sexta-feira, 28 de junho de 2024

Será?

No Expresso de hoje, o brilhantismo de António retrata os dois candidatos à presidência dos USA, antevendo o espectáculo deplorável dado no debate entre ambos, desta madrugada.

Não se adivinham bons tempos ...

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Azia

Se, como tudo indica, o próximo Presidente do Conselho Europeu for António Costa, deverá ser necessário abrir uma linha de crédito para importação de pastilhas Rennie, dado o aumento da procura que, inevitavelmente, irá acontecer.

Para obviar a eventuais incapacidades da produção, a linha deverá contemplar, também, outras marcas que possam garantir o bem estar estomacal de toda a gente. Dado que ainda não está descoberto o melhor remédio para sapos engolidos, também deverá ser efectuado um desafio à academia no sentido de estudar uma solução, contando-se com a colaboração do Ministério Público para realizar os rigorosos inquéritos que se mostrarem pertinentes, atempados e independentes.

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Recordações

São doze as primaveras que hoje, lá pelas nove e tal da noite, o meu neto Dudu irá completar, com a memória da Roma que visitou e regressado à base, onde todos o esperam.

Como, por certo, a viagem lhe ficará na memória, por aqui se deixam palavras bonitas sobre a mesma terra, para que, talvez um dia, possa fazer comparações com as recordações.

ROMA

O belo rosto dos deuses impassível e quebrado
A noite-loba rondando nas ruínas
A veemência a musa
Colunas e colinas
O bronze a pedra e o contínuo
Tijolo sobre tijolo
A arte difícil e bela da pintura
A música veemente que assedia a alma
O corpo a corpo do espaço e da escultura
Os múltiplos espelhos do visível
A selvagem e misteriosa paixão de Catilina

As altas naves as enormes colunas
Os enormes palácios as pequenas ruas
A lenta sombra atenta e muito antiga
O sucessivo surgir de fontes e de praças
Vermelho cor-de-rosa muita pressa
Gesticular de gentes e de estátuas
Azáfama clamor e gasolina
Do guarda-sol castanho a penumbra fina

Obra Poética
Sophia de Mello Breyner Andresen
Caminho (2011)

domingo, 23 de junho de 2024

Partida

Encontrei-a, sem abrigo, completamente desorientada no cemitério, para onde voara sabe-se lá vinda de onde. Deixou-se apanhar sem qualquer dificuldade e permaneceu cá em casa vários anos. Até hoje ...

Cantava logo pela madrugada e sempre que eu me aproximava do seu poiso artificial. Ontem foi a última vez que lhe peguei, lhe fiz festinhas, com as quais ela, como sempre, se deliciou. Limpei a gaiola, coloquei comida e enchi o "copo" da água.

Não devo ter fechado bem a porta que, durante a noite, se abriu. Um predador, gatinho de estimação da vizinhança mas sempre guardador atento do que por aqui se passa, deitou-lhe a luva com garras e degustou-a completamente. De manhã, apenas sobravam algumas penas a comprovar o crime.

A rolinha já não cantou hoje de manhã nem sussurrou o "põe-te na rua".

Partiu e não deixou, nem terá, substituto. 

sábado, 22 de junho de 2024

E a seguir?

"Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar (...)"
Sophia de Mello Breyner Andresen 

Esta última semana tem sido pródiga em olhares, escutas, leituras que, na sua maior parte, deveriam envergonhar todos os intervenientes.

  • É rigorosamente proibida a violação do segredo de justiça ... mas pode-se fazer!
  • O debate na Assembleia da República deve ser feito com elevação, educação, respeito e cortesia ... muitas vezes parece a discussão na tasca mais rasca, depois de bebidos meia dúzia de tintos manhosos!
  • Os jornais e as televisões devem ser criteriosos, isentos, claros e verdadeiros nas notícias que difundem, cabendo aos jornalistas o decoro e o rigor da sua transmissão ... nenhum devia ceder à tentação de publicitar a encomenda e ainda glorificar o mandante!
Continuemos a ver o futebol do Euro 2024, mas só os jogos ... o antes e o depois também se dispensam!

domingo, 16 de junho de 2024

Ordem

Obedeceu!

Partiu em Março e só voltará em Abril de 2025, após mais de um ano de ausência. Virá docinha, como sempre ...
 

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Síntese

Esta época de arraiais, sardinhas, noitadas, casamentos, feriados e pontes, este ano reforçada com as eleições europeias, traz sempre à memória um "retrato" fabuloso  de nós todos, da autoria de Carlos Paião.

Viveu pouco tempo, mas deixou marca indelével.

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Palavras bonitas

estes poemas que chegam
do meio da escuridão
de que ficamos incertos
se têem autor ou não
poemas às vezes perto
da nossa própria razão
que nos podem fazer ver
o dentro da nossa morte
as forças fora de nós
e a matéria da voz
fabricada no mais fundo
de outro silêncio do mundo
que serão eles senão
uma imensidão de voz
que vem na terra calada
do lado da solidão
estes poemas que avançam
no meio da escuridão
até não serem mais nada
que lápis papel e mão
e esta tremenda atenção
este nada
uma cegueira que apaga
a luz por trás de outra mão
tudo o que acende e me apaga
alumiação de mais nada
que a mão parada
alumiação então
de que esta mão me conduz
por descaminhos de luz
ao centro da escuridão
que é fácil a rima em ão
difícil é ver se a luz
rima ou não rima com a mão

Poemas canhotos
Herberto Helder
Porto Editora (2015)

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Visões

Estamos em Junho e cheira a Verão. O sol brilha, o vento está tranquilo, escondido e talvez a preparar-se para as habituais visitas em Julho e Agosto. Os dias são compridos, proporcionando mais luz à borla e sem necessidade de interruptor.

Vê-se tudo ... ou talvez não. 

Não se vislumbram sinais de paz na Ucrânia ou na Palestina, ouvem-se baboseiras, muitas, na campanha para as eleições europeias, que está na última semana. Todos têm soluções para tudo. Até eu!

E só pode ser verdade. O Face trouxe, o Insta mostrou, o X comentou. A difusão tornou-se "viral" e o contraditório fica, na maior parte das vezes, reduzido ao boçal insulto. Os jornais são cada vez menos lidos. As televisões deixaram de "fazer" notícias e passaram a comentar tudo e mais um par de botas.

Estou preocupado, mas deve ser da idade. Que outras razões haveria?

Lisboa e o resto do país têm cada vez mais hotéis, pensões, residenciais, alojamentos locais. Aumenta o número de pessoas que nos visitam, em qualquer época do ano. Os trabalhos mais duros são assegurados por pessoas vindas de todo o mundo, em busca do paraíso lusitano.

E eu, meio cegueta, vejo mais gente a dormir na rua. Será por prazer?