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24 novembro 2014

Cordel "O Mostrengo"

          Feliz de dizê-lo: está disponível a partir de hoje mais um título do Cordel do Côvo no Amazon. Desta feita, o número nove, O Mostrengo. Folheto constituído de 130 quadras com rimas consoantes alternadas (abab),  com versos de 7 sílabas poéticas, tem, no total, mais de 500 versos. Para comprar/ler basta fazer clique AQUI.


          Quem gosta de cordel não pode perder.


26 junho 2014

O Mostrengo (V)

No lugar de ouvidos olhos
Só dois, na certa medida
De dar inveja aos zarolhos
Feliz e cheio de vida

O Mostrengo não era mais
O mostrengo que havia sido
Era agora por demais
Bonito e grande partido

Não eram as mãos de galinha
Nem quadrados os seus pés
Era todo fina linha
Perfeito, a valer por dez

Tinha conta na Suíça
Casacos ricos de pele
Um emprego na justiça
Promotor Pedro Fidele

Em todo lugar respeito
À sua figura tinham
Fosse arcebispo ou prefeito
Os distantes se avizinham

E procurou a moça, então
Filha do Major Belém
Não olvidava o coração
O quanto lhe queria bem

Chegado pois na cidade
Aprontaram a recebê-lo
Com tal cordialidade
Que, Deus meu, queria vê-lo

"Senhor Promotor, bem vindo
Muito nos honra a visita
O tempo não seja findo
Aqui estando, Mãe bendita!"

Todos fizeram jantares
Do mais célebre ao menor
E no meio desses andares
Veio convite do major

Aceitou, claro que sim
Era já muita a espera
À ânsia poria fim
Nossa, assim mesmo é que era

Na noite certa, na hora
Sentou com todos à mesa
Virgem, ai Nossa Senhora! 
É a moça, tem certeza?

Tomou sua face o horror
Pois amava uma mostrenga
"Não pode não Promotor
Namorar uma capenga

Pense bem, Senhor Doutor
Pro respeito é uma perda
É muito bonito o amor
Mas veja bem como é lerda"

Pensando isto se engasgou
E quase era ele finito
Oh, quando pôde zarpou
"Aqui não volto, está dito"

Caro leitor, um aviso
Tem mostrengo promotor
Que bem não age em juízo
E só quem perde é o amor 

(Fim)






25 junho 2014

O Mostrengo (IV)

E assim jurado assim foi
Não mais o viu a sucuri
Deu pra lá do sapo-boi
Em terras que eu nunca vi

Mas sei do que me contaram
Era lá tudo tão enorme
Que os anos, muitos, passaram
E de insônia se desdorme

Os homens eram de metros
Pra cima de três ou cinco
O rei usava oito cetros
Sete de ouro, só um de zinco

As aves tinham três bicos
Botavam ovos demais
E nas montanhas, nos picos
Tinha filhos de dez pais

Os gatos eram bicéfalos
E tinham mais de dez patas
Os cachorros, omacéfalos
Com haréns de vinte gatas

Burro casava com rã
Pirilampo com hiena
As combinações que há
Não era a confusão pequena

E davam filhos ao mundo
Paridores que nem ratos
Ia do besta ao mais profundo
Do mais disforme aos exatos

Tudo era exagerado, pois
Como exagerado conto
No lugar de um ponho dois
Em vez de vírgula ponto

O Mostrengo lá chegado
Deu sorte, conseguiu emprego
Auxiliar do deputado
Joaquim José Mondego

Botava cola nos selos
Das muitas e tantas cartas
Todas respostas a apelos
Soltando cobra e lagartas

Recebia só um salário
Que gastava todo em pinga
O patrão era um salafrário
"Merecia uma mandinga!"

Mandinga que nunca fez
Era de coração bom
Maldade não tinha vez
Funcionava noutro tom

E era bem bom o trabalho
Sejamos muito honestos
Era embaixo de um carvalho
Longe de olhares funestos

Sem contar a diversão
Nascida com as leituras
De seu colega Baião
Em determinadas alturas

Abria as cartas, ditava
O quanto havia escrito
O Mostrengo resmungava
Dava fé: "fado maldito!"

Mas um dia desses, porém
Leu Seu Baião o dito abaixo
Era essa carta de alguém
Cujo enredo eu aqui encaixo

"Caro José, deputado
Senhor de mui grande estima
Lhe apelo por tanto enfado
Meu humor não é ao de cima

Faz tempo que minha filha
Aos males do amor se deu
E segue teimosa a trilha
De um mostrengo que escafedeu

A união, eu juro, não aceito
Tenho uma reputação
Sou pessoa de respeito
Sei o que é certo e o que não

Bonito casa com lindo
Feio se enlaça no feio
Assim o mundo seguindo
Sem isso de termo meio

A natureza é quem manda
E o Senhor de sua sorte
Não casa água e lavanda
Casa não vida com morte

Como a Rosinha casar
Filha minha, gente fina
E não me desesperar
A minha razão não atina

Com o Mostrengo pior
Pois o mesmo não sonhei
Sonhei coisa bem melhor
Do que aquilo que encontrei

Por isso peço me ajude
Decrete do amor o fim
Eu fiz já tudo o que pude
Nada mais posso de mim"

Antes que continuasse
O Mostrengo suspirou
Pediu por favor parasse
Ai, não muito bem se achou

De repente um suor frio
Uma ligeira arritmia
Veio a recordação em fio
Do tanto, Deus, que a queria

"Amigo, fale ao patrão
Ausento-me hoje mais cedo
Eu não me sinto bem não
Que diabo, tenho medo

Amanhã as horas compenso
Boto selo quanto houver
Hoje o trabalho dispenso
Até mais, se Deus quiser!"

Foi bater junto do mar
Ouvia os peixes dizer:
"Dia bom para voar
Tomara pudesse ser"

E uma onda mais forte veio
Teimou de o enrolar
Benza Deus, que caso feio
Tonto não sabe nadar

Tamanha foi a agonia
Desse mar sempre puxando
Que até morrer não houve dia
Que não o ficasse lembrando

Salvou-o o pescador Tozé
Homem barbado, meio louco
Tinha seis dedos no pé
E ainda achava era pouco

E quando digo o salvou
É exato literalmente
Pois a uma bruxa o levou
Que o fez demais diferente

(continua)



21 junho 2014

O Mostrengo (parte 3)

E como a dor não amanha
Rápido partiu pra cima
Cheio de raiva tamanha
Que entortou até minha rima

A Lua, esperta, correu
Perdeu-se longe no céu
Ficou escuro que nem breu
Levanto a ponta do véu:

Depois de socos e chutes
Acertando o frio espaço
O cuco disse: "me escutes
Pra evitar maior embaraço

Saiba você, bom amigo
Não é fácil minha vida
Mas eu tenho pra comigo
Não me leva de vencida

A coisa que eu muito quero
Sofra o tanto que sofrer
Será minha, assim espero
Luto até desfalecer

Ah, diz-me, que amor é esse
Que te deixa impaciente
Que vai contra o interesse
De ser feliz de repente?

Fala muito ela, sei bem
Coisas que ninguém espera
Coisas de além e de aquém
De outro mundo e outra esfera

Eu sei bem, não me interessa
Das falas a maior parte
Mas de escutar não há pressa
O bem escutar é uma arte

E se serve pros meus fins
Boto nisso todo o empenho
Além da seda os cetins
Além das artes o engenho

Vê se prestas atenção, homem
Tem aqui espíritos tais
Sonhos dos outros comem
São dados a maus finais

A teu favor não são todos
Não são de favor nenhum
Controla teus próprios modos
Não terás problema algum

Fraudaram-se teus anseios
Oh, Deus, quão triste fado!
Luta por todos os meios
Fiques não desalentado

Procura a lebre Ceição
Para tudo tem receita
Seja mal do coração
Ou qualquer outra maleita"

"E onde posso eu encontrá-la?"
O Mostrengo perguntou
"Fica pra lá de Zé Bala
Onde o mundo se acabou

Só pegar esse caminho
O negócio é ir reto
Temas não de ires sozinho
É seguro meu prospecto

Tem leão, tigre, hiena
E cobra de todo o jeito
Mas o cuco Adão Antena
Dizes: é amigo do peito

Muito bem ele me quer
E ficará satisfeito
Se ao voltar eu lhe disser
Que não me faltou respeito

Fez-se o Mostrengo à estrada
Com passo desanimado
A cara toda fechada
Mas por dentro em alto brado

"Que destino se avizinha?
Por amor me acho perdido
Deus, que triste a sina minha
Sou corpo e alma ferido

Sofro por quem nada sei
E bom seria o soubesse
Novas dela nunca achei
O que foi e o que acontece"

Tss, tss, uma sucuri
No caminho se atravessa
"Deixe ver se eu entendi
Você quer que caia nessa?

Amigo do amigo cuco
Querido, mui respeitado
Parente do velho Truco
Irmão de Zeca Diado

Tss, tss, que papo bonito!
E não é que gostei de fato?!
Por favor, me passe escrito
Essa peça de um só ato

Tss, tss, senhora Antônia!"
E veio uma lesma viscosa
"Trate com Dona Sônia
História tão caprichosa

O rapaz aí não enxerga
Mas a tudo põe palavra
Seu juízo tudo alberga
O mundo é de sua lavra"

E riu por demais dito isso
"Olhe a sorte, meu rapaz
Tenho agora compromisso
Só por isso o deixo em paz

Corra sem pra trás olhar
Não pretendo me indispor
Mas se acaso aqui voltar
Não garanto o mesmo humor"

Eita, mostrengo atleta
Deu de correr que nem tolo
Fez uma volta completa
Trombou na cobra qual bolo

"Tss, tss, danado é!
Quando está de boa a gente
Sempre aparece um mané
Do jeito meio insolente

Não tivesse o casamento
Findava tanta tontice
Levantava um pé de vento
E foi-se o mostrengo, ouvisse?

Ouviu bem, pois está claro
Não fosse ele todo ouvido
Disse: corro e mais não paro
É jurado e prometido

(continua)




Para ler os dois posts anteriores de O Mostrengo, acesse respectivamente:












15 junho 2014

O Mostrengo (parte 2)

E no meio da noite escura
Se levanta som repente
É o guizo que procura
Ai, Jesus, vamos em frente

"Entrou a Lua há instantes
Marquei uma hora com ela
disse venha quanto antes
tenho história da bela

Toma nas mãos esse guizo
E mexe-o quanto quiseres
É pra ela como um riso
Vai calmo, não desesperes"

Assim falou o cuco Adão
O Mostrengo em desespero
Perdido de sem razão
De um nervosismo sincero

Era onze horas da noite
A dita gruta adentrou
"Ah, vamos, homem, se afoite"
Uma voz rude soltou

"Não tenho tempo de sobra
Embora muita a vontade
Então, vamos, mãos à obra
Falo com celeridade"

A Lua, oh, que faladeira
Puxou conversa num lance
No papo, à sua maneira
Não tem ninguém que a alcance

E eram as horas três, quatro
De todo o tipo de histórias
Fossem reais ou teatro
Puxou das suas memórias

Falou de sapos poetas
De vagalumes atores
De peixes que eram cometas
De cachorros ditadores

Falou de rios de sangue
Lágrimas que viram pérolas
De ouro que brota no mangue
Do bronze dando nas sérolas

O Mostrengo resistindo
Todo caído de sono
Um bocejo sempre abrindo
Era votado ao abandono

"Oh, palradeira sem fim
Vício de língua tremendo
Não faz nem caso de mim
Estou só me aborrecendo"

Chateado já por demais
Teve intenção de sair
Mas falou ela: "Onde vais?
Agora tens que me ouvir"

"Mas e o nosso combinado?
Inda não fez nem menção
Estou já desenganado
Se perdeu a ocasião"

"Para, Seu Mostrengo, para!
Me agrada não esse tom
Olha bem na minha cara
E fala de jeito bom

Eu não sou de vãs promessas
Do dito sou bem ciente
Faço tudo que me peças
Mas tens que ser paciente"

O Mostrengo frouxo todo
Logo voltou para trás
Presa fácil nesse engodo
Não conhece intenções más

Mas passa a noite, horas, dias
Coisa pra lá de semanas
Fenecem as energias
Nascem vontades insanas

"Lua maldita, maldita
Vou arrochar tuas goelas
Vem cá, malvada prescrita
Vou quebrar tuas canelas

De meu coração brinquedo
Fazer não é mui correto
Vem, eu vencerei hoje o medo
É agora meu projeto

Alma boa você não tem
Que inventa histórias mil
Só pra manter alguém
Bem enredado em seu ardil"


(continua)



18 maio 2014

O Mostrengo


Deu um mostrengo na aldeia
Oh, meu Deus, vá se benzer
Deus meu, era todo "oreia"
E não tinha olho pra ver

Tinha oito ouvidos em linha
Que iam da testa inté o bucho
As mãos eram de galinha
O nariz grande em repuxo

Era bem redonda a boca
Quadrados eram os pés
Cabeça feito "biloca"
Num chapeuzinho resvés

De todo modo mui feio
Que não tem Jesus parelha
Era de dar no receio
Como a rudeza de velha

Mas deu-se o caso porém
Rosinha se enamorar
Filha do Major Belém
Que prometeu o matar

"Minha filha ensandeceu
Ah, gosta é coisa nenhuma!
Bicho feio que nem breu
Que não tem beleza alguma

A deserdo se insistir
Coisa assim eu não permito
De mim ninguém há de rir
Esse enredo não está escrito"

Chegou a conversa no mostrengo
Que de orelha era bem rico
Achou bom salvar o "quengo"
Disse: fujo, aqui não fico!

Aprontou as sacolas todas
Correu lesto para o mato
Esqueceu o sonho de bodas
Fugiu sem mais aparato

Logo correu a notícia
"O das orelhas marchou"
Preciso foi um só polícia
Do major se amedrontou

Mostrengo fajuto esse
Que vira a cara pra luta
Ah, eu antes, meu Deus, morresse
Que me dar a tal conduta

A moça, pobre coitada,
Quando o soube desmaiou
Ficou um dia desacordada
Todo mundo se assustou

Veio médico, pai de santo,
Padre, pastor, um xamã
Se abriam bocas de espanto
"Com essa moça que é que há?"

"Ai, meu mostrengo adorado!
Você não pode deixar-me
Ai, mostrengo bem amado!
Teu desamor é meu alarme

Meu pai é de muita fala
Mas de ação muito escusado
Calá-lo, ninguém o cala
Mas faz promessa fiado

Ai, mostrengo bem amado!
Volta breve, me sossega
É meu peito angustiado
A maior tristeza o pega"

E na floresta entretanto
O mostrengo trabalhava
Lavado também em pranto
Casa na árvore acabava

Daí por nada veio um cuco
E com ele puxou assunto
"Sou filho do velho Truco
Bisneto de Seu Presunto

Tem aqui perto uma gruta
Onde há noite se põe a lua
Recompensa quem a escuta
Disse: a moça será sua

Oh, tu mais nada não fazes
Bota só nela os ouvidos
Desejos não serão quases
Serão todos bem cumpridos

Eu venho de dez pras onze
Lá te levo como amigo
E trago um guizo de bronze
Que deves levar contigo"

Dito isto se despediu
Voou contra o sol da tarde
Tão alto, não mais o viu
Já o coração é todo alarde

Oh, horas demais custosas
Grande demais era o dia
O espinho vem com as rosas
Dos amores a agonia

E era essa agonia tanta
Que não pôde nem comer
Tinha um nó na garganta
Não dava pra desfazer

Em vão falou Dona Zinha
"Precisa de vitamina
Coma dessa sopa minha
Logo, logo você afina

É de carne de cavalo
Deixará você bem forte
Resistente a todo abalo
Com a coragem de sorte"

Foi a noite escurecendo
Bem tinhosa em seu vagar
Jurou quase estava vendo
Mais até do que escutar

Saiba, meu caro leitor
Fique bem compreendido
É bem próprio do amor
A confusão do sentido

O amor é meio inverso
Do aparente e normal
O amor é controverso
Coisa do bem e do mal

(continua)


28 julho 2013

A prole da Dona Pi

        Meu novo cordel, A prole da Dona Pi, estará disponível a partir dessa semana.

        Ah! Não vou contar! Quem quiser adquiri-lo, estará disponível no Amazon.


02 fevereiro 2013

Lampião em Hollywood (no Amazon)

        É, gente, Lampião em Hollywood, está disponível, desde hoje, no Amazon. Fácil, fácil. Um clique e está aí na vossa mão. Quem o puder comprar e estiver na disposição de o comentar lá mesmo, na página do kindle, agradeço. É importante para mim, e para todos os que escrevem, julgo, a participação dos outros.


        A capa é de minha esposa, Mag Barbosa, e o humor e diversão são garantias minhas.


        E aí, vemo-nos no Amazon? (rsrsrs) Bom final de semana.


01 outubro 2012

Lampião em Hollywood

        Na sequência da publicação mensal do cordel do Côvo, chega o número deste mês, Lampião em Hollywood. Mais uma vez humorístico e com capa de Mag Barbosa, minha esposa, que arrisca dizer que este é dentre todos o melhor. Quem sabe? 
        Melhor ou não, é pelo menos o mais extenso. Tem quarenta e oito sextilhas com sete sílabas poéticas e rima, em todos casos, consoante. Para além de levar o leitor a um desenrolar de fatos e acontecimentos sobremaneira curiosos e engraçados.

        Quem o pretender adquirir, pode fazê-lo através desse mesmo blog ou por meu e-mail: [email protected] a partir de hoje, ou através da PotyLivros do Praia Shoping, Ponta Negra, Natal-RN, a partir da próxima semana.


        No mais, é só curtir!

04 setembro 2012

O menino que foi ao fundo do Potengi

        Quarto número do cordel do Côvo, O menino que foi ao fundo do Potengi, ah? espera, o blog não fala só de cordel, calma, só que enquanto não sai o Roleta Russa, meu primeiro livro de contos, que terá o selo Eu amo escrever e o prefácio de um cara que escreve bem pra caramba (vou fazer segredo, depois vêem quem é), enquanto não sai o livro de Poemas no Ônibus e no Trem-2012 (é, um poema meu foi selecionado e andará lá por Porto Alegre passeando de colectivo, fiquei muito contente), mas onde que estava mesmo?, Ah, enquanto isso, vou escrevendo cordel e, vocês não têm ideia, sério, de como me tenho sentido bem fazendo isso, de como me tem deixado feliz ver que tem pessoas lendo as minhas porras, é, no fundo, são umas porras quaisquer que um "carai" de um desocupado expele cá pra fora, feito vulcão mal amado, é!, aposto que tem gente que assim pensa, assim como tem quem pense (eu próprio já pensei assim), cordel?, vixe!, coisa de iletrado, cabra escreve tudo errado, umas besteira danada e inda se acha o poeta, nossa senhora, os maia que tem razão, o fim do mundo vem vindo!, e é que virá mesmo, um dia pra mim, outro pra você, e entretanto, ele se demorando, esse cabra aqui vai escrevendo o que lhe dá gozo de verdade e, no momento, é essa porra de cordel, no mais, leia quem queira.


        Esse é o primeiro com xilogravura de Mag Barbosa, minha esposa, sorte, minha, que tenho alguém do meu lado que alinha comigo em tudo, como deve de ser, até nas correções e revisões, na tradução pra nordestino, sim, porque ela que é a nordestina, E também é o primeiro cuja rima é em todo caso consoante, consoante até as críticas que poderiam aparecer por em alguns casos ser toante.

        Quem quiser comprar, pode fazê-lo através de mim ou na Potylivros de Ponta Negra, Natal-RN. 

         Inté!





22 agosto 2012

Crepúsculo em Nova Natal

        Crepúsculo já todo mundo conhece, o filme, piegas, fraco, o pior filme de vampiros que já vi, o pior filme de amor também, e o que é pior até, acho, o pior filme que já vi para adolescentes, muito vazio de história (conhecem-se na escola, a moça descobre que ele é um vampiro, um outro vampiro a persegue, o primeiro a defende, pronto, é só), diálogos muitas vezes beirando o ridículo (minha opinião)...
       Mas Nova Natal talvez ainda não conheçam.
       Nova Natal é um bairro da capital do RN, extenso e populoso. Por ironia, sátira ou só mesmo uma ligeira graça, meu mais recente cordel traz o crepúsculo, o tal capaz de deixar os adolescentes se imaginando de caninos afiados, até ao referido bairro. Depois é só deixar rolar a imaginação, da dona Ana ao xangô Jô da Rede, passando pelo jumento Bernardo e padre Chico, mais a cachorra Juca, muitas peripécias e loucuras. Todas inocentes e sem qualquer intenção ofensiva. Ficções.

       O cordel está disponível desde hoje. O custo é de 2 reais mais o frete, se o comprarem através de mim. Se preferirem, podem comprá-lo na PotyLivros do Praia Shopping, em Ponta Negra, Natal, ou através do site da referida livraria.


       Deixo aqui meu agradecimento a todos quantos têm vindo a acompanhar minha aventura pela literatura de cordel. É muito gratificante ser lido por todos vocês.



14 agosto 2012

A sogra por Leandro Gomes de Barros

        Ando por estes dias engendrando um novo cordel. É de costume que a prática seja rápida, nunca mais que um ou dois dias, problemas de ansiedade, mas com este, que escusarei até revelar o título, tenho até conseguido controlar-me. É doce e reconfortante volta e meia lá voltar. Uma hora um verso, outra hora uma estrofe. Pelo meio, sobra-me tempo e vontade de ler e conhecer mais e mais dos cordelistas nordestinos. E é nesses entremeios que dou um salto até os escritos de Leandro Gomes de Barros. Grande que foi o poeta! Um dos melhores. O melhor. Talvez.
        Por isso deixo aqui um dos muitos dele que já li, sem qualquer mudança, fiel ao original. Não estranhem a acentuação nem alguns termos escritos de forma que não mais se usa.


A alma de uma sogra
(de Leandro Gomes de Barros)

Em dias do mez passado
Vi n´uma reunião,
Um trocador de cavallos,
Um velho tabellião,
Um criado de um vigario
E a avó de um sachristão.

Veio uma dessas ciganas
Que lê a mão da pessoa,
Leu a mão de um velho e disse:
Vossa mercê anda atôa,
De cinco sogras que teve
Não obteve uma boa.

É muito exacto cigana
Disse o velho a suspirar,
A melhor de todas cinco,
Essa obrigou-me a chorar,
Depois de morta tres mezes,
Quase me faz expirar.

Disse o velho, minha vida,
Dá muito bem uma scena,
Dá um romance e um drama,
E a obra não é pequena,
O velho tabelião
Quase que chora com pena.

O velho ali descreveu
Todas scenas que deram
Alguns daquelles ali,
Foram escutar não poderam
Foi um serviço de gancho
O que essas sogras fizeram.

Então a primeira sogra,
Foi uma tal Marianna,
Tinha os dentes arqueados
Como a cobra canninana
Elle casou-se na quarta
Brigou no fim da semana.

A segunda era uma typa
Alta, magra e corcovada,
Damnada para passeios,
Enredadeira exaltada
Cavilosa e feiticeira,
Intrigante e dépravada.

Por felicidade delle
Chegou-lhe a fortuna um dia,
Deu a munganga na velha
Chegou-lhe a hydrophobia,
Foi morta a tiro no campo
Graças ao povo que havia.

A terceira se chamava
Genovéva bota-abaixo,
Espumava pela boca
Que a baba cahia em caixo,
Um dia partiu a elle
Fez-lhe da cabeça um facho.

A quarta era fogo-vivo
Se chamava Anna-Martello
Filha de uma tal medonha,
Bala de bronze, cutello,
Parecia um jacaré
Desses do papo amarello.

Era da côr de jibóia,
O rosto muito cascudo
E tinha no céo da bocca
Um dente grande e agudo
Essa engoliu pelas ventas
Um genro com roupa e tudo.

Meu amigo disse o velho,
Eu me casei innocente
Porque antes de me casar
A velha era tão prudente
Eu disse com os meus botões,
Tenho uma sogra excellente.

Depois que casei, um dia
Eu inda estava deitado
Vi a velha dar um pulo
E abecar o creado,
Arrancar-lhe o coração
E disse este, eu como assado.

Veio à porta do meu quarto,
Disse: pedaço de um burro,
Inda não se levantou?
Quer se levantar a murro?
Voscê, ou cria coragem,
Ou cria cheiro de esturro!...

A derradeira de todas
Não era muito ruim,
Me levantava algum falso,
Fallava muito de mim,
Eu teria me banhado
Se as outras fossem assim.

Sempre tinha alguns defeitos,
Mas também não era tanto,
Uma vez quis obrigar-me
Passar tres dias n´um canto,
Com um defuncto nas costas,
Fazendo oração a um santo.

Mas se ella não fosse assim
A velha fazia gosto
Me fazia algum favor
E depois lançava em rosto
Se brigavamos Ianeiro,
Ficavamos bem em Agosto.

Ella depois de morrer
Fez um papel temerario
Ajuntou-se co´a alma
Da avó de um boticario
E me passaram por sonho
Um dos contos de vigario.

Essa avó do boticario,
Em vida votou-me tedio
Por ter o neto botica
E eu não comprar remedio:
Morreu ella e minha sogra
Quase desgraçam meu predio.

Disse-me a velha em sonho,
Cave lá no pé do muro,
Lá achará uma jarra
Com moedas de ouro puro,
É teu e de minha filha,
Serão ricos no futuro.

Acordei disse á mulher
Tudo que tinha sonhado
Disse ella, vá atraz
Desse thesouro enterrado
Escavaque o pé do muro
Só se lá tiver peccado.

Então tornei a dormir
Ellas voltaram de novo
Me disseram a jarra lá
Está cheia que só um ovo
Mulher só diz é asneira
Vá excutar este povo!

Vá cavar no pé do muro,
Aonde teve um coqueiro,
Debaixo da raiz delle
Acha uma lage primeiro
E debaixo dessa lage
Tem a jarra de dinheiro.

De manhã me levantei
E fui logo para lá
Cavei, encontrei a lage
Disse contente oh! vem cá
Sabe o que achei? um cortiço
De bezouro mangangá.

Ali os bezouros todos
Frecharam em cima de mim,
Eu nem sei como corri,
Julguei ali ser meu fim,
Ouvi a velha gritar,
Bezouros bons, assim sim!

Passei um anno e dous mezes
Com febre sobre o chão duro,
Tinha febre todo dia
Trancado num quarto escuro
E a alma da damnada
Me esperando no monturo.

A mulher estava dormindo
Por sonho viu ella vir
E lhe disse minha filha
Tu não podes resistir
Eu trago aqui um escravo
Que vem para te servir.

A mulher lhe perguntou
E lá pelo mundo eterno
Existe tambem escravo?!
Filha lá tudo é moderno
Minha mai onde achou este?
Disse a velha, no inferno.

Minha mulher disse ali,
Jesus, Maria e José,
A velha espantou-se, e disse:
Atrevida! como é?
Que chama por tres pessoas
De quem eu perdi a fé.

Disse a velha se mordendo,
Eu parto senão me acabo,
Diabos carreguem meu genro,
Que nem sogra dá-lhe cabo,
Sahiram então se mordendo
A velha com o diabo.

Essa tal de bota-abaixo
No dia que ella morreu
Eu lhe mostrei uma imagem
Pois a velha inda se ergueu
Arrebatou-me a imagem
Deu um bote e me mordeu.

Depois de morta tres annos
Onde sepultaram ella
Nasceu em cima da cova
Tres toceiras de mazella
Um livro de nova seita
Achou-se no caixão della.

A cobra era nova seita
Eu conheci o mysterio
E eu pude conhecer
Que o acto não era serio,
Tanto que eu disse logo,
Desgraçou-se o cemitrio


        Este cordel faz parte da coleção digital do acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa, onde poderá encontrar milhares de outros títulos da poesia popular.


19 abril 2012

História Péssima




Seu Péssimo morreu

Fraque pronto, aprumado

Tão velho era, sua morte

Todo mundo entendeu




E ainda houve consolo

Pra esses vivos enlutados

Vai o homi pra lugar melhor

Paraíso tão ansiado



Oh, Deus, não chorem

Em vida, Deus, bem sabem

Má vida Seu Péssimo tinha

Foi pobre, mal amado

Escolaridade mínima

Sua vã mente traumatizada

Seu nome só dando briga



Esposa sua, Dona Ótima

Em tudo dele discordava

Na mobília, na cor da casa

Na educação dos filhos

Até na própria morada



Queria a Dona viver

Numa dessas praias nordestinas

Calor desmesurado, à vontade

Todo dia de todo ano



O velho não

Comprou a pronto um apê

Lá na marginal do tal Tietê

“Não faz tanto calor

Mas esse rio é mais humano”



Oh, Deus, fosse só isso!...

Caiu o pobre do homi

Em mais uma grande desgraça,

Dona Ótima, sempre simpática,

Era a todos muito dada



Vasilha debaixo do braço

Saía de casa de manhã cedo

“olha a cocada, olha a cocada”

Às vezes, tanto tardava

Que em sua vinda estava embuchada



E o Seu Péssimo, bigode fino,

Entre resmungos e gritos lá soltava

“Esse, tenho certeza, é filho do cão,

Tudo menos meu filho”



Misericórdia divina!

Se uniam os filhos à mãe

“Minha mãe não é rapariga!”



O pobre, sozinho e encurralado

Ainda, por vezes, rebatia

“Então, me expliquem

Faz pra lá de mês que ela saiu

E quando chega está nesse estado”



A confusão se generalizava

Todo mundo partindo pro tapa

Filhos, noras, vizinhos

Até o gringo que passava

Oh, Deus, confusão tamanha

Só acabava na polícia



“Cuidado, Seu Péssimo, cuidado

Como as coisas são você bem sabe

Seu Péssimo já tem ficha”



“Rapaz”, o velho falava

“De toda mulher do mundo

Mesmo as que me apelidem de burro

Nenhuma me fará nunca de otário”



Palmas, palmas, palmas

Velho sabido

Não tem sexto sentido

Mas tem nos chifres

Ondas de rádio



Voltavam pra casa

Tudo mudo e calado

A primeira palavra

Só pra lá de uma semana



E quando o bebê nascia

Os irmãozinhos sempre diziam

“Oh, que lindo!

Tem a cara de painho”



Ah, mas o velho Péssimo

Nenhum trote convencia

E até naquele extremo batia

O de rir de tanta farsa

Misturada a ridicularia

“Não fosse minha herança

Não tinha uma só companhia”



“Oh, homi, fala isso não

Tem por aí muita fruta podre

Como tem gente com coração”



Oh, não interessa!

É neste ponto da história péssima

Que à morte do homi me atenho



Seu Péssimo sepultado

Devidas orações e lágrimas

Correram os abutres pra casa

Façam-se por bem as partilhas

Que mais tempo não tenho



Mas, ai, Deus!, me desfaleço

Para o lar toda a herança

E a nós todas as dívidas?!



Chora agora a Ótima no túmulo

“Diz-me, Péssimo, isso mereço?”



O homi agora não fala,

Se falasse, deixou escrito,

O seguinte ia dizer:

“Quem te comeu a cocada

É que deve te manter.”









27 fevereiro 2012

A história de Juca Iberê

Pasma minh'alma
Co as coisas do mundo...
Falou Juca Iberê,
Encontrou buraco sem fundo,
Ao vivo na tevê.

"No meu quintal deu o troço,
Cavidades de todo lado brotam
E o pior, oh!, moço,
De todas sai troço viscoso...
E o pior, bem pior, meu moço
Não é petróleo, é esgoto."

"Mas que danado, hein, Juquinha?
Nascer por nascer, coisa boa
Ao menos fosse. E o pior, meu véio,
Seja ou não seu, está na sua terrinha."

E aí se acrescenta o gozo...

"E quando outros perguntem
Oh!, Deus, fale pomposo,
Dessa merda toda, acreditem,
Virgem santíssima, sou o dono..."

Juca Iberê, de fraca sorte,
Da fraca sorte bem ria,
Nas suas terras não deu manga,
Não deu minério nem pinha,
Suas terras têm a graça
Dos dejetos que o furico tinha.

"Mas, homi, me fala,
Co esse troço de esgoto,
Você é sabido, bem verdade,
Não tem como fazer grana?
Ah, Deus, me ajude,
Minh'alma é precisada."

E deu na terra mui entendido
Dos Estates, da Bretanha...
Todos ficavam surpreendidos
Com cagada tamanha.

Birinaite, o americano,
Um negócio quis cumprido,
Coisa de bom tamanho,
Dava ele dois reais ao quilo
Caso fosse radioativo...

O bretão, sujeito lambido,
Fazia melhor proposta,
Dizia ele, no Reino Unido
Se recicla toda a bosta;
Damos cinco reais ao quilo
E inté lacramos a porta...

Mas Juca Iberê, meu Deus,
Tamanha dificuldade tinha
Em desfazer-se dos seus...
Já seu nariz não queria
Desses odores da vida
Ficar no atroz adeus...

"Ah, não vou vender!
Bem precisava, pra comprar
Outra burrinha, mas não sei...
Me diga, homi, você,
A grana que possa ganhar
Não vou gastar em adubo
A mais tarde a estrumar?"

E assim decidido estava
E ficou por muita semana,
Até que à terra deu
Um esnobe monsiú francês,
Bem falante, muito cortês,
Da Chaneli representante...

"Ah, valha-me Deus, o senhor
É daqueles cabras da França
Que entendem pra carai de odor?
Oh, seja bem vindo, 
Mui nobre convidado,
E me diga, fale verdade,
Melhor aroma que este
O senhor já tinha cheirado?"

E quando o gaulês negou,
Elevando suas propriedades,
Juca Iberê inflou,
Se encheu de todas vaidades.

"Meu bom senhor, pois saiba,
Eu também disso duvidava,
Mas a excelência do odor
Veio aqui das minhas entranhas."

E os vizinhos se ajuntaram
Na porta do Juca apinhados
Pra nobre discurso batendo palmas.

"Eu, Juca Iberê, meu senhor,
A vós, homis da Chaneli, vendo!
Não acho justo o mundo privar
Do que tenho em meu terreno.

Mas...

(Juca Iberê gostava dum suspense)

O senhor tem de me levar a França,
Assim é meu desejo pleno."

Contrato assinado, na mão as passagens
Juquinha partiu faz dois anos,
E não voltou, voltou não,
Dizem agora que num tal de Sena, nas margens,
Todo dia se vê o homi cagando.

Et voilá, os franceses sont très contents.


23 fevereiro 2012

O pobre Josi Valdo catador

Josi Valdo catador,
Pobre que só a bexiga,
Tão pobre que dava dor,
Deus!, godelava comida
Todo o dia sem pudor.



"Oh, de casa, Oh, de casa!
Não tem pr'essa pobre alma
Uns restinhos de quentinha?
Não tem você pr'esse homi
Algo que forre barriga,
Algo que mate a fome?"

Josi Valdo catador,
Moreno da pele dura,
Batia palmas com fervor.
Não tem pra desgraça saída
Que lhe faça um bem maior,
Pobre passa fome
E se não pede tanto pior.

"Oh, de casa! Oh, de casa!"
Assim era diário grito.
Oh, meu Deus, pobre alma,
O fazia de tão aflito.

Mas eis que ventura maior
Ao bom se achega
E, um dia, se afundando no lixo
Deu a si grande riqueza.

"Uma Esmeralda, Jesus Bendito!,
Uma Esmeralda, Jesus Bendito!"



E de todo lado acorreram
Aos montes, agora todos amigos,
E como abutres famintos
O espaço vestiram de gritos.

"Mas é Josi Valdo catador, 
Meu bom amigo, o afortunado! 
Dos tempos de escola o conheço.
Oh, homem bom, agradável, tal sorte bem merece.
A nobr'alma, nobre fado!"

"Sorte danada ele teve! Enricou
De tanto no esterco mexer.
Assim o é, como assim parece.
Oh, eu e ele? Ah, senhor, somos assim,
Unha e carne, carne e unha...
Não fosse a sorte sua, minha havia de ser."

E em instantes,
Mais breves que se ousa pensar,
Deu no local a polícia
A modos de averiguar.



O delegado Pancho,
Forte, hispânico,
Até Josi Valdo a multidão furou.
Chegado no centro
Todo mundo calou.

"Que é que você aqui tá fazendo, moço?
Espera que a gente caia na história
De que encontrou no lixo esse troço?"

"Mas se assim foi mesmo!"
Falou, a modos, Josi Valdo,
A indignação correndo a esmo.

O delegado, mal humorado,
Se achou motivo de graça,
Não concebia seu juizado
Esmeralda no meio de lata.

Deu ao pobre voz de prisão,
Desrespeito da autoridade...
Foi tamanha a confusão,
Se deu a tal infelicidade.

"Oh, Deus, a Esmeralda!,
Homem bobo a perdeu,
Mora inda no inferno
E tinha um lugar no céu.

Oh, Deus, a Esmeralda!,
De azar se escafedeu
E não há pobre viv'alma
Sabendo como aconteceu."

Josi Valdo catador
Fincou pé em tal lixeira
Por semanas, fartos meses...
Os outros dele zoavam,
"Josi Valdo deu bobeira",
Todo mundo da cidade fala:
"Quando policial se achega
Dá problema muitas vezes".

E um dia,
Sem mais nem o quê,
Josi Valdo sumiu,
Todo mundo procurando
E de todos ninguém o vê.

Josi Valdo onde está?
Onde está?
Onde está?
Onde está?

Eu não falo. Fale você.