Ela passou sorrindo, parou e olhou para mim. Era bonitinha, nada que chamasse tanta atenção, mas tinha um belo sorriso de 22 aninhos. A tira colo, a amiga feia. Eu estava numa exposição agropecuária no interior de Minas (álcool, música ruim e mulheres bonitas – ou, pelo menos, arrumadas –, para quem não sabe como funciona), já era o terceiro dia e eu ainda no zero.
Nome, de onde é, etc... eu já mencionei que sou péssimo em
abordagens? Mas, é aquilo, quando uma mulher responde ao seu pior papo, é porque ela realmente está interessada. Até que começamos a achar coisas em comum:
– Musiquinha ruim, né? Mas pelo menos é animada.
– Você também acha?
– É. Eu gosto mesmo é de rock.
– Adooooooro...
– Gosto muito de Beatles...
– Adooooooro...
Bom, o assunto estava acabando e eu lhe dei logo um beijo para que não precisássemos mais falar. Estava fácil, tudo ela adorava. Ela não parecia nada bêbada, mas disse que já tinha tomado todas e eu com apenas umas duas cervejas no sangue.
A amiga, sim, parecia alucinada e só sabia falar nome de hotel do Rio de Janeiro. Acho que ela trabalhava no atendimento de alguma coisa que tinha hotéis como clientes, sei lá. Por mais que eu tentasse ficar em paz com a garota, a outra vinha falando alguma coisa para ela ou para mim. E eu havia falhado em todas as tentativas de arrumar um amigo para fazer o trabalho sujo.
A coisa começou a esquentar quando eu percebi que ela me deixaria fazer o que quisesse. Em poucos instantes, minha mão estava dentro de sua calcinha no meio de uma multidão de milhares de pessoas. "Adooooooro..." – sussurrou no meu ouvido. A tensão aumentava e eu a puxei pelo cabelo para controlar o beijo.
– Adoro que me puxe pelo cabelo, adoro sexo selvagem!
– Vamos embora daqui!
– E minha amiga?
– A gente volta!
– Ela não conhece ninguém aqui, não vou fazer isso...
Confesso que admirei sua lealdade, apesar de tudo. Até que veio a salvação: a amiga conheceu um cara que ia arrumar um baseado para a gente. Eu não estava com a menor vontade de fumar, mas qualquer pretexto era bom para um pouco de privacidade.
Fomos para uma rua sem saída que era usada como estacionamento. Ela e o cara foram para um lado, eu e a garota ficamos atrás de um carro. Lá a coisa esquentou e ela começou a me falar de suas fantasias: "Adoro correr perigo, adoro que gozem na minha boca...", até que a amiga...
– Vocês não vêm fumar?
– Depois!, respondi já sem paciência.
Abri minha calça e... "Cueca branca... adooooooro!". Ela já estava para lá de molhada e sua mão deslizava por dentro da minha cueca. Até que sua amiga...
– Vamos voltar?
– Porra, caralho, putaquepariu! – foi minha reação, mas ela não ouviu. – Sei que é sua amiga, mas ela é chata pra caralho!
Ela riu. "Só um carioca fala palavrão desse jeito". Talvez.
Pelo menos a amiga partiu. E lá estávamos, sozinhos, atrás de um carro onde dificilmente seríamos achados. Resolvi realizar uma de suas fantasias: "Posso gozar na sua boca agora...".
Preciso dizer que ela sabia o que estava fazendo. Eu a controlava pelo cabelo até achar a velocidade perfeita e o resto era com ela. Senti que ia gozar muito e achei melhor avisar, mas ela tinha experiência: conseguiu engolir tudo.
Ficamos menos de um minuto depois disso e voltamos conversando como se nada tivesse acontecido. Chegando de volta à exposição, o show já havia acabado e um DJ colocava músicas tão ruins quanto as que eu ouvira ao vivo. Encontramos a amiga empata-foda, que quis ir embora.
Ótimo, aquilo não ia evoluir mais do que isso e o auge da minha noite já havia passado. Trocamos telefone e o endereço do messenger. O olhar de admiração dela por mim não cessava, provavelmente como o meu olhar de cafajeste em relação a ela. Nos despedimos com um selinho e ela partiu.
Imaginei que, se ela tivesse topado sair de lá comigo para um motel, àquela altura eu estaria me vestindo ou pagando a conta. E concluí que, às vezes, a praticidade e a superficialidade de um boquete atrás do carro a céu aberto superam a troca intensa e complexa que o sexo representa. Adoro.