Poucas coisas, ou
de poucas, saberei melhor, ou tanto, quanto sei de amor. E não, não é preciso
coragem a bastante para o afirmar, basta alguma vez ter sido amante e das
loucuras que se faz e imagina fazer-se pelo bem-amado alguma vez haver sido
possuído. Isso é quanto baste para que em amor o homem se faça entendido, na
medida do possível, pois que em amor todo o entendimento é mísero e volúvel. É
essa miserabilidade, contudo, profícua, rica, também favorável às mais
doidivanas elucubrações de que um homem necessita para passar as mortas horas
dos dias e tomar ciência da sua existência.
Ademais, o amor coloca-nos diante de quadros por outras artes inimagináveis,
diante daquele lapso de tempo e espaço em que o homem cogita desistir de tudo,
abandonar-se, largar-se, o suicídio. Recordemos que um “homem que não encontrou
na vida um motivo para perdê-la é um homem pobre, porque isso significa que ele
não encontrou sentido em sua vida”, como diz o provérbio árabe. Ora o amor é,
não raras vezes, a origem desse sentido, o para que se vive e se respira, o
para que se acorda, levanta, caminha, pula, ri, chora. Sim, o amor é essencial
nas nossas vidas, mas isso não me faz ainda concordar com Luc Ferry quando diz
que este “substituiu pouco a pouco todos os
princípios fornecedores de sentido, todas as outras fontes de legitimação de
nossos mais profundos ideais”. Compreendo sua fala, mas faço uma ressalva: o
amor não vem substituindo, ou se impondo, o amor é o principal princípio
orientador das vidas humanas desde os primórdios.
O
excerto acima integra a introdução de meu novo livro, "Do amor",
disponível no formato ebook na Amazon. No livro, são destacadas as visões de
grandes autores (Camões, Drummond, Stendhal, Manuel Bandeira, Neruda) sobre o
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Abraço!