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sexta-feira, 31 de julho de 2020

A praça

A opção praia não pode ser equacionada. Há uma encomenda para chegar, com entrega prevista entre as 9 e as 19 horas. Com informação tão certeira e indicativa, era perfeitamente possível programar o dia todo sem correr riscos de estar ausente mas ... o melhor é estar por casa, para não defraudar quem informa tão minuciosamente.
Calculando que, até às 10 horas, não seria previsível a chegada, fomos à praça, não à tradicional, que encerrou "covidada" mas à solução, boa, que foi encontrada para satisfazer os vendedores e proporcionar as compras que os clientes tanto gostam de fazer.
De máscara aperrada, gel nas mãos e segurança a somar os entrados e a subtrair os saídos, percorremos as bancas do costume, escolhidas há muito. Pelo caminho, encontros com gente difícil de reconhecer à primeira e com quem, depois, se fala à distância, sem mão estendida, muito menos beijinhos. 
E como será isto depois, questionava-me uma amiga, que aproveitou para desabafar um pouco, coisa que , segundo ela, se está a tornar cada vez mais rara.

- Não vejo nada sem óculos. A máscara embacia-os e eu tiro os óculos, limpo, recoloco, embaciam, tiro, limpo, volto a colocar, voltam a embaciar, torno a limpar. 
Que chatice! Quase não saio de casa.

Alguém se abeira da banca e comenta, respeitando a distância marcada no chão.
- Estão caros os pêssegos.
E segue viagem, talvez na procura de mais baratos.
A dona da banca não resiste, comentando para dentro, de forma a que os que ali estão ouçam bem.
- Não querem lá ver a dona. Este ano há pouca fruta e os agricultores não vão ganhar nem para a despesa. Faça boa viagem.

Trazemos as meloas, o feijão verde, as cenouras, os pêssegos, as ameixas, brancas, a uva, tanta coisa para dois "gatos pingados". 
Também temos que ajudar! 

domingo, 31 de agosto de 2008

A Praça

A conversa ia animada pelos elogios ao último dia de Agosto, que tinha trazido à Foz uma excelente manhã, serena, com bandeira verde e acesso à terceira praia, este pela primeira vez neste ano.
A "aberta" estava pejada de canas, em busca de algum robalo distraído que fisgasse o anzol e se candidatasse às honras de um bom grelhado.
O apreciar dos pequeníssimos nadadores que entravam na Lagoa em busca da comidinha ou da "casa" onde nasceram suscitou um silêncio nas falas, quebrado, pouco depois, por uma pergunta fora do tom:
- E a praça, tem sido lavada?
- Foi ontem ... Sabes que o empedrado faz este ano 125 anos? É uma data redonda, merece comemoração. Já decidimos!
Presença diária nas "piscinas" da noite, amante da Praça como poucos, descreveu, com uma ironia que arrancou risos quase até às lágrimas, a "festa".
"Depois do jantar, as individualidades concentram-se na escadaria da Câmara; logo a seguir, chegam os Bombeiros, com dois ou três carros de sirene estridente e "pirilampos" ligados; a Fanfarra já estará formada, para criar ambiente, junto à escadaria; do lado da Estação subirá a Banda, entoando a Marcha Triunfal. Por muito que custe às individualidades, não haverá discursos nem bençãos. O cortejo será aberto pela Fanfarra, as individualidades seguirão logo atrás, os carros alinharão a seguir e depois ... a Banda. Atrás desta, o Povo, encerrando o cortejo em apoteose."
Calcula-se que a Rua Engenheiro Duarte Pacheco não seja suficiente para todo o cortejo, mas a ajuda da Heróis da Grande Guerra permitirá que o virar para a "das Montras" se faça com um alinhamento perfeito, homogéneo e convidativo para os grandes planos que as transmissões televisivas assegurarão.
"A chegada à Praça será assinalada com uma largada de pombos feita do alto do antigo edifício da Câmara, ao som das badaladas do relógio da torre e com sucesso visual garantido pela excelente iluminação existente. Num pequeno palanque, montado junto à placa que garante o financiamento da Comunidade Europeia ao restauro do empedrado, um dos "piscineiros" habituais fará um pequeno discurso - 3 minutos, no máximo - alusivo à efeméride, convidando as individualidades a descerrarem a lápide, estrategicamente colocada a tapar um dos muitos buracos existentes. Por volta das 22H30, tudo estará concluído e toda a gente regressará a suas casas, com a consciência do dever cumprido e a certeza de que tudo permanecerá igual."
A cabeça estava quente, do Sol e das emoções fortes ...
Fomos ao banho ... amanhã Setembro abre as portas e o trabalho obriga a pensar na Foz ... do próximo sábado!