou direito e ajudei a subir a moça, que por sinal era muito bonita, devia ter mais ou menos a minha idade, talvez um pouco mais nova. Inocentemente, a menina me pediu ajuda para botá-la na cama, mas eu recusei. Depois descemos para comprar café da manhã no McDonald's. Conversamos, trocamos contato, e levamos um café da manhã para sua casa.
Eu entendo que as pessoas estejam mal, se acabem de beber e tal. Mas jamais conseguiria ser tão irresponsável com uma menina dessa idade.
Mantivemos contato por um tempo, depois nos afastamos, e retomamos, eu e as duas. Uns dois anos depois, a ex-bêbada me chamou para sair e eu aceitei. Fomos para a mesma boate, onde ela me deixou esperando por uma hora na porta.
É claro que acabamos ficando, mesmo com ela jurando que não me chamou para isso. Conversamos um pouco mais e comecei a ficar incomodado com a falta de conteúdo. Não cheguei a me arrepender de ficarmos, quase sempre prefiro ter uma história para contar, mas ela não era tão inteligente quanto achava ser e, sinceramente, era mais interessante bêbada e apagada no banco do carro.
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