Chocante! Eu sei... pode parecer absurdo, pode parecer a ideia de um ateu sobre religião, pode parecer uma imagem fantástica, que ninguém em sã consciência teria a audácia de relacionar, mas não é! A Bíblia evangélica, a fé protestante, muitas vezes, ao longo da história da humanidade, é usada como forma de opressão, de perseguição, de maldade àqueles que não se curvam aos ideais de seus líderes.
Ao lermos a história recente do Brasil, vemos essa imagem nítida nos relatos do teólogo Leonildo Silveira Campos que ao lembrar de seu torturador, o pastor batista Roberto Pontuschka, conta que o pastor os torturava de noite e os evangelizava de dia, entregava-os o Novo Testamento e quando questionado, seu comportamento, por um dos encarcerados, se não tinha vergonha de torturar e tentar evangelizar. Como resposta, o ministro batista afirmou, apontando para uma pistola debaixo do paletó: “Para os que desejam se converter, eu tenho a palavra de Deus. Para quem não quiser, há outras alternativas” (Fonte: Isto E Independente).
Não à toa Max Weber (1864-1920) escreveu sua obra: A ética protestante e o espírito do capitalismo- em que ao analisar o contexto do século XVI-, descreve como a igreja protestante está diretamente vinculada ao desenvolvido do sistema econômico capitalista como dever moral. O que eu quero afirmar com isso é que: a religião protestante nasce como símbolo da troca de poder que sai das mãos do Papa e passa para as mãos dos príncipes, burguesia e das regiões por eles comandadas.
Não há graça, não há salvação, não há misericórdia, sem que se chegue ao poder. O discurso de conversão dos pecados é o discurso do “encha a minha igreja para que tenhamos poder”. O poder é o axioma que move a fé, é a única coisa que, no fundo, realmente importa. Sem embargo, os líderes religiosos desfrutam de casas luxuosas, carros luxuosos, telefones celulares luxuosos, enquanto os irmãos são convencidos de que é a vontade de Deus, porque tal prosperidade financeira traz poder: é status, dá visibilidade, dá voz.
Destarte, não se é de estranhar o alinhamento dos evangélicos com as ideologias de Bolsonaro. Bolsonaro e os evangélicos são a mesma pessoa ou, para melhor dizer, o mesmo ideal. Bolsonaro dá voz ao desejo de poder dos evangélicos, mesmo que isso os leve a idolatrar as armas, mesmo que isso os leve a adorar o diabo, desde que seja camuflado, tudo estará no seu devido lugar.
Assim, as pregações sobre amor, sobre perdão, sobre união, sobre salvação são secundárias ao projeto de poder e a ele os servem, afinal, no fim, o que importa é demonstrar a força que a igreja tem e os seus líderes disso se beneficiam.