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16 dezembro 2016

Do amor




Poucas coisas, ou de poucas, saberei melhor, ou tanto, quanto sei de amor. E não, não é preciso coragem a bastante para o afirmar, basta alguma vez ter sido amante e das loucuras que se faz e imagina fazer-se pelo bem-amado alguma vez haver sido possuído. Isso é quanto baste para que em amor o homem se faça entendido, na medida do possível, pois que em amor todo o entendimento é mísero e volúvel. É essa miserabilidade, contudo, profícua, rica, também favorável às mais doidivanas elucubrações de que um homem necessita para passar as mortas horas dos dias e tomar ciência da sua existência.
            Ademais, o amor coloca-nos diante de quadros por outras artes inimagináveis, diante daquele lapso de tempo e espaço em que o homem cogita desistir de tudo, abandonar-se, largar-se, o suicídio. Recordemos que um “homem que não encontrou na vida um motivo para perdê-la é um homem pobre, porque isso significa que ele não encontrou sentido em sua vida”, como diz o provérbio árabe. Ora o amor é, não raras vezes, a origem desse sentido, o para que se vive e se respira, o para que se acorda, levanta, caminha, pula, ri, chora. Sim, o amor é essencial nas nossas vidas, mas isso não me faz ainda concordar com Luc Ferry quando diz que este “substituiu pouco a pouco todos os princípios fornecedores de sentido, todas as outras fontes de legitimação de nossos mais profundos ideais”. Compreendo sua fala, mas faço uma ressalva: o amor não vem substituindo, ou se impondo, o amor é o principal princípio orientador das vidas humanas desde os primórdios.


O excerto acima integra a introdução de meu novo livro, "Do amor", disponível no formato ebook na Amazon. No livro, são destacadas as visões de grandes autores (Camões, Drummond, Stendhal, Manuel Bandeira, Neruda) sobre o amor. Não deixe de acessar e deixar sua opinião. Para acessar, clique aqui.  



Abraço!