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23 julho 2014

Morrer é um caso sério

     

          Ninguém escolhe, é certo. Essa ventura Deus me desse e me animaria de brincar com ela. Diria: "Morte, hoje não. Dói-me um dente. Tomei até remédio. Entrar no céu de má cara, doído, não me parece muito digno". De outra vez: "Ah, que vens em muito má hora! Deixa-me curtir esta fossa em que me encontro. Morrer por morrer, seja alegre". Noutra vez diria, coisa da psicologia: "Pois bem, se te anima, leva-me hoje. É um favor levares-me deste corpo já de si desanimado e morto".
            E assim por diante, como criança brincando de "esconde-esconde". Eu não sou doido - não quero morrer. Morrer é um caso sério. Tão sério, tão sério que a cada vez que uma pessoa morre o mundo todo morre um pouco. Como hoje. Hoje o mundo morreu um pouco. O Brasil e o Nordeste muito mais.



28 março 2012

Millôr RIP

        Hoje morreu, em minha opinião, modesta, sim, o talvez maior escritor brasileiro contemporâneo, o tal, o "sem estilo", como ele mesmo se auto-intitulava. Millôr foi grande em tudo que fez, no teatro, nos contos, na poesia, nas traduções, de Shakespeare, Molière, dos como ele brilhantes e capazes de figurarem para sempre na memória universal. Foi-se o seu tempo, ficam-nos as suas heranças. Gozemos das mesmas. 


Poeminha Sem Muita Pressa
(de Millôr Fernandes)

Num piscar que mal se ouve
Num passar que mal se vê
Tictactictactictactictac
Um dia leva você