Casa situada na cidade das Caldas da Rainha, "nascida" em 1976, numa rua sossegada, estreita e, desde Abril de 2009, com sentido único. Produção: dois frutos de alta qualidade que já vão garantindo o futuro da espécie com quatro novos, deliciosos. O blog é, tem sido ou pretendido ser uma catarse, o diário de adolescente que nunca escrevi, um repositório de estórias, uma visão do quotidiano, uma gaveta da memória.
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
Viagem
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Natal
domingo, 20 de dezembro de 2015
Clarabóia
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Palavras bonitas
CONDIÇÃO
A onda vem, lambe o areal e parte;
A mágoa vem, morde o meu corpo e fica;
A mágoa ateima, ateima, e quer ser arte,
A onda envergonhou-se de ser bica.
E nem a areia seca se revolta,
Nem o meu corpo pode protestar;
A onda anda no mar, à solta,
E a mágoa já tem casa onde morar.
Forças sem coração e sem governo
Jogam no pano que lhes apetece;
Pobre de quem padece
O seu capricho eterno ...
Diário III
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1973)
sábado, 28 de novembro de 2015
O Natal e o Mundo
terça-feira, 24 de novembro de 2015
Impertinência (5)
sábado, 14 de novembro de 2015
Livros (lidos ou em vias disso)
No ramos mais altos reuniam-se as fêmeas que amamentavam os filhotes. De tal modo se pareciam com pequenas pessoas que eu evitava enfrentá-las nos olhos para não fraquejar no meu intuito caçador. Aquele sentimento de compaixão foi-se avolumando à medida que em mim cresciam sonhos de maternidade. Até que, daquela vez, frente ao tronco que devia escalar, ganhei coragem para declarar:
- Desculpe, pai. Mas eu não volto lá em cima nunca mais.
O meu velhote admirou-se com a minha atitude. (...)
E ele, surpreendentemente, aceitou a minha recusa.
- Está com pena dos morcegos? Eu entendo, minha filha. E vou-lhe dizer por que percebo muito bem essa sua recusa.
E contou-me uma história antiga, que escutara dos seus avós. Naquele tempo, os morcegos cruzavam os céus com a vaidade de se acreditarem criaturas sem semelhança neste mundo. Certa vez, um morcego tombou ferido numa encruzilhada de caminhos. Passaram por ali os pássaros e disseram: olha, um dos nossos! Vamos ajudá-lo! E levaram-no para o reino dos pássaros. O rei das aves, porém, ao ver o morcego moribundo comentou: ele tem pelos e dentes, não é dos nossos, levem-no daqui para fora. E o pobre morcego foi depositado no lugar onde havia tombado. Passaram os ratos e disseram: olha, é um dos nossos, vamos salvá-lo! E conduziram-no à presença do rei dos ratos que proclamou: tem asas, não é dos nossos. Levem-no de volta! E conduziram o agonizante morcego para o fatídico entroncamento. E ali morreu, só e desamparado, aquele que quis pertencer a mais do que um mundo.
Era evidente a moralidade da fábula. Por isso estranhei a sua pergunta, no final:
- Entendeu, filha?
- Acho que sim.
- Duvido. Porque esta história não é sobre morcegos. É sobre você, Imani. Você e os mundos que se misturam dentro de si.
Terrorismo
terça-feira, 10 de novembro de 2015
Impertinência (4)
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Impertinência (3)
- A União Europeia subsidiará estes investimentos?
- Cavaco incentivará o novo Governo a apoiar este potencial de desenvolvimento industrial?
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Impertinência (2)
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Impertinência
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Livros (lidos ou em vias disso)
À secretária do gabinete da casa demolida, agasalhando-se na manta, fareja o relento da linhaça de que se fabrica o escaldante emplastro que lhe colocam em cima do peito, e procura distrair-se dos seus incómodos na esperança daquilo que no fim da doença se contém, e que consta destas linhas, (...)
Mas quando a bronquite se lhe assanha, faz-se necessário colar-lhe às costas aqueles copinhos de vidro com uma chama azul lá dentro, denominados "ventosas". E por mais que se controle não pode evitar os berros com que reage à tortura do fogo que lhe queima a pele, e os que o seguram recomendam-lhe calma, e enganam-no com esta frase, sempre a mesma,
"Pronto, pronto, já acabou!, pronto, pronto, já acabou!
Das ventosas nunca mais o velho ouve falar, nem das papas de linhaça, às quais dão também o nome de "sinapismos". De resto, e com o agravamento da sua bronquite, substituem-lhe estas mezinhas clássicas pela modernidade da penicilina, e submetem-no ao tratamento de choque que consiste em aplicar-lhe sete dezenas de injecções a intervalos de três horas, e tanto de dia como de noite. E já nem ousando gemer, consente entre enfado e sono nestas palavras que o humilham pela comiseração das suas misérias,