Sabe aquela hora na novela em que a personagem está solitária com seu sofrimento e entra aquela música para acompanhar? Todos nós temos as trilhas sonoras de nossos momentos ou das pessoas que são ou foram importantes em algum momento de nossas vidas.
Quando eu estava apaixonado por ela, havia uma música que não parava de tocar na novela. Chamava-se "For your babies", do Simply Red, e falava "I don't believe in many things, but in you, I do". Pouco depois, quando meu pai comprou o CD do "Help!", era a música "It's only love" que me atormentava, repetindo no microsystem.
No ano seguinte, tive um amor infantil pela Natália Lage, que trabalhava na novela Perigosas Peruas. Acho que foi mais pela perspectiva que tive de conhecê-la pessoalmente (tínhamos uma amiga em comum) do que por qualquer outra coisa. A música era "Tears in heaven", do Eric Clapton.
Mais do que pessoas, essas músicas marcaram época. "Smells like teen spirit" é a trilha da adolescência de qualquer roqueiro que está por volta dos trinta anos. No meu terceiro ano, em 1995, tinha uma fita com o Nevermind de um lado e o Dookie do outro – e era só o que eu ouvia! Depois, com a minha primeira banda, a música "Daqui por diante", do Barão, foi minha primeira incumbência. Logo depois, "Follow you down", do Gin Blossoms, tocava direto na Rádio Cidade. "Glad to be unhappy", do The Mamas & The Papas, fez parte de momentos tristes da minha vida.
Hoje? Tenho inundado tanto meus ouvidos e tão pouca coisa boa toca na rádio que talvez nenhuma música me lembre esse momento. Talvez um pouco de Keane, até porque fui no show no mês passado. Mas é muito pouco para marcar uma época tão boa da minha vida.
29 de maio de 2007
23 de maio de 2007
... E ELA CHOROU
Começou com um luau, na pedra do Arpoador. Ela era amiga de outro amigo meu, um cara meio louco, mas que na época era apenas excêntrico. Eu estava deixando meu cabelo crescer, tinha minha banda e estava de bem comigo mesmo. Ela parecia insegura, era interessante e gostava de rock.
Eu não tocava violão muito bem, mas arranhava um pouco. Um cara que tocava melhor levou alguma coisa do Oasis e dos Beatles. Tomamos algumas cervejas compradas num posto ali perto, algumas viraram muitas e eu... bem, passei um pouco dos limites. A uma certa hora, abri os braços e larguei meu corpo da pedra. "Não vai não", disse-me meu melhor amigo, puxando-me de volta. Até hoje não sei o que deu em mim naquele momento.
Bem, ela estava lá e me notou. Eu nem liguei. Durante algum tempo, ela insistiu em sair comigo, mas acabou saindo mesmo foi com meu amigo que tentou, mas não conseguiu levá-la para a cama (ela era virgem). Ela reclamava que ele sempre estava um bagaço e ele dizia que se ela não o queria por inteiro, que ficasse com os restos. Não durou muito, evidentemente.
Meses mais tarde, talvez um ou dois anos, não me lembro, voltamos a nos encontrar numa festa num terraço no Humaitá. Meu amigo ficou a fim de uma garota e seu ex-caso fazia as vezes de empata-foda. Olhei para ele e disse: "deixa comigo". Peguei-a para comprarmos cerveja, levei-a para a Pedra do Leme e lá mesmo ficamos.
Como beijava mal, coitada. Usava mais os dentes do que qualquer coisa. Não nos demoramos muito, mas quando chegamos à festa, descobri que meu esforço fora em vão. Meu amigo não saiu do zero a zero e zarpamos de lá.
Durante várias semanas ela ficou me ligando, apesar de eu ser bem claro sobre não querer nada com ela. Depois de um "eu te amo" lamentável de sua parte, resolvi escancarar. "Você não entendeu: meu amigo queria ficar com a sua amiga e você não estava deixando. Tive que te tirar do caminho". Bem que depois fui alertado que minha sinceridade machuca.
E ela chorou.
Eu não tocava violão muito bem, mas arranhava um pouco. Um cara que tocava melhor levou alguma coisa do Oasis e dos Beatles. Tomamos algumas cervejas compradas num posto ali perto, algumas viraram muitas e eu... bem, passei um pouco dos limites. A uma certa hora, abri os braços e larguei meu corpo da pedra. "Não vai não", disse-me meu melhor amigo, puxando-me de volta. Até hoje não sei o que deu em mim naquele momento.
Bem, ela estava lá e me notou. Eu nem liguei. Durante algum tempo, ela insistiu em sair comigo, mas acabou saindo mesmo foi com meu amigo que tentou, mas não conseguiu levá-la para a cama (ela era virgem). Ela reclamava que ele sempre estava um bagaço e ele dizia que se ela não o queria por inteiro, que ficasse com os restos. Não durou muito, evidentemente.
Meses mais tarde, talvez um ou dois anos, não me lembro, voltamos a nos encontrar numa festa num terraço no Humaitá. Meu amigo ficou a fim de uma garota e seu ex-caso fazia as vezes de empata-foda. Olhei para ele e disse: "deixa comigo". Peguei-a para comprarmos cerveja, levei-a para a Pedra do Leme e lá mesmo ficamos.
Como beijava mal, coitada. Usava mais os dentes do que qualquer coisa. Não nos demoramos muito, mas quando chegamos à festa, descobri que meu esforço fora em vão. Meu amigo não saiu do zero a zero e zarpamos de lá.
Durante várias semanas ela ficou me ligando, apesar de eu ser bem claro sobre não querer nada com ela. Depois de um "eu te amo" lamentável de sua parte, resolvi escancarar. "Você não entendeu: meu amigo queria ficar com a sua amiga e você não estava deixando. Tive que te tirar do caminho". Bem que depois fui alertado que minha sinceridade machuca.
E ela chorou.
19 de maio de 2007
"IF IT FEELS GOOD, IT MUST BE BAD"
Não é segredo que sou um admirador de uma pornografia bem feita. Não essa toscaria que rola na internet, esse tipo de coisa só dá para assistir por uns cinco minutos. Depois, como dizia um amigo meu, "é nojento, parece que a gente está vendo uma vaca transando". De fato, uma punheta e não agüentamos mais nem olhar para a tela.
Mas existem os "pornô cult", como o Deep Throat, Taboo, Autobiography of a Flea, entre outros, que podem – e devem – ser assistidos até o fim. Desses, o que eu acho mais interessante se chama Alice in Wonderland, que é uma versão pornográfica do livro do Lewis Carroll. No início do filme, a personagem-título, ao ser tocada por uma das criaturas fantásticas, fala "I guess you could say it feels good. Well, if it feels good, there's a good chance it must be bad", algo do tipo "Se é gostoso, há uma boa chance de que seja ruim".
Temos medo do que é bom. Temos medo de nos entregarmos a experiências por causa de uma possível decepção. Ou, mais freqüentemente, por um sentimento de culpa de cujo motivo nem desconfiamos. No fundo, talvez tenhamos muito medo de sermos felizes.
Mas existem os "pornô cult", como o Deep Throat, Taboo, Autobiography of a Flea, entre outros, que podem – e devem – ser assistidos até o fim. Desses, o que eu acho mais interessante se chama Alice in Wonderland, que é uma versão pornográfica do livro do Lewis Carroll. No início do filme, a personagem-título, ao ser tocada por uma das criaturas fantásticas, fala "I guess you could say it feels good. Well, if it feels good, there's a good chance it must be bad", algo do tipo "Se é gostoso, há uma boa chance de que seja ruim".
Temos medo do que é bom. Temos medo de nos entregarmos a experiências por causa de uma possível decepção. Ou, mais freqüentemente, por um sentimento de culpa de cujo motivo nem desconfiamos. No fundo, talvez tenhamos muito medo de sermos felizes.
14 de maio de 2007
EUFORIA
Eu sei como funciona: são alguns dias em que não cabemos em nós mesmos, normalmente por uma mudança positiva ou apenas uma mudança que nos tire de uma rotina massacrante.
Finais de relacionamento, por exemplo, quando não se convertem em depressão, concluem-se numa euforia, uma sensação de liberdade e desapego, algo inconclusivo com inúmeras possibilidades das quais apenas uma ou outra são aproveitadas.
E há o amor: quando deixa de ter destino certo, nos inunda e se espalha para além do nosso corpo. Dizem ser como um comprimido de ecstasy. É como Lester Burnham diz ao final do filme Beleza Americana: "Às vezes, há tanta beleza no mundo que sinto que não vou agüentar, como se meu coração fosse sucumbir".
Finais de relacionamento, por exemplo, quando não se convertem em depressão, concluem-se numa euforia, uma sensação de liberdade e desapego, algo inconclusivo com inúmeras possibilidades das quais apenas uma ou outra são aproveitadas.
E há o amor: quando deixa de ter destino certo, nos inunda e se espalha para além do nosso corpo. Dizem ser como um comprimido de ecstasy. É como Lester Burnham diz ao final do filme Beleza Americana: "Às vezes, há tanta beleza no mundo que sinto que não vou agüentar, como se meu coração fosse sucumbir".
Mas precisamos aprender a dosar essa euforia, pois toda a energia que ela gasta será cobrada depois. E, se não segurarmos a onda, a depressão entra de sola.
10 de maio de 2007
SONHOS SONHOS SÃO
Da primeira vez, senti-me mal, culpado. Dormia abraçado com ela (apenas um caso complicado) e me veio a imagem. Era alguém que sequer era bonita, mas por algum motivo me dava tesão – e era louca para transar comigo. Acordei mal, olhei para o lado e tive vontade de voltar para a minha casa.
Outra vez, eu ainda estava apaixonado. Tive um sonho altamente erótico com uma garota por quem eu fora apaixonado e com sua irmã gêmea – a fantasia clássica. No sonho, ela tinha uma tatuagem de uma rosa que subia por sua barriga até próximo a seus seios. Eu já estava beijando seu corpo quando acordei.
Dessa vez, a sensação foi diferente. Fiquei irritado por acordar, aquele ménage prometia muito. E provavelmente era a única maneira de transar com essa garota.
Sonhos são apenas sonhos, manifestações incontroláveis do inconsciente, e não podem – nem devem – envolver culpa. E, muitas vezes, são a única maneira de satisfazer nossas fantasias.
Outra vez, eu ainda estava apaixonado. Tive um sonho altamente erótico com uma garota por quem eu fora apaixonado e com sua irmã gêmea – a fantasia clássica. No sonho, ela tinha uma tatuagem de uma rosa que subia por sua barriga até próximo a seus seios. Eu já estava beijando seu corpo quando acordei.
Dessa vez, a sensação foi diferente. Fiquei irritado por acordar, aquele ménage prometia muito. E provavelmente era a única maneira de transar com essa garota.
Sonhos são apenas sonhos, manifestações incontroláveis do inconsciente, e não podem – nem devem – envolver culpa. E, muitas vezes, são a única maneira de satisfazer nossas fantasias.
4 de maio de 2007
SUJEITO OCULTO VAI AO EXÉRCITO
O alistamento nunca é uma coisa muito agradável. Ainda se é muito novo e sempre há o medo de ser convocado. Depois, ficar esperando aquele constrangimento de abaixar as calças na frente de todo o mundo e mostrar o saco pro major... realmente é algo que à maioria dos homens não agrada muito.
Eu não tinha arrumado pistolão e estava extremamente preocupado em ir para no CPOR (já que eu tinha passado no vestibular) ou mesmo ir servir em algum batalhão. O alistamento em si não foi nada demais, apenas a medição de altura e a conferência de alguns documentos.
Dias depois, fui convocado para o exame médico. Consistia em pegar o 474 para Triagem de madrugada (o metrô não funcionava às 5h da manhã) e esperar na fila juntamente com um monte de funkeiros (o funk vivia uma espécie de auge entre as classes mais baixas do Rio. A classe média apenas o incorporou mais tarde) com celulares de brinquedo e abaixar as calças na frente de um militar.
Ao ser chamado para o exame médico, fiquei aliviado, apesar de tudo. Havia dois garotos que, por razões médicas, não poderiam servir. Tive um pouco de inveja; eles estariam livres dentro de pouco tempo. Subimos.
Eu já estava alinhado para o tal exame quando o Major me mandou subir na balança. Menos de sessenta quilos para mais de um metro e oitenta e cinco centímetros de altura. Ele olhou para a minha cara e riu:
– Você, halterofilista da Etiópia, aguarda aqui do lado para ser liberado!
Eu não tinha arrumado pistolão e estava extremamente preocupado em ir para no CPOR (já que eu tinha passado no vestibular) ou mesmo ir servir em algum batalhão. O alistamento em si não foi nada demais, apenas a medição de altura e a conferência de alguns documentos.
Dias depois, fui convocado para o exame médico. Consistia em pegar o 474 para Triagem de madrugada (o metrô não funcionava às 5h da manhã) e esperar na fila juntamente com um monte de funkeiros (o funk vivia uma espécie de auge entre as classes mais baixas do Rio. A classe média apenas o incorporou mais tarde) com celulares de brinquedo e abaixar as calças na frente de um militar.
Ao ser chamado para o exame médico, fiquei aliviado, apesar de tudo. Havia dois garotos que, por razões médicas, não poderiam servir. Tive um pouco de inveja; eles estariam livres dentro de pouco tempo. Subimos.
Eu já estava alinhado para o tal exame quando o Major me mandou subir na balança. Menos de sessenta quilos para mais de um metro e oitenta e cinco centímetros de altura. Ele olhou para a minha cara e riu:
– Você, halterofilista da Etiópia, aguarda aqui do lado para ser liberado!
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