Mostrando postagens com marcador Bolsonaro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bolsonaro. Mostrar todas as postagens

sábado, 20 de julho de 2024

POR QUE AINDA NÃO PRENDERAM BOLSONARO?




Jair Messias Bolsonaro não é o Lula, não se assemelha a ele em nada nem mesmo quando o tema se volta para a privação de liberdade, assim vemos diferenças gritantes no comportamento social em relação a essas duas personagens, em que um (Lula) é levado ao cárcere com seus direitos solapados pelo cinismo de uma elite cáustica e o outro (Bolsonaro), por mais provas que se tenha dos crimes cometidos, tem-se um respeitar canônico, santo, imaculado ao processo e seus ditames.

Quando se fala em prisão, questões do direito penal, como a presunção de inocência, vêm à tona em nossa mente. Isso é assim e deve ser assim, pois, de fato, em uma sociedade democrática é o que se aprende por premissa desde tenra idade.

A presunção da inocência é um fundamento do Direito, esse princípio, inclusive, é consagrado na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no seu artigo 5º, inciso LVII em que diz: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Vindo da Revolução Francesa, 1789, tomando corpo, voz e assento na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Foi um princípio revolucionário, inovador que visava combater os desmandos oriundos dos Estados Absolutistas e sua interpretação divina de soberania e poder, em que a vontade do rei era a vontade do próprio Deus, sendo alguém condenado respondia a essa vontade totalitária. Para o homem burguês sujeitar-se aos caprichos de uma nobreza sem capital, era, além de humilhante, uma questão de humanidade. Buscou-se com esse princípio limitar os poderes de um Estado tirano, dando a oportunidade daquele que é acusado lutar por sua inocência até prová-la. Não provando, garantiria que os meios acusatórios não se limitassem à vontade de um monarca ou de seus representantes, mas recaíssem em dados objetivos (provas) até o ato final de um processo.

Uma questão, entretanto, surge naquilo em que se demonstra fundamental: para quem é o Direito? Ou melhor: a quem serve o Direito?

Vive-se em uma sociedade capitalista e burguesa, o Direito estabelecido nesta sociedade é do burguês- feito para os donos do capital, servindo a eles-, por isso há nas prisões pessoas que não passaram pelo devido processo legal, existem, neste momento, pessoas que estão presas sem o trânsito em julgado- a formação da culpabilidade-, pela cor da pele ou pela condição social, em grande maioria dos casos, pela somatória das duas condições. 

A sociedade não é justa, o Direito não faz justiça a não ser que o sujeito de direito tenha dinheiro e seja preferencialmente branco. Os dizeres de uma sociedade ideal não a faz ideal nem tampouco os dizeres de justiça tornam-na mais justa. Assim é comum nos depararmos com homens brancos e ricos que cometem crimes e têm o direito de esperar a prisão em liberdade até o trânsito em julgado das ações que correm contra eles, mas a mesma “sorte” não acompanha o homem preto, pobre, vindo das periferias que deverá encarar o ódio social daqueles que clamam por “justiça”.

Desta feita, tem-se o exemplo do presidente Lula, que ao responder ao processo da Lava a Jato, foi preso antes do trânsito em julgado de sua ação, à época, o STF até discutiu a possibilidade da alteração da interpretação da lei, alterando da terceira instância para a segunda o início da prisão, mesmo ainda cabendo recursos que poderiam trazer liberdade aos condenados. Tudo isso aconteceu por um fato: Lula não é recebido pelas elites, elas não o enxergam como um dos seus pares. Nordestino, retirante, metalúrgico… pobre! Aquele que recebeu o seu primeiro diploma quando se tornou presidente da república. Nunca foi bem-visto e, na primeira oportunidade, criminalizaram-no por algo que nunca provaram que o alegado, de fato, tinha ocorrido. Lula foi levado ao cárcere sem um processo legal transitado em julgado por ter sido sentenciado como pobre, nordestino e analfabeto, refletindo, portanto, o que é o Direito e para quem é o Direito.

Bolsonaro é caso diverso, goste ou não, ele tem curso superior em Educação Física e foi abraçado, até certo ponto, pela elite brasileira que achou puerilmente de controlá-lo. Ledo engano! Contudo, ele consegue transitar livre dos preconceitos brasileiros por ser rico e branco. Desta feita, o Direito é para ele e, quando enojados nos deparamos com a sordidez de suas ações, esbarramos no devido processo legal, na presunção de inocência, na paridade de armas e em todos os fundamentos do processo penal que é negado a milhões de cidadãos. Infelizmente, bandido tem cor, tem classe social e, pasmem, tem nome! Além do mais tem que morrer…

Assim sendo, Bolsonaro será preso, mas não por ter disseminado o não uso de máscaras na pandemia e ajudado inflar o número de vítimas pelo vírus letal, não será preso pelos casos sistemáticos de corrupção em seu governo (ainda que investigado por isso, pode-se até ser a desculpa pelo cárcere vindouro).

Sim, será preso pelos inimigos que fez na elite; pela afronta que seu governo representou aos seus pares; pela sede de poder cega e absoluta que, inclusive, visava à morte ou à prisão de seus antagonistas. O dissabor de sua truculência tem um caminho final que ele traçou, imperdoável, sem anistia, mas com as reverências do respeito ao Direito e à democracia, não será preso como um qualquer, será respeitado o devido processo legal, o trânsito em julgado e as benesses do Direito burguês para a burguesia serão dadas a ele. 


domingo, 28 de agosto de 2022

FÉ DEMAIS NÃO CHEIRA BEM: OS CAMINHOS DA DITADURA E DO BOLSONARISMO


Chocante! Eu sei... pode parecer absurdo, pode parecer a ideia de um ateu sobre religião, pode parecer uma imagem fantástica, que ninguém em sã consciência teria a audácia de relacionar, mas não é! A Bíblia evangélica, a fé protestante, muitas vezes, ao longo da história da humanidade, é usada como forma de opressão, de perseguição, de maldade àqueles que não se curvam aos ideais de seus líderes.

Ao lermos a história recente do Brasil, vemos essa imagem nítida nos relatos do teólogo Leonildo Silveira Campos que ao lembrar de seu torturador, o pastor batista Roberto Pontuschka, conta que o pastor os torturava de noite e os evangelizava de dia, entregava-os o Novo Testamento e quando questionado, seu comportamento, por um dos encarcerados, se não tinha vergonha de torturar e tentar evangelizar. Como resposta, o ministro batista afirmou, apontando para uma pistola debaixo do paletó: “Para os que desejam se converter, eu tenho a palavra de Deus. Para quem não quiser, há outras alternativas”  (Fonte: Isto E Independente).

Não à toa Max Weber (1864-1920) escreveu sua obra: A ética protestante e o espírito do capitalismo- em que ao analisar o contexto do século XVI-, descreve como a igreja protestante está diretamente vinculada ao desenvolvido do sistema econômico capitalista como dever moral. O que eu quero afirmar com isso é que: a religião protestante nasce como símbolo da troca de poder que sai das mãos do Papa e passa para as mãos dos príncipes, burguesia e das regiões por eles comandadas.

Não há graça, não há salvação, não há misericórdia, sem que se chegue ao poder. O discurso de conversão dos pecados é o discurso do “encha a minha igreja para que tenhamos poder”. O poder é o axioma que move a fé, é a única coisa que, no fundo, realmente importa. Sem embargo, os líderes religiosos desfrutam de casas luxuosas, carros luxuosos, telefones celulares luxuosos, enquanto os irmãos são convencidos de que é a vontade de Deus, porque tal prosperidade financeira traz poder: é status, dá visibilidade, dá voz.

Destarte, não se é de estranhar o alinhamento dos evangélicos com as ideologias de Bolsonaro. Bolsonaro e os evangélicos são a mesma pessoa ou, para melhor dizer, o mesmo ideal. Bolsonaro dá voz ao desejo de poder dos evangélicos, mesmo que isso os leve a idolatrar as armas, mesmo que isso os leve a adorar o diabo, desde que seja camuflado, tudo estará no seu devido lugar.

Assim, as pregações sobre amor, sobre perdão, sobre união, sobre salvação são secundárias ao projeto de poder e a ele os servem, afinal, no fim, o que importa é demonstrar a força que a igreja tem e os seus líderes disso se beneficiam. 


quinta-feira, 18 de março de 2021

O BOM CRISTÃO



Non nobis, domine, domine. Non nobis, domine. Sed nomini, sed nomini tuo da gloriam! (Sl 115,1).
Uma canção antiquíssima na vida da cristandade retirada do livro dos Salmos, entoada, certamente, nos primeiros anos da Igreja, com certeza vivenciada nos mosteiros cristãos, até porque, constam no prólogo da Regra de São Bento os dizeres:
“...São aqueles que, temendo o Senhor, não se tornam orgulhosos por causa de sua boa observância, mas, julgando que mesmo as coisas boas que têm em si não as puderam por si, mas foram feitas pelo Senhor, glorificam aquele que neles opera, dizendo com o profeta: "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai Glória." (RB Prol. 29,30).
Cantada pelos Templários quando venciam algum inimigo, sua melodia é viciante, pena que não o suficiente para transformar a realidade da súplica dessa canção em ação positiva da cristandade. Aliás, que confunde seus interesses pessoais com a glória de Deus.
Uma vez li em um livro da bíblia que: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação (Rm 13,1). Foi, então, que pensei em Bolsonaro…
O que fizemos para Deus ordenar sobre o povo um “comensal da morte”? Há também uma frase antiga que diz que o líder é o reflexo de seu povo, alguns discordarão e, certamente, dirão: “eu não sou como Bolsonaro!”, às vezes nos imaginamos muito melhores do que realmente somos! Que judeu, em sã consciência, admitiria que matar o filho de Deus é um bom negócio? São pessoas boas, do bem e de bem… Entretanto, matar Jesus (com quem discordavam) não é um mal em si mesmo, ele é desordeiro. Os alemães não eram todos nazistas, entretanto os que não eram não fizeram muita coisa para frear os que eram (não havia alemão protestando contra os campos de concentração, embora Lutero foi considerado o pai dos protestantes) . Como diz uma frase do filme Hannibal: “As pessoas não dizem o que pensam, apenas providenciam para que sua vida não melhore”!
Bolsonaro é o reflexo da morte e sempre foi. Em 1999, em entrevista, ele desejava uma guerra civil no Brasil que matasse 30 mil; sua campanha à presidência da República foi junto aos cristãos fazendo armas com dos dedos; sua política sanitária, na pandemia, depois de eleito é praticamente inócua. Mas Bolsonaro reflete, consideravelmente, o que é a cristandade no Brasil. Ah, claro! Logo saltará algum piedoso dizendo: “eu sou cristão, mas não sou de Bolsonaro!”… É, talvez… O repúdio aos direitos civis dos gays, o repúdio ao pobre estudar e frequentar aeroporto, o repúdio de se preservar minimamente um sistema jurídico garantirista e não punitivista/ elitista, o repúdio por prostituta ter direito, o desejo de juízo sobre os outros, àqueles que pensam diferente de você, mas que não necessariamente são inimigos, o desejo do enriquecimento, do lucro, do dinheiro, do poder e da glória, claro, em nome de Jesus, tudo isso em demérito do próximo e de quem pede pão para saciar sua fome, o torpor da morte em eleger alguém que desde sempre não teve o menor compromisso com a vida, mas é contra o aborto, gays e imoralidade assentam a frase: “as pessoas não dizem o que pensam, apenas providenciam que sua vida não melhore”. Desde que esse desordeiro morra, tanto faz, bandido bom é bandido morto! Crucifiquem-no.
Não só armas matam, os vírus também. Depois de tanto ruminar juízo e devassidão, depois de tanto desejar as facilidades da prosperidade, enquanto a única promessa de Cristo é a vida, Deus certamente deu a nossa nação um líder que é a imagem e a semelhança de seu povo e não, isso não é castigo, é apenas a consequência de não se dar valor ao que é essencial, é o reflexo de não valorizar o que mais foi prezado por Deus em Jesus, a própria vida pelo bem de todos. Bolsonaro é o reflexo do bom cristão!
Kyrie eloison;
Christie eloison;
Kyrie eloison.

domingo, 10 de setembro de 2017

A opinião de Aguinaldo Silva te incomoda? Ela é mais comum do que se possa imaginar.



Não é de hoje que vejo, com pesar, manifestações que agridem valores, que lutamos para construir, na boca de pessoas assumidamente gays, mas que não se incomodam de tê-las, pois foram "criadas" assim.

Para exemplificar bem o que digo, nada melhor que tomar de exemplo Clodovil Hernandes. Gay, assumidamente gay, que se orgulhava de reproduzir falas da sociedade heteronormativa, momento do qual ele se via aceito ou próximo de uma “normalidade”, em última análise, sendo ele o próprio culpado por toda rejeição social contra a sua sexualidade.

Vimos Ney Matogrosso declarar que gay é o caralho, que ele se recusa a pegar essa bandeira, pois sua defesa é mais abrangente, envolve índios, negros etc.

Aguinaldo Silva uma vez disse que em suas novelas não teria o beijo gay, pois o grande público não queria ver, pois estavam reunidos com suas famílias. Assim, a mensagem que essas personalidades passam, tacitamente, reproduz que o gay aceito é aquele que não faz “bichices” em público ou na presença da família.

Pode parecer estranho, quando isso vem de personalidades com grande alcance. Na verdade, o que elas fazem é repetir o ódio que nunca morre, disfarçando em sutilezas, justificando-o em maquiagens que o amenizam, mas o ódio é eterno.

Ódios sempre são alimentados, por isso o racismo ainda hoje existe, por isso que a homofobia sempre vai existir, o ódio é o sentimento mais fiel do mundo. Em um relacionamento em que houve ressentimento de um, o ex será permanente, nunca passará, a velha história de que: “é meu ex, não podemos ser amigos!”.  

Quando os famosos reproduzem a homofobia, o impacto é imediato; acontece, entretanto, que somos submetidos ao rancor homofóbico todos os dias e, às vezes, nem percebemos. A internet deu voz aos idiotas, dizia Umberto Eco... Ontem, por exemplo, observava pelo Facebook homossexuais discutindo, em que gays negros humilhavam os gays “padrõezinhos”, o motivo: eram padrõezinhos, entretanto, as agressões iam muito além disso. Gays estavam humilhando gays por serem gays. Ser padrãozinho era a maquiagem que disfarçava a homofobia internalizada.

Outro dia assistia, pelo You Tube, Academia de Drags, em que uma das provas era “gongar o outro” Travestis humilhavam-se mutuamente, disparando frases que retomavam a cultura heteronormativa, que inseria rancor e depreciação, mas era para ser engraçado. Às vezes, a maquiagem do ódio é a piada.

A opinião de Aguinaldo Silva te incomoda? Mas ela é corriqueira, é mais comum do que se possa imaginar. De fato, o repórter foi direto, acontece que Aguinaldo Silva foi tão sutil quanto Bolsonaro e essa sutileza está dentro das representações LGBT(s), todos os dias, pois o ódio em que fomos criados não morre.