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sexta-feira, 23 de junho de 2017

SER FORA DO MEIO



Seria um clichê despudorado, um chove não molha daqueles que toda a comunidade está cansada de dizer e repetir, como se fosse um mantra, para nunca esquecerem: ser fora do meio é um horror!

Isso seria verdade caso a  sentença em si não estivesse plena de sofismas conceituais, elegendo-a na categoria de um rótulo minimalista, que não serve para nada, produzindo a solução mágica, contudo não atacando o problema de fato.

A nossa militância, ou melhor, a nossa comunidade não difere muito do pensamento religioso e seu modus operandi: o tempo todo está à procura dos inimigos externos. A religião não sobreviveria sem eles, afinal, dão forma, sabor, é aquele tempero que condiciona o ideal, é o paradigma que aponta contra o que e quem se lutar. Não bastasse o preconceito, passamos eleger inimigos secundários, começamos em nome de uma diversidade infinita diluir-nos em siglas, acrônimos, como se um preconceito comum a todos fosse específico de um grupo dentro da comunidade e não de outros.

Dessa forma, passamos a fazer a militância do substantivo sufixado: alguma coisa + fobia.  Diluídos nesse autismo conceitual de tribos sectárias (todos contra todos), não estamos conseguindo nos enxergar, olhar para nós mesmos e dizer que, às vezes, temos sido ridículos.

Fui, junto com tantos outros, defensor de que homossexuais tivessem o direito de constituir família reconhecido e aceito no campo jurídico brasileiro, isso aconteceu em 05 de maio de 2011, data histórica para nossa comunidade, mas o que se viu de lá até hoje é desanimador.

Teríamos que entender que a família moderna está para muito além do conceito de família nuclear, mas isso não foi  nem é refletido dentro de nossa comunidade, que se alegra em reproduzir o modelo família heterossexual feliz: imitam as cerimônias religiosas; as juras de fidelidade e amor eternos; os ritos são exatamente os mesmos.  Desta feita, não conseguem se reinventar fora do modelo heteronormativo e sem autocrítica disparam contra: cis, ativos, brancos, homens dentro do padrão,  etc...  contra os inimigos que elegeram para um grupo específico da sigla, como se todos nós não estivéssemos exatamente no mesmo barco e como se também não elegessem o “padrão” para si mesmos.

Agora  pouco,  lia sobre a nova moda de clareamento anal e chamou-me a atenção um comentário dizendo que a culpa disso é do ativo, padrãozinho, fora do meio que tem que ter sua necessidade satisfeita. Obvio que minha mente foi longe, afinal, primeiro, quem é que examina, EXCLUSIVAMENTE,  a cor do ânus de alguém antes de penetrar?: “Ah não meu caro! Seu ânus não é da cor que me dá tesão”, ou “Ei, estou a fim de penetrar em você, deixe-me ver se o seu ânus tem a cor padrão para minha pulsão sexual específica”. Segundo, como pode ser culpa desse ou daquele, antes de ser da pessoa que se submete ao clareamento?

A questão é que para tudo temos que apontar a culpa de alguém eleito para ser esse inimigo externo secundário, que vem tornando a nossa causa líquida, diluída e sem senso.  Fui pesquisar o que é ser fora do meio e, pasmo, descobri que é aquela pessoa que não gosta de frequentar boates, saunas, bares ou qualquer coisa do meio homossexual. Estritamente por isso essas pessoas são alvos das críticas da comunidade, mas a grande pergunta que se deveria fazer é:  tais pessoas que não gostam de frequentar os ambientes são preconceituosas por isso, ou por difundirem comportamento heteronormativo contra a comunidade?

Talvez, não é regra, mas a pessoa não gosta dos programas que o universo LGBT oferece, mas não necessariamente esteja enquadrando um padrão heteronormativo, apenas não se diverte nele.  Os transgêneros, por exemplo, muitos não gostam, não aceitam que se diga que, no passado, eles tinham outro sexo diferente do que possuem depois de operados, alguns até afirmam: “eu sou mulher”, ou invés de afirmarem: “eu sou homossexual”.

 Isso para mim, essa atitude, sim, é preconceito contra a homossexualidade e se não bastasse, hoje, fica a acusação de uns contra outros, minando o entendimento que nossa luta é contra a homofobia que se dá em desmerecimento de gays, lésbicas, travestis, transexuais, enfim, de todos que se atraem por pessoas do mesmo sexo biológico.


E o que temos feito sem nos darmos conta é: estamos reproduzindo a heteronormatividade no meio da homossexualidade sem nos descobrir, estamos nos atacando, todos contra todos, em nome do não cultivar preconceitos, mas  nos odiando mutuamente. Nosso papel não é fácil, pois temos que inventar um jeito de ser homossexuais, sem a imposição social, mas nosso jeito próprio e comum de ser. Enquanto importarmos o ódio social, que nos é jogado todos os dias, contra os acrônimos e os rótulos minimalistas não estaremos sendo nós mesmos, apenas reproduzindo tacitamente (e cegamente) o comportamento social que nos acusam e nos condicionam na marginalidade como párias e escórias da sociedade ideal.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ainda falando sobre promiscuidade


Ainda pensando sobre o comportamento sexual, algumas pessoas tendem a confundir a promiscuidade com a prostituição, obviamente, tendo, a partir de uma leitura cristã, os valores elencados.

Essa seria uma discussão exaustiva, caso se fosse aprofundar no mérito, entretanto, pode-se compreender o conceito prostituição dentro da cultura cristã e, para a surpresa de muitos, é mutável , tal conceito, dentro da própria Bíblia. Assim, muitas vezes a prostituição é somente feminina, no caso da mulher pega em flagrante adultério, somente a mulher é levada em julgamento; outras vezes, ela é somente uma questão ritualística, alguém está adorando outros deuses e não Yahweh; outras vezes, adquire um sinônimo abrangente, sendo todo aquele que vive uma vida sem regras, desregrada, entretanto, no caso do Filho Pródigo, que vivia essa vida dissoluta, ele não é acusado de prostituição; ainda há a prostituição cultual, envolvendo homens e mulheres, o sexo ganha a esfera sagrada e, por ser prática dos cananeus que rivalizavam com Israel,  assume o peso da abominação.  

Há ainda o comportamento bíblico, perfeitamente aceitável na cultura hebraica, mas que hoje seria,  para os ocidentais cristãos, atos de prostituição, por exemplo:  Abraão teve mais de uma mulher;  Salomão um harém;  no Novo Testamento há a recomendação apostólica que o bispo seja esposo de apenas uma mulher, tal recomendação revela a prática da poligamia entre os próprios cristãos como algo natural.

Como a questão é cultural, a promiscuidade, muitas vezes levantada contra os homossexuais, é um entendimento que não foge à esfera. Nossa sociedade foi educada, por anos, por séculos, a primar por um comportamento “ideal”: o homem monogâmico e macho, que se casa com uma mulher monogâmica submissa e tem filhos. Os gays não têm espaço nessa construção de mundo, a eles resta apenas à sentença de viverem marcados com a desonra da promiscuidade, dos encontros furtivos, à noite, nos becos, vielas, nos guetos, contraindo todas as espécies de doenças, correndo todos os riscos de mortes imagináveis, vivendo solitários, sem família, destruídos pelo próprio comportamento sexual, marginal.

Obviamente, que o ser humano é capaz de ressignificar o seu espaço, inclusive os espaços de opressão, não sendo diferente com a comunidade homossexual que, através de alguns pensadores ilustres e gays, assumiram o modus vivendi , trouxeram expectativas e chocaram a sociedade conservadora, quando declararam o orgulho de serem gays, e de viverem à moda gay.

A intensificação do discurso da promiscuidade como pecado e a tentativa de se negar os direitos civis aos mesmos, por exemplo, o casamento gay,  são as apelações dos reforços de se deixar na marginalidade aqueles que não se enquadram nos parâmetros heterossexuais cristãos dessa sociedade.  Ou seja, não dar espaços iguais para que o preconceito e a segregação continuem regendo um valor injusto. Aqui, nesse aspecto, tem-se uma questão crucial, como a promiscuidade gay é renegada ao subcomportamento desde o século XIX, e o orgulho gay ser uma novidade do final do século XX, a compreensão de que a promiscuidade seja algo imundo, seja pecado, seja nefasta, é compreensão tácita, o que faz de muitos gays, muitos deles jovens, que vivem às voltas com o mundo, entrarem em verdadeiras crises existenciais por não compreenderem adequadamente o papel social que desempenham e a conformidade de seus desejos e satisfações, enquanto seres humanos.


Nestes aspectos a promiscuidade é tão somente uma questão de leitura a quem serve o discurso e para onde se caminha na construção da identidade gay no século XXI. Tentadora a reflexão, que continuaremos em uma próxima oportunidade.  

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Brasil, um país de todos?


Menos dos homossexuais, que estão indo para o Canadá!
Enquanto o governo da presidente Dilma , que não é muito versada nas regras gramaticais da língua portuguesa e, insiste em ser chamada de presidenta, isso se deve ao fato que quando estudante, ninguém disse para ela que não existe ESTUDANTA ( aliás, na atual conjuntura, penso que o sufixo ANTA casa bem com nossa presidente! ). Engrossa a agressão contra os homossexuais e vertiginosamente incentiva o derramamento de sangue pelo Brasil, o governo do Distrito Federal coloca casal gay em campanha de camisinha:

Enquanto o Governo Federal  veta a campanha voltada ao público gay para o uso de preservativos durante o carnaval, o Governo do Distrito Federal colocou um casal gay em meio a tantos outros em sua campanha.
No vídeo, aparecem vários tipos de casais: mais experientes, mais recentes, magrinhos, “pequenininho”, “grandão” e “fortão”, este último formado por dois homens que conversam e dão risada em clima de intimidade sem problema algum em meio ao pagode que rola no vídeo.

A mensagem final diz que “Nesse carnaval, seja qual for o seu parceiro, use camisinha!”.





O fato é que a política de Dilma, a presidenta com sufixo ANTA, vem paulatinamente desagradando a comunidade LGBT, e quem em resposta, ativistas em Brasília vão protestar contra o veto da propaganda gay do ministério da saúde:


Os ativistas do grupo Estruturação convidam LGBTs e simpatizantes para protesto na porta do Ministério da Saúde contra o veto à propaganda gay que seria veiculada durante o carnaval.

O ato vai ocorrer na quarta-feira (15) a partir das 17h. Serão distribuídos panfletos aos transeuntes e agitadas bandeiras do arco-íris e cartazes contra a medida.

Para o presidente do Estruturação, Michel Platini, “é inaceitável o mesmo ministério que reconhece o fato de a epidemia de AIDS dentre gays ser alta tirar do ar uma propaganda que contribuiria para diminuir os casos de transmissão. Nada explica tal ação, a não ser um conservadorismo moral que não combina com uma democracia e com o bem da saúde pública.”

Informações pelo telefone 61 8141-3113 ou pelo e-mail [email protected]

E enquanto nossa presidente, que prefere o sufixo ANTA, está no Brasil das maravilhas, no Pará, gay é espancado e enterrado vivo :

Um homossexual foi espancado e enterrado vivo à beira de uma estrada nas proximidades de Altamira, no oeste do Pará, mas conseguiu sobreviver.

A polícia acredita que se trate de um caso de roubo com tentativa de homicídio, mas o movimento LGBT da região diz que o crime tem relação com homofobia.

Ainda segunda as investigações, um dos acusados pelo crime mantinha um relacionamento com a vítima.
Anízio Uchôa, 50, professor de uma escola municipal, foi amordaçado em sua casa e teve bens roubados. Em seguida, foi levado a uma estrada vicinal, onde foi espancado e enterrado em uma vala.

De acordo com a polícia, o crime foi cometido por Jefferson Mello, 21, que mantinha um relacionamento com o professor, e por Thaisson de Souza, 23. Eles foram detidos no mesmo dia e confessaram o crime.
Acredita-se que o crime tenha sido cometido porque Jefferson não queria que ninguém soubesse do relacionamento com entre eles.

Com informações do site Cena G

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Deputado vai apresentar pedido de plebiscito sobre validade da união gay no Brasil




O deputado federal e pastor membro daFrente Evangélica Marco Feliciano conseguiu reunir na Câmara na última quarta-feira (26), as assinaturas necessárias para pedir um plebiscito sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil, reconhecido nesta semana pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).


O plebiscito sobre a união homoafetiva será convocado por meio de Projeto de Decreto Legislativo e vai questionar se a união de pessoas do mesmo sexo é uma entidade familiar ou não. O deputado quer saber a opinião do povo porque acredita que seus colegas não se sentem à vontade sobre o tema.

Fonte Cena G

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Instrutor é demitido após sexo com recepcionista em salto de paraquedas


Alex Torres também trabalha como ator pornô. Departamento de Polícia de Taft abriu investigação.



                            Alex Torres e Hope Howell fizeram sexo durante salto de paraquedas. (Foto: Reprodução)

O ator pornô Alex Torres, que também trabalha como instrutor de paraquedismo, e Hope Howell, recepcionista da escola de paraquedismo, fizeram sexo durante um salto em Taft, nos EUA. O vídeo foi publicado no blog de Torres, segundo reportagem da emissora de TV "KGET".
Torres, que atende pelo apelido de "Vodu", retirou na segunda-feira o vídeo do blog depois que o Departamento de Polícia de Taft abriu uma investigação sobre o caso, já que o salto de paraquedas teria sido realizado próximo a um colégio.
O dono da escola de paraquedismo, Dave Chrouch, disse que não sabia o que tinha acontecido até a chegada da polícia. Chrouch afirmou que o instrutor foi demitido e que pretende conversar com Hope antes de tomar uma decisão. "Isso não deveria ter acontecido", disse ele.

Fonte: G1
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E isso não é nada comparado o modo promíscuo dos heterossexuais se relacionarem, contudo, ainda existe a velha hipocrisia, muitas vezes, inclusive, vestidas pelos próprios homossexuais, de se acusar o universo gay de despudorado, promiscuo e depravado, mas será mesmo? Pelo menos nunca vi um gay fazer sexo soltando de paraquedas! 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Gays assumidos têm menos chances de conseguir emprego






Um estudo revelou que candidatosassumidamente gays têm 40% menoschances do que os héteros de seremchamados para uma entrevista de emprego.


Para a realização da pesquisa, um pesquisador da Universidade de Harvardenviou dois currículos fictícios para 1.700 vagas. No primeiro, ele mencionava uma experiência como tesoureiro de umaentidade gay em uma universidade. No outro, incluía uma experiência em uma “aliança progressista socialista”.

Os resultados mostraram que o segundo currículo, sem nenhuma menção sobreorientação sexual, teve 11,5% de chances de ser chamado para uma entrevista, e o primeiro, apenas 7,5%.
O estudo concluiu que os resultados indicam que o homens gays encontram barreiras significativas no processo de contratação.



Fonte: Cena G

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Nota Oficial da ABGLT sobre a suspensão do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia

ESH

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, por meio de suas 237 ONGs afiliadas, assim como a Articulação Nacional de Travestis e Transexuais - ANTRA, a Articulação Brasileira de Lésbicas – ABL, o Grupo E-Jovem, milhares de militantes LGBT e defensores dos direitos humanos, lamentam profundamente a decisão da Presidenta Dilma de suspender o kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia. A notícia foi recebida com perplexidade, consternação e indignação.

Apesar de entender que houve suspensão, e não cancelamento, do kit, até porque o material ainda não está disponível para uso nas escolas e aguarda a análise do Comitê de Publicações do Ministério da Educação, a ABGLT considera que sua suspensão representa um retrocesso no combate a um problema – a discriminação e a violência homofóbica – que macula a imagem do Brasil internacionalmente no que tange ao respeito aos direitos humanos.

Este episódio infeliz traz à tona uma tendência maléfica crescente e preocupante na sociedade brasileira. O Decreto nº 119-A, de 17 de janeiro de 1890, estabeleceu a definitiva separação entre a Igreja e o Estado, tornando o Brasil um país laico e não confessional. Um princípio básico do estado republicano está sendo ameaçado pela chantagem praticada hoje contra o governo federal pela bancada religiosa fundamentalista e seus apoiadores no Congresso Nacional. O fundamentalismo de qualquer natureza, inclusive o religioso, é um fenômeno maligno atentatório aos princípios da democracia, um retrocesso inaceitável para os direitos humanos.

Os mesmos que queimaram os homossexuais, mulheres e crentes de outras religiões na fogueira da Inquisição na idade média estão nos ceifando no Brasil da atualidade. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, a cada dois dias uma pessoa LGBT é assassinada no Brasil por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero. É preciso que sejam tomadas medidas concretas urgentes para reverter esse quadro, que é uma vergonha internacional para o Brasil.

Uma forma essencial de fazer isso é através da educação. E por este motivo o kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia foi construído exaustivamente por especialistas, com constante acompanhamento do Ministério da Educação, e com base em dados científicos. Entre estes são os resultados de diversos estudos realizados e publicados no Brasil na última década.

A pesquisa intitulada “Juventudes e Sexualidade”, realizada pela UNESCO e publicada em 2004, foi aplicada em 241 escolas públicas e privadas em 14 capitais brasileiras. Segundo resultados da pesquisa, 39,6% dos estudantes masculinos não gostariam de ter um colega de classe homossexual, 35,2% dos pais não gostariam que seus filhos tivessem um colega de classe homossexual, e 60% dos professores afirmaram não ter conhecimento o suficiente para lidar com a questão da homossexualidade na sala de aula.

O estudo "Revelando Tramas, Descobrindo Segredos: Violência e Convivência nas Escolas", publicado em 2009 pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, baseada em uma amostra de 10 mil estudantes e 1.500 professores(as) do Distrito Federal, e apontou que 63,1% dos entrevistados alegaram já ter visto pessoas que são (ou são tidas como) homossexuais sofrerem preconceito; mais da metade dos/das professores(as) afirmam já ter presenciado cenas discriminatórias contra homossexuais nas escolas; e 44,4% dos meninos e 15% das meninas afirmaram que não gostariam de ter colega homossexual na sala de aula. 

A pesquisa “Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar” realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, e também publicada em 2009, baseou-se em uma amostra nacional de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, e revelou que 87,3% dos entrevistados têm preconceito com relação à orientação sexual e identidade de gênero. 

A Fundação Perseu Abramo publicou em 2009 a pesquisa “Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: intolerância e respeito às diferenças sexuais”, que indicou que 92% da população reconheceram que existe preconceito contra LGBT e que 28% reconheceram e declarou o próprio preconceito contra pessoas LGBT, percentual este cinco vezes maior que o preconceito contra negros e idosos, também identificado pela Fundação.

Estas e outras pesquisas comprovam indubitavelmente que a discriminação homofóbica existe na sociedade é tem um forte reflexo nas escolas. Eis a razão e a justificativa da elaboração do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia.

Com a suspensão do kit, os jovens alunos e alunas das escolas públicas do Ensino Médio ficarão privados de acesso a informação privilegiada para a formação do caráter e da consciência de cidadania de uma nova geração.

Em resposta às críticas ao kit, informamos que o material foi analisado pelo Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça, que faz a "classificação indicativa" (a idade recomendada para assistir a um filme ou programa de televisão). Todos os vídeos do kit tiveram classificação livre, revelando inquestionavelmente as mentiras, deturpações e distorções por parte de determinados parlamentares e líderes religiosos inescrupulosos, que além de substituírem as peças do kit por outras de teor diferente com o objetivo de mobilizar a opinião pública contrária, na semana passada afirmaram que haveria cenas de sexo explícito ou de beijos lascivos nas peças audiovisuais do kit.

O kit educativo foi avaliado pelo Conselho Federal de Psicologia, pela UNESCO e pelo UNAIDS, e teve parecer favorável das três instituições. Recebeu o apoio declarado do CEDUS – Centro de Educação Sexual, da União Nacional dos Estudantes, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, e foi objeto de uma audiência pública promovida pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, cujo parecer também foi favorável. Ainda, teve uma moção de apoio aprovada pela Conferência Nacional de Educação, da qual participaram três mil delegados e delegadas representantes de todas as regiões do país, estudantes, professores e demais profissionais da área.

Ou seja, tem-se comprovado, por diversas fontes devidamente qualificadas e respeitadas, como base em informações científicas, que o material está perfeitamente adequado para o Ensino Médio, a que se destina.

Os direitos humanos são indivisíveis e universais. Isso significa que são iguais para todas as pessoas, indiscriminadamente. Os direitos humanos de um determinado segmento da sociedade não podem, jamais, virar moeda de troca nas negociações políticas. Esperamos que a suspensão do kit não tenha acontecido por este motivo e relembramos o discurso da posse da Presidenta no qual afirmou a defesa intransigente dos direitos humanos.

Esperamos que a Presidenta Dilma mantenha o diálogo com todos os setores envolvidos neste debate e que respeite o movimento social LGBT. Da mesma forma que há parlamentares contrários à igualdade de direitos da população LGBT, há 175 nesta nova legislatura que já integraram a Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, e que com certeza gostariam de ter a mesma oportunidade para se manifestarem em audiência com a Presidenta, o mais brevemente possível.

A Presidenta Dilma tem assinalado que seu governo está comprometido com a efetiva garantia da cidadania plena da população LGBT, por meio das ações afirmativas de seus ministérios. Na semana passada, na ocasião do Dia Internacional contra a Homofobia, a ABGLT foi recebida por 12 ministérios do Governo Dilma, onde um item comum em todas as pautas foi o cumprimento do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT. Também na semana passada, por meio de Decreto, a Presidenta convocou a 2ª Conferência Nacional LGBT. Porem, com a atitude demonstrada no dia de hoje acreditamos estar na contramão dos direitos humanos, retrocedendo nos avanços dos últimos anos. Exigimos que este governo não recue da defesa dos direitos humanos, não vacile e não sucumba diante da chantagem e do obscurantismo de uma minoria perversa de parlamentares e líderes fundamentalistas mal intencionados.

Esperamos que a Presidenta da República reconsidere sua posição de suspender o kit do projeto Escola Sem Homofobia, para restabelecer a conclusão e subsequente disponibilização do mesmo junto às escolas públicas brasileiras do ensino médio. Esperamos também que estabeleça o diálogo com técnicos e especialistas no assunto. Estamos abertos ao diálogo e esperamos que nossa disposição neste sentido seja retribuída o mais rapidamente possível, sendo recebidos em audiência pela Presidenta Dilma e pela Secretaria-Geral da Presidência da República e que a mesma reveja sua posição.

Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

25 de maio de 2011

Links para os vídeos do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia:

ENCONTRANDO BIANCA

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=A_0g9BEPVEA
PROBABILIDADE http://www.youtube.com/watch?v=tKFzCaD7L1U&feature=related
TORPEDO   http://www.youtube.com/watch?v=hKJjOJlEw_U&feature=related

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Burro, mas macho!

burro

O pai entra no quarto do filho e vê um bilhete em cima da cama, Ele lê o bilhete temendo o pior:

Caro Papai, é com grande pesar que lhe informo que eu estou fugindo com ....meu novo namorado, Juan, um Argentino muito lindo que conheci.
Estou apaixonado por ele. Ele é muito gato, com todos aqueles “piercings”, tatuagens e aquela super moto BMW que tem. Mas não é só por isso, descobri que não gosto de jeito nenhum de mulheres e, como sei que o senhor não vai consentir com isso,decidimos fugir e ser muito felizes no seu “trailer”.

Ele quer adotar filhos comigo, e isso foi tudo que eu sempre quis para mim. Aprendi com ele que maconha é ótima, uma coisa natural, que não faz mal a ninguém, e ele garante que no nosso pequeno lar não vai faltar marijuana. Juan acha que eu, nossos filhos adotivos e os seus colegas 'gays' vamos viver em perfeita harmonia.

Não se preocupe papai, eu já sei me cuidar, apesar dos meus 15 anos já tive várias experiências com outros caras e tenho certeza que Juan é o homem da minha vida.

Um dia eu volto, para que o senhor e a mamãe conheçam os nossos filhos. Um grande abraço e até algum dia.

De seu filho, com amor.

O pai quase desmaiando continua lendo…


PS: Pai, não se assuste, é tudo mentira!!!

Estou na casa da Priscila, nossa vizinha gostosa. Só queria mostrar pro senhor que existem coisas muito piores do que as notas vermelhas do meu boletim, que está na primeira gaveta.


Abraços,

Seu filho, burro, mas macho.

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Embora seja engraçadinha, na vida real não é. E isso acontece todos dos dias, onde é preferível ter um filho morto do que gay, um assassino do que um homossexual. Novamente a heteronormatividade é retratada na imposição do culto ao macho que justifica todas as coisas!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Dai aos Gays o que é dos Gays e a Deus o que é de Deus? O que é isso?


Com a equiparação das relações homoafetivas com as uniões estáveis, vivenciadas pelos casais heterossexuais, e com o reconhecimento pelo STF (Supremo Tribunal Federal), corte máxima do poder judiciário no Brasil, alguns cristãos começaram  justificar um tanto de coisas para não serem confundidos com preconceituosos, ou ainda, numa tentativa de maquiagem da repulsa, começaram  fazer distinção entre as uniões homoafetivas e as uniões bíblicas.

Numa dessas, tomei conhecimento de um texto intitulado: “Daí aos gays o que é dos gays e a Deus o que é de Deus”.

O autor, em seu argumento, diz que Jesus fez uma separação do que é político e do que é religioso; não se posicionou em questões políticas, mas não deixou de pontuar o que era concernente ao reino de Deus. Faz uma separação entre a Igreja e o Estado, alegando que civilmente os gays têm direitos e estes devem ser a eles aplicados, mas, concernente ao reino de Deus, não serão considerados como ENTIDADE FAMILIAR, pois a família foi instituída por Deus entre um homem e uma mulher, sendo este um princípio das Escrituras.

Bem, primeiramente não concordo com o pressuposto de onde foi embasado o argumento: “Gays aos gays, Deus a Deus”. Muito claramente Jesus não se esquivou do debate, quanto, muito menos deixou de ser um crítico das ambições humanas naquele contexto. Os fariseus foram testar Jesus na questão; se Jesus se pronunciasse contra os impostos, ele estaria se pronunciando contra Roma, poderia ser julgado e morto por isso; se Jesus autorizasse os impostos o povo ficaria decepcionado, pois ele afirmaria a dominação romana sem restrições sobre os judeus.

Jesus pergunta de quem é a face impressa na moeda,  eles respondem: “é de César!”. E então Jesus acode: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”. 

Para Deus não é uma moeda, ou os impostos, mas é toda a vida em sua plenitude, é toda a consciência transformada e voltada para o reino de Deus. Jesus sempre disse dos perigos das riquezas e, definitivamente, o sistema financeiro dos homens, a face de César, não faz parte do caráter do Reino que é partilha do pouco para todos... Como foi na partilha dos cinco pães e dois peixes alimentando a multidão; como é a partilha para o ladrão que te rouba uma túnica e você entrega a outra também; como é a partilha daquele que te esbofeteia na face esquerda e você oferece à direita; como é partilha ao que te obriga a caminhar uma légua e você caminha duas.

Como é a partilha da vida que na cruz se dá por todos sem distinção para a salvação. Jesus não ajunta em celeiros, sua economia é a do bem comum. Aquilo que é de um é de todos, pois quando o homem ajunta, ele traz consigo a ganância, o individualismo, a posse. Jesus é sinônimo de partilha, de fruição comum e não restrita. Dele são as palavras: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas as coisas vos serão acrescentadas.” O reino de Jesus é o reino de Deus que não é desse mundo; sua lógica é inversa! Não é o império romano nem a política dos judeus que servem ao reino de Deus, pois a lógica deles é a do ter, mas a do Reino de Deus é a do SER em partilha como a imagem do próprio Deus que é trino, em que, cada pessoa se partilha uma nas outras, se doa uma nas outras, sendo uma única substância, tudo entre eles é partilhado e sentido. Assim é o Reino, assim deveriam ser homens do Reino.

Quando Jesus afirma: “daí a César o que é de César”, ele está dizendo que o que é de César não é de Deus! Quando o autor do texto diz: “daí aos gays o que é dos gays”, ele está tentando dizer que os gays não são de Deus... O que fica evidenciado, imediatamente, no argumento posterior quando aufere: “se você me perguntar se um casal gay pode ser considerado uma entidade familiar eu lhe direi que não, pois isto fere um princípio das Escrituras onde Deus estabelece a família como sendo a união entre um homem e uma mulher.”.

Princípio da Escritura? Qual princípio? Se essa assertiva for verdadeira eu desconheço o que é a teologia!

Primeiramente, há um único princípio que norteia fundamentalmente a teologia da criação, este, a saber: a remissão! Israel só começou a dizer da criação em textos recentes à época da produção teológica e literária de seu povo como os documentos “P, D”. Ou seja, pouco antes do século VI a.C, Israel é silente quanto uma história da criação. O que é mais curioso, esse fenômeno acontece no meio da vivência do povo hebreu com o cananeu, povo místico de uma esfera religiosa densa. Mas o antigo credo não continha nada sobre criação. A subsistência, a benção e a proteção divinas, para Israel, não provinham de meio mítico como para os cananeus.

Quando a teologia da criação começa ser produzida, ela o é intercalando o pensamento de um Deus que cria no conjunto teológico da história da salvação. Assim homem e mulher são feitos a imagem e a semelhança de Deus como diz o texto de Gn 1, 27. No degrau mais alto da obra criadora, com relação direta, diferentemente de todo o restante da ação criadora que é indireta (documento P). Só que outra curiosidade se estabelece na questão da SEXUALIDADE. Israel SEMPRE AFASTOU INTEIRAMENTE à ideia de sexo e de qualquer função sexual a respeito de Iahweh. O que surpreende pelo contexto, pois os cananeus tinham por princípio espiritual divindades que conduziam a fecundidade, mas para Israel a polaridade sexual era de ordem social e não espiritual, assim, homem e mulher são idênticos no documento P, são imagem e semelhança de Deus.

Já no documento “J” encontramos a sentença: “deixará o homem a casa de seus pais unirá a sua esposa e serão feitos uma só carne”. Mas, também, há que se considerar o fato dessas tradições falarem de uma teologia diferente. A criação da mulher nessa teologia é separada da criação do homem, ela é dada como presente para o homem, no sentido de posse do homem, ela é semelhante ao homem e não IDÊNTICA a ele; uma contradição com o documento “P” em Gn 1,27. Enquanto o documento P se preocupa com o mundo e com o homem no mundo, o documento J se preocupa com o mundo em relação ao homem MASCULINIZADO, tudo girando em torno dele, suas aspirações imediatas, ou seja, a criação está em relação direta e íntima a dominação do homem nela. Aqui não há um princípio “escrituristico”, mas a definição social dos papéis representados na criação e sua função social sem a interferência do divino. Pois, na ordem metafísica do ser, a mulher é um pouco superior aos animais, mas inferior ao homem, sendo para ele auxiliadora. Assim se dá sua constituição e isso não é princípio espiritual, mas é ordem social que exalta a grandeza do masculino sobre o feminino numa identidade patriarcal.

Assim dizer que entidade familiar homoafetiva não é aceita pela Bíblia é o mesmo que afirmar que a entidade familiar heterossexual aceita pelas escrituras tem que submeter a mulher em condição de posse do marido, do homem, do macho, uma exaltação do documento J fora de todo o contexto teológico da salvação. Se tal leitura é superada pela Igreja e pelo cristianismo moderno, qual é a crise em se alargar o contexto da entidade familiar, sendo a leitura literal ultrapassada e sem expressão nos dias de hoje, inclusive dentro da igreja?

Os gays têm direito ao Deus e nenhuma igreja será capaz de dizer o contrário a isso. Homossexualidade não é pecado, Deus não condena as relações homossexuais. A teologia não é posse de denominação institucional nenhuma e, portanto, argumentos como o desse texto “Gays aos gays, Deus a Deus” são menos nobres do que os do Silas Malafaia, ou de Jair Bolsonaro, pois eles são preconceituosos e honestos ao se assumirem assim, mas esse texto é hipócrita e mostra uma discriminação sutil e travestida de aceitação.

    Dai aos Gays o que é dos Gays e a Deus o que é de Deus Carlos Moreira Na última quinta-feira, através da publicação da revista Veja, nos deparamos com os detalhes da decisão inédita do Supremo Tribunal Federal sobre duas matérias de suma importância para o povo brasileiro. No julgamento da primeira ação, proposta pelo governo do Rio, o STF reconheceu que as uniões homoafetivas – casais do mesmo sexo – passam a ter os mesmos direitos das uniões de casais heterossexuais. “O objetivo é que os servidores tenham assegurados benefícios como previdência, concessão de assistência médica e licença”. A segunda ação dizia respeito a uma petição da Procuradoria-Geral da República. Ela reclamava “além do reconhecimento dos direitos civis de pessoas do mesmo sexo, declarar que uma união entre estas pessoas é uma entidade familiar”. Essa decisão, na prática, permite que tais casais possam, por exemplo, adotar filhos ou pleitear que seus relacionamentos sejam convertidos em casamentos. Polêmicas a parte, pois após a decisão veio de imediato uma reação política quanto à competência do STF de tratar questões que deveriam ser, prioritariamente, conduzidas pelo Congresso Nacional, o que está diante de nossos olhos é o prenúncio de profundas mudanças que se estabelecerão no cenário sócio-cultural-religioso de nosso país. Colocados estes pontos, surge à questão central da qual trata este artigo: “e nós, na condição de cristãos que somos, como devemos nos posicionar frente a estas decisões?”. Antes de qualquer consideração, quero trazer-lhe uma porção das Escrituras: “Ele lhes disse: "Portanto, dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" Lc. 20:25. Para que você possa discernir a profundidade e as implicações da resposta de Jesus, é fundamental compreender as funções de duas instâncias político-religiosas da nação de Israel em Seu tempo: o Rei e o Sinédrio. Desde o ano 4 a.C a Galiléia era governada por Herodes Antipas, que reinou até o ano 39 d.C. Ele era um déspota, dono absoluto de tudo, homem que não devia e não prestava contas a ninguém, além de não possuir ética alguma. Mas quem governava de fato a Palestina, desde 63 a.C., eram os Romanos. Herodes era só uma marionete nas mãos do império, um “inocente” útil, uma figura caricata, aparentava ter poder, mas, na verdade, fazia apenas o que lhe era ordenado. O Sinédrio, por outro lado, representava o supremo tribunal dos judeus em Jerusalém, uma espécie de senado, e sua influência se estendia tanto a Judéia quanto a Galiléia, além de possuir o controle do Templo. Sua função primordial era julgar assuntos da Lei quando surgia algum tipo de discórdia e sua decisão era final, não cabendo qualquer apelação. O Sinédrio era composto por 71 membros, sendo a grande maioria pertencente ao partido dos Saduceus, os quais representavam o poder, a nobreza e a riqueza. Agora vamos voltar ao texto. Se você for ler todo o capítulo, perceberá que a discussão de Jesus é com mestres da Lei, sacerdotes e líderes religiosos. Eles queriam apanhar Jesus em algum tipo de contradição, fato que seria suficiente para levá-lo diante do Sinédrio. Por outro lado, se ele cometesse algum tipo de transgressão civil, poderia ser levado ao rei Herodes e este, por sua vez, o encaminharia para ser julgado pela autoridade romana, no caso Pilatos. Mas a armadilha não funcionou. A resposta de Jesus deixou todo mundo de “calça curta”, foi um verdadeiro “xeque-mate”: “dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". Nela nem se podia encontrar violação contra o império, nem muito menos transgressão religiosa. Eu sempre achei curioso o fato de Jesus não entrar na questão em si, não questionar se o imposto era certo ou errado, justo ou injusto, se seu destino era para realizar o bem ou apenas para servir de instrumento de enriquecimento ilícito de uns poucos. Na verdade, Jesus soube fazer uma dicotomia perfeita: Ele separou a legislação política dos preceitos da religião, e não deixou de pontuar o que era concernente ao Reino de Deus; pôs cada coisa em seu devido lugar! Como devemos nos posicionar quanto às decisões do STF? Bem, antes de dizer o que penso, deixe-me trazer uma questão conceitual importante sobre a diferença que há entre o poder do Estado e o “poder” da Igreja. Citando Gustavo Biscaia de Lacerda, Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal do Paraná, “a separação entre a Igreja e o Estado é um dos princípios basilares do Estado brasileiro e, na verdade, do moderno Estado de Direito. Embora em um primeiro instante pareça que ele refere-se apenas à impossibilidade de o Estado não professar nenhuma fé, ele tem outras aplicações. A separação entre Igreja e Estado não é apenas um princípio negativo, que veda ao Estado a profissão de fé ou à Igreja de intrometer-se nos assuntos estatais; na verdade, o que ele consagra é a laicidade nas questões públicas, no sentido de que não se faz – não se deve fazer – referência a religiões ao tratar-se das questões coletivas”. “Traduzindo em miúdos”, no Brasil, desde a constituição de 1.891, Igreja e Estado são instituições separadas, que possuem suas próprias leis e jurisdições, e que não podem interferir uma nas ações da outra. Eu estou certo de que nós teremos muitos protestos, em todo o país, quanto a estas decisões polêmica do STF. Várias instituições religiosas, tanto católicas quanto protestantes, se manifestarão contundentemente de forma contrária. Meu pensamento, todavia, é diferente, e aqui falo por mim mesmo, não sendo representante de nada nem de ninguém a não ser de minha própria consciência. Parte do texto da ação impetrada pelo governo do Rio de Janeiro diz o seguinte: “... Não reconhecer essas uniões contraria princípios constitucionais como o direito à igualdade e à liberdade, além de ferir o princípio da dignidade da pessoa humana”. Para mim, há duas formas de um cristão se posicionar frente a estas questões. A primeira é reconhecer o direito do Estado de legislar, de agir de forma justa quanto à coletividade, de buscar o bem comum independentemente de raça, credo, cor, orientação sexual, ou qualquer outra questão que produza diferenciação, exclusão ou acepção. Se você me perguntar se eu acho que os gays têm direito a dignidade, direito a receber benefícios aos quais, mediante a lei, façam jus, direito a ser tratados com equidade, eu lhes direi que sim, pois penso ser esta uma questão de Estado e que nos remete ao princípio inalienável da dignidade humana. O fato de discordar da forma como vivem do ponto de vista de sua orientação sexual não é motivo para desejar privá-los de seus direitos civis. E mais, acho que eles possuem os mesmos direitos dos adúlteros, dos mentirosos, dos facciosos, dos sonegadores do imposto de renda, dos avarentos, dos egoístas, dos jactanciosos e dos fofoqueiros. Fico por aqui para não ter de citar a lista de todos os pecados que cometemos, eu e você... A segunda forma de responder a estas questões me retira do âmbito do Estado e me coloca dentro da “jurisdição” do Reino de Deus. Por esta perspectiva, se você me perguntar se um casal gay pode ser considerado uma entidade familiar eu lhe direi que não, pois isto fere um princípio das Escrituras onde Deus estabelece a família como sendo a união entre um homem e uma mulher. Ainda assim, sei que terei de acatar a decisão do Estado, por ser ela de caráter civil, e por ser o Estado laico, mas dou-me ao direito de, na Igreja, pensar de forma diferente, não estabelecendo, assim, tal decisão como parâmetro ou padrão para a comunidade de fé. Resumindo, eu diria o seguinte: “daí aos gays o que é dos gays e a Deus o que é de Deus”. Não deixarei de pregar que o padrão das Sagradas Escrituras para a sexualidade humana é a união entre homem e mulher, mas também não permitirei que minha consciência seja cauterizada pela caducidade da “letra” que mata em detrimento do Espírito do Evangelho, não me darei ao desplante de "coar mosquitos e engolir camelos", não distorcerei a justiça sendo tendencioso por causa de questões que a Igreja condena, pois quero ser portador da Graça, não do juízo, quero anunciar a Salvação, não a condenação, quero ser instrumento do Amor, não do ódio. Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/#ixzz1Lxz0PjAC Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial Share Alike

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Levante-se por seus amigos gays, diga não ao bullying homofóbico


LEVANTE-SE

Se já te olharam feio por te acharem diferente;
Se você já foi agredido por ser você mesmo;
Se você se senti injustiçado por não poder declarar seu amor em público;
Se você tem medo de gritar ao mundo que o ama;
Se você tem medo de gritar ao mundo que a ama;
Se te chamaram de aberração;
Se já te chamaram de "viado", "bicha", "sapatão";
Se você já chorou e quis nascer diferente;
Se você foi rejeitado pelos seus pais;
Se você é apontado como o erro genético da família;
Se te dizem que você nunca poderá ter filhos;
Se te acham incapaz;
Se cospem no seu rosto e te acham marginal;
Se já te bateram;
Se já te feriram com palavras;
Se quando você chega se afastam;
Se já te levaram a igreja para tirarem o demônio de você;
Se os outros cochicham quando você passa;
Se eles tem vergonha de andar com você;
Se você quer ter os mesmos direitos de todos;
Se você conhece alguém que já sofreu violência;
Se tem um amigo que é gay, lésbica, bissexual, transexual ou travesti;
Se seu filho é gay;
Se seus pais são gays;
Se você é a favor da causa;
Se você acredita na liberdade;
Se você acredita no amor;

Todas as vezes que você fecha os olhos para uma agressão, você está contribuindo para que isso continue.

Levante-se! E não feche os olhos para homofobia.
Levantem-se! E deem as mãos a favor da igualdade.

#Souassim e me amo por isso!

domingo, 17 de abril de 2011

Amor gay: Adolescente se declara para outro na porta de escola



Belo Horizonte, capital das Minas Gerais, um dia como qualquer outro! Um dia de sol... As pessoas se levantam, cedo, vão para o trabalho, faculdades, escolas em geral e, foi numa dessas escolas (essas de adolescentes, ensino fundamental e médio), que o inesperado aconteceu.

Na sociedade heteronormativa, quando uma pessoa vai se declarar enamorado por outra, logo se pensa no homem se declarando para mulher, mas, nessa escola, a subversão foi total:

Saída de aula na Escola Guilherme de Azevedo Lage, o carro de som, desses que mandam correios elegantes, tocava no portão dos alunos. Celulares filmando, curiosos perguntavam: “o que é isso?” e a resposta era: “ deve ser aniversário de alguém!”, outros contudo, duvidavam: “não a mensagem lá é de AMOR!

Com as mentes atiçadas, e no desejo de saber quem se declararia para quem, que menina receberia o galanteio de seu amado, indagavam: “nossa, essa menina terá coragem de sair?”, mas, o cupido anunciava: “Quem aqui conhece o Michael?” As pessoas estranharam, ora é uma menina quem vai pedir! E elas comentavam entre si. A ordem estava invertida no conceito heteronormativo.

O cupido começou ler à carta; Michael do outro lado da rua; celulares apostos, filmando; a multidão estava ouriçada e, de repente... um homem apareceu com um bouquet nas mãos, diante de Michael, que apresentava certo constrangimento... A multidão se punha a gritar, delirar, ia a loucura, o homem entregou as flores e se ajoelhou. A multidão se excitava ainda mais, gritava: “beija, beija, beija...”, e ao sabor do inusitado, da subversão, DO ORGULHO de se ser o que é! Do não preconceito, Michael beijou seu amado, na porta de sua escola, diante da multidão que aplaudia alegre o encontro de dois corações que se amam.

Tudo isso aconteceu numa rua em Belo Horizonte, no Brasil. Quando não se tem preconceito, e nem vergonha a felicidade e a realização são mais presentes na vida do ser humano.

Viva o orgulho gay!

Aqui você pode assistir a cena do encontro de Michael e seu amado.