No Expresso de hoje, o brilhantismo de António retrata os dois candidatos à presidência dos USA, antevendo o espectáculo deplorável dado no debate entre ambos, desta madrugada.
Não se adivinham bons tempos ...
Casa situada na cidade das Caldas da Rainha, "nascida" em 1976, numa rua sossegada, estreita e, desde Abril de 2009, com sentido único. Produção: dois frutos de alta qualidade que já vão garantindo o futuro da espécie com quatro novos, deliciosos. O blog é, tem sido ou pretendido ser uma catarse, o diário de adolescente que nunca escrevi, um repositório de estórias, uma visão do quotidiano, uma gaveta da memória.
Se, como tudo indica, o próximo Presidente do Conselho Europeu for António Costa, deverá ser necessário abrir uma linha de crédito para importação de pastilhas Rennie, dado o aumento da procura que, inevitavelmente, irá acontecer.
Para obviar a eventuais incapacidades da produção, a linha deverá contemplar, também, outras marcas que possam garantir o bem estar estomacal de toda a gente. Dado que ainda não está descoberto o melhor remédio para sapos engolidos, também deverá ser efectuado um desafio à academia no sentido de estudar uma solução, contando-se com a colaboração do Ministério Público para realizar os rigorosos inquéritos que se mostrarem pertinentes, atempados e independentes.
São doze as primaveras que hoje, lá pelas nove e tal da noite, o meu neto Dudu irá completar, com a memória da Roma que visitou e regressado à base, onde todos o esperam.
Como, por certo, a viagem lhe ficará na memória, por aqui se deixam palavras bonitas sobre a mesma terra, para que, talvez um dia, possa fazer comparações com as recordações.
ROMA
O belo rosto dos deuses impassível e quebradoA noite-loba rondando nas ruínasA veemência a musaColunas e colinasO bronze a pedra e o contínuoTijolo sobre tijoloA arte difícil e bela da pinturaA música veemente que assedia a almaO corpo a corpo do espaço e da esculturaOs múltiplos espelhos do visívelA selvagem e misteriosa paixão de CatilinaAs altas naves as enormes colunasOs enormes palácios as pequenas ruasA lenta sombra atenta e muito antigaO sucessivo surgir de fontes e de praçasVermelho cor-de-rosa muita pressaGesticular de gentes e de estátuasAzáfama clamor e gasolinaDo guarda-sol castanho a penumbra finaObra PoéticaSophia de Mello Breyner AndresenCaminho (2011)
Encontrei-a, sem abrigo, completamente desorientada no cemitério, para onde voara sabe-se lá vinda de onde. Deixou-se apanhar sem qualquer dificuldade e permaneceu cá em casa vários anos. Até hoje ...
Cantava logo pela madrugada e sempre que eu me aproximava do seu poiso artificial. Ontem foi a última vez que lhe peguei, lhe fiz festinhas, com as quais ela, como sempre, se deliciou. Limpei a gaiola, coloquei comida e enchi o "copo" da água.
Não devo ter fechado bem a porta que, durante a noite, se abriu. Um predador, gatinho de estimação da vizinhança mas sempre guardador atento do que por aqui se passa, deitou-lhe a luva com garras e degustou-a completamente. De manhã, apenas sobravam algumas penas a comprovar o crime.
A rolinha já não cantou hoje de manhã nem sussurrou o "põe-te na rua".
Partiu e não deixou, nem terá, substituto.
"Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar (...)"
Sophia de Mello Breyner Andresen
Esta última semana tem sido pródiga em olhares, escutas, leituras que, na sua maior parte, deveriam envergonhar todos os intervenientes.
Partiu em Março e só voltará em Abril de 2025, após mais de um ano de ausência. Virá docinha, como sempre ...
Esta época de arraiais, sardinhas, noitadas, casamentos, feriados e pontes, este ano reforçada com as eleições europeias, traz sempre à memória um "retrato" fabuloso de nós todos, da autoria de Carlos Paião.
Viveu pouco tempo, mas deixou marca indelével.
estes poemas que chegamdo meio da escuridãode que ficamos incertosse têem autor ou nãopoemas às vezes pertoda nossa própria razãoque nos podem fazer vero dentro da nossa morteas forças fora de nóse a matéria da vozfabricada no mais fundode outro silêncio do mundoque serão eles senãouma imensidão de vozque vem na terra caladado lado da solidãoestes poemas que avançamno meio da escuridãoaté não serem mais nadaque lápis papel e mãoe esta tremenda atençãoeste nadauma cegueira que apagaa luz por trás de outra mãotudo o que acende e me apagaalumiação de mais nadaque a mão paradaalumiação entãode que esta mão me conduzpor descaminhos de luzao centro da escuridãoque é fácil a rima em ãodifícil é ver se a luzrima ou não rima com a mão
Poemas canhotosHerberto HelderPorto Editora (2015)
Estamos em Junho e cheira a Verão. O sol brilha, o vento está tranquilo, escondido e talvez a preparar-se para as habituais visitas em Julho e Agosto. Os dias são compridos, proporcionando mais luz à borla e sem necessidade de interruptor.
Vê-se tudo ... ou talvez não.
Não se vislumbram sinais de paz na Ucrânia ou na Palestina, ouvem-se baboseiras, muitas, na campanha para as eleições europeias, que está na última semana. Todos têm soluções para tudo. Até eu!
E só pode ser verdade. O Face trouxe, o Insta mostrou, o X comentou. A difusão tornou-se "viral" e o contraditório fica, na maior parte das vezes, reduzido ao boçal insulto. Os jornais são cada vez menos lidos. As televisões deixaram de "fazer" notícias e passaram a comentar tudo e mais um par de botas.
Estou preocupado, mas deve ser da idade. Que outras razões haveria?
Lisboa e o resto do país têm cada vez mais hotéis, pensões, residenciais, alojamentos locais. Aumenta o número de pessoas que nos visitam, em qualquer época do ano. Os trabalhos mais duros são assegurados por pessoas vindas de todo o mundo, em busca do paraíso lusitano.
E eu, meio cegueta, vejo mais gente a dormir na rua. Será por prazer?